15
Conceito do Jogo Conceito do Jogo Monitor de Jogos Tradicionais Monitor de Jogos Tradicionais

Conceito do Jogo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Conceito do JogoConceito do Jogo

Monitor de Jogos TradicionaisMonitor de Jogos Tradicionais

Apresentação do JogoApresentação do Jogo

O jogo pode definir-se, a nível humano e animal, como O jogo pode definir-se, a nível humano e animal, como toda actividade que tem como primeiro objectivo o toda actividade que tem como primeiro objectivo o prazer. É esta a noção muito simples, mas prazer. É esta a noção muito simples, mas possivelmente das mais correctas.possivelmente das mais correctas.

Vejamos:Vejamos: Essa actividade é caracteristicamente física, Essa actividade é caracteristicamente física,

podendo, todavia, ter dominância mental como podendo, todavia, ter dominância mental como sucede no xadrez. Trata-se de uma verdadeira sucede no xadrez. Trata-se de uma verdadeira actividade em que o homem ou animal se actividade em que o homem ou animal se empenham, pois através dela se persegue empenham, pois através dela se persegue consciente ou inconscientemente um objectivo consciente ou inconscientemente um objectivo fundamental: fundamental: o prazero prazer..

Daqui podemos retirar que sem prazer não há Daqui podemos retirar que sem prazer não há jogo. jogo.

Apresentação do JogoApresentação do Jogo

Se um jogador actua exclusivamente na mira Se um jogador actua exclusivamente na mira de um fim útil, como a glória ou a recompensa de um fim útil, como a glória ou a recompensa material, podemos com toda a certeza afirmar material, podemos com toda a certeza afirmar que o seu jogo é apenas aparente: não joga, que o seu jogo é apenas aparente: não joga, de facto. Se ele, porém, antes e para além de facto. Se ele, porém, antes e para além dessa utilidade, desenvolve as suas jogadas dessa utilidade, desenvolve as suas jogadas com uma certa alegria, agradando-lhe a com uma certa alegria, agradando-lhe a situação em que se encontra, então, sim, joga situação em que se encontra, então, sim, joga mesmo que tenha também em vista a fama e mesmo que tenha também em vista a fama e o dinheiro. Assim entendido, o desporto de o dinheiro. Assim entendido, o desporto de alta competição é verdadeiro jogo.alta competição é verdadeiro jogo.

Apresentação do JogoApresentação do Jogo

O jogo, di-lo bem a psicologia, é condição O jogo, di-lo bem a psicologia, é condição sine sine qua nonqua non do desenvolvimento infantil, mas do desenvolvimento infantil, mas também é uma vida em busca de felicidade, também é uma vida em busca de felicidade, porque as nossas alegrias são as nossa porque as nossas alegrias são as nossa vitórias. Entender a vida como um jogo e uma vitórias. Entender a vida como um jogo e uma sucessão ininterrupta de jogos não é reduzi-la sucessão ininterrupta de jogos não é reduzi-la a um passatempo, é antes, entendê-la como a a um passatempo, é antes, entendê-la como a ininterrupta busca do prazer cada vez maior, ininterrupta busca do prazer cada vez maior, isto é, a felicidade.isto é, a felicidade.

Jogar é viver, mas viver – é preciso acentuá-lo Jogar é viver, mas viver – é preciso acentuá-lo – também é jogar.– também é jogar.

O JogoO Jogo

A formula do jogo, é a seguinte: A formula do jogo, é a seguinte:

J=f(AIJ=f(AIP) – o jogo é uma função da P) – o jogo é uma função da interacção da actividade interessante e interacção da actividade interessante e do prazer.do prazer.

Teoria do JogoTeoria do Jogo

Podemos sempre desenvolver as funções Podemos sempre desenvolver as funções dramáticas do plano lúdico de cada jogo.dramáticas do plano lúdico de cada jogo.

Plano afectivoForça temática (o que fazer) – Imitação/repetição da actividade pelos jogadoresRepresentante de valor – vitória

Plano impulsivo

Árbitro – Impulso lúdicoReceptor – Prazer

Plano circunstancial

Adjuvante – Companheiros de equipaOponente – Adversários

Teoria do JogoTeoria do Jogo Quem são os actores em cada uma das Quem são os actores em cada uma das

funções dramáticas?funções dramáticas?

Sujeito – o jogador ou jogadoresSujeito – o jogador ou jogadores Objecto – VitóriaObjecto – Vitória Emissor – Impulso lúdicoEmissor – Impulso lúdico Destinatário – quem recebe o benefício do Destinatário – quem recebe o benefício do

jogo – Prazerjogo – Prazer Adjuvante – CompanheirosAdjuvante – Companheiros Oponente – AdversáriosOponente – Adversários

Funções dramáticas

Força temática

Representante do valor

Árbitro (que atribui o valor)

Receptor do valor

Auxílio Oponente

Actores Sujeito Objectivo Emissor Destinatário Adjuvante Oponente

O Código ludencialO Código ludencial

É da relação Objecto – É da relação Objecto – Mensagem e Sujeito / Mensagem e Sujeito / Destinatário que nasce o jogo. A actividade remete para Destinatário que nasce o jogo. A actividade remete para o prazer e vice-versa – quando se acha prazer em o prazer e vice-versa – quando se acha prazer em determinada actividade e esta se repete, pelo prazer, determinada actividade e esta se repete, pelo prazer, nasce o jogo.nasce o jogo.

=Repetição Jogo

Sujeito / emissor (impulso lúdico)

Oponente adversário

Objecto – Mensagem (actividade

interessante)

Adjuvante (companheiro)

Sujeito / destinatário

(Prazer)

ExemploExemplo

Dêmos agora uma vista de olhos pela pastorícia, que é Dêmos agora uma vista de olhos pela pastorícia, que é onde muitos jogos têm as suas raízes.onde muitos jogos têm as suas raízes.

Anda o pastor pela serra com o seu rebanho, e ao Anda o pastor pela serra com o seu rebanho, e ao caminhar descuidado, põe o pé em cima de uma pinha, caminhar descuidado, põe o pé em cima de uma pinha, esta rola um pouco, ele desequilibra-se e cai. Duas esta rola um pouco, ele desequilibra-se e cai. Duas reacções são possíveis: levantar-se e passar à frente ou reacções são possíveis: levantar-se e passar à frente ou “castigar a pinha”. Uma maneira de a castigar será dar “castigar a pinha”. Uma maneira de a castigar será dar uma pancada com o cajado e lançá-la para longe do uma pancada com o cajado e lançá-la para longe do caminho. Imaginemos que optou pela ultima atitude e caminho. Imaginemos que optou pela ultima atitude e imaginemos que a pinha assim projectada levanta voo, imaginemos que a pinha assim projectada levanta voo, caí, rola no chão e entra num buraco. Imaginemos que o caí, rola no chão e entra num buraco. Imaginemos que o pastor casualmente nota isso: que entre tantos sítios pastor casualmente nota isso: que entre tantos sítios possíveis a pinha foi parar mesmo num buraco – ainda possíveis a pinha foi parar mesmo num buraco – ainda por cima o único que lá existia.por cima o único que lá existia.

““Curioso!”, dirá o nosso homem, algo espantado. Curioso!”, dirá o nosso homem, algo espantado. “quisesse eu lá meter o diabo da pinha e, se calhar, não “quisesse eu lá meter o diabo da pinha e, se calhar, não era capaz. Ora vamos lá ver.”era capaz. Ora vamos lá ver.”

ExemploExemplo Pega noutra pinha, coloca-a no mesmo sítio de onde Pega noutra pinha, coloca-a no mesmo sítio de onde

tinha projectado a primeira e tinha projectado a primeira e trástrás, uma valente pancada. , uma valente pancada. Imaginemos que a pinha tornou a levantar voo, caiu, Imaginemos que a pinha tornou a levantar voo, caiu, rolou, mas foi parar longe do buraco. Mais duas reacções rolou, mas foi parar longe do buraco. Mais duas reacções são possíveis por parte do pastor: desinteressar-se ou são possíveis por parte do pastor: desinteressar-se ou insistir até conseguir o objectivo. Desinteresse-se ou não, insistir até conseguir o objectivo. Desinteresse-se ou não, consiga ou não, que significado têm os dois primeiros consiga ou não, que significado têm os dois primeiros lançamentos, o da pinha cair no buraco e o da pinha cair lançamentos, o da pinha cair no buraco e o da pinha cair longe dele? É perfeitamente claro que o primeiro longe dele? É perfeitamente claro que o primeiro lançamento nada tem a ver com o jogo. O pastor quis foi lançamento nada tem a ver com o jogo. O pastor quis foi despachar a pinha, vingando o tombo que ela lhe fez dar. despachar a pinha, vingando o tombo que ela lhe fez dar. Esta acção é uma acção de carácter prático, atira a pinha Esta acção é uma acção de carácter prático, atira a pinha para um local onde não volte a incomodá-lo.para um local onde não volte a incomodá-lo.

Vejamos agora o que se passa com o segundo Vejamos agora o que se passa com o segundo lançamento. Quando o pastor exclama “Curioso”, atribui lançamento. Quando o pastor exclama “Curioso”, atribui interesse à cajadada na pinha, interesse que lhe advém interesse à cajadada na pinha, interesse que lhe advém do valor dado à relação cajado-pinha-distância-do valor dado à relação cajado-pinha-distância-movimento-buraco. movimento-buraco.

ExemploExemplo Quando diz: “Quisesse eu”, o interesse tinha resultado Quando diz: “Quisesse eu”, o interesse tinha resultado

numa sensação de prazer pelo acto consumado e, nesse numa sensação de prazer pelo acto consumado e, nesse exacto momento, criam-se as condições favoráveis à exacto momento, criam-se as condições favoráveis à emissão do impulso lúdico que determina a vontade.emissão do impulso lúdico que determina a vontade.

Quando diz: “ Vamos lá ver”, a vontade intervém e a Quando diz: “ Vamos lá ver”, a vontade intervém e a primeira actividade, isto é, o lançamento, é repetida em primeira actividade, isto é, o lançamento, é repetida em busca do prazer lúdico.busca do prazer lúdico.

Eis os momentos motivacionais do jogo:Eis os momentos motivacionais do jogo: Actividade (física e/ou mental) – prazer específico da Actividade (física e/ou mental) – prazer específico da

actividade – interesse – impulso lúdico – 1ª actividade actividade – interesse – impulso lúdico – 1ª actividade repetida – prazer lúdico – 2ª actividade repetida – (....).repetida – prazer lúdico – 2ª actividade repetida – (....).

O trabalho-jogoO trabalho-jogo

Também se pode sentir prazer no trabalho (como em Também se pode sentir prazer no trabalho (como em muitas coisas na vida), e ninguém dirá que só por isso o muitas coisas na vida), e ninguém dirá que só por isso o trabalho é jogo, a menos que o trabalho (ou certas trabalho é jogo, a menos que o trabalho (ou certas partes dele) se execute tendo o prazer como primeiro partes dele) se execute tendo o prazer como primeiro objectivo e a isto se tem chamado o trabalho-jogo.objectivo e a isto se tem chamado o trabalho-jogo.

Um caso concreto:Um caso concreto:– As pessoas que vivem numa cidade ruidosa e algo As pessoas que vivem numa cidade ruidosa e algo

poluída sentem-se bem quando visitam uma poluída sentem-se bem quando visitam uma pequena aldeia tipicamente rural. Uma vez no pequena aldeia tipicamente rural. Uma vez no campo, e por exemplo, numa vinha, ao lado dos campo, e por exemplo, numa vinha, ao lado dos trabalhadores que andem a sachar, são capazes de trabalhadores que andem a sachar, são capazes de pegar num sacho e de se porem a retirar as ervas pegar num sacho e de se porem a retirar as ervas daninhas. E fazem isso com um real prazer, que vão daninhas. E fazem isso com um real prazer, que vão expressando por meio de sorrisos e graçolas. expressando por meio de sorrisos e graçolas.

O trabalho-jogoO trabalho-jogo

Certo é que por falta de hábito e força muscular o Certo é que por falta de hábito e força muscular o trabalho-jogo não vai durar muito tempo pois o cansaço trabalho-jogo não vai durar muito tempo pois o cansaço faz calar o impulso lúdico e dissipa o prazer, e o faz calar o impulso lúdico e dissipa o prazer, e o trabalho-jogo é restituído à condição natural de trabalho-jogo é restituído à condição natural de trabalho. Mas enquanto o prazer durou o jogo trabalho. Mas enquanto o prazer durou o jogo certamente existiu. Existiu na repetição aprazível, certamente existiu. Existiu na repetição aprazível, deleitosa, do acto de sachar, a que não faltavam deleitosa, do acto de sachar, a que não faltavam espectadores como adjuvantes e o esforço como espectadores como adjuvantes e o esforço como oponente. Talvez o desejo de afirmação, misturado com oponente. Talvez o desejo de afirmação, misturado com o exibicionismo, podem-se tornar no motivo adjuvante o exibicionismo, podem-se tornar no motivo adjuvante do impulso lúdico da actividade.do impulso lúdico da actividade.

As RegrasAs Regras

As regras são inerentes à busca do prazer. Em As regras são inerentes à busca do prazer. Em qualquer actividade a busca do prazer impõe a qualquer actividade a busca do prazer impõe a utilização dos meios adequados; no jogo, utilização dos meios adequados; no jogo, porém o prazer reside no conseguimento porém o prazer reside no conseguimento vitorioso dessa utilização.vitorioso dessa utilização.

Regra é sinónimo de lei, e deve considerar-se Regra é sinónimo de lei, e deve considerar-se como elemento da estrutura de um jogo, pois como elemento da estrutura de um jogo, pois não há jogo sem regras.não há jogo sem regras.

Os Jogos populares por exemplo, dispensam Os Jogos populares por exemplo, dispensam muitas regras sobretudo complicadas, muitas regras sobretudo complicadas, contando mais o prazer da participação.contando mais o prazer da participação.

As RegrasAs Regras