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O papel do professor nas diferentes concepções de escola e educação escolar Prof. Donizete Soares

O papel do professor nas diferentes concepções de escola e educação escolar

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Page 1: O papel do professor nas diferentes concepções de escola e educação escolar

O papel do professor nas diferentes concepções de

escola e educação escolar

Prof. Donizete Soares

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Educadores somos

todos nós!

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Todo professor é educador,

masnem todo

educador é professor.

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Professor é quem

professa

um saber.

(declara,reconhece publicamente,confessa diante de todos)

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Concepções(modo de ver ou sentir, ponto

de vista, entendimento, noção)

de escola (lugar de descanso, repouso, lazer,

tempo livre, estudo... ocupação voluntária de quem, por ser livre, não é obrigado a)

e de educação escolar(espaço de transmissão da cultura escolar)

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“conjunto dos conteúdos cognitivos e simbólicos que selecionados, organizados, normalizados, rotinizados, sob efeito dos imperativos de didatização, constituem habitualmente o objeto de uma transmissão deliberada no contexto das escolas”FORQUIN, Jean-Claude. Escola e Cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Porto Alegre : Artes Médicas, 1993, p. 167

O que é cultura escolar?

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São três as concepções atuais de escola e educação escolar:

* redentora(salvadora da humanidade)

* reprodutora(sistema de ensino = sistema social)

* transformadora(a escola não muda a sociedade, mas a sociedade não muda sem a escola)

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Nos últimos 200 anos, observa-se o desenvolvimento de três tipos de teorias pedagogicas:

* não críticas (centradas no indivíduo)* crítico reprodutivistas(centradas no sistema)* críticas(centradas no coletivo)

SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. Campinas : Autores Associados. 2008.

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Teorias não críticas

* Pedagogia Tradicional / Conservadora

* Pedagogia da Escola Nova

* Pedagogia Tecnicista

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não críticas

Tradicional / conservadora

* objetivos: preparar intelectual e moralmente os alunos para a vida em sociedade

* conteúdos: saberes e valores sociais repassados aos como verdades absolutas

* metodologia: exposição e demonstração verbal da matéria

* relações humanas: autoridade do professor que exige atitude receptiva do aluno

* aprendizagem: receptiva e mecânica

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Escola Nova

* objetivo: adequar o indivíduo ao meio social e formar atitudes

* conteúdos: busca dos próprios alunos

* metodologia: experiências e pesquisas

* relações humanas: o centro é o aluno; o professor é um facilitador

* aprendizagem: aprender é modificar as percepções da realidade

não críticas

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Tecnicista

* objetivo: modelar o comportamento humano através de técnicas específicas

* conteúdos: informações ordenadas numa sequência lógica e psicológica

* metodologia: procedimentos e técnicas para a transmissão e recepção de informações

* relações humanas: o professor (instrutor) transmite informações e o aluno deve fixá-las

* aprendizagem: a base é o desempenho

não críticas

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Pedagogias crítico reprodutivistas

* Aparelho Ideológico de Estado

* Violência Simbólica

* Escola Dualista

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 Há um aparelho repressivo, que funciona através do emprego da força (violência). O papel do aparelho repressivo do Estado consiste em garantir pela força (física ou não) as condições políticas das reproduções das relações de produção, que são em última instância relações de explorações. O aparelho de Estado contribui para sua própria reprodução e também assegura pela repressão as condições políticas do exercício dos aparelhos ideológicos do Estado.

E há um aparelho ideológico ou “concepções de mundo”, como a religião, a moral, a justiça, a política...

Através do Estado, a classe dominante monta um aparelho de coerção e de repressão social, que lhe permite exercer o poder sobre toda a sociedade, fazendo submeter-se às regras políticas. 

crítico reprodutivistas

A escola como Aparelho Ideológico do Estado

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O grande instrumento do Estado é o Direito, isto é, o estabelecimento de leis que regulam as relações sociais em proveito dos dominantes. Através do Direito, o Estado aparece como legal, ou seja, como “Estado de direito”.

“Acreditamos portanto ter boas razões para afirmar que, por trás dos jogos de seu Aparelho Ideológico de Estado político, que ocupava o primeiro plano do palco, a burguesia estabeleceu como seu Aparelho de Estado n° 1, e portanto dominante, o aparelho escolar, que, na realidade, substitui o antigo aparelho ideológico de Estado dominante, a Igreja, em suas funções. Podemos acrescentar: o par Escola–Família substitui o par Igreja–Família.”

“(...) Contudo, neste concerto, há um Aparelho Ideológico de Estado que desempenha incontestavelmente o papel dominante, embora nem sempre se preste muita atenção à sua música: ela é de tal maneira silenciosa!

Trata-se da Escola.

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Desde a pré-primária, a Escola toma a seu cargo todas as crianças de todas as classes sociais, e a partir da Pré-Primária, inculca-lhes durante anos, os anos em que a criança está mais “vulnerável”, entalada entre o aparelho de Estado familiar e o aparelho de Estado Escola, “saberes práticos” (des savoir faire) envolvidos na ideologia dominante (o francês, o cálculo, a história, as ciências, a literatura), ou simplesmente, a ideologia dominante no estado puro (moral, instrução cívica, filosofia).

Algures, por volta dos dezesseis anos, uma enorme massa de crianças cai “na produção”: são os operários ou os pequenos camponeses.

A outra parte da juventude escolarizável continua: e seja como for faz um troço do caminho para cair sem chegar ao fim e preencher os postos dos quadros médios e pequenos, empregados, pequenos e médios funcionários, pequeno-burgueses de toda a espécie.

Uma última parte consegue aceder aos cumes, quer para cair no semi-desemprego intelectual, quer para fornecer, além dos “intelectuais do trabalhador coletivo”, os agentes da exploração (capitalistas, managers), os agentes da repressão (militares, polícias, políticos, administradores) e os profissionais da ideologia (padres de toda a espécie, a maioria dos quais são “laicos” convencidos).

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Cada massa que fica pelo caminho está praticamente recheada da ideologia que convém ao papel que ela deve desempenhar na sociedade de classes:

papel de explorado (com “consciência profissional”, “moral”, “cívica”, “nacional” e apolítica altamente “desenvolvida”);

papel de agente da exploração (saber mandar e falar aos operários: “as relações humanas”),

• e agentes da repressão (saber mandar e ser obedecido “sem discussão” ou saber manejar a demagogia da retórica dos dirigentes políticos),

• ou profissionais da ideologia (que saibam tratar as consciências com o respeito, isto é, com o desprezo, a chantagem, a demagogia que convêm acomodados às sutilezas da Moral, da Virtude, da “Transcendência”, da Nação, do papel da França no mundo etc.).

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É claro, grande número destas Virtudes contrastadas (modéstia, resignação, submissão, por um lado, cinismo, desprezo, altivez, segurança, categoria, capacidade para bem-falar e habilidade) aprendem-se também nas Famílias, nas Igrejas, na Tropa, nos Livros, nos filmes e até nos estádios.

Mas nenhum Aparelho Ideológico de Estado dispõe durante tanto tempo de audiência obrigatória (e ainda por cima gratuita...), 5 a 6 dias em 7 que tem a semana, à razão de 8 horas por dia, da totalidade das crianças da formação social capitalista.” (...)

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos de Estado. Rio de Janeiro: Graal, 1998.

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Há, basicamente, duas formas de violência:

• física: a que pode matar: ferimentos, golpes, roubos, crimes, vandalismo, droga, tráfico, violência sexual...

• simbólica ou institucional: a que se mostra nas relações de poder, na violência verbal entre professores e alunos, na discriminação indireta de gênero e de raça nas relações de trabalho, na adoção de políticas de Estado legitimadoras da exclusão, na imposição pela mídia de padrões culturais, na imposição da linguagem e do sotaque...

Sistema de ensino enquanto violência simbólica

crítico reprodutivistas

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BOURDIEU, Pierre. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Lisboa: Editorial Vega, 1978.

A escola: trunfo da Reprodução Social

• O processo de reprodução social não acontece apenas sob a forma de coerção; é instaurado, buscado e vivenciado com o consentimento dos agentes nele envolvidos: embora não de forma consciente, dominados e dominantes envolvem-se consentindo a dominação, estabelecendo uma relação permeada pela não consciência que oculta a violência simbólica.

• A dominação acontece por meio da violência camuflada, dissimulada e, portanto, simbólica, e sua eficiência será maior quanto menor for a consciência dos agentes nela envolvidos.

• A escola é meio mais eficaz de validar esse processo de dominação.

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• Os agentes (emissores pedagógicos) são incumbidos de transmitir a cultura dominante como algo natural e inconcebível de se acontecer de outra maneira, utilizando-se da autoridade pedagógica e, assim, formam os indivíduos de acordo com o que está estabelecido pela cultura dominante.

• As resistências resultantes desse processo são aplacadas com sanções, para que a adaptação aconteça e o indivíduo se “conscientize”, mesmo que sob coerção, de seu papel e da aceitação do arbitrário cultural.

• A reprodução é condição de subsistência das sociedades, sejam quais forem.

• Na sociedade capitalista, a reprodução deve ocorrer sob as bases da dominação que sustentam essa forma de organização social.

• A consolidação e a persistência do modelo social dependerão da eficiência do processo de reprodução e, consequentemente, de seus instrumentos.

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A Escola, então,

• é fundamental na formação do ser social por trabalhar com a educação formal do indivíduo

• torna-se eficiente na medida em que dissimula as relações de dominação e concede à ação pedagógica, pelo discurso da neutralidade, uma legitimidade inquestionável

• obscurece a realidade e exclui o reconhecimento da sua força simbólica, concedendo uma aparência natural aos seus procedimentos, discursos e práticas na inculcação do arbitrário cultural

• tende a produzir o reconhecimento da legitimidade da cultura dominante (inculcação), do mesmo modo que o reconhecimento da ilegitimidade de seu arbitrário cultural (exclusão)

• não iguala as condições e diferenças dos indivíduos que nela chegam, mas reforça e reproduz as diferenças ao utilizar como parâmetro de saber transmissível a cultura dominante com todas as implicações sociais nela contidas (pseudoneutralidade)

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a escola está em dividida em duas grandes redes, que correspondem, na sociedade capitalista, às duas classes fundamentais: a burguesia e o proletariado

a missão da escola é impedir o desenvolvimento da ideologia do proletariado e a luta revolucionaria, qualificando o trabalho intelectual e desqualificando o trabalho manual

seu papel não é de inclusão ou igualdade social, mas de marginalização tanto em relação à cultura burguesa como ao próprio movimento proletário, uma vez que arranca desse movimento todos aqueles que nela ingressarem.

A escola dualista

crítico reprodutivistas

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Primária profissional – (PP) – para as classes dominadas

Conteúdo: noções adquiridas no ensino primário, sempre revistas e repetidas; ligada ao concreto.

Conteúdos culturais: mesma cultura mas de forma empobrecida e vulgarizada – o que dá à ideologia SS o caráter dominante.

Secundária Superior (SS) – para a classe dominante

Conteúdo: preparação para o ensino superior; preserva a abstração.

Conteúdos Culturais: a própria da classe dominante; prepara os futuros agentes intérpretes dessa ideologia.

BAUDELOT, C. y ESTABLET, R. La escuela capitalista. México: Siglo Veintiuno, 1975.

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Teorias críticas

* Pedagogia Libertária

* Pedagogia Libertadora

* Pedagogia Histórico Crítica

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críticas

Pedagogia Libertária

* objetivo: fortalecer o sujeito, visando a construção da Individualidade

* conteúdos: apresentados, mas não exigidos

* metodologia: sempre em grupo, visando a auto-gestão

* relações humanas: o professor é orientador; os alunos são livres

* aprendizagem: informal; aprende-se através da vivência grupal

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críticas

Pedagogia Libertadora

* objetivo: busca a transformação social

* conteúdos: temas geradores

* metodologia: grupos de discussão

* relações humanas: relação de horizontalidade 

* aprendizagem: resolução da situação-problema

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críticas

Pedagogia Histórico Crítica

* objetivo: difusão dos conteúdos

* conteúdos: cultura universal sem desconsiderar a atual realidade social

* metodologia: experiência e saberes do aluno confrontados com os saberes sistematizados

* relações humanas: o professor é mediador entre os saberes e o aluno

* aprendizagem: a partir das estruturas cognitivas dos alunos.

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“apontar a necessidade detransformação das relações sociais nas dimensões econômica, política e cultural, para garantir a todos a efetivação do direito de ser cidadão”

De acordo com os PCN's (LDB 9394/96), o papel da escola e de quem trabalha nela é

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A ESCOLA E O PROJETO PEDAGÓGICO

A relação educativa é uma relação política, que se define na vivência da escolaridade em sua forma mais ampla:

estrutura escolar

como a escola se insere e se relaciona com a comunidade

relação entre trabalhadores da escola

distribuição de responsabilidade e poder de decisão

relação entre professor e aluno

reconhecimento dos alunos como cidadãos

relação com o conhecimento

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algumas referências

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda.  Filosofia da Educação.  São Paulo :  Editora Moderna, 1998.

COSTA, Marisa Vorraber et al.  O Currículo nos Limiares do  Contemporâneo. Rio de Janeiro : DP&A editora, 1999.

GADOTTI, Moacir.  Pensamento Pedagógico Brasileiro.  São Paulo : Ática, 1988.

LIBÂNEO, José Carlos.  Democratização da Escola Pública.  São Paulo : Loyola, 1990.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública - A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos. São Paulo: Edições Loyola, 2002 - 18º ed.

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. 33.ª ed. revisada. Campinas: Autores Associados, 2000.

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