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EFICÁCIA DO TANINO EXTRAIDO DA Guazuma ulmifolia NA

INIBIÇÃO DA TRANSCRIPTASE REVERSA DO VÍRUS HIV

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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Vírus é a menor partícula que existe, só é visto pelo microscópio. O vírus

para viver e se multiplicar precisa estar dentro das células de um organismo. Dentro

da célula, o vírus consegue assumir o comando, fazendo com que a célula trabalhe

para ele.

A AIDS "Síndrome da Imunodeficiência Adquirida" é causada pelo HIV,

um vírus que ataca, primeiramente, o sistema imune da pessoa, podendo se instalar,

depois, em várias partes do corpo. O sistema imune é um mecanismo de defesa do

organismo, que luta contra doenças que vão desde um simples resfriado até o

câncer. Quando o vírus ataca o sistema imune, sua ação fica ineficiente e o corpo

fica mais vulnerável a qualquer doença que possa atacá-lo.

O HIV é um retrovírus, o que significa que seu material genético está na

forma de RNA ao invés de DNA e para se replicar deve primeiro formar uma cópia

DNA de seu material genético.

O vírion HIV tem uma estrutura complexa e é grosseiramente esférico,

com um diâmetro aproximado de 1/10.000 mm. A cobertura externa do vírus é uma

camada dupla de moléculas lipídicas salpicada de proteínas (as proteínas de

envelope, gp120 e gp41). Dentro disso, uma camada de “matriz” protéica circunde o

cápside cônico, ou núcleo, que contém o RNA do HIV.

A infecção de uma célula ocorre quando o vírion HIV se liga a um receptor

celular, geralmente o CD4, por meio de sua proteína gp120; o vírus então se funde à

membrana celular e o conteúdo da cápside é liberado no citoplasma celular. A

enzima do HIV, transcriptase reversa, catalisa a produção de uma cópia DNA do

RNA do vírus HIV e o componente ribonuclease-H da transcriptase reversa por fim

remove a hélice de RNA agora redundante. A cópia de DNA de hélice única é, na

seqüência, convertida pela transcriptase reversa a uma cópia de DNA de dupla

hélice que é então transportada ao núcleo celular onde uma segunda enzima do

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HIV, a integrase, catalisa a incorporação do DNA viral ao material genético do

hospedeiro.

A terapêutica anti-retroviral se dirige à prevenção da replicação viral, com

diferentes drogas direcionadas a vários estágios do ciclo replicativo. As drogas anti-

retrovirais atualmente disponíveis para tratar a infecção pelo HIV são os diversos

inibidores da transcriptase reversa, que agem previamente à incorporação do

material genético viral ao cromossomo do hospedeiro e os inibidores da protease,

que agem subseqüentemente a esse passo e previnem a formação de vírions com

proteínas funcionais, ou seja, de vírus infectante. O coquetel é uma associação dos

dois tipos de medicamentos.

Os inibidores da transcriptase reversa impedem que o vírus consiga

transformar o seu código genético de ARN em ADN, operação necessária para se

multiplicar dentro das células.

Vários compostos naturais estão em estudos quanto a inibição retroviral

da transcriptase reversa do vírus HIV, dentre eles estão os taninos, estes são

compostos fenólicos caracterizados por sua capacidade de combinar-se com as

proteínas e outros polímeros como os polissacarídeos.

Estudo tem demonstrado que na casca e entrecasca de Guazuma

ulmifolia (mutamba) é rica em componentes com propriedades farmacológicas. Esta

apresenta triterpenos, alcalóides e considerável quantidade de taninos.

As propriedades dos taninos estão ligadas à sua capacidade de formar

complexos com as proteínas que participam da proteção dos tecidos em relação às

agressões microbiológicas. Além disso, confere propriedades gustativas reunidas

sob o termo adstringência, possui poder anti-radicais livres e tem capacidade de

consumir oxigênio dissolvido, isto é, tem propriedades antioxidantes interessantes à

função farmacológica e também à agro-alimentar.

1.1 QUESTÕES NORTEADORAS

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O tanino extraído da Guazuma ulmifolia apresenta os melhores perfis

farmacocinéticos inibidoras da transcriptase reversa do vírus HIV com

menores efeitos colaterais?

Qual peso molecular do tanino tem ação inibidora retroviral da transcriptase

reversa do vírus HIV com menor toxicidade?

1.2 OBJETIVOS

Geral:

Identificar a eficácia do substrato da planta Guazuma ulmifolia como

inibidor da duplicação viral da transcriptase reversa do vírus HIV com menor risco de

toxicidade.

Específicos:

Identificar peso molecular do tanino que tem ação inibidora retroviral da

transcriptase reversa do vírus HIV com menor risco de toxicidade;

Promover a redução da carga vírica preservando a função do sistema

imunológico;

Postergar a evolução da doença modificando a história natural do HIV.

1.3 JUSTIFICATIVA

Apesar do surgimento de terapia, que diminui as partículas virais a níveis

indetectáveis, o vírus persiste em reservatórios no organismo, como linfócitos T

adormecidos. O surgimento e a velocidade de aparecimento de cepas resistentes a

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diferentes combinações de fármacos disponíveis no mercado também é um fator

limitante. Porém, um dos fatores que torna ainda mais difícil a terapia anti-HIV é a

alta incidência de efeitos colaterais causados pelos fármacos atualmente

disponíveis. Estudos realizados por Ligani Jr. e colaboradores mostraram ser esta a

principal causa de falhas na aderência à terapia anti-retroviral (20,5%),

caracterizando-se principalmente por vômitos, diarréias, náuseas e dores

abdominais, além de dores de cabeça e, até mesmo, alterações da coloração da

pele.

Apesar de diversos laboratórios e grupos de pesquisa estarem

trabalhando no desenvolvimento de inibidores da HIV-IN, ainda não surgiu nenhum

composto que possa efetivamente ser utilizado na terapêutica.

Isto fomenta uma grande necessidade de descoberta e/ou

desenvolvimento de eficientes fármacos que atuem sobre a transcriptase reversa

(TR), sobre a protease (PR) e em outros pontos do ciclo de replicação viral. O

grande desafio é portanto descobrir possíveis alvos que efetivamente interrompam o

ciclo do vírus, sem causar dano à célula normal.

A utilização de plantas medicinais é o resultado do acúmulo secular de

conhecimentos empíricos sobre a ação dos vegetais por diversos grupos étnicos.

Entretanto existem questões pertinentes à padronização de técnicas de produção e

comercialização de fitoterápicos (Di Stasi, 1996).

Alguns trabalhos têm tratado do aspecto antinutricional de cultivares com

altos teores de taninos e sua resistência a pragas e sazonalidade tem sido apontada

como um interessante fator para algumas espécies.

Nos vegetais encontramos quantidades relativamente importantes de

compostos fenólicos. Seu papel é essencialmente proteger os tecidos contra o

ataque dos insetos, fungos ou de bactérias. É considerado um sistema de defesa

passiva relativamente eficaz. As plantas podem igualmente produzir grandes

quantidades de fenóis a partir de uma alteração na superfície das células vivas: é a

defesa ativa. O melhor exemplo é dado pela picada dos insetos nas folhas que são a

origem da formação das galhas.

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Durante dez anos observou-se uma árvore de mutamba, em certa época

do ano era notória a presença de galhas secas chegando a quase 70% de

comprometimento e com o passar dos dias a planta se recuperava mostrando

resistência a praga a qual atingira.

Em 1946 em Faina - GO o estudioso Francisco Cabral de Melo,

Farmacêutico pela UFRJ, e colaboradores realizaram testes, não documentado, em

pacientes com febre amarela utilizando o tanino da mutamba que é de baixo peso

molecular, tendo prognóstico favorável, cura em 100% dos casos, sem

demonstrações de toxicidade em nenhum deles.

Moléculas de taninos estão sendo testadas com a intenção de se

descobrir uma droga eficiente contra o HIV. Kilkuskie e colaboradores observaram

que galotaninos mostraram atividade inibitória somente em concentrações tóxicas,

elagitaninos e taninos condensados ibnibiram fracamente a replicação viral e os

taninos complexos mostraram potente atividade contra a replicação do HIV.

Isto justifica a grande relevância de uma pesquisa com taninos de menor

peso molecular e menor toxicidade.

O interesse pela pesquisa surge pela falta de um equivalente celular, que

assim como é uma vantagem no que se refere a menores chances de ocorrência de

efeitos colaterais, também pode ser considerada uma desvantagem, já que não

existe um mediador endógeno cuja estrutura química possa ser utilizada como

protótipo.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os vírus estão envolvidos em uma grande variedade de doenças crônicas

e degenerativas, sendo responsáveis por mais de 60% das doenças causadas no

homem (Korolkovas,1988). A luta contra as infecções virais é difícil, pois a

replicação viral é um processo intracelular, estando intimamente relacionada ao

metabolismo das células infectadas (Barre-Sinoussi, 1983). Um dos vírus mais

estudados hoje em dia é o chamado vírus da imunodeficiência humana (VIH) ou

“Human Immunodeficiency Vírus” (HIV) um vírus da família dos retrovírus (composto

de ARN), capaz de parasitar o sistema imunológico do homem, levando a uma

doença infecciosa conhecida como Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA)

ou “Acquired Immuno Deficiency Syndrome” (AIDS) (Johnson, 1989).

O VIH é diferente dos outros vírus porque ataca e danifica o sistema

imunológico, que é seu ponto principal de ataque no organismo humano. Um dos

componentes do sistema imunológico são os linfócitos T, que atacam diretamente o

microorganismo invasor. Dentre os linfócitos T existe uma classe denominada T4 (T

CD4+ ou T-auxiliadores), que tem um papel de extrema importância no desencadear

da resposta imunitária e na coordenação dessa mesma resposta, sendo o alvo

principal do vírus VIH (Gupta, 1979). Este vírus, ao infectar os linfócitos T CD4+,

conduz à falta de coordenação do sistema imunológico e à sua progressiva

inoperância, acabando por estabelecer uma imunodeficiência (De Clercq, 2000).

No Brasil, de 1980 até dezembro de 2002, foram registrados 257.771

casos da doença, com 113.840 óbitos conhecidos. Através de inquéritos sorológicos

realizados pelo Ministério da Saúde, estima-se a existência de 536.000 brasileiros

infectados pelo HIV (Souza, 2003).

É relevante ressaltar três grandes fases na evolução desta epidemia: 1 –

uma fase inicial, caracterizada pela infecção entre homens que fazem sexo com

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outros homens, e por um nível de escolaridade alto dos pacientes; 2 – uma segunda

fase, caracterizada pelo incremento de casos devido à transmissão por uso de

drogas injetáveis, como a conseqüente diminuição do grupo etário e maior

disseminação entre indivíduos heterossexuais; 3 – terceira e atual fase, quando se

acentua a tendência de disseminação entre os heterossexuais, principalmente as

mulheres (Goldgur at al., 1999).

Esta última observação merece destaque, já que tem sido relatada em

vários países uma “feminização” da epidemia de AIDS. Quanto à distribuição dos

casos segundo faixa etária, observou-se na última década um “envelhecimento” da

mesma, com aumento persistente de importância das faixas etárias acima de 35

anos, em ambos os sexos. Destacaram-se as faixas entre 35 a 39 e 40 a 49 anos,

com aumento da incidência entre as mulheres (6,5 homens para 1 mulher, em

média, na década de 80, para 1,7 homens para 1 mulher em 2001).

As estruturas morfológicas dos vírus HIV tipo 1 e 2 incluem proteínas

estruturais e funcionais e um genoma de RNA protegidos pelo envelope viral. O

envelope é constituído por uma bicamada lipídica e contém uma proteína complexa,

conhecida como env.

Na face interior o HIV possui a proteína viral denominada p17(matriz) e,

envolvido por esta proteína, está o capsídeo composto pela p24. Na parte mais

interna encontram-se os elementos mais importantes: dois filamentos simples de

RNA, a proteína p7 (nucleocapsídeo) e três enzimas essenciais, p51 (transcriptase

reversa), p11 (protease) e p31 (integrase).

A transcriptase é uma enzima que realiza um processo de transcrição ao

contrário em relação ao padrão celular. Essa enzima polimeriza moléculas de DNA a

partir de moléculas de RNA, exatamente o oposto do que geralmente ocorre nas

células, nas quais é produzido RNA a partir de DNA.

É exatamente por possuir essa enzima, que atua "ao reverso", que o HIV

e outros vírus semelhantes são chamados de retrovírus. Após estar na célula

hospedeira a transcriptase reversa utiliza os nucleotídeos presentes no citoplasma

para montar uma fita de DNA juntamente a fita de RNA do vírus. A enzima RNAse-H

é incumbida de desagregar a fita de RNA por hidrólise e deixar a simples fita de

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DNA solta no citoplasma. Volta a transcriptase reversa que completa essa fita de

DNA, tornando-a a dupla hélice de nucleotídeos a serem integradas no DNA da

célula-hospedeira com auxílio da enzima integrase.

No Brasil, a Lei 9113/96 garantiu a todos os indivíduos o acesso, livre de

custos, ao coquetel de drogas. Introduzido em 1996, este é uma combinação de

fármacos capazes de inibir duas etapas da replicação viral, podendo diminuir em até

100 vezes o ritmo de produção do vírus em comparação com as monoterapias

utilizadas até então (Souza et al., 2003). Dependendo do estado e da idade do

paciente, este pode ser composto por dois ou mais medicamentos diferentes das

seguintes classes: (i) inibidores de transcriptase reversa nucleocapsidica (ITRN); (ii)

inibidores da transcriptase reversa não-nucleosídeo (ITRNN); (iii) inibidores de

protease (IP) e, mais recentemente, (iv) os inibidores da fusão (IP), sendo que este

último foi recentemente liberado para venda no Brasil (Goldgur, 1999).

O processo da transcrição consiste na síntese de ARN, sendo realizado

por um complexo enzimático cuja enzima chave é a ARN polimerase, capaz de

produzir as proteínas virais na forma de precursores de poliproteínas, longas

unidades compostas de enzimas virais e proteínas estruturais ajuntadas (Li,1999).

As fluorquinolonas são uma classe de compostos sintéticos com potente atividade

antimicrobiana. Atualmente, esta classe de compostos também tem sido descrita

como capazes de interferir no processo de transcrição viral, impedindo desta forma a

replicação. A fluorquinolona K-37 tem apresentado bons resultados na inibição desta

enzima. A temacrazina e o flavopiridol são outros compostos capazes de inibirem

esta enzima de transcrição, ainda que em células cronicamente infectadas

(Cocuzza, 2001).

Os inibidores da protease têm como função bloquear um dos

componentes do VIH, a protease, conseguindo, desta forma, que as novas cópias do

vírus não infectem novas células. Quer os inibidores da transcriptase reversa, quer

os inibidores da protease, atuam dentro da célula CD4.

A proteína nucleocapsídica (NCp7) é uma proteína essencial em

diferentes etapas da replicação viral, sendo importante na etapa que envolve a

enzima trancriptase reversa, participando da anelação do ARN (De Clercq, 2002). O

ADA (azodicarbonamida), é um composto em fase de testes clínicos II e capaz de

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tornar inativa esta proteína, pela complexação com seus átomos de zinco,

impedindo a replicação viral Inibidores de integrase. A enzima integrase é

fundamental no processo de replicação viral, sendo responsável pela integração do

ADN viral ao cromossoma hospedeiro, permitindo assim a continuação do ciclo da

replicação viral. O ácido-L-quicórico é capaz de inibir a atividade da enzima

integrase de diferentes tipos de VIH resistentes (De Clercq, 2001).

Os inibidores de fusão (IsF) representam uma nova abordagem na

estratégia de combate à capacidade de replicação do VIH no organismo. Para que o

VIH complete o seu ciclo reprodutivo, necessita se fundir com um linfócito T, onde

deposita a sua informação genética, dando origem a novos vírus. Enquanto os

inibidores de protease (IsP) e da transcriptase reversa (IsTRN e IsTRNN) visam a

interrupção do processo de replicação viral em uma fase em que o VIH já infectou a

célula linfocitária alvo, os IsF. foram concebidos de forma a impedir que o vírus

consiga penetrar nos linfócitos e nem sequer inicie a infecção.

Para multiplicar-se, o vírus necessita de fundir-se com um linfócito T, e é

precisamente essa ação que os inibidores de fusão impedem. Com este tipo de

medicamento, o VIH não consegue completar o seu ciclo de reprodução, porque não

chega a infectar os linfócitos T e a criar novas cópias do vírus. Os inibidores da

fusão atuam fora da célula hospedeira (linfócito CD4) numa fase mais anterior no

ciclo de reprodução do vírus do que os inibidores da protease e da transcriptase

reversa.

No intuito de se obter novas drogas mais potentes, com melhores perfis

farmacocinéticos, menores efeitos colaterais e com amplo espectro de atividade a

diferentes vírus VIH resistentes, novas estratégias têm sido elaboradas. Estas

estratégias baseiam-se na concepção de novos compostos capazes de inibir

diferentes pontos da replicação viral.

Em memorando de uma reunião da OMS, foram feitas recomendações da

pesquisa de substâncias naturais para o tratamento da AIDS (SIDA). Como

inibidores da transcriptase reversa tem sido assinalados vários compostos naturais

que pertencem a diferentes estruturas, tais como cumarinas, flavonóides, taninos,

ligninas, alcalóides, terpenos, nafto e antraquinonas e polissacarídeos.

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Compostos de origem natural podem ser utilizados como agentes

terapêuticos para uma grande gama de doenças. Estes também podem tornar-se

excelentes compostos-protótipos para desenvolvimento de derivados mais potentes

ou com melhoria de alguma propriedade biológica ou físico-química que permita que

sejam utilizados como fármacos.

A casca e a entrecasca de Guazuma ulmifolia (mutamba) é rica em

componentes com propriedades farmacológicas. Paralelamente esses princípios

isolados têm sido correlacionados com o tratamento de diversas doenças. Assim o

ß-sitosterol atua contra as lipoproteinemias; os triterpenos são usados como anti-

inflamatórios (pneumonia e bronquite); a cafeína atua como diurético e estimulante

do SNC e dos músculos cardíacos; os alcalóides são tidos como anti-microbianos,

analgésicos, anti-espasmódicos e estimulantes do SNC, os taninos são excelentes

no combate aos processos de disenteria (Windholz, 1983; Almeida et al., 1998;

Rizzo et al., 1990; Rizzo et al. 1999; Tridente, 2002;

Guazuma ulmifolia, conhecida vulgarmente como mutamba, vem sendo

utilizada pela população como medicamento natural em praticamente todos os locais

onde ocorre. As partes geralmente empregadas são as cascas e folhas, porém, há

relatos de que os frutos também são aproveitados. O chá das cascas é utilizado no

Brasil com sudorífero, sendo também empregado em casos de febre, tosse,

bronquite, asma, pneumonia e problemas de fígado. Diversos autores demonstram

algumas atividades de extratos de mutamba, entre elas destacam-se: atividade anti-

glicemiante, anti-bacteriana e antifúngica, citotóxica e anti-secretora.

Guazuma apresenta quatro espécies distribuídas pela America do Sul e

México, sendo que duas ocorre no Brasil: Guazuma ulmifolia Lam e Guazuma crinita

Mart, ambas conhecidas como mutamba.

Análise fotoquímica realizada com a casca da mutamba mostrou

positividade para os grupos químicos flavonóides e taninos, entre outros.

Doseamentos espectrofotométricos 691 nm de taninos, demonstra que a época do

ano pode aumentar ou diminuir o teor na mutamba.

Comparando-se o teor de taninos das folhas Crataegus oxyacantha L.

(cratego), cerca de 3%, e as cascas da ratânia (Krameria triandra) com cerca de

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10%, com as cascas de mutamba, que apresentam cerca de 5%, pode-se dizer que

a quantidade de taninos pode ser considerada razoável.

Os taninos são compostos fenólicos caracterizados por sua capacidade

de combinar-se com as proteínas e outros polímeros como os polissacarídeos. Esta

característica explica sua adstringência causada pelas precipitações das proteínas e

das glucoproteínas da saliva.

Taninos (do francês tanin) são polifenóis de origem vegetal, com pesos

moleculares geralmente entre 500 e 3000. Eles inibem o ataque às plantas por

herbívoros vertebrados ou invertebrados (diminuição da palatabilidade, dificuldades

na digestão, produção de compostos tóxicos a partir da hidrólise dos taninos) e

também por microorganismos patogênicos. O termo é largamente utilizado para

designar qualquer grande composto polifenólico contendo suficientes grupos

hidroxila e outros (como carboxila) para poder formar complexos fortes com

proteínas e outras macromoléculas. São geralmente divididos em dois tipos:

hidrolisáveis e condensados (protoantocianidinas).

Taninos das espécies Quercus suber L. e Q. coccifera L. apresentaram

efeito gastroprotetor, variando entre 66 e 91%. As propriedades antimicrobianas dos

taninos são bem conhecidas e documentadas. Moléculas de taninos estão sendo

testadas com a intenção de se descobrir uma droga eficiente contra o HIV. Kilkuskie

e colaboradores observaram que galotaninos mostraram atividade inibitória somente

em concentrações tóxicas, elagitaninos e taninos condensados inibiram fracamente

a replicação viral e os taninos complexos mostraram potente atividade contra a

replicação do HIV. Concluíram que a atividade anti-HIV exibida por taninos é devida

à inibição da transcriptase reversa, dificultando assim a replicação viral.

As propriedades dos taninos estão ligadas à sua capacidade de formar

complexos com as proteínas que participam neste caso, da proteção dos tecidos em

relação às agressões microbiológicas. Além disso, confere propriedades gustativas

reunidas sob o termo adstringência, possui poder anti-radicais livres e tem

capacidade de consumir oxigênio dissolvido, isto é, tem propriedades antioxidantes

interessantes à função farmacológica e também a agro-alimentar.

Page 13: project mutamba

A ligação entre taninos e proteínas ocorre, provavelmente, através de

pontes de hidrogênio entre os grupos fenólicos dos taninos e determinados sítios

das proteínas, emprestando uma duradoura estabilidade a estas substâncias. Para a

formação destas ligações é necessário que o peso molecular dos taninos esteja

compreendido entre limites bem definidos; se este é demasiadamente elevado, a

molécula não pode se intercalar entre os espaços interfibrilares das proteínas ou

macromoléculas; se é muito baixo, a molécula fenólica se intercala, mas não forma

um número suficiente de ligações que assegure a estabilidade da combinação. Os

taninos têm sido alvo de diversos estudos, sendo que a maioria vem abordando

interações ecológicas entre vegetais e herbívoros, visto que se têm sugerido que os

teores de taninos podem diminuir a taxa de predação por se tornarem impalatáveis,

afastando seus predadores naturais. Pesquisas sobre atividade biológica dos

taninos evidenciaram importante ação contra determinados microrganismos, como

agentes carcinogênicos e causadores de toxicidade hepática. Estes últimos efeitos,

sem dúvida, dependem da dose e do tipo de tanino ingerido. A ingestão de chá

verde e de dietas ricas em frutas que contêm taninos, por ex., tem sido associada

com atividade anticarcinogênica. Além disso, podem agir como antiinflamatórios e

cicatrizantes, e até como inibidores da transcriptase reversa em HIV.

Deste modo, se a toxicidade é devido a sua adstringência, alta toxicidade

está intimamente associada ao maior peso da molécula. Contudo, isto não ocorre

sempre, por ex., a catequina apresenta maior toxicidade que os taninos, embora

esta tenha pouca afinidade por proteínas.

Os complexos formados entre taninos e proteínas podem ser reversíveis

ou irreversíveis. Os reversíveis são estabelecidos via pontes de hidrogênio e

interações hidrofóbicas, enquanto que os irreversíveis ocorrem em condições

oxidativas via ligações covalentes.

As pontes de hidrogênio são provavelmente formadas entre hidroxilas

fenólicas dos taninos e os grupamentos amina das proteínas. As interações

hidrofóbicas ocorrem entre os núcleos aromáticos dos taninos e as cadeias laterais

alifáticas ou aromáticas dos aminoácidos protéicos (Sticher, 1999). Acredita-se que

as interações hidrofóbicas atuam como forças de tração inicial na complexação em

meio aquoso entre taninos e proteínas. Essa associação inicial é reforçada numa

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segunda etapa com formação de uma rede polifuncional de ligações hidrogênio, nas

quais cada molécula de tanino pode fazer varias ligações com a proteína, atuando,

assim, como um ligante polidentado (Luck et al, 1994). Hagerman e col. (1998b)

observaram uma correlação entre a polaridade do polifenol e o tipo de interação com

a albumina bovina sérica (ABS).

Os complexos reversíveis podem ser solúveis ou insolúveis, dependendo

da proporção tanino/proteína, do pH e da força iônica do meio. A adição de

pequenas quantidades de proteínas a uma solução de tanino produz um precipitado

que é dissolvido com a adição de mais proteína. O Maximo de precipitação ocorre

então quando existe uma proporção ótima entre tanino e proteína (Luck et al, 1994),

que é, no entanto, dependente da quantidade de sítios ligantes como grupos galoia

e hidroxilas fenólicas, presentes no tanino (kawamoto et al, 1996).

A capacidade dos diversos taninos de se complexarem com proteínas

varia conforme a sua estrutura química. Foi observado que o peso molecular e a

flexibilidade da molécula são fatores importantes no processo de complexação

(McManus et al., 1985). Vários estudos comparando as afinidades relativas dos

grupos galoia-estereis com várias proteínas demonstraram a tendência decrescente

na seqüência penta- > tetra- > tri- > di- > mono-galoil-glicose, ou seja, quanto maior

o número de grupos galoia maior a afinidade pelas proteínas (Kawamoto et al.,

1996; Baxter et al., 1997; Bacon e Rhodes, 2000). Por outro lado, fatores na

estrutura das proteínas tais como conformação e tamanho do polímero também

influenciam na afinidade dessas moléculas com os taninos (Hagerman e Butler,

1981). Vários estudos mostram a grande afinidade dos taninos, condensados e

hidrolisaveis, por proteínas ricas em prolina, tais como as proteínas presentes na

saliva de mamíferos (Baxter et al., 1997); Bacon e Rhodes, 2000).

Para que estes objetivos sejam atingidos é fundamental que o tratamento

seja feito de forma rigorosa e de acordo com as indicações do médico. Se o doente

não cumprir adequadamente a medicação, a quantidade de medicamento que existe

no sangue é insuficiente para inibir o crescimento do vírus e reduzir a carga vírica.

Isto permite que o vírus continue a destruir as células CD4 e também que adquira

resistência aos medicamentos que o doente está a tomar de forma errada. Por outro

lado, quando isto acontece, existe uma grande probabilidade de que ocorra

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resistência a outros medicamentos que o doente não está a tomar e que pertencem

às mesmas classes daqueles que está a tomar – é a chamada Resistência Cruzada.

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3. METODOLOGIA

A presente pesquisa trata-se uma abordagem qualitativa, realizada a

partir de um levantamento de dados relacionados ao tema, a partir de informações

encontradas em livros, artigos, revistas científicas especializadas, monografias e

manuais de orientação e ilustração e da observação

Para MINAYO (2002, 46):

A pesquisa qualitativa responde às questões muito particulares (...) trabalha com o universo mais profundo das relações e dos fenômenos que não podem ser reduzidos a varias operacionalização de variáveis.

O cenário da pesquisa em um laboratório particular. Previamente será

solicitada autorização para a realização da referida pesquisa, assim como será

submetida ao comitê de ética e pesquisa da instituição.

Para a obtenção dos dados desta pesquisa realizar-se-á testes das

dosagens de taninos de baixo peso molecular, em ratos, extraídos da Guazuma

ulmifolia, posteriormente, dependendo dos resultados, abordará as possibilidades de

utilizá-la em seres humanos, considerando as questões norteadoras de pesquisa

envolvendo seres humanos. RESOLUÇÃO N° 196/96 DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

que normatiza a pesquisa envolvendo seres humanos (LIMA, 2005), e será

submetido à avaliação do Comitê de Ética e Pesquisa da instituição responsável

pela pesquisa.

Os dados da pesquisa serão agrupados em categorias direcionadas pelos

resultados, e sofrerão análises baseada no referencial temático sobre o assunto.

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4. REFERÊNCIAS

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