6
Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas Coordenação do Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA PELO USO DE MAPAS CONCEITUAIS: uma abordagem possível na Pós-Graduação Strito Sensu 1 Andréa Kochhann 2 RESUMO: A aprendizagem significativa na concepção de David Ausubel não é um assunto recente, mas precisa ser conhecido por muitos. A valorização dos subsunçores, a utilização dos mapas conceituais, a aula introdutória, a análise de conteúdos e da modalidade de aprendizagem para a escolha de metodologias e elaboração de material didático são pontos fundamentais da teoria. PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem Significativa; Mapas Conceituais; Mudanças Paradigmáticas. SUMMARY: Significant learning in the design of David Ausubel is not a recent issue, but needs to be known by many. The valuation of subsumers, the use of concept maps, the introductory lecture, the content analysis and learning mode for choice of methodologies and development of teaching materials are key points of the theory. KEYWORDS: Meaningful Learning, Concept Maps; Paradigmatic Change. INTRODUÇÃO A teoria da aprendizagem significativa de Ausubel (1982) é uma teoria cognitivista que procura explicar os mecanismos internos que ocorrem na mente humana com relação ao 1 Resumo expandido escrito para a palestra sobre a Aprendizagem Significativa com os docentes da Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado Profissional em Ensino de Ciências, no dia 06/11/2013 e com os discentes no dia 12/12/2013. O resumo e as palestras foram pensadas com base no Projeto de Pesquisa e no Projeto de Extensão, ambos pela UEG, com acadêmicos bolsistas. 2 Pedagoga, Mestre em Educação pela PUC, Docente Efetiva – DE da UEG. Gerente de Extensão. [email protected]

Resumo Expandido Sobre Aprendizagem Significativa - UEG

Embed Size (px)

DESCRIPTION

- Este resumo expandido discute a temática da aprendizagem significativa e foi elaborado para fundamentar uma palestra com os docentes do curso Stricto Senso em Ensino de Ciências, da UEG - Universidade Estadual de Goias. O mesmo resumo substanciou outra palestra com os alunos do referido curso, no ano de 2013. O texto é de autoria da professora Ms. Andréa Kochhann, coordenadora do projeto de extensão "Conhecendo a aprendizagem significativa na perspectiva de David Ausubel". E-mail: [email protected]

Citation preview

Page 1: Resumo Expandido Sobre Aprendizagem Significativa - UEG

Universidade Estadual de GoiásUnidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas

Coordenação do Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências

A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA PELO USO DE MAPAS CONCEITUAIS: uma

abordagem possível na Pós-Graduação Strito Sensu1

Andréa Kochhann2

RESUMO: A aprendizagem significativa na concepção de David Ausubel não é um assunto

recente, mas precisa ser conhecido por muitos. A valorização dos subsunçores, a utilização dos

mapas conceituais, a aula introdutória, a análise de conteúdos e da modalidade de aprendizagem

para a escolha de metodologias e elaboração de material didático são pontos fundamentais da teoria.

PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem Significativa; Mapas Conceituais; Mudanças Paradigmáticas.

SUMMARY: Significant learning in the design of David Ausubel is not a recent issue, but needs to

be known by many. The valuation of subsumers, the use of concept maps, the introductory lecture,

the content analysis and learning mode for choice of methodologies and development of teaching

materials are key points of the theory.

KEYWORDS: Meaningful Learning, Concept Maps; Paradigmatic Change.

INTRODUÇÃO

A teoria da aprendizagem significativa de Ausubel (1982) é uma teoria cognitivista que

procura explicar os mecanismos internos que ocorrem na mente humana com relação ao

1 Resumo expandido escrito para a palestra sobre a Aprendizagem Significativa com os docentes da Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado Profissional em Ensino de Ciências, no dia 06/11/2013 e com os discentes no dia 12/12/2013. O resumo e as palestras foram pensadas com base no Projeto de Pesquisa e no Projeto de Extensão, ambos pela UEG, com acadêmicos bolsistas.

2 Pedagoga, Mestre em Educação pela PUC, Docente Efetiva – DE da UEG. Gerente de Extensão. [email protected]

Page 2: Resumo Expandido Sobre Aprendizagem Significativa - UEG

aprendizado e a estruturação do conhecimento e, que precisa ser melhor compreendida não somente

em cursos de Psicologia mas, também de Pedagogia, cujos seus atores, atuam diretamente com

sujeitos em fase de desenvolvimento e aprendizagem.

A discussão temática nesta área não é recente, mas é ampla, necessária, urgente e não se

esgota. Sobre a teoria ausubeliana, Moreira, Caballero e Rodriguez (1997, p.19), asseveram que

“Atualmente as palavras de ordem são aprendizagem significativa, mudança conceitual e

construtivismo. Um bom ensino deve ser construtivista, promover a mudança conceitual e facilitar a

aprendizagem significativa.”.

DISCUSSÕES EPISTEMOLÓGICAS SOBRE A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E

MAPAS CONCEITUAIS

A aprendizagem para ser significativa, na concepção de Ausubel (1982), depende da

estrutura cognitiva e da interação social em medidas simultâneas, visto que como diz Praia (2000,

p.122), “[...] a aprendizagem significativa é um processo dinâmico.”. Para compreender melhor a

aprendizagem significativa é importante discutir sobre as tipologias de que ela possa ocorrer,

segundo alguns teóricos.

De acordo com a teoria de Ausubel (1982), a aprendizagem significativa no processo de

ensinagem necessita ter sentido para o aluno, no qual a informação deverá interagir nos conceitos já

existentes na estrutura cognitiva do aluno, com base nos subsunçores. Ausubel (1982) concentra-se

principalmente nesta questão, percebendo nos seus trabalhos uma proposta para o cotidiano

acadêmico, sendo o seu maior legado as técnicas e reflexões acerca da aula do tipo tradicional, bem

como do tipo de enfoque, cuidado e trabalho primordiais que o professor deveria possuir nesse

contexto, visando propiciar uma melhor aprendizagem para seus alunos, com base nos mapas

conceituais.

Os mapas conceituais podem ser vistos como uma metodologia de ensino, na qual os

alunos se expressam livremente sobre o tema que será abordado, de maneira que consigam escrever

tudo o que sabem sobre o assunto, em forma de esquemas ou de palavras ligadas a outras, tendo

como base central um conhecimento, assunto ou ideia. Essa metodologia pode ser utilizada para

conhecer os subsunçores e para avaliação da evolução do conhecimento, em todos os níveis de

ensino em que há predominância da escrita.

De acordo com Alegro (2008, p.50) “Os elementos básicos de um mapa conceitual

Page 3: Resumo Expandido Sobre Aprendizagem Significativa - UEG

consistem nas palavras que expressam o conceito, conectadas umas às outras por meio de palavras

ou frases de ligação – conectivos – formando frases - proposições – que traduzem a estrutura

cognitiva do sujeito.”. Moreira (2006), aponta que os mapas mentais ou mapa conceitual é uma

técnica que não se encaixa nos moldes tradicionais que podem ser usados como instrumentos de

ensino ou de aprendizagem, bem como de avaliação em qualquer idade escolar.

Como assevera Moreira (2006, p.6) o mapa conceitual é “Uma técnica não tradicional de

avaliação que busca informações sobre os significados e relações significativas ente conceito-chave

da matéria de ensino segundo o ponto de vista do aluno.”. O autor alega que o mapeamento

conceitual pode ser utilizado tanto na educação básica como no ensino superior como instrumento

didático, de avaliação e de análise do conteúdo.

Autores como Pierre Will e Marylum Ferguson discutem que quando uma pessoa recebe

informações de maneira cartesiana e linear a mesma poderá não obter resultados satisfatórios quanto

à aquisição de novos conhecimentos advindos dessas informações recebidas, pois como alega

Moreira, Caballero e Rodrigues (1997, p. 20) “Quando o material de aprendizagem é relacionável a

estrutura cognitiva somente de maneira arbitrária e literal que não resulta na aquisição de

significados para o sujeito, a aprendizagem é dita mecânica ou automática.”.

Essa alegação se faz mediante a análise do ensino cartesiano que está impregnado no

paradigma newtoniano-cartesiano. Há necessidade, portanto da aprendizagem significativa como

uma forma de trabalho holístico, que valoriza os conhecimentos já construídos pelo indivíduo, a

criatividade, o autoconhecimento, bem como a autonomia.

Lemos (apud ALEGRO, 2008, p.31) afirma que “[...] o processo de ensino e de

aprendizagem implica em co-responsabilidade do professor e do aluno.”. Ou seja, a tarefa do

professor não gira entorno de passar informações prontas e acabadas aos alunos, mas através dos

conhecimentos prévios dos alunos construir conhecimentos juntamente com os mesmos, visto que

como discute Shön (apud ALEGRO, 2008, p.31) “Nesta dinâmica a tarefa do professor não limita-se

à transmissão de conteúdos e aparenta mais aquela do coach [...].”.

A postura didático-metodológica do professor enquanto coach pode se entendida e usada,

tanto na sala de aula quanto fora, e tem como princípios norteadores a palavra, a aprendizagem e a

mudança, segundo Pérez (2009). Para o autor a palavra do professor é muito importante porque por

meio dela ocorrerá o diálogo entre o professor e o aluno, ou seja, entre o coach e o coachee.

A teoria da aprendizagem significativa de Ausubel (1982) apresenta-se em sua

originalidade como a que mais propícia reflexão sobre as questões didáticos-metodológicas, ou seja,

uma teoria voltada para a sala de aula. Moreira, Caballero e Rodriguez (1997, p. 35) alegam que

“[...] a teoria original de Ausubel, enriquecida por Novak, [...] é a que mais oferece, explicitamente,

Page 4: Resumo Expandido Sobre Aprendizagem Significativa - UEG

diretrizes instrucionais, princípios e estratégias que pode vislumbrar mais facilmente como por em

prática, que estão mais perto da sala de aula. [...] a teoria de Ausubel é uma teoria de aprendizagem

em sala de aula.”.

Ausubel (1982) defende que os professores necessitam criar situações pedagógicas e

didáticas com a finalidade de desvelar os conhecimentos que os alunos já sabem, sendo designado

pelo próprio autor como conhecimentos prévios, que são os suportes em que o novo conhecimento

se apoiaria, sendo este processo conhecido como ancoragem, conforme defende Praia (2000).

Como a teoria ausubeliana discute os princípios didático-metodológicos de sala de aula é

necessário entender a importância de se realizar uma análise conceitual do conteúdo a ser

ministrado para então planejar as metodologias. Outro detalhe é o cuidado para não sobrecarregar o

aluno com informações sem muita necessidade, pois isso pode dificultar sua organização cognitiva,

segundo Moreira, Caballero e Rodriguez (1997).

Para evitar informações desnecessárias é preciso que o professor faça a análise conceitual

do conteúdo. Essa análise conceitual do conteúdo se inicia com o entendimento do que vai ser

ensinado e que muitas questões do currículo precisam ser questionadas, pois é preciso pensar no

aluno e em sua disponibilidade cognitiva, pois como discute Moreira, Caballero e Rodriguez (1997,

p. 26) “De nada adianta o conteúdo ter boa organização lógica, cronológica ou epistemológica, e

não ser psicologicamente aprendível.”.

Além disso é preciso escolher as metodologias adequadas alinhadas aos subsunçores dos

alunos, partir de uma visão geral para o específico, fazer uma lista de palavras ou principais

conceitos para introduzir o conteúdo, elaborar atividades de sala e avaliações que propiciem o

envolvimento no aluno com clareza de sua relevância.

Moreira (2000) com base nas propostas de Postman e Weingartner, os quais se alicerçam

em Ausubel, para apresentarem estratégias facilitadoras da aprendizagem significativa, discute estas

estratégias. Dessa forma, Moreira (2000) discute oito estratégias facilitadoras da aprendizagem

significativa da qual deve compor a postura didático-metodológica do professor, sendo a interação

social e o questionamento, descentralidade do livro, aprendiz perceptor/construtor, linguagem clara,

consciência semântica, erro, desaprendizagem e incerteza do conhecimento.

Cachapuz (2000, p. 67) aponta que “Não é demais salientar a importância actual de uma

reflexão educacional.” discutindo que existem muitas dificuldades para a aprendizagem

significativa, como a sobrevalorização dos saberes conceituais, organização hierárquica dos

conceitos mentais, não atribuir relevância as habilidades e competências individuais e a ausência de

problematização entre a aprendizagem e o desenvolvimento.

Concordando com Moreira (2000) e Cachapuz (2000), mediante as estratégias facilitadoras

Page 5: Resumo Expandido Sobre Aprendizagem Significativa - UEG

e as limitações da aprendizagem significativa é necessário que ocorra primeiro uma ruptura

epistemológica para então ocorrer didática e metodologicamente. Portanto, a postura do professor

deve ser de atualizar-se epistemológica, didática e metodologicamente. Cachapuz (2000) apresenta

três questões que mostram a dificuldade do professor para alcançar essa atualização, sendo à falta de

segurança para correr o risco de transgressões teóricas, o enquadramento teórico e a índole

metodológica do professor.

CONSIDERAÇÕES

A teoria de Ausubel tem o que proporcionar, ainda mais no que diz respeito a efetiva e

significativa aprendizagem por parte do ser que aprende, bem como do ser que ensina. Para tanto,

se faz imprescindível que o professor tenha em mente que a responsabilidade é dele quanto a

escolha dos conteúdos e da metodologia a ser aplicada em sala de aula vislumbrando uma

aprendizagem significativa.

A aprendizagem significativa está para todos os níveis de ensino. Cabe ao professor assumir

que o modelo de ensino e aprendizagem se transforma e acompanhar as transformações é papel do

professor. Despertar o professor para conhecer novas teorias e pensar novas metodologias é o

grande objetivo dessa escrita.

REFERÊNCIAS

AUSUBEL, D.P. A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.

CACHAPUZ, Antonio F. A PROCURA DA EXCELENCIA NA APRENDIZAGEM. In: NOVAK, J.D., MOREIRA, M.A., VALADARES, A.J., CACHAPUZ, A.F., PRAIA, J.F., MARTINEZ, R.D., MONTERO, Y.H. e PEDROSA, M.E. TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: Contributos do III Encontro Internacional sobre aprendizagem significativa. Penche, 2000. Cap. 5, p. 121-134.

KOCHHANN, Andréa e MORAES, Ândrea Carla. MANUAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NA PERSPECTIVA DE DAVID PAUL AUSUBEL Anápolis – GO: UEG, 2012.

PRAIA, J.F. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA EM DAVID AUSUBEL: contributos para um adequada visão da sua teoria e incidências no ensino. In: NOVAK, J.D., MOREIRA, M.A., VALADARES, A.J., CACHAPUZ, A.F., PRAIA, J.F., MARTINEZ, R.D., MONTERO, Y.H. e

Page 6: Resumo Expandido Sobre Aprendizagem Significativa - UEG

PEDROSA, M.E. TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: Contributos do III Encontro Internacional sobre aprendizagem significativa. Penche, 2000. Cap. 5, p. 121-134.

MASSINI, Elcie F. Salzano; MOREIRA, Marco Antônio. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA – A teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.

MOREIRA, Marco Antonio. A TEORIA DA APRENIDZAGEM SIGNIFICATIVA E SUA IMPLEMENTAÇÃO EM SALA DE AULA. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 2006.

MOREIRA, M. A., CABALLERO, M.C., RODRIGUEZ, M.L. (orgs) 1997. ACTAS DEL ENCUENTRO INTERNACIONAL SOBRE EL APRENDIZAJE SIGNIFICATIVO. España. p, 19-44.