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Mimese III Mimese III Paul Ricoeur Paul Ricoeur Universidade de Santa Cruz do Sul Narrativas Midiáticas Audiovisuais Reconfiguradas Cristiane Lautert Soares – bolsista PROBIC/FAPERGS

Mimese III

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Mimese IIIMimese IIIPaul RicoeurPaul Ricoeur

Universidade de Santa Cruz do Sul

Narrativas Midiáticas Audiovisuais Reconfiguradas

Cristiane Lautert Soares – bolsista PROBIC/FAPERGS

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Mimese III

É na mimese III que o sentido da obra se configura.

“A mimese III marca a intersecção entre o mundo do texto e o mundo do ouvinte ou do leitor” (p. 110).

O percurso da mimese é concluído no ouvinte ou no leitor.

Ricoeur aborda a questão da circularidade viciosa que a travessia da mimese I a mimese III, através de mimese II suscita. A análise é circular, mas o argumento de que o círculo seja vicioso é refutável.

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“Sem abandonar a experiência cotidiana, não estamos inclinados a ver em tal encadeamento de episódios de nossa vida histórias “não (ainda) narradas”, histórias que pedem para ser contadas, histórias que oferecem pontos de ancoragem à narrativa?” (p. 115).

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A história é aquilo em que estamos emaranhados.

A história acontece com alguém antes que alguém a narre. “[...] narrar é um processo secundário, o do tornar-conhecido da história” (p. 116).

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“Contamos histórias porque finalmente as vidas humanas têm necessidade e merecem ser contadas” (p. 116).

Essa observação adquire força quando evocamos a necessidade de salvar a história dos vencidos e dos perdedores. “Toda história do sofrimento clama por vingança e exige narração” (p. 116).

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Configuração, refiguração e leitura

Ato da leitura – transição entre mimese II e mimese III.

A esquematização e o tradicionalismo contribuem para destruir o preconceito que opõe um “dentro” e um “fora” do texto. São categorias de interação entre a operatividade da escrita e a da leitura (p. 117).

Os paradigmas recebidos estruturam as expectativas do leitor e o ajudam a reconhecer a regra formal, o gênero ou o tipo exemplificados pela história narrada (p. 117).

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“[...] é o ato de ler que acompanha a configuraçao da narrativa e atualiza sua capacidade de ser seguida. Seguir uma história é atualizá-la na leitura” (p. 117-118).

É o leitor que conclui a obra. A obra escrita é um esboço para a leitura: comporta buracos, lacunas, zonas de indeterminação que desafiam o leitor.

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Narratividade e referência

“O que é comunicação, em última instância, é, para além do sentido de uma obra, o mundo que ela projeta e que constitui seu horizonte” (p. 119).

“O que um leitor recebe é não somente o sentido da obra mas, por meio de seu sentido, sua referência, ou seja, a experiência que ela faz chegar à linguagem e, em última análise, o mundo e sua temporalidade, que ela exibe diante de si” (p. 120).

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Narratividade e referência

“O conceito de horizonte e de mundo não concerne só às referências descritivas, mas também às referências não-descritivas, as da dicção poética. [...] Diria que, para mim, o mundo é o conjunto das referências abertas por todos os tipos de textos descritivos ou poéticos que li, interpretei e amei” (p. 122).

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Para Ricoeur, devemos às obras de ficção grande parcela da “ampliação de nosso horizonte de existência” (p. 123).

As obras de ficção “pintam a realidade, aumentando-a com todos os significados que elas próprias devem às suas virtudes de abreviação, de saturação e de culminação, [...] ilustradas pela tessitura da intriga” (p. 123).

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“O que é ressignificado pela narrativa é o que já foi pré-significado no nível do agir humano” (p. 124).

Há duas grandes classes de discursos narrativos – a historiografia e a ficção. A historiografia pode reivindicar a referência que se inscreve na realidade empírica. A intencionalidade histórica visa acontecimentos que já ocorreram (p. 125).

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A ficção, assim como a historiografia, é contada como se tivesse ocorrido.

A ficção se inspira na história tanto quanto a história se inspira na ficção.

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Referências

RICOEUR, Paul. Mimese III. In: ___. Tempo e Narrativa. Trad. Constança Marcondes Cesar. Campinas - SP: Papirus, 1994, p. 110-125.