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Além do medo do desconhecido e incerteza relativamente ao futuro, a dificuldade de aceitação da família deve-se também à falta de informação da sociedade em geral acerca da doença mental, pois existem ainda muitos preconceitos e mitos associados à doença que importam desconstruir. Desta forma, Isabel Fazenda (2008) elucida os seguintes mitos: Mito da incurabilidade tem origem em épocas em que não eram conhecidos tratamentos para a doença mental. Actualmente este mito está cada vez menos acentuado, com a descoberta dos psicofármacos e de novos métodos psicoterapêuticos e psicossociais. Ainda assim existe a ideia comum de que uma doença mental é para toda a vida; Mito da perigosidade associado à necessidade de controlar a agressividade das pessoas com doença mental. Muitas vezes a comunicação social realça crimes cometidos por doentes mentais, mas a existência de vários estudos demonstra que a percentagem de indivíduos perigosos com doença mental não é superior à dos que se encontram na população geral; Mito da incapacidade é aquele que mais contribui para a marginalização e exclusão da pessoa com doença mental, pois existe a ideia de que estas pessoas não são capazes de trabalhar, assumir responsabilidades nem tomar decisões. Actualmente com os mecanismos de tratamento e reabilitação já é possível a pessoa com doença mental ter uma vida considerada normal; Mito da perda de direitos é aquele que mais discrimina as pessoas com doença mental, pois muitas vezes são negados a estas pessoas os direitos civis, como o direito ao voto, de casar, constituir família ou ainda de gerir os seus bens. Actualmente, estas medidas só são tomadas quando está em causa a protecção do doente ou de terceiros. Além dos dois primeiros mitos explicados por Isabel Fazenda, a Associação ENCONTRAR+SE acrescenta outros três. São eles:

Mitos associados à doença mental

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Page 1: Mitos associados à doença mental

Além do medo do desconhecido e incerteza relativamente ao futuro, a dificuldade

de aceitação da família deve-se também à falta de informação da sociedade em geral

acerca da doença mental, pois existem ainda muitos preconceitos e mitos associados à

doença que importam desconstruir. Desta forma, Isabel Fazenda (2008) elucida os

seguintes mitos:

Mito da incurabilidade – tem origem em épocas em que não eram conhecidos

tratamentos para a doença mental. Actualmente este mito está cada vez menos

acentuado, com a descoberta dos psicofármacos e de novos métodos psicoterapêuticos e

psicossociais. Ainda assim existe a ideia comum de que uma doença mental é para toda

a vida;

Mito da perigosidade – associado à necessidade de controlar a agressividade

das pessoas com doença mental. Muitas vezes a comunicação social realça crimes

cometidos por doentes mentais, mas a existência de vários estudos demonstra que a

percentagem de indivíduos perigosos com doença mental não é superior à dos que se

encontram na população geral;

Mito da incapacidade – é aquele que mais contribui para a marginalização e

exclusão da pessoa com doença mental, pois existe a ideia de que estas pessoas não são

capazes de trabalhar, assumir responsabilidades nem tomar decisões. Actualmente com

os mecanismos de tratamento e reabilitação já é possível a pessoa com doença mental

ter uma vida considerada normal;

Mito da perda de direitos – é aquele que mais discrimina as pessoas com

doença mental, pois muitas vezes são negados a estas pessoas os direitos civis, como o

direito ao voto, de casar, constituir família ou ainda de gerir os seus bens. Actualmente,

estas medidas só são tomadas quando está em causa a protecção do doente ou de

terceiros.

Além dos dois primeiros mitos explicados por Isabel Fazenda, a Associação

ENCONTRAR+SE acrescenta outros três. São eles:

Page 2: Mitos associados à doença mental

A Doença Mental deve-se à pobreza – Muitas pessoas pensam ainda que a

doença mental afecta exclusivamente as pessoas de condições sociais mais baixas. No

entanto sabe-se que a doença mental é transversal a qualquer classe económica. O facto

de alguns estudos revelarem maior propensão para o desenvolvimento de doenças

mentais nas classes sociais mais baixas foi explicado por Francis Creed no Fórum Saúde

Gulbenkian 2010 que tal acontece porque as pessoas com menos recursos económicos,

normalmente, têm também menos conhecimento acerca destas doenças e, como tal,

demoram mais tempo até procurar ajuda médica especializada.

A Doença Mental deve-se à fraqueza individual – a doença mental é muitas

vezes vista como consequência de fraquezas e defeitos de carácter, sendo a pessoa

muitas vezes responsabilizada pela sua doença. Tal acontece porque, frequentemente, a

pessoa com doença mental não tem consciência da sua perturbação não procurando

ajuda e não sendo devidamente tratada. Sabe-se que as doenças mentais não são fruto de

características da personalidade e podem afectar qualquer pessoa e, tal como foi

possível ver no ponto 1 do capítulo II, a doença mental pode ter causas orgânicas,

psicológicas ou sociais.

A Doença Mental é uma doença rara – devido à vergonha de assumir uma

doença mental, a generalidade da sociedade acredita que a doença mental é uma doença

rara. No entanto, segundo estudos europeus estima-se que 26% da população venha a ter

uma doença mental ao longo da vida.