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Visite: marcobueno.pro.br FACULDADE DA ALDEIA DE CARAPICUÍBA EDVALDO BISPO DOS SANTOS GISLAINE SHEILA BELÉM BARBOSA MARIA DAS GRAÇAS MATOS SANDOR MARCIA DOS ANJOS MARCO ANTONIO BUENO SOUZA MILENA RAMOS DE JESUS ELISANGELA LIMONI QUANTO MAIS CEDO MELHOR (?): uma análise discursiva do ensino de inglês para crianças CARAPICUIBA 2014

QUANTO MAIS CEDO MELHOR (?): uma análise discursiva do ensino de inglês para crianças

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Trabalho apresentado a Professora Rebeca de Castro, da disciplina de Psicologia do Desenvolvimento Infantil, do quinto semestre do curso de Pedagogia. A autora Bianca R. V. Garcia, nos trouxe em sua dissertação o olhar sobre as modalidades do Ensino de Inglês para as crianças pequenas no Brasil. Houve amostragem de dados estáticos bem como o seu olhar critico sobre a mercantilização. Diante disto tecemos em nossa resenha os aspectos positivos e negativos, bem como a educação no mundo (Finlândia), estrutura da língua estrangeira e o impacto do ensino precoce da Língua estrangeira na vida infantil.

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FACULDADE DA ALDEIA DE CARAPICUÍBA

EDVALDO BISPO DOS SANTOS

GISLAINE SHEILA BELÉM BARBOSA

MARIA DAS GRAÇAS MATOS SANDOR

MARCIA DOS ANJOS

MARCO ANTONIO BUENO SOUZA

MILENA RAMOS DE JESUS

ELISANGELA LIMONI

QUANTO MAIS CEDO MELHOR (?):

uma análise discursiva do ensino de inglês para crianças

CARAPICUIBA 2014

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FACULDADE DA ALDEIA DE CARAPICUÍBA

TRABALHO DE PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Trabalho apresentado a Pro-fessora Rebeca de Castro, da disciplina de Psicologia do Desenvolvimento Infantil, do quinto semestre do curso de Pedagogia.

CARAPICUIBA 2014

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FIGURAS Figura 1: Educação tecnológica através de atividade lúdica ....................................... 5

Figura 2: Estrutura de Ensino Segunda Língua/ LE .................................................... 8

Figura 3: Proposta didática para ensino de LE ............................................................ 9

Figura 4 - A Torre de Babel ....................................................................................... 11

Figura 5: Adultez e Glamour ...................................................................................... 14

Figura 6- Brasil das Gerais: Canal Youtube ................. Erro! Indicador não definido.

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SUMÁRIO

1. PRIMEIRAS PALAVRAS ....................................................................................................... 1

2. EDUCAÇÃO NO MUNDO: OS SEGREDOS DA FINLÂNDIA ........................................... 5

3. ESTRUTURA DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA .................................................. 8

4. O IMPACTO DO ENSINO PRECOCE DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NA VIDA INFANTIL ........................................................................................................................................11

5. CONCLUSÃO .........................................................................................................................15

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................16

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RESUMO

A autora Bianca R. V. Garcia, nos trouxe em sua dissertação o olhar sobre

as modalidades do Ensino de Inglês para as crianças pequenas no Brasil. Houve

amostragem de dados estáticos bem como o seu olhar critico sobre a mercantiliza-

ção. Diante disto tecemos em nossa resenha os aspectos positivos e negativos, bem

como a educação no mundo (Finlândia), estrutura da língua estrangeira e o impacto

do ensino precoce da Língua estrangeira na vida infantil.

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1. PRIMEIRAS PALAVRAS

Este trabalho de pesquisa feito e apresentado por BIANCA R. V. GARCIA é

de suma importância para o meio acadêmico, pois investiga a expansão do ofereci-

mento de aulas de inglês para crianças pequenas no Brasil.

O principal ponto levantado pela autora é que as modalidades disponíveis no

mercado são variadas, e os pais que se interessam por elas podem optar por cursos

específicos de língua estrangeira, escolas internacionais, bilíngues, ou até mesmo

em escolas regulares que ofereçam aulas de inglês incluídas em suas grades curri-

culares.Além destes aspectos, outro que chama atenção é que boa parte desta mo-

dalidade são acessíveis quase que exclusivamente por meio do ensino privado.Bom,

até aqui, nada de novo.

Para fundamentar esta informação a autora aponta uma estatística de que,

no Brasil, o número de escolas bilíngues aumentou de 145 para 187 entre 2007 e

2009 - no que corresponde um crescimento de quase 30% em um período de dois

anos.

Foi pensando neste crescimento que a autora resolveu trazer a tonao ensino

precoce da língua estrangeira e das práticas que o circundam no mercado brasileiro,

acreditando que a sua problematização poderia contribuir com uma visão mais luci-

da e crítica desde cenário.

Assim, com este espírito, ao longo da dissertação, Bianca vai destrinchando

e desmistificando aspectos e características que julgou importante para a explana-

ção e exposição do seu trabalho. Dentre estes aspectos e características o nosso

grupo de trabalho destaca os principais pontos em dois momentos, sobre ópticas

diferentes:

Primeiro Momento

Segundo Ana Paula Mariutti, presidente da Organização das Escolas Bilín-

gues de São Paulo, não existe uma idade certa para iniciar o ensino/aprendizado de

um segundo idioma, mas sim uma idade em que a língua é tratada com mais natura-

lidade.

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Sendo isto, baseado no adágio “quanto mais cedo, melhor”, introduzir a cri-

ança em idade precoce nesta modalidade de estudo, atende as quais interesses?

O trabalho de dissertação apresentado por Bianca remete a formações dis-

cursivas que circulam no senso comum, mas que não estão em consonância com os

questionamentos suscitados nas áreas da educação e na linguística aplicada ao en-

sino de línguas, que levam em conta a bagagem cultural dos sujeitos do processo

educacional e as relações de poder em jogo, conforme os trabalhos de diversos au-

tores (FLORY, 2009, JONES, 1990), levando a crer na urgência e necessidade de

consumo imediato do inglês para crianças, a fim de instituir a diferenciação entre os

que têm acesso à língua estrangeira e os que estarão fadados a exclusão deste

mercado alienante e globalizado.

Em consonância com estes dizeres, a autora nos leva a crer que a mercanti-

lização do ensino de língua estrangeira em nosso país está voltado ao atendimento

deste mercado lucrativo do ensino de línguas que cresce exponencialmente à revelia

da lei (inexistente), com contrárias preocupações pedagógicas e concepções de en-

sino.

Como diz a autora:

O “mais cedo” do aprendizado linguístico coincide com o “mais cedo” da

aceitação das práticas do mercado na educação, e da euforização da produtividade,

excluindo até da mais precoce infância, o acesso ao ócio, ou a não-obrigatoriedade

da produção”.

Segundo Momento

Refletindo sobre a modalidade de ensino de inglês para crianças, devemos

levar em conta os seus aspectos positivos e negativos:

Aspectos Negativos

Atualmente vivenciamos a falta de estrutura no sistema educacional público

de nosso país, e por este fator acredito que havendo expectativas de se ensinar o

básico não há sucesso, imaginemos como será inserir e ensinar Inglês ás crianças,

uma vez que analisando nosso contexto histórico brasileiro sabemos que a educa-

ção ainda hoje funciona como ferramenta de controle para com a população, e que o

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ensino critico ou mais amplificado de qualquer disciplina nos parece algo fora de

questão, e isto, tudo se dá por diversos fatores, sendo eles: políticos, falta de apoio

familiar(muitas vezes porque a família não tem o conhecimento de determinada dis-

ciplina, a habilidade para compartilhar o que sabe, e porque não dizer a inten-

ção),profissionais sem a capacitação necessária para multiplicar ou ampliar o co-

nhecimento à uma classe com mais de 40 alunos, a questão do próprio material di-

dático que nos falta nas séries iniciais, e por fim o próprio currículo nacional que não

define o Ensino de Inglês como uma matéria de suma importância para as crianças.

Aspectos positivos:

Ensinar / aprender uma segunda língua, sendo ela o Inglês ou qualquer ou-

tra trará o nivelamento de conhecimento, fazendo com isto menos uma relação de

poder exercida sobre uma classe menos privilegiada economicamente. Este ensino

deve ser concebido e introduzido às crianças para que as mesmas se nivelem como

cidadãs não somente brasileiras, mas como cidadãs de um mundo globalizado, no

qual atualmente, já estão inseridas, através das mídias televisivas, gastronômicas,

redes sociais e brincadeiras que já vivenciam. Falamos tanto de atribuir significados

aos aprendizados, queremos melhor significado do que o fato do que elas vivem dia-

riamente em suas vidas ser aprendido academicamente? Pois assim haverá o seu

próprio olhar crítico em relação ao meio no qual convive e aprende. Podemos ainda,

nos basear e citar países emergentes, nos quais o ensino de mais de uma língua é

obrigatório, pois acreditam preparar os indivíduos para o mundo e não somente co-

mo um meio para se alcançar um fim determinado, e neste âmbito voltamos ao nos-

so contexto histórico de quase 50 anos atrás, nos quais as empresas ditavam ao

governo o que ensinar para que os brasileiros soubessem somente o que fosse ne-

cessário para operar máquinas e desenvolver o trabalho, baseando-se em metas e

processos prontos, sem a crítica ou o pensamento daquele sujeito, devemos acredi-

tar enquanto educadores modernos e construtivistas que ensinar às crianças o In-

glês ou qualquer outra segunda língua, os motivará a acreditar que podem sempre

mais, no âmbito pessoal e também no profissional.

Como visto, em sumo, a constatação feita no primeiro momento se volta ao

fato de que o ensino de língua estrangeira em nossos pais objetiva somente o lucra-

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tivo ensino de línguas, sem preocupações pedagógicas e concepções de ensino pa-

ra todos.

Agora, no segundo momento, a abordagem demonstra de forma nítida que,

uma vez analisado o nosso contexto histórico sabemos que a educação ainda hoje

funciona como ferramenta de controle, e que o ensino critico ou mais amplificado de

qualquer disciplina nos parece fora de questão, e isto se dá por diversos fatores, po-

dendo ser por fins políticos, falta de apoio familiar (muitas vezes porque a família

não tem o conhecimento de determinada disciplina, a habilidade para compartilhar o

que sabe, e porque não dizer a intenção),profissionais sem a capacitação necessá-

ria para multiplicar ou ampliar o conhecimento à uma classe com mais de 40 alunos,

a questão do próprio material didático que nos falta nas séries iniciais, e pelo próprio

currículo nacional que não define o ensino de Inglês como uma matéria de suma

importância para as crianças.

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2. EDUCAÇÃO NO MUNDO: OS SEGREDOS DA FINLÂNDIA

Figura 1: Educação tecnológica através de atividade lúdica

Neste trabalho multidisciplinar optamos por abordar sobre a educação na

Finlândia, no que se refere ao ensino da língua estrangeira, é claro. Um dos nossos

propósitos é trazer um pouco de leveza a pesquisa crítica da autora Bianca. Não

podendo ser diferente, a dissertação da autora ficou pesada justamente porque um

dos objetivos de suas pesquisas era comprovar que as “justificativas pedagógicas do

ensino de inglês para crianças tornou-se, uma análise das projeções da criança no

mercado de trabalho e da naturalização da lógica capitalista para a formação e pre-

paração das crianças de elite”. Bianca está certa.

Por sua vez, o nosso grupo vem exemplificar que a modalidade de ensino de

língua estrangeira na Finlândia é uma prova, real e concreta, e totalmente contrária

a um trecho da dissertação de Bianca R. V. Garcia:

[...] O enunciado “quanto mais cedo, melhor”, atravessa todos os dizeres, para fazer crer na necessidade de consumo imediato do bem inglês para crianças, a fim de dar pronto início à diferenciação entre os estabelecidos, que têm acesso à língua estrangeira e, portanto, ao sucesso, e os outsiders, que sofrerão a exclusão por não serem funcionais no mercado capitalista de acumulação flexível [...]

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Assim, a Finlândia com seu regime educacional mais eficiente do planeta, é

contrário ao sistema educacional Brasileiro elitista. Esta região quase utópica da Es-

candinávia e que está se tornando um modelo para o mundo moderno preza pela

igualdade, pois todas as crianças têm direito ao mesmo ensino. Não importa se é o

filho do premiê ou do porteiro.

Em momento algum queremos comparar um país com cinco milhões de ha-

bitantes com o Brasil, com cerca de duzentos. Não seria sábio e prudente de nossa

parte atestar que o modelo Finlandês é adequado, e por isso deve ser adotado por

nós brasileiros. São coisas diferentes.

Embora a cultura, a política, a economia, o espaço geográfico, enfim, a rea-

lidade Finlandesa seja diferente da nossa, tem algumas características que poderi-

am ser aproveitadas. Por exemplo, a dissertação da Bianca veio confirmar que no

Brasil não há ensino de língua estrangeira a partir da educação infantil por diversos

razões, é óbvio, mas dentre elas está a mercantilização desta modalidade e o jogos

de poder.

Neste sentido, no que tange ao ensino de língua estrangeira os Finlandeses

são imbatíveis porque os alunos têm a opção de estudar diversos idiomas. Acompa-

nhe:

[...] As escolas finlandesas dão ênfase ao estudo de idiomas estrangeiros. A primeira língua estrangeira é, de modo geral, introduzida no terceiro ano do ensino fundamental e a segunda língua local (o sueco no caso de alunos que falam o finlandês e o finlandês para os alunos que falam o sueco) no sétimo ano, ou antes. Ademais, os alunos podem optar por até seis idiomas diferentes até a con-clusão do nível secundário superior. Os idiomas estrangeiros mais comu-mente escolhidos são o inglês, o alemão, o francês, o russo e o espanhol. Os imigrantes cuja língua materna não é o finlandês ou o sueco têm aulas especiais de finlandês como segunda língua. As crianças também têm aula em sua língua materna duas vezes por semana, custeadas pela municipali-dade [...]

Fonte: Finlandi.fi

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Para não fugir do contexto que estamos tratando, o ponto que queremos

chegar não é o fato de a Finlândia inserir a modalidade de ensino de língua estran-

geira na educação infantil ou não, e sim a seriedade com que ele trata o assunto.

A revista Educação UOL em uma matéria intitulada “Os Segredos da Finlân-

dia”, expõem que, existe aluno finlandês de 13 anos de idade que fala árabe, sueco,

italiano, francês e finlandês. Porém, em entrevista a um aluno, o mesmo artigo ar-

gumenta que nem todos eles se interessam assim. Alguns não querem nem ouvir os

professores. Não pensam no futuro. Na Finlândia, os meninos e meninas são iguais

a todos os outros no mundo: não gostam de escola, adoram o videogame, o compu-

tador, andam de skate em praças e passeiam em grupos pelos shoppings. E isto é

para lá de obvio.

Como citado anteriormente, apesar de a LE ser introduzida apenas na séti-

ma série na Finlândia, o programa de inclusão de língua estrangeira dá muito certo,

contudo, continuando a nossa explanação, no próximo tópico vamos analisar não

como a Finlândia faz acontecer a modalidade de ensino de língua estrangeira nas

escolas públicas de seu país, e sim porque não conseguimos fazer as coisas acon-

tecerem no nosso Brasil. Por isso, sustentado no capitulo 3, Item 3.3 da dissertação

de Bianca, vamos refletir e fazer relações com o artigo intitulado “Inglês em tempos

de globalização: para além de bem e mal”, de Ana Antônia de Assis-Peterson e Ma-

ria Inês Pagliarini Cox, e também “As Culturas Da Infância Nas Encruzilhadas Da 2º

Modernidade”, de Manuel Jacinto Sarmento, que você poderá conferir abaixo.

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3. ESTRUTURA DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

Além da questão do ensino precoce de língua estrangeira para crianças, Bi-

anca (São Paulo, 2011), critica veemente o sentido das aulas de inglês para o públi-

co infantil, pois ela desliza para a denominação de práticas aparentemente ineficien-

tes do ensino de língua, evidenciando sua ineficácia. Esse é o ponto motriz da pes-

quisa científica da autora.

A ineficácia do ensino se dá por diversos motivos, mas uma delas é que o

idioma é apresentado como uma segunda língua, e não como uma língua estrangei-

ra. A diferença entre uma coisa e outra é que a prática como segunda língua leva

em conta a repetição/memorização de palavras, e a prática de ensino como língua

estrangeira leva em conta a proficiência.

Para elucidar melhor a questão, vamos analisar a figura abaixo:

Figura 2: Estrutura de Ensino Segunda Língua/ LE

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[...] O sentido de aulas de inglês desliza para a denominação de práticas aparentemente ineficientes de ensino de língua, evidenciando sua ineficá-cia. Nesses dizeres reforça-se a imagem de que as aulas são constituídas por exercícios mecanizados e previsíveis (ouve o texto / coloca / completa / pinta[E.70]), práticas isoladas, que não propiciam o aprendizado ou a utili-zação prática da língua (não formar frase de estrutura/ não compreender conteúdo acadêmico [E.71]) e de atividades consideradas ultrapassadas, como a memorização de sentidos por meio da tradução e do ensino isolado de itens de vocabulário (falar “bola é Ball”/ ensinar vocabulário/ ensinar co-res [E.72] [...]

Então, a figura acima demonstra claramente a ineficiência do ensino da lín-

gua, pois eles constituem-se de um programa mecanizado e muito previsível. Con-

tudo, a própria Bianca sugere práticas atuais que vão de encontro ao ensino de lín-

gua estrangeira eficaz:

Figura 3: Proposta didática para ensino de LE

Contrário à prática pedagógica mecanizada e previsível, Bianca expõe o se-guinte:

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[...] O ensino por “imersão” consiste na inserção do aluno em um ambiente de instrução no qual a única língua usada é a língua-alvo. Esse termo co-meçou a ser usado por volta de 1960 (DAY & SHAPSON, 1996 e JOHN-SON & SWAIN, 1997) e caracterizava alguns programas educacionais ca-nadenses que visavam o ensino de francês a alunos falantes de inglês. Nos anos noventa, pudemos observar a adaptação desse conceito não apenas em cursos de língua para executivos, mas também em treinamentos coorporativos para o fortalecimento de laços de equipe, o chamado team building. O aspecto-chave desse tipo de instru-ção é que o aluno tenha o máximo de exposição ao conteúdo-alvo, sendo levado a se utilizar desse conteúdo para a realização de outras tarefas re-queridas no contexto de imersão [...]

Além da questão do ensino precoce de língua estrangeira para crianças, vi-

mos acima que há o problema de práticas pedagógicas ineficazes para o ensino da

língua. Porém, por outro lado, há formas de fazer a coisa dar certo, fazendo com que

o processo de aprendizagem seja agradável e o menos traumatizante possível.

Após um longo processo de investigação a autora considerou que existe

uma faixa etária em que o aprendizado de Le ocorre naturalmente, pois é considera-

da a faixa etária, a história dos aprendizes, a experiência de aprendizado, os objeti-

vos, as características pessoais e, sobretudo uma prática pedagógica que não se

limita a transmissão de conteúdo, e sim, a um processo que visa à construção de

conhecimentos e que dá vozes aos aprendizes.

Outro fator importante considerado pela Bianca é o comportamento egocên-

trico do mercado que, mercantiliza o ensino de língua estrangeira e mantém a moda-

lidade como o xodó da elite.

Este e outros aspectos desta relação de poder (mercado-indivíduo) serão

abordados em outro tópico. Por ora, refletiremos sobre a questão do ensino precoce

de língua estrangeira para o público infantil, dando ênfase a sua causa.

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4. O IMPACTO DO ENSINO PRECOCE DA LÍNGUA ESTRANGEI-RA NA VIDA INFANTIL

Desde a Torre de Babel, novela narrada pela Bíblia, nunca o homem preci-

sou de uma língua comum a todos, como agora.

Figura 4 - A Torre de Babel

O conto bíblico da Torre de Babel expõe uma idéia e os estudos apontam

outro. Por agora, o que queremos levantar não é se a compreensão do trecho bíblico

está certa ou errada, e sim demonstrar que, no senso comum, a Torre de Babel é

sinônimo do inicio da confusão de línguas do homem. Como bem explanou Maria e

Antonia: “Nunca os homens sentiram tanta falta de uma língua comum, nunca dese-

jaram tanto saber inglês, mesmo que, em nome de alguma ideologia nacionalista e

anti-imperialista, odeiem essa língua.

Antes, nós que éramos separados pela distância geográfica da terra, do ar e

do mar, hoje, somos unidos pela internet. Mitologicamente, por causa do intelecto,

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fomos punidos com a confusão de línguas. E pelo intelecto, encontramos uma forma

de acabar com a maldição. Agora nos resta colocar os conceitos em ação. Vejamos

com Ana Antônia de Assis-Peterson e Maria Maria Inês Pagliarini Cox como poderia

ser isso:

[...] Enquanto a urgência do inglês não havia batido à porta, fazíamos corpo mole para o arrematado fracasso do ensino de língua estrangeira na escola pública, situação não diferente na escola particular, com o atenuante de que sua clientela pode pagar por um curso livre de idiomas, lugar projetado co-mo ideal para a aquisição do inglês. A incompetência da escola pública em fazer dos filhos das classes menos favorecidas usuários do inglês vem co-laborando, ano após ano, para a reprodução da atual ordem econômica e social. Os filhos das famílias abastadas são preparados, ironicamente, para ingressar em universidades púbicas, para cruzar “legalmente” as fronteiras do país em busca dos melhores empregos, para ocupar cargos de direção.

Os filhos das famílias empobrecidas, geralmente, trabalham de dia para po-der custear uma universidade privada à noite, isso quando não engrossam a base da pirâmide dos que se evadem da escola antes de completar o ensi-no básico. Esses, quando cruzam as fronteiras do país, o fazem, quase sempre, como imigrantes ilegais e para realizar serviços braçais, que até combinam com o mutismo a que são condenados em terra estrangeira. Se antes a educação pública produzia os subempregados e os desempregados da nação, contemporaneamente está em via de produzir os inempregáveis da globalização [...]

O ensino precoce da língua inglesa está ligada ao fato de que o homem

adulto transfere a expectativa perniciosa da sociedade às crianças, como se elas

fossem portadoras da redenção, e consequentemente da salvação da sociedade.

Ideais estes que servem ao propósito inútil do homem de legar a próxima geração a

responsabilidade que lhe cabe no seu momento presente. Sendo assim, incapaz e

incompetente de resolver a própria mazela, a sociedade, posterga a criança o dever

de trazer luz a sua geração, à futura e ao mundo.

Desde a idade média a criança é tratada como um ser biológico, social e

sem autonomia existencial. Metaforicamente, desde sempre o pequeno rebento foi

criado sob a saia da mãe e ali permanecia até ter capacidade para o trabalho, habili-

dade para participar de uma guerra ou ter maturidade biológica para reproduzir. De

outra forma, a criança permanecia sob o jugo da sociedade, e gradativamente era

inserida na adultez (sic) extremamente precoce.

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Sendo assim, fazendo uma relação com a citação acima, fica fácil entender

porque os filhos das famílias abastadas são preparados para ingressar em faculda-

des públicas; cruzar as fronteiras do país em busca dos melhores empregos, ocu-

pando cargos executivos, através do processo de nepotismo ingrato. Por sua vez,

tem o lance das famílias pobres, cujos pais, trabalham desde o alvorecer do dia até

o cair da noite, tudo isso para garantir uma vaga na faculdade privada para seu filho,

quando este não se evade da escola pública antes de concluir o ensino médio.

Este raciocínio e todo o resto que está fundamentado na referência bibliográ-

fica deste trabalho, comprova que a construção histórica da criança, do adolescente

e do jovem é “o resultado de um processo complexo de produção de representações

sobre as crianças, de estruturação dos seus quotidianos e mundos de vida e, espe-

cialmente, de constituição de organizações sociais desde a infância”. (Sarmento,

Manoel Jacinto)

Quer dizer, desde a infância existe todo um processo educacional, político,

econômico, social, religioso e cultural que conduzem as circunstâncias a favorecer

coisas, situações e pessoas em detrimento de outras. Deste modo, é certo dizer que

a institucionalização do conhecimento e mercantilização do saber é antigo e moder-

no ao mesmo tempo, e o ensino de língua estrangeira para crianças em escolas par-

ticulares e a falta delas nas escolas públicas evidencia como o discurso da socieda-

de difere em muito de suas práticas.

[...] é dado lugar à formação de um conjunto de saberes sobre a criança, constituída como objeto de conhecimento e alvo de um conjunto de prescri-ções atinentes ao desenvolvimento dentro do que se convenciona como os padrões da “normalidade”. Os saberes periciais sobre as crianças constitu-em-se como balizadores da inclusão e da exclusão na “normalidade” e ex-primem-se em procedimentos de inculcação comportamental, disciplinar e normativa. Esses saberes originaram novas disciplinas constitutivas do campo da reflexividade social sobre a criança, com influência poderosa nos cuidados familiares e nas práticas técnicas nas instituições e organizações onde estão crianças. Destacam-se nesses saberes a pediatria, a psicologia do desenvolvimento e a pedagogia [...].

Nos resta saber, agora, quais são as possibilidades de desenvolvimento de

autonomia das crianças, sendo que a sociedade com sua característica egocêntrica

reluta em deixa-las crescer a seu tempo.

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Figura 5: Adultez e Glamour

Por esta razão, consideramos neste trecho que o ensino precoce da língua

inglesa não está ligada simplesmente ao interesse capital do homem. Não é somen-

te a falta de prática pedagógica; a decisão de qual é a faixa etária ideal para o ensi-

no de Le; ou se a modalidade de ensino deve ser bilíngue ou não. A causa do en-

sino precoce da língua inglesa é bem mais profunda. Ela é a pura transferência da

ostentação e fascínio pelo esplendoroso.

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5. CONCLUSÃO

De acordo com a autora Bianca R. V. Garcia, concluímos que há uma duali-

dade de opiniões acerca do Ensino da L. E. .

Uma corrente tende a estimular “o quanto mais cedo melhor” devido a inser-

ção da criança com uma segunda língua, neste caso, o Inglês. Prevalecendo as re-

lações de poder no mundo contemporâneo.

Porém, não podemos nos esquecer de que diante das diferenças educacio-

nais existentes em nosso país, público e privado.

Outro fato quer nos levou a refletir sobre o Ensino L. E. seria que pais e res-

ponsáveis não medem esforços para custar a L.E. em escolas de idiomas a fim de

complementar e maximizar o que já lhe é oferecido no ensino regular.

Este cenário demonstra o quão negativo é a estrutura educacional do nosso

país, visto que nos falta muito enquanto instituição educacional, podendo ser melho-

rada com uma metodologia multidisciplinar no ensino da L.E.

Devemos nos lembrar de que cada individuo tem seu tipo de inteligência e a

própria metodologia, que há sim alunos que aprendem de forma autodidata e o fator

predominante para aprender algo é a motivação.

O ensino da L.E. torna o aluno cidadão do mundo, pois integra-o aos sabe-

res que já lhe está inserido, exemplificamos através do comércio de fast-foods, rou-

pas, lazer, mídias , todos este que nos produzem um tipo de pedagogia visto que

nos ensina algo. É relevante este ensino e em nosso país deveríamos “lutar” por um

currículo que promovesse e nos desse este subsidio para inserção destes indivíduos

como cidadãos do mundo, assim como em países, dado exemplo Finlândia.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Inglês em tempos de globalização: além do bem e do mal. Disponível em<

http://goo.gl/rWZOFY> Acesso em 12 de abril de 2014.

Quanto mais cedo melhor (?):uma análise discursiva do ensino de inglês para cri-

anças. 2011, São Paulo. 217 p. Acesso em 02 de Abril de 2014.

As culturas da infância nas encruzilhadas da 2ª modernidade. Disponível

em>http://cedic.iec.uminho.pt/textos_de_trabalho/textos/encruzilhadas.pdf> Acesso em

O desafio de ensinar inglês para crianças. Disponível em<

http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1616> Acesso em 15

de Abril de 2014.

Educação de crianças em seis países. Disponível em <http://goo.gl/DOjgfB>

Acesso em 17 de Abril de 2014.

Dois idiomas uma criança. Disponível em<

http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/170/dois-idiomas-uma-crianca-234962-

1.asp> Acesso em 20 de Abril de 2014.

Os segredos da Finlândia. Disponível em

<http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/151/os-segredos-da-finlandia-234672-

1.asp> Acesso em 25 de Abril de 2014.

Com uma educação gratuita e de alta qualidade para todos. Disponível em

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VÍDEOS

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