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O ideal grego de amor

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Apresentar a teoria platônica das formas, partindo da tentativa de definição universal do Amor, presente no diálogo “O Banquete”.

Professor Henry

OBJETIVO

A avaliação será feita por meio da análise da atividade que será realizada em casa, a contribuição nos debates e o trabalho de representação da ideia de amor por meio de linguagem poética.

Professor Henry

AVALIAÇÃO

1ª ETAPAO QUE É AMOR?

 A psicanalista Betty Milan comenta o entendimento comum de que o Amor é completude, fazendo referência ao mito grego segundo o qual homem e mulher eram um só corpo com oito membros e dois rostos, que teria sido separado por Zeus, dando origem a eterna procura do Homem por sua metade. Esse mito é esclarecedor na compreensão do mundo grego e da filosofia idealista platônica.

Professor Henry

BETTY MILAN

Vira e mexe ouço alguém dizer: "Fulano (a) não me completa". Como se a completude existisse. Trata-se de um mito originário da Grécia que se perpetua no nosso imaginário. Segundo o mito, nos primórdios, a forma humana era uma esfera com quatro mãos, quatro pernas, duas cabeças e dois sexos. Os seres humanos se deslocavam para a frente e para trás e, ao correr, giravam sobre os oitos membros. Seu orgulho e sua força eram tamanhos que, para enfraquecê-los, Zeus os cortou pela metade. Para os gregos, o corte deu origem ao amor, que junta as metades de dois seres faz um.Num de seus seminários, Lacan retomou esse mito para ensinar que, na verdade, o amor é "o desejo impossível de ser um quando há dois". Noutras palavras, é o desejo impossível da completude, já que o desejo de um sujeito nunca coincide inteiramente com o do outro. A coincidência que o amante pode celebrar é a da crença na liberdade do amado. Uma crença que se expressa assim: "Faça o que você deseja porque o seu desejo é o meu". Com ela, a relação se renova continuamente e se perpetua, torna-se possível.

Professor Henry

A COMPLETUDE NÃO EXISTE – BETTY MILAN

Isso significa que o egoísmo é incompatível com o amor e este requer uma educação especial. Que o próprio amor, aliás, oferece, porque ele torna os amantes inteligentes. A paixão cega, mas o sentimento amoroso ilumina. O amante não precisa perguntar ao amado o que este quer, pois quem ama sabe a resposta.A letra de uma das nossas canções populares diz que não anda bem quem anda atrás de amor e paz. Só é assim, no entanto, quando é da paixão que se trata e a relação entre os amantes é de espelhamento; quando um não autoriza o outro a ser ele mesmo, a diferir.Fala-se muito na aceitação da diferença, porém ela é rara. Implica uma generosidade que não é espontânea e precisa ser conquistada. Para tanto, qualquer via é boa. A da educação laica ou religiosa, de qualquer religião, como bem disse o Dalai-Lama, numa das suas conferências em Paris, insistindo na ideia de que para cada um a melhor religião é aquela na qual foi formado. Porque, em última instância, todas as religiões são contrárias ao egoísmo.

Betty Milan

Professor Henry

A COMPLETUDE NÃO EXISTE – BETTY MILAN

  

“Lacan ensinou que o amor é o DESEJO impossível de  ser  um  quando há dois. Noutras palavras, é o desejo impossível da completude”

Professor Henry

A COMPLETUDE NÃO EXISTE – BETTY MILAN

Professor Henry

A COMPLETUDE NÃO EXISTE – BETTY MILAN

Casal com a Cabeça Cheia de Nuvens (1936), de Salvador Dali.

O QUE É AMOR?

Professor Henry

Formem gruposEscrevam suas resposta no caderno

Amor é fogo que arde sem se ver;É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer;

h

É um não querer mais que bem querer;É solitário andar por entre a gente;É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder;h

É querer estar preso por vontade;É servir a quem vence, o vencedor;É ter com quem nos mata lealdade.

h

Mas como causar pode seu favorNos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Professor Henry

AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VERLuís Vaz de Camões (1524-1580)

Apesar da dificuldade de se definir um sentimento em palavras, cada grupo deverá construir uma resposta conjunta e escrever no quadro uma única palavra que defina o amor.

Professor Henry

O QUE É AMOR?

Por que o grupo escolheu tal definição?

O Amor vem sendo objeto de análise e reflexão por muitos séculos e mesmo os gregos já se ocupavam de tentar defini-lo. Uma das passagens da filosofia grega que abarca esse tema é O Banquete, de Platão.

Professor Henry

O QUE É AMOR?

"O Banquete (o amor, o belo)" é um livro de diálogos de Platão atribuído a ele mesmo e não a Sócrates, seu mestre. O pano de fundo são os sete discursos acerca do deus Eros, o deus do amor. Diz-se que depois de muitas festas, com bebidas em excesso, resolveram dar uma trégua à orgia e instituíram um encontro filosófico sobre o elogio ao deus Eros

Professor Henry

O BANQUETE (O AMOR, O BELO) - PLATÃO

O texto foi escrito como um diálogo.Precisamos de seis voluntários para representar os personagens na leitura do texto.

1.Fedro, o retórico2.Pausânias, o rico negociante3.Erixímaco, o médico4.Aristófanes, o escritor de comédias5.Agatão, o poeta6.Sócrates, o filósofo

Professor Henry

O BANQUETE (O AMOR, O BELO) - PLATÃO

 O que mais chamou a sua atenção no texto?

Professor Henry

O BANQUETE (O AMOR, O BELO) - PLATÃO

Em casa, vocês deverão reler o texto e responder as seguintes perguntas por escrito:

1) Em que a explicação de Sócrates sobre o que é o Amor difere da resposta dos outros personagens?

2) Como Sócrates relaciona Amor e Filosofia?

Professor Henry

O BANQUETE (O AMOR, O BELO) - PLATÃO

2ª ETAPAO IDEAL GREGO DE AMOR

Retomemos a atividade que vocês realizaram em casa. Vamos discutir suas respostas.

1) Em que a explicação de Sócrates sobre o que é o Amor difere da resposta dos outros personagens?

2) Como Sócrates relaciona Amor e Filosofia?

Professor Henry

O IDEAL GREGO DE AMOR

A ideia de Sócrates sobre o Amor se caracteriza primeiramente por não pretender fazer um elogio, mas compreender sua essência. Definam os seguintes valores universais:

1.Belo2.Verdade.

Professor Henry

O IDEAL GREGO DE AMOR

-É mais fácil identificar coisas belas do que o Belo. -É mais fácil identificar expressões verdadeiras do que a Verdade. -Da mesma forma, o Amor que Platão aborda nesse diálogo não é a coisa amada ou o sentimento de amar, mas a ideia transcendente de amor.

“A Alegoria da Caverna”, de Platão. Texto de profunda relevância para a compreensão da visão grega do mundo das ideias. Leitura do texto em grupo (alunos se alternarão na leitura em voz alta, para que a classe acompanhe e tire dúvidas coletivamente).

Professor Henry

O IDEAL GREGO DE AMOR

Mundo Sensível Mundo inteligível

Diferença IdentidadeAparência EssênciaParticular UniversalAcidental NecessárioRelativo AbsolutoCorpo (soma) Alma (psiqué)Corpóreo IncorpóreoFinito InfinitoDóxa (opinião) Epistéme (ciência)

Professor Henry

As coisas do mundo sensível participam das ideias de belo, verdade etc. e, para os platônicos, essas são ideias que habitam outra dimensão chamada de mundo inteligível, que não pertencem completamente ao mundo dos homens, mas podem apenas ser vislumbradas por meio da observação das coisas que participam delas e se dão à nossa percepção. Discutindo a capacidade do Homem de conhecer o que não é sensível...

Professor Henry

O IDEAL GREGO DE AMOR

O mundo das ideias no “Mundo de Sofia”

Platão

Por que todos os cavalos são iguais, Sofia? Talvez você ache que eles não

são iguais. Mas existe algo que é comum a todos os cavalos; algo que

garante que nós jamais teremos problemas para reconhecer um cavalo.

Naturalmente, o “exemplar” isolado do cavalo, este sim “flui”, “passa”. Ele

envelhece e fica manco, depois adoece e morre. Mas a verdadeira “forma do

cavalo” é eterna e imutável.

Para Platão, este aspecto eterno e imutável não é, portanto, um “elemento básico” físico. Eternos e imutáveis são os modelos espirituais ou abstratos, a partir dos quais todos os fenômenos

são formados

Eu explico melhor: os pré-socráticos tinham oferecido uma explicação muito plausível para

as transformações da natureza, sem ter de pressupor que algo efetivamente “se

transformava”. Eles achavam que no ciclo da natureza havia partículas mínimas, eternas e

constantes, que não se desintegravam.

Muito bem, Sofia! Eu disse muito bem! Só que eles não tinham explicação aceitável de como estas

partículas mínimas, que um dia tinham se juntado para formar um cavalo, se juntavam novamente

quatrocentos ou quinhentos anos mais tarde para formar outro cavalo, novinho em folha! Ou um

elefante, ou um crocodilo.

O que Platão quer dizer é que os átomos de Demócrito nunca podem se juntar para formar um “crocofante” ou

um “eledito”. E foi isto, precisamente, que colocou em marcha suas reflexões

filosóficas.

Se você já entendeu o que estou dizendo, pode pular este parágrafo.

Caso não tenha entendido, vou tentar ser mais claro: digamos que você

pegue uma caixa cheia de peças de Lego e construa um cavalo. Depois

você desmancha o que fez e recoloca as peças de volta na caixa. Você não

pode esperar obter outro cavalo apenas chacoalhando a caixa de

peças.

Afinal, como é que as peças de Lego podem produzir um cavalo

por si mesmas?

Não... você é que tem que montar o cavalo novamente

Sofia. E se você conseguir, isto significa que na sua cabeça você tem uma imagem do que seja um

cavalo. O cavalo do Lego foi formado, portanto, a partir de

uma imagem padrão que permanece inalterada de cavalo

para cavalo.

Você não chegou a uma conclusão semelhante sobre os cinquenta

bolos iguais?

Vamos imaginar agora que você caia do espaço na Terra e nunca tenha visto uma

padaria. Então você passa pela vitrine muito convidativa de uma padaria e vê

sobre um tabuleiro cinquenta broas exatamente iguais, todas em forma de

anõezinhos.

Suponho que, nessas condições, você vá coçar a cabeça e se perguntar como todas aquelas

broas podem ser iguais. E é bem possível que você perceba que um anãozinho está sem um braço, o outro perdeu um pedaço da cabeça e um terceiro tem uma barriga maior que a dos

outros.

Contudo, depois de pensar bem, você chega à conclusão de que todas as broas em forma de

anãozinho tem um denominador comum. Embora nenhum deles seja absolutamente

perfeito, você suspeita que eles devem ter uma origem comum. E chega à conclusão de que

todos foram assados na mesma fôrma.

E mais ainda, Sofia: isto desperta em você o desejo de ver esta fôrma, pois

fica claro que ela deve ser indescritivelmente mais perfeita e, de

certa forma, mais bonita do que uma de suas frágeis e imperfeitas cópias.

Se você resolveu esta questão sozinha, então você conseguiu resolver um problema filosófico exatamente da mesma maneira

que Platão.

Como a maioria dos filósofos, ele também “caiu do espaço na Terra”, por assim dizer. (Ele foi lá para a pontinha

dos finos pelos do coelho).

Platão ficou admirado com a semelhança entre todos os fenômenos da natureza e

chegou, portanto, à conclusão de que “por cima” ou “por trás” de tudo o que vemos à nossa volta há um número limitado de formas.

A estas formas Platão deu o nome de ideias.

Por trás de todos os cavalos, porcos e homens existe a “ideia cavalo”, “a ideia porco” e a “ideia

homem”. (E é por causa disto que a citada padaria pode fazer broas em forma de porquinhos ou de

cavalos, além de anõezinhos. Pois uma padaria que se preze geralmente tem mais de uma fôrma. Só

que uma única fôrma é suficiente para todo um tipo de broa).

Conclusão

Platão acreditava numa realidade autônoma por trás do “mundo dos sentidos”. A essa realidade ele deu no nome de mundo das ideias (mundo inteligível). Nele estão as “imagens padrão”, as imagens primordiais, eternas e imutáveis, que encontramos na natureza. Esta notável concepção é chamada por nós de a teoria das ideias de Platão.

O amor analisado pelo mundo sensível apresenta diversas interpretações, mas a pergunta que fica é:

Professor Henry

A FORMA INTELIGÍVEL DO AMOR

Qual é a “forma” do amor?Trabalho P1 – 3º trimestre: Desenvolver individualmente um poema ou um soneto com o título “A Forma Inteligível do Amor”

Entregar na próxima aula de Filosofia.

Bibliografia

Platão, "O Banquete" In: Chauí, M, Introdução à Filosofia I, PP.208-212, Cia. Letras, 2002Platão, "O Alegoria da Caverna" In: Matos, O, A Polifonia da Razão, P.35, Scipione, 1997Camões, L, Sonetos de Camões, "Amor é fogo que arde sem se ver", Atelier Ed., Lisboa

Professor Henry

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