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Tribunal de Contas do Estado de Rondônia Secretaria de Processamento e Julgamento Departamento da 1ª Câmara SPJ/1ªCÂMARA/REFERÊNCIA PROCESSO N. 00188/12 PROCESSO N.: 00188/12 INTERESSADA: SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO ASSUNTO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL PROCESSO ADMINISTRATIVO N. 01.2201.09078.00/11 (CONCESSÃO ILEGAL DE APOSENTADORIA) RESPONSÁVEIS: RENATO CONDELI C.P.F N. 061.815.538-43 PROCURADOR DO ESTADO DE RONDÔNIA LUCIANO ALVES DE SOUZA NETO C.P.F N. 069.129.948-06 EX-PROCURADOR-GERAL DO ESTADO ADJUNTO IVO NARCISO CASSOL C.P.F N. 304.766.409-97 EX-GOVERNADOR DO ESTADO DE RONDÔNIA VALDIR ALVES DA SILVA C.P.F N. 799.240.778-49 EX-SECRETÁRIO DA SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO RELATOR: CONSELHEIRO EDILSON DE SOUSA SILVA ACÓRDÃO N. 047/2015 1ª CÂMARA EMENTA: Tomada de Contas Especial. Concessão irregular de aposentadoria. Apuração de danos e responsabilidade. Alegação de prescrição da pretensão punitiva. Afastamento da prejudicial de mérito. Ausência de transcurso superior a 5 anos. Ato administrativo ilegal realizado com apoio em parecer jurídico elaborado e aprovado em detrimento do comando legal. Responsabilidade atribuída ao procurador de estado. Caracterização de erro grosseiro. Nexo causal configurado. Culpa por negligência grave e inequívoca. Exclusão da responsabilidade em relação ao procurador geral adjunto, governador e secretário de administração à época por não restar caracterizado o nexo de causalidade. Ausência de dano ao erário. Tomada de contas especial julgada regular com ressalva. A aposentadoria de servidor público, por consistir em ato complexo, somente se aperfeiçoa com a manifestação da Corte de Contas acerca de sua legalidade, momento em que se inicia o prazo de cinco anos para que a Administração proceda a sua revisão. Afasta-se o argumento de prescrição da pretensão punitiva administrativa quando não detectado nos autos o transcurso de prazo superior a cinco anos da revisão do ato de aposentadoria por parte do Tribunal de Contas. Documento digitalizado em 13/08/2015 11:17. Autenticidade conferida no momento da digitalização por ALANE KARDIGINA DA ROCHA FELIX UGALDE. Autenticação: 33dcbb77684d40796df775e9cce92aab

Procurador do Estado é multado por concessão irregular de aposentadoria voluntária

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Tribunal de Contas do Estado de Rondônia

Secretaria de Processamento e Julgamento

Departamento da 1ª Câmara

SPJ/1ªCÂMARA/REFERÊNCIA – PROCESSO N. 00188/12

PROCESSO N.: 00188/12

INTERESSADA: SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO

ASSUNTO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL – PROCESSO

ADMINISTRATIVO N. 01.2201.09078.00/11 (CONCESSÃO

ILEGAL DE APOSENTADORIA)

RESPONSÁVEIS: RENATO CONDELI

C.P.F N. 061.815.538-43

PROCURADOR DO ESTADO DE RONDÔNIA

LUCIANO ALVES DE SOUZA NETO

C.P.F N. 069.129.948-06

EX-PROCURADOR-GERAL DO ESTADO ADJUNTO

IVO NARCISO CASSOL

C.P.F N. 304.766.409-97

EX-GOVERNADOR DO ESTADO DE RONDÔNIA

VALDIR ALVES DA SILVA

C.P.F N. 799.240.778-49

EX-SECRETÁRIO DA SECRETARIA DE ESTADO DA

ADMINISTRAÇÃO

RELATOR: CONSELHEIRO EDILSON DE SOUSA SILVA

ACÓRDÃO N. 047/2015 – 1ª CÂMARA

EMENTA: Tomada de Contas Especial. Concessão

irregular de aposentadoria. Apuração de danos e

responsabilidade. Alegação de prescrição da

pretensão punitiva. Afastamento da prejudicial de

mérito. Ausência de transcurso superior a 5 anos.

Ato administrativo ilegal realizado com apoio em

parecer jurídico elaborado e aprovado em detrimento

do comando legal. Responsabilidade atribuída ao

procurador de estado. Caracterização de erro

grosseiro. Nexo causal configurado. Culpa por

negligência grave e inequívoca. Exclusão da

responsabilidade em relação ao procurador geral

adjunto, governador e secretário de administração à

época por não restar caracterizado o nexo de

causalidade. Ausência de dano ao erário. Tomada de

contas especial julgada regular com ressalva. A

aposentadoria de servidor público, por consistir em

ato complexo, somente se aperfeiçoa com a

manifestação da Corte de Contas acerca de sua

legalidade, momento em que se inicia o prazo de

cinco anos para que a Administração proceda a sua

revisão. Afasta-se o argumento de prescrição da

pretensão punitiva administrativa quando não

detectado nos autos o transcurso de prazo superior a

cinco anos da revisão do ato de aposentadoria por

parte do Tribunal de Contas.

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SPJ/1ªCÂMARA/REFERÊNCIA – PROCESSO N. 00188/12

Admite-se a fixação de responsabilidade em

desfavor de parecerista e seu superior hierárquico

que, respectivamente, assinam e aprovam parecer

jurídico em desacordo com os comandos legais,

desde que configurado o erro grosseiro, bem como

os requisitos da responsabilidade pessoal,

consistentes em culpa ou dolo. No caso em análise,

restou configurado o nexo causal entre o ilícito

cometido e a conduta praticada pelo responsável

que, na condição de Procurador de Estado, assinou o

parecer jurídico que serviu de base para a concessão

do ato ilegal de aposentadoria. O nexo de

causalidade restou demonstrado pela culpa do

responsável que, na qualidade de Procurador de

Estado, possui conhecimento jurídico quanto às

regras de aposentadoria, contudo, por desídia,

manifestou-se de forma equivocada em parecer

jurídico, o que configurou erro grosseiro, impondo-

se, portanto, a fixação de responsabilidade. Em

contrapartida, deve ser afastada a responsabilidade

solidária atribuída em desfavor do Procurador Geral

Adjunto quando, em análise particularizada do caso

concreto, não se vislumbra a prática de erro

grosseiro ou má-fé na conduta que, em decorrência

da relação de confiança, ensejou a aprovação de

parecer jurídico em detrimento dos comandos legais.

Afasta-se, igualmente, a responsabilidade do

Governador e Secretário de Estado da

Administração à época pelo fato de terem assinado o

decreto de aposentadoria, por também não existir

nos autos qualquer prova que possa apontar o nexo

de causalidade em relação às condutas. Quanto à

hipótese de ressarcimento ao erário, também deve

ser afastada, pois, embora seja incontroverso o fato

de que a servidora permaneceu por um período de 4

anos aposentada de forma irregular, também consta

a informação de que, após a constatação, ela

retornou ao serviço, a fim de dar cumprimento ao

prazo restante para o preenchimento do requisito

referente à idade.Além disso, ainda há a informação

de que os valores recebidos a título de proventos

eram inferiores aos pagos enquanto na atividade.

Afastada a hipótese de dano ao erário, impõe-se

julgar regular com ressalva a presente Tomada de

Contas Especial. Unanimidade.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, que tratam da

Tomada de Contas Especial, instaurada pela Secretaria de Estado da Administração, como

tudo dos autos consta.

ACORDAM os Senhores Conselheiros da Primeira Câmara do

Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, em consonância com o Voto do Relator,

Conselheiro EDILSON DE SOUSA SILVA, por unanimidade de votos, em:

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SPJ/1ªCÂMARA/REFERÊNCIA – PROCESSO N. 00188/12

I – Julgar regular com ressalva a presente Tomada de Contas

Especial, por reconhecer a irregularidade da conduta praticada pelo Procurador de Estado

Renato Condelli, em razão da emissão de parecer jurídico que ensejou a concessão ilegal de

aposentadoria voluntária a servidor público, não vislumbrando, entretanto, dano ao erário;

II – Em face da gravidade da conduta praticada pelo responsável

Renato Condelli que, na qualidade de Procurador de Estado, emitiu parecer jurídico em

desacordo com os comandos legais, aplicar-lhe, com apoio no parágrafo único do art. 18 da

Lei 154/1996, multa individual no valor de R$ 2.500,000 (dois mil e quinhentos reais), por

entender ser o razoável para garantir a eficácia da penalidade e inibir a reiteração da conduta;

III – Deixar de atribuir responsabilidade a Luciano Alves de Souza

que, na qualidade de Procurador Geral Adjunto, aprovou parecer jurídico em desacordo com

os comandos legais, por não vislumbrar erro grosseiro ou má-fé na conduta;

IV – Deixar de atribuir responsabilidade em desfavor de Ivo

Narciso Cassol e Valdir Alves da Silva, por também não vislumbrar nexo de causalidade nas

condutas;

V - Determinar ao responsável Renato Condelli que, no prazo de 15

dias a contar da notificação via Diário, proceda ao recolhimento dos valores fixados a título

de multa individual ao Fundo de Desenvolvimento Institucional do Tribunal de Contas do

Estado de Rondônia – Conta Corrente n. 8358-5, Agência n. 2757-X, Banco do Brasil,

conforme preceitua o art. 56 c/c o art. 3º, inciso III, da LC 154/96;

VI - Advertir via Ofício, ao atual Procurador-Geral do Estado de

Rondônia que adote medidas no sentido de determinar a observância das cautelas necessárias

quando da emissão e aprovação de parecer jurídico;

VII – Determinar, via DOe/TCE-RO, que sejam os responsáveis

cientificados do conteúdo deste Acórdão, informando-lhes de que o voto, em seu inteiro teor,

e o parecer do Ministério Público de Contas estarão disponíveis no sítio deste Tribunal

(www.tce.ro.gov.br);

VIII – Transitado em julgado o presente Acórdão sem que haja o

recolhimento da multa, inicie-se a cobrança judicial nos termos do art. 27, II, da LC n. 154/96

c/c art. 36, II, do RITCE/RO; e

IX – Os autos ficarão sobrestados no Departamento da 1ª Câmara

para o acompanhamento do cumprimento dos termos do Acórdão.

Participaram da Sessão os Conselheiros EDILSON DE SOUSA

SILVA (Relator) e BENEDITO ANTÔNIO ALVES (declarou suspeição, nos termos do art.

135, I do Código de Processo Civil); o Conselheiro-Substituto OMAR PIRES DIAS; o

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Conselheiro Presidente da Sessão FRANCISCO CARVALHO DA SILVA; o Procurador do

Ministério Público de Contas, SÉRGIO UBIRATÃ MARCHIORI DE MOURA.

Sala das Sessões, 7 de julho de 2015.

EDILSON DE SOUSA SILVA FRANCISCO CARVALHO DA SILVA

Conselheiro Relator Conselheiro Presidente da Sessão

Primeira Câmara

SÉRGIO UBIRATÃ MARCHIORI DE MOURA

Procurador do M. P. de Contas

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