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ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO CONVERSA EM FAMÍLIA Professora: Joana Ormundo Matéria: Teorias do Texto Maio 2013 Ana Carolina Polo da Cruz Felício RA: B621EE-4 Déa Dilma Dias Corrêa de Souza RA: B804AB-8 Fátima Cristiane M. da Silva RA: B7878F-3 Nelson Chanquini de Lima Filho RA: B821IH-7 Sônia Sara de Oliveira Gomes RA: B7246F7

Trabalho de Análise da Conversação - Teorias do Texto

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Este trabalho foi desenvolvido por alunos do primeiro semestre do curso de Letras da Universidade Paulista. Professora Orientadora: Joana Ormundo.

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ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO

CONVERSA EM FAMÍLIA

Professora: Joana Ormundo Matéria: Teorias do Texto

Maio 2013

Ana Carolina Polo da Cruz Felício RA: B621EE-4

Déa Dilma Dias Corrêa de Souza RA: B804AB-8

Fátima Cristiane M. da Silva RA: B7878F-3

Nelson Chanquini de Lima Filho RA: B821IH-7

Sônia Sara de Oliveira Gomes RA: B7246F7

ÍNDICE

Apresentação.....................................................................................................................1

Transcrição da Conversa...................................................................................................2

Autorização........................................................................................................................4

Análise da Conversação.....................................................................................................5

Questões sobre o trabalho (pré-projeto feito em sala de aula)..........................................8

Bibliografia......................................................................................................................10

APRESENTAÇÃO

Como diria Luiz Antônio Marcuschi, “a conversação é a prática social mais comum no

dia-a-dia das pessoas”. É através dela que podemos observar a nossa língua na prática, a

nossa pontuação, a nossa habilidade de nos comunicarmos com o outro (ou com os

outros) de maneira clara e objetiva, fazendo com que sejamos compreendidos. Em

segundo plano, a análise da conversação nos disponibiliza a construção de identidades

sociais no contexto real, sem artifícios ou correções – é a nossa naturalidade como

falante que domina.

Mas, para realizarmos tal tarefa, é necessária uma enorme coordenação de ações que

vão além da simples habilidade linguística do falante, preocupando-se com os

conhecimentos paralinguísticos (gestos, por exemplo) e sócio-culturais (região,

educação, renda, entre outros), que ultrapassam a visão de uma análise estrutural,

passando para uma interpretação individual de cada integrante da conversa.

Cada falante é único. Cada falante usa a sua língua de uma maneira diferente, sendo o

contexto um dos principais fatores de análise dessa atividade social.“A rigor, a Análise

da Conversação (aqui, tratada constantemente como AC), é uma tentativa de responder

a questões do tipo: como é que as pessoas se entendem ao conversar? Como sabem que

estão se entendendo? Como sabem que estão agindo coordenada e cooperativamente?

Como usam seus conhecimentos linguísticos e outros para criar condições adequadas à

compreensão mútua? Como criam, desenvolvem resolvem conflitos interacionais?”¹

A partir dos conhecimentos adquiridos com a leitura do livro Análise da Conversação,

de Luiz Antônio Marcuschi, e do conhecimento adquirido em sala de aula, buscamos,

neste trabalho, analisar uma conversa de caráter familiar.

¹MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. 6 ed. São Paulo: Ática, 2007.

TRANSCRIÇÃO DA CONVERSA

São Paulo - 2013

(Contexto: S está conversando com N sobre a compra de um celular novo quando M

coloca na mesa uma tigela de chouriço que oferece ao J.)

S: Paga mais os... só de taxa, ce deve tá paganu uns quarenta e cinco: : :

M: Olha Joaquim

S: Esse telefone dela é estranho Nelson

M: [[eu naum sei ce gosta ein

N: Eu vou comprá um quivendi ali na Lapa dois chipi

S: Dois chifri não são dois chipis. Que isso”

J: É uma delícia exprementa pra vê qui gostoso que é

S: [[o churiço”

M: É a coisa melhor dibãoqui tem

S: [[ é churiço”

M: É

S: Eu comia isso quando era piquena

N: [[é assado Joaquim”

S: [[am”

M: Ai é muito bão

N: É assado, frito, como que é”

S: É cru

M: [[nããão é cru

S: É os bofi do boi

J: Não é cozido, tá feito, tá feito, é o sangui

M:[[é naaada é o sangui

S: É o sangui do boi tó

M: [[magina o sangue do boi

S: Ce num toma sangue di boi? Comi o sangue di boi ((risada))

N: O boi eu sei qui é gostoso

J: [[muito gostoso

M: Aii eu adoru

(+)

S:Qui horror

J: [[podi frita também mas eu achuqui ele frito ele perde o gosto

N: [[é deixo xo pegar uma... uma latinha

S: [[AHHHHH

J: Issu me faz lembrá o arroz cum...

N: [[meu irmão foi buscá sem álcool puce Joaquim

pera aí

J: Eli faz lembráuuu... o arroz ao molho pardo qui é...

M: [é né”

N: Fedi”

(+)

S: É horrível

J: É, o sangui de galinha qui é uma delícia

M: Ai Joaquim, para

J: Nossa eu... eu não vejo a hora difri

M: [[comi cuca, faisbem

S: [[ai não, naumqueru isso não

AUTORIZAÇÃO

As autorizações foram feitas separadamente numa folha impressa, entregue para a

professora Joana Ormundo.

Eu, Maria Aparecida Polo, autorizo a utilização da gravação de voz feita no dia doze de

maio de dois mil treze,às treze horas.

ASSINATURA: ______________________________________________

Eu, Nelson Henrique Polo, autorizo a utilização da gravação de voz feita no dia doze de

maio de dois mil treze, às treze horas.

ASSINATURA: ______________________________________________

Eu, Silvia Regina Polo da Cruz Felício, autorizo a utilização da gravação de voz feita no

dia doze de maio de dois mil treze, às treze horas.

ASSINATURA: ______________________________________________

Eu, Joaquim Carlos da Cruz Felício, autorizo a utilização da gravação de voz feita no

dia doze de maio de dois mil treze, às treze horas.

ASSINATURA: ______________________________________________

ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO

Esta conversa foi gravada no dia doze de maio de dois mil e treze, por volta das treze

horas, quando a M estava preparando o almoço em comemoração ao dia das mães.

Todos (J, S e N) estavam sentados diante de uma mesa redonda, S estava conversando

com N sobre o celular de uma outra pessoa que não participou do diálogo, enquanto M

estava conversando com J e subitamente, abriu a geladeira e tirou um pote contendo

chouriço e pediu para que J experimentasse.

Logo, a conversa ficou em torno do alimento diferente que M tinha colocado na mesa e

que S e N não estavam muito certos de que conheciam o chouriço e de que era gostoso.

Podemos observar, no decorrer do diálogo, que por diversas vezes os participantes

“atropelam” uns aos outros, querendo tomar o turno, o que nos faz lembrar uma regra

geral básica que Marcuschi citou em seu livro: fala um de cada vez. Se esse esquema

não for seguido, pode acontecer de um falante não entender o outro, formando lacunas

(como aconteceu diversas vezes com o J, que não conseguia terminar a frase) e breves

interrupções que aos olhos dos outros, pode soar como algo grosseiro. Nesse caso, para

evitar esse conflito, é necessário que os falantes observem quem tem a palavra e

quando, respeitando o turno (aqui entendido como aquilo que um falante faz ou diz

enquanto tem a palavra, incluindo aí a possibilidade do silêncio).

Além disso, podemos notar a sobreposição de vozes, ou seja, o turno é realizado desde

seu início por várias pessoas ao mesmo tempo. No momento em que isso ocorre, como

por exemplo:

S: [[o churiço?

M: É a coisa melhor dibãoqui tem

S: [[ é churiço?

M: É

No caso, o S teve que perguntar duas vezes, pois ele não conseguiu atingir a sua meta na

primeira tentativa de perguntar a M o que continha dentro do pote, pois M estava se

dirigindo a todos os falantes e não especificamente a S. Outro exemplo de

simultaneidade:

N: [[é assado Joaquim?

S: [[am?

M: Ai é muito bão

N: É assado, frito, como que é?

S: É cru

M: [[nããão é cru

S: É os bofi do boi

J: Não é cozido, tá feito, tá feito, é o sangui

N também teve de fazer a sua pergunta duas vezes, pois na primeira ele não conseguiu

obter a resposta de J, já que S e M tomaram o turno e responderam por ele. Apenas

quando S concluiu a sua resposta que J pôde responder a N que o chouriço é cozido.

J: Issu me faz lembrá o arroz cum...

N: [[meu irmão foi buscá sem álcool puce Joaquim

pera aí

J: Eli faz lembráuuu... o arroz ao molho pardo qui é...

M: [é né”

J não conseguiu completar a sua frase, pois enquanto estava tentando recordar o

acompanhamento do arroz, N tomou o seu turno e desviou completamente a conversa,

avisando ao J de que o irmão de N foi buscar cerveja sem álcool para J, assunto que não

estava em pauta.

M: Ai Joaquim, para

J: Nossa eu... eu não vejo a hora difri

M: [[comi cuca, faisbem

Mais uma vez, J não conseguiu terminar a sua frase, pois M tomou o seu turno quando

foi se direcionar para outro falante.

Outra observação que pode ser feita em nossa análise é a questão das pausas, hesitações

e o silêncio que ocorreram durante o diálogo.

S: Paga mais os... só de taxa, ce deve tá paganu uns quarenta e cinco: : :

Nessa fala, S tenta se recordar da quantia exata do preço do celular, necessitando de um

tempo para que possa se lembrar do valor, S utiliza de uma técnica chamada

reduplicação de artigo, com a utilização da vogal “o” da palavra “cinco”. Às vezes, essa

técnica funciona para o ouvinte como um pedido de socorro, ou seja, como se ela

tivesse dito “me ajudem a lembrar do valor do celular”.

Em outra situação da conversa, há um breve silêncio:

N: Fedi”

(+)

S: É horrível

Este silêncio pode significar que nenhum dos outros falantes (S, J e M) optou por tomar

o turno, deixando o N sem resposta. Após a pausa, S toma a palavra e responde a

pergunta.

QUESTÕES SOBRE O TRABALHO

(PRÉ-PROJETO FEITO EM SALA DE AULA)

1) Introdução:

Após a leitura do livro Análise da Conversação, de Luiz Antônio Marcuschi, e dos

debates realizados em sala de aula, a professora Joana desenvolveu conosco a criação de

um trabalho onde deveríamos gravar ou filmar uma conversa natural entre no mínimo

dois falantes, transcrevê-la (levando em consideração todos os desvios naturais e

individuais dos falantes) e por fim, analisá-la em seus aspectos linguísticos,

paralinguísticos e sócio-culturais. O trabalho será apresentado em sala de aula para os

colegas e uma versão impressa deve ser entregue para a professora.

2) Objetivos:

Ampliar os nossos conhecimentos sobre a conversação - a prática social mais comum no

dia-a-dia de qualquer falante, reconhecer os marcadores conversacionais presentes na

fala e como eles podem ser transcritos, identificar a noção de turno e a maneira como

ele é distribuído na construção da conversa, discorrer sobre como ocorre à organização

da conversa e como os interlocutores se relacionam, interpretar as pausas, as hesitações,

as entonações e o que elas significam, dialogar com as teorias relacionadas a essa

pesquisa, como linguística textual, sociolinguística, pragmática, análise do discurso,

entre outros.

3) Justificativa:

O trabalho abordou temas que foram além da matéria Teorias do Texto, passando por

outras disciplinas, como: semiótica, filosofia da linguagem, antropologia, história,

sociologia, entre outras. Essa atividade nos trouxe uma nova perspectiva

interdisciplinar, estabelecendo relações com a situação da língua enquanto fala e como

ela se materializa (exterioridade da linguagem), sendo assim, desenvolver a capacidade

de separar a materialidade da língua e seus contextos de produção. Foi uma forma de

investigarmos, como alunos do curso de Letras, os aspectos da organização do texto

conversacional e claro, os fenômenos que ocorrem durante o diálogo.

Outros pontos que observamos através da realização deste trabalho, foram:

Como ocorre a organização da conversa;

O que é o turno e como ele funciona;

Quais são e para que servem os marcadores conversacionais;

Como os falantes sabem que estão se entendendo e como eles se corrigem;

Como eles usam seus conhecimentos linguísticos e outros conhecimentos para

serem compreendidos;

Todos esses tópicos nos ajudaram na compreensão da prática social mais comum no

dia-a-dia: a conversação, e claro, como estudantes de Letras, ampliou a nossa percepção

de língua, de linguagem e da forma como fazemos uso delas na prática. Por mais que

cada falante seja único, todos os falantes buscam um único objetivo: serem capazes de

se comunicar com os outros, se fazendo entender e compreender o que o outro tem a lhe

dizer. É por isso que esse trabalho foi tão importante, pois nos fez compreender como

essa atividade, tão corriqueira em nossas vidas, se realiza e o que ela representa para

todos nós, comunicadores.

4) Metodologia:

A gravação foi feita num almoço em família no dia das mães. Todos estavam reunidos

diante de uma mesa redonda, quando um dos integrantes do grupo colocou o celular na

mesa e começou a gravar, sem que ninguém percebesse. Foram feitos vários “testes”,

pois muitas conversas foram iniciadas, mas terminaram sem uma conclusão, já que

todos estavam falando ao mesmo tempo e quase sempre se desentendiam.

Depois que a conversa foi realizada, foi solicitado a autorização dos participantes da

conversação para que o grupo pudesse fazer uso da gravação no trabalho.

Em seguida foi feita a primeira transcrição, levando em consideração apenas as falas.

Depois de uma correção, iniciamos com a colocação dos marcadores conversacionais e

identificamos os interlocutores do diálogo, colocando os turnos.

Terminada a transcrição, partimos para a organização estrutural do projeto (capa, índice,

apresentação, etc), para depois, desenvolver a análise da conversação.

A última parte foi a impressão do trabalho e a criação do mesmo no PowerPoint para

visualização do projeto em sala de aula.

5) Cronograma:

A gravação foi realizada dia doze de maio de dois mil e treze, por volta das treze horas e

as autorizações foram assinadas aproximadamente trinta minutos depois. A primeira

transcrição foi feita no mesmo dia,às vinte horas. Na terça-feira, começamos a segunda

transcrição e a organização estrutural do projeto foi feita no domingo, dia dezenove de

maio de dois mil e treze, por volta das dezenove e trinta.

Resumidamente, disponibilizamos de uma semana para realizar todo o projeto.

6) Bibliografia:

Leitura do livro:

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. 6 ed. São Paulo: Ática, 2007.

7) Anexos:

CD contendo a gravação da conversação.

BIBLIOGRAFIA

Leitura do livro:

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. 6 ed. São Paulo: Ática, 2007.

Site consultado:

http://www.coladaweb.com/como-fazer/bibliografia visitado no dia 19/05/13 às

19h50min.