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QUALIDADE, CONTROLE DE QUALIDADE E MÉTODOS
ANALÍTICOS
Profº Msc Dênis Rômulo L. Furtado
CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA
CONCEITO DE QUALIDADE
QUALIDADE SEGUNDO ISO 9001“Qualidade é a totalidade de características de uma entidade que lhe confere a capacidade de satisfazer as necessidades explícitas e implícitas.”
GARANTIA DA QUALIDADE (GQ)
É todo o esforço organizado e documentado dentro de uma empresa com o sentido de desenvolver, produzir, manter e assegurar as características do produto, de modo que cada unidade do mesmo esteja de acordo com suas especificações.
O sistema da Garantia da Qualidade deve contemplar programa documentado de garantia de avaliação regular da qualidade analítica incluindo
Programa de controle interno
Programa de controle externo
Detalhar a abrangência do sistema de controle interno para todas as análises qualitativas e quantitativas realizadas e possibilitar a investigação das causas de variabilidade;
GARANTIA DA QUALIDADE
GARANTIA DA QUALIDADE (GQ)
Gestão: farmacêutico
Assegura que os produtos, processos e serviços estejam dentro dos padrões de qualidade estabelecidos internamente, pela comunidade e/ou por órgãos reguladores governamentais. Incorpora e cumpre as Boas Práticas de Manipulação (BPM) ou as Boas Práticas de Fabricação (BPF).
OBJETIVOS DA GQ
Adequação eficiente dos meios de produção (qualidade do produto em cada etapa) e melhor controle do desempenho da empresa.
Controle de tempo e custos.
Estabelecimento de linguagem única.
VANTAGENS
Credibilidade:- classes profissionais- clientes/pacientes- órgãos reguladores- fornecedores
Economia de recursos a médio e longo prazo
Satisfação do cliente
CONTROLE DA QUALIDADE
É o sistema que avalia o desempenho de processos ou resultados das ações tomadas pela introdução de procedimentos da qualidade assegurada.
Avalia o desempenho de todo o sistema da qualidade através de medições adequadas
Compreende também o registro das ações corretivas.
CONTROLE INTERNOA avaliação da precisão é feita através da análise de uma série de resultados obtidos na mesma amostra (para as análises quantitativas). CONTROLE EXTERNO O grau de exatidão requer a comparação dos resultados obtidos pelo laboratório com o resultado “verdadeiro”obtido através de :
• procedimentos de referência ou definitivos• “valor de consenso”:
•Programas de Proficiência•Comparações Interlaboratoriais
Nota: Em geral, a avaliação da precisão é mais acessível que a avaliação da exatidão.
CONTROLE INTERNO DA QUALIDADE
Processo de avaliação da estabilidade do sistema analítico que tem como principal objetivo evitar a liberação de resultados com erro maior que o especificado.
Pode ser realizado através da análise de materiais com valor conhecido ou com valor determinado pelo laboratório.
Geralmente envolve a especificação dos erros analíticos e dos limites de aceitabilidade a aplicação de critérios de julgamento estatisticamente válidos.
CONTROLE EXTERNO DA QUALIDADE
Processo de avaliação da adequação do resultado de uma análise que envolve a interação com outras organizações.
Pode ser realizado através de ensaios de proficiência, de análise de padrões certificados, de comparações interlaboratoriais e de validação clínica.
Este procedimento é denominado “Avaliação Externa da Qualidade”.
ENSAIO DE PROFICIÊNCIA É a determinação do desempenho de um laboratório, na realização de ensaio, por avaliação através de ensaio de comparação interlaboratorial.
ABNT ISO/IEC guia 43:1999
COMPARAÇÃO INTERLABORATORIAL É a organização, realização e avaliação de ensaios de produtos ou materiais idênticos ou similares, em pelo menos dois laboratórios diferentes, sob condições predeterminadas.
ABNT ISO/IEC guia 43:1999
Exato (o exame representa o valor real do paciente) Preciso (o exame é reprodutível).
OBJETIVOS DA CQ
EXATIDÃO DOS RESULTADOS
A exatidão dos resultados de uma medida está relacionada com o erro absoluto, ou seja, a exatidão informa quanto o valor medido é diferente do valor verdadeiro ou mais provável.
PRECISÃO DOS RESULTADOS
A precisão dos resultados está relacionada à concordância entre diferentes medidas.
quanto mais os valores medidos são diferentes entre si, maior a dispersão dos resultados, ou seja, menor a precisão.
quanto mais parecidos são os valores medidos, menor a dispersão de resultados, ou seja, maior a precisão.
REPETIBILIDADE de resultados é obtida quando se faz medidas precisas de uma grandeza sob as mesmas condições, repetidas vezes (réplicas).
REPRODUTIBILIDADE de resultados ocorre quando a precisão é mantida, por exemplo, quando a análise é repetida no dia seguinte, ou na semana seguinte, ou feita por outro analista no mesmo laboratório ou feita por outro analista em outro laboratório.
LSE
LIE
Precisão e Exatidão
Precisão e Inexatidão
Imprecisão e Exatidão
Imprecisão e Inexatidão
X
PRECISÃO E EXATIDÃO
I
II
III
Valor verdadeiro oumais provável
EXATIDÃO E PRECISÃO
I EXATO E PRECISO
II INEXATO E PRECISO
III INEXATO E IMPRECISO
EXEMPLO AExato e imprecisoValor médio = 49,1 %Valor verdadeiro = 49,1 +- 0,1 %
49,0 49,1 49,2 49,3 49,4
49,0 49,1 49,2 49,3 49,4
EXEMPLO B Inexato e precisoValor médio = 49,4 %Valor verdadeiro = 49,1 +- 0,1 %
ERROS EM MEDIÇÕES
São definidos como a diferença existente entre um valor medido e um valor verdadeiro ou mais provável.
Obs: embora as concentrações reais nunca possam ser exatamente conhecidas para a maioria das medições, é possível informar com bastante certeza o valor verdadeiro ou mais provável.
Todas as medidas físicas possuem um certo grau de incerteza associado ao processo de medição.
Todo valor numérico, que é o resultado de uma medida experimental, terá uma incerteza associada. É necessário conhecer e expressar o intervalo de confiabilidade do resultado.
Não há como evitar incertezas em medições, mas é possível melhorar métodos e técnicas para minimizá-las.
Os erros e incertezas são conhecidos e calculados por meio de tratamento estatístico dos dados experimentais, para que se obtenha o resultado analítico, ou seja, a informação desejada.
ERRO ALEATÓRIO/IMPRECISÃO•Ao acaso
•Causa da imprecisão de um método
•Erro negativo ou positivo cuja direção e magnitude não podem ser prevista com segurança
•Freqüência indeterminada
•Causa a dispersão de valores de medidas repetidas
•É estimado pelo desvio padrão
•Pode ser minimizado, mas nunca totalmente eliminado.
ERRO SISTEMÁTICO/INEXATIDÃO •Afeta todas as amostras da mesma maneira
•Tem sempre o mesmo sentido (positivo ou negativo)
•A causa pode ser determinada e está ligada às características do processo
•Pode ser praticamente eliminado.
•É calculado pela diferença entre a média de um conjunto de resultados e o valor verdadeiro (Média – Média verdadeira).
CAUSAS DA VARIABILIDADE
• Pessoas: Realizam os procedimentos de modos diferentes
• Equipamentos: Possuem desempenho diferente
• Materiais: Originados de vários fornecedores
• Métodos: Inadequação e dos procedimentos
• Ambiente: Variações de temperatura ou umidade
MEDINDO A VARIABILIDADEPara controlar ou reduzir a variabilidade é necessário estimar a sua dimensão.
A estimativa da variabilidade, chamada de imprecisão, é feita através do desvio padrão.
Representa a “média” da soma das diferenças entre cada resultado e a média aritmética dos resultados. Expresso nas mesmas unidades de medida do analito.
1nXx 2
Desvio Padrão =
ERRO ABSOLUTO É a diferença entre o valor medido e o valor verdadeiro ou mais provável.Informa se existe desvio positivo (a maior) ou negativo (a menor) entre o valor medido e o valor verdadeiro ou mais provável.
i vE x x E = erro absolutoXi = valor medidoXv = valor verdadeiro ou mais provável
ERRO RELATIVO É o erro absoluto dividido pelo valor verdadeiro ou mais provável, expresso em percentagem.
.100%i v
v
x xEr x
Er = erro relativoXi = valor medidoXv = valor verdadeiro ou mais provável
GRÁFICO DE LEVEY-JENNINGSO Gráfico de Levey-Jennings é um gráfico de controle em que os resultados da corrida analítica são plotados em função do tempo, ou número de corridas.
A média e o desvio padrão usados nos gráficos de Levey-Jennings devem ser obtidos por dosagens do controle no próprio laboratório.
Deve-se utilizar 20 a 30 dosagens (uma em cada dia) para este cálculo.
A média do laboratório deve, contudo, estar dentro da média aceitável pelos parâmetros fornecidos pelo fabricante.
Dia - Corrida
Desvio Padrão
0-
1DP- 2DP- 3DP
+3DP+2DP+1DPMédi
a
“Fora de Controle”: Uma vez estabelecidos os limites pelo laboratório, os resultados no gráfico que estiverem além desses limites podem representar situação fora de controle. Os critérios para tratar esses resultados devem ser também definidos, se serão critérios de alerta, ou de rejeição;
Aumento da imprecisão: É exibida como aumento da aleatoriedade, em que mesmo com resultados oscilando em torno da média, os pontos se distanciam muito da mesma. Quando maior que três DP, esse distanciamento já indica necessidade de rejeição da corrida analítica;
Perda da exatidão: A exatidão pode ser avaliada e sua perda percebida em pouco tempo no gráfico quando os pontos deixam a esperada oscilação em torno da média e se deslocam para cima, ou para baixo. Análise complementar deve ser feita com os resultados do controle externo;
Tendências: É facilmente perceptível no gráfico, quando aponta erros sistemáticos, que têm direção certa, isto é, para mais ou para menos.
CURVA DE GAUSS - GRÁFICO DE LEVEY-JENNINGS
1SD
2SD
3SD
3SD
2SD
1SD_X
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Análise simples de dados, através de gráficos
Permite interpretação e ações imediatas
Fácil integração e adaptação à rotina
Baixo nível de falsas rejeições ou falsos alarmes
Melhor capacidade de identificação de erros
Indicação do tipo de erro
REGRAS DE WESTGARD
12s Regra de Rejeição - 1 nívelRegra de Alerta - 2 níveis
DP
0
- 1DP- 2DP
- 3DP
+3DP+2DP+1DP
Média
Regras de Westgard1/2 níveis
13s Regra de RejeiçãoErro AleatórioErro Sistemático (quando muito grande)
DP
0
- 1DP- 2DP
- 3DP
+3DP+2DP+1DP
Média
Regras de Westgard2/3/4 níveis
22s Regra de RejeiçãoErro Sistemático
Dentro do Material
Entre CorridasEntre Materiais
Dentro da Corrida
DP
0
- 1DP
- 2DP
- 3DP
+3DP
+2DP
+1DP
Média
Regras de Westgard2/4 níveis
R4s Regra de RejeiçãoErro Aleatório
Entre MateriaisDentro da
Corrida
DP
0
- 1DP
- 2DP
- 3DP
+3DP
+2DP
+1DP
Média
Regras de Westgard2/3/4 níveis
DP
0
- 1DP
- 2DP
- 3DP
+3DP
+2DP
+1DP
Média
41s Regra de RejeiçãoErro Sistemático
Dentro do Material
Entre Corridas
Entre MateriaisDentro da
Corrida
Regras de Westgard1/2/4 níveis
COLORIMETRIA
Método de análise quantitativa que se baseia na comparação da cor produzida por uma reação química com uma cor padrão. De acordo com a intensidade da cor produzida, infere-se a concentração do determinado analito (substância que se quer analisar).
O método mais seguro de se verificar a coloração de uma reação é através do uso do espectrofotômetro, que compara a intensidade de cor com uma cor estabelecida, chamada de “branco” (solução em que o espectrofotômetro é zerado). É o método mais usado em análises laboratoriais de bioquímica clínica.
REAÇÕES CINÉTICAS
Geralmente utilizado em reações em que o analito é uma enzima. A atividade da enzima é analisada por meio da reação dela com um composto químico denominado substrato. Essa reação gera um produto. Em geral, a reação é acoplada a uma reação colorimétrica: à medida que a conversão enzimática se processa e o produto é gerado, há mudança de cor que deve ser observada em espectrofotômetro. Leituras sucessivas em intervalos de tempos iguais devem ser feitas.
Podemos classificar as reações cinéticas em 3 tipos
1. Reação cinética de tempo fixo
2. Reação cinética contínua 3. Reação cinética de 2 tempos
REAÇÃO CINÉTICA DE TEMPO FIXO
A velocidade de formação do produto é medida após um tempo fixo para sua leitura. São semelhantes às Reações de Ponto Final, ou seja, a velocidade de formação do produto é medida após um tempo fixo, em que a reação enzimática é interrompida, adicionando um reagente próprio. Exemplo Dosagem de Fosfatase Alcalina, método de Roymod (mede a velocidade de formação do produto após 10 minutos de incubação na temperatura de 37°C).
REAÇÃO CINÉTICA CONTÍNUA A velocidade de formação do produto é medida em intervalos de tempo.
Exemplo Dosagem de Fosfatase Alcalina – Método de p-Nitrofenol (mede a velocidade de formação do produto em intervalos de tempo de 1 minuto após incubação na temperatura de 37°C).
REAÇÃO CINÉTICA DE 2 TEMPOS
É uma variante da Reação Cinética Contínua. Nesses casos, faz-se uma leitura aos 30 segundos (serve como Branco) e a outra leitura aos 90 segundos.Utiliza-se o ∆A de 1 minuto para calcular a concentração do analito. A Reação Cinética de 2 Tempos serve para diminuir o tempo da reação e também para reduzir a influência de interferentes, no caso da dosagem de creatinina. Exemplo Dosagem de Creatinina, método Cinético Colorimétrico e Dosagem de Uréia Método Cinético - UV
CROMATOGRAFIA
É um método físico-químico de separação. Fundamenta-se na migração diferencial dos componentes de uma mistura. É formada por duas fases imiscíveis: uma fase móvel e uma fase estacionária. De acordo com o tipo de fase móvel e estacionária utilizados as cromatografias podem classificadas em Cromatografia em camada delgada, Gasosa, Cromatografia de Troca Iônica e HPLC (sigla de High Pressure Liquid Chromathography).
QUIMIOLUMINESCÊNCIA
Reação química que gera energia luminosa. Durante a reação, os reagentes se transformam em estados intermediários eletronicamente excitados, e ao passarem para um estado de menos excitado, liberam a energia absorvida na forma de luz.
O composto químico Luminol, é um dos representantes mais conhecidos da quimioluminescência. Quando em contato com o sangue, utiliza o ferro da hemoglobina como catalisador para de liberação de luz.
Laboratorialmente, hormônios, drogas e microorganismos podem ser identificados por testes colorimétricos. Tais métodos utilizam-se de anticorpos ligados a um marcador luminescente (cromógeno) que pode ser o próprio luminol ou mais modernamente derivados de acridina, sistema avidina-biotina, entre outros.
RADIOIMUNOENSAIO (RIA – Radio Imuno Assay)
Baseia-se na competição de um antígeno presente na amostra em análise com um antígeno marcado com isótopo radioativo pelo mesmo anticorpo. A concentração do antígeno em análise será inversamente proporcional à radiação emitida. Trata-se de uma técnica com alta especificidade e sensibilidade, porém com elevado custo e grande risco operacional por manipular material radioativo.
FLUORESCÊNCIA E IMUNOFLORESCÊNCIA (IF)
Fluorescência é um processo onde um elemento chamado fluorocromo absorve energia na forma de espectro luminoso, tornando-se eletricamente “excitado”; ao liberar essa energia emitem luz num comprimento de onda específico.
A imunofluorescência é uma técnica baseada na ligação de anticorpos com fluorocromos. A imunofluorescência pode ser direta ou indireta.
Na IF direta detecta-se o antígeno pesquisado propriamente dito: coloca-se a amostra a ser analisada numa placa especifica para fluorescência, a seguir, adiciona-se o conjugado (anticorpo específico marcado com fluorocromo).
Na IF indireta a placa de fluorescência já vem com antígenos específicos, testa-se o soro do paciente e depois adiciona-se um anti-anticorpo marcado com fluorocromo.
ELISA (Enzime Linked Immuno Sorbent Assay)
Também chamado teste ou ensaio imunoenzimático. Consiste num anticorpo conjugado a uma enzima capaz de modificar um cromógeno, através da reação com seu substrato específico, gerando colorações diferentes de acordo com o cromógeno:
Existem vários tipos de ELISA: Para pesquisa de antígenos, onde as placas contém anticorpos específicos; o ELISA para pesquisa de anticorpos, em que as placas estão sensibilizadas por antígenos, a pesquisa é feita através da amostra contendo anticorpos e evidenciada pela adição de um anti-anticorpo marcado.
ELETROQUIMIOLUMINESCÊNCIA
Utiliza a emissão de luz através da aplicação de potenciais de oxidação ou redução a um eletrodo imerso em soluções que emitem radiação (em geral compostos de rutênio).
Dentre os métodos automatizados mais utilizados encontra-se o Elecsys da Roche Diagnóstica que utiliza micropartículas revestidas de estreptavidina, anticorpo monoclonal específico biotinilado e um anticorpo monoclonal específico para cada analito.
ATIVIDADE REVISÃO
1. Defina amostra biológica e exemplifique.
2. Conceitue as três fases de operação em um laboratório.
3. Cite os principais anticoagulantes e sua padronização conforme a cor da tampa.
4. Qual a importância da garantia e do controle de qualidade em um laboratório.
5. Defina precisão, exatidão, repetibilidade e reprodutibilidade.
6. Diferencie controle interno e externo.
7. Defina os tipos de erros e dê exemplo de erros aleatórios e sistemáticos.
8.Qual importância do gráfico de Levey Jennings e das regras de Westegard?
9. Descreva os principais métodos analíticos utilizados no laboratório de bioquímica.
10. faça um resumo sobre a anemia falciforme abordando seu diagnóstico clínico e
laboratorial.