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HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Campus Universitário Monte Alegre - Telefone 3602-1000 CEP. 14048-900 - Ribeirão Preto - São Paulo MANUAL DE ORIENTAÇÕES AOS PACIENTES INSCRITOS EM LISTA DE ESPERA PARA TRANSPLANTE DE FÍGADO

Manual de orientações aos pacientes inscritos em fila espera para transplante de fígado hcfmrp – usp

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HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Campus Universitário Monte Alegre - Telefone 3602-1000 CEP. 14048-900 - Ribeirão Preto - São Paulo

MANUAL DE ORIENTAÇÕES AOS

PACIENTES INSCRITOS EM

LISTA DE ESPERA PARA

TRANSPLANTE DE FÍGADO

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INDICE página

1. Introdução .............................................................................................................................. 03

2. Profissionais envolvidos ........................................................................................................03

3. Antes do transplante ...............................................................................................................06

3.1 Indicação para o transplante de fígado................................................................. 08

3.2 Contra indicação para o transplante de fígado..................................................... 08

3.3 Lista de espera para transplante de fígado........................................................... 09

4. O transplante de fígado............................................................................................................ 10

4.1 No dia do transplante................................................................................................. 10

5. Depois do transplante............................................................................................................. 12

5.1 No CTI.......................................................................................................................12

5.2 Na Unidade de Transplante de Fígado.................................................................. 13

6 . Alta hospitalar...........................................................................................................................14

6.1 Medicações.................................................................................................................. 14

6.2 Orientações gerais...................................................................................................... 15

7 . Acompanhamento ambulatorial............................................................................................. 17

8 . Complicações no pós-operatório........................................................................................... 17

9 . Considerações finais...............................................................................................................18

10. Equipe multidisciplinar........................................................................................................... 20

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1 . INTRODUÇÃO

Neste manual serão abordados alguns aspectos relacionados às doenças do fígado, à cirurgia e ao pós-operatório do transplante de fígado.

O transplante de fígado é uma cirurgia que consiste na substituição do fígado doente por outro sadio.

O primeiro transplante de fígado no Brasil foi realizado no Hospital das Clínicas de São Paulo (USP) pelo Prof. Silvano Raia e sua equipe, em 01/09/1985. Atualmente, várias equipes no Brasil estão capacitadas para realizá-lo com sucesso. O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP (HCFMRP-USP) foi o terceiro centro de transplante de fígado do interior do Estado de São Paulo. O HCFMRP-USP iniciou seu Programa no ano 2000 e realizou o primeiro transplante de fígado em 01/05/2001 com uma equipe de quarenta profissionais, coordenada pelo Prof. Dr. Orlando de Castro e Silva, representante oficial do programa junto ao Ministério da Saúde. Além de Ribeirão Preto, outras cidades do interior de São Paulo realizam regularmente o transplante de fígado: Campinas e São José do Rio Preto.

2. PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS

MÉDICOS

1) Cirurgiões: responsáveis pela cirurgia, consultas antes e após o

transplante e o acompanhamento nos períodos de internação.

2) Clínicos: responsáveis pelas consultas antes e após o transplante, bem

como o acompanhamento nos períodos de internação.

3) Anestesistas: responsáveis pela consulta próxima ao transplante e

anestesia do paciente durante o procedimento cirúrgico.

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ENFERMEIRAS

São as pessoas de maior contacto com o paciente e seus familiares. São responsáveis

pelo conforto, higiene, segurança física e emocional do paciente que aguarda ou que já foi

submetido ao transplante de fígado.

A enfermeira estará disponível para tirar as dúvidas relacionadas ao tratamento clínico e

cirúrgico. Fará o acompanhamento durante todo o período em que o paciente espera pelo

transplante de fígado, auxiliando com orientações, pessoalmente ou por telefone (Unidade de

Transplante de Fígado do Hospital das Clínicas: 16 – 3602 m2492).

Estará presente durante todo o período da cirurgia e fornecerá informações

aos familiares e acompanhantes dos pacientes.

PSICÓLOGA

O atendimento inicial é realizado com todos os pacientes que são incluídos na lista de

espera por um transplante, mas os retornos são estabelecidos de acordo com a necessidade de

cada um.

A psicóloga ficará à disposição em qualquer fase do tratamento. É importante dizer

que, em algumas situações, a avaliação da Psiquiatria se fará necessária, isso não é motivo para

você se preocupar. Você e o profissional que o encaminhar poderão conversar sobre isso.

Sempre que você ou sua família tiverem dúvidas, conversem com um dos profissionais da

equipe de transplante, pois só ajudará no seu tratamento.

ASSISTENTE SOCIAL

A assistente social é responsável por:

� Atuar em dificuldades observadas durante o período de internação e seguimento

ambulatorial tais como: dificuldades sociais e econômicas, preocupação com benefício

previdenciário, entre outros;

� Orientar quanto aos recursos disponíveis na comunidade (medicações, transporte e outros);

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� Envolver a família no tratamento do paciente;

� Atuar como interlocutor do paciente e família, com a equipe multidisciplinar; � Orientar quanto a: questões trabalhistas e previdenciárias, benefício de TDF

(Tratamento Fora do Domicílio), laudos, relatórios médicos, processos de medicações de alto

custo dispensadas pelo SUS;

FISIOTERAPEUTA

O fisioterapeuta é responsável pela avaliação pré-operatória realizada no ambulatório e durante a internação hospitalar.

Antes da cirurgia serão verificadas as condições respiratórias de cada paciente, podendo ser necessários exercícios respiratórios, a fim de se conseguir melhores condições dos pulmões para a anestesia e cirurgia. Os fumantes podem acumular mais secreção no pulmão (catarro) e a tosse funciona como um importante mecanismo de eliminação de secreção, evitando as complicações pulmonares, como pneumonia.

Após a cirurgia, o fisioterapeuta irá trabalhar com exercícios que estimulam a tosse, sempre com o cuidado de apoiar o local da cirurgia com as mãos ou com um travesseiro, para diminuir a dor no local operado. É também muito importante a movimentação do paciente no pós-operatório, respeitando sempre as suas condições físicas e as orientações do fisoterapeuta e equipe de enfermagem. Sair da cama, primeiramente para sentar-se numa poltrona, que estará disponível e posteriormente começar a caminhar com a ajuda do fisioterapeuta e da equipe de enfermagem também é de grande importância para sua recuperação.

NUTRICIONISTA

Nutricionista é o profissional responsável pela avaliação e orientação nutricional do paciente

no período pré e pós-transplante.

O estado nutricional é avaliado por algumas medidas, como altura e peso (atual

e anterior à doença) e pelas pregas da pele. O acompanhamento nutricional deve iniciar-se o maos cedo possível em pacientes

com problemas no fígado (cirróticos), pois isto influenciará na forma de evolução da doença e principalmente no pós-operatório do transplante de fígado.

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Antes do transplante:

- Diminuir ou retirar o sal (sódio) da sua dieta para diminuir inclaço (edema), ascite, evitar o aumento do calibre e/ou o rompimento das varizes esofagianas; - Alimentar-se de 3 em 3 horas para menter-se em seu peso adequado e em bom estado nutricional, além de evitar sensação de empachamento, falta de apetite, dificuldade de digestão, câimbras e fraqueza; - Substituir a proteína animal por vegetal, evitar frituras e/ou alimentos gordurosos, para não sobrecarregar o fígado e evitar ou tratar a encefalopatia hepática. - Adotar outras medidas nutricionais, caso coexistam outras doenças associadas, tais como: diabetes, hipertensão arterial, diarréia crônica, etc. Após o transplante: - Devido a sua baixa resistência e/ou imunidade, será necessário fazer dieta com exclusão de alimentos crus (por mais ou menos 6 meses), além de que algumas restrições pré-transplante podem manter-se por mais algum tempo. Entretanto, o objetivo final é que sua dieta seja normal, sem restrições. 3 . ANTES DO TRANSPLANTE O FÍGADO

O fígado está localizado na parte de cima do abdome (barriga), no lado direito. São várias as suas funções: produção da bile (que ajuda na digestão e absorção de alimento que contenham gorduras); produção de proteínas importantes à vida, como a albumina; produção de fatores de coagulação do sangue; manutenção dos níveis de açúcar no sangue (glicose); além de funcionar como um filtro para várias substâncias tóxicas e participar na metabolização de hormônios que influenciam na pressão sanguínea e algumas características sexuais.

É o órgão de maior capacidade de regeneração que nós temos. No entanto, quando a agressão é constante, durante anos, ao invés de regenerar, começam a surgir cicatrizes (fibrose) que posteriormente podem levar à formação de cirrose (o fígado todo com cicatrizes), prejudicando as funções do fígado.

SINAIS E SINTOMAS DA DOENÇA HEPÁTICA

Alguns sinais podem indicar que o fígado já não realiza suas funções com

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normalidade. Sinais da doença crônica do fígado: - Olhos amarelos; - Alteração da coagulação com sangramento das gengivas ou do nariz; - Manchas vermelhas, parecidas com aranhas, geralmente no tórax e nos braços; - Palmas das mãos avermelhadas; - Aumento do volume das mamas, principalmente nos homens; - Redução do apetite sexual Complicações da cirrose: - Ascite (líquido na barriga); - Varizes no esôfago e estômago (aumento do tamanho de vasos sanguíneos) que podem estourar causando vômitos ou fezes com sangue (parecido com “borra de café” ou piche); - Encefalopatia: irritabilidade falta de sono à noite, com sonolência durante o dia, confusão das idéias, pensamento lento, dificuldade na fala e equilíbrio; - Infecções: na urina, no líquido da barriga e no pulmão, dentre outras; - Mau funcionamento dos rins (insuficiência renal), com redução da quantidade de urina e formação de edemas (inchaço das pernas, líquido na barriga -ascite); - Tumor de fígado. OBS.: Se durante o seguimento na lista de espera para transplante de fígado você apresentar alguma das complicações acima citadas ou qualquer outra intercorrência, você deverá procurar imediatamente o Pronto Atendimento (Pronto Socorro) na sua cidade. Deverá sempre informar ao médico do Pronto Atendimento que é portador de cirrose hepática ou polineuropatia amiloidótica familiar e que está em lista de espera para transplante de fígado. Depois, um familiar ou o próprio paciente deverá informar o Grupo de Transplante de Fígado, pelos telefones informados no final desse manual, para que sejam dadas as orientações devidas.

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3.1. INDICAÇÃO PARA O TRANSPLANTE DE FÍGADO

O transplante de fígado está indicado quando o funcionamento do fígado está prejudicado de tal forma, que as chances de complicações como sangramentos, infecções e encefalopatia se tornam grandes, podendo levar o paciente à morte. Dentre as causas mais comuns de doenças do fígado estão o vírus da hepatite C, o vírus da hepatite B e o alcoolismo.

Outras doenças menos comuns do fígado também podem ser indicações para o transplante hepático, tais como: alguns medicamentos, hepatite auto-imune (quando o organismo começa a reconhecer o fígado como órgão estranho), hepatite fulminante (onde o fígado era normal e num espaço curto de tempo é agredido por alguma doença), doenças metabólicas [hemocromatose hereditária (sobrecarga de ferro no fígado) e doença de Wilson (sobrecarga de cobre no fígado)], atresia de vias biliares (crianças que nascem sem o canal da bile), doenças colestáticas, como cirrose biliar primária e colangite esclerosante primária, alguns tipos de tumores no fígado, polineuropatia amiloidótica familiar e outras

3.2 . CONTRA-INDICAÇÃO PARA O TRANSPANTE DE FÍGADO Às vezes, apesar da indicação, o paciente apresenta problemas que impedem a realização da cirurgia, tais como problemas de coração, pulmão, rim e outros que podem ser considerados contra-indicações para o transplante. Assim, uma avaliação detalhada desses órgãos é importante, pois o paciente pode ser retirado da lista de espera devido a estas necessária antes da realização da cirurgia. Este fato é complicações graves, sendo sempre analisados os riscos e os benefícios do procedimento cirúrgico. Desse modo, a equipe juntamente com o paciente e sua família podem decidir pela não realização do transplante.

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3.1. INDICAÇÃO PARA O TRANSPLANTE DE FÍGADO

O transplante de fígado está indicado quando o funcionamento do fígado está prejudicado de tal forma, que as chances de complicações como sangramentos, infecções e encefalopatia se tornam grandes, podendo levar o paciente à morte. Dentre as causas mais comuns de doenças do fígado estão o vírus da hepatite C, o vírus da hepatite B e o alcoolismo. Outras doenças menos comuns do fígado também podem ser indicações para o transplante hepático, tais como: alguns medicamentos, hepatite auto-imune (quando o organismo começa a reconhecer o fígado como órgão estranho), hepatite fulminante (onde o fígado era normal e num espaço curto de tempo é agredido por alguma doença), doenças metabólicas [hemocromatose hereditária (sobrecarga de ferro no fígado) e doença de Wilson (sobrecarga de cobre no fígado)], atresia de vias biliares (crianças que nascem sem o canal da bile), doenças colestáticas, como cirrose biliar primária e colangite esclerosante primária, alguns tipos de tumores no fígado, polineuropatia amiloidótica familiar e outras. 3.2 . CONTRA-INDICAÇÃO PARA O TRANSPANTE DE FÍGADO

Às vezes, apesar da indicação, o paciente apresenta problemas que impedem a realização da cirurgia, tais como problemas de coração, pulmão, rim e outros que podem ser considerados contra-indicações para o transplante. Assim, uma avaliação detalhada desses órgãos é necessária antes da realização da cirurgia. Este fato é importante, pois o paciente pode ser retirado da lista de espera devido a estas complicações graves, sendo sempre analisados os riscos e os benefícios do procedimento cirúrgico.

Desse modo, a equipe juntamente com o paciente e sua família podem decidir pela não realização do transplante.

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3.3. LISTA DE ESPERA PARA TRANSPLANTE DE FÍGADO

A distribuição dos órgãos doados é de responsabilidade da Central de Captação de Órgãos do Interior, localizada no HCFMRP-USP e coordenada pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

Atualmente, a possibilidade de sucesso do transplante de fígado é alta, o que significa uma melhora importante na qualidade de vida. Entretanto, trata-se de um procedimento grande, com possibilidade de complicações desde a anestesia, cirurgia, bem como no pós-operatório. Assim, o transplante de fígado é somente indicado para pacientes com doença no fígado ou que tenham a participação do mesmo, em que o tratamento clínico não seja mais capaz de controlar a doença.

Após a confirmação da necessidade de um transplante, o paciente será incluído numa lista de espera, de acordo com seu tipo de sangue (A, B, O ou AB) e será acompanhado por uma equipe com muitos profissionais (médicos, enfermeiros, psicóloga, assistente social, nutricionista e fisioterapeuta).

No momento, o critério de distribuição de órgão para o transplante de fígado se dá através de critério de gravidade denominado MELD (sigla em inglês: Model for End Stage Liver Disease, que significa: modelo para doença hepática em estágio final), independentemente da época de inscrição do paciente na lista de espera. Dessa forma, serão transplantados primeiro os pacientes mais graves, obedecendo a uma fórmula matemática que usa dois exames de sangue que avaliam o fígado (bilirrubina e tempo de protrombina) e um que avalia os rins (creatinina).

Como o funcionamento do fígado pode variar, com períodos de melhora ou piora, os exames usados para o cálculo do MELD devem ser atualizados periodicamente. A data que seu sangue é coletado para calcular a fórmula MELD é muito importante para controlar a validade de seus exames e, dessa forma, definir sua posição na lista de espera para transplante de fígado. Para a maioria dos pacientes, o vencimento do MELD ocorre a cada 3 meses a partir da data que foi atualizado, pela última vez, pela equipe multiprofissional. Entretanto, nos casos mais graves, a coleta de sangue deverá ser feita mensalmente ou semanalmente. Você será informado a respeito da validade do seu MELD, no entanto é de grande importância que também ajude a equipe na vigilância das datas de vencimento dos seus exames.

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Caso você compareça ao hospital somente para coleta de sangue e não para consulta médica, deverá informar a equipe de enfermagem (enfermeiras: Luciana ou Ana Rafaela) sobre o dia que colheu os exames, através do telefone 16- 3602 2328 (terças e sextas, no período da tarde), para que sua situação seja atualizada no Sistema Estadual de Transplantes.

Através do site www.saude.sp.gov.br cadastrais como: posição ativa, validade do MELD e poderá se informar quando deverá renovar seus exames.

O seu acompanhamento será feito através de consultas no Ambulatório do Hospital das Clínicas e, durante o mesmo, deverá realizar vários exames (sangue, urina, fezes, avaliação do pulmão, coração e avaliação dentária).

Sempre que você ou um familiar tiver dúvidas sobre a sua doença, medicações, posição na lista de espera, o transplante, o período pós-operatório e demais questionamentos, converse com o médico que lhe atender na consulta ambulatorial.

4 . TRANSPLANTE DE FÍGADO

4.1. NO DIA DO TRANSPLANTE O DOADOR: O doador de fígado é uma pessoa com um diagnóstico

de morte encefálica (sem atividade cerebral), que é feita por um médico especialista e, que cumpre todas as regras legais para a doação. Nenhum órgão será retirado sem a autorização da família do doador. Além disso, são realizados alguns exames do doador para excluir algumas doenças, como: hepatite B ou C, Doença de Chagas, Sífilis, AIDS, HTLV I e II (vírus causador de um tipo de leucemia).

A partir do momento que existe um fígado doado, é informado à Central de Captação de Órgãos do Interior que fará o cruzamento de alguns dados de compatibilidade do doador com o receptor. Através da consulta à lista de espera correspondente ao grupo sangüíneo do doador (A, B, O ou AB), a Central de Captação de Órgãos do Interior comunica a equipe responsável pelo paciente que está em primeiro lugar. Nesse momento o paciente será convocado e uma equipe cirúrgica do doador se dirigirá para a retirada do órgão doado.

, você terá acesso aos seus dados

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A CONVOCAÇÃO:

O paciente receberá um telefonema de convocação para comparecer na Unidade de Transplante de Fígado, localizada no 10° andar do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP), para submeter-se ao transplante. Isto poderá ocorrer a qualquer hora do dia ou da noite. Por isso, é importante manter os telefones sempre atualizados com a equipe do transplante e na Central de Registros do HC - 2º andar- além dos telefones de parentes e amigos que possam localizá-lo.

A partir do momento da convocação, algumas orientações devem ser seguidas: - Ficar em jejum: não comer nem beber mais nada, para não ocorrer o risco de vomitar durante a cirurgia; - Retirar esmalte e maquiagem: algumas alterações são observadas através da coloração da pele e das unhas;

- Dirigir-se o mais rápido possível para a Unidade de Transplante de Fígado no HCFMRP-USP. - É importante que o paciente venha acompanhado de duas pessoas da família, que deverão permanecer durante todo o transplante. Informações sobre o estado do paciente serão dadas durante todo o tempo da cirurgia.

Ao chegar ao hospital, será feita uma avaliação clínica, coleta de exames de sangue e urina, radiografia do pulmão, eletrocardiograma e exame do líquido da barriga, quando houver.

Será realizada também uma lavagem intestinal para limpar o intestino.

Todos esses exames serão checados e a cirurgia somente será liberada se não houver contra-indicações. A CIRURGIA:

Após a avaliação dos exames do receptor (você) e dos exames do doador, bem como da comprovação do bom funcionamento do fígado doado, você será encaminhado ao Centro Cirúrgico.

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No Centro Cirúrgico, você será acompanhado (a) pelo anestesista

até a sala de cirurgia, onde alguns equipamentos serão colocados para verificação da pressão sanguínea, freqüência e ritmos (batimentos) cardíacos (do coração), quantidade de oxigênio no sangue, entre outros. A anestesia realizada é a anestesia geral, aplicada diretamente no soro, e fica sendo administrada ao longo de todo o procedimento, fazendo com que você permaneça dormindo o tempo que for necessário. Quando você já estiver dormindo são colocados sondas e cateteres para verificar e controlar as funções dos órgãos do corpo, como coração, pulmões, rins e outros. Além disso, esses cateteres servem para administrar soro e sangue se necessários.

O anestesista permanece ao seu lado durante todo o tempo, controlando as funções dos órgãos e a quantidade de anestésico necessária. Se necessário for, utiliza medicamentos para manter as funções desses órgãos, como por exemplo, medicamentos para controlar a pressão do sangue.

A duração do procedimento cirúrgico é de aproximadamente 8 a 12 horas, podendo durar até mais se for necessário.

Ao término da cirurgia você estará com um dreno (tubo) na barriga, uma sonda no nariz para drenar líquidos acumulados no estômago, uma sonda na uretra para controlar a urina, um tubo na boca para fornecer oxigênio para os pulmões e com vários outros cateteres nas veias do braço e do pescoço.

Logo que possível, será iniciada a retirada das medicações anestésicas e você retomará a consciência. 5 . DEPOIS DO TRANSPLANTE 5.1. NO CTI (Centro de Tratamento Intensiva)

Após o término da cirurgia, o paciente será transferido para o CTI. O tempo de permanência no CTI depende da evolução do paciente.

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Quando você acordar ainda estará com o uso do respirador, que é

um aparelho que estará conectado a um tubo na boca, permitindo a passagem do oxigênio para os pulmões. Você não poderá falar enquanto estiver usando esse aparelho. Logo que o paciente puder respirar espontaneamente, esse tubo será retirado. Isso pode demorar algumas horas ou mais.

Você ficará ligado a aparelhos que irão avaliar sua pressão, temperatura, batimentos do coração e respiração. Muitas vezes você ouvirá alarmes tocando. Não se assuste! São avisos de término de medicação, de alguma alteração no monitor, ou mesmo, apenas pela movimentação do seu corpo.

A enfermagem precisará coletar algumas amostras de sangue por dia, bem como administrar medicamentos.

O fisioterapeuta irá trabalhar com exercícios para os pulmões e movimentação do corpo. Você será estimulado a respirar profundamente e tossir para eliminar as secreções (catarro).

Você poderá receber visitas pela manhã e à tarde. Não é permitido

acompanhante no CTI. Aos poucos, os cateteres, os drenos e as sondas serão retirados. E

após a avaliação médica juntamente com os exames realizados, você poderá receber alta do CTI. 5.2 . UNIDADE DE TRANSPLANTE DE FÍGADO

Após liberação médica, você será transferido para a unidade de internação localizada no 10 º andar (onde esteve antes de ir para a cirurgia) que é especializada em cuidar de pacientes pós-transplante de fígado.

Durante sua internação, a equipe do transplante passará visita diariamente, quando você e seus familiares poderão esclarecer suas dúvidas.

Durante toda a internação, você tem direito a um acompanhante. O horário de visita na Unidade de Transplante de Fígado será de: 2 ª a Sábado das 15:00 às 16:00 h para duas pessoas se revezamento e aos Domingos das 14:00 às 17:00 h duas pessoas com revezando. Este horário é restrito devido à necessidade de prevenir infecções, pois o paciente encontra-se em uso de medicações imunossupressoras que diminuem as defesas naturais do organismo. Não serão autorizados visitantes portadoras de infecções, como a gripe, por exemplo.

O tempo de internação varia de um paciente para outro, podendo durar 10 a 15 dias após o transplante, ou ser mais prolongado caso necessário.

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6 . ALTA HOSPITALAR

Após a recuperação clínica, confirmado o bom funcionamento do fígado e ausência de complicações, o paciente receberá alta hospitalar para acompanhamento no ambulatório.

O momento da alta hospitalar é muito importante para o paciente e sua família, pois serão fornecidas várias informações, tais como: o uso das medicações, retirada de pontos (caso precise), coleta de exames, alimentação, prevenção de infecções e acompanhamento ambulatorial. Isso é muito importante para uma boa recuperação pós-operatória e adaptação a sua nova condição de vida. 6.1. MEDICAÇÕES:

Uma das principais razões para o sucesso do transplante de fígado é o uso correto das medicações, que tem por objetivo evitar que o organismo do paciente rejeite o novo fígado.

É importante lembrar que:

- Nunca se deve parar de tomar os remédios sem orientação médica, mesmo que ocorra suspeita de efeitos colaterais. A equipe médica deve ser comunicada para alterar a dose ou modificar o medicamento. - Comunicar a equipe médica caso apresente náuseas, vômitos, diarréia, tontura ou tremores. - Tomar os medicamentos nos horários corretos e nas doses orientadas pelo médico.

Os medicamentos mais comumente utilizados para prevenir a rejeição são: Ciclosporina (Neo-oral ), Tacrolimus (conhecido também como FK-506 ), Micofenolato mofetil (Cellcept ), Sirolimus (Rapamicina ) e os corticóides (prednisona ou Meticorten ).

Pode haver a prescrição de um outro medicamento imunossupressor diferente destes, dependendo da avaliação médica.

A Ciclosporina e o Tacrolimus são medicações semelhantes e não devem ser utilizadas juntas (quando o paciente usar a Ciclosporina não irá usar o Tacrolimus e vice-versa). Como já citado, são utilizados para diminuir a defesa natural do paciente e evitar a rejeição. Geralmente são

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administradas duas vezes ao dia. De vez em quando, será necessária coleta de sangue para dosagem

dessas medicações na circulação, não deixando que níveis muito baixos possam facilitar a rejeição, nem que níveis muito altos possam aumentar os riscos de infecção e de alteração dos rins, da pressão sanguínea e do açúcar (glicose) no sangue. A dose necessária para manter os níveis sangüíneos adequados é diferente para cada paciente e, por isso a importância de ser avaliada sempre que solicitado.

Alguns efeitos colaterais são comuns dos medicamentos imunossupressores: alteração das funções dos rins, aumento da pressão sanguínea, aumento dos níveis de glicose no sangue (diabetes), crescimento de pêlos, tremores, dor de cabeça, aumento de peso, náuseas e vômitos, cansaço, aparecimento de acne (espinhas) e sensação de queimação nas mãos e nos pés. Qualquer alteração comunicar a equipe médica.

6.2. ORIENTAÇÕES GERAIS: Algumas orientações são importantes para ajudar o paciente a voltar ao seu ritmo de vida normal, de forma correta e sem dúvidas. Desta forma pode-se evitar o aparecimento de complicações. - Alguns pacientes podem deixar o hospital com pontos que serão retirados no retorno ambulatorial. Avisar ao médico caso haja aparecimento de vermelhidão, calor no local ou presença de secreção, que podem indicar infecção na cicatriz cirúrgica.

- Evitar ambientes fechados e com aglomeração de pessoas, como cinemas, teatros, hospitais, ônibus cheios, etc., principalmente nos primeiros seis meses após o transplante. Se for preciso freqüentar algum destes lugares, fazer sempre o uso de máscara facial. - É proibido o contato com pessoas doentes (com tosse, febre, diarréia, vômitos e feridas na pele), ou com crianças apresentando doenças da infância como: sarampo, catapora, rubéola, caxumba, coqueluche ou outras, mesmo que já as tenha tido. - Escovar os dentes no mínimo três vezes ao dia, com escova macia e consultar o dentista regularmente, para evitar o aparecimento de cáries. - Após o transplante existe um aumento do número de lesões de pele causadas pelo sol. Para evitar lesões, o paciente deve se expor ao sol apenas

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antes das 10:00h e após às 16:00h , sempre utilizando protetor solar fator número 30, no mínimo. - O uso de bebida alcoólica está terminantemente proibido! - O cigarro deve ser evitado. A alteração pulmonar causada pelo cigarro poderá causar complicações no pós-operatório. Assim, deverá ser suspenso o hábito de fumar. - Pode ocorrer aumento de peso após o transplante. Isto ocorre devido ao uso de algumas medicações que aumentam o apetite e a retenção de líquidos, e também porque os pacientes que antes não podiam se alimentar devido ao problema do fígado, agora podem sem muitas restrições. No entanto, engordar após o transplante não é aconselhável devido aos problemas relacionados à obesidade, como aumento da pressão do sangue, diabetes, infarto do coração e outros. - Após o paciente estar preparado física e psicologicamente ele poderá retornar às suas atividades diárias como uma pessoa normal (em média 3 meses). - É comum a falta de menstruação antes do transplante devido ao ,problema do fígado. Mulheres em idade fértil voltarão a menstruar normalmente alguns meses após o transplante, o que significa que poderão engravidar. No entanto, a gravidez deve ser evitada no primeiro ano do transplante. Após este período, converse com a equipe médica para orientações.

7. ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL:

Após a alta hospitalar o paciente realizará consultas no ambulatório de transplante de fígado com exames de sangue periódicos:

- Duas vezes por semana no primeiro mês; - Semanal ou quinzenal no segundo mês; - Mensal no primeiro ano; - A cada três meses, a partir do segundo ano.

Caso não ocorram complicações, as consultas e os exames tendem a ficar mais espaçados.

Assim, como no pré-operatório, poderá haver necessidade de vários exames complementares, como ultra-sonografia, biópsia hepática, endoscopia, tomografia e outros. Por isso, é importante não faltar a nenhum retorno ambulatorial e realizar todos os exames solicitados pelo médico. Se por qualquer motivo não puder comparecer ao retorno marcado, você deverá ligar para a enfermeira e remarcar a consulta.

Os imunossupressores são fornecidos pelo Ministério da Saúde pelo Programa de

Medicação de Alto Custo. Para isso é necessário que o processo seja renovado a cada 3

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(três) meses na consulta médica ambulatorial.

Lembre-se: Só na consulta ambulatorial

8. COMPLICAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO:

INFECÇÃO:

Devido ao uso de medicações imunossupressoras que diminuem as defesas naturais do

organismo é freqüente o aumento de vários tipos de infecções. É comum o aparecimento de

algumas infecções durante os primeiros meses após o transplante, por isso, a equipe médica

deve sempre ser comunicada caso ocorra qualquer tipo de alteração na urina, respiração, presença

de diarréia ou “feridas” na pele, boca ou região genital.

REJEIÇÃO:

O fígado novo que é implantado no paciente é um órgão estranho para a pessoa

que o recebe. Sendo assim, o organismo pode desenvolver uma rejeição contra este fígado. É

por isso que é dada medicação para diminuir a imunidade (imunossupressores) com o objetivo de evitar a rejeição.

Mesmo com a administração destes remédios é possível o aparecimento de rejeição, que ocorre em mais da metade dos pacientes. É mais comum acontecer na segunda semana do transplante, quando o paciente ainda está internado. Mas poderá

ocorrer a qualquer época do pós-operatório. Os sintomas mais comuns de rejeição são: febre baixa, icterícia (olhos e pele

amarelos), urina escura (cor de coca-cola), fezes brancas, mal estar geral e cansaço. O aparecimento de rejeição não quer dizer que o fígado está perdido. Com o

tratamento adequado, pode-se resolver o problema de forma ambulatorial ou necessitar de internação hospitalar para receber medicação na veia.

Outras complicações podem aparecer como problemas com as vias biliares, com os vasos sangüíneos ou também a recidiva da hepatite. Essas alterações serão diagnosticadas e tratadas pela equipe médica.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do transplante de fígado é melhorar a qualidade de vida dos

pacientes e proporcionar condições para que voltem a exercer as atividades habituais anteriores

à doença. Portanto, para obter sucesso total com seu novo fígado é muito importante que

você e seus familiares entendam este manual, cumprindo as orientações nele contidas, bem como orientações fornecidas pela equipe no decorrer do seguimento.

Page 19: Manual de orientações aos pacientes inscritos em fila espera para transplante de fígado hcfmrp – usp

A equipe de Transplante de Fígado do Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto - USP estará sempre a disposição do paciente para

esclarecer dúvidas e empenhada em manter o seu bem estar.

Qualquer dúvida ou informação ligar nos telefones:

Ambulatório de Transplante de Fígado: (16) 3602-2328 (Terças e Sextas das 13:00 às 17:00 horas)

Unidade de Transplante de Fígado: (16) 3602-2492 Email: [email protected]

Page 20: Manual de orientações aos pacientes inscritos em fila espera para transplante de fígado hcfmrp – usp

10. EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DO GRUPO INTEGRADO DE TRANSPLANTE DE

FÍGADO HCFMRP – USP

COORDENADOR: Prof. Dr. Orlando de Castro e Silva Junior [email protected] ou [email protected]

MÉDICOS CIRURGIÕES:

Prof. Dr. Orlando de Castro e Silva Prof. Dr. Ajith Kumar Sankarankutty

Dr. Eduardo Garcia Pacheco

Dr. Ênio David Mente Dr. Gustavo Ribeiro de Oliveira Dr. Gustavo de Assis Mota

Dr. Rafael Kemp

Dr. Rodrigo Borges Corrêa Dr. Walther de Oliveira Campos Filho

MÉDICAS CLÍNICAS: Profª Dra. Ana Martinelli

Dra. Andreza Corrêa Teixeira Dra. Fernanda Fernandes Souza Dra. Adriana Leonarda Miranda

Márcia Villanova

MÉDICOS ANESTESISTAS: Dr. Daniel Cagnolatti

Gerardo Cristino

Pedro Luiz Vaz de Lima Matos

Tiago de Freitas

INFECTOLOGISTAS:

Prof. Dr. José Fernando Figueiredo Dr. Gilberto Gambero Gaspar

Dr. Letícia Melo

PATOLOGISTAS: Prof. Dr. Sérgio Zucoloto

Profª Dra. Leandra Ramalho

RADIOLOGISTAS: Prof. Dr. Valdair Muglia

Prof. Dr. Jorge Elias Jr.

ENFERMAGEM:

Coordenadoras: Enf. Luciana da Costa Ziviani Enf. Ana Rafaela Filippini

[email protected]

Captação de Órgãos: Enf. Lizandra Mayumi Ohata Anderson Mateus dos Santos

Leandro Gomes Borges Enfermeira Chefe da UTF:

Fabiana Murad Rossin

Page 21: Manual de orientações aos pacientes inscritos em fila espera para transplante de fígado hcfmrp – usp

Instrumentadoras Cirúrgicas: Maria de Fátima Souza

Graciete da Silva

Maria José Copola Franzoni

PSICÓLOGA: Patrícia Duarte Martins

FISIOTERAPEUTA: Viviane dos Santos Augusto

NUTRICIONISTA:

Renata Aparecida Dalálio

ASSISTENTE SOCIAL: Carla Muniz de Castro

SECRETÁRIA: Renata C. Farias Jacob

Bioquímicas

Maria Eliza Jordani de Souza Clarice F.F. Franco Maria A N.C. Picinato

Maria Cecilia Jordani Gomes