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Psicologia do desporto flavia vieira

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Índice Índice ................................................................................................................ 2 Introdução ......................................................................................................... 3 Psiquiatras psicólogos clínicos, psicanalistas, psicoterapeutas e tipos de psicoterapia . 4 Psicologia do Desporto ...................................................................................... 8 O Psicólogo, Promotor de Desenvolvimento e Autonomia ................................. 10 Conclusão ........................................................................................................ 12 Biografia .......................................................................................................... 13 Anexos............................................................................................................. 14

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Introdução O termo psicologia provém de duas palavras gregas, psyche, que significa mente ou alma, e logos, que significa análise de um determinado assunto. Nos finais do século XIX os processos mentais eram encarados como o objecto apropriado da psicologia. Durante o século XX tentou-se reduzir o objecto de estudo da psicologia ao que era observável, ao comportamento, Mais tarde estas perspectivas simplistas e redutoras foram ultrapassadas pois referiam que a psicologia era, por definição, a análise do comportamento e dos processos mentais. Estes dois elementos não devem, de maneira alguma, ser estudados separadamente, pois estão intimamente relacionados, pelo que os psicólogos actuais entendem por Comportamento aquilo que um ser vivo (essencialmente o ser humano) faz, diz, pensa e sente. O progresso da psicologia e a complexidade dos problemas da população traduz uma progressiva especialização da psicologia aplicada, que se organiza em várias áreas de investigação. De entre todas essas temos a psicologia educacional, psicologia de orientação, psicologia clínica, psicologia criminal, etc., focar-nos-emos numa das mais presentes em Portugal, a psicologia do desporto. Em meados dos anos 60 a psicologia do desporto aparece com um corpo teórico de conhecimentos próprio e independente. Porem, o interesse pelo estudo desta temática incentivou investigadores de diversas áreas científicas e filosóficas a efectuarem diversos estudos, podendo-se situar o começo no final do século XIX. O investigador Norman Triplett (1897) foi e é considerado o primeiro a conduzir um estudo no âmbito da psicologia desportiva. Os psicólogos do desporto, inicialmente, preocupavam-se em descrever, observar e explicar os factores psicológicos que influenciavam a actividade física e desportiva, uns anos mais tarde, passaram a preocupar-se com a aprendizagem e em controlar o rendimento desportivo assinalando a acção do psicólogo e, hoje em dia preocupam-se em optimizar o rendimento desportivo.

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Psiquiatras

A palavra Psiquiatria deriva do Grego e quer dizer "arte de curar a alma"

Os Psiquiatras são licenciados em Medicina que se especializam em Psiquiatria ou

Pedopsiquiatria estando o exercício da sua profissão enquadrado na ordem dos médicos.

Os psiquiatras privilegiam, frequentemente, uma terapia fisiológica com recurso a

medicamentos. Podem também recorrer a psicoterapias, aproximando-se, portanto dos

psicólogos clínicos. Muitas vezes, o tratamento de uma perturbação passa pela

intervenção complementar de um psiquiatra e de um psicólogo.

Fig.1 – Vittorino Andreoli

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Psicanalistas

Têm formação em Medicina, em Psicologia, ou podem ter outro tipo de formação de base.

A especialização passa por uma formação específica, que implica uma terapia pessoal

longa. No caso português, é a Sociedade Portuguesa de Psicanálise que certifica essa

formação. Para além desta instituição, existe ainda a Associação Portuguesa de

Psicoterapia Psicanalítica da infância e do jovem. A abordagem dos psicanalistas funda-se

nas conceções de Freud e recorre a técnicas do método psicanalítico (associação livre de

ideias, interpretações dos sonhos e dos atos falhados, processo de transferência).

Concebem os sintomas e a psicopatologia sob o ponto de vista da história de um indivíduo

na relação com o inconsciente e tratam a “doença mental” a partir de uma escuta e no

âmbito de uma cura analítica que liberta o paciente daquilo que recalcou na infância. Não

podem prescrever medicamentos.

Fig.4 – Sigmund Freud

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Psicólogo Clinico

É um profissional da saúde mental que intervém na prevenção, intervenção e tratamento

de doenças. Este profissional ajuda o indivíduo a adquirir maior capacidade de análise e

compreensão dos seus sentimentos e atitudes, assim como capacidade para reagir aos

seus problemas e mudanças na vida quotidiana. Deve também manter ao máximo o

segredo profissional, aceitar e respeitar o sofrimento do outro, compreendê-lo e ajudá-lo a

ser mais autónomo e fortalecê-lo para que este consiga ultrapassar as adversidades da

vida. Assim, o psicólogo clínico pode realizar atendimentos para crianças, adolescentes,

adultos, pessoas na terceira idade e famílias.

Fig.2 – Psicóloga clínica

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Psicoterapeutas

Visam atuar sobre o comportamento e sobre o psiquismo quando se manifestam conflitos

de vária ordem que perturbam as interações das pessoas com os outros e com o mundo.

Os psicoterapeutas são procurados pelas pessoas para o tratamento de problemas

psicológicos, entre os quais a depressão, a ansiedade e as dificuldades de relacionamento

com as outras pessoas são os mais comuns como por exemplo as relações entre pais e

filhos. É uma forma muito eficaz para a resolução de problemas psicológicos, mesmo

daqueles que já existem há muitos anos.

Fig.5 - James Bugental

Tipos de Psicoterapia

Terapia sistémica destaca-se entre as psicoterapias de comunicação, que abordam o

comportamento perturbado da pessoa no contexto do grupo em que esta inserido como

por exemplo nas relações familiares. As dificuldades de cada individuo são, muitas vezes

um reflexo de problemas na comunicação no interior do grupo. Por exemplo o sofrimento

do paciente, só se pode compreender no contexto do grupo a que pertence. A terapia

trabalha com o meio familiar, um indivíduo ou um casal, o psicoterapeuta vai ver e

abordar como eles se relacionam, e como é que as ideias deles se relacionam. Não usam

muito as categorias de diagnósticos, porque estas foram criadas pensando no indivíduo e

não nas relações com os grupos.

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Psicologia do Desporto A psicologia do desporto é considerada uma nova área da psicologia aplicada que tem tido um enorme desenvolvimento e expansão nos últimos tempos, cujo objectivo é compreender os processos mentais e o comportamento do praticante. A psicologia do desporto exprime-se em respostas notáveis, pois o desporto manifesta-se, maioritariamente, por processos físicos e respostas mais discretas, sucedidas no interior dos atletas, pois estes possuem interesses, afectos e valores. Desta forma, podemos afirmar que o objectivo do psicólogo é promover o seu bem-estar, ou seja, promover o equilíbrio no funcionamento do corpo e da mente. A actividade desportiva não se limita apenas a épocas de competição, mas também aos treinos. Assim, o psicólogo deve acompanhar o atleta para que possa superar de um modo assertivo determinados aspectos negativos tais como consequências de uma lesão (Fig.6), derrotas e desconsiderações. Na vida de um atleta existem várias relações interpessoais que nem sempre são as melhores, como por exemplo, com colegas de equipa, adversários, treinadores e dirigentes desportivos. Para além disso, temos ainda a comunicação social e o público que não só elogiam e admiram, mas também criticam e ofendem o atleta. Esta área da psicologia aplicada não intervém apenas em clubes, equipas, preparadores físicos e árbitros mas também em estabelecimentos de actividades físicas e desportivas de lazer e aliadas à saúde, como ginásios, instituições vocacionadas para a reabilitação e clínicas médicas.

Fig. 6 – Lesão no futebol

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Segundo a Sociedade Britânica de Psicologia, Divisão de Psicologia do Desporto e exercício, o psicólogo deve intervir, por exemplo, para auxiliar atletas de elite a desenvolverem estratégias de preparação para lidarem com as exigências da competição e do treino, ajudar gestores, treinadores e árbitros para uma melhor comunicação e relação interpessoal (fig.7), aplicar a investigação na aprendizagem motora e nos processos psicofisiológicos maximizando assim regimes de prática e forma física, consultar a nível psíquico atletas lesionados durante a sua reabilitação, ajudar a gerir o stress, ansiedade e esgotamento, etc. Existem vários psicólogos formados em psicologia do desporto, de entre eles, Gisele Silva, Fátima Novais, Luís Sénica, Sidónio Serpa e José Cruz. Contudo, mérito do nascimento deste

ramo da psicologia deve ser atribuído a António Paula Brito, “verdadeiro pai da psicologia do

desporto em Portugal” (Cruz, 1996: 31).

Fig.7 – Relacionamento entre treinador e equipa

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O Psicólogo, Promotor de Desenvolvimento e

Autonomia O grande objectivo da psicologia é a prevenção e a remediação de doenças mentais e de perturbações comportamentais bem como a promoção da autonomia e desenvolvimento pessoal. Embora trabalhem em diferentes áreas, os psicólogos têm os mesmos objectivos. Devem ser agentes de mudança, isto é, devem, seja qual for a sua área da psicologia aplicada, procurar modificar o estado de coisas: podem modificar um problema já identificado, tornando-o menos problemático, ou podem tentar evitar problemas que possam surgir e que são provocados por uma dada situação. Assim, tanto a remediação como a prevenção fazem parte da prática profissional dos psicólogos. Uma das primeiras abordagens sistemáticas da prevenção na intervenção psicológica começou por distinguir entre prevenção primária, secundária e terciária. Esta abordagem trata-se de um modelo vindo da saúde pública e ficou conhecido como o modelo médico da prevenção da perturbação mental. A prevenção primária tem o objectivo de fazer diminuir a prevalência de um determinado problema e tem o objectivo de fazer diminuir a frequência com que surgem determinados problemas mentais ou comportamentais numa população ou comunidade. A prevenção secundária tem como objectivo a identificação precoce de problemas mentais e comportamentais, ou seja, se estes problemas forem identificados nas suas fases iniciais, há maior probabilidade de agir com maior eficácia e, desta forma prevenir outras perturbações mais severas e que danifiquem o bem-estar das pessoas. A prevenção terciária tem como objectivo a inserção social e a reabilitação de pessoas que sofrem ou sofreram de doenças mentais ou que apresentam ou apresentaram distúrbios comportamentais. Para além da prevenção poder ser distinguida entre primária, secundária e terciária, existem outras duas perspectivas, a prevenção centrada na situação, que é defendida pelo psicólogo George Albee, e a prevenção centrada nas competências. É muito importante, para aumentar a eficácia dos esforços preventivos realizados, combinar estas duas perspectivas e actuar tanto ao nível das situações como ao nível das competências.

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A prevenção centrada na situação concentra-se, por exemplo, para as causas de stress ou perturbações que existem na relação de uma pessoa consigo mesma, com os outros ou com os seus contextos de vida. A prevenção actua de forma a diminuir os factores de perturbação que afectam as pessoas ou as suas relações. A prevenção centrada nas competências preocupa-se em fazer com que as pessoas passem a possuir determinadas características e capacidades que ajudarão a lidar com os problemas que possam surgir, ou seja, não age sobre os aspectos da situação que podem contribuir para o aparecimento e agravamento de situações de perturbação mental ou comportamental, procura-se capacitar as pessoas com competências que os ajudem a lidar com os problemas que possam surgir. Mas a intervenção dos psicólogos não se deve ficar pela remediação e pela prevenção. Os psicólogos devem também promover a saúde mental, o bem-estar e o desenvolvimento psicológico dos seres humanos. Devem ser potenciadores de bem-estar e saúde mental e agir sobre os contextos e situações problemáticas, tornar as pessoas mais aptas para resolverem os seus problemas, promover a transformação e o desenvolvimento para que as pessoas possam integrar-se nas acções quotidianas e fazê-las compreender o que se passa e, assim, encontrar significados para as suas acções. Desta forma, podemos afirmar que a promoção do desenvolvimento é a melhor forma de prevenir não só o aparecimento de distúrbios mentais e comportamentais mas também é a melhor forma de ajudar as pessoas a construir contextos onde possam viver melhor. As perturbações psicológicas e os distúrbios comportamentais colocam, muitas vezes, dificuldades à adaptação das pessoas que os experiencia. Neste caso, os psicólogos devem facilitar a adaptação de pessoas que, por exemplo, tenham elevada ansiedade social e assim não consigam ter sucesso na sua vida profissional. Devem ensinar essas pessoas a relaxarem e evitar pensamentos negativos e deprimentes, para ajudá-las na sua adaptação, ou seja, ao seu ajustamento social e comportamental.

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Conclusão Ainda existem muitos técnicos que actuam no tratamento da saúde que são frequentemente confundidos entre si, isto acontece precisamente porque existem muitos e, grande parte deles, utiliza métodos muito semelhantes para tratar doenças relacionadas a transtornos mentais. O facto de nem todos poderem prescrever medicamentos com a finalidade de curar doenças psicológicas faz com que seja este a principal diferença entre eles. Com o passar do tempo a psicologia passou a ter uma vasta diversidade de áreas de intervenção, uma delas era a psicologia do desporto. A Psicologia do Desporto tem demonstrado ser um forte campo de pesquisa e emprego do conhecimento psicológico. O seu desenvolvimento tem-se tornado assunto comum entre treinadores e atletas, visto que, dentro dos limites impostos pelas suas capacidades físicas, o rendimento deles na competição e nos treinos está significativamente relacionado com o seu funcionamento psicológico. A preparação psicológica de cada um vai diferenciar “os melhores do resto” (Lohasz e Leith, 1997). Contudo, os treinos psicológicos diversificam de pessoa para pessoa, pois não possuímos iguais formas de ser, de ver e de reagir a determinada situação, sendo, por este motivo, resultantes das preferências de cada um. Assim, o que resulta com um desportista pode não resultar com os outros e vice versa.

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Biografia Matos Monteiro, Manuela; Pedro Tavares Ferreira; Ser Humano - 2ªParte, Psicologia B –

12ºano; pp. 230-231/250-257 Luís Rodrigues; PSICOLOGIA 12º Ano – 1º Volume; Plátano Editora; 2005 http://psicologiab-jml.blogspot.com/2010/11/psicologia-do-desporto.html http://www.joaosilas.com/psicologia-do-desporto/ http://www.psicoterapiaintegrativa.com/therapists/images/S_James_Bugental.jpg http://www.baillement.com/image-quinte/pierre_marie_1890.gif http://jpn.icicom.up.pt/imagens/pessoas/manuela_fleming_jfuente.jpg

http://4.bp.blogspot.com/_lzpSZJLzhSs/TCZt43FkAlI/AAAAAAAAABw/reOQB3mbA5Q/s1600/Sigmund_Freud_LIFE%5B1%5D.jpg

http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=423&id=60407&idSeccao=6541&Action=noticia

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Anexos

Arquivo: Edição de 23-12-2009

Entrevista

“A psicologia do desporto ajuda a fazer a diferença”

Professor universitário e investigador científico

Paulo Malico Sousa é, desde Setembro, o

psicólogo da equipa sénior de hóquei em

patins do Benfica. Em entrevista a O MIRANTE,

o vila franquense de 39 anos – que tem um

currículo académico impressionante – garante

que a psicologia do desporto “ajuda a fazer a

diferença”, mas lamenta que em Portugal esse

reconhecimento tarde em chegar, ao contrário

do que já acontece lá fora. Considera “sério,

realista e meritório”, o trabalho da direcção

da União

Desportiva Vila Franquense, o clube do seu

coração.

Jorge Afonso da Silva

Como surgiu o convite do Benfica?

O professor Luís Sénica – treinador da equipa sénior de hóquei em patins do

Benfica – saiu da selecção e entendeu que deveria ter a trabalhar com

ele um psicólogo. Foram apresentadas várias propostas e a minha foi aceite.

Pediram-me para fazer o diagnóstico da situação individual e colectiva do

grupo e, se as coisas corressem bem havia a possibilidade de fazer um

contrato e de dar continuidade a esse trabalho inicial. Senti-me bem, o clube

e a equipa técnica gostaram da minha prestação e assinei por um ano com

o Benfica. Desde o início da época que faço parte da estrutura técnica do

hóquei sénior do Benfica juntamente com o professor Luís Sénica e o

professor Nuno Ferrão que é o treinador adjunto.

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Contratar psicólogos para as equipas técnicas é uma coisa recente em

Portugal?

Não tem muitos anos. As intervenções que têm acontecido ao nível da

psicologia em alta competição no nosso país têm sido esporádicas e com

pouca continuidade. Excepto a intervenção do colega Pedro Almeida, que

esteve no Benfica com o Jesualdo Ferreira e o Toni e que tem um trabalho com

mais de 10 anos. Ao contrário do que acontece noutros países onde já há uma

larga tradição na intervenção psicológica no alto rendimento. Na América os

psicólogos fazem parte das equipas técnicas em modalidades como o basebol,

basquetebol ou hóquei. Desde a época 2001/2002, altura em que o Real

Madrid criou um gabinete de psicologia, que tem havido uma tendência

crescente em toda a Europa, em particular na Espanha, onde muitos clubes

seguiram o exemplo, de se trabalhar de uma forma efectiva nessa área.

Acha que só agora estamos a dar os primeiros passos?

Sim. Com dificuldade e resistência por parte de alguns treinadores menos

informados. Depois, a conjuntura económica não potencia, neste momento, a

entrada de mais um elemento para uma equipa técnica. O processo é lento

mas consistente no sentido de se integrar alguém especialista na área da

psicologia para ajudar no treino mental dos atletas, que é uma das quatro

vertentes fundamentais no alto rendimento. O treino psicológico é tão

importante quanto o treino físico, técnico e táctico. Estas quatro dimensões

estão de mãos dadas e quando as primeiras intervenções começarem a dar

resultado, acredito que alguns treinadores menos sensibilizados para esta

questão, vão perceber a importância do psicólogo na melhoria do rendimento

dos atletas. Normalmente são os treinadores mais bem informados, aqueles

que têm formação académica ao nível superior, que mais rapidamente têm

essa percepção e recorrem aos serviços de um especialista em psicologia do

desporto para os ajudar nessa área.

Quando é que se deve iniciar essa intervenção psicológica?

Deve-se começar nos escalões de formação. São os atletas mais jovens que

mais facilmente adquirem competências psicológicas básicas, em contraponto

com os atletas mais veteranos, que mais dificilmente conseguem moldar o seu

comportamento através das técnicas de modificação comportamental que

vamos implementando. A ideia é fazer estas intervenções o mais cedo

possível. Ao nível dos iniciados, com 12,14 anos, seria a altura ideal para se

começar o treino psicológico, como se faz no treino físico, técnico ou táctico.

Seria interessante fazer a evolução do processo mental a partir daí.

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Como é que é feito o trabalho psicológico numa equipa de alta

competição?

Há vários modelos de intervenção. Preconizo um modelo que consiste em

várias fases ao longo da época. A primeira consiste num diagnóstico da

situação feito na pré-época. O psicólogo vai para o terreno, equipado como

mais um elemento da equipa técnica, faz observação directa e sistemática do

comportamento dos atletas em treino e depois em competição. Através de uma

grelha de registo de dados que ele próprio constrói, vai avaliando algumas

componentes dos atletas. Depois, é feito uma bateria de testes e provas

psicológicas especificamente vocacionados para o contexto desportivo.

Cruzam-se os dados e numa entrevista final chega-se ao perfil psicológico e a

um diagnóstico mais claro sobre cada um dos atletas. A partir daí inicia-se a

segunda fase que é um trabalho mais de gabinete, em que através de técnicas

de modificação comportamental, cientificamente comprovadas e validadas,

vamos encetar melhorias nas diversas vertentes mentais para que o atleta seja

cada vez melhor.

É possível evoluir psicologicamente?

É possível melhorar competências psicológicas da mesma forma que é

possível melhorar as competências físicas, técnicas e tácticas. Treinando-as e

tornando mais elástico o nosso cérebro. Cada atleta é um caso e cada

indivíduo tem o seu potencial de evolução à semelhança de todas as áreas de

intervenção da psicologia.

Acha que isso fará a diferença no resultado final?

A psicologia ajuda a fazer a diferença. O objectivo da psicologia não é resolver

mas sim ajudar a resolver. Por si só o treino psicológico não contribuiu com

nada. Mas integrado num modelo de treino em que também se valoriza a

vertente técnica, física e táctica, de certeza que ajuda. Quando uma

componente falha as outras também. A psicologia do desporto ajuda a

melhorar o rendimento e as competências psicológicas dos atletas. “Direcção

da UDV tem feito trabalho sério, realista e meritório”

Fonte: O Mirante

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