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Pride and Prejudice: Literatura - "Das Páginas de Jane Austen para as Telonas"
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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA LICENCIATURA EM LETRAS – PORTUGUÊS / INGLÊS
CARLOS FABIANO DE SOUZA CARLOS RENATO P. SOUZA
MERYELEN CARVALHO DOS SANTOS
PRIDE AND PREJUDICE Literatura: “Das Páginas de Jane Austen para as Telonas”
Campos dos Goytacazes Maio de 2009
CARLOS FABIANO DE SOUZA CARLOS RENATO P. SOUZA
MERYELEN CARVALHO DOS SANTOS
PRIDE AND PREJUDICE Literatura: “Das Páginas de Jane Austen para as Telonas”
Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Literatura Inglesa III do curso de Licenciatura em Letras – Português / Inglês da Universidade Salgado de Oliveira. Orientador: Profa.Tânia Teixeira
Campos dos Goytacazes Maio de 2009
“The best of a book is not the thought which it contains, but the thought which it suggests; just as the charm of music dwells not in the tones but in the echoes of our
hearts.”
Oliver Wendell Holmes
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................……………………………………………………… 5
2. ARTE LITERÁRIA VS. ARTE CINEMATOGRÁFICA ............................................. 9
3. JANE AUSTEN (1775 – 1817) ..........................................................…………………... 11
4. PRIDE AND PREJUDICE ......................................................………………………..... 15
4.1 O Romance ....................................................................................……………………..… 15
4.2 Personagens .........................................................…………………………………...…..... 17
4.3 Sinopse ...................................................................................………………………..….... 22
5. O ROMANCE VS. O FILME ........................................................................................... 25
6. O MATRIMÔNIO E AS ALTERNATIVAS ................................................................... 27
6.1 The status of women ............................................................................................................ 27
7. THE POLITICS OF THE 18TH CENTURY DATING .................................................. 32
8. THE FIRST SKIN – ON – SKIN TOUCH ...................................................................... 36
9. TEMAS PRINCIPAIS ....................................................................................................... 38
9.1 Pride ..................................................................................................................................... 38
9.2 Prejudice .............................................................................................................................. 38
9.3 Family ......................................................................................................................……… 39
9.4 Reputation ............................................................................................................................ 39
9.5 Women and marriage ............................................................................…………………... 40
9.6 Class ............................................................................................………………………..... 40
9.7 Individual and society ....................................................................……………………..… 41
9.8 Virtue ...................................................................…………………………………...…..... 41
10. MOTIFS ................................................................................………………………..….... 43
10.1 Courtship .............................................................................................................................. 43
10.2 Journeys ............................................................................................................................... 43
11. SYMBOLS ......................................................................................................................... 44
11.1 Pemberley ............................................................................................................................ 44
12. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 45
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 48
14. ANEXOS ............................................................................................................................. 50
14.1 Slides .................................................................................................................................... 50
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1. INTRODUÇÃO
A Literatura é uma arte. Através da palavra, seu instrumento principal, tal
arte assume diferentes formas que produzem diversas sensações no receptor.
Tal arte permite que o leitor possa utilizar a imaginação e toda
sensibilidade como “ponte de ligação” entre o mundo do mesmo e o novo mundo que começa a
ser descortinado em sua “frente”, à medida que ele começa a mergulhar profundamente na leitura
da obra. Tal fato acontece toda vez que o leitor sente prazer ao ler um livro.
A leitura de um Clássico da Literatura, revela-nos um mundo muitas
vezes desconhecido num primeiro instante. Porém, o texto pode se revelar familiar à realidade do
leitor devido à intensidade das conexões que são inferidas a partir da análise mais aprofundada da
obra bem como da capacidade do artista literário em produzir algo que nos faz sentir parte do
texto literário.
Segundo Afrânio Coutinho1, a literatura, como toda arte, é uma
transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e transmitida através da
língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa,
então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde
proveio.
Fato é que ao ler as obras literárias da grande autora inglesa, Jane Austen,
os leitores se deparam com realidades e universos muito familiares e, portanto, torna-se
inevitável não sentir o saboroso prazer por uma leitura que nos conduza a um mundo imaginário,
porém, com um “tom” de realidade.
1 Afrânio Coutinho: (Salvador, 15 de março de 1911 — Rio de Janeiro, 5 de agosto de 2000) foi professor, crítico literário e ensaísta brasileiro. Ocupou a Cadeira nº 33 da Academia Brasileira de Letras, onde foi eleito em 17 de abril de 1962.
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É difícil classificar a obra de Jane Austen como parte de uma escola ou
período literário, mas sua obra fica situada na Literatura Inglesa entre o fim do Romantismo e o
início do período Vitoriano. A grande verdade é que Jane Austen marcou a transição da
Literatura Inglesa do Neoclassicismo do século XVIII para o Romantismo do século XIX.
Toda obra de Jane Austen fascina pelo encanto e beleza transmitidos
através dos diálogos muito bem elaborados e pela propriedade com a qual esta fabulosa
romancista cria os universos que ambientam os relacionamentos humanos baseado na sua
profunda observância da vida humana de seu tempo. O que a torna uma das mais amadas autoras
britânicas.
Sua obra, Pride and Prejudice (Orgulho e Preconceito), publicada em
1813, é o livro favorito pelos seus fãs. Ele inicia com a memorável frase: “It is a truth
universally acknowledged, that a single man in possession of a good fortune, must be in want of
a wife.” Austen escreveu o primeiro rascunho do romance, originalmente chamado “First
Impressions”, nos anos de 1790, enquanto morava com sua família em Steventon Rectory em
Hampshire.
Neste nosso trabalho, fica claro que a obra de Jane Austen em questão
permite-nos analisar a vida dos personagens do romance moderno, que apesar de estarem presos
a uma realidade ambientada no século XIX, são personagens que expressam sentimentos e
atitudes muito comuns a natureza humana. A partir de toda sua observância de mundo, esta
brilhante autora mostra uma “paisagem” social em sua ficção, e não “geográfica”. Ou seja, é a
exploração das maneiras e moralidades da Inglaterra do século XIX que torna suas histórias
românticas tão populares e duradouras.
As obras de Jane Austen exercem tamanho fascínio que muitas têm sido
as diversas releituras de suas obras para o cinema.
O cinema tem, constantemente, levado para as “telonas” filmes campeões
de bilheteria inspirados em Clássicos Literários. Com as obras de Austen não seria diferente, já
que, ela é considerada uma das romancistas inglesas mais enaltecidas e populares.
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Hollywood sempre busca lançar sucessos e fez de Jane Austen uma das
romancistas mais quentes dos anos 90. Embora ela, que escreveu romances com um humor
delicado, tenha morrido a 192 anos atrás, muitos de seus livros se tornaram sucessos da indústria
cinematográfica. Desde então muitas têm sido as releituras de sua obra também para a TV.
Podemos dizer que graças às adaptações e produções televisivas dos
romances de Jane Austen, estes têm se tornado enormemente popular entre o público em geral.
Pride and Prejudice é a obra mais conhecida e mais freqüentemente dramatizada, mas acredita-
se que logo todos os romances de Austen terão chegado às telas. Até mesmo sua suposta vida
amorosa é tema de um filme.
Muitos dos roteiristas mantêm as características principais presentes na
obra. No entanto, o interesse comercial faz com que tais clássicos ganhem um novo formato a
partir das adaptações baseadas nos temas centrais dos mesmos. Ao assistir ao Orgulho e
Preconceito (o filme), percebe-se o quanto o diretor Joe Wright buscou de modo genial manter-
se o mais fiel possível à obra literária.
A maior parte dos lugares em Pride and Prejudice são ficcionais, mas
baseados no conhecimento pessoal de Austen acerca das casas, ambientes rurais e locais no sul da
Inglaterra. As locações escolhidas para o filme tentaram ser as mais reais possíveis para criar
uma fidelidade aos ambientes mencionados nas páginas do romance.
Embora alguns personagens secundários presentes no livro tenham sido
descartados pelo filme, as personagens principais dão a trama o tom exato que leva-nos a fazer
uma conexão direta entre a obra literária e a cinematográfica. O ambiente familiar dos Bennet
fica claro desde o início do filme devido à maneira como o cineasta buscou retratar a dinâmica da
família que é o “coração” da obra.
Por ser uma obra de grande representação dentro da Literatura Inglesa,
cabe-nos discutir alguns dos principais temas e características presentes na história.
Analisaremos o papel da mulher no período literário no qual a obra se insere, já que, Jane Austen
escreve a partir de uma realidade que ela conhecia muito bem.
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A questão do matrimônio, os relacionamentos afetivos e amorosos, a
estrutura familiar, enfim, Austen nos brinda com vários fatores sociais e morais da época que
estão presentes em Orgulho e Preconceito, explorados de forma brilhante.
Enfim, mostrar de que maneira esta obra literária em questão se
apresenta no cinema, bem como os pontos convergentes e divergentes desta podem ser
determinantes para uma análise mais apurada da obra como um todo, torna-se um desafio
interessante e prazeroso.
É sabido que Literatura é Arte. A arte da palavra que se transforma em
imagens transformadas em “frames” que ganham forma, vida – através dos atores (personagens),
dos cenários, das cores e da magia que envolve a sétima arte. Portanto, viva a literatura e viva o
cinema que cada vez mais aproxima-nos dos Clássicos Literários.
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2. ARTE LITERÁRIA VS. ARTE CINEMATOGRÁFICA
Podemos dizer que a Arte Literária é a arte que cria, pela palavra, uma
imitação da realidade. A palavra como sendo a ferramenta principal do artista literário nos leva a
conhecer um mundo novo e nossa imaginação – através da mente humana – transforma-se na
ponte capaz de fazer com que nos remetamos ao mundo imaginado pelo autor e muitas vezes até
criamos em nossa mente um novo mundo, mostrando, desta maneira, o quanto o poder da
Literatura é transformador.
O que seria a Arte Cinematográfica, então? Bem, podemos dizer que a
Sétima Arte é capaz de transformar em imagens e sons uma realidade ficcional sendo esta
baseada em fatos reais ou não.
Literatura e Cinema são namorados antigos, e deste
relacionamento já saíram alguns frutos bem apetitosos.
A grande literatura de Marcel Proust e o cinema Disponível em: <http://www.cronopios.com.br/site/colunistas.asp?id=289>
Edson Cruz
A afirmação acima feita por Edson Cruz ilustra brilhantemente a relação
intrínseca existente entre Cinema e Literatura.
O cinema é um dos grandes responsáveis pela propagação de textos
literários ao permitir que milhares de pessoas tenham contato com a Literatura, embora a maior
parte destas pessoas nem se dêem conta de que tal produção campeã de bilheteria tenha sido
inspirada num Clássico da Literatura.
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Para aqueles que já tenham lido um livro saber que tal livro tenha virado
uma produção do cinema significa a chance de vivenciar novamente as emoções sentidas durante
a leitura. Porém, desta vez, o leitor terá a oportunidade de sentir as mesmas emoções provocadas
através das imagens e possíveis trilhas sonoras que dão um toque todo especial à história. A
partir daí, o espectador pode sentir-se estimulado a reler o livro em busca de comparar e analisar
os pontos convergentes e divergentes encontrados nas duas produções. Por outro lado, alguém
que nunca tenha lido um determinado Clássico Literário, ao conhecer este através do filme, pode
sentir-se perfeitamente atraído pela leitura do livro. Assim, este pode até virar fã e apreciador do
autor do livro referido e, então, enveredar por outras leituras.
A Arte Literária e a Arte Cinematográfica provam estar intimamente
ligadas a cada dia. E, portanto, quem só tem a ganhar com isso é o grande público. A dimensão
alcançada pelo cinema é bem maior. Infelizmente, é bem mais fácil encontrar, em nossos dias,
pessoas com pré-disposição para assistirem a um filme do que lerem um livro. No entanto, se o
filme for realmente atraente e, por isso, tornar-se interessante aos olhos do público, a
possibilidade de que haja busca pelo livro é grande ao passo que se descobre que o filme foi
baseado numa obra literária.
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3. JANE AUSTEN (1775 – 1817)
Jane Austen nasceu em 1775 em Steventon, Hampshire, no Sul da
Inglaterra. Ela era a sétima de oito filhos de um pastor anglicano, o Reverendo George Austen.
Ele era um homem muito culto que encorajou Austen ambos em sua leitura e sua escrita. Ela
cresceu num ambiente familiar muito unido. Ela começou a escrever na adolescência.
Em 1801, a família mudou-se para Bath; então, após a morte de George
Austen, em 1805, mudaram-se para Southampton e finalmente Chawton em Hampshire (a casa
onde Jane viveu, que ainda pode ser visitada). Ela teve uma vida tranqüila, sem incidentes,
visitando ocasionalmente Londres, Bath, Lyme e a casa de seus irmãos. Austen, sua irmã
Cassandra e sua mãe mudaram-se várias vezes até se instalarem em definitivo em Chawton,
próximo a Steventon.
Nunca se casou, embora tivesse vários admiradores. Ela aceitou uma
proposta de casamento, mas no dia seguinte mudou de idéia e rejeitou o mesmo. Ela tinha 27
anos quando foi pedida em casamento pelo rico, Harris Bigg-Wither. Pouco é sabido sobre seus
casos amorosos, visto que sua irmã Cassandra foi cuidadosa ao editar as cartas particulares de
Austen após a morte dela, porém, parece que provavelmente Austen experimentou uma desilusão
amorosa.
É sabido que ela se apaixonou por um homem chamado Tom Lefroy
quando ela ainda tinha 20 anos. Ambos eram pessoas respeitáveis da mesma classe social, mas
porque ele não tinha dinheiro, ainda era jovem e tinha todo um mundo pela frente, a família dele
logo colocou um fim no possível relacionamento. Ele foi levado de volta para a Irlanda sua terra
natal.
A vida de Austen foi gasta em um círculo familiar afetuoso e ela era uma
tia amada por seus sobrinhos e sobrinhas.
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Ela morreu em Winchester em 1817, com apenas quarenta e dois anos.
Em 1816, Austen começou a sofrer de uma enfermidade, provavelmente devido à doença de
Addison2. Ela viajou para Winchester para que recebesse tratamento e morreu por lá em 18 de
julho do referido ano.
Ela começou a escrever quando tinha apenas quatorze anos e aos seus 20
anos já estava trabalhando nas primeiras versões de alguns de seus romances. Ela não escrevia
sobre grandes eventos como a Revolução Francesa ou as Guerras Napoleônicas, ambas das quais
aconteceram durante seu período de vida. Ela escreveu sobre o que ela conhecia melhor – a vida
cotidiana das visitas sociais, casos amorosos e enlaces matrimoniais. Em uma carta para uma
sobrinha ela escreveu, “Três ou quatro famílias num vilarejo na área rural já basta para se
começar um enredo.” E em resposta a uma sugestão de assunto para seu próximo romance, ela
explicou que ela não poderia escrever nada sem ‘rir dela mesma ou outras pessoas.’ Com sua
característica modéstia ela terminou, ‘Não, devo manter meu próprio estilo e continuar na minha
própria maneira; e embora eu nunca possa obter sucesso novamente desta forma, estou
convencida que eu fracassaria completamente de outra maneira.’
Jane Austen was born an English novelist whose books, set
amongst the English middle and upper classes, are notable for their wit, social observation
and insights into the lives of early 19th century women.
A Sketch of Jane Austen by her sister Cassandra Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/history/historic_figures/austen_jane.shtml>
A declaração acima, feita pela irmã de Austen, Cassandra, ilustra de
modo brilhante o quanto à observância da vida humana era uma especialidade desta brilhante
escritora britânica.
2 A doença de Addison, também conhecida como insuficiência adrenal crônica ou hipocortisolismo é uma rara doença endocrinológica. Foi descrita pela primeira vez pelo britânico Thomas Addison na sua publicação de 1855: On the Constitutional and Local Effects of Disease of the Suprarenal Capsules (Sobre os Efeitos Locais e
Constitucionais das Doenças das Cápsulas Suprarrenais).
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Jane Austen não escrevia por nenhuma causa nobre. Ela escrevia porque
ela tinha vontade de escrever, mas, principalmente, entreter o público leitor. Este é o ponto
principal, a essência de seus livros. Eles não estão lá para fazer as pessoas conduzirem vidas
melhores, eles estão lá para fazê-las sentirem-se satisfeitas, felizes e com prazer.
Seus seis principais romances são agora Clássicos da Literatura Inglesa.
Suas obras de destaque são Sense and Sensibility, Pride and Prejudice, Mansfield Park, Emma,
Northanger Abbey e Persuasion. Destas, Mansfield Park, Emma e Persuasion foram escritas no
ocupado salão em Chawton no meio de todas as usuais atividades e interrupções familiares nos
últimos anos antes de sua morte. Pride and Prejudice, originalmente chamada First Impressions,
foi rejeitado sem ter sido lido pelo editor, mas foi reescrito e finalmente publicado em 1813. Seu
irmão Henry a ajudou a negociar com um editor e seu primeiro romance, “Sense and
Sensibility”, apareceu em 1811.
Elizabeth Bennet era a heroína favorita de Jane Austen. ‘Devo confessar
que eu a acho a criatura mais encantadora que já apareceu nos livros,’ ela escreveu para sua
irmã Cassandra numa carta. Embora suas obras tenham sido publicadas anonimamente, Austen
recebeu uma certa quantidade de atenção por parte de seus fãs enquanto ainda estava viva. Nem
todas as demonstrações de carinho e respeito eram bem vindas.
O Príncipe Regente era um grande fã de Jane Austen. Ele pediu para que
Austen dedica-se Emma a ele. Ela não suportava o Príncipe Regente. Ela o achava um completo
perda de tempo e espaço. Porém, quando ela teve este pedido real ela não pode recusar.
Todos os seus romances foram elogiados, por sua presença de espírito e
estilo, pelos leitores da época e o Príncipe Regente (último Rei George IV) gostava tanto deles
que ele mantinha uma coleção completa dos romances dela em cada uma de suas casas.
Os romances têm se mantido populares desde que eles foram publicados
pela primeira vez, e há uma Sociedade Jane Austen (conhecida como “The Janeites”), que
guardam sua reputação literária e sua memória de ciúme.
14
Existem dramatizações em filmes e para televisão de todos os romances,
em particular, alguns recentes filmes de sucesso Pride and Prejudice, Emma e Sense and
Sensibility.
Dois dos romances de Austen, ‘Persuasion’ e ‘Northanger Abbey’ foram
publicados postumamente e um último romance foi deixado incompleto.
Jane Austen é uma das grandes romancistas da Língua Inglesa. Seus
romances são comédias de maneiras, lidando com festas, vestidos, brigas, noivados, e
casamentos, mas nunca algum escritor traçou ‘tais imagens da vida doméstica em vilarejos na
área rural’ com um olhar tão apurado ou com uma refinada ironia. Foi o seu talento em
transformar as coisas do dia-a-dia e fazer com que as mesmas pareçam interessantes que torna
Jane Austen a autora altamente estimada que ela é por mais do que um século após sua morte.
15
4. PRIDE AND PREJUDICE
4.1 O Romance
É o romance mais popular de Jane Austen.
Orgulho e Preconceito é uma obra que revela a vida na sociedade rural
da classe média e classe média alta da época, final do século XVIII e início do século XIX, e nos
conta os desentendimentos e o mútuo esclarecimento mais tarde entre Elizabeth Bennet (cuja
viva e rápida sapiência tem sempre atraído leitores) e o desprezível Darcy. O título “Pride and
Prejudice” refere-se (dentre outras coisas) as maneiras pelas quais Elizabeth e Darcy primeiro
vêem um ao outro.
Jane Austen descreve Pride and Prejudice como sendo seu “próprio filho
querido”.
Elizabeth Bennet era a heroína favorita de Jane Austen. ‘Devo confessar
que eu a acho a criatura mais encantadora que já apareceu nos livros,’ disse Austen numa carta
que ela mesma escreveu para sua irmã Cassandra.
A relação entre as irmãs Elizabeth Bennet e Jane Bennet, muito se
assemelha ao relacionamento existente entre Jane Austen e sua irmã Cassandra. Sendo ela
mesma uma dos oito filhos de seus pais, Austen dá uma grande profundidade e cor aos
relacionamentos entre os membros da família Bennet a partir de suas próprias experiências
familiares.
Pode-se dizer que esta obra é uma grande história de amor entre Elizabeth
Bennet e Fitzwilliam Darcy, mas sustentado por um tipo de amor que conduz esta família, que
faz com que a mesma opere de modo tão maravilhoso, absurdo, divertido e excitante. Há uma
grande mistura de personagens. Eles são bem irresistíveis.
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A escolha do marido adequado, do bom casamento (por amor, oposto ao
casamento por conveniência) é de inteira responsabilidade do indivíduo. Essa liberdade, que
também vale para a decisão da profissão, se perfaz, no entanto, em meio a uma série de
circunstâncias medidas pelo antagonismo, velado ou explícito, entre as concorrentes.
A heroína se depara, primeiramente, com uma galeria de personagens
dotadas de personalidade e interesse próprios. Essa interação compõe uma teia que assume
gradações que se estendem desde a indiferença e frieza à hostilidade ou, no outro extremo, à
simpatia e ao estímulo. Austen considera a vida familiar em toda sua complexidade, nas relações
entre irmãos, entre pais e filhos, entre parentes distantes, etc., bem como seu impacto sobre a
estrutura psicológica dos indivíduos.
A trama se desenvolve em um mesmo tom, marcada pela observação fria,
irônica e pelo manejo ligeiramente distanciado de eventos e personagens.
O romance retrata a relação entre Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy
na Inglaterra rural do século XVIII. Lizzy possui outras quatro irmãs, nenhuma delas casadas, o
que a Sra. Bennet, mãe de Lizzy, considera um absurdo.
Quando o Sr. Bingley, jovem bem sucedido, aluga uma mansão próxima
da casa dos Bennet, a Sra. Bennet vê nele um possível marido para uma de suas filhas. De fato,
ele parece se interessar bastante por Jane, sua filha mais velha, logo no primeiro baile em que ele,
as irmãs e o Sr. Darcy, seu amigo, comparecem.
Enquanto o Sr. Bingley é visto com bons olhos por todos, o Sr. Darcy,
por seu jeito frio, é mal falado. Lizzy, em particular, desgosta imensamente dele, por ele ter
ferido seu orgulho na primeira vez em que se encontram.
A recíproca não é verdadeira. Mesmo com uma má primeira impressão,
Darcy realmente se encanta por Lizzy, sem que ela saiba do fato.
A partir daí o livro mostra a evolução do relacionamento entre eles e os
que os rodeiam, mostrando também, desse modo, a sociedade do final do século XVIII.
17
4.2 Personagens
� Personagens Principais:
Elizabeth Bennet: Elizabeth Bennet é a segunda das cinco filhas do
Senhor e da Senhora Bennet. Elizabeth é a mais calma e sensata das filhas dos Bennet e isto a
torna a favorita do seu pai. Embora Elizabeth seja pensativa, inteligente e prática, ela acaba
percebendo que é tão capaz de deixar seus próprios sentimentos chegarem ao seu bom senso
quanto suas irmãs destrambelhadas. Elizabeth percebe seu grande erro quando entende que ela
julgou mal ambos o Senhor Darcy e o Senhor Wickham.
Senhora Bennet: A Senhora Bennet é a mãe entrona, “ignorante” e
embaraçosa de Elizabeth cuja grande aspiração é casar suas cinco filhas. A Senhora Bennet não
aprova a lógica e a praticidade de Elizabeth e por isso ela se torna a sua filha menos favorita.
Senhor Bennet: O Senhor Bennet é um cavaleiro do campo e pai de
Elizabeth. Ele tem muito pouco interesse nos deveres da educação social ou em criar suas filhas.
Ele acha sua esposa e suas três filhas mais jovens insuportáveis, frívolas e idiotas, mas Elizabeth
e Jane (a filha mais velha) o tornam orgulhoso.
Senhor Bingley: O Senhor Bingley é um solteirão rico e jovem que se
muda para a vizinhança onde moram os Bennet e desencadeia o esquema da Senhora Bennet de
casá-lo com a Jane. Bingley é estiloso, charmoso e simpático, mas ele e Jane não ficam juntos
imediatamente por causa de um mal entendido.
Lydia Bennet/Wickham: Lydia é a filha mais jovem dos Bennet e é a
mais namoradeira também. Lydia persegue os soldados alojados em Meryton e os segue quando
eles se mudam para Brighton. Ela e o Senhor Wickham são forçados a se casarem após Lydia
fugir com ele esperando tornar-se a esposa deste, embora Wickham não tenha tanto plano de se
casar até que o Darcy pague-o para isto.
18
Senhor Darcy: O Senhor Darcy é o melhor amigo do Bingley bem
como um solteirão muito rico, bonito e orgulhoso. Darcy é visto como mal-educado e
convencido por todos os habitantes de Meryton bem como por Elizabeth Bennet. Porém, através
de uma estranha mudança de curso, Elizabeth aprende que ela estava errada sobre Darcy e eles se
apaixonam um pelo outro.
Janet Bennet: Janet é a filha mais velha dos Bennet. Ela é prática como
Elizabeth, mas ela é mais amável e mais compreensiva. Jane fica bastante magoada quando
Bingley a rejeita, mas ela supera sua dor e os dois terminam juntos.
Senhor Collins: O Senhor Collins é o primo do Senhor Bennet que irá
herdar a propriedade do Senhor Bennet quando o este morrer. Collins é um pastor do presbitério
da tia do Darcy e ele é um homem alto-afirmativo em excesso e desagradável. Ele se considera
mais importante do que ele realmente é porque trabalha para a tia rica do Darcy, mas a família
Bennet não gosta dele porque ele é muito chato.
Wickham: Wickham é um trapaceiro charmoso que convence Elizabeth
que ele foi completamente injustiçado pelo Senhor Darcy, embora as coisas tenham de fato sido
de outra forma. Elizabeth, inicialmente, gosta de Wickham, mas quanto mais ela aprende sobre o
caráter verdadeiro dele mais ela percebe que estava errada. Wickham acaba casando-se com
Lydia após eles terem fugido juntos e Darcy tê-lo pago para se casar com Lydia objetivando
salvar a família dela da desgraça.
Senhora Gardiner: A Senhora Gardiner é tia de Elizabeth Bennet. Ela e
Elizabeth são muito próximas porque a própria mãe de Elizabeth é idiota enquanto a Senhora
Gardiner é mais pensativa e prática como Elizabeth. A Senhora Gardiner suspeita que Elizabeth e
Darcy estejam se apaixonando um pelo outro antes que o resto da família Bennet tenha alguma
idéia a respeito disto. Por Elizabeth ter viajado de férias com os Gardiners, ela se encontra com
Darcy novamente na propriedade dele e o relacionamento entre eles é renovado.
Senhor Gardiner: O Senhor Gardiner é o tio de Elizabeth que se
encarrega de encontrar Lydia e Wickham quando eles fogem juntos e se escondem em Londres.
19
Darcy anonimamente combina com o Senhor Gardiner para que o
casamento de Lydia e Wickham seja consumado tal que ninguém da família de Elizabeth
descubra o que Darcy tenha feito.
� Personagens Menores:
Senhorita Bingley: A Senhorita Bingley é a irmã mais nova do Senhor
Bingley. Ela finge ser amiga de Jane, mas quando ela vê que o Senhor Darcy está desenvolvendo
um interesse pela irmã de Jane (Elizabeth), ela faz o que pode para separar o irmão dela de Jane
tal que Darcy e Elizabeth não mais os vejam. A Senhorita Bingley é amável aos olhos de Jane,
mas ela faz graça da família Bennet por trás de Jane como forma de tornar o Darcy mais
interessado nela do que em Elizabeth.
Senhora Hurst: A Senhora Hurst é a irmã casada mais velha de Bingley
que é tão duas caras quanto a Senhorita Bingley.
Charlotte Lucas/Collins: Charlotte é amiga de Elizabeth. Após
Elizabeth recusar a oferta de casamento do Senhor Collins, Charlotte o arrebata porque ela quer
uma vida simples e não pode imaginar que uma oferta melhor virá. Ela e Elizabeth permanecem
amigas apesar do casamento de Charlotte com o desagradável Senhor Collins.
Mary Bennet: Mary Bennet é a filha do meio da família Bennet. Ela é
estranha. Ela é uma pudica caseira que passa seu tempo lendo a Sagrada Escritura. Ela é a única
das garotas Bennet que permanece solteira.
Sir William Lucas: Sir William é o pai de Charlotte que tem um título e
finge ser uma pessoa da alta sociedade, mas ele não é ninguém especial. Ele é simpático o que
faz com que Elizabeth aprecie tal característica nele.
Kitty (Catherine) Bennet: Kitty é a segunda filha mais nova da família
Bennet e não é tão namoradeira quanto Lydia. Kitty e Lydia são unha e carne, mas Kitty não se
mete em tanta confusão quanto Lydia.
20
Lady Catherine De Bourgh: Lady Catherine é a tia rica do Senhor
Darcy e patroa do Senhor Collins. Ela é uma arrogante madame que espera que todos apreciem e
sigam seus conselhos sobre tudo. Ela e Elizabeth se cruzam quando Elizabeth visita Charlotte e o
Senhor Collins. Daí, Elizabeth e Lady Catherine têm um grande confronto quando Lady
Catherine insiste que Elizabeth não pode se casar com Darcy porque ela não tem berço para ele.
Senhorita Darcy: A Senhorita Darcy é a irmã mais nova do Senhor
Darcy. A Senhorita Darcy é quieta e tímida e ela é cautelosa porque quase foi trapaceada a fugir
com o Senhor Wickham para se casar com ele, o que teria sido um grave erro por parte dela.
Maria Lucas: Maria Lucas é a irmã mais nova de Charlotte que vai
visitar Charlotte e o Senhor Collins na mesma época em que Elizabeth vai vê-los.
Senhorita De Bourgh: A Senhorita De Bourgh é prima de Darcy e filha
de Lady Catherine. Lady Catherine sempre planejou que sua filha e Darcy se casariam e
tornariam a fortuna deles enorme.
Coronel Fitzwilliam: Coronel Fitzwilliam é primo de Darcy e também
co-guardião da Senhorita Darcy, irmã mais nova de Darcy. Elizabeth gosta do coronel porque ele
é simpático. Além disso, ele gosta da companhia dela tratando-a com dignidade diferente do
Senhor Darcy.
21
� Conexão entre os personagens:
Fonte: Cliffs Notes – The fastest way to learn. Pride and Prejudice Character Map
22
4.3 Sinopse
A notícia de que um jovem cavaleiro, de nome Charles Bingley, alugou o
senhorio de Netherfield Park causa um grande reboliço no vilarejo ao redor de Longbourn,
especialmente na família Bennet. Os Bennet têm cinco filhas solteiras – da mais velha a mais
nova, Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia. A Senhora Bennet se encontra desesperada para vê-
las todas casadas. Após o Senhor Bennet prestar uma visita social ao Senhor Bingley, os Bennet
vão a um baile no qual o Senhor Bingley está presente. Ele passa quase toda noite dançando com
a Jane. Seu amigo próximo, o Senhor Darcy, está menos satisfeito com a noite e de forma não tão
amigável recusa-se a dançar com Elizabeth o que faz com que todos o vejam como arrogante e
extremamente desagradável.
A partir de situações de socialização durante as semanas seguintes,
todavia, o Senhor Darcy se encontra enormemente atraído pelo charme e a inteligência de
Elizabeth. A amizade de Jane com o Senhor Bingley também continua a aumentar e Jane faz uma
visita à mansão de Bingley. Na viagem a casa dele, ela enfrenta uma tromba d’água e fica
resfriada, sendo forçada a ficar em Netherfield por vários dias. Com o intuito de cuidar de Jane,
Elizabeth caminha por campos de lama e chega com seu vestido sujo, para o desdém da esnobe
Senhorita Bingley, irmã de Charles Bingley. O despeito da Senhorita Bingley só aumenta quando
ela percebe que Darcy o qual ela está de olho presta muita atenção em Elizabeth.
Quando Elizabeth e Jane retornam para casa, elas encontram o Senhor
Collins visitando a família delas. O Senhor Collins é um clérigo jovem que herdará a propriedade
do Senhor Bennet o que é inevitável, já que, esta poderá apenas ser passada para herdeiros do
sexo masculino. O Senhor Collins é um idiota pretensioso, embora seja bem cativante aos olhos
das meninas Bennet. Pouco depois de sua chegada ele faz uma proposta de casamento à
Elizabeth. Ela rejeita ferindo assim seu orgulho. Enquanto isso, as meninas Bennet se tornam
amigáveis com a milícia de oficiais que estão estacionados numa cidade na vizinhança. Entre
eles, está o Wickham, um soldado jovem e bonito que é amigável para com a Elizabeth e conta a
ela como Darcy cruelmente o trapaceou numa herança.
23
No início do inverno, os Bingley e Darcy deixam Netherfield e retornam
para Londres, para a consternação de Jane. Um seguinte choque chega com a notícia de que o
Senhor Collins ficou noivo de Charlotte Lucas, a melhor amiga de Elizabeth e filha pobre de um
cavaleiro local. Charlotte explica para Elizabeth que ela está ficando mais velha e precisa da
união por razões financeiras. Charlotte e o Senhor Collins se casam e Elizabeth promete visitá-
los na casa nova deles. Com o passar do inverno, Jane visita a cidade para ver os amigos
(esperando também que ela possa ver o Senhor Bingley). Porém, a Senhorita Bingley a visita e
comporta-se rudemente enquanto o Senhor Bingley não a visita de forma alguma. A perspectiva
de matrimônio para as meninas Bennet parece desanimadora.
Naquela primavera, Elizabeth visita Charlotte que agora mora próxima à
casa da protetora do Senhor Collins, Lady Catherine De Bourgh, que é também tia de Darcy.
Darcy visita Lady Catherine e encontra Elizabeth cuja presença o leva a fazer um número de
visitas a casa de Collins onde ela está hospedada. Um dia, ele faz uma proposta de casamento
chocante a qual Elizabeth rapidamente recusa. Ela conta a Darcy que ela o considera arrogante e
desagradável, então o repreende por tirar o Bingley da Jane e deserdar Wickham. Darcy a deixa,
mas pouco tempo depois lhe entrega uma carta. Na carta ele admite que ele convenceu Bingley a
distanciar-se da Jane, mas afirma ter o feito somente porque ele pensava que o romance deles não
era sério. Quanto a Wickham, ele informa Elizabeth que o jovem oficial é um mentiroso e que a
real causa do desentendimento entre os dois foi à tentativa de Wickham de fugir com a irmã
jovem dele, Georgiana Darcy.
Esta carta fez com que Elizabeth re-avaliasse seus sentimentos em
relação a Darcy. Ela volta pra casa e age friamente com relação a Wickham. A milícia está
deixando a cidade o que torna as meninas jovens da família Bennet, um tanto quanto loucas por
homens, consternadas. Lydia consegue obter permissão de seu pai para passar o verão com um
velho coronel em Brighton onde o batalhão de Wickham ficará. Com a chegada de junho,
Elizabeth faz mais uma viagem, desta vez com os Gardiner que são parentes dos Bennet. A
viagem leva-a para o norte e por fim a vizinhança de Pemberley, propriedade de Darcy. Ela visita
Pemberley, após certificar-se de que Darcy está fora; encanta-se com a construção e os pisos,
enquanto ouve da governanta de Darcy que ele é um patrão maravilhoso e generoso.
24
De repente, Darcy chega e comporta-se cordialmente com ela. Sem
mencionar sua proposta de casamento, ele diverte os Gardiner e convida Elizabeth a conhecer sua
irmã.
Pouco tempo depois, no entanto, uma carta vinda da casa de Lizzy chega,
contando a Elizabeth que Lydia fugira com Wickham e que não sabem onde encontrar o casal. O
que sugere que eles podem estar vivendo juntos sem terem se casado. Amedrontada pela
desgraça que tal situação traria para toda sua família, Elizabeth apressa-se para casa. O Senhor
Gardiner e o Senhor Bennet saem em busca de Lydia, mas o Senhor Bennet por fim retorna pra
casa de mãos vazias. Apenas quando toda esperança parece perdida, uma carta do Senhor
Gardiner chega dizendo que o casal foi encontrado e que Wickham concordou a casar-se com
Lydia em troca de uma renda anual. Os Bennet estão convencidos de que o Senhor Gardiner
liquidou a dívida com Wickham, mas Elizabeth descobre que a fonte do dinheiro e da salvação
de sua família era ninguém mais do que Darcy.
Agora, Wickham e Lydia casados retornam brevemente para Longbourn
onde o Senhor Bennet os tratam friamente. Eles então partem para nova missão de Wickham no
norte da Inglaterra. Em pouco tempo, Bingley retorna para Netherfield e retoma sua corte com
Jane. Darcy vai ficar com ele e visita os Bennet, mas não faz menção ao seu desejo de casar-se
com Elizabeth. Bingley por outro lado, toma coragem e pede Jane em casamento para alegria de
todos menos para desagradável irmã de Bingley. Enquanto a família celebra, Lady Catherine De
Bourgh visita Longbourn. Ela encurrala Elizabeth e diz que ouviu que Darcy, seu sobrinho, está
planejando casar-se com ela. Visto que ela considera uma Bennet uma esposa inadequada para o
Darcy, Lady Catherine exige que Elizabeth prometa recusá-lo. Elizabeth com atitude nega tal
fato, dizendo que ela não está noiva do Darcy, mas que ela não irá prometer algo contra sua
própria felicidade. Um pouco mais tarde, Elizabeth e Darcy saem caminhando juntos e ele fala
que seus sentimentos não mudaram desde a primavera. Ela ternamente aceita o pedido dele e
ambas Jane e Elizabeth estão agora casadas.
25
5. O ROMANCE VS. O FILME
É sabido que a indústria cinematográfica tem sido responsável pela
propagação de textos literários ao permitir que centenas e milhares de pessoas tenham contato
com a literatura, embora a maior parte destas pessoas nem saiba que a produção em questão seja
inspirada num Clássico da Literatura.
Os efeitos de som e imagem capitados através do jogo de câmeras, a
edição, as belas locações e o figurino concedem a trama um tom especial que funciona como
ingrediente essencial durante o filme que de maneira brilhante valoriza e enriquece a abordagem
do enredo.
Na “telona”, os personagens fictícios da obra ganham vida tal que os
expectadores sofrem com as angústias dos mesmos e torcem com suas vitórias vibrando quando
os personagens principais triunfam.
O filme traz ao público uma obra fascinante que encanta pela beleza,
charme, e traços verdadeiramente humanos das personagens. Ao assistir ao filme, percebe-se o
quanto o cineasta buscou ser o mais fiel possível ao texto de Jane Austen, embora alguns
personagens secundários tenham sido deixados de lado.
A partir da análise atenta e minuciosa da obra literária, e contrastada tal
obra com a produção cinematográfica, percebe-se que existem alguns pontos de convergência e
divergência entre os dois trabalhos artísticos.
É importante notar que a maioria dos trabalhos literários passa por cortes
significativos quando adaptados para o cinema; nesta produção, a história foi comprimida em
duas horas e nove minutos de tempo de cena. Algumas das mais notáveis mudanças, em relação à
obra literária, serão listados abaixo:
26
I. Houve uma severa compressão de várias seqüências principais que
incluem a visita de Elizabeth ao Rosings Park e Hunsford Parsonage, a visita de Elizabeth a
Pemberley, e a fuga de Lydia para se casar, e sua crise subseqüente;
II. A eliminação de alguns personagens coadjuvantes como mencionado
anteriormente, incluindo Louisa Hurst, o Senhor Hurst, Maria Lucas, o Senhor e a Senhora
Phillips, os filhos dos Gardiner e vários oficiais militares e pessoas da cidade;
III. A eliminação de várias seções nas quais os personagens refletem ou
conversam sobre eventos que ocorreram recentemente – por exemplo, o longo capítulo que
mostra a mudança de visão de Elizabeth em relação ao Darcy após ela ter lido a carta dele.
Os cineastas mudaram algumas cenas para locações mais românticas do
que as presentes no livro. Por exemplo, no filme, Darcy primeiro se declara debaixo de uma
tempestade ao ar livre próximo a um lindo lago; no livro, esta cena acontece dentro de uma
parsonage3. No filme, seu segundo pedido de casamento ocorre numa charneca
4 sob névoa
durante o amanhecer; no livro, ele e Elizabeth estão caminhando no campo em plena luz do dia.
A versão americana que ficou em cartaz incluía uma cena final (que não
estava no romance) dos recém casados Elizabeth e Darcy aproveitando uma noite romântica em
Pemberley. Este final não foi bem aceito pelo público britânico, sendo assim, foi cortado para a
exibição no Reino Unido e na versão lançada internacionalmente. A versão britânica termina
com o Senhor Bennet abençoando a união de Elizabeth e Darcy, evitando assim o último capítulo
do romance, que resume as vidas de Elizabeth e Darcy e dos outros personagens principais
durante os anos que seguem.
3 Parsonage: a Protestant clergyman’s house, or a parson’s house. 4 Charneca: Terreno inculto e árido, onde somente vegetam ervas rasteiras e silvestres.
27
6. O MATRIMÔNIO E AS ALTERNATIVAS
6.1 The status of women
Jane Austen é considerada como sendo uma das escritoras mais sutis e
delicadas de seu tempo. Seu trabalho é muito famoso pela maneira como ela faz seus
personagens parecerem reais, a maneira como ela explora as nuances dos relacionamentos e a
maneira pela qual ela brinca com as tendências e atitudes de seu tempo.
Austen escrevia brilhantemente sobre os relacionamentos amorosos,
embora ela mesma nunca tivesse se casado.
Ela fala para as mulheres de uma maneira que talvez os homens nunca
compreendam completamente, o que torna o seu trabalho maravilhoso. Não há dúvida de que ela
mudou a cara do romance. Sua caracterização é bastante profunda. Sua obra traz a psicologia das
personagens mostrando-os como pessoas reais envolvidas em situações reais que podemos
identificar com facilidade nos dias de hoje.
“Mulheres solteiras tem uma propensão horrível a serem pobres, que é
um argumento muito forte a favor do matrimônio” – Jane Austen, carta de 03 de março de
1816.
O trecho acima retirado de uma carta escrita por Jane Austen ilustra
perfeitamente o tipo de situação na qual as mulheres de seu tempo estavam expostas.
No período de Jane Austen, não havia nenhuma real forma para jovens
mulheres das classes média e média alta de começarem a se tornar independentes. Profissões,
universidades, política, etc. não eram abertos às mulheres (assim a opinião de Elizabeth “que
embora esta grande Lady (Lady Catherine) não estivesse na comissão de paz para o condado, ela
era a magistrada mais ativa em sua própria paróquia” é irônico, desde que, é claro, nenhuma
mulher pudesse ser uma juíza de paz ou magistrado).
28
Poucas ocupações eram abertas a elas – e estas poucas que eram (tais
como ser uma governanta, isto é, uma professora de casa (orientadora) para as irmãs ou jovens
crianças da família) não eram altamente respeitadas e geralmente não se pagava bem ou não
tinham boas condições de trabalho.
Portanto, muitas mulheres da classe média e média alta não podiam obter
dinheiro exceto ao se casarem ou herdarem (e desde que o filho mais velho geralmente herde a
maior parte de uma propriedade, como o “herdeiro”, uma mulher pode só realmente ser uma
“herdeira” se ela não tiver irmãos). Apenas algumas mulheres, um número bem pequeno, eram
as que poderiam ser chamadas profissionais que, embora seus próprios esforços as rendiam uma
renda suficiente para torná-las independentes, ou tivessem uma carreira reconhecida (Jane
Austen mesma não era uma destas poucas mulheres profissionais – durante os últimos seis anos
de sua vida ela recebia uma média de pouco mais de cem libras ao ano por seus romances, mas as
despesas da família eram quatro vezes esta quantidade e ela não encontrava com outros autores
ou movia-se por círculos na literatura).
E mulheres solteiras também tinham que morar com suas famílias ou com
tutores aprovados pela família – é quase que desconhecido para uma jovenzinha da classe média
alta morar sozinha, ainda que acontecesse dela ser uma herdeira (Lady Catherine: “Mulheres
jovens devem sempre ser adequadamente protegida e atendida por sua situação em vida”).
Em “Pride and Prejudice”, o dilema (algumas mulheres estavam
propensas a se casarem porque o matrimônio era a única maneira permitida para garantir
segurança financeira ou escapar de uma desagradável situação familiar) é expresso mais
claramente pela personagem Charlotte Lucas cujas visões pragmáticas sobre o matrimônio são
externadas várias vezes no romance: “Sem pensar amplamente ou em homens ou em matrimônio,
casamento tinha sempre sido seu objetivo: era a única perspectiva honrosa para jovens
mulheres bem educadas de pouca fortuna e, todavia, incerta de dar felicidade. Deve ser a
perspectiva mais agradável de se querer.” Ela tem 27, não é especialmente bonita (de acordo
com ambas ela mesma e a Senhora Bennet), e sem especialmente grande “porção” e então decidi
se casar com o Senhor Collins “pelo puro e desinteressado desejo de um estabelecimento”.
29
Portanto, uma mulher que não se casasse poderia, geralmente, somente
ansiar por viver com seus parentes como uma ‘dependente’ (mais ou menos a situação de Jane
Austen), tal que o casamento era a única maneira de sair debaixo do teto dos pais – a menos que,
é claro, sua família não a suportasse, de modo que ela teria que encarar a desagradável
necessidade de ir morar com empregadores como uma governanta ou professora ‘dependente’, ou
fosse contratada como uma dama de companhia.
Percebemos, então, o quanto Austen coloca seu mundo em sua obra.
Desta maneira, seu trabalho literário é desenvolvido com propriedade. Ela apenas escrevia a
partir de sua experiência direta sendo muito honesta. Sua sagacidade e brilhante inteligência
estruturada de forma impar mostra que ela foi fiel a sua observância ao escrever completamente
do fundo de seu coração. O fato de Austen escrever sobre um mundo que ela conhecia e
compreendia profundamente faz com que o público nunca veja uma cena em seu livro que ela,
Jane Austen, nunca tenha visto.
O trecho a seguir retirado do livro descreve de modo exemplar de que
maneira a busca por um esposo e até mesmo o fato de ser pedida em casamento transformaria a
vida de uma mulher naquela época na Inglaterra (final do século XVIII):
“Charlotte’s parents were delighted to agree to the
marriage, and Lady Lucas began to work out, with more interest than she had ever
felt before, how many more years Mr. Bennet was likely to live. Charlotte herself
was quite satisfied. Mr. Collins, certainly, was neither sensible nor agreeable, but
still he would be a husband. She did not think highly of men or of marriage, but
she had always intended to marry. Although marriage might not always bring
happiness, it was the only honourable way in which a well-educated woman with
little income could provide a home for herself. Now twenty-seven, and lacking
beauty, she felt she was lucky to have found a husband.”
Pride and Prejudice Oxford University Press 2000. Page 63 (from line 17 to line 27), ISBN 0-19-423093-7
30
Jane Austen exemplifica muita bem a dinâmica que envolvia o universo
feminino da época. Observa-se que uma das características sociais dominantes de seu tempo era
o noivado e o matrimônio. A cena social era muito tumultuada, mostrando pessoas indo e vindo,
visitando parentes muitas vezes.
Tentar fazer com que as filhas saíssem para se casarem antes que “o
prazo de validade” delas tivesse vencido era muito importante até mesmo para salvar a família.
Então, era um problema não se casar. As mulheres não tinham o status que elas tem hoje em dia.
E por isso era necessário ter um teto sobre as cabeças delas.
Assim, fica fácil ter uma visão diferenciada em relação ao personagem da
Senhora Bennet. Ao ler o livro, somos passíveis de tirar conclusões imediatas acerca do caráter
desta mulher que tão bravamente teve que criar suas cinco filhas. Num primeiro momento o
personagem é encarado como uma mulher sem “classe”, ignorante, sem princípios e interesseira.
Porém, ao contextualizarmos sua postura diante da conduta da época, percebemos o quanto esta
mulher se preocupava verdadeiramente com suas filhas – com o futuro delas. A Senhora Bennet
amava suas filhas. Era uma mãe surpreendente fazendo de tudo para encaminhá-las na vida. E
este amor, que ela tinha por suas filhas, fez com que ela fosse cada vez mais longe.
A Senhora Bennet chega a ser um personagem caricato e engraçado, mas
um tipo de personagem heróico porque tinha cinco filhas e dentro de muito pouco tempo, antes
que suas filhas ficassem velhas (e, portanto, não conseguiriam se casar facilmente) ela tinha que
casá-las para salvar a família. Com a morte de seu marido, a propriedade da família Bennet seria
herdada pelo Senhor Collins. Desta forma, as irmãs Bennet ficariam sem ter um teto juntamente
com a mãe.
Portanto, o casamento para as mulheres representava a única forma
segura de perspectiva futura. Um futuro melhor era determinado pelo tipo de casamento
escolhido.
31
Além disso, a maneira como Jane Austen inicia o livro é fantástica. A
famosa, irreverente e clássica frase de abertura da obra é um grande presente para os leitores. Só
poderia ter sido criada por uma grande autora com uma mente brilhante.
“It is a truth universally acknowledged, that a single man in
possession of a good fortune, must be in want of a wife.”
A frase acima mostra-nos como era importante para uma família casar
uma filha com um homem de posses. O que ilustra bem a euforia da Senhora Bennet ao saber
que um homem rico seria o novo vizinho da família. E o melhor de tudo, ele era solteiro, o que
seria ótimo tentar fazer com que ele se casasse com uma de suas cinco filhas – em especial, Jane,
pois a Senhora Bennet a achava a mais bonita e, portanto, com mais chances de seduzir o Senhor
Bingley. Portanto, conclui-se que um homem rico torna-se um marido atraente, pois quanto mais
fortuna maior a perspectiva futura para as esposas. O bom casamento representava uma
segurança e tranqüilidade na vida.
Além disso, a frase que introduz a questão do matrimônio, que é central
no enredo do romance, também introduz o tom de ironia, que Austen utiliza ambos verbalmente
e estruturalmente em toda a obra. Para apreciar completamente o humor e o trabalho artístico do
romance de Austen, é preciso primeiro compreender o que ironia é e como é usada em literatura.
Em seu sentido mais básico, ironia é o uso de palavras para expressar algo diferente, ou oposto,
ao sentido literal. Por exemplo, se a primeira frase do romance for lida literalmente, seu
significado será – “Todos sabem que um homem solteiro e rico está em busca de uma esposa.”
Porém, lida ironicamente, a frase significa algo diferente de seu sentido literal: “Todos sabem
que um homem solteiro e rico será perseguido por mulheres que querem ser sua esposa.” Austen
também usa a ironia na estrutura do enredo, colocando seus personagens em situações que
pareçam significar uma coisa e são mais tarde reveladas por significarem outra coisa.
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7. THE POLITICS OF THE 18TH CENTURY DATING
Mulheres e homens tinham que encontrar maneiras de atraírem-se
mutuamente e deixarem que alguém mais soubesse disto. O que era aceitável. E isto era algo que
aconteceria na pista de dança.
A dança era absolutamente algo central na sociedade da época em termos
de encontrar um bom marido e uma boa esposa. Quando fosse a um baile, ou se houvesse uma
dança no final de uma festa, as mulheres estariam quase sempre na presença de seus pais. Então,
elas tinham que se comportar na presença deles.
Havia sempre códigos de conduta entre jovens quando enamorados.
Levantava-se quando uma dama adentrava e fazia-se reverência. Era o tipo de postura de bons
costumes e etiqueta da época.
O fato de que é difícil conversar ou falar com alguém pelo qual você está
apaixonado é brilhantemente destacado na etiqueta do período de Austen, onde você de fato,
fisicamente, não era permitido conversar sozinho com a pessoa amada, exceto durante a dança.
Era o único momento no qual se podia ficar “sozinho”. Assim, era possível utilizar as danças de
modo que fosse uma grande maneira de se formar colisões entre os personagens.
Austen brilhantemente utiliza as danças para criar uma situação na qual
os personagens Elizabeth e Darcy pudessem dialogar “sozinhos” e então se mostrarem mais
abertamente. No filme, este momento é encantador. A sensibilidade da cena dá um tom
romântico e bastante real. É como se os pares, no momento da dança, tivessem a oportunidade de
ter um momento só deles sem a interferência de fatores externos.
Homens e mulheres eram capazes de ficarem juntos sem uma dama de
companhia por um bom tempo e podiam conversar um com o outro, tudo isso durante a dança.
Esta é a razão pela qual a idéia dos bailes era de fato realmente excitante para os casais.
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Ao analisar a frase abaixo, extraída do livro, percebe-se o quanto à dança
era intimamente central no que concerne encontrar um parceiro e até mesmo utilizar os atributos
de sedução para atrair o mesmo. As mulheres deveriam utilizar todo o charme e beleza para
fisgar um bom esposo.
‘He sounds wonderful, Mama!’ cried Lydia, the youngest and
noisiest of the sisters. ‘Charlotte Lucas’s father has been to see him, and says he’s quite
young, very handsome, and extremely charming! And even better, he loves dancing!
Everybody knows he’s likely to fall in love!’
A frase acima mostra que a dança é uma boa maneira de exibir o charme
feminino e atrair o interesse do parceiro. Se este era o único momento em que eles realmente
poderiam ficar “sozinhos” e conversarem, então, era o momento ideal para utilizar as armas da
sedução. A citação em destaque foi dita por Lydia a sua mãe quando ela fala sobre o Senhor
Bingley.
Por outro lado, o fato de que uma mulher deveria mostrar interesse por
um homem se esta pretendia se casar é realmente ilustrado a partir da personagem Jane Bennet.
O trecho abaixo, extraído do livro, mostra claramente este fato:
‘It’s a good thing,’ said Elizabeth, ‘that if Jane is in love with Mr.
Bingley, nobody will know, because she always behaves so cheerfully and normally.’
‘That’s sometimes a mistake,’ replied Charlotte, shaking her head
wisely. ‘If she doesn’t show her feelings at all, even to the man she loves, she may lose
the opportunity of catching him. Jane should use every moment she gets with Bingley to
attract and encourage him.’
Pride and Prejudice Oxford University Press 2000. Page 7 (from line 7 to line 14), ISBN 0-19-423093-7
34
Jane Bennet estava realmente interessada no Senhor Bingley. Porém,
sendo ela muito tímida e por não demonstrar seus sentimentos, tal situação acabou num mal
entendido. O Senhor Bingley não se declarou de imediato, pois foi levado a acreditar que ela não
tinha interesse por ele.
Alguns mal-entendidos e informações trocadas motivaram a história de
amor entre Jane e Bingley bem como entre Elizabeth e Darcy. O primeiro grande mal-entendido
da história começa realmente quando Elizabeth decidiu que era melhor para Jane pegar leve com
Bingley com o intuito de proteger seus sentimentos. Isto fez com que Bingley tivesse motivos
para crer que os sentimentos de Jane para com ele não existiam, da forma que Charlotte previu
que pudesse acontecer.
‘But I consider a man should try to discover a woman’s feelings,
not wait for her encouragement! And Jane probably doesn’t know what her real feelings
for Bingley are yet – she has only seen him a few times, not often enough to understand his
character, or be sure that se really loves him.’
Pride and Prejudice Oxford University Press 2000. Page 7 (from line 15 to line 19), ISBN 0-19-423093-7
O trecho acima mostra a visão de Elizabeth em relação a como devem ser
as trocas de flerte entre homens e mulheres. Pois, ela mesma acredita que uma mulher não deve
ser forçada a se casar com um homem pelo qual ela não esteja verdadeiramente apaixonada.
Além disso, Elizabeth deseja claramente ter uma vida mais ampla do que apenas se dedicar ao
marido.
35
‘... Happiness in marriage is simply a question of chance. I think
it’s better to know as little as possible about the person you’re going to spend your life
with.’ Elizabeth laughed, sure that Charlotte did not mean what she was saying.
Pride and Prejudice Oxford University Press 2000. Page 7 (from line 23 to line 26), ISBN 0-19-423093-7
A preocupação de Elizabeth com relação à irmã Jane, pois ela não queria
que sua irmã tivesse seus sentimentos feridos, a deixou dispersa a ponto de não ter observado o
interesse do Senhor Darcy por ela.
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8. THE FIRST SKIN – ON – SKIN TOUCH
Como já foi mencionado anteriormente, uma obra cinematográfica
baseada em uma obra literária sofre algumas adaptações para que esta se torne mais comercial.
Na maioria das vezes, estas modificações estão intimamente ligadas ao aspecto romântico, isto é,
dar um tom mais amoroso e encantador aos relacionamentos amorosos.
Se uma mulher somente era permitida ter contato físico com um homem
durante a dança, então, o ato de dançar com alguém era eletrizante, e um momento de extremo
valor. Assim, os bailes têm um papel fundamental na obra e também no filme. No filme, as cenas
que envolviam a dança foram bem trabalhadas. O diretor buscou ângulos e tomadas favoráveis a
criar um clima de sedução e romance, além de exibir com perfeição o tipo de dinâmica recorrente
nos bailes da época.
Tocar um homem durante a dança era algo aceitável para uma mulher.
Fazia parte da estrutura formal (da convenção social) que envolvia tal tipo de evento; era parte da
etiqueta. É importante lembrar que naquela época, homens e mulheres não se tocavam. As
mulheres e os homens não davam aperto de mãos, que dirá beijo no rosto ao cumprimentar. A
maneira mais comum de cumprimento era a reverência. Que por sinal, foi muito bem destacado
no filme.
Assim, a primeira vez que Darcy toca Elizabeth é quando ele a ajuda a
subir na carruagem quando ela e Jane estão indo embora da propriedade do Senhor Bingley. Este
é um momento muito bonito, pois é o primeiro “toque pele na pele”. É interessante observar o
quanto um toque significa algo importante quando não se tem uma natureza tátil como forma de
hábito ou costume.
No filme, este fato foi inserido com o intuito de dar um tom mais
romântico ao futuro crescimento da admiração e paixão entre os personagens. Podemos até
afirmar que este momento atua como um “foreshadowing”.
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Embora isto seja uma característica somente analisada na obra literária,
este evento prevê a futura dança que ocorrerá entre os dois, na festa que segue, e ainda o real
relacionamento amoroso entre eles.
Tecnicamente não podemos dizer que este fato atua como um
“foreshadowing” no livro, já que, no capítulo que narra todo o período no qual Elizabeth ficou
hospedada na propriedade do Senhor Bingley aguardando a recuperação de sua irmã Jane, não
ocorreu nenhum “toque pele na pele” entre ela e o Senhor Darcy. Nem mesmo, a situação da
carruagem, acontece. Porém, fato é, que neste capítulo (cujo título é Jane’s illness) aumenta a
admiração do Senhor Darcy pela Elizabeth. Ele começa, de fato, a se sentir atraído por ela, como
mostra o trecho seguinte, em negrito, no segundo parágrafo:
‘That evening Elizabeth appeared again in the sitting-room. She
could not avoid noticing how frequently Mr. Darcy’s eyes were fixed on her, but as she felt
sure that so great a man could not possibly admire her, she assumed that when he looked
at her, he was criticizing her in some way. This thought did not cause her any pain, as she
liked him too little to care for his approval.
In the conversations she had with him, she spoke in her usual
slightly mocking manner, rather expecting to offend him, but was surprised by the quiet
politeness of his replies. Darcy had never before been so charmed by any woman. He
really believed that if she did not have such vulgar relations, he might be in danger of
falling in love with her’…
Pride and Prejudice Oxford University Press 2000. Page 17 (from line 9 to line 21), ISBN 0-19-423093-7
38
9. TEMAS PRINCIPAIS
9.1 Pride
Como ilustrado através das palavras de Mary no início do romance, “a
natureza humana é particularmente propensa ao [orgulho]”. No romance, o orgulho impede que
os personagens vejam a verdade de uma situação e assim alcancem a felicidade na vida. O
orgulho é uma das principais barreiras que cria um obstáculo para o casamento de Elizabeth e
Darcy. O orgulho de Darcy em sua posição na sociedade o leva inicialmente a desdenhar
qualquer pessoa que estivesse fora de seu próprio círculo social. A vaidade de Elizabeth ofusca o
seu julgamento, tornando-a propensa a pensar mal do Darcy e bem do Wickham. No fim, as
reprimendas de Elizabeth contra Darcy o ajudam a perceber sua falha e mudar
consideravelmente, como demonstrado em seu genuíno tratamento amigável com os Gardiner os
quais ele teria desdenhado devido à baixa classe social destes. A carta de Darcy mostra a
Elizabeth que seus julgamentos estavam errados e ela percebe que eles eram baseados em
vaidade e não na razão.
9.2 Prejudice
Orgulho e preconceito estão intimamente relacionados ao romance. O
orgulho de Darcy é fundamentado em preconceito social, enquanto o preconceito inicial de
Elizabeth contra ele está enraizado no orgulho de suas próprias percepções rápidas. Darcy, foi
criado de modo que ele começou a desdenhar de todos aqueles que não eram de seu próprio
círculo social, e portanto, deve superar seu preconceito com o intuito de ver que Elizabeth
poderia ser uma boa esposa para ele e ganhar assim o coração dela. A superação de seu
preconceito é demonstrada quando ele trata os Gardiner com grande civilidade. Os Gardiner
eram de uma classe bem abaixo da dele. No início do romance, Elizabeth orgulha-se de sua
aguçada habilidade de percepção. No entanto, esta suposta habilidade é freqüentemente falha,
como nos julgamentos de Elizabeth sobre o Darcy e o Wickham.
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9.3 Family
Austen retrata a família como sendo a principal responsável pela
educação intelectual e moral dos filhos. O Senhor e a Senhora Bennet fracassam ao prover esta
educação a suas filhas o que conduz ao completo, vergonhoso, imbecil e frívolo ato de Lydia
bem como sua imoralidade. Elizabeth e Jane conseguiram desenvolver virtudes e caráter fortes
apesar da negligência de seus pais, talvez através da ajuda dos estudos delas e da boa influência
do Senhor e da Senhora Gardiner, que eram os únicos parentes no romance que tinham uma
preocupação constante com o bem-estar das meninas e as forneciam boa conduta. Elizabeth e
Jane eram constantemente forçadas a tolerar a idiotice e o julgamento pobre de sua mãe e a
sarcástica indiferença de seu pai. Até mesmo quando Elizabeth aconselha seu pai a não permitir
que Lydia vá para Brighton, ele ignora o conselho porque acha que seria difícil demais lidar com
a reclamação de Lydia. O resultado foi o escândalo da fuga de Lydia com o Wickham para se
casar.
9.4 Reputation
Orgulho e Preconceito descreve uma sociedade na qual a reputação da
mulher é de altíssima importância. Uma mulher deve se comportar de determinadas maneiras.
“Pular fora das normas sociais” poderia torná-la vulnerável a exclusão da sociedade. Este tema
aparece no romance, quando Elizabeth caminha até Netherfield e chega com sua saia suja de
lama, para o choque de consciência e reputação da Senhorita Bingley e seus amigos. Em outros
pontos, as más maneiras e o comportamento ridículo da Senhora Bennet dão a ela uma má
reputação. Austen coloca uma graça sutil nestes exemplos esnobes, mas, mais tarde no romance,
quando Lydia foge com Wickham e vive com ele fora do casamento, a autora trata reputação
como algo realmente sério. Ao se tornar amante de Wickham sem benefício do matrimônio,
Lydia claramente coloca-se fora da conduta social aceitável e sua desgraça ameaça toda a família
Bennet. O fato do juízo de Lydia, embora horrível, provavelmente condenaria as outras irmãs
Bennet a uma vida sem casamento de forma completamente injusta. Por que a reputação de
Elizabeth seria afetada por causa da má reputação de Lydia?
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A intervenção de Darcy em favor dos Bennet desta maneira torna tudo
mais generoso, mas alguns leitores poderiam ressentir-se de que tal intervenção era necessária de
fato. Se o dinheiro de Darcy tivesse sido incapaz de convencer Wickham a se casar com Lydia,
Darcy ainda teria se casado com Elizabeth? A transcendência do preconceito estenderia mais? O
final feliz em “Pride and Prejudice” é certamente emocionalmente satisfatório, mas em muitas
formas isto deixaria o tema da reputação, e a importância dada à reputação ficaria inexplorada.
Alguém poderia dizer, até que ponto “Pride and Prejudice” critica tais estruturas sociais e até
que ponto isto simplesmente aceita a inevitabilidade destes?
9.5 Women and marriage
Austen é crítica das injustiças dos sexos presente na sociedade inglesa do
século XIX. O romance demonstra como o dinheiro, como o que Charlotte precisa para se casar
com homens com os quais elas não estão apaixonadas, simplesmente com o intuito de obter
segurança financeira. A herança de Longbourn dada a um membro da família distante é uma
dificuldade extrema enfrentada pela família Bennet e é obviamente muito injusta. Isto deixaria as
filhas do Senhor Bennet numa situação financeira pobre na qual ambas teriam que se casar e isto
se tornaria mais difícil ainda para elas. Claramente, Austen acredita que as mulheres são pelo
menos inteligentes e mais capazes que os homens e considera o status inferior delas na sociedade
injusto. Ela mesma foi contra a convenção de não permanecer solteira e viver de seus romances.
Em suas cartas pessoais, Austen aconselha as amigas a apenas se casarem por amor. Através do
enredo do romance fica claro que Austen quer mostrar como Elizabeth é capaz de ser feliz ao se
recusar a se casar por interesses financeiros e somente casar com um homem que ela realmente
ame e estime.
9.6 Class
Considerações referentes à classe estão onipresentes no romance. O
romance não impõe uma igualitária ideologia ou chamado para um nivelamento das classes
sociais, no entanto, critica uma ênfase excessiva na classe. O orgulho de Darcy é baseado em sua
extrema consciência acerca da classe.
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Embora, por fim, ele vê que fatores outros como riqueza determinam
quem realmente pertence à aristocracia. Enquanto a Senhorita Bingley e a Senhora Hurst, que
nasceram na aristocracia, são preguiçosas, de espírito não generoso e irritante, o Senhor e a
Senhora Gardiner não são membros da aristocracia em termos de riqueza ou nascimento, mas são
aristocratas naturais, por virtude de suas inteligências, boa criação e virtude. A formalidade
cômica do Senhor Collins e seu relacionamento exagerado com Lady Catherine servem como
uma consciência de classe satírica e formalidades sociais. No final, o veredicto acerca das
diferenças das classes é moderado.
9.7 Individual and society
O romance retrata um mundo no qual a sociedade tem um interesse na
virtude de seus membros. Quando Lydia foge com Wickham, portanto, é um escândalo para toda
a sociedade e um dano para toda a família Bennet. Darcy considera sua falha por não expor a
maldade do caráter de Wickham por ser um erro enquanto seu dever social porque, se a verdade
sobre o caráter real de Wickham tivesse sido conhecido pelos outros, eles não teriam sido
enganados por ele facilmente. Enquanto Austen é crítica em relação à habilidade da sociedade em
julgar propriamente, como demonstrado especialmente nos julgamentos de Wickham e Darcy,
ela acredita que a sociedade tem um papel crucial em promover a virtude. Austen tem um
profundo senso de que indivíduos são seres sociais e que a felicidade é encontrada nos
relacionamentos com os outros.
9.8 Virtue
Os romances de Austen unem concepções Aristotélicas e Cristãs de
virtude. Ela vê a vida humana como proposital e acredita que os seres humanos devem guiar seus
apetites e desejar através dos seus usos da razão. O fracasso de Elizabeth em seus maus
julgamentos de Darcy e Wickham é o que a vaidade dela preveniu-a de raciocinar objetivamente.
Lydia parece quase completamente ser desprovida de virtude porque ela nunca treinou a si
mesma a disciplinar-se com relação às paixões ou formar seu julgamento tal que ela seja capaz
de tomar decisões mais morais.
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A felicidade humana é encontrada ao viver uma vida de acordo com a
dignidade humana que é uma vida de acordo com a virtude. O alto-conhecimento tem um lugar
central na aquisição da virtude, já que, é um pré-requisito para a melhoria da moral. Darcy e
Elizabeth apenas livram-se de seus orgulhos e preconceitos, quando a maneira de um lidar com o
outro, os ajuda a ver as falhas e procuram melhorar.
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10. MOTIFS
10.1 Courtship
De certo modo, Pride and Prejudice é uma história de duas cortes – entre
Darcy e Elizabeth e entre Bingley e Jane. Dentro desta estrutura aparecem outras cortes menores:
a abortada corte do Senhor Collins pela Elizabeth, seguido pela sua corte de sucesso com a
Charlotte Lucas; a tentativa sem sucesso da Senhorita Bingley para atrair Darcy; a primeira busca
de Wickham por Elizabeth. Percebe-se que a corte, portanto, tem uma certa importância no
romance. O matrimônio é o último objetivo, a corte constitui o real exercício do amor. Cortejar
torna-se um tipo de forjar a personalidade de uma pessoa, e cada corte se torna um microcosmo
para diferentes tipos de amor (ou diferentes maneiras de abusar do amor como um meio de
avanço social).
10.2 Journeys
Quase toda cena em Pride and Prejudice acontece em ambientes
internos, e a ação centra-se ao redor da casa dos Bennet num pequeno vilarejo de Longbourn. No
entanto, as viagens – embora curtas – funcionam repetidamente como catalisadores para a
mudança no romance. A primeira viagem de Elizabeth na qual ela pretende visitar a Charlotte e o
Senhor Collins, a traz em contato com o Senhor Dracy e conduz ao primeiro pedido de
casamento. A segunda viagem dela, a leva a Derby e Pemberley, onde ela experimenta o
crescimento de seu afeto e afeição por Dracy. A terceira viagem, enquanto isso, envia várias
pessoas em busca de Wickham e Lydia e a viagem termina com Darcy os encontrando e salvando
a honra da família Bennet, isto demonstra a contínua devoção dele por Elizabeth.
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11. SYMBOLS
11.1 Pemberley
Pride and Prejudice é extraordinariamente livre de simbolismo explícito
que talvez tenha algo haver com a confiança do romance no diálogo acerca da descrição. No
entanto, Pemberley, a propriedade do Darcy, fica no centro do romance, literalmente e
figurativamente, como um símbolo geográfico do homem que a possui. Elizabeth visita a
propriedade num momento quando os seus sentimentos pelo Darcy estão começando a esquentar;
ela está encantada pela beleza e charme da casa, e pelo pitoresco ambiente rural, da mesma forma
que ela ficará encantada, enormemente, pelos atributos do dono da propriedade. Austen faz a
conexão explícita quando ela descreve o canal que corre ao lado da mansão. Pemberley até
mesmo oferece um símbolo dentro de outro para construir o romance: quando Elizabeth encontra
Darcy na propriedade, ela está cruzando uma pequena ponte, sugerindo que o amplo golfe de
mal-entendido e preconceito de classe que há entre eles – e a ponte que o amor deles irá construir
sobre este.
Além disso, Pemberley é considerado como sendo o único notável
exemplo de “foreshadowing”. Na verdade, o “foreshadowing” acontece quando Elizabeth visita
Pemberley. A apreciação que ela tem pela propriedade do Darcy prevê a eventual realização do
seu amor pelo proprietário – o Senhor Darcy.
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12. CONCLUSÃO
O encanto e toda magia que nos desperta à Literatura deve-se ao fato de
que o artista literário tem o poder de fazer com que os leitores mergulhem em um mundo
fantasioso. A mente humana, então, é conduzida a um lugar onde a imaginação permite que tais
leitores alcancem horizontes que estão delimitados por idéias e associações que vão além das
palavras. A maneira como o artista trabalha com os elementos que compõem o seu texto é a
“ponte” que faz a ligação entre o leitor e o mundo por ele imaginado.
Descobrir que podemos ir além do texto é dar sentido ao valor do
trabalho literário. A Literatura nos permite desvendar um campo novo; conhecer um novo
horizonte que de modo fascinante é descortinado diante dos nossos olhos. Ao final do contato
com cada trabalho (obra) o que fica é a vontade e o saboroso desejo de enveredar por um novo
caminho que nos conduzirá a um novo “porto seguro do desvendar-conhecer-saber”. Pois, ao
passo que nos entretemos também adquirimos um vasto conhecimento que permite-nos ampliar
nossa visão de mundo.
Jane Austen nos encanta e fascina devido à capacidade com a qual esta
brilhante escritora nos coloca em contato com personagens ficcionais com características
peculiares e uma dinâmica de vida tão “real”.
Os relacionamentos amorosos, a figura da mulher, os laços familiares,
enfim, ingredientes que enriquecem suas obras dando um toque humano às histórias de vida das
personagens.
Orgulho e Preconceito nos mostra desde a primeira linha que é um
trabalho ímpar pela capacidade de Austen em utilizar toda sua habilidade em criar um universo
tendo como apoio uma linguagem irônica e perspicaz. É sabido que Jane Austen escreveu esta
obra aos 22 anos e a deixou na gaveta por outros 16.
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Graças ao talento desta romancista o romance moderno ganhou projeção
mundial, embora no período literário no qual o mesmo se insere, as obras denominadas “Novels”
não tenham atingido o apogeu, fato que acontece na Era Vitoriana.
É inegável também o fato de que Jane Austen tenha sido a primeira
mulher a se tornar uma importante romancista. Sua obra traça um painel da sociedade rural
inglesa, concebido como um universo próprio e completo, dotado de dimensão universal.
Neste trabalho, buscamos de modo claro e objetivo mostrar de que forma
esta escritora assume um papel de destaque na Literatura Inglesa, de modo que seus trabalhos
tenham alcançado destaque internacional.
Além disso, é impossível ignorar a importância do cinema para a
Literatura. As produções cinematográficas têm desempenhado um grande papel no que tange a
tornar público grandes obras literárias. Para os amantes da Literatura, tal empreendimento
representa a chance de penetrar no mundo criado por autores de livros com outros olhares. Um
olhar crítico e mais atento permite-nos observar os pontos que fazem do filme semelhante (fiel)
ou divergente da obra original. Surgem, então, as múltiplas possibilidades para análises
posteriores que muitas vezes conduzem a uma releitura do texto. Aqueles que desconhecem a
obra têm, desta maneira, a oportunidade de descobrir um novo horizonte que leva os
espectadores a criar um certo interesse pelo texto original. Com isso, tem-se o aumento de
reedições dos livros, crescimento nas vendas; enfim, quem sai ganhando com tudo isso é a
literatura e os leitores de todo o mundo.
Procuramos retratar de que forma o filme, Pride and Prejudice, aborda os
temas principais contidos no poema bem como os pontos de divergência utilizados pela produção
do mesmo transformaram o filme em algo mais comercial para a indústria cinematográfica. De
fato, algumas adaptações são necessárias, já que, longos capítulos devem ser trabalhados de
forma mais sucinta nas respectivas cenas do filme. Também constatamos que alguns
personagens secundários presentes na obra literária não aparecem no filme.
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Alguns cenários foram modificados para que um clima mais romântico
pudesse dar ao filme um tom mais apelativo ao público. Tais adaptações em momento algum
transformaram o filme numa obra dispare em relação ao texto original.
Algumas análises mais detalhadas acerca da figura da mulher e de seu
papel no contexto histórico foram necessárias durante a abordagem dos temas, já que, as
explanações são pertinentes no que tange a facilitar a compreensão global acerca do trabalho
literário como um todo. Da mesma forma, a apresentação das características do período literário
que são encontradas ou não na obra, as condutas sociais e etiquetas da época, os enlaces
matrimoniais, a relação familiar, enfim, abordagens que nos auxiliaram a nortear os temas
principais durante o trabalho, foram imprescindíveis.
Muitas observações podem ser inferidas a partir da apreciação da obra
literária contrastada com a obra cinematográfica. Portanto, fica evidente que a relação intrínseca
entre as duas produções estudadas formam um todo que precisou ser desmembrado em partes
com o intuito de levar a turma a conhecer este trabalho literário que nos encantou e fascinou
desde o início dos respectivos estudos acerca do mesmo.
Fica-nos a certeza de um trabalho bem desenvolvido, na medida em que
formos fiéis ao tema buscando transpor as barreiras provenientes de um trabalho de dedicação e
profunda análise, em busca de um resultado satisfatório.
Vale ressaltar que um profundo sentimento de compensação nos invade
ao percebemos que apesar das dificuldades enfrentadas durante os momentos de estudo e
elaboração do trabalho, o produto do esforço e comprometimento do grupo nos enriqueceu
enormemente no que concerne à aquisição de conhecimento.
Ao final, conclui-se que o cinema e o livro (o texto em si) caminham lado
a lado desempenhando um papel fundamental ao manter vivo o “Espírito Literário” como Arte
Transformadora, em suas diversas nuances.
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13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PRIESTLEY, J. B.; SPEAR, Josephine. Adventures in English Literature (Volume 3).
Harcourt, Brace & World, Inc. printed in the United States of America.
THORNLEY, G. C.; GWYNETH, Roberts. An Outline of English Literature (New Edition).
England, Longman, 2006.
AUSTEN, Jane. Pride and Prejudice – Retold by Clare West. Oxford, Oxford University Press,
2000.
EARWAKER, Julian. Pride and Prejudice – In Jane Austen Country. Speak Up magazine. São
Paulo, Editora Peixes, p. 18-21, Ano XIX – nº 227, 2006.
PRIDE and prejudice – Jane Austen. Disponível em:
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10 de abril de 2009.
PRIDE & PREJUDICE (2005 FILM). Disponível em:
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PRIDE and prejudice. Disponível em: <http://www.englishliteraturenotes.com/Pride and
Prejudice>. Acesso em: 30 de março de 2009.
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PRIDE and prejudice. By Jane Austen. Disponível em:
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HOLLYWOOD popularizes Jane Austen. Disponível em: <http://www-
cgi.cnn.com/SHOWBIZ/Movies/9601/Jane_austen/index.html>. Acesso em: 24 de março de
2009.
ORGULHO e preconceito. Fabricado e distribuído pela Manaus Microservice Tecnologia Digital
da Amazônia Ltda. Sob licença da Universal Pictures International. Manaus, 2005. 1 DVD.
(127min)
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14. ANEXOS
14.1 Slides
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