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UNIVERSIDADE NILTON LINS CURSO SUPERIOR TECNOLOGO EM SEGURANÇA DO TRABALHO LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

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LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

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Page 1: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

UNIVERSIDADE NILTON LINS

CURSO SUPERIOR TECNOLOGO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

Manaus/AM2013

Page 2: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado como

exigência parcial para obtenção

da Graduação a Universidade

Nilton Lins, sob a orientação do

Prof. Eng. Civi l e Segurança do

Trabalho: Luís Coelho de

Magalhães Botelho.

Manaus/AM2013

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Ficha Catalográfica

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LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

Este TCC foi julgado para obtenção da Graduação e Aprovado em sua forma final pelo Curso de Tecnólogo em Segurança do Trabalho

Manaus, 01 de julho de 2013.

____________________________________Prof. Luís Coelho de Magalhães Botelho

____________________________________Prof.ª MsC Ida Paula da Silva Moura

____________________________________ Prof.ª Carolina de Jesus Candido Neves

Page 5: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

Dedicatória

.

Page 6: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a DEUS por ter me guiado nesta jornada, dando-me força,

saúde e coragem para alcançar meus objetivos.

.

Page 7: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

“Que todo o meu ser louve ao Senhor,

e que eu não esqueça nenhuma das suas bênçãos!”

Salmos 103:2.

Page 8: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

RESUMO

Ao longo dos últimos anos, a atenção à saúde do trabalhador tem sido direcionada para a resolução de LER. No entanto, em muitos casos, ignora-se a presença da fadiga muscular como um fator que antecede as LER. As LER são distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, são afecções dos membros superiores, espádua e pescoço devido a movimentos repetitivos, erro de postura, falta de pausa no trabalho, condições ergonomicamente incorretas e, associadas ou não, ao fator stress, vêm tomando proporções epidêmicas no mundo todo. O objetivo geral deste Trabalho de Conclusão de Curso é refletir sobre a prevalência da LER, no ambiente de trabalho. Os objetivos específicos são: examinar aspectos conceituais e históricos da LER; investigar os principais riscos relacionados ao erro de postura no ambiente de trabalho; analisar a importância das posturas ergonômicas em relação à coluna vertebral e à dor lombar; identificar índices de queixas e reclamações em diversas áreas de trabalho, por parte de profissionais que trabalham na posição sentada. A investigação é explicativa, porque o objetivo da pesquisa será o de buscar e esclarecer os fatores que contribuem para a ocorrência de determinados fenômenos. Concluiu-se que a má postura ergonômica pode causar problemas de saúde durante a idade produtiva, ocasionando perdas significativas não apenas para o profissional, pela incapacidade para o trabalho, mas também para a economia do país, para sociedade como um todo, abrangendo igualmente as famílias e dependentes do profissional. O ambiente de trabalho oferece variados riscos ergonômicos responsáveis pelo significativo número malefícios corporais crônicos e incapacidades causadas. Essas doenças, além de impedir o trabalhador de desempenhar seu trabalho, podem conduzir a transtornos psíquicos ou emocionais importantes.

Palavras-chave: LER/DORT. Postura sentada. Ambiente de trabalho.

Page 9: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

ABSTRACT

Over the past few years, the health care worker has been directed at the resolution of RSI. However, in many cases, ignoring the presence of muscle fatigue as a factor preceding the READ. RSIs are work-related musculoskeletal disorders are disorders of the upper limbs, shoulder and neck due to repetitive, error posture, lack of break at work, ergonomically incorrect conditions and associated or not, the stress factor, are taking epidemic proportions worldwide. The aim of this work Completion of course is to reflect on the prevalence of RSI in the workplace. The specific objectives are: to examine conceptual and historical aspects of RSI; investigate the main risks related to the error position in the workplace, analyze the importance of ergonomic postures in relation to the spine and lower back pain; identify indices complaints and complaints various work areas, by professionals who work in a seated position. The research is explanatory, because the research objective will be to seek and clarify the factors that contribute to the occurrence of certain phenomena. It was concluded that poor ergonomic posture can cause health problems during the productive age, causing significant losses not only for the professional, the incapacity for work, but also for the country's economy, to society as a whole, covering also the families and dependents of the professional. The work environment offers various ergonomic hazards responsible for significant numbers bodily harm and chronic disability caused. These diseases, and to prevent the worker to perform his job, can lead to significant emotional or psychological problems.

Keywords: RSI. Sitting posture. Work environment.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Percentual da fase da jornada em que a dor aparece...........................34

Gráfico 2 Percentual da intensidade da dor presente nas costureiras..................35

Gráfico 3 Sintoma de dor, segundo área corporal afetada....................................36

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Número de respondentes conforme a intensidade da dor por parte do

corpo dos funcionários de uma universidade..........................................................33

TABELA 2 Alterações da coluna vertebral encontrada nas costureiras.................36

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ATs Acidentes de Trabalhos

CAPs Caixas de Aposentadorias e Pensões

CAT Comunicação de Acidente de Trabalho

CID Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

DL Dor Lombar

DORT Distúrbios Musculoesqueléticos Relacionados ao Trabalho

IEA Associação Internacional de Ergonomia

LER Lesões por Esforços Repetitivos

MTE Ministério do Trabalho

OIT Organização Internacional do Trabalho

OMS Organização Mundial da Saúde

PAIR Perda Auditiva induzida pelo ruído

SAT Seguro Acidente do Trabalho

SDO Sintomas de Distúrbios Osteomusculares

SUS Sistema Único de Saúde

WRMD Work-Related Musculoskeletal Disorders

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 14

2. REVISÃO DA LITERATURA....................................................................... 16

2.1 ERROS POSTURAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO........................... 16

2.1.1 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS.......................................................... 16

2.1.2 ACIDENTES DE TRABALHOS

(ATS) .....................................................

20

2.1.3 TIPOS DE RISCOS OCUPACIONAIS.................................................... 24

2.1.4

ABSENTEÍSMO.......................................................................................

25

2.2 POSTURAS ERGONÔMICAS EM RELAÇÃO À COLUNA

VERTEBRAL E À DOR LOMBAR................................................................... 27

2.2.1 COLUNA VERTEBRAL HUMANA.......................................................... 27

2.2.2 DOR LOMBAR........................................................................................ 28

2.2.3 POSTURA SENTADA............................................................................. 29

2.2.4 LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)................................. 30

2.2.5 PREOCUPAÇÕES DA ERGONOMIA..................................................... 31

2.3 CASOS DE LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS.......................... 33

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.................................................... 39

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................. 40

5. CONCLUSÃO.............................................................................................. 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1. INTRODUÇÃO

É de extrema importância nesse contexto que seja garantido ao trabalhador um

ambiente adequado para a execução de suas tarefas e, consequentemente, uma

boa saúde, mais produtividade, menos absenteísmo e aposentadorias por invalidez.

Assim, evitar as doenças profissionais e os acidentes de trabalho são os grandes

desafios de quem é responsável pela saúde do trabalhador, além dele próprio.

Acidentes de trabalho é um assunto grave no Brasil, pelos seus altos índices de

invalidez e morte.

No Brasil, o fenômeno chega na década de 80, mais precisamente por volta de 1984

e 1985, quando começam a ser descritos os primeiros casos de lesões por esforços

repetitivos (LER) em digitadores. O tema foi abordado pela primeira vez por Mendes

Ribeiro em 1986 no I Encontro Estadual de Saúde dos Profissionais de

Processamento de Dados do Rio de Grande do Sul.

Couto et. al (2007) mencionou trabalho de Campana e cols., em 1997, no XII

Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho, sobre casos de

tenossinovite (inflamação da membrana que recobre os tendões) ocupacional entre

lavadeiras e engomadeiras. Como um fenômeno importante, as LER’s têm sido

objeto de estudos principalmente na área de Medicina do Trabalho e de Saúde

Pública, com poucos relatos em Administração.

Quase 500 mil pessoas morrem anualmente no Brasil por causa de acidentes e

doenças relacionadas ao trabalho. No mundo o número chega a cinco mil mortes por

dia. Indústria, serviços e agricultura são os setores mais perigosos. De acordo com

relatório elaborado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de cinco

mil trabalhadores morrem no mundo todos os dias por causa de acidentes e

doenças relacionadas ao trabalho (NORMAS REGULAMENTADORAS, 2010).

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O objetivo geral deste Trabalho de Conclusão de Curso é refletir sobre a prevalência

da LER, no ambiente de trabalho. Os objetivos específicos são: examinar aspectos

conceituais e históricos da LER; identificar os principais riscos relacionados ao erro

de postura no ambiente de trabalho; analisar a importância das posturas

ergonômicas em relação à coluna vertebral e à dor lombar; identificar índices de

queixas e reclamações em diversas áreas de trabalho, por parte de profissionais que

trabalham na posição sentada.

Trata-se de uma pesquisa de natureza exploratório-descritiva. Utilizou-se a técnica

da pesquisa bibliográfica. O estudo refere-se a uma revisão de literatura sobre as

Lesões por Esforços Repetitivos (LER), em relação à ergonomia e ao erro de

postura. A revisão abrangeu artigos científicos e livros publicados no Brasil no

período de 2000 a 2013.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1ERROS POSTURAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO

2.1.1 Considerações Históricas

O início da história da Ergonomia remonta a criação das primeiras ferramentas,

quando o homem pré-histórico provavelmente escolheu uma ferramenta que melhor

se adaptasse à forma e movimentos de sua mão. De acordo com Ribeiro; Shimizu

(2007), a preocupação riscos e acidentes no trabalho é antiga; há relatos de que

antes da era cristã (impérios grego e romano) as doenças e mortes no trabalho

ocorriam com escravos e servos, sobretudo na mineração. Entretanto, tornaram-se

frequentes na Idade Média e no mercantilismo, dada a expansão dos negócios,

situação que se agravou com a Revolução Industrial burguesa, a partir de 1870, com

a exploração do homem no trabalho.

Bueno (2012) relata que no século XVIII, houve preocupação muito grande pelos

problemas de climatização dos locais e também pela organização de serviços para

tratamento de artesãos. Villermé faz estudos estatísticos sobre condições de

trabalho em fábricas da França, levando a um relatório publicado em 1840 sobre o

os operários, que é considerado um marco para as primeiras medidas legais de

limitação da duração do trabalho e da idade para engajamento de crianças.

Na França, no começo do século XX criou-se o primeiro laboratório de pesquisa

sobre trabalho profissional, por Jules Amar, o que fornecia condições de

desenvolver-se a fisiologia do trabalho. Jules forneceu as bases da ergonomia do

trabalho físico, estudando os diferentes tipos de contração muscular e seu livro “O

Motor Humano” publicado em 1914 é considerado por alguns a primeira obra de

ergonomia (SARAIVA, 2009).

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Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1917) foi criada a Comissão de Saúde dos

Trabalhadores na Indústria de Munições, em 1915. Quando a guerra técnico

epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da

incapacidade, elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID).

O termo acidente de trabalho, conforme a Previdência Social, refere-se aos

acidentes ocorridos no ambiente do trabalho na execução de atividades laborais

e/ou durante o trajeto de ida ou retorno para o trabalho, e às doenças ocupacionais,

podendo provocar lesão corporal ou perturbação funcional com consequente perda

ou redução (permanente ou temporária) da capacidade para o trabalho ou até

mesmo a morte (SANTANA et. al., 2006).

Sabe-se que acidentes de trabalho são as mais visíveis mostras do desgaste do

trabalhador. Dada à ocorrência repentina, permitem associação imediata com efeitos

destrutivos no corpo do trabalhador. Os ATs são resultados dos agravos à saúde

dos trabalhadores devido a atividade produtiva, ao receberem interferências do que

diz respeito aos aspectos inerentes à própria pessoa, do ponto de vista físico ou

psíquico, bem como do contexto social, econômico, político e da própria existência.

Considerando-se que os ATs podem ocorrer de maneira abrupta ou insidiosa, em

decorrência do exercício profissional e do modo de viver destes trabalhadores, faz-

se necessária atenção de todos os envolvidos nas relações de trabalho, quer

empregados quer empregadores.

As origens do problema vêm da formação imperfeita dos homens. Os acidentes não

ocorrem, eles são causados. Por falta de comunicação, supervisão, planejamento

defeituoso, erros humanos (agressão, distração, fadiga, indisciplina, arrogância ou

avareza). Os responsáveis pela prevenção têm criados meios para eliminar as

causas físicas e ambientais. Através de processos bem elaborados já se elimina

riscos, ao preparar os planos das fábricas, ao organizar os locais de trabalho e ao

estruturar os métodos de trabalho. Pode-se recorrer à Ergonomia, para que a

segurança acompanhe as máquinas e fábricas, ainda no estágio de plantas e

projetos. Mas, devido ao fator humano, os acidentes continuam a acontecer.

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É considerada como acidente do trabalho a doença profissional, assim entendida a

produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada

atividade, constante da relação de que trata o Anexo II do Decreto nº 2.172/97. A

doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de

condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione

diretamente, desde que constante da relação de que trata o Anexo II do Decreto nº

2.172/97.

Não são consideradas como doença do trabalho: a doença degenerativa; a inerente

a grupo etário; a que não produz incapacidade laborativa; a doença endêmica

adquirida por segurados habitantes de região onde ela se desenvolva, salvo se

comprovado que resultou de exposição ou contato direto determinado pela natureza

do trabalho.

Não será considerado acidente do trabalho o ato de agressão relacionado a motivos

pessoais. No período destinado à refeição ou descanso, ou por ocasião da

satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este,

o empregado será considerado a serviço da empresa.

Entende-se como percurso o trajeto da residência ou do local de refeição para o

trabalho ou deste para aqueles, independentemente do meio de locomoção, sem

alteração ou interrupção por motivo pessoal, do percurso habitualmente realizado

pelo segurado. Não havendo limite de prazo estipulado para que o segurado atinja o

local de residência, refeição ou do trabalho, deve ser observado o tempo necessário

compatível com a distância percorrida e o meio de locomoção utilizado.

Em 2007, os casos de doenças ocupacionais cresceram de forma elevada. O setor

da construção civil aparece, no passado, como o “grande vilão” pela falta de

prevenção de acidentes de trabalho. Na atualidade, entretanto, a área de serviços

assumiu a posição. Principalmente micro e pequenas empresas, porque os registros

mais comuns encontrados na Previdência Social são relacionados às doenças de

Lesão por Esforço Repetitivo (LER), ocasionadas por posto de trabalho inadequado.

O perfil das doenças do trabalho tem mudado conforme o avanço das tecnologias,

sendo que os principais registros do passado, ligados ao manuseio do chumbo, do

algodão e de minerais, hoje dão lugar aos problemas relacionados à ergonomia.

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Os fenômenos de acidentes de trabalho, entretanto, apresentam uma série de

dificuldade inerente aos métodos empregados, à natureza dos dados e à própria

multiplicidade dos fatores envolvidos nestes eventos.

Um dos problemas iniciais mais importantes quando se estuda o tema “acidente no

trabalho” refere-se à definição precisa do que se considera como acidente. Já se

discutiu anteriormente a existência de muitas definições passiveis de serem

adotadas que abordam o problema dos acidentes de trabalho segundo ângulos

diferentes, tratando-se aqui de escolher a melhor para o tipo de estudo que se

efetuar no momento e nortear as decisões futuras baseando-se na definição

escolhida, seja ela do ponto de vista legal, operacional, preventivo, humanístico ou

social terminou a mesma foi transformada no Instituto de Pesquisa da Fadiga

Industrial; Mais tarde esse instituto foi transformado no Instituto de Pesquisa sobre

Saúde no Trabalho. Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) a construção de

instrumentos bélicos estabelecia muitas agilidades do operador e em condições

precárias e tensas no campo de batalha. Foram inventados aparelhos cada vez mais

complexos. Isso levou a um aumento de sistemas abaixo do esperado levando a

necessidade de se conhecer mais sobre o homem, suas habilidades e limitações,

para que se conseguisse o máximo do sistema de trabalho.

Essa sucessão de fatos culminou com a reunião pela primeira vez, na Inglaterra de

um grupo de cientistas e pesquisadores interessados em discutir e formalizar a

existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Essa reunião

ocorreu no dia 12 de julho de 1949 e é considerada por alguns a data “oficial” de

nascimento da ergonomia. Esse grupo se reuniu pela segunda vez em 16 de

fevereiro de 1950 e na ocasião foi proposto o neologismo ergonomia, formado pelos

termos gregos ergo (trabalho) e nomos (regras, leis naturais). O polonês Woitej

Yastembowsky já havia usado o termo anteriormente em um artigo publicado em

1857, chamado “Ensaios de Ergonomia” ou “Ciência do Trabalho”, baseada nas leis

objetivas da ciência sobre a natureza, porém, só a partir da fundação da Ergonomics

ResearchSociety, na Inglaterra, na década de 50 que a Ergonomia se expandiu no

mundo industrializado (SARAIVA, 2009).

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No Brasil, a primeira forma de proteger o trabalhador foi instituído em 1919 pelo

Instituto do Seguro de Acidentes de Trabalho; em 1923, foi criado a Lei Eloy Chaves

que instituiu as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP’s), como resposta aos

movimentos populares urbanos que cobravam o controle das condições de trabalho

que aconteciam de forma altamente predadora (SARAIVA, 2009). A Norma

Regulamentadora (NR) nº 17 – Ergonomia, Portaria n° 3214, de 08. 06.78 do

Ministério do Trabalho, modificada pela Portaria n° 3.751 de 23.11.1990, dispõem

sobre o assunto (ROSSI, 2001).

2.1.2 Acidentes de Trabalhos (ATS)

O acidente de trabalho é caracterizado como aquele que advém do exercício do

trabalho provocando lesão corporal que pode levar à morte, perda ou diminuição

(transitória ou permanente) da capacidade funcional. É classificado como típico

quando ocorre no próprio local de trabalho ou como de trajeto quando ocorre na ida

ou volta do trabalho. O acidente do trabalho é caracterizado tecnicamente pela

perícia médica do INSS, mediante a identificação do nexo entre o trabalho e o

agravo. Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo quando se

verificar nexo técnico epidemiológico entre a atividade da empresa e a entidade

mórbida motivadora da incapacidade, elencada na Classificação Internacional de

Doenças (CID).

O termo acidente de trabalho, conforme a Previdência Social, refere-se aos

acidentes ocorridos no ambiente do trabalho na execução de atividades laborais

e/ou durante o trajeto de ida ou retorno para o trabalho, e às doenças ocupacionais,

podendo provocar lesão corporal ou perturbação funcional com consequente perda

ou redução (permanente ou temporária) da capacidade para o trabalho ou até

mesmo a morte (SANTANA et. al., 2006).

Sabe-se que acidentes de trabalho são as mais visíveis mostras do desgaste do

trabalhador. Dada à ocorrência repentina, permitem associação imediata com efeitos

destrutivos no corpo do trabalhador. Os ATs são resultados dos agravos à saúde

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dos trabalhadores devido a atividade produtiva, ao receberem interferências do que

diz respeito aos aspectos inerentes à própria pessoa, do ponto de vista físico ou

psíquico, bem como do contexto social, econômico, político e da própria existência.

Considerando-se que os ATs podem ocorrer de maneira abrupta ou insidiosa, em

decorrência do exercício profissional e do modo de viver destes trabalhadores, faz-

se necessária atenção de todos os envolvidos nas relações de trabalho, quer

empregados quer empregadores.

As origens do problema vêm da formação imperfeita dos homens. Os acidentes não

ocorrem, eles são causados. Por falta de comunicação, supervisão, planejamento

defeituoso, erros humanos (agressão, distração, fadiga, indisciplina, arrogância ou

avareza). Os responsáveis pela prevenção têm criados meios para eliminar as

causas físicas e ambientais. Através de processos bem elaborados já se elimina

riscos, ao preparar os planos das fábricas, ao organizar os locais de trabalho e ao

estruturar os métodos de trabalho. Pode-se recorrer à Ergonomia, para que a

segurança acompanhe as máquinas e fábricas, ainda no estágio de plantas e

projetos. Mas, devido ao fator humano, os acidentes continuam a acontecer.

É considerada como acidente do trabalho a doença profissional, assim entendida a

produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada

atividade, constante da relação de que trata o Anexo II do Decreto nº 2.172/97. A

doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de

condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione

diretamente, desde que constante da relação de que trata o Anexo II do Decreto nº

2.172/97.

Não são consideradas como doença do trabalho: a doença degenerativa; a inerente

a grupo etário; a que não produz incapacidade laborativa; a doença endêmica

adquirida por segurados habitantes de região onde ela se desenvolva, salvo se

comprovado que resultou de exposição ou contato direto determinado pela natureza

do trabalho.

Não será considerado acidente do trabalho o ato de agressão relacionado a motivos

pessoais. No período destinado à refeição ou descanso, ou por ocasião da

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satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este,

o empregado será considerado a serviço da empresa.

Entende-se como percurso o trajeto da residência ou do local de refeição para o

trabalho ou deste para aqueles, independentemente do meio de locomoção, sem

alteração ou interrupção por motivo pessoal, do percurso habitualmente realizado

pelo segurado. Não havendo limite de prazo estipulado para que o segurado atinja o

local de residência, refeição ou do trabalho, deve ser observado o tempo necessário

compatível com a distância percorrida e o meio de locomoção utilizado.

Em 2007, os casos de doenças ocupacionais cresceram de forma elevada. O setor

da construção civil aparece, no passado, como o “grande vilão” pela falta de

prevenção de acidentes de trabalho. Na atualidade, entretanto, a área de serviços

assumiu a posição. Principalmente micro e pequenas empresas, porque os registros

mais comuns encontrados na Previdência Social são relacionados às doenças de

Lesão por Esforço Repetitivo (LER), ocasionadas por posto de trabalho inadequado.

O perfil das doenças do trabalho tem mudado conforme o avanço das tecnologias,

sendo que os principais registros do passado, ligados ao manuseio do chumbo, do

algodão e de minerais, hoje dão lugar aos problemas relacionados à ergonomia. Os

fenômenos de acidentes de trabalho, entretanto, apresentam uma série de

dificuldade inerente aos métodos empregados, à natureza dos dados e à própria

multiplicidade dos fatores envolvidos nestes eventos.

Um dos problemas iniciais mais importantes quando se estuda o tema “acidente no

trabalho” refere-se à definição precisa do que se considera como acidente. Já se

discutiu anteriormente a existência de muitas definições passiveis de serem

adotadas que abordam o problema dos acidentes de trabalho segundo ângulos

diferentes, tratando-se aqui de escolher a melhor para o tipo de estudo que se

efetuar no momento e nortear as decisões futuras baseando-se na definição

escolhida, seja ela do ponto de vista legal, operacional, preventivo, humanístico ou

social.

De acordo com Chapanis (1962, p.21):

Um conceito de acidentes deve ser mais voltado para os aspectos

preventivos e de aplicações em pesquisas ergonômicas. Um acidente é um

Page 23: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

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evento inesperado e indesejável que surge diretamente das situações de

trabalho, isto é, de um equipamento defeituoso ou de um desempenho

inadequado de uma pessoa.

Prevenir acidentes é um dos fatores, de suma importância para o desempenho de

uma boa produtividade no ambiente laboral. Entre todas as alternativas de

prevenção de acidentes, sem dúvida alguma, aquelas propostas pela ergonomia

sobressaem-se e se constituem naquelas com maior probabilidade de conseguir

resultados significativos

A Ergonomia estuda vários fatores, tais como os posturais e movimentos corporais,

que sempre analisam o posicionamento ao sentar-se, ao ficar de pé, ao empurrar

objetos pesados e ao levantar pesos, estuda também os fatores ambientais nos

quais incluem-se os ruídos, as vibrações, a iluminação, o clima e a relação de

contato com agentes químicos, sem esquecer dos fatores relacionados a controles,

cargos e tarefas no que se diz respeito a adequação das tarefas e aos cargos

interessados. Portanto, a soma adequada desses fatores permite a criação de

ambientes seguros e confortáveis quando se tratando de ambiente de trabalho.

(PEQUINI, 2005).

A prevenção de riscos ocupacionais é a forma mais eficiente de promover e

preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. Nesse aspecto se

destaca a atuação profissional do Engenheiro de Segurança e do Médico do

Trabalho na prevenção das doenças profissionais. Uma vez conhecido o nexo

causal entre diversas manifestações de enfermidades e a exposição a determinados

riscos, fica claro que, toda vez que se atua na eliminação ou neutralização desses

riscos, está-se prevenindo uma doença ou impedindo o seu agravamento.

Reconhecer os riscos é uma tarefa que exige observação cuidadosa das condições

ambientais, caracterização das atividades, entrevistas e pesquisas. Infelizmente, há

ocasiões em que os riscos são identificados após o comprometimento da saúde do

trabalhador. Quando existe um Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

(PCMSO), conforme previsto em norma específica (NR-7) do ministério do trabalho é

possível obter um diagnóstico precoce dos agravos à saúde do trabalhador.

Page 24: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

24

A implementação de medidas preventivas é a melhor atitude a ser empregada,

existe uma necessidade de melhorar a educação dos trabalhadores com condutas

de orientação recomendações e de comunicações das experiências dos

profissionais de saúde. É essencial que os trabalhadores tenham um bom ambiente

de trabalho, com aperfeiçoamento técnico para realização de suas tarefas com

respeito aos fatores ergonômicos e antropométricos, aos limites biomecânicos, à

duração das jornadas e dos intervalos de trabalho, e com atitudes de

reconhecimento de seus cargos superiores.

Os empregados dos setores industriais, por exemplo, podem ser prejudicados com a

perda auditiva, diminui gradativamente a audição dos trabalhadores por exposição

continuada a níveis muitos elevados de ruído; muitos dos metalúrgicos sofrem com

este tipo de problema.Na metalurgia o ruído é o grande vilão e, por isso, existe a

necessidade do uso do protetor auricular para atenuar o barulho. Porém, o problema

não é resolvido já que não é apenas o ruído que podem trazer problemas à saúde

do trabalhador. A vibração afeta o sistema nervoso e seus resultados são ainda mais

difíceis de provar.

2.1.3 Tipos DE RISCOS OCUPACIONAIS

Destacando-se a evolução histórica da concepção de riscos ocupacionais, a

Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou-os em biológicos, físicos,

químicos, ergonômicos, psicossociais. Também, reforçou a necessidade de maior

atenção ao problema da saúde dos trabalhadores, com destaque para os programas

de higiene no trabalho, de promoção e manutenção de sua saúde (CORTEZ;

VALENTE, 2011).

Nas organizações que ocorrem à exploração do trabalho como força física, mental,

punição sistemática e exclusão do trabalho, favorecem ao desenvolvimento

ausência no trabalho. A carga psíquica do trabalhador torna-se fruto de medo e

insatisfação. Observa-se que determinados trabalhadores passam a adoecer,

ficando bem evidente o aparecimento de doenças ocupacionais.

Page 25: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

25

São considerados como riscos físicos: ruídos; vibrações; radiações ionizantes,

radiações não ionizantes; frio, calor, pressões anormais e umidade. Riscos

químicos: poeiras; fumos; névoas; neblinas; gases; vapores; substâncias, compostos

ou produtos químicos. Riscos biológicos: vírus; bactérias; protozoários; fungos;

parasitas e bacilos. Riscos ergonômicos: esforço físico intenso; levantamento e

transporte manual de peso; exigência de postura inadequada; controle rígido de

produtividade; imposição de ritmos excessivos; trabalho em turno e noturno;

jornadas de trabalho prolongadas; monotonia e repetitividade; outras situações

causadoras de estresse físico e/ou psíquico (MINISTÉRIO DO TRABALHO-MTE,

2006).

Os riscos de acidentes, por sua vez, são observados pelo arranjo físico inadequado;

máquinas e equipamentos sem proteção; ferramentas inadequadas ou defeituosas;

iluminação inadequada; eletricidade; probabilidade de incêndio ou explosão;

armazenamento inadequado e presença de animais peçonhentos e outras situações

de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes (MTE, 2006).

Os agravos à saúde dos trabalhadores podem ser causados por fatores/agentes de

riscos, entre os quais estão as situações ante ergonômicas, os agentes

psicossociais, químicos, físicos e biológicos e o risco de acidentes, potencialmente

capazes de prejudicar a produtividade, a qualidade da assistência prestada e a

saúde dos trabalhadores.

Os fatores ergonômicos são aqueles que incidem na adaptação entre o trabalho-

trabalhador, entre os quais menciona-se desenho dos equipamentos, do posto de

trabalho; a maneira como a atividade laboral é executada, a comunicação e o meio

ambiente.

O frequente levantamento de peso para movimentação e transporte de pacientes e

equipamentos, a postura inadequada e flexões de coluna vertebral em atividades de

organização e assistência podem causar problemas à saúde do trabalhador, tais

como fraturas, lombalgias e varizes. Tais fatores causais estão relacionados a

agentes ergonômicos.

Page 26: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

26

2.1.4 ABSENTEÍSMO

O absenteísmo é o montante de faltas no trabalho, assim como, atrasos e saídas

antecipadas acontecidas durante um determinado período. Dependem de vários

fatores, que podem ser doenças, acidentes, responsabilidades familiares e

problemas com transportes.

O comparecimento ao trabalho é condição sine qua non para a eficácia de uma

organização. A falta gera um rompimento no fluxo de operações que reflete a queda

da produtividade e sobrecarrega em outros trabalhadores. Uma política orientada

para a prevenção das causas deve prever medidas: processuais, administrativas ou

disciplinares; preventivas orientadas para o indivíduo como exames médicos

periódicos, educação para a saúde e treinamento técnico (MAZZILLI, 2004).

O absenteísmo é a principal razão da baixa produtividade em inúmeras

organizações, assim como é responsável por altos índices de despesas

governamentais, em razão de inúmeros fatores tais como: depressão, estresse,

epidemias, acidentes de trabalho, direitos legais, fatores sociais, fatores culturais e a

falta não justificada.

Page 27: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

27

2.2 POSTURAS ERGONÔMICAS EM RELAÇÃO À COLUNA

VERTEBRAL E À DOR LOMBAR

2.2.1 COLUNA VERTEBRAL HUMANA

Segundo Neumann (2006), a coluna vertebral humana, também chamada de

espinha dorsal, consiste em um conjunto de 33 segmentos de vértebras que são

divididos em cinco regiões. Sendo sete vértebras cervicais, doze torácicas, cinco

lombares, cinco sacrais e quatro coccígeas, sendo as sacrais e coccígeas fundidas

no adulto para formar o sacro e o cóccix.

Funcionalmente, a coluna vertebral pode ser dividida em dois componentes ou

pilares, sendo eles o pilar anterior e o posterior. O anterior corresponde à porção

hidráulica que absorve choques e impactos e ainda é sustentadora de cargas, e é

constituída pelos corpos das vértebras e pelos discos intervertebrais. O pilar

posterior, por sua vez, é formado pelos processos e facetas articulares e funcionam

como mecanismo de deslizamento para a realização do movimento (KISNER;

COLBY, 2005).

Magee (2005) assevera que as sobrecargas impostas à coluna vertebral e suas

demais estruturas podem aumentar de acordo com a posição que o indivíduo se

encontra, a postura sentada é aquela que mais oferece sobrecarga e é a que mais

promove compressão discal no sentido axial. Porém a postura correta é aquela

posição na qual um mínimo estresse e sobrecarga são aplicados a cada articulação.

Page 28: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

28

Assim, será necessária uma atividade muscular menor para manter esta posição.

Qualquer posição que aumente o estresse sobre as articulações pode ser

denominada postura defeituosa.

É preciso saber adequar as dimensões físicas dos mobiliários em questão às

características antropométricas do homem, visto que se deve levar em consideração

a posição em que o trabalhador permanece ao longo da jornada de trabalho, pois

pra cada postura adquirida, seja ela sentada ou em pé, existem os riscos que

envolvem esse posicionamento como também da mesma forma existem os

dimensionamentos preferíveis para adequação desse posto.

2.2.2 DOR LOMBAR

Conforme Nunes; Pena (2005), a maior limitação na performance ocupacional se dá

em forma de dor. A dor é definida como uma impressão ou sensação caracterizada

pela aplicação de uma incitação nociva ao corpo, sendo que a mesma pode ser

aguda ou crônica. A dor crônica é de duração prolongada que, via de regra, afeta

emocionalmente sua vítima. A dor aguda, por sua vez, é de curta duração e quase

sempre pode ser curada com repouso.

As causas mais frequentes desses males na região cervical são as posturas

ocupacionais, principalmente aquelas que exigem uma posição de inclinação para

frente por longos períodos, posturas relaxadas, postura inadequada de pelve e de

coluna lombar (KISNER; COLBY, 2005).

Já está bastante difundido, através dos meios de comunicação, o fato de que a

postura no desempenho de tarefas pesadas é a maior causa de problemas de

coluna, mais precisamente na hora de levantar, transportar e depositar cargas,

momentos em que os colaboradores mantêm as pernas retas, envergando assim a

coluna vertebral.

As impropriedades ou inadequações nas posturas estão relacionadas com

determinadas conjunções de fatores ocupacionais e individuais, os quais interagem

entre si, sendo que existe grande influência das características dos postos de

Page 29: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

29

trabalhos, tais como altura e formato da cadeira e apoio, altura da mesa ou bancada,

alcance em relação aos equipamentos, características antropométricas do

colaborador, bem como formato e tamanho de dispositivos em uso.

2.2.3 POSTURA SENTADA

De acordo com Kendall et. al. (2007), a postura sentada requer o máximo de

conforto por conta do móvel em uso, visto que a cadeira deve ter uma altura que

proporcione que os pés fiquem em contato com o solo, evitando com isso a pressão

excessiva na região posterior de coxa. A mesma deve permitir que joelhos e quadris

fiquem em uma angulação de aproximadamente 90º de flexão e o encosto deve

apresentar uma inclinação de mais ou menos 10º.

Por isso o estudo da Ergonomia é importante, pois se propõe a conhecer os

aspectos físicos, fisiológicos, psicológicos, sociais, do indivíduo, bem como idade,

sexo, treinamento e motivação; da máquina (equipamentos, ferramentas mobiliários

e instalações); do ambiente físico do trabalhador (temperatura, ruídos, vibrações,

luz, cores, gases, etc.), além de consequências do trabalho, entre outros.

De acordo com Nascimento; Moraes (2000) um posto de trabalho adequado para

realização de tarefas em um posicionamento ortostático necessita ter dimensões

corretas quando se fala de altura do posto em relação à altura do usuário. Pois para

uma área de trabalho muito alta constantemente os ombros necessitaram ser

elevados, levando a contrações musculares que posteriormente acarretaram dor em

região de escápulas, cervical e dorso. Da mesma forma que uma área muito baixa

em relação ao trabalhador ocasionará em uma sobrecarga pelo aumento excessivo

das curvaturas da coluna, levando frequentemente a queixa de dores ao longo da

coluna vertebral.

Page 30: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

30

Para os colaboradores que trabalham sentados e executando atividades minuciosas

e delicadas a uma curta distância visual o ideal seria que a superfície de trabalho

fosse elevada para que o usuário visualize seus instrumentos de trabalho sem

proporcionar tensão nos músculo, fáscias e principalmente em região cervical

(NASCIMENTO; MORAES, 2000).

Um ambiente de trabalho ergonomicamente planejado, com equipamentos

ergonômicos e racionalmente distribuído, beneficia a produtividade, melhora a

qualidade do serviço prestado, bem como diminui a fadiga na equipe de trabalho.

Quando a ergonomia é efetiva no ambiente de trabalho, o profissional tem maior

probabilidade de estar satisfeito e motivado para exercer suas atividades.

O profissional deve transcender às máquinas e equipamentos, de modo que o

mesmo possa atuar em toda a situação onde ocorrer o relacionamento entre o

homem e seu trabalho, isto é, não apenas valorizar o ambiente físico, mas também

os aspectos organizacionais, ou seja, a maneira pela qual esse trabalho é

programado e controlado, para produzir os resultados desejados.

A finalidade da Ergonomia é adaptar o trabalho ao homem, alterando as

circunstâncias ou condições inadequadas de trabalho, adequando-as aos

paradigmas psicofisiológicos dos colaboradores, visando, assim, o trabalho de

encontro ao sofrimento e ao encontro da realização. A boa disposição para o

trabalho é o sustentáculo do bem-estar do indivíduo. Entretanto, tal condição não

permanece satisfatória se a pessoa não se cuidar. Muitas variáveis afetam a

capacidade laboral e isto pode acontecer por meio da própria atividade. As

condições do trabalho podem ainda influenciar o estilo de vida e o ambiente de

trabalho.

A NR-17, declara que se o trabalho puder ser executado na posição sentada, o

posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição. O trabalho em

pé apadrinha ou favorece a incidência de dilatação das veias das pernas (varizes) e

causa edemas dos tecidos dos pés e das pernas. De acordo com essa Norma, a

gestão e organização do trabalho devem ser apropriadas às características

psicofisiológicas dos funcionários e à natureza das tarefas a serem executadas.

Page 31: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

31

2.2.4 LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

Os transtornos são conhecidos no Brasil tradicionalmente pela sigla LER. No mundo,

a terminologia mais utilizada é WRMD (de work-related musculos keletaldisorders),

cuja tradução seria “distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho” ou

“DORT”. A questão da denominação contém aspectos diversos relacionados à

abordagem social/política da questão, tendo havido um movimento da Previdência

Social em 1998 para evitar o termo LER, passando a utilizar a sigla DORT. Porém,

com as mudanças políticas ocorridas a partir de 2003 no Brasil, a Previdência Social

retomou o termo LER, passando a utilizar a denominação dupla de LER/DORT

(COUTO, et. al., 2007).

São doenças do sistema musculoesquelético, principalmente de pescoço e membros

superiores, relacionados ao trabalho. Fatores como alto ritmo de trabalho,

movimentos repetitivos, sobrecarga de determinados grupos musculares, ausência

de pausas, exigência de produtividade, e equipamentos desconfortáveis são

apontados como responsáveis pelo aumento dos casos de LER.

A LER têm se apresentado como fenômeno social desafiador para trabalhadores,

empregadores, profissionais, técnicos e entidades diversas. O aumento de

diagnósticos clínicos com suposto nexo causal na atividade ocupacional vem

crescendo nos serviços de atendimento à saúde do trabalhador.

Para Couto et. al. (2007), os distúrbios osteomusculares de membros superiores

relacionados ao trabalho representam um dos maiores desafios em Saúde

Ocupacional em todo o mundo. Tentativas de prevenção frequentemente falham e,

apesar de alguns bons resultados, a quantidade de casos está aumentando num

nível que traz problemas para as empresas, incapacidade para o trabalho e

sofrimento humano, além de alto custo para os sistemas previdenciários.

2.2.5 PREOCUPAÇÕES DA ERGONOMIA

Page 32: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

32

A Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. O que se observa,

normalmente, é a adaptação do homem ao trabalho. O inverso é mais difícil, pois o

ser humano nem sempre é adaptável ao trabalho. Daí tem-se que o homem é o

ponto de partida para projetos de trabalho, adaptando-os às capacidades e

limitações humanas.

Renner (2006), afirma que as variáveis mais significativas as quais vão ao encontro

da fadiga muscular são: posturas e gestos críticos, trabalho repetitivo, trabalho

muscular estático. As posturas críticas geralmente estão relacionadas com postos

de trabalho mal projetados, os quais não admitem um posicionamento anatômico e

fisiológico adequado; a associação se dá também por meio de movimentos de flexão

e rotação do tronco, isto é, movimentos críticos para formação de hérnia discal.

A postura estática demanda, de modo geral, baixo, porém constante, coeficiente de

tensão muscular. Esta situação demorada de contratura muscular gera uma

constrição dos vasos sanguíneos, diminui o curso ou fluxo sanguíneo e o

fornecimento de oxigênio, o que leva ao desconforto e à dor, implantando mais

rapidamente fadiga do que dinamismo.

A posição dos membros superiores por período alongado pode ocasionar síndrome

do desfiladeiro torácico e tendinite do ombro. A tendinite é a inflamação do tendão

do músculo supra espinhoso que circunda a articulação do ombro. Tal disfunção

provém também de desempenhos cíclicos do braço e de exercício muscular

exagerado, sintomas de sensação de peso até dor aguda no local. A ergonomia se

preocupa com todos esses fatores objetivando a segurança, satisfação e bem estar

dos trabalhadores em seus relacionamentos com os sistemas produtivos.

As doenças osteomusculares podem surgir em decorrência de um acidente

específico ou de maneira lenta não sendo facilmente reconhecida a relação com o

trabalho, a qual, muitas vezes, é atribuída à idade e a fatores individuais ou

hereditários.

No Brasil, o SUS não inclui acidentes, doenças relacionadas ao trabalho, em geral,

nem LERT em seu sistema nacional de informações, prejudicando a possibilidade de

se ter dados epidemiológicos referentes ao assunto. A Previdência Social possui

dados disponíveis, que se referem apenas aos trabalhadores do mercado formal

Page 33: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

33

com contrato trabalhista regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e

segurados pelo Seguro Acidente do Trabalho (SAT). No ano de 1997, foram

registrados 12.258 Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT), com Código

Internacional de Doença (CID) de tenossinovites e sinovites e, ainda, 3.060 registros

com lombalgia. Cabe ressaltar que esses diagnósticos são considerados oriundos

de causa ocupacional, segundo critérios da Previdência Social (MAENO, 2003)

2.3 CASOS DE LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS

Massambani; Santos (2001) analisaram um grupo de alunos que realizavam aula

prática em um laboratório de microscopia de uma universidade. Estes alunos

executavam tarefas de leituras microscópicas sentados em uma banqueta. Os

autores constataram que a região lombar foi a mais afetada por algum tipo de dor ou

desconforto durante o período em que o aluno permanecia sentado.

É cada vez maior o tempo que passamos sentados no dia a dia, e a postura

sentada, comumente usada pelos profissionais de laboratório, ocasiona permanente

tensão dos músculos do dorso e do ventre. Nessa posição praticamente todo o peso

do corpo é suportado pelos ossos da pélvis aumentado o desconforto da área

abdominal, ocasionando problemas posturais circulatórios e respiratórios.

Bloemer (2001) avaliou a postura dos colaboradores de um setor informatizado de

uma Universidade. O pesquisador constatou que 100% dos trabalhadores

envolvidos na pesquisa exerciam suas atividades laborais sentadas, sendo que

64,29% deles sentiam algum tipo de desconforto.

Tabela 1: Número de respondentes conforme a intensidade da dor por parte do

corpo os funcionários de uma Universidade.

Parte do corpoSem dor (0) Pouca dor (1) Dor forte (2) Dor intensa (3)Ƒ % Ƒ % ƒ % ƒ %

Page 34: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

34

Col. vertebral 02 16,67 06 27,27 06 85,71 00 0,0

M. inferiores 07 58,33 06 27,27 00 0,0 01 100

M. superiores 03 25 10 45,45 01 14,29 00 0,0

Total 12 100 22 100 07 100 01 100

Fonte: Bloemer (2001)

Observando a Tabela 1, vê-se que Bloemer (2001) constatou que os funcionários

apresentaram dores em mais de uma região do corpo, e que embora o

acometimento seja maior em membros superiores pelo uso contínuo do computador,

os membros inferiores e, sobretudo a coluna vertebral apresentaram índices

significativo de dor, destacando que a coluna vertebral constitui a região do corpo

em que a intensidade da dor é maior, sendo que 85,71% dos funcionários em

questão relataram sentir dor forte na coluna o que é um indicativo de algum distúrbio

osteomuscular relacionado ao trabalho.

Se muitos trabalhos exigem a permanência do sujeito em pé, outros induzem à

postura estática sentada. Há uma crescente tendência para pessoas despenderem

longas horas na posição sentada, quer durante ocupações profissionais, quer com o

propósito de recreação. A permanência na postura sentada é característica de

trabalhos de escritório, os quais, com o advento do computador, escravizaram o

sujeito à sua mesa (RENNER, 2006).

Popolin; Cardoso (2006) selecionaram 46 costureiras de uma fábrica em Jacuí (MG),

para participarem de uma pesquisa na tentativa de identificar possíveis alterações

na coluna vertebral relacionadas ao trabalho sentado. Os dados estatísticos achados

pelos estudiosos demonstram que das 46 costureiras avaliadas, 65% sentiam dor na

coluna vertebral, sendo a região lombar a mais afetada com 27% dos casos de

dores.

Gráfico 1: Percentual da fase da jornada em que a dor aparece

43%

30%

17%

10%

Final da jornada

No meio da jornada

No início da jornada

Não reclamaram

Page 35: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

35

Fonte: Popolin; Cardoso (2006)

No gráfico 1 verifica-se que 10% não reclamam de dor; 43% sentem dor no final da

jornada; 30% no meio da jornada e 17% no início da jornada

A Ergonomia é uma ciência que busca melhorias nos ambientes de trabalho de

modo a manter a saúde e a capacidade produtiva. O principal objetivo da ergonomia

é adaptar o trabalho ao ser humano, em vez do ser humano ao trabalho (RENNER,

2006).

Gráfico 2: Percentual da intensidade da dor presente nas costureiras

43%

30%

17%

10%

Final da jornada

No meio da jornada

No início da jornada

Não reclamaram

Page 36: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

36

70%

17%

13%

Média Fraca

Forte

.

Fonte: Popolin; Cardoso (2006)

O gráfico 2 apresenta dados significativos quanto a intensidade dessa dor; nota-se

que 13,3% intensificam a dor como sendo forte e as outras 70% relatam que a

intensidade da dor é considerada moderada.

Apesar da postura sentada ser mais favorável do que em pé, um grande número de

pessoas que sofrem de dores na região dorsal considera que essa postura agrava o

seu problema. Nem a postura em pé nem a sentada são ideais durante a jornada de

trabalho. O ideal é a alternância postural (RENNER, 2006).

Gráfico 3: Sintoma de dor, segundo área corporal afetada

Page 37: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

37

27%

18%

8%

22%

25%

Região lombar

Cervical

Torácica

Não sentiam dor

Outros

Fonte: Popolin; Cardoso (2006)

Os dados estatísticos descritos por Popolin; Cardoso (2006) demonstram que das 46

costureiras avaliadas, 65% relataram sentir dor na coluna vertebral, sendo a região

lombar a mais afetada com 27%, cervical (18%); torácica (8%); outros 25% e não

apresentaram dor 22%.

Considerando os trabalhos realizados na posição sentada, encontra-se menor

trabalho muscular quando as costas estão apoiadas sobre o encosto da cadeira, a

cabeça está alinhada com a coluna e os pés tocam o chão (senão, é necessário

utilizar apoio para os pés). Quando este posicionamento não é possível, deve-se ter

orientações para a reorganização do posto de trabalho, de forma que esse permita

um posicionamento adequado (RENNER, 2006).

Tabela 2: Alterações da coluna vertebral encontrada nas costureiras

Alterações da coluna %Hiperlordose 38 82,6Hipercifose 15 32,6

Escoliose CD 10 21,7E 7 15,2S 14 30,4

Fonte: Popolin; Cardoso (2006)

Page 38: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

38

Popolin; Cardoso (2006) detectaram alterações na coluna vertebral das costureiras

avaliadas conforme expressa a tabela acima. Em uma análise geral dos resultados

obtidos dessa pesquisa observou-se que 65% das funcionárias apresentaram dor, o

que pode estar relacionada com a postura incorreta durante a execução da tarefa,

haja vista que segundo Bittar et. al., (2004) a permanência e a manutenção destas

posturas incorretas geram músculos tensos, dores nas regiões dorsal e cervical,

lombalgias, fadigas e falta de entusiasmo no trabalho.

As orientações devem ser individuais, considerando o modus operandi de cada

trabalhador, assim como orientações para a prática de exercícios preventivos e

compensatórios que permitam o relaxamento das estruturas músculo esqueléticos

mais utilizados (RENNER, 2006).

Carneiro et. al. (2007) realizaram um estudo com motoristas e cobradores de uma

empresa de transporte urbano da cidade de Jequié-BA, foram selecionados para 40

motoristas e 39 cobradores. Os autores apontaram que 73% dos motoristas e 77%

dos cobradores sentiam dores em alguma parte do corpo, sendo que a região

lombar apresentou maiores índices de afetação.

Nos motoristas as dores mais frequentes eram nos ombros, tornozelos/pés, joelho e

lombar e nos cobradores os mais frequentes eram lombar, ombros, punhos/mãos,

tornozelos/pés.

Nos motoristas as dores nos “ombros” se devem à realização de movimentos para

troca de marcha e à manutenção dos braços estendidos até o volante por horas

seguidas, exigindo constante trabalho estático e dinâmico da musculatura da cintura

escapular e membros superiores. As regiões “tornozelos/pés” e joelho” estão

envolvidos com a posição sentada e manutenção dos pés nos pedais, inclusive na

frequente troca de marchas (CARNEIRO et. al., 2007).

No caso dos cobradores, o fato de viajarem muitas vezes em pé, tendo que se

segurar no alto, onde se acomodam as bagagens de mão, terem que fazer

anotações no canhoto da passagem - com o ônibus em movimento, sujeitos a

freadas bruscas e ações para acomodar as bagagens, podem justificar a dor nas

regiões “ombros”, “punhos/mãos” e “tornozelos/pés” (CARNEIRO et. al., 2007).

Page 39: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

39

Os principais fatores que induzem à fadiga muscular são trabalho repetitivo, trabalho

muscular estático, posturas e gestos críticos. As posturas críticas geralmente estão

associadas aos postos de trabalho mal projetados, que não permitem um

posicionamento anatômico e fisiológico adequado, assim como podem estar

associadas a movimentos de flexão e rotação do tronco (movimentos críticos para

formação de hérnia discal) (RENNER, 2006).

Um ambiente de trabalho propício ao acometimento da LER se dá por fatores

etiológicos relacionados à organização do trabalho que envolve principalmente

mobiliários inadequados, posturas indevidas, excesso de força na realização das

tarefas e sobrecarga biomecânica, em contrapartida a isso um ambiente organizado,

com pessoas treinadas e condicionadas com respeito aos fatores ergonômicos e aos

seus limites biomecânicos diminuem de forma significativa os riscos de surgimento

das patologias associadas às atividades laborais.

Quando submetidos a movimentos repetitivos, inadequações ergonômicas, e

precárias condições de trabalho, os trabalhadores estão sujeitos a uma série de

riscos e ocorrência de doenças e síndromes adquiridas, que repercutem na vida

desses profissionais, seus familiares, bem como na instituição onde trabalha, sem

contar com os prejuízos aos cofres públicos, causados à sociedade e ao País, como

um todo.

Portanto, a cada momento, torna-se mais premente fiscalizar as medidas

preventivas, conforme legislação e normas de acidentes de trabalho. As campanhas

de conscientização são importantes, porém é necessário que as normas de

segurança sejam cumpridas e que, de alguma forma, os infratores sejam

responsabilizados, com a finalidade de se evitar a impunidade ao descaso e à

negligência que põem em risco a saúde dos profissionais

Page 40: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

40

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Trata-se de uma pesquisa de natureza exploratório-descritiva. Utilizou-se a técnica

da pesquisa bibliográfica. O estudo refere-se a uma revisão de literatura sobre a

prevalência de LER/DORT, em relação à ergonomia e ao erro de postura. A revisão

abrangeu artigos científicos e livros publicados no Brasil no período de 2000 a 2013.

Foram excluídos os artigos que não estavam publicados em periódicos indexados.

Também foram coletados informações e dados de publicações e livros e nos meios

eletrônicos (banco de dados Scielo, Madeleine, USP, dentre outros).

Procedimentos de Coleta e Análise dos Dados: Após a coleta do material

bibliográfico, realizou-se a leitura a fim de selecionar a amostra bibliográfica. Os

dados obtidos foram tratados com finalidade expositiva, descritiva, explicativa,

analítica. O método de abordagem principal foi o dialético e o dedutivo. Os métodos

de procedimentos foram o histórico e o monográfico.

Page 41: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

41

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No capítulo Resultados e Discussão foram expostos ou retratados vários estudos,

num enfoque multiprofissional e interdisciplinar; trata-se de uma abordagem sobre

aspectos ergonômicos e biomecânicos, em relação a estudos, pesquisas e

resultados encontrados em várias profissões, tais como técnicos de laboratório,

digitadores, costureiras, motoristas e cobradores.

Page 42: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

42

5. CONCLUSÃO

Acidente do trabalho é o que acontece pelo exercício do trabalho a serviço da

empresa, com o segurado empregado, trabalhador avulso, médico residente, bem

como com o segurado especial, no exercício de suas atividades, provocando lesão

corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução,

temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho.

No desempenho de suas funções os trabalhadores ficam expostos a fatores de

riscos, haja vista que os mesmos estão à mercê de movimentos repetitivos, posturas

inadequadas, jornadas prolongadas, dentre outros. A prevalência da sintomatologia

da LER se dá na coluna cervical, ombro e punho, regiões estas relacionadas ao tipo

de atividade laboral exercida pelos profissionais.

Aos colaboradores cabe o conhecimento, a vontade, a motivação, o policiamento e

manutenção da própria postura. Melhorias contínuas no posto de trabalho são

indispensáveis, a fim de obter funcionalidade ergonômica e praticidade em relação

aos materiais e equipamentos, de modo que o profissional evite exageração nos

movimentos de rotação e flexão da coluna vertebral.

É necessária por parte dos profissionais uma análise do ambiente de trabalho com a

finalidade de detecção de variáveis de risco ocupacionais consequentes da

organização do trabalho. É relevante e válida a concepção de que o profissional que

trabalha na posição sentada se utilize de análise ergonômico-laboral para obter um

diagnóstico ocupacional que possa intervir preventiva e eficazmente, na redução dos

riscos ou eliminação da DORT.

A interação construtiva entre o ser humano e seu ambiente de trabalho conduz à

segurança, à produtividade eficiente, principalmente através de mobiliários e

equipamentos que proporcionem conforto aos profissionais e da recusa em realizar

esforços e desgastes desnecessários.

Page 43: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

43

A elevação excessiva das mãos, ou dos membros superiores, pode ser evitada

através da regulagem da cadeira em um nível mais abaixo, da mesma forma que a

flexão exagerada dos punhos é evitada quando se segura o equipamento pela parte

superior.

Verificou-se que a maioria dos trabalhadores que adotam a postura sentada sente

dores e desconfortos na região lombar e em membros inferiores, pelo fato desta

posição ser a que oferece maior risco de surgimento de patologias. A ergonomia

visa propiciar posturas anatômicas nos postos de trabalho, as quais não induzam as

distorções ou o façam dentro de limites aceitáveis.

A empresa deve responsabilizar-se plenamente pela segurança do seu empregado,

proporcionando-lhe uma ambiente de trabalho arejado e limpo, equipamentos de

segurança, sem deixar de considerar a importância do apoio que deverá ser dado a

CIPA para que esta possa desenvolver atividades também voltadas para a

prevenção de acidentes de trabalho.

Page 44: Tcc_LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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trabalho informatizado. Santa Catarina: Universidade do Sul de Santa Catarina

(UNISUL), 2001.

BUENO, Carolina Sandes. Levantamento dos riscos ergonômicos em

camareiras de um hotel em São José dos Campos. Curso de Especialização em

Fisioterapia do Trabalho. Centro de Estudos Firval. São José dos Campos, 2012.

CARNEIRO, Lélia Renata das Virgens; COQUEIRO, Raildo da Silva; FREIRE, Malú

de Oliveira; BARBOSA, Aline Rodrigues. Sintomas de Distúrbios Osteomusculares

em Motoristas e Cobradores de Ônibus. Revista Brasileira Cineantropometria e

Desempenho Humano. 2007;9(3):277-283.

CORTEZ, Elaine Antunes; VALENTE, Geilsa Soraia Cavalcanti; RIBEIRO, Bruno

Henrique Mendonça. O Enfermeiro frente aos riscos ocupacionais em home-care. R.

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