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1 HIPERIDROSE PRIMÁRIA Dúvidas Informações Tratamento Dr.PETRÚCIO ABRANTES SARMENTO CIRURGIÃO TORÁCICO CRM – 88.493 (SP) 7105 (PB) Médico Assistente Da Disciplina De Cirurgia Torácica da Universidade Federal De São Paulo - EPM PRAÇA AMADEU AMARAL, 47 Conj. 111 – Paraíso – São Paulo – SP CEP – 01327-010 Fones: (11) 3285 – 1980 FAX: (11) 3266 – 6993

Hiperidrose primária

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Dúvidas, informações e tratamentos da Hiperidrose Primária. A hiperidrose é um distúrbio que se caracteriza por suor excessivo em locais específicos. Este distúrbio acomete cerca de 1% da população mundial. O fator determinante para o diagnóstico é o suor intenso nas mãos (hiperidrose palmar), nos pés (hiperidrose plantar), nas axilas (sudorese axilar) e na face (sudorese facial), a hiperidrose facial, pode estar ou não associada ao rubor facial. Mais informações no site www.grutorax.com.br

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HIPERIDROSE PRIMÁRIA

Dúvidas

Informações

Tratamento

Dr.PETRÚCIO ABRANTES SARMENTO CIRURGIÃO TORÁCICO

CRM – 88.493 (SP) 7105 (PB)

Médico Assistente Da Disciplina De Cirurgia Torácica da Universidade

Federal De São Paulo - EPM

PRAÇA AMADEU AMARAL, 47

Conj. 111 – Paraíso – São Paulo – SP CEP – 01327-010

Fones: (11) 3285 – 1980 FAX: (11) 3266 – 6993

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INTRODUÇÃO

A hiperidrose é um distúrbio que se caracteriza por suor excessivo em

locais específicos. Este distúrbio acomete cerca de 1% da população mundial. O

fator determinante para o diagnóstico é o suor intenso nas mãos (hiperidrose

palmar), nos pés (hiperidrose plantar), nas axilas (sudorese axilar) e na face

(sudorese facial), a hiperidrose facial, pode estar ou não associada ao rubor facial.

Ocorre devido a um aumento da atividade do sistema nervoso simpático (também

chamado de sistema nervoso autônomo), sobre o qual o organismo não exerce

controle voluntário. O sistema nervoso autônomo é responsável pelo controle de

funções como a respiração e batimentos cardíacos, além da produção de suor e

regulação da temperatura corporal.

Desta forma, os pacientes portadores de hiperidrose por não conseguirem

controlar a suor excessivo em suas diversas formas de apresentação, sentem-se

muitas vezes privados de realizar atividades sociais

TIPOS DE TRATAMENTO

• CLÍNICO: inclui a utilização de cremes e soluções dermatológicas, injeção de

Botox, ionoforese (banhos elétricos com água salgada), uso de ansiolíticos, beta

bloqueador, psicoterapia, porém todos são temporários, funcionando no máximo

por seis meses.

•CIRÚRGICO

Ao lado observamos a cadeia simpática de cada lado da coluna vertebral, observamos também os níveis onde podemos realizar a operação.

T2 T3 T4 T5

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A simpaticotomia e ou simpatectomia por videotoracoscopia é uma

operação realizada sob anestesia geral com uso de um tubo especial de

entubação, tubo este que permite colapsar o pulmão de cada lado. Inicia-se pela

introdução de uma ótica especial de meio centímetro na cavidade pleural através

de uma incisão no tórax, esta ótica é acoplada a um sistema de TV, além desta

incisão para a introdução da ótica, realiza-se logo após uma segunda incisão, e

eventualmente em alguns casos, uma terceira incisão, ambas na parede do tórax,

entre 0,5 e 1cm que permitem afastar o pulmão e identificar a cadeia simpática,

localizada de cada lado da coluna vertebral. Uma vez identificada, a cadeia

simpática é seccionada por meio de um bisturi ultra-sônico nos níveis da segunda

costela, (atualmente utilizamos clipes) para corrigir a hiperidrose da face e o rubor

facial; já para a correção da hiperidrose palmar e axilar, seccionamos a cadeia

simpática nos níveis da quarta e quinta costelas. O mesmo procedimento é

realizado no hemi–tórax contra lateral, tendo a duração de cerca de trinta minutos

para cada lado do tórax. Caso haja recidiva do suor nas mãos, raramente (1%), é

necessária uma nova operação onde realizamos secção da cadeia simpática no

nível da terceira costela, o objetivo de não seccionar de início a cadeia simpática

(nervo) na operação inicial, é evitar o principal efeito colateral desta operação que

é a hiperidrose reflexa ou compensatória (abordaremos adiante).

Fotos da operação para correção da hiperidrose axilar e das mãos com

secção do nervo nos níveis da quarta e quinta costelas.

Para a retirada d

Nervo íntegro, sem secção Após a secção do nervo em T4 e T5

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Para a retirada do ar da cavidade pleural, utiliza-se um dreno de tórax fino

que é colocado por uma das incisões previamente descritas, o qual (dreno) na

maioria das vezes, é retirado imediatamente após o término da operação (com o

paciente ainda anestesiado), assim, ao acordar, o paciente estará na grande

maioria das vezes apenas com os curativos nas incisões.

O período de internação é geralmente de 12 à 24h. Antes da alta hospitalar,

realizamos uma radiografia de tórax para verificar se os pulmões estão bem

expandidos.

Em algumas raras exceções o dreno torácico poderá permanecer por mais

tempo ou ser colocado no pós-operatório caso haja acúmulo de ar ou líquido na

cavidade pleural (pneumotórax e derrame pleural respectivamente). Mesmo

nestes casos, a alta ocorrerá dentro do prazo acima (12 à 24h).

CUIDADOS PRÉ-OPERATÓRIOS Na primeira consulta, além do exame clínico do paciente e de algumas

orientações sobre a operação, solicitamos exames de sangue, radiografia do tórax

e eletrocardiograma. Caso o paciente apresente algum outro problema de saúde,

solicitaremos outros exames complementares e ou avaliação de outras

especialidades.

A internação deverá ser realizada pelo menos 2 horas antes da operação.

O paciente deverá estar em jejum absoluto de pelo menos 8 horas (não pode

ingerir nem água), deverá tomar banho no dia da operação, tendo especial

atenção para a limpeza da cabeça, pescoço, axila e do tórax .

Evitar uso de medicamentos a base de ácido acetil salissílico (AAS,

aspirina, etc.). Caso esteja em uso de algum medicamento, deve obrigatoriamente

informar ao cirurgião e ao anestesista, assim como informar a existência de

alguma doença prévia e ou alergias.

Caso esteja realizando algum tratamento ou acompanhamento por outro(s)

médico(s), estes deverão ser informados ao médico cirurgião e ao anestesista.

PÓS-OPERATÓRIO, CUIDADOS E SEGUIMENTO

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Como já dissemos, o paciente recebe alta geralmente após no máximo 24

horas após o término da operação, em geral ocorre dor moderada e intermitente

na parte superior das costas e na parte da frente do peito, dor esta que

normalmente cessa ao uso de analgésicos e antiinflamatórios usuais e cuja

duração é variada de paciente para paciente, oferecendo um incômodo maior por

cerca de uma semana, excepcionalmente incomodará após a primeira semana

após a operação, ressaltamos que a intensidade da dor varia muito de paciente

para paciente. Pode ocorrer ainda uma sensação de cansaço no primeiro dia. A

maioria das pessoas operadas pode voltar ao trabalho leve em 3 dias exceto

atividades esportivas e trabalho pesado, quando se deve aguardar 15 dias.

Raramente pode ocorrer dormência prolongada no braço dos pacientes devido à

posição na mesa de operação, porém, em nossa experiência nenhum paciente

apresentou paralisia ou diminuição sensorial da mão de forma definitiva (embora

esta complicação seja descrita na literatura). O aspecto final das incisões é de

uma cicatriz de aproximadamente 0,5 a 1,0cm.

RESULTADO DA OPERAÇÃO É percebido logo após o paciente acordar da anestesia, observando as

mãos e axilas secas e ligeiramente quentes. Durante as primeiras semanas ou

meses, os pacientes que apresentavam previamente sensação de formigamento

precedendo a sudorese excessiva ainda podem apresentar esta situação, porém

sem o suor que sucedia esta sensação. O rubor facial irá desaparecer ou

diminuir diante de condições de estresse.

ATENÇÃO! Pode ocorrer sudorese igual à apresentada antes da cirurgia em

alguns raros pacientes entre o 3º e 5º dia do pós-operatório, desaparecendo 24 a 48 horas após de forma definitiva. Isto ocorre devido à presença residual de neurotransmissores que estimulam o sistema linfático a produzir suor..

A simpaticotomia e ou simpatectomia torácica por videotoracoscopia bilateral é realizada com o intuito de corrigir a hiperidrose palmar e axilar, não para corrigir a hiperidrose plantar, no entanto quando o paciente passa

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a não mais apresentar sudorese nas mãos e / ou axilas, passa também a sentir - se mais seguro e mais calmo, quebrando o ciclo vicioso estresse — suor — mais estresse —mais suor. No geral a maioria dos pacientes submetidos a este tratamento melhora a hiperidrose planta em torno de 50% a 70%, no entanto não podemos garantir se você será um dos que irá melhorar ou um dos que não obterá melhora da hiperidrose nos pés. A operação para corrigir especificamente a sudorese nos pés é realizada de outra forma e apenas em pacientes selecionados.

É importante salientar que nenhum procedimento cirúrgico é 100% eficaz;

na nossa experiência, obtivemos um alívio acima de 95% do suor nas mãos, 80 a

90% nas axilas e face, cerca de 90% de alívio do rubor facial e em torno de 50 a

70% de melhora do suor nos pés, observamos ainda alívio importante da

taquicardia associada às situações de estresse e ansiedade.

EFEITOS COLATERAIS E COMPLICAÇÕES As complicações principais e os efeitos colaterais têm sido pouco

freqüentes (cerca de 0.3 a 1%), citaremos os mais freqüentes a seguir:

Presença de ar e ou sangue na cavidade pleural necessitando da

colocação de um cateter de drenagem com uma válvula de Heimlich para a

retirada do ar e ou do sangue do espaço pleural com o mínimo de limitação e

incômodo para o paciente. Esta situação pode fazer com que o paciente necessite

permanecer com o dreno por poucos dias.

Outra complicação descrita em menos de 1% dos casos é a síndrome de

Horner caracterizada por uma pupila mais fechada e pela discreta queda da

pálpebra, sem qualquer prejuízo da visão, esta síndrome pode ser permanente

(50% das vezes) ou temporária por cerca de 2 a 4 meses (nos 50% restantes)

este risco e praticamente zero quando o paciente não precisa corrigir o suor ou

rubor facial (nível de T2).

Raros são os casos de infecção da ferida operatória, embolia pulmonar ou

pneumonia no pós-operatório.

Dentre estas, tanto na nossa experiência, quanto na literatura mundial não

houve registro de morte e raríssimas foram as vezes que necessitou

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-se de abertura do tórax por meios convencionais para conter algum tipo de

sangramento ou vazamento de ar.

Cerca de 10% dos pacientes desenvolveram a sudorese gustativa

(provocada por alguns odores e ou sabores), esta sudorese ocorre pescoço e

cabeça após a operação, no entanto poucos a consideraram um problema sério.

Ocorre redução de cerca de 10% da freqüência cardíaca, efeito este

considerado como benéfico pela maioria dos pacientes uma vez que tiveram

menos palpitação nas situações de estresse, já outros poucos referiram prejuízo

no desempenho físico apesar de diversos trabalhos mundiais não descrevam

qualquer alteração do desempenho físico e ou da função pulmonar após a cirurgia.

Em 40% dos pacientes que apresentavam enxaqueca previamente, houve

aumento das crises.

Em pacientes portadores previamente de tremor fino nas mãos, seja de

causa conhecida ou não, observou-se aumento de 50 a 70% destes tremores;

ATENÇÃO! Pode ocorrer excesso de ressecamento nas mãos por 3 a 6 meses

necessitando a aplicação de cremes hidratantes. Pode ocorrer aumento do suor em outras áreas do corpo,

principalmente após exercícios físicos ou exposição a temperaturas elevadas, pois como descrito anteriormente o sistema nervoso autônomo é responsável pela regulação da temperatura corporal e, sendo a área do pescoço, cabeça, axila e mãos, responsáveis por boa parte da dissipação de calor pelo suor, esta dissipação é naturalmente desviada para outras partes do corpo, em geral as costas, abdome e pernas, este desvio de dissipação do calor ocorre na maioria dos pacientes (cerca de 60 A 70%) e tende a melhorar progressivamente também na maioria dos casos.

Geralmente este suor é discreto, sendo bem tolerado, porém em uma minoria dos pacientes (cerca de 1 a 3%) este suor pode ser abundante (sobretudo em ambiente muito fechado ou intenso exercício físico ou situações de estresse intenso) podendo constituir uma razão de arrependimento da cirurgia.

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CONTRA – INDICAÇÕES Doenças pulmonares ou cardíacas;

Doença pulmonar previa com seqüelas pleurais e ou aderências pleurais.

Infecções ou distúrbios da coagulação.

Obesidade extrema.

Os pacientes com peso acima do normal, apresentam maior chance de

desenvolver suor compensatório.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Este tratamento se faz através de uma operação, portanto as pessoas que

optarem pelo tratamento cirúrgico da hiperidrose deverão estar com todas as suas

dúvidas esclarecidas e convictas de sua escolha. Colocamos-nos a inteira

disposição para esclarecermos qualquer dúvida. Na nossa experiência as pessoas

operadas referiram uma melhora média de 90% na qualidade de vida após a

operação, ressaltando assim a importância de uma correta indicação do

procedimento cirúrgico para o tratamento da hiperidrose.