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Infecção do trato urinário na gestação. Descrição das principais infecções do trato urinário na gestação
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Infecção do trato urinário na gestação
Anderson Anisio Obstetricia - Estacio
INCIDENCIA
(ITU) representa 10% das
consultas em mulheres e
15% sofrem de ITU no
transcurso da vida.
8%. das gestantes apresentam risco
aumentado de ITU, pelo fato de a
partir da 6ª semana , com pico entre a
22ª-24ª semana, aprox 90% das
gestantes desenvolvem dilatação
ureteral (hidronefrosis da gravidez).
Estimulação
estrogênica
Hiperplasia
e hipertrofia
muscular
Alt.
Morfológicas
no final
gravidez:
Crescimento
uterino e
hiperemia de
orgãos
pélvicos.
Bexiga mais flácida
Diminuição do tono
refluxo vesico ureteral
insuficiencia da
válvula vésico-
ureteral que
ocasiona um
refluxo vésico-
ureteral.
3º trimestre:
Estiramento
trígono com
deslocamento
lateral da porção
terminal,
diminuindo a
pressão interna
Pressão intravesical aumenta durante a micção
Alterações morfológicas das vias urinárias
Dilatação da pelve renal e ureteres
Causa hidroureter fisiológico da gravidez
Mais comum no lado direito.
Dilatação da pelve renal na gestação e
puerpério
Infecção do trato urinário
É uma das afecções mais freqüentes na gestação
– decorrente das alterações funcionais e anatômicas dos rins e vias urinárias
2ª maior causa de morbidade desse período
Etiologia
Escherichia coli (80 – 90%)
Proteus mirabilis
Klebsiella penumoniae
Citrobacter
Enterobacter
Estreptococo β-hemolítico do grupo B
Staphylococcus saprophyticus
Gardnerella vaginalis
Ureaplasma ureolyticum
Fatores Predisponentes
Fatores Hormonais: – Progesterona
– Estrógeno
Fatores Mecânicos: – Aumento do volume uterino
Outros fatores: Diabetes melitus; Anormalidades do trato urinário; Antecedentes de infecção urinária prévia
Há uma relação entre ITU e o coito que atua como fator contaminante.
A presença de vaginose bacteriana também está relacionada a maior incidencia de ITU.
A bexiga da grávida, por efeitos da progesterona, diminue o tono de forma progressiva, aumentando sua capacidade pudendo alcançar cerca de um litro no término da gravidez. O que determina que o esvaziamento vesical seja incompleto
Diagnóstico
Clínico:
– Fatores de risco
– Sinais e sintomas
Laboratorial:
– EAS
– Urocultura + antibiograma
O EAS colabora com o diagnóstico (nitrito
positivo, piúria, flora bacteriana aumentada),
mas não substitui a URC.
Se o tratamento for realizado com base na
clínica apresentada pela gestante e pelo
resultado do EAS, a URC deverá ser utilizada
para controle de cura (7 dias após o término do
tratamento) no pré-natal de origem.
Toda gestante que apresentar sintomas
urinários deverá ser submetida a exame
especular com o objetivo de realização de
um diagnóstico diferencial com síndromes
uretrais, DSTs, vaginose bacteriana. Nestes
casos, se possível, disponibilizar o exame a
fresco e o método de gram para secreção
vaginal.
Formas Clínicas
Bacteriúria Assintomática (BA)
Infecção urinária baixa – uretrite e cistite
Pielonefrite – Aguda e Crônica
Bacteriúria Assintomática
Forma clínica mais comum (2-10%)
A maioria começa a gravidez com BA
Não apresenta sinais e sintomas
Piuria (>15 piocitos) e bacteriuria
URC: ≥ 100.000 colonias
E. coli
DIAGNÓSTICO
Nitrofurantoina – 400mg/dia/7 dias
Cefalexina – 2g/dia/7 dias
Amoxacilina – 1,5g/dia/7 dias
TRATAMENTO - MS
Rastrear laboratorialmente a BA no pré-natal através de urinocultura (URC), padrão ouro para diagnóstico, entre a 12ª e a 16ª semana de gestação ou na primeira consulta.
O método deve ser oferecido a todas as gestantes (Recomendação A).
Um maior impacto nos resultados neonatais serão obtidos com uma nova coleta de urina no terceiro trimestre.
Bacteriúria Assintomática
Gestante que possuir fator de risco adicional para ITU deverá realizar URC trimestralmente para melhor rastreio da BA.
A presença de mais de duas URC positivas durante o pré-natal implicará na prescrição de quimioprofilaxia com cefalexina (500mg/dia) ou nitrofurantoína (100mg/dia).
O tratamento empírico (sem URC) recomendado é com nitrofurantoína ou cefalexina por 7 dias.
Uretrite e Cistite
Acometimento da uretra e bexiga pelo agente infeccioso
Bacteriúria significativa + Sinais e Sintomas: – disúria, urgência miccional, polaciúria, dor
suprapúbica e hematúria
Tratamento: mesmo esquema utilizado para bacteriúria assintomática
Pielonefrite Aguda
Pode ser unilateral ou bilateral
Acomete a 2° metade da gestação
Acometimento do ureter, pelve e parênquima renal
Vias de infecção:
– Ascendente
– Hematogênica
– Linfática.
A ITU alta deve ser considerada uma
emergência obstétrica, sendo necessária
a internação com antibioticoterapia
venosa.
Pielonefrite Aguda
Quadro clínico
Sintomas locais - disúria, ardor, polaciúria, urgência miccional e dor lombar a punho percussão (Giordano +).
Sintomas sistêmicos- acometimento do estado geral, anorexia, febre (40°), calafrios, sudorese, náuseas, vômitos e taquicardia
No momento da internação solicitar URC,
EAS, hemograma completo, ureia,
creatinina e ultrassonografia renal. Os
exames devem ser colhidos no momento
da internação (nunca aguardar a rotina)
iniciando a antibioticoterapia somente
após a coleta da URC.
Pielonefrite Crônica
Oligossintomático ou assintomático
Hipertensão arterial e/ou Insuficiência renal
Prognóstico depende da extensão e do grau de acometimento
Pielonefrite Tratamento Hospitalização
Hidratação e antibioticoterapia EV
Antibióticos: – Cefuroxina 750mg à 1,5 g 8/8 hs
(Nos casos de boa resposta terapêutica a febre cessará entre 48h e 72h. )
Pacientes alérgicas a cefalosporinas, avaliar a possibilidade de prescrição de quinolona - ciprofloxacina 500mg/IV/12/12h (risco x benefício).
Após remissão dos sintomas – atb VO (10-14 dias)
Recidiva:
– ocorre em 5 dias após o tratamento
– mesmo patógeno
Reinfecção:
– ocorre após 3 semanas ou mais
– patógenos diferentes
Tratamento:
– cefalexina 250 mg/dia até o puerpério
Considerar falência terapêutica quando, mesmo após 03 dias completos de Cefuroxima, a paciente ainda apresentar febre e/ou sintomatologia urinária.
Investigar:
Obstrução do trato urinário;
Infecção por bactérias do gênero pseudomonas;
Imunossupressão;
Infecções por bactérias multirresistentes
Pacientes com pielonefrite
complicada deverão receber alta
com prescrição de
quimioprofilaxia até o parto
Em pielonefrite não complicada a quimioprofilaxia só deverá ser administrada após o segundo evento infeccioso.
O esquema profilático recomendado é: cefalexina 500mg/dia (primeira escolha) ou nitrofurantoína 100mg/dia.
PARTO PREMATURO E ITU
As contrações uterinas são induzidas por
citocinas e prostaglandinas que são liberadas pelos microorganismos.
CONCLUSÃO
A cistite e a pielonefrite sendo infecções
sintomáticas permitem um diagnóstico
mais precoce, ao contrário da BA, sem
sintomas clínicos só detectada através de
exames de laboratorio.
Em quase toda as gestantes com
bacteriuria o diagnóstico pode ser feito no
primeiro trimestre e o exame é a
urocultura.
“A rotina de investigação e o tratamento da bacteriúria assintomática na gravidez tornaram-se padrão na assistência obstétrica e muitos guidelines de assistência pré-natal recomendam este procedimento. Dados de literatura demonstram que o rastreio e tratamento da bacteriúria assintomática para evitar pielonefrite foi custo-efetivo.
A relação de custo-benefício só não será vantajosa a partir do momento em que a taxa de prevalência da bacteriúria assintomática for menor que 2%. (Wadland 1989; Rouse 1995).”
Cochrane Review-2007