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Olá internauta. Faltam 100 dias para o ENEM 2011. Por isso vamos começar pra valer o nosso curso. Hoje e amanhã vamos falar um pouqui-nho sobre o que é — e sobre o que não é — Literatura.

Quem já foi meu aluno é testemunha: sempre começo as aulas do Ensino Médio contando como fui apresentado a essa disciplina. No primeiro dia de aula, minha professora colocou no quadro a seguinte frase: LITERA-TURA É A ARTE DE EXPRESSAR O BELO ATRAVÉS DA ESCRITA. E pronto! Como dois e dois são quatro.

É um conceito interessante e se parece muito com as definições que os dicionários trazem. Acompanhe comigo como é a primeira acepção para essa palavra, de acordo com o Dicionário Aurélio Eletrônico:

literatura

[Do lat. litteratura.] Substantivo feminino. 1. Arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prosa ou verso. Tanto a frase da minha professora quanto a definição do dicionário

estão corretas, evidentemente. Mas são incompletas. Pois afinal, você poderá se perguntar: O que é “arte”? O que é “belo”? O que é “expressão”? O que significa “compor” uma frase? O que são “trabalhos artísticos”? O que é “prosa”? O que é “verso”?

Num segundo momento, você poderá fazer outras indagações: A Li-teratura é importante? Pra que ela serve? Há alguma utilidade em estudá-la? Como devo estudá-la?

Durante o nosso curso, vamos analisar questões como essas e, principalmente, aprender a nos relacionar com a Literatura, para extrair o que ela tem de melhor e de mais prazeroso. VAMOS FALAR UM POUQUINHO (UM POUQUINHO MESMO!) SOBRE AR-TE?

Está aí outra palavra difícil de definir: arte. Principalmente porque

ela tem a ver com o gosto de cada um e, como diz o ditado, “gosto não se discute: respeita-se” (ou lamenta-se, dependendo do caso). E também porque ela sofre a ação do tempo. O que era arte para os habitantes da antiga Grécia pode não ser para os europeus da Idade Média ou para os sudaneses do sul, que acabaram de se tornar independentes.

Creio que um dos melhores textos para começarmos a entender o que poderia ser arte é o conto “A infinita fiadeira”, do escritor moçambica-no Mia Couto. Leia-o, prazerosamente:

A INFINITA FIADEIRA

(A aranha ateia diz ao aranho na teia:

o nosso amor está por um fio!)

A aranha, aquela aranha, era tão

única: não parava de fazer teias! Fazia-as de todos os tamanhos e formas. Havia, contudo, um senão: ela fazia-as, mas não

lhes dava utilidade. O bicho repaginava o mundo. Contudo, sempre inacabava as suas obras. Ao fio e ao cabo, ela já amealhava uma porção de teias que só ganha-vam senso no rebrilho das manhãs.

E dia e noite: dos seus palpos primavam obras, com belezas de cacimbo gotejando, rendas e rendilhados. Tudo sem fim nem finalidade. Todo o bom aracní-deo sabe que a teia cumpre as fatais funções: lençol de núpcias, armadilha de caçador. Todos sabem, menos a nossa aranhinha, em suas distraiçoeiras funções.

Para a mãe-aranha aquilo não passava de mau senso. Para quê tanto la-bor se depois não se dava a indevida aplicação? Mas a jovem aranhiça não fazia ouvidos. E alfaiatava, alfinetava, cegava os nós. Tecia e retecia o fio, entrelaçava e reentrelaçava mais e mais teia. Sem nunca fazer morada em nenhuma. Recusava a utilitária vocação da sua espécie.

— Não faço teias por instinto. — Então, faz porquê? — Faço por arte. Benzia-se a mãe, rezava o pai. Mas nem com preces. A filha saiu pelo

mundo em ofício de infinita teceloa. E em cantos e recantos deixava a sua marca, o engenho da sua seda. Os pais, após concertação, a mandaram chamar. A mãe:

— Minha filha, quando é que assentas as patas na parede? E o pai: — Já eu me vejo em palpos de mim... Em choro múltiplo, a mãe limpou as lágrimas dos muitos olhos enquanto

disse: — Estamos recebendo queixas do aranhal. — O que é que dizem, mãe? — Dizem que isso só pode ser doença apanhada de outras criaturas. Até que se decidiram: a jovem aranha tinha que ser reconduzida aos seus

mandos genéticos. Aquele devaneio seria causado por falta de namorado. A moça seria até virgem, não tendo nunca digerido um machito. E organizaram um amoro-so encontro.

— Vai ver que custa menos que engolir mosca - disse a mãe. E aconteceu. Contudo, ao invés de devorar o singelo namorador, a aranha

namorou e ficou enamorada. Os dois deram-se os apêndices e dançaram ao som de uma brisa que fazia vibrar a teia. Ou seria a teia que fabricava a brisa?

A aranhiça levou o namorado a visitar a sua colecção de teias, ele que escolhesse uma, ficaria prova de seu amor.

A família desiludida consultou o Deus dos bichos, para reclamar da fabri-cação daquele espécime. Uma aranha assim, com mania de gente? Na sua alta teia, o Deus dos bichos quis saber o que poderia fazer. Pediram que ela transitasse para humana. E assim sucedeu: num golpe divino, a aranha foi convertida em pessoa. Quando ela, já transfigurada, se apresentou no mundo dos humanos logo lhe exigiram a imediata identificação. Quem era, o que fazia?

— Faço arte.

— Arte? E os humanos se entreolharam, intrigados. Desconheciam o que fosse ar-

te. Em que consistia? Até que um, mais-velho, se lembrou. Que houvera um tempo, em tempos de que já se perdera memória, em que alguns se ocupavam de tais improdutivos afazeres.

Felizmente, isso tinha acabado, e os poucos que teimavam em criar esses pouco rentáveis produtos - chamados de obras de arte - tinham sido geneticamen-te transmutados em bichos. Não se lembrava bem em que bichos. Aranhas, ao que parece.

COUTO, Mia. O fio das missangas: contos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

Mia Couto, autor moçambicano.

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Interessante, não? A aranha fazia teias porque fazia. Sem ter um motivo especial. Podemos começar falando da arte por aí, pois para o francês René Huygh (1906-1997), a arte começa no momento em que o homem cria não com um propósito utilitário, mas para representar ou exprimir.

Sim. A arte é representação. Ela pode ser considerada o retrato de um tempo. E pode ser feita com palavras, com imagens, com cores, com notas musicais. Das mais variadas formas.

Para que você entenda melhor essa ideia de arte como represen-tação da realidade, observe a seguinte tela, do pintor René Magritte:

Na tela, está escrito em francês: “isso não é um cachimbo”. E está

certo. O que vemos na tela não é o cachimbo, mas a representação dele. Nós poderíamos ficar discutindo “o que é arte” durante todo o

nosso curso. Cem postagens seriam poucas para isso. Mas como o nosso tempo é curto, vamos ter que aceitar que arte é um fazer, uma técnica, uma habilidade, e mais: uma permanente recriação. A arte toca nosso espírito, provoca sentimentos e reações que vão do amor ao ódio, do encanto ao nojo, do prazer à dor. A arte, em sua essência, é contradição.

Gosto deste textinho que li um dia na Internet, no Portal Brasil Es-cola. É pequeno e, pelo menos por enquanto, eficaz.

A arte é uma forma do ser humano expressar suas emoções, sua

história e sua cultura através de alguns valores estéticos, como beleza, harmonia, equilíbrio. A arte pode ser representada através de várias for-mas, em especial na música, na escultura, na pintura, no cinema, na dança, entre outras.

Após seu surgimento, há milhares de anos, a arte foi evoluindo e ocupando um importantíssimo espaço na sociedade, haja vista que algumas representações da arte são indispensáveis para muitas pessoas nos dias atuais, como, por exemplo, a música que é capaz de nos fazer felizes quan-do estamos tristes. Ela funciona como uma distração para certos proble-mas, um modo de expressar o que sentimos aos diversos grupos da socie-dade.

Muitas pessoas dizem não ter interesse pela arte e nem por movi-mentos ligados a mesma, porém o que elas não imaginam é que a arte não se restringe a pinturas ou esculturas, também pode ser representada por formas mais populares, como a música, o cinema e a dança. Essas formas de arte são praticadas em todo o mundo, em diferentes culturas. Atual-mente a arte é dividida em clássica e moderna, qualquer pessoa pode se

informar sobre cada uma delas e apreciar a que melhor se encaixa com sua percepção de arte.

E é justamente esta divisão entre arte clássica e popular que não é

percebida por algumas pessoas e por isso, você deve ficar atento na hora do ENEM. A tendência da prova é cobrar as duas manifestações. É fácil reconhecer um afresco de Michelangelo como arte. Difícil é enxergar arte nos muros grafitados, nos corpos tatuados e nas canções do NX Zero.

A Criação de Adão afresco de Michelangelo que figura no teto da Capela Sistina, no Vaticano.

http://www.brasilescola.com/artes/grafite.htm

http://www.mundodastribos.com/tatuagem-feminina-fotos http://tocando.org/blog/2010/07/29/nxzero-sorezo-clipeoficial

Você pode complementar este artigo observando os slides de 1 a

20 desta postagem.