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Cadernos de Seguro: Segurança de Sistemas Industriais - dimensionamento das perdas

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Os sistemas industriais são o coração das instalações. As falhas que podem ocorrer têm a possibilidade de causar a interrupção das atividades industriais. As medidas de prevenção e a introdução de meios de prevenção são as mais indicadas, A prevenção é a melhor forma de se evitar os acidentes.

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Page 2: Cadernos de Seguro: Segurança de Sistemas Industriais - dimensionamento das perdas

Casos FortuitosAuto-Seguro - Técnicas Modernasde Avaliação de Riscos - parteIV

E m nossos artigos anterioresprocuramos, dentro dos casos

fortuitos, analisar algumas coberturasacessórias aplicadas ao Seguro de In-cêndio, sob o prisma da Gerência deRiscos. Neste presente artigo, comen-tamos, de forma sucinta, asvantagense desvantagens do Auto-Seguro, sobo prisma de análise da seguradora.

Desde os primórdios dos tempos,o homem tem convivido com situa-ções nas quais vê-se obrigado a arcarcom prejuízos por danos aos seusbens. Por vezes, esseseram tão inten-sos que causavam sua própria ruína.Por outras, eles ocorriam com tal fre-qüência, que infligiam pesadas perdasao longo dos anos, inviabilizando seusnegócios.

Com o passar dos tempos, a expe-riência acumulada demonstrou quaiseram as perdas mais comuns e os da-nos que essas causavam ao seu ramode negócios. Sem querer, a idéia doAuto-Seguro foi implantada e até ho-je persiste, em maior ou menor grau.

Mas, então, o que significa Auto-Seguro, quais suas vantagens e des-vantagens?

O Auto-Seguro nada mais é do quea absorção, pelo proprietário de um

28 FUNENSIG

bem, da responsabilidade sobre omesmo, ou seja, ser o seu próprio se-gurador. Agindo dessa forma, ele as-sume integralmente a responsabilida-de e as conseqüências por todos osdanos que afetem seus bens. Essaab-sorção, ou assunção, pode ser plenaou parcial. Plena quando só há o en-volvimento do proprietário, ou seu res-ponsável, e parcial quando existemoutros co-responsáveis.

O proprietário de um veículo quenão faz o Seguro do mesmo, está as-sumindo a responsabilidade por todosos danos que aele possam atingir, taiscomo a colisão, incêndio e roubo. Emsociedades de economia estável, naqual os bens tenham seus preçosconstantes, pode-se até pensar emAuto-Seguro. Entretanto, essa é umadas afirmativas que não podemos fa-zer em nosso País.Um veículo que em1979 custava Cr$ 70.000, custa hoje,em 1986, Cr$ 45.000.000. Isso signifi-ca que em sete anos o mesmo veícu-lo, ao qual não foi feita nenhuma mo-dificação substancial, teve uma eleva-ção de preço de mais de 60.000%.Com uma elevação dessa natureza, fi-ca evidente que um automóvel ao lon-go de sua vida útil é bastante valoriza-do. Com isso, tudo fica mais caro.

As técnicas modernas, relaciona-das com a Gerência de Riscos, têm de-monstrado com algum sucesso a efi-

Antônio FernandoNa varro· Engenheiro Civil.Chefe de Divisão de Engenharia da Nacio-nal de Seguros· Professor da Funenseg

ciência do Auto-Seguro. Porém,percebe-se que, para que esse exista,não se deve aplicar técnicas isolada-mente, mas sim integrá-Ias. As maiscomuns são:

. Assuncão do Risco (Auto-Seguro); .. Prevencão do Risco (Melhoriadas condiçõés);

· Repasse do Risco (Seguro);. Afastamento do Risco.Cada uma dessas técnicas é utiliza-

da e estudada quando se exercita umaGerênciade Riscos. Todas têm suasmúltiplas características.Entretanto,vamos nos ater, com párticularidade,ao Auto-Seguro. O estudo requer aaplicação de vários critérios e tabelas,não unificadas. As que vamos utilizarneste artigo são resultantes de expe-riências acumuladas após mais de 600análises de Riscos.

Como poderíamos saber o que fa-zer em cada situacão? Quais os crité-rios utilizados? Na'Tabela I, fazemos ainter-relação entre freqüência e poten-cial de Risco, resultando em uma sé-rie de decisões.

.

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TABELAI .

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.

Remota Pequena Média GrandePotencialde Risco

Desprezfvel Auto-5eguroAuto-Seguro Prevenção PrevençãoPrevenção Seguro Seguro

Pouco Auto-5eguro Auto-5eguro Prevenção PrevençãoPrevenção Prevenção Seguro Seguro

Médio Prevenção Prevenção PrevençãoSeguro

Seguro Seguro Seguro -Acentuado Prevenção Prevenção Prevenção Afastamento

Seguro Seguro Afastamento

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Casos FortuitosAuto-Seguro - Técnicas Modernasde Avaliação de Riscos - parteIV

E m nossos artigos anterioresprocuramos, dentro dos casos

fortuitos, analisar algumas coberturasacessórias aplicadas ao Seguro de In-cêndio, sob o prisma da Gerência deRiscos. Neste presente artigo, comen-tamos, de forma sucinta, asvantagense desvantagens do Auto-Seguro, sobo prisma de análise da seguradora.

Desde os primórdios dos tempos,o homem tem convivido com situa-ções nas quais vê-se obrigado a arcarcom prejuízos por danos aos seusbens. Por vezes, esseseram tão inten-sos que causavam sua própria ruína.Por outras, eles ocorriam com tal fre-qüência, que infligiam pesadas perdasao longo dos anos, inviabilizando seusnegócios.

Com o passar dos tempos, a expe-riência acumulada demonstrou quaiseram as perdas mais comuns e os da-nos que essas causavam ao seu ramode negócios. Sem querer, a idéia doAuto-Seguro foi implantada e até ho-je persiste, em maior ou menor grau.

Mas, então, o que significa Auto-Seguro, quais suas vantagens e des-vantagens?

O Auto-Seguro nada mais é do quea absorção, pelo proprietário de um

28 rUNENSEG

bem, da responsabilidade sobre omesmo, ou seja, ser o seu próprio se-gurador. Agindo dessa forma, ele as-sume integralmente a responsabilida-de e as conseqüências por todos osdanos que afetem seus bens. Essaab-sorção, ou assunção, pode ser plenaou parcial. Plena quando só há o en-volvimento do proprietário, ou seu res-ponsável, e parcial quando existemoutros co-responsáveis.

O proprietário de um veículo quenão faz o Seguro do mesmo, está as-sumindo a responsabilidade por todosos danos que aele possam atingir, taiscomo a colisão, incêndio e roubo. Emsociedades de economia estável, naqual os bens tenham seus preçosconstantes, pode-se até pensar emAuto-Seguro. Entretanto, essa é umadas afirmativas que não podemos fa-zer em nosso País.Um veículo que em1979 custava Cr$ 70.000, custa hoje,em 1986, Cr$ 45.000.000. Isso signifi-ca que em sete anos o mesmo veícu-lo, ao qual não foi feita nenhuma mo-dificação substancial, teve uma eleva-ção de preço de mais de 60.000%.Com uma elevação dessa natureza, fi-ca evidente que um automóvel ao lon-go de sua vida útil é bastante valoriza-do. Com isso, tudo fica mais caro.

As técnicas modernas, relaciona-das com a Gerência de Riscos, têm de-monstrado com algum sucesso a efi-

Antônio FernandoNa varro· Engenheiro Civil. Chefe de Divisão de Engenharia da Nacio-nal de Seguros. Professor da Funenseg

ciência do Auto-Seguro. Porém,percebe-se que, para que esse exista,não se deve aplicar técnicas isolada-mente, mas sim integrá-Ias. As maiscomuns são:

. Assuncão do Risco (Auto-Seguro); ,

. Prevencão do Risco (Melhoriadas condiçõés);

. Repasse do Risco (Seguro);· Afastamento do Risco.Cada uma dessas técnicas é utiliza-

da e estudada quando se exercita umaGerência de Riscos. Todas têm suasmúltiplas características. Entretanto,vamos nos ater, com particularidade,ao Auto-Seguro. O estudo requer aaplicação de vários critérios e tabelas,não unificadas. As que vamos utilizarneste artigo são resultantes de expe-riências acumuladas após mais de 600análises de Riscos.

Como poderíamos saber o que fa-zer em cada situacão? Quais os crité-rios utilizados? Na'Tabela I, fazemos ainter-relação entre freqüência e poten-cial de Risco, resultando em uma sé-rie de decisões.

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t

TABELAI .

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Remota Pequena Média GrandePotencialde Risco

Desprez(vel Auto-SeguroAuto-Seguro Prevenção Prevenção

Prevenção Seguro Seguro

Pouco Auto-Seguro Auto-Seguro Prevenção PrevençãoPrevenção Prevenção Seguro Seguro

Médio Prevenção Prevenção PrevençãoSeguro

Seguro Seguro Seguro -Acentuado Prevenção Prevenção Prevenção Afastamento

Seguro Seguro Afastamento

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Para a utilizacão da tabela, é con-veniente a definição de alguns termos:· Auto-Seguro (Assunção ou Ab-sorção) - manutenção da responsa-bilidade integral com o proprietário dobem.

· Prevencão (Melhoria do Risco)- aplicação' de recursos necessáriosà reducão da sinistralidade.

· Transferência (Seguro) - repas-se da responsabilidade para uma segu-radora, ficando a cargo dessa o paga-mento dos prejuízos sofridos.

Afastamento (Evitamento de Ris-co) - adoção de contramedidas eprocedimentos após a determinaçãoda inviabilidde do Risco.

· Freqüência - é a incidência dedanos ao longo de um período de tem-po determinado. De acordo com a in-cidência, a freqüência pode ser con-siderada.

TABELA 11

tiva de danos, através do Da~c . 'a -110 Provável. Esse tipo de a"'á sealém de ser extremameNe sub e:. aconduz a inúmeros erros conce1t~ Se práticos.

A análise por meio do Dal"o a:á l-mo Provável pode conduzir a tabe,ascomo a seguir:

TABELA IV

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Classificação dos Riscos

Bom

Regular

Sujeito a Estudo Especial

Passível de Transferência

Risco a ser Transferido

Freqüência 1 Incidente a cada:

Remota 100.000 horas de operação

60.000 horas de operaçãoPequena

20.000 horas de operaçãoMédia

12.000 horas de operação ou menosGrande

· Potencial de Risco - definidocomo a expectativa da extensão dedanos, em condições normais. O po-tencial de Risco pode ser avaliado emfunção do valor dos bens, sujeitos aserem atingidos por um único evento,ou um conjunto de eventos em umtempo determinado.

TABELA 111

Com essa simples apresentação,vê-se que assumir um Risco, tecnica-mente, não é tão simples como possaparecer à primeiravista. A solução nãopode ser traduzida como" Medida deEconomia", pelo fato de não se pagarSeguros. Ou então, por "Sentimen-to", afirmar-se que não se faz Seguro

Perda Máxima Admissível (PMA)Potencial de Risco

Desprez(vel 0% < PMA~ 5%

Pouco 5% < PMA ~ 15%

15% < PMA ~ 30%Médio

PMA > 30%Acentuado

Outro ponto bastante influentequanto à definição do Auto-Seguro éa análise física, exclusivamente, doRisco, para determinação da expecta-

de um item, porque não há Risco(SIC).

A título de exemplo, consideramosa investigação a um equipamento, pa-

. Vida útil ou perspecu .a de . =.2útil;

· Estado de conservação· Estado de manutençã~· Regimede trabalro'· Tipode operação;· Condições ambiel"tajsagress-

vas (ruído,vibração,tempe<atvas e,-tremas, gases etc.);

· Tipo de instalação'· Disposição no La,:out Gerci. Produtividade ...,áxma e -ea· Qualidade dos "'Iater a s ~

gados;· Facilidde de 'epos cão de CQ""'-

ponentes;· Circuitos de protecãoOs principais dal"OSpodem ser ~

sultante de:

Talvezestejamos pecando pelo pre-ciosismo com tantos itens a analisar,podem estar pensando. O que pode-mos afirmar é que esse e outros itensmais são realmente importantes,quando se quer, tecnicamente, avaliarum risco para definir-se pelo Auto-Seguro. Há de se comentar também aquestão financeira, porque, se racio-cinamos com a absorção dos Riscos,temos que considerar que em um de-terminado momento teremos que re-

CADERNOS DE SEGURO 29

- :.y- . -5'c ..\J ..,-..:,.""" -

=V'P 3.,""'.

30'\0 :::V'P .L-'- -.

D....p J.C-

· Acidenteselétricos. Acidentes "'eCâl"'cos:. Explosões;· Impactos'· Vibraçõesexcessivas;· Ruído;· Fadiga de materiais;· Desgaste;. Desarranjosmecânicos;· Pressões extremas;. Temperaturasextremas.

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por o bem. Para isso, precisaremos noscapitalizar.

Como complemento a nossa aná-lise, poderemos considerar que esseequipamento seja um dos componen-tes de nosso Risco, para o qual este-jamos querendo obter o índice de con-fiabílidade.

Para simplificar, nosso equipamen-to apresenta quatro falhas em milho-ras de operação. A confiabilidade se-rá determinada por:

4 falhas em 1.000 horas de operação

4Taxa de falha (~..)= .. nM = 0,004

Tempo médio entre falhas (T) = 1.0..00= 250 horas

T = 0,25 x 105horas

Tempo de operação (1)=1.000 horas

e =2,718

1 1À=T = 0,25X 105

Confiabilidade (R) = e"Àt = e-4 x 10-5 X 103 = 09608,

4 x 10"5 falhas/hora

R = 96,08%

Probabilidade de falha (a) =1 - R = 3,92%

Isso significa que, se o equipamen-to, durante mil horas de operação, ti-ver quatro falhas, possuirá como com-ponente do sistema uma probabilida-de de falha de 3,92%.

Apenas para concluir, imaginemosque nosso equipamento está associa-do a outro, com idêntico percentual deconfiabílidade, trabalhando direta-mente acoplados. A confiabilidade to-tal do sistema será:

Rt = RI x R2

Rt = 0,9608 x 0,9608 = 92,31%

A probabilidade de falha do conjun-to será:

Ot = 1 - Rt = 7,69%

Pelo simples fato de termos acres-centado um segundo equipamento,com idênticas características do pri-meiro, elevamos nossa probabilidadede falha de3,92%, para 7,69%. A ca-da novo equipamento acrescido, tem-se uma nova confiabilidade, e, comoconseqüência, nova probabilidade defalha. O que a principio não passava deuma simples passada de olhos por so-bre um equipamento, transformou-seem aplicações matemáticas.

30 rUNMG

Por meio da determinação dessescoeficientes, chega-se ao traçado daárvore de falhas, tão importante quan-do se quer determinar o grau de assun-ção de Risco. Retomando a nossa li-nha de raciocínio anterior, assumir umRisco, ou parte dele, pelo menos sobo ponto de vista técnico, não é tãosimples assim. A simplicidade é redu-zida drasticamente na medida em queos valores aumentam, ou é maior a so-fisticação dos equipamentos; há umtotal comprometimento da produçãoetc.

Hoje em dia, os critérios utilizadosainda são bastante primários, e deuma maneira geral redundam na redu-ção das importâncias seguradas. Na

hora de um sinistro, as seguradorasapuram os verdadeiros valores em Ris-co, com o objetivo de indenizar pro-porcionalmente às responsabilidadesassumidas, entrando em cena a abo-minável figura do rateio (SICI.

Infelizmente, o Auto-Seguro, daforma como é hoje, é um dos inúme-ros Casos Fortuitos, merecedor de to-da a nossa atenção, mormente porqueo maior prejuízo é o que afeta o mer-cado segurador: o "Prejuízo daImagem".

Essa técnica, da forma como hojeé conduzida, é nociva para o segura-do e para a seguradora.

(Continua no próximo número)