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Publicações em acesso aberto na área de Ciências Agrárias: o que pensam os pesquisadores ? JEAN CARLOS FERREIRA DOS SANTOS (DPCT/UNICAMP) MARKO SYNÉSIO ALVES MONTEIRO (DPCT/UNICAMP)

Publicações em acesso aberto na área de Ciências Agrárias

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Publicações em acesso aberto na área de Ciências Agrárias: o que pensam os pesquisadores?

JEAN CARLOS FERREIRA DOS SANTOS (DPCT/UNICAMP)

MARKO SYNÉSIO ALVES MONTEIRO (DPCT/UNICAMP)

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Objetivos

Compreender, a partir de dados qualitativos, a percepção de Pesquisadores da área de Ciências Agrárias acerca dos meios de publicação em acesso aberto e Movimento Open Access.

Discutir os elementos frequentemente levados em consideração pelos pesquisadores nas escolhas de onde e por que publicar. O que orienta as escolhas de publicação dos pesquisadores? Atualmente, o acesso aberto é algo presente nessas escolhas?

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Recorte de área: Ciências Agrárias

Ciências Agrárias: Elevada Produção Científica de destaque nacional e internacional; Caráter Multidisciplinar.

De acordo com dados do MCTI, em 2009, o percentual de artigos brasileiros publicados em periódicos científicos indexados pela Thomson/ISI, de 2007/2009 foi de 9,89% em relação à produção científica mundial na área.

Em relação à produção científica interna, entre 2007 e 2010, as Ciências Agrárias foram responsáveis por 20% Artigos completos publicados em periódicos especializados (CNPQ, 2011).

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Materiais e Métodos

Estudo baseado em uma metodologia qualitativa, centrada na aplicação de entrevistas semiestruturadas com um grupo de pesquisadores da área selecionada.

Nas entrevistas semiestruturadas as questões são formuladas de maneira a permitir que o sujeito entrevistado possa discorrer e verbalizar seus pensamentos, tendências e reflexões sobre o tema abordado (ROSA; ARNOLDI, 2008).

Os questionamentos buscam ser mais aprofundados e subjetivos, levando, frequentemente, a uma avaliação de valores, opiniões, motivações, fatos e comportamentos (ROSA; ARNOLDI, 2008).

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Materiais e Métodos

Utilização de um roteiro com tópicos selecionados;

Buscou-se que esses pesquisadores expressassem suas opiniões a respeito das iniciativas existentes associadas ao acesso aberto;

O que os pesquisadores compreendem por acesso aberto;

Motivações e possíveis restrições em publicar em periódicos de acesso aberto;

Papel atribuído pelos pesquisadores à publicação científica;

Os critérios e elementos que influenciam as escolhas de publicação e o público-alvo de suas publicações;

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Grupo de 6 docentes pesquisadores que atuam em Ciências Agrárias, pertencentes à UNICAMP e USP; orientadores em cursos de pós-graduação; participam de grupos de pesquisa; Predominância na área de Agronomia, Engenharia Agrícola, Solos.

Pesquisador Entrevistado

Instituição

Área de Atuação/Linha de Pesquisa

Pesq.1

UNICAMP

-Engenharia Agrícola / Subárea: Sensoriamento proximal e geofísica dos solos; manejo e conservação do solo; Avaliação de

terras; Gênese, morfologia e classificação dos solos; Geotecnologias; Modelagem da erosão e acelerada do solo.

Pesq.2

UNICAMP

-Engenharia Agrícola / Engenharia de Água e Solo: Especialidade: Física do solo; Conservação do solo e água; Agricultura de

precisão.

Pesq.3

UNICAMP

-Engenharia Agrícola / Subárea: Engenhara de Água e Solo/ Especialidade: Irrigação e Drenagem;

-Agronomia / Subárea: Agrometeorologia / Especialidade: Evapotranspiração.

Pesq.4

UNICAMP

-Engenharia Sanitária / Subárea: Tratamento de Águas de Abastecimento e Residuárias; Saneamento Ambiental;

-Engenharia Agrícola / Subárea: Engenharia de água e solo / Especialidade: irrigação e drenagem

Pesq.5 USP -Agronomia / Subárea: Ciência do Solo / Especialidade: Química do Solo, Fertilidade do solo e Adubação.

Pesq.6 USP -Agronomia / Subárea: Ciência do Solo / Especialidade: química do solo; Fitossanidade / especialidade: defesa fitossanitária.

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Apresentação dos Resultados Aspectos variados acerca do contexto acadêmico em que os pesquisadores estão inseridos;

Conhecimento do Acesso Aberto;

Referência a iniciativas como SciELO, Bibliotecas de Teses e Dissertações...

Manifestações de Apoio/Crítica ao Acesso Aberto:

Essas editoras cobram e muito. Eu acho um absurdo, quer dizer: você paga para publicar e depois a universidade ainda paga para acessar as bases de dados deles. Isso é um absurdo, isso não é a favor da divulgação. [Pesq.3]

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Ideia de que os periódicos em acesso aberto possuem um sistema de revisão por pares frágil.

Taxas de publicação em periódicos de acesso aberto.

O que eu percebo desses periódicos eletrônicos é que vira e mexe eu recebo convite para liderar uma revista ou para participar de algum número específico e eu não sei como eles estão se organizando, eu admito a minha ignorância, mas de repente tem duzentas mil revistas Open Access, e como eles vão estabelecer a revisão dos artigos? Quem está revisando tudo isso? O quanto essas informações são revisadas? Queira ou não queira, essas outras revistas tenham um caráter comercial, mas a gente já sabe que elas têm um corpo editorial, têm um respeito. Passam coisas ruins? Passam, mas, de forma geral, existe um controle. [Pesq.6]

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Cobrança das agências de fomento e das instituições para que o pesquisadores publique cada vez mais nos periódicos bem avaliados:

Papel da CAPES e de suas avaliações.

Os programas de pós-graduação não têm como fugir, ou eles entram na regra do jogo ou eles têm menos recursos, uma nota baixa. Eu faço parte de um programa nota 7 na CAPES e as regras do nosso programa são bem definidas: cada artigo publicado em uma revista A1 com aluno vale 15 pontos, cada artigo publicado em uma revista B1 vale 3 pontos, abaixo de B1 a gente não conta. Então são regras que os programas ajustam e isso implica, no nosso programa, na divisão de recursos. [Pesq.5]

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Preocupação em Publicar em canais de maior visibilidade e interesse na internacionalização das pesquisa:

O que o pesquisador na área de agrárias está se convencendo aos poucos é que é importante a divulgação dos seus resultados em revistas de alto impacto. Agora, se isso está ligado a uma revista de editora de acesso aberto ou não eu acredito que ainda não seja objetivo de estudo na hora de escolher uma revista. O pesquisador escolhe, eu escolho, na área dele, dentro daquele assunto, a revista que acolha melhor o artigo, o artigo que tenha a ver com o escopo daquela revista, com potencial de leitura e de citação. [Pesq.5]

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O Qualis do periódico aparece como um critério que exerce bastante influência nas escolhas dos pesquisadores.

Relação entre avaliação acadêmica, reconhecimento, prestígio, internacionalização e publicação científica;

Até por uma necessidade a gente tá procurando a internacionalização, porque isso nos é exigido. Nossas revistas também estão incentivando isso. A nossa Revista Brasileira de Ciências do Solo ela já incentiva que a gente publique em inglês, então eu tenho publicado sempre que possível em inglês. [Pesq.1]

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Problemas que emergem com a internacionalização: isolamento linguístico; Especificidades de algumas subáreas das Ciências Agrárias.

Eu diria assim que eu não tenho a preocupação de desenvolver, primeiro, uma pesquisa que seja internacional. Portanto, mesmo que às vezes eu queira publicar em uma revista internacional, ela não vai ter o interesse, porque o foco é um trabalho nacional, então começa nesse aspecto. Então mesmo que eu queira publicar em uma revista internacional, eu não vou fazer porque a revista não vai aceitar o artigo. E isso eu já tive. Já tive artigos meus que não foram aceitos no exterior. Quer dizer, quando você vai para uma revista nacional você consegue. Então, o que eu quero na verdade é atingir um público nacional, no mínimo. [Pesq.3]

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Importância do Portal de Periódicos da CAPES.

Periódicos nacionais de qualidade insuficientes para atender a demanda dos pesquisadores;

Fluxo Editorial lento, se comparado com os periódicos de editoras científicas, por essa razão alguns pesquisadores afirmaram preferir publicar em periódicos estrangeiros, especificamente de editoras científicas;

Importância do reconhecimento do Editor científico para a qualidade dos periódicos nacionais;

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Considerações Finais

De maneira geral, os pesquisadores manifestaram apoio à proposta do acesso aberto: Apontam a relação necessária entre acesso gratuito e resultados de pesquisa financiada com recursos públicos; embora parte deles tenham afirmado não conhecer as propostas relacionadas ao Movimento Open Access.

Os pesquisadores têm se orientado para publicar em periódicos tradicionais e bem classificados no sistema de avaliação Qualis da área em que atuam (mesmo quando publicam em periódicos de acesso aberto), destacando a importância desses critérios para fins de avaliação acadêmica e visibilidade das pesquisas.

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O sistema de recompensas vigente incentiva os pesquisadores a publicarem internacionalmente e em periódicos de alto impacto. De que modo a proposta do acesso aberto diálogo ou entra em conflito com isso?

Necessidade de reflexão acerca do papel das agências de fomento no apoio ao acesso aberto;

Conscientização do pesquisador sobre as publicações em acesso aberto, buscando enfraquecer determinados “mitos” sobre esse tipo de publicação;

Fortalecimento dos periódicos nacionais.

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Referências CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq). Indicadores de Pesquisa, 2011. Disponível em: <http://www.cnpq.br/indicadores1>. Acesso em: 05 de Ago. 2013.

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO. Indicadores: Percentual de artigos brasileiros publicados em periódicos científicos indexados pela Thomson/ISI, em relação ao mundo, por área do conhecimento, 2007/2009. Disponível em: http://www.mcti.gov.br/index.php/content/view/5709/Percentual_de_artigos_brasileiros_publicados_em_periodicos_cientificos_indexados_pela_ThomsonISI_em_relacao_ao_mundo_por_area_do_conhecimento.html. Acesso em: 30 de Ago. 2013.

ROSA, M. V. F. P. C.; ARNOLDI, M. A. G. C. A entrevista na pesquisa qualitativa. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.