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SILVIO REINOD COSTA Araraquara – SP 2008 ANÁLISE MORFO–SEMÂNTICA DE ALGUNS PARES DE SUFIXOS ERUDITOS E POPULARES LATINOS NO PERÍODO ENTRE OS SÉCULOS XII A XVI Vol. I

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TESE - SILVIO REINOD COSTA - ESTUDO DA SUFIXAÇÃO

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  • 1. SILVIO REINOD COSTANLISE MORFOSEMNTICA DE ALGUNS PARESESUFIXOS ERUDITOS E POPULARES LATINOS NOPERODO ENTRE OS SCULOS XII A XVIANLISE MORFOSEMNTICA DE ALGUNSVol. I PARES DE SUFIXOS ERUDITOS E POPULARESLATINOS NO PERODO ENTRE OS SCULOS XII A XVIVol. I Araraquara SP2008

2. 2SILVIO REINOD COSTAANLISE MORFOSEMNTICA DE ALGUNS PARES DESUFIXOS ERUDITOS E POPULARES LATINOS NO PERODO ENTRE OS SCULOS XII A XVIVol. ITese apresentada Faculdade de Cincias eLetras da Universidade Estadual Paulista Jliode Mesquita Filho Campus de Araraquara,como parte dos requisitos parciais para aobteno do ttulo de Doutor em Letras reade Concentrao: Lingstica e LnguaPortuguesa.Linha de Pesquisa: Estudos do LxicoOrientao: Profa. Dra. Clotilde de AlmeidaAzevedo MurakawaAraraquara SP2008 3. 3Costa, Silvio ReinodAnlise Morfo-semntica de alguns pares de sufixos eruditos epopulares latinos no perodo entre os sculos XII a XVI/ SilvioReinod Costa. Araraquara 2008. 2 vol.388 (vol. I) + 545 f. (vol. II CD ROM) ; 30 cm: il. color.,figs., tabs. Tese (Doutorado em Lingstica e Lngua Portuguesa) - Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho. Faculdade de Cincias e Letras. Programa de Ps-graduao em Lingstica e Lngua Portuguesa, 2008. Orientadora: Profa. Dra. Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa. 1. Lingstica 2. Lexicografia 3. Lexicologia 4. Morfologia 5. Sufixos. I. Ttulo 4. 4 Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita FilhoFaculdade de Cincias e LetrasCampus de Araraquara - SP SILVIO REINOD COSTAANLISE MORFO-SEMNTICA DE ALGUNS PARES DESUFIXOS ERUDITOS E POPULARES LATINOS NOPERODO ENTRE OS SCULOS XII A XVI Vol . IData de Aprovao: 28/08/2008Membros Componentes da Banca:___________________________________________________________________Profa. Dra. Clotilde de Almeida Azevedo MurakawaPresidente da Banca e Orientadora___________________________________________________________________Profa. Dra. Ana Rosa Gomes Cabello___________________________________________________________________Prof. Dr. Braz Jos Coelho___________________________________________________________________Profa. Dra. Catarina Vaz Rodrigues___________________________________________________________________Profa. Dra. Marymarcia GuedesLocal: Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita FilhoFaculdade de Cincias e LetrasUNESP Campus de Araraquara SP 5. 5 DEDICATRIASDedico Rosa Maria Trocoli, minhaesposa, companheira fielem todas as horas, pelocarinho, pacincia, dedica-o, empenho e doaomparesempreendidospara comigo nesta jornada.Beatriz Schenkman, cidaddo sculo XXI, minhanetinha. To linda, tomeiga, to inteligente, masto danadinha e desespe-rada para sua tenra idade. 6. 6 HOMENAGEM ESPECIAL inesquecvel Profa. Dra. Maria TerezaCamargo Biderman, a minha sinceragratido pela mestra amada, pelosensinamentos epelaexaminadoraperfeita, exemplar. Todos perderam umaprola, e a Lingstica ficou de lutoeternamente. 7. 7AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Ao Csmico, fonte de Eterna Inspirao e Sabedoria, com sua Luz, Vida e Amor,por ter me auxiliado e permitido vencer mais uma etapa de minha Vida;Ao Deus do meu Corao, ao Deus da minha Compreenso, por ter meinspirado e me revelado, mais uma vez, a LUZ MAIOR, conduzindo-me, commaestria, das Trevas da Ignorncia para a Luz da Sabedoria e por ter meproprocionado viver este momento to mpar nesta minha existncia; Profa. Dra. Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa, pelo desvelo, quasematernal, pelo carinho, pelas sbias lies de vida e pela pacincia com que meconduziu nos labirintos da Lingstica, em especial, nos campos da Morfologia e daLexicologia do Portugus Arcaico, enfim, no tendo palavras para definir a minhaadmirao, o meu carinho e o meu respeito; a ela, humildemente, o meu muitoobrigado e a minha gratido eternos. 8. 8 AGRADECIMENTOS s Profas. Dras. Maria Tereza Camargo Biderman e Ana Rosa Gomes Cabello, pelasvaliosas sugestes feitas no Exame de Qualificao;Ao Prof. Dr. Sebastio Expedito Igncio, o meu grande iniciador, por ter meimpulsionado para o saber, aquele que fez com que eu chegasse at aqui; Profa. Dra. Beatriz Nunes de Oliveira Longo pelas lies recebidas, com o meuapreo;Aos Professores do Programa de Ps-graduao em Lingstica e LnguaPortuguesa da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho Campusde Araraquara pelas lies recebidas, as quais foram inestimveis para o meuaprimoramento intelectual; s Queridas Profas Dras. Gladis Massini-Cagliari, Marymarcia Guedes e Rosane deAndrade Berlinck, pelo apoio incondicional e amigo; equipe da Secretaria do Programa de Ps-graduao em Lingstica e Lngua Portuguesada Universidade Estadual Paulista Jlio deMesquita Filho; 9. 9 s queridas Rita Torres e Diana dos Reis Ribeiro (Ps-graduao), ao James R.R. da Motta (Secretrio do Departamento de Lingstica), Ana Cristina Jorge(Bibliotecria Responsvel) e ao Jos Lus de Avelino (Bibliotecrio) por todas asinformaes solicitadas e pela presteza e carinho no atendimento; Profa. Dra. Joemilza de Albuquerque Ruiz e Cruz, por me despertar a paixo pelaLingstica e por seus sbios ensinamentos; Profa. Dra. Clarice Zamonaro Cortez (Universidade Estadual de Maring),exemplo de integridade, moral e intelectual, pelos ensinamentos transmitidos, pelaamizade e pelo carinho sinceros que tem para comigo; minha madrinha, Profa. Snia Terezinha Yamamura Tokairim, por ter mealfabetizado, me ensinado as primeiras letras, me ajudado a dar os primeirospassos, colaborado para que eu tivesse xito em minha vida profissional; Ao Frater Luiz Guilherme Netto, por acreditar em mim;Aos Fratres e Sorores da Ordem Rosacruz AMORC, aos Irmos e Irms daTradicional Ordem Martinista (TOM) e aosamigos da Pr-Vida Ribeiro Preto SP porvibrarem tanto por mim; 10. 10A todos os meus colegas dos cursos de Ps-graduao (Mestrado/Doutorado),pelo coleguismo e amizade cordiais no decorrer dos mesmos, ao longo destes anos.Vocs fazem parte da minha histria. Ao meu pai, responsvel pela minha existncia;Aos meus colegas da Escola Estadual Profa. Eugnia Vilhena de Morais pelocarinho e pela f que depositam em mim;Aos meus queridos alunos do ensino mdio da Escola Estadual Profa. EugniaVilhena de Morais, a quem ensino, respeito e muito admiro e com quem tantoaprendo;Ao Centro Universitrio Baro de Mau pela confiana sempre depositada emmim, no decorrer destes 20 anos; Ao Magnfico Reitor do Centro Universitrio Baro de Mau, Prof. Joo Albertode Andrade Veloso, pela confiana e respeito sempre depositados em mim; Aos colegas do Centro Universitrio Baro de Mau pela amizade de sempre; s amigas do Centro Universitrio Baro deMau Profas. Mestras Llian Rosa e LucieneAlves Minohara, pelo apoio e compreensodepositados em mim; 11. 11Ao Prof. Dr. Mrio Eduardo Viaro (Universidade de So Paulo) pelas valiosassugestes, quando esta Tese ainda era apenas um sonho e ainda um anteprojeto, epor sua amizade to sincera; Profa. Dra. Maria do Cu Caetano Mocho (Universidade Nova de Lisboa), pelacontribuio inestimvel, pelo carinho, amizade e presteza com que me enviou suaTese de Doutoramento;s amigas dalm-mar, Profas. Dras. Maria Filomena Candeias Gonalves(Universidade de vora) e Margarita Maria Correia Ferreira(Universidade de Lisboa) pelo afeto e pelos ensinamentos; Profa. Dra. Juliana Soledade Barbosa Coelho (UFBA) em quem tanto meespelhei pelo carinho e pelas inestimveis contribuies;Aos amigos, Adel Fran Lacerda, Edson Costa Santos, Nazarete de Souza,Solange Mendes Oliveira e Snia Abreu por suas valiosas amizades e contribuiesmpares a esta Tese; amiga Sarah Lcia Alem Barbieri Rodrigues Vieira pela amizade sempre tosincera; amiga Rosane Malus Gonalves Peruchipelas inmeras finezas prestadas ao longodeste trabalho; 12. 12 Aos Professores Doutores Jenni Silva Turazza (Pontifcia Universidade Catlica So Paulo), Jos Lemos Monteiro (Universidade Federal do Cear /Universidade Estadual Cear), Jos Pereira da Silva (Universidade do Estado do Riode Janeiro / Crculo Fluminense de Estudos Filolgicos e Lingsticos / AcademiaBrasileira de Filologia), Margarida Maria de Paula Baslio (Universidade Federal doRio de Janeiro / Pontifcia Universidade Catlica Rio de Janeiro), Luiz CarlosCagliari (Universidade Estadual de Campinas / Universidade Estadual Paulista Campus Araraquara), Luiz Carlos de Assis Rocha (Universidade Federal de MinasGerais), Luiz Carlos da Silva Schwindt (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)Luiz Carlos Travaglia (Universidade Federal de Uberlndia), Llsa Grcia Sole(Universidade de Valencia - Espanha), pelas valiosas contribuies, cada um a seumodo;Aos Professores Doutores Ana Cludia Trocoli Torrecilhas e Srgio Schenckmanpelo carinho, amizade e companheirismo e por acreditarem em mim; Ao amigo Jurandir Soares Oliveira Filho, pela amizade sincera e por estar semprede bem com a vida;Finalmente, agradeo imensamente toda a colaborao, o apoio, as palavrasamigas e o carinho recebidos das pessoasenvolvidas, direta ou indiretamente, durante aelaborao desta Tese. Todas as incoerncias,inconsistncias, falhas, lapsos e limitaes sode minha inteira responsabilidade. No entanto,sem o incentivo das pessoas amigas, esta Teseno teria sido realizada. 13. 13IN MEMORIAMmemria deminha Me, quesonhoucomigoeste momento toespecial, mas noteve tempo paraver sua realizao. 14. 14EPGRAFESas cousas deste mundo... somtodaspassadoiras. fugensse com a hydade(Traduo portuguesa do Livro de Buen Amor, naRevista de Filologa Espaola, apud DicionrioEtimolgico da Lngua Portuguesa, vol. IV, deJos Pedro Machado, 2003, p. 317, verbetepassadoiro.)As razes das rvores som os pensamentos e asvoontades, das quaes procedem as booas obrase as maas, per as quaes ou somos alevantadosao ceeo ou amergidos ao inferno. E porm,segundo diz Ambrsio, faa fructo aquel quepode per graa e que teudo e obligado aapeendena, porque ex aqui o Senhor, quepreguntar por o fructo e dar vida aos quefezerom e repreender os que forom estrilles.(Ludolfo Cartesiano, O Livro de Vita Christi emlingoagem portugues, incunbulo de 1495,Cap. XVII, fl. 57, d, 662. l. 1 10) 15. 15Renda-se, como eu me rendi."Renda-se, que voc no conheceMergulhe no como eu me rendi.Mergulhe no que voc nocomo eu mergulhei. No seconhece como entender, viverpreocupe emeu mergulhei.No se preocupe entendimento.ultrapassa qualquer em entender,viver ultrapassaqualquer (Clarice Lispector)entendimento." (Clarice Lispector) 16. 16 RESUMOCOSTA, Silvio Reinod. Anlise Morfo-semntica de alguns pares de sufixos eruditose populares latinos no perodo entre os Sculos XII a XVI. 2008. 388 p. (vol. I Tese) + 545p. (vol. II Corpus em CD ROM). Tese (Doutorado em Lingstica eLngua Portuguesa) Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho.Araraquara (SP). 2008.Pretendeu-se, neste trabalho, analisar a evoluo dos significados de alguns sufixoslatinos (eruditos) utilizados, em Portugus arcaico, que apresentam uma contrapartepopular. Inicialmente, foram revistos a Histria, a origem, os perodos e sub-perodosdo Portugus, assim como os textos principais de sua fase arcaica. Em relao aossufixos, objeto especfico deste trabalho, faz-se uma reviso geral, em ordemcronolgica ascendente, da literatura existente a esse respeito, tomando-se por basea opinio de alguns eminentes fillogos e gramticos da Histria da Lngua (CarolinaMichelis de Vasconcelos (1946), Jos Joaquim Nunes (1989), Manuel de Said Ali(1931 e 1964), Joseph Hber (1986 [1933]), Theodoro Maurer Jr. (1951), Jos Leitede Vasconcelos (1959), Sousa da Silveira (1960)), gramticos normativos (Fernode Oliveira (1975 [1536]), Jlio Ribeiro (1913 [1881]), Joo Ribeiro (1926 [1901]),Gladstone Chaves de Melo (1978), Cunha e Cintra (1985), Evanildo Bechara (1999)e lingistas estruturalistas / gerativistas (Joaquim Mattoso Camara Jr. (1979 e1980), Margarida Baslio (1980 e 2004), Cacilda de Oliveira Camargo (1986),Antnio Jos Sandmann (1991 e 1992), Valter Khedi (2005), Graa Maria de Oliveirae Silva Rio-Torto (1993 e 2006), Luiz Carlos de Assis Rocha (1998), Alina Villalva(2000), Margarita Correia (2004), Margarita Correia & Lucia San Payo de Lemos(2005) e Soledad Varela Ortega (2005)). A partir de um corpus elaborado por ns,baseado em 20 obras, foram selecionados os seguintes pares de sufixos: ato x ado; tico X adego; bil x vel;ense x s; ario x eiro;(t)orio ~ (s)orio x(d)oiro e (t)ura ~ (s)ura ~ (d)ura x ura. H sufixos com grande, mdia e baixaprodutividades. Muitos deles vo ganhando, ao longo dos sculos, novossignificados; outros, entretanto, mantm aqueles j presentes em Latim.Palavras-chave: sufixos; sufixos eruditos; sufixos populares; sufixao;portugus arcaico; corpus do portugus arcaico. 17. 17 ABSTRACTCOSTA, Silvio Reinod. Morphologic-Semantic Analysis of Some Latin Suffix Pairs erudite and popular in the period from 12th to 16th Centuries. 2008. 388 p. (vol. I -Thesis) + 545 p. (vol. II Corpus in CD ROM). Doctor Thesis (Linguistics andPortuguese Language) Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho.Araraquara (SP). 2008.The aim of this thesis is to analyze the development of the meaning of some eruditelatin suffixes used in Archaic Portuguese which have a popular counterpart. Firstly,the history, the origin, the periods and subperiods of Brazilian Portuguese have beenrevised, as well as the main texts of its archaic period. A general review of theliterature on suffixes, the specific object of this work, has been done in ascendantchronological order taking as its basis the opinion of some most eminent philologistsand grammarians of the History of Language such as (Carolina Michalis deVasconcelos (1946), Jos Joaquim Nunes (1989), Manuel de Said Ali (1931 and1964), Joseph Hber (1986 [1933]), Theodoro Maurer Jr. (1951), Jos Leite deVasconcelos (1959), Sousa da Silveira (1960)); normative grammarians such as(Ferno de Oliveira (1975 [1536]), Jlio Ribeiro (1913 [1881]), Joo Ribeiro (1926[1901]), Gladstone Chaves de Melo (1978), Cunha & Cintra (1985), EvanildoBechara (1999); and structuralist/gerativist linguists such as (Joaquim MattosoCamara Jr. (1979 and 1980), Margarida Baslio (1980 and 2004), Cacilda de OliveiraCamargo (1986), Antnio Jos Sandmann (1991 and 1992), Valter Khedi (2005),Graa Maria de Oliveira e Silva Rio-Torto (1993 and 2006), Luiz Carlos de AssisRocha (1998), Alina Villalva (2000), Margarita Correia (2004), Margarita Correia &Lucia San Payo de Lemos (2005) and Soledad Varela Ortega (2005). The followingsuffix pairs which form the corpus have been selected based on 20 books: ato x ado; tico X adego; bil x vel;ense x s; ario x eiro;(t)orio ~ (s)orio x(d)oiro e (t)ura ~ (s)ura ~ (d)ura x ura. There are suffixes of high, mediumand low productivity. Many of them acquire new meanings through the centuries;others, however, maintain the meanings used in Latin.Keywords: suffixes ; erudite suffixes; popular suffixes; suffixation; archaicportuguese; archaic portuguese corpus. 18. 18 RESUMECOSTA, Silvio Reinod. Analyse Morphosmantique de quelques paires desuffixes rudits et populaires latins pendant la priode du XII au XVImeSicles. 2008. 388 p.(vol. I Thse) + 545 p. (vol. II Corpus en CD ROM). Thse de Doctorat en Linguistique et Langue Portugaise. UniversitPublique de So Paulo Jlio de Mesquita Filho. Araraquara (SP). 2008.Dans ce travail, on a eu le dessein d analyser l volution des signifis dequelques suffixes latins (rudits) utiliss en portugais archaque et quiprsentent une contrepartie populaire. Dabord, on a repass lHistoire,lorigine, les priodes et les sous-priodes de la Langue Portugaise, ainsi queles textes principaux de la phase archaque du Portugais. propos dessuffixes - objet spcifique de ce travail - on a fait une rvision gnrale de lalittrature existante ce sujet, suivant lordre chronologique ascendante et touten prenant comme point de dpart lavis de quelques philologues etgrammairiens minents de LHistoire de la Langue (Carolina Michelis deVasconcelos (1946), Jos Joaquim Nunes (1989), Manuel de Said Ali (1931 e 1964),Joseph Hber (1986 [1933]), Theodoro Maurer Jr. (1951), Jos Leite de Vasconcelos(1959), Sousa da Silveira (1960)), des grammariens normatifs (Ferno de Oliveira(1975 [1536]), Jlio Ribeiro (1913 [1881]), Joo Ribeiro (1926 [1901]), GladstoneChaves de Melo (1978), Cunha e Cintra (1985), Evanildo Bechara (1999) et deslinguistes structuralistes / gnrativistes (Joaquim Mattoso Camara Jr. (1979 et1980), Margarida Baslio (1980 et 2004), Cacilda de Oliveira Camargo (1986),Antnio Jos Sandmann (1991 et 1992), Valter Khedi (2005), Graa Maria deOliveira et Silva Rio-Torto (1993 et 2006), Luiz Carlos de Assis Rocha (1998), AlinaVillalva (2000), Margarita Correia (2004), Margarita Correia & Lucia San Payo deLemos (2005) et Soledad Varela Ortega (2005)). partir d un corpus de textes extraits de 20 uvres, organis par nous, lespaires de suffixes suivantes ont t slectionnes: ato x ado; tico X adego; bil x vel;ense x s; ario x eiro;(t)orio ~ (s)orio x (d)oiro e (t)ura ~ (s)ura ~ (d)ura x ura.Il y a des suffixes qui prsentent haute, moyenne ou basse productivit.Plusieurs dentre eux ont gagn, au long des sicles, des nouvellessignifications; dautres, nanmoins, ont conserv des signifis dj existantsen Latin.Mots-cls: suffixes; suffixes rudits; suffixes populaires; suffixation; PortugaisArchaque; corpus du Portugais Archaque. 19. 19LISTA DE TABELASVolume I Tese Pg.0.1 Pares de sufixos eruditos x populares selecionados para o estudo42desta tese1.1 Periodizao da Lngua Portuguesa (ILARI & BASSO, 2006) 591.2 Periodizaes da Lngua Portuguesa (CASTRO, 1998) 622.1 Principais Obras do Perodo Arcaico da Lngua Portuguesa653.1 Da Constituio do Corpus desta tese844.1 Principais Sufixos Nominais de Origem Latina Funo, Semntica105e Exemplificao4.2.Principais Sufixos Adjetivais de Origem Latina Funo, Semntica107e Exemplificao4.3 Outros Sufixos Nominais Avaliativos e de Origem No-Latina1084.4 O sufixo aria (~ eria) em Portugus 1124.5 Os sufixos ez, eza, cia, ice, cie em Portugus 1124.6 Principais Sufixos Acentuados em Lngua Portuguesa1154.7 O sufixo al em Portugus 1294.8 Os sufixos dego, agem e tico em Portugus1294.9 O sufixo ejo em Portugus1304.10Principais Sufixos que se juntam ao Radical do Substantivo1354.11Sufixos que se juntam ao Radical do Adjetivo1374.12Principais Sufixos utilizados em substantivos e adjetivos em Lngua 139Portuguesa4.13Principais Sufixos Nominais SintaxeSemntica e Exemplificao1414.14Os sufixos nominais em Lngua Portuguesa: seus principais sentidos144e significao 20. 204.15 Denominais sufixais sem mudana de classe gramatical I1664.16 Denominais sufixais sem mudana de classe gramatical II 1674.17 MATRIZ A.1.a Sufixo EIRO 1744.18 Principais Diferenas entre Sufixos e Prefixos1764.19 Tipos de Processos de Formao de Palavras (Produo Lexical187 Sufixal)4.20 Estrutura morfolgica dos adjetivos denominais I1894.21 Estrutura morfolgica dos adjetivos denominais II 1904.22 Sufixos Homfonos Sentidos e/ou Funes e Exemplificao1944.23 Sufixos Fsseis X Sufixos Internacionais2044.24 Sufixos atribuveis aos nomes de qualidade2064.25 Produtos isocategoriais construdo com o sufixo eir2074.26 Principais Processos de Sufixao em Lngua Portuguesa2094.27 Classificao dos sufixos de acordo com sua categoria gramatical2164.28 Classificao dos sufixos de acordo com a base qual se reportam 2175.1Lexias em que se encontra a forma ato e suas origens.... 2245.2Algumas locues verbais utilizadas no Portugus Arcaico com seus 230 principais verbos auxiliares5.3Algumas locues verbais com os verbos principais sufixados em237 ado4 na voz passiva analtica e suas formas correspondentes na voz passiva sinttica5.4O sufixo ado em algumas lexias presentes no corpus e as bases a261 que se adjungem5.5Significados do sufixo ado em Latim e dos sculos XI a XVI 2635.6O sufixo tico em em algumas lexias presentes no corpus e as 270 bases a que se adjungem5.7Principais significados do sufixo tico em latim e dos sculos XI ao 270 sculo XVI5.8Os sufixos dego ~ digo em algumas lexias presentes no corpus273 21. 21 e a bases a que se adjungem5.9Significados dos sufixos dego ~ digo dos sculos XI a XVI e274 seu correspondente erudito aticu em Latim5.10 O sufixo bil e seus alomorfes e as bases a que se adjungem2805.11 Significados presentes no sufixo bil e seus alomorfes em Latim e280 do sculo XI ao XVI5.12 As lexias sufixadas em bil por Cames em Os Lusadas (1572) 2815.13 O sufixo vel e seus alomorfes presentes em algumas lexias do285 corpus e as bases a a que se adjungem5.14 Significados presentes no sufixo bil e seus alomorfes em Latim e286 do sculo XI ao sculo XVI5.15 A produtividade do sufixo vel presente em algumas lexias do 287 Portugus ao longo dos sculos XIII a XX5.16 O sufixo ense e seus alomorfes e as bases a que se adjungem 2925.17 Significados presentes no sufixo ense em Latim e do sculo X ao 292 XVI5.18 O sufixo s e seus alomorfes presentes em algumas lexias e as 295 bases a que se adjungem5.19 Significados presentes no sufixo s em Latim e so sculo XI ao296 sculo XVI5.20 O sufixo ario em algumas lexias do Portugus Arcaico com a base 305 a que se adjungem e seus respectivos significados5.21 Significados do sufixo ario e de seus alomorfes em Latim e do 307 sculo XII ao sculo XVI5.22 Algumas lexias sufixadas em eiro comseus respectivos318 significados e as bases a que se adjungem5.23 O sufixo eiro e seus principais significados em Latim e do sculo 322 XI ao sculo XVI5.24 As lexias sufixadas em (t)orio ~ (t)oria e seus respectivos329 significados e as bases a que se adjungem5.25 O sufixo (t)orio ~ (t)oria e seus principais significados em Latim 329 e do sculo XI ao sculo XVI 22. 225.26 O sufixo (d)oiro em algumas lexias do Portugus Arcaico com a332 base a que se adjungem e seus respectivos significados5.27 O sufixo (d)ouro e seus principais significados em Latim e do333 sculo XII ao sculo XVI5.28 A produtividade dos sufixos (d)oiro ~ (d)ouro em algumas lexias 334 dos sculos X ao XVI, de acordo com Houaiss (verso eletrnica) e Cunha (1986)5.29 O sufixo ura e seus alomorfes em algumas lexias do Portugus 340 Arcaico com a base a que se adjungem e seus respectivos significados5.30 Significados do sufixo ura e de seus alomorfes em Latim e do 344 sculo XII ao sculo XVI 23. 23LISTA DE GRFICOS E INFOGRFICOSPg.Volume I TeseGRFICOS:1.1 Periodizao das Fases Arcaica e Moderna da Lngua Portuguesa 641.2 Bases a que o sufixo ura e seus alomorfes se agregam 344INFOGRFICOS:1.1 Fases do Portugus Arcaico601.2 Primeiros Textos Medievais (Portugus Arcaico)61 24. 24LISTA DE ESQUEMAS E QUADROSPg.Volume I TeseESQUEMAS:1.1 Os processos de formao de palavras e suas conexes350QUADROS:1.1 Sistematizao das Propriedades dos Diferentes Processos de Sufixao 203 25. 25 LISTA DE FIGURAS Pg.Volume I Tese0.1 Dispute entre Louis XI et Marie de Bourgogn (Iluminura)390.2 Grupos de Morfologia no Brasil na Contemporaneidade411.1 As origens remotas do Portugus491.2 rvore genealgica das lnguas indo-europias512.1 La Nativit (Enluminure) Bibliothque Municipale de Lyon 220Volume II Corpus1.1 Iluminura do Livro das Horas (Book of Hours) 13 26. 26LISTA DE MAPAS Pg.Volume I TeseMAPAS1.1 A Localizao Atual da Romnia no Continente Europeu 521.2 A Romnia531.3 As Lnguas Indo-Europias da Europa561.4 Grandes Grupos de Lnguas Romnicas56 27. 27 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLASA adjetivof. arc.forma arcaicaa.C.antes de Cristo f.ant. forma antigaadj. /ADJ adjetivof. ant. pop. forma antiga popularAdv.advrbiofr.francsapudcitao indiretafr. ant. francs antigoarc.arcaico(a)f. divg. forma divergenteB infrm.Brasil informal fig. figuracap./Cap. captuloGgraucf. / CF. confira gr.gregocfr.confira ICTIctiologiad.C.depois de Cristoit.italianodim.diminutivol. linha(s)ed. ediolat. latimesp.espanhollat. tar.latim tardioet al.e outroslat. vulg. latim vulgarETIMtimo m. masculinoex. exemplo masc.masculinof.folha / flio m.q. mesmo quef.forma mod. modernofem.femininoNnome (substantivo)No. nmerosc.a saber 28. 28ob./Obs. observao(es) sc. sculoop. cit. obra citada S/FSignificao/FunoOrg. Organizao SINsinnimoorig. pop. origem popularsing.singularppginaSP So PauloPN pessoa-nmero subst. substantivopej. pejorativosuf. sufixopl.pluralt. textoport.portugus tab. tambmport. ant. portugus antigoTMAtempo-modo-aspectoprov.provvelTrad.traduoprov.provenal vversoQUM.Qumica vvolumeRAEsRegrasde Anlise V verbo EstruturalRCPRegra de Construo de VAR variante PalavrasRFPsRegras de Formao de voc. vocbulo Palavrasrom. romenovol. volume(s) 29. 29LISTA DE ABREVIATURAS DAS OBRAS UTILIZADAS NA TESE E NO CORPUSCNB Coisas Notveis do Brasil A. G. CUNHA (Organizador).MM Manuscrito de MadridMC Manuscrito de CoimbraCDPI Crnica de D. Pedro I Ferno Lopes / Torquato de Sousa Soares (Org.)CDFCrnica de D. Fernando Ferno Lopes / Torquato de Sousa Soares (Org.)CTCCrnica da Tomada de Ceuta Gomes Eanes de Zurara (Azurara) / Alfredo Pimenta (Org.)CFGCrnica dos Feitos de Guin Gomes Eanes de Zurara (Azurara) / lvaro Jlio da Costa Pimpo (Org.)DELP Dicionrio Etimolgico da Lngua Portuguesa Jos Pedro Machado 5 vol.DLPA Dicionrio da Lngua Portuguesa Arcaica Zenbia Collares MoreiraDPNRLDocumentos Portugueses do Noroeste e da Regio de Lisboa Ana Maria Martins (Org.)EBCA Escrita no Brasil Colnia: Um Guia para a Leitura de Documentos Manuscritos, de Vera Lcia Costa Acioli (Org.)LA Livro das Aves Autor annimo / Edio preparada por Jacira Andrade Mota / Rosa Virgnia Matos [e Silva] / Vera Lcia Sampaio / Nelson Rossi (Direo)LPGPILrica Profana Galego-Portuguesa I Trovadores / Menestris / Rei Trovador / Jograis / Segris / Mercedes Brea (Coord.) - Equipe de Investigacin: Fernando Magn Abelleira Ignacio Rodio Carams Mara del Carmen Rodrguez Castao Xos Xabier Ron Fernandez Equipo de Apoio: Antonio Fernndez Guiadanes Mara del Carmen Vzquez Pacho 30. 30LPGPII Lrica Profana Galego-Portuguesa II Trovadores / Menestris / Rei Trovador / Jograis / Segris / Mercedes Brea (Coord.) - Equipe de Investigacin: Fernando Magn Abelleira Ignacio Rodio Carams Mara del Carmen Rodrguez Castao Xos Xabier Ron Fernandez Equipo de Apoio: Antonio Fernndez Guiadanes Mara del Carmen Vzquez PachoOCGV Obras Completas de Gil Vicente Gil Vicente / Marques Braga (Org.)I vol I;II vol. II;III vol. III;IV vol IV;V vol. V;VI vol. VI.LVCO Livro de Vita Christi Ludolfo Cartusiano / Augusto Magne, S. J. (Org.)LUSOs Lusadas Luiz Vaz de Cames / Edio fac-similada, editada pela XEROX DO BRASIL S.A. REPRODUES GRFICAS. Rio de Janeiro: XEROX DO BRASIL, 1972. Utilizou-se tambm do ndice Reverso de Os Lusadas , organizado por Telmo Verdelho. Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, 1981.QCDJIQuadros da Crnica de D. Joo I Ferno Lopes / Rodrigues LapaTA Textos Arcaicos Vrios autores / Textos em prosa e em verso / Jos Leite de Vasconcelos (Coordenao/Anotaes/Glossrio) Serafim da Silva Neto (Anotaes)TAII Testamento de Afonso II Afonso II / Ivo Castro (IN: CHLP Curso de Histria da Lngua Portuguesa)TCPUm Tratado da Cozinha Portuguesa Autoria incerta / Antonio 31. 31Gomes Filho (Org.) Reproduo fac-similar do manuscrito I E daBiblioteca Nacional de Npoles VCPVCVocabulrio da Carta de Pero Vaz de Caminha Pero Vaz deCaminha / Silvio Batista Pereira (Preparador da edio). / Foiconsultada tambm a edio preparada por Jaime Corteso (1967).Obs.: As referncias completas das obras encontram-se nas REFERNCIAS. 32. 32 LISTA DE SMBOLOS d origem a ~alterna comzero / morfema zero / singular lngua morta pargrafo morte * nascimento +fronteira de morfema #fronteira de palavra +mais - menos +sim- no[...] parte suprimida do texto aposentado / aposentou-se------ dados no registrados ~timo 33. 33 SUMRIO Pg.PARTE PR-TEXTUALFolha de Aprovao4Dedicatrias5Homenagem Especial6Agradecimentos Especiais7Agradecimentos8In Memoriam13Epgrafes14Resumo 16Abstract 17Resum 18Lista de Tabelas 19Lista de Grficos e Infogrficos 23Lista de Esquemas e Quadros24Lista de Figuras 25Lista de Mapas 26Lista de Abreviaturas e Siglas 27Lista de Abreviaturas das Obras Utilizadas na Tese e no Corpus 29Lista de Smbolos32Sumrio33 34. 34 VOLUME I TESE39PARTE I TEORIAINTRODUO400.1 Da Justificativa400.2 Da Seleo dos Sufixos410.3 Dos Objetivos 420.3.1 Objetivo Geral430.3.2 Objetivos Epecficos430.3.3 Hiptese440.34 Da Constituio do Corpus440.4 Das Linhas de Estudo440.5 Da strutura doTrabalho451 A LnguaPortuguesaHistria, Origem e 46Periodizao1.0 Introduo461.1 Breve Histria da Lngua Portuguesa 461.2 A Origem da Lngua Portuguesa 471.3 A rvore genealgica do Portugus 481.4 O latim dentro da famlia indo-europia 491.5 A Romnia 511.6 As lnguas romnicas531.7 Periodizaes e sub-periodizaes do Portugus571.8 O portugus arcaico no tempo da lngua portuguesa 602 O Portugus Arcaico Marco Divisrio e Obras 64Representativas2.1 O Portugus Arcaico Marco Divisrio 642.2 Os mais antigos documentos da Lngua Portuguesa 652.3 Principais Obras do Perodo Arcaico 653 Metodologia e Teoria763.1 Da constituio do Corpus 763.2 Das Fontes Utilizadas para a Elaborao do Corpus 773.3 Do Corpus 833.4 Metodologia Utilizada na Recolha e Anlise do Corpus923.5 Teoria93 35. 354 Do Sufixo: Da Filologia e das Gramticas Histricas94 Lingstica e s Gramticas NormativasContemporneas Uma Reviso da Literatura4.1 Introduo944.2 Os Sufixos nos estudos de Filologia e de Gramtica Histrica954.2.1 Carolina Michelis de Vasconcelos 954.2.2 Jos Joaquim Nunes 1014.2.3 Manuel Said Ali (1931) 1084.2.4 Manuel Said Ali (1964) 1134.2.5 Joseph Hber 1144.2.6 Theodoro Henrique Maurer Junior1184.2.7 Jos Leite de Vasconcelos1254.2.8 Sousa da Silveira1284.3 O Sufixo nos Estudos da Gramtica Normativa da Lngua Portuguesa 1304.3.1 Ferno de Oliveira 1304.3.2 Jlio Ribeiro1344.3.3 Joo Ribeiro 1384.3.4 Gladstone Chaves de Melo 1404.3.5 Celso Cunha & Lus Felipe Lindley Cintra 1434.3.6 Evanildo Bechara 1454.4 O Sufixo nos Estudos Lingsticos1504.4.1 Joaquim Mattoso Cmara Jr. 1504.4.2 Margarida Maria de Paula Baslio 1604.4.3 Cacilda de Oliveira Camargo1694.4.4 Antnio Jos Sandmann1754.4.5 Valter Khedi 1804.4.6 Graa Maria de Oliveira e Silva Rio-Torto1824.4.7 Luiz Carlos de Assis Rocha 1914.4.8 Alina Villava1984.4.9 Margarita Maria Correia Ferreira 2044.4.10 Soledad Varela Ortega 211PARTE II ANLISE E DESCRIO DOS 220DADOS5 ANLISE E DESCRIO DOS DADOS UMA VISO221MORFO-SEMNTICA DE ALGUNS PARES DESUFIXOS ERUDITOS X POPULARES UTILIZADOSNA LNGUA PORTUGUESA5.1 Introduo 2215.2 Anlise e Descrio dos Dados2225.2.1 O sufixo ato222 36. 365.2.2 O sufixo ado2275.2.2.1 Os sufixos ato X ado 2655.2. 3 O sufixo tico 2675.2.4 O sufixo adego2715.2.4.1 Os sufixos atico X adego 2765.2.5 O sufixo bil2775.2.6 O sufixo vel2835.2.6.1 Os sufixos bil x vel 2885.2.7 O sufixo ense 2895.2.8 O sufixo s 2935.2.8.1 Os sufixos ense x s 2975.2.9 O sufixo ario 2985.2.10 O sufixo eiro3115.2.10.1 Os sufixos ario x eiro3255.2.11 O sufixo (t)orio 3275.2.12 O sufixo (d)oiro 3305.2.12.1 Os sufixos (t)orio x (d)oiro3355.2.13 O sufixo ura e seus alomorfes3365.2.13.1- Os sufixos (d)ura ~ (t)ura ~ (s)ura X ura: 345REFERNCIAS356BIBLIOGRAFIA CONSULTADA364DICIONRIOS CONSULTADOS378CORPUS 382SITES CONSULTADOS386 VOLUME II CORPUS(em CD-ROM)0 Consideraes sobre a Elaborao do Corpus71 Das Obras Utilizadas para a Elaborao do Corpus8CORPUS 12Fig. 1 Livro das Horas (Book of Hours) 13 37. 37(A)BEL ~ (A)BIL ~ (I)BIL ~ (A)BELLE ~ (A)BLE ~ (A)UEL ~ (A)UIL ~ 14(A)VEL ~ (A)VELL ~ (A)VIL ~ ()VEL ~ (I)VIL ~ () UELLAO ~ AA ~ ACU AZO28ACHO 30DEGO ~ DIGO ~ TIGO31(A)DA1 ~(A)DO1 (SUBSTANTIVOS) 34(A)DA2 ~(A)DO2 (ADJETIVOS)69(A)DA3 ~(A)DO3 (ADJETIVOS PARTICIPIAIS) 144(A)DA4 ~(A)DO4 (VERBOS (PARTICPIO PASSADO))221ALHA ~ ALHO 231AIRA ~ AIRO 233(A)NA ~ (A)NCIA ~ (A)NIA 239ANA ~ ANO 263 ~ O266RIA ~ ARIA ~ RIO ~ ARIO ~ ARIUS272AZ 286ATA ~ ATO 287AM ~ O(M) ~ O ~ SAM ~ (S)SOM 288(D)OIRA ~ (D)OURA ~ (D)OIRO ~ (D)OURO 324EDO329EIRA ~ EIRO ~ EIRU ~ EYRA ~ EYRO ~ EYRU331ELHA 398(E)NA ~ (E)NCIA398ENSE ~ ENSIS415S ~ESA 416ETA417 38. 38EZ ~ EZA ~ EA 417IA ~ IO 437CULA ~CULO438(I)DA1 ~(I)DO1 (SUBSTANTIVOS) 438(I)DA2 ~(I)DO2 (ADJETIVOS)444(I)DA3 ~(I)DO3 (ADJETIVOS PARTICIPIAIS) 473(I)DA4 ~(I)DO4 (VERBOS (PARTICPIO PASSADO))492GULA ~ GULO 496ILHA ~ ILHO 496(S)RIA ~ (S)RIO ~ (T)RIA (T)RIO 497(U)DA1 ~ (U)DO1 (SUBSTANTIVOS)498(U)DA2 ~ (U)DO2 (ADJETIVOS) 498(U)DA3 ~ (U)DO3 (ADJETIVOS PARTICIPIAIS)503(U)DA4 ~ (U)DO4 (VERBOS (PARTICPIO PASSADO)) 510(U)RA ~ (D)URA ~ (S)URA ~ (T)URA512CORPUS REFERNCIAS541 39. 39$/@B3( #Fig. 0.1 - Dispute entre Louis XI et Marie de BourgognTours, 1480Dfense des droits de Louis XI sur la Bourgogne et lescomts de Mcon et dAuxerre. Paris(Tours, B.m., ms. 1047, f. 001, 1047) 40. 40INTRODUOAps exaustivo levantamento bibliogrfico, pudemos verificar que os sufixosso, quase sempre, mal trabalhados, seja por fillogos, gramticos, gramticos oulingistas. Na maior parte das vezes, em especial nas gramticas normativas, nocaptulo referente estrutura e formao de palavras, os sufixos soclassificados em: a) nominais; b) verbais; c) adverbial. Geralmente, os autoresapresentam tabelas e/ou quadros, e citam alguns exemplos, no mostrando ao leitorseu real funcionamento, uma vez que os mesmos no se encontram em umaenunciao. Com os recentes estudos nas reas de Lingstica Textual, Anlise doDiscurso, Anlise Crtica do Discurso, Semitica, Semiologia, entre outras reas queprivilegiam o texto como objeto de anlise e interpretao, a MORFOLOGIA temficado relegada a segundo plano. Pudemos verificar a imensa lacuna, nos dias atuais, em relao aos estudoslingsticos nas reas que privilegiam a palavra, principalmente em estudos quetomam por objeto de anlise e investigao o sufixo, em especial a Morfologia e aLexicologia. Movido por esta nsia e apaixonado pelo tema, que resolvemos elaborarum Projeto sobre o mesmo. Inicialmente, fizemos a Disciplina Morfologia Lexical,sob a responsabilidade da Profa. Clotilde de Almeida Azevedo Murakawa, em 2003,na UNESP Campus de Araraquara (SP). Do contato com ela, e de acordo comsuas orientaes, surgiu o Anteprojeto desta Tese. Como o assunto bastante amplo, decidimo-nos verificar a evoluo dealguns pares de sufixos eruditos x populares assim tratados pelas GramticasHistricas. 0.1 Da Justificativa: Quando se fala em estudos diacrnicos, nos dias atuais, independente darea de estudos lingsticos a que sejam aplicados a coisa fica ento mais sria ecomplicada, e os trabalhos, cada vez, tornam-se mais escassos, rarssimos. 41. 41 por essa razo que se pretende o presente estudo a fim de contribuirmoscom o desenvolvimento da Lingstica, em especial nas reas de MorfologiaHistrica/Lexicologia, objetivando-se a dar uma contribuio, ainda que parcelar, areas pouco exploradas suficientemente.Na Contemporaneidade, no Brasil, poucos so os grupos e/ou pessoasdedicados Morfologia, em especial na linha diacrnica, dentre os quais,destacamos:Prof. Dr. Jos Lemos Monteiro - (UNIFOR/ UFC / UECE)Profa. Dra. Rosa Virgnia Mattos eSilva (UFBA) PROHPOR Profa. Dra. Margarida Maria de Paula Baslio ( UFRJ / PUC RJ) Prof. Dr. Mrio Eduardo Viaro (USP/SP Morfologia Histrica do Portugus) Prof. Dr. Antnio Jos Sandmann( UFPR)Obs.: O smbolo indica aposentado(a).Fig. 0.2 Grupos de Morfologia no Brasil na CotemporaneidadeObs.: 1) Na realidade, o PROHPOR (UFBA) tem desenvolvido pesquisas emvrias reas da Lingstica Histrica e Histria da Lngua Portuguesa, comexcelentes trabalhos; 42. 42 2) O nico grupo em franco desenvolvido relativo a pesquisas morfolgicasdiacrnicas, em especial, tem sido o do Prof. Dr. Mrio Eduardo Viaro, docente daUSP SP. 0.2 Da Seleo dos Sufixos: Dada a complexidade do tema, selecionamos, para este trabalho, osseguintes pares de sufixos:SUFIXOS ERUDITOS: SUFIXOSALGRAFOS:NOTAS:POPULARES:-(a)bil (lat.)-(a)vel -(a)bel ~ -(-e)vell Sufixos que apresen-~ -(i)bil ~ -()vel ~ tam o maior nmero dealgrafos. -(i)vell ~ -(i)velle ~ -()vil-rio (lat.)-eiro -arius H, ainda a formaintermediria airo napassagem da formaerudita para a popular.Apresentam vrioshomomrficos, aindana fase arcaica doPortugus.-tico (lat.)-dego ~ digo-(a)to (lat.) -(a)do-ense (lat.) -s-ensis-trio (lat.)-doiro ~ -douro-(d)ura ~ -(s)ura ~ -ura (lat.) (t)uraTabela 0.1 - Pares de sufixos eruditos x populares selecionados para o estudodesta tese. 0.3 Dos Objetivos: 43. 430.3.1 Objetivos Gerais:O objetivos gerais deste trabalho so:Fazer a reviso da literatura em relao aos sufixos, de acordo com aposio de fillogos, gramticos, gramticos da Histria da Lngua e lingistas,levando-se em conta a ordem cronolgica ascendente; Verificar a evoluo dos significados de alguns pares de sufixos (eruditos xpopulares), do Latim para o Portugus Arcaico, ou seja, verificar se os significadospresentes nos sufixos eruditos latinos se mantm nos sufixos populares que lhesso correspondentes, ao longo dos sculos XII a XVI, ou se h alterao em relaoa eles. 0.3.2 Objetivos Especficos:O objetivos especficos, em relao aos sufixos selecionados para anlise einterpretao neste trabalho, so: Fazer o levantamento dos significados dos sufixos em Latim;Traar os significados dos sufixos ao longo dos sculos XII a XVI; Observar os significados dos sufixos em Latim e possveis mudanas aolongo dos sculos XII a XVI, verificando-se cada sculo em particular;Comparar os resultados, quanto aos significados, em Latim x Sculos XII aXVI.Observar a produtividade de cada sufixo em Latim e ao longo dos sculosXII a XVI. 44. 44 0.3.3 Hiptese: Os sufixos mantm os significados presentes em latim e adquirem novos aolongo dos sculos. 0.3.4 Da Constituio do Corpus: Para a montagem do corpus, foram utilizadas obras em verso e em prosa(literrias/no-literrias), no total de 20 obras completas. Preferencialmente, foram utilizados textos de diferentes gneros e tipostextuais (poemas, poesias lricas, poesia religiosa, cartas, crnicas, ttulos devenda, ttulos de compra, ttulos de emprazamento, doaes, cantigas(amor/amigo/escrnio/maldizer), narrativas e relatos de viagem, receitas culinrias,verbetes de dicionrios e de glossrios, testamento, lenda, manuscritos, textosteatrais, etc.) uma vez que, certamente, influenciam nos resultados alcanados. Pretendeu-se que as abonaes transcritas fossem o mais fiel possvel emrelao edio-prnceps. De acordo com as possibilidades, foram utilizadas obrasfac-similadas. Em momento oportuno, a questo do corpus ser aprofundada, assim comocitadas as fontes utilizadas para sua elaborao. Devido ao grande nmero de dados, o corpus apresentado no volume IIdesta tese, em CD- ROM. 0.4 Das Linhas de Estudo: Este estudo insere-se na Linha Estruturalista, no entanto, lana mo deoutra(s) linhas/teorias (gerativismo/funcionalismo), principalmente em relao adados referentes aos sufixos, sempre que necessrio for. Por apresentar o objetivo geral de observar a evoluo do(s) significado(s)dos sufixos selecionados, este estudo insere-se na linha diacrnica e faz parte daLingstica Histrica. Apesar de estar ligado mais diretamente Morfologia Lexical, este estudotrabalha tambm diretamente com a Lexicologia, uma vez que se ocupa de lexias, 45. 45portanto do vocabulrio, pertencentes a uma fase pretrita da lngua a arcaica.Ainda assim, privilegia tambm a Semntica, uma vez que faz o levantamento dossignificados presentes nos sufixos em latim e dos sculos XII a XVI. O trabalho insere-se, ainda, na Linha de Pesquisa de Estudos do Lxico, doPrograma de Ps-graduao em Lingstica e Lngua Portuguesa da UniversidadeEstadual Paulista Jlio de Mesquita Filho Campus de Araraquara SP. 0.5 Da Estrutura do Trabalho: Esta tese foi elaborada em dois volumes: no volume I, foi elaborada a tesepropriamente dita; no volume II (CR-ROM), tem-se o corpus utilizado para anlise edescrio dos dados. Este trabalho est estruturado em duas partes bem delimitadas: uma tericae outra prtica. A parte terica apresenta 4 sees, assim delimitadas:1. A Lngua Portuguesa Histria, Origem e Periodizao;2. O Portugus Arcaico Marco Divisrio e Obras Representativas;3. Metodologia e Teoria;4. Do Sufixo: da Filologia e das Gramticas Histricas Lingstica e sGramticas Normativas Contemporneas: Conceitos e Caractersti-cas Uma Reviso da Literatura. A parte prtica apresenta apenas uma seo, na qual se faz a anlise morfo-semntica de cada sufixo e observa-se se houve evoluo, ou no, quanto ao(s)significado(s) presente(s) nos sufixos em Latim.5. Anlise e Descrio dos Dados Uma viso morfo-semntica dealguns pares de sufixos eruditos x populares utilizados na LnguaPortuguesa Arcaica.A seguir, so apresentadas as Referncias e a Bibliografia Consultada,como de praxe. 46. 461 A Lngua Portuguesa Histria, Origem e Periodizao1.0 Introduo: A Lngua Portuguesa, assim como as demais lnguas romnicas ou neolatinas(espanhol, italiano, francs, romeno, sardo, catalo etc.), originou-se do Latim modalidade vulgar. Em relao periodizao da Lngua Portuguesa, no h, como veremos,consenso em relao a ela entre os especialistas. Bastante diversa a periodizaoe a terminologia apresentadas por Leite de Vasconcelos, Serafim da Silva Neto,Pilar Vasquez Cuesta, Lus-Felipe Lindley-Cintra e Maria Helena Mira Mateus. Antes, contudo, de nos atermos periodizao e terminologia empregadaspor esses autores, traamos uma breve Histria da Lngua Portuguesa.1.1 Breve Histria da Lngua Portuguesa: A Lngua Portuguesa teve sua origem na Pennsula Ibrica (parte Ocidental). Apoca de sua formao vai do sculo V ao sculo VIII da Era Crist. No ano de 197a.C., a regio peninsular foi romanizada, e o latim foi implantadocomo lngua oficial, tendo absorvido as diversas lnguas faladas por seus primitivoshabitantes cartagineses, celtas, iberos, fencios, gregos, lgures. No sculo V d.C., os brbaros invadiram a Pennsula Ibrica. Eram de origemgermnica e compreendiam vrias naes, cada uma com o seu dialeto vndalos,suevos, visigodos ou godos do ocidente. Os suevos fixaram-se no Noroeste daPennsula (Galiza) onde deram origem a um reino; os vndalos detiveram-se no Sul(Andaluzia). Os visigodos chegaram logo aps; corajosos e destemidos, dominaramtoda a Pennsula e fundaram uma monarquia cuja capital era Toledo. Embora afeitos guerra, os brbaros no conseguiram ultrapassar a base romana na questolingstica, por essa razo admitiram a civilizao dos romanos, adotaram a lngualatina vulgar e cristianizaram-se. No sculo VIII, os rabes avanaram sobre a Pennsula Ibrica, derrotaram oexrcito dos visigodos e dominaram, no prazo de trs anos, a Pennsula. Mais tarde,perderam a batalha e foram derrotados por Carlos Martel ou Carlos Martelo (* 688, 47. 47Herstal 15/10/741, QuierzysurOise, filho bastardo de Pepino de Herstal (* 679 714) e av de Carlos Magno por linha paterna).Da convivncia doa rabes com os peninsulares surgiram, na PennsulaIbrica, os morabes cristos arabizados pela necessidade de viver juntos possuam um modus loquendi todo especial: falavam romnico e rabe.Conservaram as tradies crists e da lngua, que se conservou romnica. O rabefoi adotado, no entanto, o povo no o acatou e continuou a falar o romano.Ainda no sculo VIII, no tempo da conquista rabe, o territrio dominadocompreendia trs partes: a) do Minho ao Douro; b) do Douro ao Tejo; c) uma outraparte conquistada totalmente pelos mouros.Quase no findar do sculo XI, deu-se a cruzada contra os mouros. Afonso VIreservou ao prncipe Henrique de Borgonha, seu genro, o condado de Portus Cale(regio entre o Minho e o Douro). Afonso Henriques, filho de Henrique de Borgonha,sucedeu a seu pai no condado, outorgou-se funes de suserano de Castela , deu abatalha a Ourique e se proclamou rei de Portugal em 1139.Os celtas, dominadores do noroeste da Pennsula Ibrica, deixaram vestgiosde independncia poltica, e a regio, reino dos suevos, foi, por essa razo, diferentedo resto da regio. Formou-se, no noroeste da Pennsula, devido a antecedentesprprios e persistentes, um linguajar bem caracterstico e regional o Galeziano; aregio foi denominada Gallaecia. importante ressaltar queA independncia do condado ressaltou mais as diferenas do falar doNorte e do Sul do Minho. Do Sul do Minho surgiu o portugus.Em 1250, D. Afonso II, [sic] conquista o Algarve; o domnio e asconquistas aumentam e o progresso se faz sentir em tdas as regies. Alngua das populaes sob o domnio dos mouros (morabes) foipaulatinamente absorvida pelo Portugus. Do Minho ao Guadiana era entofalado o portugus.D. Pedro I (1400) fz com que fsse obrigatrio o uso do Portugusem todos os atos pblicos, isto , escritos na lngua vulgar e corrente. Aospoucos a lngua vulgar foi sendo cuidada, polida e mais incentivada,atingindo o seu apogeu no sculo XVI. (TERSARIOL, 1966, p. 24 25)1.2 A Origem da Lngua Portuguesa:O portugus uma das lnguas romnicas que derivam do latim modalidadevulgar que se ope ao latim literrio e ao latim eclesistico, conforme observamIlariBasso (2006, p.16). 48. 48O latim vulgar foi uma variedade de latim principalmente falada enquanto olatim literrio e, mais tarde, o latim eclesistico, foram ensinados com o apoio daescrita.Ao dizer que o portugus deriva do latim, estabelecemos, indiretamente, suasorigens lingsticas mais remotas.O Imprio Romano, depois das conquistas militares, passou por sculos deestabilidade, e o latim vulgar foi falado na maioria dos territrios conquistados. Esselatim, como observam IlariBasso (2006, p. 17),[...] apresentou uma relativauniformidade em uma grande rea geogrfica que correspondia a boa parte daEuropa ocidental.Aps esse perodo, devido s grandes invases brbaras, a unidade polticafragmentou-se.IlariBasso observam ainda que:Mas unidade poltica sucedeu um perodo de fragmentaoprovocado pelas grandes invases brbaras e uniformidade lingsticaseguiu um perodo de diversificao cada vez maior, sob o impulso deinovaes locais que j no tinham como circular por todo o territrioromanizado. Assim, ao final do sculo X, o que havia sido um nico territriolingstico (ao qual hoje os estudiosos chamam hoje Romnia), tinha-setransformado num mosaico de falares locais, de maior ou menor prestgio.Essa fragmentao do latim vulgar contrasta no s com a relativauniformidade do prprio latim vulgar durante o perodo imperial, mas aindacom a uniformidade do latim literrio e do latim eclesistico, quecontinuaram sendo usados para outros fins, ao lado da fala popular.Posteriormente, alguns dos falares locais derivados do latim vulgarganharam prestgio e transformaram-se nas lnguas romnicas que hojeconhecemos [...] (ILARIBASSO, 2006, p. 17)1.3 A rvore genealgica do Portugus:O portugus, como vimos acima, derivou do latim modalidade vulgar aquela utilizada principalmente na fala e utilizada pelos soldados e comerciantesromanos, levada s regies conquistadas durante a formao do Imprio Romano, aqual foi passando de gerao em gerao sem ser ensinada formalmente.O latim foi um ramo do itlico, uma das subdivises do indo-europeuocidental, que apresenta outras subdivises. Existiu, tambm, o indo-europeuoriental, de que fazem parte o snscrito e o hitita. 49. 49 Vejamos abaixo a rvore genealgica do portugus, a qual permite identificaras principais relaes de parentesco que o portugus mantm com outras lnguas. Osmbolo indica lngua morta, ou seja, aquela que no mais falada por falantesnativos, mas que, geralmente, atestam sua existncia por meio de textos e/oudocumentos escritos deixados para suas civilizaes: Fig. 1.1 As origens remotas do portugus (Fonte: ILARI; BASSO, 2006, p. 16)1.4 O latim dentro da famlia indo-europia: O latim pertence ao grupo das lnguas que constituem a famlia itlica dogrupo indo-europeu. No indo-europeu, aglutinam-se, tambm, outras famlias delnguas, sendo, as principais:a) a albanesa;b) a armnia; 50. 50 c) a celta; d) a balto-eslava; e) a germnica; f) a helnica; g) a hitita;i) a indo-iraniana. Castro1 observa que: Indo-europeu, enquanto adjectivo, designa o conjunto de lnguas que, por meio de uma evoluo regular, so provenientes de uma determinada lngua, que desapareceu e no est atestada.Integram-se no conjunto das lnguas indo-europias o latim e todas as lnguas romnicas, entre elas o portugus. Enquanto substantivo, indo-europeu designa a prpria lngua-no atestada. Mas designa tambm o povo que a falava. Recomenda Martinet que frmulas como esta sejam entendidas no plural: no de conceber que fosse uma lngua estvel e estruturada, falada por um povo fixado no terreno. mais provvel que fosse um conjunto de lnguas evoluindo de modo conexo e usadas por povos no necessariamente aparentados. Martinet situa as suas origens cerca de 5000 anos antes de nossa era, num povo localizado no sudeste da Unio Sovitica, que deixou considerveis vestgios arqueolgicos. Este povo iniciou uma deslocao para ocidente, em trs vagas sucessivas que demoraram milnio e meio, 1 vindo a fixar-se nas plancies do Bltico at ao Danbio e aos Balcs (CASTRO, 1991, p. 77 e 79) Vejamos, na prxima pgina, a rvore genealgica das lnguas indo-europias(fig. 1.2):_______1CASTRO (1991, p. 78) baseia-se em MARTINET (1987, p. 18). 51. 51A rvore genealgica das lnguas indo-europias (fig. 1.2):Fig. 1.2 rvore genealgica das lnguas indo-europias.(Fonte: CASTRO, 1991, p. 78, onde aparece como Quadro III.)1.5 A Romnia:Ivo Castro observa queRomnia um nome vivo ainda hoje, no sentido de comunidade delnguas derivadas do latim. Como as reas do mundo ocupadas por estaslnguas no coincidem mais com a rea do Imprio Romano do Ocidente,costuma-se chamar Romnia Nova s regies que foram colonizadas poreuropeus a partir do sculo XVI e onde o portugus, o castelhano ou ofrancs continuam a ser falados. 52. 52 Do mesmo modo, chama-se Romnia Submersa ao conjunto de regies da Europa que, tendo sido romanizadas, no albergam hoje uma lngua romnica. [...] (CASTRO, 1991, pp. 69 70) RomniaMapa 1.1 A Localizao Atual da Romnia no Continente Europeu(Fonte: http://www.guiageo-europa.com/mapas/europa.htm Acessadoem17/07/2007 - 15:45h) 53. 53 Vejamos a posio geogrfica da Romnia atual na Europa:Mapa 1.2 A Romnia.(Fonte:http://www.guiageo-europa.com/mapas/romenia.htm Acessadoem17/07/2007 - 15:55)(Obs.: Verificar no canto superior esquerdo a posio da Romnia (em amarelo) na Europa Oriental)1.6 As lnguas romnicas:Lnguas romnicas, tambm chamadas neolatinas ou novilatinas, so aslnguas derivadas do latim. Entre as principais lnguas romnicas, que conhecemosna atualidade, temos: a) o romeno ou valquio: falado na Romnia, isto , nos Estados do Danbio e numa parte da Macednia (norte da Grcia, prxima ao Monte Olimpo). Esta lngua a que mais se afasta do latim; 54. 54b) o italiano: falado na Itlia, nas suas ilhas adjacentes (Crsega, Siclia, etc.) e nas que lhe pertencem, bem como em suas colnias da sia e da frica, e em S. Marinho;c) o sardo: falado na Sardenha. Embora este idioma inspire discusses quanto sua admissibilidade ou no como lngua, o mais conservador idioma romnico ou novilatino;d) o reto-romnico, rtico, ladino, romanche ou reto-romanche: falado na Sua (Tirol, no Friul e no Canto dos Grises) e em algumas regies do norte da Itlia e fora da, no Engadino (um dos dialetos rticos). Os italianos consideram-no como um dialeto italiano do Norte. Isto levou o governo suo a adot-lo oficialmente como a quarta lngua oficial da Sua as outras trs so o francs, o italiano e o alemo;e) o occitano ou lenga dc (= langue doc): falada ao sul da Frana (ao sul do rio Loire), em alguns vales alpinos na Itlia e no Val dAran (Espanha);f) o francs: falado em quase toda a Frana, exceto no sul e na Bretanha, em suas colnias da sia, da frica, da Amrica e Oceania, na Blgica, no Congo Belga, na Sua, em Mnaco, no Canad, na Luisinia, na Tunsia, em Marrocos e no Haiti;g) o catalo: falado na Catalunha, nos vales de Andorra, na zona oriental de Arago, na maior parte de Valncia, nas ilhas Baleares e na cidade de Alguer (costa noroeste da Sardenha);h) o espanhol: falado na Espanha e em suas colnias, na Amrica do Sul exceo do Brasil e das Guianas, na Amrica Central, no Mxico, em algumas ilhas do arquiplago das Antilhas e nas Filipinas;i) o provenal: falado no sul da Frana (Provena);j) o galego: falado na Galiza, na fronteira com as comunidades autnomas das Astrias e Castela-Leo, alm das comunidades de galegos emigrantes (Argentina e Uruguai). Pode ser visto como uma forma evoluda do galego- portugus, com algumas influncias do castelhano e umas poucas formas prprias inexistentes em portugus. Trata-se de uma lngua romnica que nasceu na antiga provncia romana de Galcia (que abrangia o territrio da Galiza atual, o norte de Portugal e territrios limtrofes a leste); 55. 55 l) o portugus: falado no Brasil, em Portugal e algumas cidades fronteirias,pertencentes Espanha (no concelho de Barrancos, extremo orientalAlentejo, e em Olivena, ao norte deste concelho (fala-se a uma variedade doalentejano); em Almedilha, na provncia de Salamanca (usa-se o portugus apar do espanhol); em Ermisende, na provncia de Samora (a fala a usadaapresenta fenmenos comuns ao trasmontano); em San Martn de Trevejo,Eljas e Valverde de Fresno, onde alternam o portugus e o espanhol) alm desuas ilhas bem como suascolnias africanas(Guin Portuguesa,Moambique, Angola, Cabo Verde, Santo Tom, Prncipe, Madeira, Aores) easiticas (ndia Portuguesa (Goa, Damo, Diu), Macau e Timor Leste. Alm dessas lnguas, temos o dalmtico: hoje considerada lngua morta.Outrora era falado na Dalmcia, regio a que corresponde hoje a Iugoslvia. Porocasio da morte do pedreiro Udina Burbur, o nico informante da lngua,desapareceu tambm esse rebento da latinidade. Isso ocorreu em 1898. Dentre as lnguas romnicas, 6 so oficiais: o portugus, o espanhol, o italiano,o francs, o romeno e o rtico. Vejamos a localizao das lnguas romnicas na Europa (Mapa 1.3) e osgrandes grupos das lnguas romnicas (Mapa 1.4), na pgina seguinte: 56. 56Mapa 1.3 As Lnguas Indo-Europias da Europa(Fonte: CHAVES DE MELLO, 1981, p. 60)(Obs.: Em azul, destacam-se as lnguas da Famlia Romnica (italiano, provenal, franco-provenal,francs, espanhol, portugus, galego, sardo, romeno, catalo e rtico) Mapa 1.4 Grandes grupos de Lnguas Romnicas2 57. 571.7 Periodizaes e Subperiodizaes do Portugus:Todas as lnguas vivas vo mudando durante o tempo. No existe nenhumalngua viva que se mantenha esttica. As mudanas estruturais so aquelas queocorrem na fontica, na morfologia, na sintaxe. As mudanas podem acontecer,tambm, em virtude de alguns fatores: a) as funes sociais que a lngua foiassumindo e b) os graus de estandardizao pelas quais passou.Em relao ao primeiro fator, temos a lngua com sua capacidade de servir, ouno, de veculo para novos gneros literrios ou no; em relao ao segundo fator,pensemos na ortografia e na organizao dos textos, com suas tipologias, atravsdos tempos.Para IlariBasso (2006, p. 22), As periodizaes ajudam-nos a organizarnossos conhecimentos de como a lngua foi mudando ao longo do tempo e tm umcarter de sntese, pois levam em conta as mudanas estruturais e suas funessociais, como j frisamos acima.Muitos autores j trataram da questo da periodizao da lngua portuguesaapresentando propostas para ela. Entre os principais, podemos citar: Clarinda Maia,Dieter Messner, Evanildo Bechara, Ivo Castro, Jaime Ferreira da Silva, Jos Leite deVasconcelos, Lindley Cintra, Paul Teyssier, Pilar Vasquez Cuesta e Serafim da SilvaNeto para ficarmos s com alguns nomes. No entanto, podemos afirmar apenas que:a) entre as propostas no h coincidncia perfeita;b) h acordo quanto a reconhecer na histria da lngua trs fases: uma arcaica, uma clssica, uma moderna ou contempornea;c) quase todos os autores seguem os mesmos termos os quais no so genuinamente lingsticos, mas sim literrios;d) quase todos os autores supracitados seguem o mesmo esquema de periodizao lingstica, com exceo de dois deles: Dieter Messner e Evanildo Bechara;_______2 IN:http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.editorialgalaxia.es/imx/linguas.gifimgrefurl=ttp://www.editorialgalaxia.es/nomundo/index.php%3Fid%3D1h=258w=427sz=19hl=ptBRstart=3tbnid=9Ebj6DvDQXtuFM:tbnh=76tbnw=126prev=/images%3Fq%3DL%25C3%25ADnguas%2Brom%25C3%25A2nicas%26svnum%3D10%26hl%3Dpt-BR%26lr%3D%26sa%3DN Acessado em 10/12/2006 11:15h 58. 58 e) a imitao geralmente prevalece quando de novos estudos em relao ao tema. Messner afirma que:O que estou fazendo desde h alguns anos repensar (e isso noisoladamente com base numa nica lngua, a portuguesa, mas sim emvrias lnguas) o que os outros diziam e continuam a dizer sobre osperodos da lngua portuguesa. (MESSNER, 2002, p. 101). O referido autor termina seu texto na esperana de que[...] pelo menos, um dia no se usem mais as denominaes literriaspara caracterizar as pocas. Sei que no podemos pensar em resolver todaa problemtica desencadeada por esse assunto, por exemplo [sic] a poucaexacta separao que se faz nos estudos do escrito e do oral. Mas estouconvencido de que os muitos trabalhos novos que se fazem sobretudo noBrasil, e tambm em Coimbra, e dos quais citei alguns, vo melhorar adiscusso. (MESSNER, 2002, p. 113) Bechara traz inovaes em sua periodizao, segundo Messner (2002, p. 102)porque leva em conta no apenas as inovaes fonticas, mas, tambm, aduz acritrios morfo-sintticos.Vejamos, na pgina seguinte, a periodizao apresentada por IlariBasso: 59. 59 Leite deSerafim da Pilar VasquezLus-FelipeMaria Vasconcelos Silva Neto Cuesta Lindley- HelenaCintraMira-Mateus antesP. pr-P. pr-P. pr-literrio P. pr- de 900histricohistrico (at 1216) literrio (at 882)(at 882) (at 1216) 900 1000P. proto-P. proto- histricohistrico(882 a(1214/1216)1000 1100 1214/1216)1100 1200P. antigo1200 1300P. arcaico P.Galego-P. antigo (1216 a 1385 trovadorescoportugus (1216 at1300 1400 1420) (1216 1420)(1216 1385/1420)1385/1420)1400 1500 P. comum P. pr- P. mdio (1420 clssico (1420 at1400 1500P. mdio 1536/1550) (1420 at1536/1550)1500 1600 1536/1550) P. moderno P. moderno P. clssico P. clssico1600 1700(1550 at o (1550 at o P.sc. XVIII)sc. XVIII) clssico1700 18001800 1900 P. moderno P. modernoP. moderno1900 2000Tab. 1.1 Periodizao da Lngua Portuguesa (Fonte: ILARIBASSO, 2006, p. 21) 60. 601.8 O portugus arcaico no tempo da lngua portuguesa De acordo com Mattos e Silva denomina-se portugus arcaico[...] o perodo da lngua portuguesa que se situa entre os sculos XIII eXV [...] qualquer tentativa de periodizao histrica, como qualquerclassificatria ou taxionomia arbitrria e est necessariamentecondicionada pelos princpios que esto na base da classificao. Adelimitao do portugus arcaico, no fluxo da histria da lngua portuguesa,no poder fugir a essa fatalidade. (MATTOS E SILVA, 2006, p. 21) Mattos e Silva (2006, p. 21) observa que historiadores e fillogos que sededicam a esse perodo do portugus so unnimes em situar o incio desse perododa lngua nos princpios do sculo XIII, uma vez que nesse momento que a lnguaportuguesa aparece documentada pela escrita e o mesmo pode assim serrepresentado:PERODO PR-LITERRIOPORTUGUS ARCAICOPr-histrico Sculo XIIISculo XIVSculo XV Perodo pr-literrioProto-histricoDocumentaoSituado, em geral, a remanescente do latim partir do sculo IX traos indetectveis datraos da futura variante futura variante romnica romnica j podem serque se esboava no detectados por noroeste da Pennsulaespecialistas em Ibrica documentos escritos notradicionalmentechamado latim brbaro(latim notarial ou tabelinico veiculado na rea romnica antes das lnguas romnicas setornarem lnguas oficiais)Infogrfico 1.1 - Fases do portugus arcaico (Fonte: Mattos e Silva (2006)) 61. 61 Mattos e Silva (2006, p. 22), contudo, afirma que [...] o limite final desseperodo uma questo em aberto, embora se costume considerar o sculo XVIcomo o ponto de partida de um novo perodo da lngua. Vejamos a posio daautora:PERODO PR-LITERRIO PORTUGUS ARCAICO Sculo XII Sculo XIII Sculo XIV Sculo XV SculoXVI Textos (cantigas) circulavam na tradio oral Cancionei-ro da BibliotecaNacional deLisboa eIncio da histria escrita da lngua Cancioneiro daportuguesa: Vaticana, Textos Iniciais: Testamento de Afonso IIdescendentes de uma(1214) e Notcia do Torto (1214 1216), ambos compilao deescritos na segunda dcada do sculo XIII.meados do Outros textos (na poesia): Cancioneirosculo XIVMedieval Portugus (cantigas de amigo ecantigas de amor); Cancioneiro da Ajuda (finsPrimeirasdo sculo XIII); Cantiga da Ribeirinha (de Gramticas da Lnguaamigo); Cantiga da Garvaia (de amor) Portuguesa: ade Ferno de Oliveira (1536) e a de Joo de Barros (1540) Novoperodo nahistria dalnguaportuguesaInfogrfico 1.2 Primeiros Textos Medievais (Portugus Arcaico)(Fonte: MATTOS E SILVA (2006)) 62. 62Vejamos as principais periodizaes apresentadas por Mattos e Silva (2006)em relao s pocas da Lngua Portuguesa. A bem da verdade, a autora traz aoleitor a periodizao apresentada por Ivo Castro, em sua obra Curso de Histria daLngua Portuguesa (1998). poca LeiteSilva Pilar Lindleyde VasconcelosNeto V. CuestaCintraat s. IXpr-histricopr-histrico(882) at +- 1200proto-histricoproto-pr-literriopr-literrio(1214 1216)histrico atportugus trovadorescogalego- portugus 1385/1420 arcaico portugusantigoat 1536/portugus portugusportugus1550 comumpr-clssicomdio at s. XVIII portugusportugus portugusportugusmoderno moderno clssico clssicoat s. XIX/XXportugusportugus moderno modernoTab. 1.2 Periodizaes da Lngua Portuguesa.(Fonte: CASTRO (org. 1998:12), apud MATTOS E SILVA (2006)).O que nos incontestvel em relao periodizao acima que at o sculoIX temos o primeiro perodo da Lngua Portuguesa, chamado de pr-histrico porLeite de Vasconcelos e Silva Neto e de perodo pr-literrio por Pilar V. Cuesta e porLindley Cintra. Para esses dois ltimos autores, esse perodo prolonga-se at1214/1216 (sculo XIII); para aqueles esse primeiro perodo subdivide-se no perodoproto-histrico (de 882 at 1214/1216).Leite de Vasconcelos o nico autor que faz aluso ao portugus arcaico (de1385/1420 at 1536/1550) no o subdividindo. A esse mesmo perodo, at1385/1420, Leite de Vasconcelos o classifica como trovadoresco; Pilar V. Cuesta,como galego-portugus e Lindley Cintra como portugus antigo. Ao perodo que se 63. 63lhe sucede (1536/1550), Silva Neto o classifica como portugus comum, Pilar V.Cuesta, portugus pr-clssico e Lindley Cintra, portugus mdio. Leite de Vasconcelos e Silva Neto entendem que, a partir do sculo XVIIIinicia-se o portugus moderno, prolongando-se at os dias atuais; Pilar V. Cuesta eLindley Cintra compreendem que at o sculo XVIII temos o portugus clssico eque, a partir do sculo XIX em diante, at a contemporaneidade, temos o portugusmoderno. Vejamos, na prxima seo, os principais documentos em versos (lricamedieval) e em prosa (literria/no-literria) do portugus arcaico. 64. 642 O Portugus Arcaico Marco Divisrio e Obras Representativas2.1 O Portugus Arcaico Marco Divisrio: Pode-se considerar o sculo XVI o marco divisrio das duas mais importantesfases da lngua portuguesa: a arcaica e a moderna: PORTUGUS ARCAICOPORTUGUS MODERNOSculo XIISculo XIIISculo XXSculo XIXSculo XIV Sculo XVSculo XVIII Sculo XVISculo XVIIGrfico. 1.1 Periodizao das Fases Arcaica e Moderna da Lngua Portuguesa A partir do sculo XVI, afirma Coutinho (1976, p. 65) a lngua portuguesacomea a apresentar no poucos traos que a distinguem da que se usou emPortugal, nos sculos anteriores e completa Quadros (1966, p. 67): Nessa pocacomeam a se fixar as leis gramaticais, o que viria a ser reafirmado com apublicao da primeira gramtica da lngua portuguesa, que determinaria assolues das dvidas do perodo precedente. 65. 652.2 Os Mais Antigos Documentos da Lngua Portuguesa: Os mais antigos documentos da lngua portuguesa datam do sculo XII: a) em prosa: um Auto de partilha (1192), um Testamento (1193), uma Notcia de Torto (1206?); b) em verso: uma Cantiga de Pai Soares de Taveirs (1189), uma Cantiga del- rei D. Sancho (1194 1199).2.3 Principais Obras do Perodo Arcaico: De acordo com Coutinho (1976, p. 67), [...] as principais obras do perodoarcaico cujos manuscritos existem, em sua maior parte, na Torre do Tombo ou naBiblioteca de Lisboa, com a meno do sculo em que se supe terem sido escritas algumas delas j esto transcritas e publicadas enquanto outras permaneceminditas esto abaixo relacionadas:I. SCULOS XII a XIV II. SCULO XIV a XV III. SCULO XV a XVICancioneiros Trovadores- Estria Geral,Corte Ho FlosSanctorum,cos (da Ajuda, daImperial, Estria deCancioneiroGeral deVaticana, Colocci- Vespasiano, Vita Christi, Garcia de Resende, LivroBrancuti), Nobilirios, Orto Crnica da Fundaam dode Montaria de D. Joo I,do Esposo, Vergu de Mesteiro de Sam Vicente,Leal Conselheiro de D.Prazer e Consolao, Crnica da Ordem dosDuarte, VirtuosaTngalo, Barlaam, CasteloFrades Menorese Benfeitoria do Infante D.Perigoso, Santos Mrtires, Legenda urea Pedro obras de FernoS. Aleixo, S. Bento, S.Lopes, Gomes Eanes deAgostinho, S. Nicolau, Azurara e de Rui de Pina,Bblia, Dilogos de S. Crnica do Condestabre,Gregrio, Vida de D. Telo, Sacramental,BooscoFlores de Dereito, Livro deleitoso, Espelho dedalveitaria, LivrodeCristina, - obras de GilEsopo,DemandadoVicente, S de Miranda eSanto Graal e Livro de Jorge FerreiraJoseph ab ArimathiaTabela 2.1 Principais Obras do Perodo Arcaico da Lngua Portuguesa(Fonte: COUTINHO: 1967, p. 67) 66. 66Somam-se s obras acima a messe de textos que se encontram em obras epublicaes vrias, a saber: Dissertaes Cronolgicas e Crticas de Joo Ribeiro;nos Documentos Inditos de Oliveira Guimares; nos Documentos Histricos daCidade dvora de G. Pereira; nos Portugaliae Monumenta Historica; no ArquivoHistrico Portugus de Braamcamp Freire; na Revista Lusitana e no ArquelogoPortugus. importante ressaltar que para o conhecimento da lngua portuguesa em suafase arcaica so importantes tanto os textos em versos (lrica medieval) quanto ostextos literrios em prosa. Em relao aos textos em versos, cumpre-nos ressaltar: A documentao lingstica fornecida pelo conjunto da lrica medieval galego-portuguesa riqussima: seus dados so essenciais para o conhecimento do lxico da poca. O fato de serem poemas de estrutura formal em versos rimados os torna fundamentais, no que concerne a estudos de histria da lngua, para o conhecimento de fatos fonticos desse perodo, como sejam, por exemplo, questes referentes aos encontros entre vogais (hiatos/ditongos), ao timbre voclico (abertura/fechamento), vogais e ditongos nasais/orais. A morfologia tanto a nominal como a verbal tambm tem nessa documentao uma fonte fundamental. A questo da sintaxe a representada deve ser considerada, tendo sempre presente que o carter excepcional e varivel essencial na construo potica. (MATTOS E SILVA, 1991, p. 32). Em relao aos textos literrios em prosa, importante destacar:Para o conhecimento da lngua na sua fase arcaica fundamental a produo em prosa literria. A documentao potica e a no-literria se complementam para o conhecimento do lxico do portugus arcaico. A prosa literria documenta abundantemente a morfologia nominal e verbal, as estruturas morfossintticas dos sintagmas nominal e verbal. Sobretudo importante para o estudo das possibilidades sintticas da lngua, porque no sofre as limitaes, j ressaltadas, da documentao potica e jurdica.Para os estudos fonticos oferece restries decorrentes de no s e poder sistematizar com o mesmo rigor, relativamente possvel para a documentao seriada no-literria, as relaes entre som e letra, e por no oferecer os recursos formais da poesia.O fato de essa documentao no ser, em muitos casos, localizada, impede tambm que por ela se possa chegar a dados sobre a variao dialetal de ento, quando possvel uma aproximao pela documentao jurdica.Quanto cronologia dos fenmenos lingsticos, embora no seja possvel uma seriao estreita, como o , para a documentao no- literria, toda ela datada, possvel, contudo, a partir de um corpus criteriosamente selecionado se no datado, pelo menos situvel em um determinado momento desse perodo estabelecer um estudo diacrnico no mbito do perodo arcaico com base nesses textos em prosa literria. Sem dvida, nesse tipo de texto que se podem entrever, com mais amplitude, os recursos sintticos e estilsticos disponveis para o 67. 67 funcionamento efetivo da lngua nesse perodo, j por serem textos extensos, j pela variedade temtica. (MATTOS E SILVA, 1991, p. 38 39) Uma da mais completas relaes das obras representativas do portugusarcaico, no entanto, foi elaborada por Ivo Castro em sua obra Curso de Histria daLngua Portuguesa (1991). Para ele,A produo regular de documentos em portugus s conhecida a partir da segunda metade do sculo XIII: em 1255 comeam a ser escritos em portugus alguns dos documentos sados da chancelaria de D. Afonso III e em 1279 D. Dinis torna sistemtico o uso do portugus como lngua dos documentos oficiais. Pode assim usar-se o ano de 1255 como divisria.Antes desse ano, temos a chamada produo no-literria, cujo mais antigo documento conhecido a escritura de fundao da igreja de Lordosa (ano de 882). constituda por textos latinos em graus diversos de pureza, desde os muito fiis aos modelos clssicos at outros que quase poderamos classificar de romnicos, ainda que revestidos de um leve vu alatinado. evidentemente neste ltimos que as possibilidades de encontramos formas e caractersticas do portugus antigo se multiplicam. (CASTRO, 1991, p. 182) Castro (1991, pp. 183 - 192), apresenta-nos as seguintes obras pertencentes fase arcaica da lngua portuguesa:I. Produo Primitiva Portuguesa: Constituda por documentos de carter notarial escritos em portugus. Suaimportncia excepcional para o estudo da primeira fase da histria da lnguaportuguesa. a) Testamento de Afonso II (1214); b) Notcia de Torto (ca. 1214); c) dois documentos de Mogadouro1. Aqui citaram-se apenas os documentos hoje conhecidos; a crtica histricaprovou a no autenticidade de outros documentos como Testamento de ElviraSanches e Auto de Partilhas, supostamente escritos no sculo XII, mas, na 68. 68realidade, um sculos mais modernos. Certamente, h outros documentosreferentes a essa poca ainda no localizados.Ivo Castro (1991, p. 185) adverte-nos de que [...] critrios geogrficos ecronolgicos so tidos em conta na classificao dos documentos no-literriosportugueses em quatro grupos, segundo proposta de Lindley Cintra [...] So eles:a) diplomas reais;b) diplomas particulares;c) leis locais, divididas segundo a sua extenso e alcance poltico em Forais, menores, e Foros ou Costumes, maiores;d) leis gerais.a) Diplomas reais:Em relao aos documentos reais ligados ao territrio galego-portugus, pode-se distinguir duas fases cujo limite fixado em 1096 posse da infanta Teresa e deHenrique de Borgonha. Antes dessa data, [...] provvel encontrar nos diplomasreais redigidos sempre em latim durante esse perodo contaminaes romancesque dizem respeito mais ao asturianoleons do que propriamente ao galego portugus (Castro, 1991, p. 186).Destacam-se, neste perodo inicial, os primeiros tomos de Documentosmedievais portugueses, Documentos rgios e Documentos de D. Sancho I. Essasobras uma compilao de documentos sados de duas chancelarias, levada a cabopor Rui Pinto de Azevedo.2Esses documentos possuem carter bastante formal e foram produzidos porhomens conhecedores profundos do latim. Refletem a lngua que eles falavam e somuito importantes quando se trata da formao da lngua literria._______1Mogadouro uma vila portuguesa, pertencente ao Distrito de Bragana, Regio Norte e subregio[sic] do Alto Trs-os-Montes, com cerca de 3 600 habitantes. sede de um municpio com 757,98km de rea e 11 235 habitantes (2001), subdividido em 28 freguesias. O municpio limitado a nortepelos municpios de Macedo de Cavaleiros e de Vimioso, a nordeste por Miranda do Douro, a suestepela Espanha, a sul por Freixo de Espada Cinta e por Torre de Moncorvo e a oeste por Alfndegada F. O concelho recebeu foral de D. Afonso III em 27 de Dezembro de 1272. Nesta regio, alm doportugus, fala-se sua prpria lngua: a lngua mirandesa.(IN: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mogadouro Acessado em 20/02/2008 17:00h)2AZEVEDO, Rui Pinto de, 194080: Documentos medievais portugueses. Documentos Particulares,vol. III IV (1101/1115/1116/1123). Lisboa, Academia Portuguesa de Histria._______ . 195862: Documentos medievais portugueses. Docuementos rgios, vol. I (10951185).Lisboa, Academia Portuguesa de Histria, 2 tomos._______ et alii, 1979: Documentos de D. Sancho I. Coimbra, Imprensa da Universidade, vol. I. 69. 69b) Diplomas particulares:Representam o [...] material mais importante para o estudo das diferenasdialectais durante a Idade Mdia. (Castro, 1991, p. 186).Agrupam-se em quatro tipos principais:1. Documentos em latim:Todos os diplomas particulares eram redigidos em latim at 1250, situaocomum a todos os textos escritos.Destacam-se: a) Diplomata et Chartae volume da srie PortugaliaeMonumenta Historica que [...] contm todas as cartas privadas conhecidas doterritrio actual portugus, redigidas entre o sc. IX e 1100. (Castro, 1991, p. 187);b) Documentos medievais portugueses. Documentos particulares continuao daobra anterior, foi compilada por Rui de Azevedo.32. Notcia de Torto:Considerado uma exceo dentro do grupo de diplomas particulares nicooriginal redigido em portugus, e anterior a 1250, chegado at ns.3. Documentos posteriores a 1250:Destacam-se dois textos de Mogadouro preparados por Lindley Cintra Sobre o Idioma, Estylo e Orthographia dos nossos Documentos e Monumentos descobertos por Joo Pedro Ribeiro no primeiro quartel do sculo XIX. Todos ostextos so posteriores a 1255, data do encontrado no convento de Arnoia. Algunsdocumentos originrios dos conventos de Av Maria do Porto (1262), de Bostelo(1267), de Roriz (1268), da Pendurada (1272)e de Refoios de Basto (1275)._______3 AZEVEDO, Rui Pinto de, 194080: Documentos medievais portugueses. Documentos Particulares,vol. III IV (1101/1115/1116/1123). Lisboa, Academia Portuguesa de Histria. 70. 704. Livro de D. Joo de Portel Cartulrio privado favorito do rei D. Afonso III, D. Joo Peres de Aboim,conhecido tambm como D. Joo de Portel. Contm cartas redigidas em latim, castelhano e portugus. Escritasprovavelmente antes de 1285, ano da morte de D. Joo Peres de Aboim, forampublicadas na revista Archivo Historico Portuguez, por Pedro de Azevedo, entre1906 e 1909.c) Leis Locais: Documentos no literrios, incluem-se neles duas espcies diferentes: osForos e os Forais. 1. Foros ou Costumes: so [...] uma transposio para a escrita do direitoconsuetudinrio tradicional de uma determinada vila, transmitido oralmentedurante sculos e fixado num dado momento histrico por algum letrado,provavelmente um notrio local. (Cintra, 1963, p. 53, apud Castro, 1991, p.188).Os foros mais antigos foram redigidos na segunda metade do sculo XIII edestacam-se: Foros de Galvo (1267); Foros da Guarda (copiado entre 1273 e 1282); Costumes de Terena comunicados a vora (1280); Costumes de Santarm comunicados a Oriola (1294). 2. Forais: so cartas breves, onde so contidos os direitos locais, direitosconcedidos por um senhor feudal ou uma corporao superior (civil ou militar),mas frequentemente outorgados pelo prprio rei. (Castro, 1991, p. 189).Todos os forais, de 1095 at 1279, foram redigidos em latim; apresentavamgraus diferentes de contaminao de formas romnicas. Totalizaram-se 261forais; muitas das vezes foram escritos pelos notrios do senhor ou do rei. 71. 71 Os forais dos perodos supracitados foram recolhidos no volume II, Leges et Consuetudines dos Portugaliae Monumenta Historica.A circulao d e tradues portuguesas dos forais latinos s comeam a circular no sculo XIV.d) Leis Gerais:Constituem-se de decretos, ou compilaes de decretos, sados daschancelarias reais. Sua promulgao afetava ou tentava afetar a inteira vida danao. Esses textos aparecem editados no Portugaliae Monumenta Historica epossuem, de acordo com Cintra (1963, p. 55), [...] um valor lingustico semelhanteaos dos documentos das chancelarias reais. difcil encontrar neles vestgios departicularidades lingusticas locais.Destacam-se: a) Livro das Leis e Posturas ou Livro das Leis Antigas: manuscrito de fins do sculo XIV; conservado na Torre do Tombo. b) Ordenaes de D. Duarte (de D. Afonso V); c) Ordenaes Afonsinas (de D. Afonso V).e) Inquiries:Inquiries ou Inquisitiones so [...] o resultado dos levantamentos escritos,em forma de relatrios, das propriedades e direitos da casa real. (Castro, 1991, p.189).Esses textos ofercem um material lingstico excepcional, principalmente parao estudo da toponmia e da antroponmia.Destacam-se: a) Inquiries Gerais de D. Afonso II: de 1220, foram conservadas numa cpia ligeiramente posterior a 1289; b) Inquiries Gerais de D. Afonso III: de 1258, foram conservadas em uma cpia um pouco posterior. 72. 72Uma partes desses textos encontra-se recolhida no tomo IV de Inquisitiones dasrie Portugaliae Monumenta Historica.f) Outros:Castro (1991, p. 190) assim se refere a uma srie de textos inclassifcveis, ouque preferimos incluir nesta ltima seco de documentos no literrios, onde sepodem encontrar elementos importantes para o estudo da histria do portugusantigo.Destacam-se: Tradues de textos jurdicos castelhanos, nomeadamente da chancelariado rei Afonso X, do sculo XIII e XIV; Obiturios da S de Coimbra dos sculos XIII e XIV; Inventrios das casas reais, particularmente a de D. Dinis (entre 1278 e1282); Inventrios dos bens da Ordem de Avis (1364).Castro (1991, p. 190 192) cita ainda os seguintes textos4:Poesia:1. Cancioneiro da Ajuda (ex do Col. Dos Nobres): Bibl. Da Ajuda, sculo XIII5;2. Cancioneiro da Vaticana: Bibl. Vaticana, sculos XV XVI6;3. Cancioneiro da Biblioteca Nacional (ex Colocci-Brancuti): Bibl. Nacional de Lisboa,sculos XV XVI;4. Cantigas de Santa Maria [2 mss.: Madrid (Escorial) e Florena], sculo XIII;_______4Castro no numera a produo abaixo. Seguimos ipsis littwris a classificao realizada pelo autor.5Serafim da Silva Neto (1952) data-o de 1275.6Para Serafim da Silva Neto (1952), fins do sculo XV. 73. 735. Pergaminho Vindel: folha de pergaminho que contm as cantigas de amigodo trovador Martim Codax. Acompanhada da respectiva notao musical; data dosculo XIII. Pertence Pierpont Morgan Library (New York);6. Pergaminho Sharrer: folha de pergaminho que contm cantigas de amor de D.Dinis. Acompanhada da respectiva notao musical; data do sulo XIII. Foidescoberto em 1990 por Harvey L. Sharrer. Encontra-se na Torre do Tombo.Novelstica:1. Livro de Jos de Arimateia (Torre do Tombo): ca. 1544 (cpia de um ms. de1314).2. Merlim (Bibl. Nac. Barcelona), sculo XIV. Fragmento do elo perdido entre o Josde Arimateia e a Demanda, que com o Merlim formaram a trilogia do Romance doGraal, traduzida do francs para o portugus no sculo XIII.3. Demanda do Santo Graal (Bibl. Nacional de Viena), sc. XV.4. Livro de Tristan (Academia de Historia de Madrid), fragmento, meados do sculoXIV.Nobilirios:1. Primeiro Livro das Linhagens (ms. perdido, publicado na Histria Genealgica daCasa Real de Bragana, sculo XVIII);2. Livro Velho das Linhagens, sculo XIII?;3. Livro das linhagens do Conde D. Pedro: dois manuscritos: Bib. Ajuda, sculo XIV7;e uma cpia no A. N. T. T., sculo XV._______7Para Serafim da Silva Neto (1952), data de 1357. 74. 74Obras de Espiritualidade:1. Regra de So Bento (fragmento, Alc. 14, BNL), incio sculo XIV. H vrios outrosmanuscritos da Regra, produzidos ao longo da Idade Mdia (p. ex. os Alc. 44 e Alc.231);2. Vida de S. Nicolau de Myra (fragmento, capa em pergaminho de um cadernode despesas ad Ordem de Santiago, ANTT) meados sculo XIV;3. Dilogos de S. Gregrio: trs manuscritos: B. N. de Rio de Janeiro, sculo XIV;Alc. 187, B. N. L., sculo XV ( 1416); Alc. 182 , B.N.L., meados sculo XIV;4. Virgu de consolam, sculo XV;85. Viso de Tndalo: 2 manuscritos: Alc. 211, da B.N.L., e 2274, A.N.T.T.; sculoXV;6. Horto do Esposo: 2 manuscritos: Alc. 198, B.N.L., sculo XV; Alc. 212, B.N.L., finsdo sculo XV;7. Castelo Perigoso: 2 manuscritos: Alc. 199, B.N.L., meados do sculo XV; Alc. 214,B.N.L., fins sculo XV.8. Vida de Cristo: Alc. 4513, B.N.L., meados do sculo XV (14423).Historiografia:1. Crnicas breves e memrias avulsas de Santa Cruz de Coimbra: Ms. da BibliotecaMunicipal do Porto, sculo XV;_______8No Brasil: Virgu de Consolaom. Edio crtica, introduo, gramtica, notas e glossrio por Albinode Bem Veiga. Porto Alegre: Livraria do Globo S.A., 1959. (Cpia de um texto do sculo XIV ou XV,traduo do latim).Fonte:http://www.estacaodaluz.org.br/wps/portal/!ut/p/kcxml/04_Sj9SPykssy0xPLMnMz0vM0Y_QjzKLN4h3NQTJgFiOpGoAs6h6CIuPnARX4_83FR9b_0A_YLc0NCIckdFANfaTFY!/delta/base64xml/L3dJdyEvUUd3QndNQSEvNElVRS82XzBfRE0!?WCM_GLOBAL_CONTEXT=/wps/wcm/connect/FRM/GlossarioEBibliografia/Bibliografia/PorAssunto/03DocumentacaoDaLinguaPortuguesa [Site do Museu da Lngua Portuguesa]. Acessado em 20/02/2008. 75. 752. Crnica Geral de Espanha de 1344: 2 manuscritos: Academia das Cincias deLisboa, sculo XV; B. N. Paris, sculo XV. 76. 763 METODOLOGIA E TEORIA: Este captulo divide-se em sees que procuram dar conta de como o trabalhofoi desenvolvido, que mtodos foram empregados e que teorias embasaram essesmtodos. Para efeitos didtico-pedaggicos, ser feita uma apreciao referente: a) aoprocesso de constituio do corpus; b) s fontes utilizadas para a elaborao docorpus informaes gerais pertinentes s obras selecionadas; c) ao corpuspropriamente dito utilizado neste trabalho; d) descrio da recolha dos dados; e)ao percurso de anlise dos dados, ou seja, metodologia empregada.3.1 Da Constituio do Corpus: Nem sempre conseguimos constituir um corpus de acordo com nossos reaisinteresses de investigao quando se trata de estudar um perodo lingstico muitorecuado de uma determinada lngua. o que sucede quando objetivamosaprofundar nossos estudos em relao lngua portuguesa arcaica: Quando estamos estudando uma sincronia pretrita de uma lngua, no nos possvel constituir um corpus de acordo com os nossos interesses de investigao; ele j se encontra delimitado e restrito aos documentos existentes. No caso do perodo arcaico, essa documentao j bastante determinada, por ser o perodo em que se inicia a produo de documentos escritos em portugus. Em um trabalho que procura descrever o quadro lingstico de um momento histrico bastante extenso de uma lngua, [...], no poderamos almejar abranger toda a documentao remanescente do perodo arcaico, mas sim procurar constituir [...] um corpus representativo. (COELHO, 2004, p. 93 94 grifos nossos)Dada a impossibilidade de se fazer um trabalho exaustivo, isto , que esgotassetoda a produo arcaica, constitumos um corpus a partir de obras em prosa e emverso; literrias ou no do referido perodo. Uma vez que as obras originais que constituem a primeira edio de um livro chamadas edies prnceps referentes ao perodo arcaico da lngua portuguesaso bastante inacessveis, raras, muitas vezes de difcil acesso e localizao, almde caras, quando encontradas, em sua maioria em sebos, optamos, na medida dopossvel, por utilizar uma edio fac-similar aquela edio fiel ao original e 77. 77reproduzida por processo fotomecnico ou tipogrfico, contudo, procurou-se utilizarde obras de eminentes autores representativas do perodo abordado, os maisimportantes de cada perodo literrio abordado (Trovadorismo Humanismo Classicismo Literatura de Informao)3.2 Das Fontes Utilizadas para a Elaborao do Corpus: Os textos selecionados, para a coleta dos dados, so em prosa e em verso eabarcam os diferentes gneros e tipos textuais (poemas (lricos/ pico/ religiosos/albas, alvas ou serenas, barcarolas ou marinhas, bailias ou bailadas, romaria,sonetos, tenes) cantigas (amor/ amigo/ escrnio/maldizer), cartas, receitasculinrias, doaes, testamentos, crnicas, vilancetes, verbetes de dicionrios,recibos de compra, manuscritos, editais, peties, procuraes, tratados, denncias,glossrios, direito consuetudinrio, tratado de potica, auto, farsa, comdia etc.),alm de consultas e pesquisas em dicionrios e em gramticas da lnguaportuguesa. Versam as obras sobre temas diversos: amor, flora e fauna brasileiras, odescobrimento do Brasil, ingredientes e modo de fazer de receitas culinrias,doaes e testamentos de bens, denncias, vidas de reis portugueses, a vida noBrasil Colnia, coita damor, saudades do amigo que no regressa, o ambientedomstico onde a moa aguarda o namorado (amante), aspectos tpicos da vidados jograis e/ou da corte, a impossibilidade de realizao amorosa, lamento peladistncia do namorado, amor corts, dilogos com a natureza, narraes de vidasde santos, crticas diretas ou indiretas a pessoas da sociedade, narrativas deviagens, descries de lugares, a instabilidade e a fugacidade da vida e dos bensmateriais, a viagem de Vasco da Gama s ndias, a Histria de Portugal, narrativascavaleirescas, milagres e mistrios de santos, etc. Muitas vezes, critica-se que muitas formas encontradas na lngua ficam apenasnos grandes inventrios das obras lexicogrficas, principalmente nos Thesauru e, narealidade, nunca so utilizadas pelo povo que a fala. Por essa razo, os dados quecompem o corpus so baseados em documentaes histricas e comprovam o usopor um autor ao retratar a poca qual pertence e de que faz parte e a linguagemutilizada pelo povo em determinado perodo histrico-literrio; 78. 78 As fontes utilizadas abrangem do sculo XII ao sculo XVI e, para a seleodas mesmas, consideramos as observaes de Mattos e Silva (1989) acerca daconstituio de um corpus representativo para o estudo do perodo arcaico dalngua. Foram utilizadas: a) documentao potica, ou seja, a lrica galego-portuguesa, reunida nos Cancioneiros Medievais Portugueses, sendo os mais importantes: 1) o Cancioneiro da Ajuda: cdice depositado no Palcio da Ajuda (Lisboa), compilado ou copiado provavelmente em fins do sculo XIII; consiste na mais antiga coletnea de cantigas da poesia trovadoresca; o mais reduzido dos Cancioneiros Medievais e contm 310 cantigas; nela no se encontram cantigas de amigo, cantigas de escrnio nem de maldizer e todas as cantigas so anteriores morte do rei Afonso X, o Sbio; do ponto de vista artstico, salientam-se o valor das iluminuras letras pintadas ou miniaturas que ornamentam um manuscrito que se encontram na obra; 2) o Cancioneiro da Vaticana: provavelmente compilado na Itlia, em fins do sculo XV ou incio do sculo XVI, a partir de originais do sculo XIV; contm cantigas lricas ou lrico-amorosas (cantigas de amor/cantigas de amigo) e cantigas satricas (cantigas de escrnio/cantigas de maldizer), perfazendo um total de 1205cantigas;apresenta cantigas de trovadores anteriores e contemporneos de D. Afonso III, de D. Dinis e de seus filhos; muitas delas includas no Cancioneiro da Biblioteca Nacional; atualmente encontra-se depositado na Biblioteca Apostlica do Vaticano (Roma/Itlia), de onde deriva o nome pelo qual conhecido; 3) o Cancioneiro da Biblioteca Nacional ou Cancioneiro Colocci-Brancutti: datado do sculo XVI, foi compilado de textos originais possivelmente do sculo XIV. o mais completo dos Cancioneiros; inclui textos de todos os poetas contemporneos de D. Dinis e ainda dos filhos do monarca. Contm 1560 cantigas dos gneros e tipos cultivados(cantigas de amor/cantigas deamigo/cantigasde escrnio/cantigas de maldizer), incluindo textos presentes no Cancioneiro da Ajuda e no Cancioneiro da Vaticana, alm de fragmentos de um tratado incompleto de potica a Arte de Trovar que abre o referido Cancioneiro. Esses Cancioneiros marcam a primeira produo literria portuguesa, o Trovadorismo; teve seu apogeu nos sculos XII e XIII, entrando em declnio 79. 79 no sculo XIV. Seu ltimo grande incentivador foi o rei D. Dinis (* 1261 1325) que prestigiou a produo potica em sua corte, tendo sido ele prprio um dos mais fecundos e talentosos trovadores medievais. Para este trabalho, utilizamo-nos de: Lrica Profana Galego-Portuguesa volumes I e II: corpus completo dascantigas medievais (amor/amigo/escrnio/maldizer). Ambos os volumes foramcoordenados por Mercedes Brea, com o apoio de uma equipe de investigao e deapoio dos diversos pesquisadores da Xunta de Galicia e do Centro de InvestigacinsLingsticas e Literrias Ramn Piero. b) documentao em prosa no literria: entendida em seu sentido mais amplo. Trata-se de documentao de natureza jurdica. Em relao a esses documentos, utilizamo-nos de: A Escrita no Brasil Colnia: um Guia para a Leitura de Manuscritos:organizados por Vera Lcia Costa Acioli. Contm textos fac-smimilados dos sculosXVI a XIX, de autores diversos. H cartas, manuscritos, editais, procuraes,tratados, etc. Documentos Portugueses do Noroeste e da Regio de Lisboa: organizadopor Ana Maria Martins, apresenta 218 textos dos sculos XIII (1243) ao XVI (1.metade 1548), a maior parte deles encontrada em Mosteiros Portugueses (S.Miguel de Vilarinho/S. Salvador de Moreira/S. Pedro de Cete/S. Pedro de Pedroso/S.Baptista de Pendorada/S. Andr de Ansede/Chelas) e na regio de Lisboa e aindaindita. Testamento de Afonso II: considerado o mais antigo documento oficial realdatado. Utilizou-se o Testamento presente na obra Curso de Histria da LnguaPortuguesa, de Ivo Castro, a qual traz duas verses do mesmo. c)Documentao em prosa literria: entendida em seu sentido amplo, ope- se aos textos jurdicos. H textos escritos em portugus assim como muitos 80. 80 textos traduzidos do latim ou de outras lnguas. Na realidade, no apresentam grande valor literrio, mas um valor lingstico inestimvel. Retratam, na sua maior parte, a vida medieval na sociedade portuguesa (corte principalmente) e descries das flora e fauna brasileiras, a vida dos primeiros habitantes encontrados no Brasil etc. Utilizamo-nos de: Coisas Notveis do Brasil: sua autoria incerta e ainda no foi comprovada, mas estudiosos atribuem-na ao Padre Lus da Fonseca ou ao Padre Francisco Soares. Carta de Pero Vaz de Caminha: Considerada a Certido de Nascimento do Brasil, ttulo atribudo por Capistrano de Abreu. Nela o escrivo da armada de Cabral narra ao rei de Portugal a viagem iniciada em 26 de abril e concluda no dia 1. De maio de 1500. Considerado o mais minucuoso e importante documento relacionado viagem da esquadra de Cabral ao Brasil, o documento s se tornou pblico em 1790, sendo publicada a primeira vez no Brasil em 1817, pelo gegrafo Manoel Ayres do Casal, no primeiro volume da Corographia Braslica..., de autoria de Manuel Aires do Casal. Contm informaes e pormenores sobre a viagem ao Brasil e a estadia nesse pas inexistentes em outras fontes conhecidas. Utilizamo-nos do Vocabulrio da Carta de Pero Vaz de Caminha, edio preparada por Silvio Batista Pereira e publicada pelo INL/ME