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CURSO DE DIREITO “A RESPONSABILIDADE CIVIL DO FACEBOOK” VIVIANE APARECIDA SARAIVA RA:.4354714 TURMA:3209A E-MAIL:[email protected] SÃO PAULO 2014

A responsabilidade Civil do Facebook - Viviane A Saraiva

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CURSO DE DIREITO

“A RESPONSABILIDADE CIVIL DO FACEBOOK”

VIVIANE APARECIDA SARAIVA

RA:.4354714

TURMA:3209A

E-MAIL:[email protected]

SÃO PAULO 2014

VIVIANE APARECIDA SARAIVA

Monografia apresentada à Banca

Examinadora do Centro

Universitário das Faculdades

Metropolitanas Unidas, como

exigência parcial para obtenção do

título de Bacharel em Direito sob a

orientação do Professora Karla

Cristina da Costa e Silva Matos.

SÃO PAULO

2014

BANCA EXAMINADORA:

Professor Orientador : __________________________

Professor Arguidor : ___________________________

Professor Arguidor : ___________________________

Ao meu marido Cássio Carlos Oliveira

Cipriano, por me apoiar, acreditar em mim e

ser o meu melhor amigo.

Agradeço a professora Karla Cristina da Costa

e Silva Mattos por acreditar neste trabalho.

“Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar nos sonhos que se têm, ou que os seus planos não vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém...”

(Renato Russo)

RESUMO

A Internet, a Rede Mundial de Computadores, trouxe para a humanidade

uma maneira nova de ver o mundo. Com apenas um computador, conexão

adequada à rede e cliques no mouse qualquer pessoa pode viajar pelo mundo e

conhecer pessoas sem mesmo sair de casa.

Um novo mundo se abre, um lugar onde tudo pode ser feito de maneira

virtual: compras, vendas, assistir filmes, compartilhar conteúdo e principalmente

conhecer pessoas.

As relações humanas nunca mais foram as mesmas após a criação da Internet. Se

tornaram mais frias, banalizadas e até mesmo inconsequentes.

Tendo como foco o relacionamento interpessoal surge no cenário digital as

chamadas redes sociais, um espaço para que pessoas de todo mundo se

relacionem ignorando toda e qualquer fronteira geográfica e dividindo suas vidas

uns para os outros.

A mais famosa rede social na atualidade é o Facebook, criada por um

estudante de Ciências da Computação da Faculdade de Harvard chamado Mark

Zuckerberg no ano de 2003.

Apesar de envolto em polêmicas quanto à sua criação e desenvolvimento, o

Facebook rapidamente atingiu milhões de usuários, ganhando populariedade e

notoriedade mundial. O Facebook hoje vai muito além de uma rede social, tornou-

se também um espaço comercial, de divulgação de serviços e produtos.

Contudo, alguns usuários das redes sociais não se atentam para o fato de

que suas vidas estão sendo expostas, e principalmente, que podem comprometer

terceiros com o conteúdo que publicam.

A problemática incide no fato de que a moderação do conteúdo é feita pelos

próprios usuários a partir de denúncias, mas nem sempre são eficazes. Desta

forma este trabalho procura achar soluções para muitos questionamentos como:

de quem é a responsabilidade do conteúdo publicado no Facebook quando atinge

negativamente terceiros? Quando causa danos e alguns até irreparáveis?

O Facebook (que é um serviço gratuito) tem responsabilidade civil objetiva

ou subjetiva quando da ocorrência de um evento danoso causado por seus

usuários?

Palavras-chave: Internet. Rede Social. Responsabilidade Civil. Facebook.

ABSTRACT

Internet, the Worldwide Computer Network, has brought to humanity a new

way of seeing the world. With just a computer, proper internet connection and some

mouse clicks anyone can travel around the world and meet people right from their

own home.

A new world opens up, a place where everything can be done virtually: buy,

sell, watching movies, share content and especially meet people. Human relations

have never been the same after Internet creation. They became colder, trivialized

and even inconsequential.

Having as main goal interpersonal relations at the digital scenario, the so

called social networks emerges, a spot where everyone in the world relates ignoring

all geographic boundaries, sharing their lives one for each other.

The most famous of all social network nowadays it’s the Facebook, it come

to light by an idea from a Computer Science student named Mark Zuckerberg, at

the year of 2003.

Despite being surrounded by polemics concerning its creation e

development, the Facebook quickly reached millions of users, becoming popular

and notorious worldwide. Facebook today goes far beyond from a regular social

network, it became a spot for commerce, products and services advertising.

However, some users from social networks are not aware from the fact that their

lives are being exposed, and specially, they can compromise others with those

publications.

The main problem is concerning to content moderation are being made by

users themselves through denounces, but they are not totally successful most of

the times. Thus this study seeks to find solutions to many questions as: who’s

responsible from published content on Facebook when it negatively reach other

people? When it result in damages, even the irreparable ones?

Does Facebook, (a taxes free service) has civil objective or subjective

responsibility when a damaging event is caused by its users?

Key-words: Internet. Social Networks. Torts Law. Facebook.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9

Capítulo 1 – A INTERNET COMO PARTE DO COTIDIANO ................................... 11

1.1 – Uma Sociedade da Informação ........................................................................ 11

1.2 – A Internet nas relações interpessoais............................................................... 17

1.3 – Os provedores de conteúdo e suas espécies ................................................... 20

CAPÍTULO 2 – O FACEBOOK ................................................................................. 24

2.1 – Como surgiu o Facebook ................................................................................. 24

2.2 – Público alvo: o mundo ...................................................................................... 28

2.3 – A influência do Facebook nas relações humanas ............................................ 30

Capítulo 3 – O FACEBOOK E A LEGISLAÇÃO ..................................................... 34

3.1 – Aspectos legais do Facebook ........................................................................... 34

3.2 – O usuário do Facebook como consumidor ....................................................... 37

3.3 – Aspectos teóricos da Responsabilidade Civil ................................................... 39

3.4 – A Responsabilidade Civil no Brasil e no mundo ............................................... 43

3.5 – A Responsabilidade Civil do Facebook ............................................................ 45

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 49

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 50

9

INTRODUÇÃO

A Internet é, sem sombra de dúvidas, uma das maiores e mais importantes

invenções que o mundo já conheceu. Uma ferramenta dinâmica, abrangente e

inovadora por excelência que mudou definitivamente a maneira como interagimos

com o mundo que nos cerca.

A tecnologia informática não conhece limites para sua evolução, e hoje

proporciona infinita gama de informações e recursos nunca antes imaginados. O

mundo do século XXI é virtual, tecnológico, rápido, informatizado e livre de barreiras

geográficas que impeçam o acesso entre pessoas e conteúdo.

A comunicação ágil ou mesmo em tempo real, não importando o quão

distantes fisicamente pessoas estejam umas das outras, tornou-se o principal

objetivo da Internet.

Com o foco nos relacionamentos interpessoais, surge uma nova ferramenta

para o usuário da rede mundial de computadores: a rede social. A rede social é uma

“teia” de conexões entre pessoas que se comunicam entre si em busca de objetivos

em comum.

O Facebook, criado no ano de 2004 pelo programador e então estudante

Mark Zuckerberg tornou-se a rede social mais utilizada da atualidade, alcançando

mais de 1 bilhão de usuários ao redor do mundo, número que tende a aumentar

devido ao acesso crescente à internet.

Os administradores do Facebook alegam não ter condições de moderar

todas as publicações imputadas por seus usuários, sendo impossível o controle total

do que é diariamente publicado por eles.

Para minimizar o problema, o Facebook conta com denúncias que relatam a

ocorrência de postagens inadequadas ou ofensivas, o que vem se revelando um

método questionável.

10

Em decorrência de postagens indevidas e prejudiciais o Facebook já foi alvo

de processos judiciais, mas sua defesa sempre se baseou na total falta de culpa de

seus idealizadores frente às ações de seus usuários na rede.

O Facebook mantém a postura a favor da liberdade de pensamento e

privacidade de seus usuários, adotando como política sua total isenção de

responsabilidade quanto a maneira como eles a utilizam.

O presente trabalho aborda a responsabilidade civil do Facebook enquanto

fornecedora de um serviço gratuito e mediante contrato de adesão, explorando

diversas visões jurisprudenciais e doutrinárias sobre o assunto, à luz da legislação

vigente em nosso país.

11

Capítulo 1 – A INTERNET COMO PARTE DO COTIDIANO

1.1 – Uma Sociedade da Informação

A informação, o conhecimento e a evolução da ciência caminham juntos e se

complementam. Não há conhecimento sem informação, e não há ciência sem

conhecimento. Por essa razão, a sociedade se viu ávida pelo saber, afim de obter

melhorias em todos os contextos e dessa forma, a informação elevou a sociedade a

um novo patamar tecnológico e cultural.

Acompanhando o progresso da sociedade como um todo, os meios de

comunicação evoluíram para atender a crescente demanda de informações dando

origem, assim, a chamada “revolução informacional1”.

De suma importância destacar que a “revolução informacional” teve efeito

semelhante ao ocorrido quando do surgimento da chamada “sociedade industrial”,

que ocorreu quando da introdução de máquinas a vapor na produção de bens de

consumo, o que mudou completamente as relações sócio-econômicas da época.

De acordo com Karla Cristina da Costa Silva e Matos (2012, p.27), a

economia outrora baseada em produzir mercadorias, agora se baseia no saber

teórico dos indivíduos tornando-se fontes de inovação, de maneira que a informação

e a tecnologia passam a determinar as tomadas de decisões, em especial as de

origem empresarial2.

Tal transformação pode se traduzir pela chamada “terceira onda”

mencionada por Alvin Toffler em sua obra de mesmo nome. Segundo Toffler, a

evolução da humanidade poderia ser medida em três ondas: a “primeira onda” foi a

revolução agrícola; a “segunda onda” foi a “revolução industrial” (que encontrou seu

1 Revolução informacional é o termo utilizado por Castells que afirma que“ A cultura dos produtores da Internet moldou o meio. Embora explícita, a cultura é uma construção coletiva que transcende preferências individuais, ao mesmo tempo que influencia as práticas das pessoas no seu âmbito (CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet, Editora Zahar, 2001, p. 34)”. 2 MATOS, Karla Cristina da Costa e Silva. O valor econômico da Informação nas Relações de Consumo.São Paulo:Almedina, 2012, p.27.

12

ponto máximo por volta de 1955, nos Estados Unidos da América) e esta deu origem

e lugar à “terceira onda” que é a revolução da informação e da tecnologia.3

Para Toffler, a “terceira onda” é a maior revolução que a civilização humana

já presenciou, e conforme avançam as tecnologias envolvendo as formas de

comunicação, evoluem também as relações interpessoais e empresariais, trazendo

como consequência a valorização da informação transmitida.

Patricia Peck Pinheiro, em referência à Terceira Onda instituída por Toffler:

“ É o surgimento da tecnologia digital culminando na criação da Internet que permite a consolidação da Terceira Onda, pela inclusão de dois novos elementos: a velocidade, cada vez maior na transmissão de informação, e a origem descentralizada destas.4”

Embora Castells mencione que “a tecnologia não determina a sociedade”5, é

certo dizer que ela é capaz de mudar o contexto social na qual é inserida.

Nesse sentido, Roberto Senise Lisboa afirma “o fato novo pode gerar uma

transformação sobre aquilo que já existia, não necessariamente a sua supressão6”,

ou seja, a tecnologia pode modernizar o que é antigo, e não obrigatoriamente

extinguir.

Assim, a afirmação de Castells, “a tecnologia é a sociedade, e a sociedade

não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas7” deixa

claro que a característica marcante de uma sociedade se traduz pela tecnologia que

ela utiliza, e consequentemente a maneira como ela trata o conhecimento e a

informação, e a importância que estas conferem à ela.

Com o advento das melhorias implementadas nos meios de comunicação, e

a consequente rapidez com que informações eram transmitidas e recebidas, surge o

termo “sociedade da informação”, que encontrou o seu ápice quando da evolução da

eletrônica e da informática.

3 TOFFLER, Alvin. A terceira onda.22ed.São Paulo: Record, 1997.p.23-28 4 PINHEIRO, Patricia Peck. Direito Digital. 5ªed.São Paulo:Saraiva, 2012.p.52 5 CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede – A Era da Informação-Vol1.6ªed. São Paulo: Paz e Terra, 2010.p43 6 Direito na Sociedade da Informação – disponível em: <http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/direitonasociedadedainformacao-4.pdf> acessado em 25/01/2014 7 CASTELLS, Manuel. Op Cit.,p43

13

Segundo Karla Cristina da Costa e Silva Matos, o termo “sociedade da

informação” teria surgido no discurso de Delors, presidente da Comissão Européia,

no ano de 1993 durante o Conselho Europeu, lançando desta forma a idéia de

infraestrutura da informação.8

Diversas são as denominações dadas por autores para o termo “sociedade

da informação”, como por exemplo, para José de Oliveira Ascensão:

“A Sociedade da Informação não é um conceito técnico: é um slogan. Melhor se falaria aé em sociedade da comunicação, uma vez que o que se pretende impulsionar é a comunicação, e só num sentido muito lato pode se qualificar toda a mensagem como informação.”9

Divergências à parte, é correto afirmar que a tecnologia informática se

confunde com idéia de “sociedade da informação”, uma vez que a primeira

revolucionou a segunda de maneira mais marcante.10

O surgimento da tecnologia digital e consequentemente da Internet,

definitiamente consolidaram a Terceira Onda mencionada por Toffler, onde as

características dominantes são velocidade na transmissão de informações e a

descentralização de sua origem.11

A Era da Informação de Toffler é a Sociedade da Informação que hoje

vivenciamos, ou seja, uma sociedade impactada por avanços tecnológicos e

informáticos, especialmente quando da criação e popularização dos computadores

pessoais e da Internet.12

Advindos da idéia dos chamados Mainframes13, o computador com foco para

o uso pessoal, teve por objetivo dinamizar e facilitar a transmissão de informações

entre usuários domésticos. Em 30 anos de existência, o computador pessoal

8 MATOS, Karla Cristina da Costa e Silva.Op Cit.p.26. 9 ASCENSÃO, José de Oliveira.Direito da Internet e da Sociedade da Informação.Rio de Janeiro:Editora Forense, 2002.p.71 10 A Sociedade da Informação – disponível em <http://student.dei.uc.pt/~elsio/frame_artigo1.htm> acessado em 05/02/2014 11 PINHEIRO, Patricia Peck. Direito Digital.5ed.São Paulo:Saraiva, 2013.p.52 12 Sociedade da Informação, do conhecimento e da aprendizagem: desafios para a educação no século XXI – disponível em: <http://revista.educ.fc.ul.pt/arquivo/vol_XVIII_1/artigo1.pdf> - acessado em 05/02/2014 13 Computadores de grande porte físico utilizados até o início dos anos 70 somente por grandes instituições e operado apenas por poucos especialistas.

14

(Personal Computer em inglês, cuja sigla PC14 é largamento utilizada) foi

gradualmente se tornando um recurso indispensável devido à popularização da

internet em meados dos anos 90.

A Internet que hoje conhecemos teve sua forma embrionária na

ARPANET15, uma rede de comunicação militar norte-americana utilizada nos anos

60 durante a guerra fria. Ironicamente, a ARPANET, que tinha como objetivo manter

informações em sigilo, deu origem a Internet que hoje é a maior fonte de

compartilhamento de informações entre os povos.

Com o advento do surgimento da tecnologia de comunicação por protocolos

de internet, o TCP/IP (Transmission Control Protocol / Internet Protocol) 16 e no fim

dos anos 80 da WWW (World Wide Web) 17 e a consequente consolidação do uso

da Internet para fins domésticos, a Internet definitivamente encontrou seu lugar

enquanto meio de comunicação e de transmissão de informação.

Por isso, os computadores pessoais ganharam espaço e importância

enquanto ferramenta, evoluindo de mero recurso tecnológico para a um importante

aliado para o acesso e fornecimento de informações.

A Internet fez com que a vida cotidiana ganhasse nova abordagem,

permitindo que grande parte das atividades fossem realizadas virtualmente,

promovendo a economia de tempo e evitando desgastes.

Estamos em uma sociedade na qual a vida acontece online, ou seja, como

uma “operação realizada em conexão com outros pontos do sistema, que permite

14 O termo PC é utilizado para designar somente computadores pessoais advindos do modelo IBM PC, amplamente divulgado na mídia no início dos anos 80. 15 Basicamente tratava-se de um sistema de interligação de redes dos computadores militares norte-americanos, de forma descentralizada. À época denominava-se Arpanet (PINHEIRO, Patricia Peck. Direito Digital, São Paulo: Editora Saraiva, 2013, p.62) 16 Protocolo de controle da Trasmissão/Protocolo Internet; trata-se de um código que consente aos diversos networks incompatíveis por programas e sistemas comunicarem-se entre si. (PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet – Liberdade de Informação, privacidade e responsabilidade civil. São Paulo:Editora Atlas,2013,p.10) 17 A WWW nasceu no ano de 1989 no Laboratório Europeu de Física de altas energias, com sede em Genebra, sob o comando de T. Berners-Lee e R.Cailliau. É composto de hipertextos, ou seja, documentos cujo texto, imagem e sons são evidenciados de forma particular e podem ser relacionados com outros documentos. (PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet – Liberdade de Informação, privacidade e responsabilidade civil. São Paulo:Editora Atlas,2013,p.11)

15

compartilhar informações e colaborar no processamento18”, onde os outros pontos

do sistema são outros computadores, ou outras pessoas.

Por conta disso, a Sociedade da Informação tem como característica

principal, dentre outras, a descentralização das informações e a rápida transmissão

de conhecimento, tudo isso pela “super escolha” ou overchoice19, palavra utilizada

por Toffler para definir um ambiente de incontáveis possibilidades e tomadas de

decisões. 20

O tráfego constante de informações, indo e vindo de diversos provedores ao

redor do mundo em um ambiente digital definido como “auto estrada da informação”,

propiciou a interatividade e a comunicação global.

José de Oliveira Ascenção define a auto estrada da informação como “meios

de comunicação entre computadores, que seriam caracterizados por grande

capacidade, rapidez e fidedignidade”. 21

Assim, a Internet se tornou a maior revolução informacional já vista,

definitivamente caracterizando a Sociedade da Informação em seu ápice

tecnológico.

Gustavo Testa Corrêa22 em citação a Eric Schmidt23 : “A internet é a primeira

coisa que a humanidade criou e não entende, a maior experiência de anarquia que

jamais tivemos”.

A rede mundial de computadores foi o marco inicial de uma grande

revolução que se desenrola até os dias de hoje, e certamente caracteriza a

sociedade atual como sendo informatizada e ávida por comunicar-se e obter

conhecimento, consumidora de diversos tipos de dispositivos tecnológicos para tal.

Em discordância à afirmação de Castells, conclui-se que a tecnologia

certamente está definindo a sociedade, uma vez que ela dita moldes de

18 DIVERSOS. Dicionário MICHAELIS-Moderno Dicionário Inglês/Português e Português/Inglês.São Paulo:Melhoramentos, 2012. 19 TOFFLER, Alvin. O choque do futuro.5ed.Rio de Janeiro:Record, 1994.p.220. 20 PINHEIRO, Patricia Peck. Direito Digital.5ed.São Paulo:Saraiva, 2013.p.53. 21 ASCENSÃO, José de Oliveira. Op Cit. p. 68. 22 CORRÊA, Gustavo Testa.Aspectos Jurídicos da Internet.4ed.São Paulo:Saraiva, 2008, p.7. 23 Ex-executivo da Sun Microsystem e da Novel

16

necessidades e pensamentos, assim como também modifica o Direito em sua

aplicação, por exemplo.

Peço vênia para minha opinião neste texto acadêmico, um questionamento

às próximas gerações. Resta saber se veremos o surgimento de uma “quarta onda”,

ou seja, uma revolução ainda maior do que a que atualmente vivenciamos.

17

1.2 – A Internet nas relações interpessoais

A internet fez com que as relações interpessoais ganhassem nova

abordagem, uma vez que, além de não ser mais necessária a presença física de

seus interlocutores, a distância entre eles não é mais fator determinante.

A comunicação entre computadores, e consequentemente entre pessoas,

caracteriza-se pela rapidez e grande interatividade proporcionada, algo que não é

comparável à uma conversa telefônica (que limita o número de interlocutores) ou

mesmo à rádio-difusão (a comunicação vai de um interlocutor para vários).24

Com o advento da Internet impôs-se um espaço cibernético no qual as

pessoas se relacionam ignorando barreiras geográficas para compartilhar

informações. Assim, não havendo mais distância entre elas, o conceito de longe e

perto cai por terra. Nesse sentido, Zygmunt Bauman em referência à Paul Virilio 25 :

“desprovidos de dimensões espaciais, mas inscritos na temporalidade singular de uma difusão instantânea. Doravante, as pessoas não podem ser separadas por obstáculos físicos ou distâncias temporais. Com a interface dos terminais de computadores e monitores de vídeo, as distinções entre aqui e lá não significam mais nada.”26

Desta forma, o espaço cibernético se traduz como uma terceira realidade

existente em meio à ficção e o mundo real, um ambiente onde não há limites físicos,

o chamado ciberespaço27.

Segundo Ricardo de Macedo Menna Barreto, o ciberespaço é um espaço

sociovirtual onde indivíduos se encontram e ali podem começar algum tipo de

relação.28

Para Pierre Levy, o ciberespaço é um dispositivo de comunicação interativo

e comunitário, tornando-se então um privilegiado instrumento da inteligência coletiva

24 ASCENSÃO, José de Oliveira.op cit.p68. 25 Paul Virilo, nascido na França em 1932 é filósofo, urbanista, arquiteto, polemista, pesquisador e autor de vários livros sobre as tecnologias da comunicação 26 BAUMAN, Zygmunt.Globalização, as consequências humanas.Rio de Janeiro:Zahar,1999.p.24 27 A palavra “ciberespaço” foi inventada em 1984 por William Gibson em seu romance de ficção científica Neuromante. (LEVY, Pierre. A Cibercultura, São Paulo: Editora 34, 1999.p.92). 28 BARRETO, Ricardo de Macedo Menna.Redes Sociais na Internet e o Direito. Curitiba:Juruá, 2012.p.33 - 34

18

envolto em uma cultura particular, a qual se desenvolve através da própria

inteligência de seus participantes, sendo um ambiente propício para tal.29

Em uma visão técnica, Levy conceitua ciberespaço como um espaço de

comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e da memória dos

computadores. 30

Com o advento da Internet vivemos o fenômeno da globalização, onde em

um ciberespaço há uma aldeia global31 composta por todos aqueles que, mesmo em

países diferentes, interagem através da Internet, compartilhando informações e

interesses em comum.

A idéia por trás da globalização é a quebra de fronteiras, de limites

temporais, a expansão do conhecimento sem medidas, a constante fonte de

informações transmitidas, e a real irrelevância da distância entre pessoas, tudo isso

proporcionado por avanços tecnológicos. Mas, como descreve Anthony Giddens,

não é apenas isso, uma vez que a globalização é também um fenômeno local, que

afeta a vida cotidiana de todos nós.32

A vida cotidiana sofre o impacto da globalização, uma vez que a Internet

influencia comportamento, agrega cultura e afirma um novo modo de

relacionamento. No tocante às relações humanas, Bauman afirma que elas tendem

a se enfraquecer e esfriar com a globalização:

“O novo individualismo, o enfraquecimento dos vínculos humanos e o definhamento da solidariedade estão gravados num dos lados da moeda cuja outra face mostra os contornos nebulosos da globalização negativa.”33

O novo individualismo citado por Bauman consiste no fato de que o usuário

da Internet, impactado por culturas que não a sua própria, tende a se reinventar e a

29 LEVY, Pierre.Cibercultura.São Paulo: Editora 34, 1999.p.29 30 LEVY, Pierre. Idem. p.92. 31 Termo criado por Herbert Marshall McLuhan, filósofo canadense que viveu de 1911 até 1980, em sua obra “A Galáxia de Gutenberg” para ilustrar como as novas tecnologias poderiam encurtar as distâncias entre os países e as pessoas, dando início à uma aldeia em larga escala, uma aldeia global. 32 GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre : Artmed, 2005.p51. 33 BAUMAN, Zygmunt.Tempos líquidos.Rio de Janeiro:Zahar, 2007.p.30

19

construir uma identidade nova, diversa da sua original, afastando-se dela e do

mundo que a compreeende.34

Nesse sentido, o novo individualismo reflete-se diretamente no

comportamento e na vida cotidiana do usuário da Internet, no sentido em que ao

mesmo tempo em que ela promove interatividade e as relações sociais no

ciberespaço, prejudica os relacionamentos no mundo real, causando inevitável

isolamento social. 35

As relações interpessoais na Internet estão cada vez mais sofisticadas, uma

vez que este é um ambiente que proporciona grande liberdade para seus usuários.

Por conta desta liberdade, a qual não temos no mundo real, as pessoas

preferem conhecer as outras virtualmente do que pessoalmente, uma vez que na

rede podemos ser aquilo que desejamos.

Podemos ser consumidores de produtos de outros países, trabalhar de

nossas casas, entrar em reuniões profissionais por vídeo conferências e cursar uma

faculdade sem ao menos estar nela.

Ricardo de Macedo Menna Barreto, em referência à Levy, afirma que a

tecnologia informática se tece ao homem e enlaça-se com naturalidade à realidade

dos indivíduos, o que ilustra perfeitamente o momento em que vivemos na era da

informação.36

Apesar de indispensável, a Internet nada seria sem as experiências do

mundo real, pois o mundo virtual se baseia nele e é seu reflexo.

Assim, Levy afirma que não é possível separar o homem da sua realidade

material, onde há interações de pessoas vivas e pensantes, e o contrário também é

verdadeiro, não se pode separar o mundo material das idéias pelas quais as

inovações técnicas são concebidas. 37

34 GIDDENS, Anthony.Op cit.p.61 35 GIDDENS, Anthony.Idem.p.475 36 BARRETO, Ricardo de Macedo Menna. Redes Sociais na Internet e Direito. Curitiba: Juruá,2012. p.22 37 LEVY, Pierre.Op Cit.p.22

20

1.3 – Os provedores de conteúdo e suas espécies

A palavra “provedor” significa “aquele que provê ou que fornece o que é

necessário”38, definição válida também quando inserida no contexto digital

concernente à Internet. Isso se deve ao fato desta não ser autossuficiente e

necessitar de provedores para que possa alcançar seus objetivos.

Os provedores no âmbito digital se dividem em diferentes tipos, cada qual

com atribuições e importâncias distintas. São eles: provedores de serviço (também

chamado de provedor de acesso); provedores de hospedagem; provedores de

informação; provedores de conteúdo e provedores de correio eletrônico (permitem a

troca de mensagens através de e-mails).

Torna-se primordial a menção ao provedor de backbone39, grande estrutura

presente em todos os países para que estes se façam presentes e acessem a rede

mundial de computadores. São responsáveis pela comunicação da rede em sentido

amplo em relação à redes menores através do uso de protocolos TCP/IP.

De acordo com Liliana Minardi Paesani, o protocolo TCP/IP: trata-se de um

código que consente aos diversos networks incompatíveis por programas e sistemas

comunicarem-se entre si40.

Ricardo de Macedo Menna Barreto, em citação de James F. Kurose e Keith

W. Ross sobre o protocolo TCP/IP:41

“O TCP (Transmission Control Protocol – Protocolo de Controle de Transmissão) e o IP (Internet Protocol – Protocolo de Internet) são dois dos protocolos mais importantes da Internet. O protocolo IP especifica o formato dos pacotes que são enviados e recebidos entre reoteadores e sistemas finais. Os principais protocolos da Internet são conhecidos coleivamente como TCP/IP. (...) Um protocolo define o formato e a ordem das mensagens

38 HOUAISS, Antônio. Minidicionário Houaiss da língua portuguesa.4ed.Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.p.637. 39 Segundo Marcel Leonardi, o backbone, ou “espinha dorsal”, representa o nível máximo de hierarquia de uma rede de computadores. Consiste nas estruturas físicas pelas quais trafega a quase totalidade dos dados transmitidos através da Internet, e é usualmente composto de múltiplos cabos de fibra ótica de alta velocidade (LEONARDI, Marcel.Responsabilidade Civil dos Provedores de Serviços de Internet.São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2005.p.20) 40 PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet – Liberdade de Informação, privacidade e responsabilidade civil. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2013, p.10. 41 BARRETO, Ricardo de Macedo Menna. Op Cit. p. 58.

21

trocadas entre duas ou mais entidades comunicantes, bem como as ações realizadas na transmissão e/ou no recebimento de uma mensagem ou outro evento”.

Ainda sobre o provedor de backbone, é correto afirmar que ele possibilita a

existência e uso do provedor de serviço, que é aquele contratado fornecer acesso à

internet.

O provedor de serviço (ou acesso) é contratado mediante pagamento ao

fornecedor de tal recurso, ou seja, empresas especializadas. Essas empresas detém

a conectividade adquirida através dos provedores de backbone, e revendem tal

tecnologia para permitir o acesso à rede pelos seus contratantes. 42

O primeiro provedor de backbone do Brasil foi a RPN (Rede Nacional de

Pesquisa) e a partir dela desenvolveu-se o acesso à Internet no país, o que levou

empresas públicas o privadas criassem estruturas semelhantes.43

Em outras palavras, o provedor de backbone é a grande estrutura que

conecta um país inteiro à rede, possibilitando que o provedor de serviço conecte as

redes menores, fazendo uso da mesma tecnologia.

Assim, a utilização do provedor de acesso é o ponto inicial para a presença

do usuário na rede mundial de computadores (ou em redes privadas), e por

consequência a utilização de outras espécies de provedores.

Patricia Peck Pinheiro menciona em sua obra o fato de que atualmente se

contemplam os chamados provedores estritamente de serviços, como é o caso do

Google, uma vez que não fornece acesso e nem conteúdo. 44 Fornece, entretanto,

acesso ao provedor de correio eletrônico e ao conteúdo de outros.

Segundo Peck, os provedores de acesso (ou serviço) possuem dupla

atuação, a de operadores de telecomunicações (responsáveis pela transmissão de

mensagens e conteúdos por meio da rede) e a de editores (enquanto responsáveis

pela publicação, hospedagem e produção de conteúdo na Internet), cada qual com

distintos graus de responsabilidade.45

42 LEONARDI, Marcel. Op Cit.p.21 43 LEONARDI, Marcel. Idem.p.21. 44 PINHEIRO, Patricia Peck. Direito Digital. 5ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p.116. 45 PINHEIRO, Patricia Peck. Idem, p.113.

22

Uma vez conectado à rede mundial de computadores, o usuário pode ter

acesso aos provedores de conteúdo utilizando o browser, ferramenta que interpreta

as páginas de um website para que possam ser visualizadas.

O website é um provedor de conteúdo, que por sua vez está presente

obrigatoriamente em um provedor de hospedagem para que possa ser acessada

pela Internet. Segundo Marcel Leonardi:

O provedor de conteúdo é toda pessoa natural ou jurídica que disponibiliza na Internet as infromações criadas ou desenvolvidas pelos provedores de informação, utilizando para armazená-las servidores próprios ou serviços de um provedor de hospedagem46.

O provedor de hospedagem tem sua importância principal no fato de que

somente através dele é possível a publicação de um website (provedor de conteúdo)

na internet. Assim como o provedor de serviço, o provedor de hospedagem é

utilizado mediante contrato oneroso, ou seja, há um custo para seu uso. Todo e

qualquer provedor de conteúdo, uma vez que é um website, faz uso de um provedor

de hospedagem.

Provedores de conteúdo de grande porte possuem seus próprios provedores

de hospedagem, não havendo a necessidade de contratação deste serviço através

de empresas terceirizadas. Utilizam Mainframes (servidores de grande potência)

para suportar suas atividades e comportar sua própria hospedagem e

funcionamento.

Cabe ressaltar que o provedor de conteúdo pode se dividir em diferentes

tipos no que concerne ao custo do que é oferecido. Alguns são gratuitos e outros

geram despesas para o usuário, e a muitos deles solicitam cadastro prévio para sua

utilização. A função do cadastro é justamente a de identificar quem são os visitantes

do site e como estão se comportando, para que haja a devida moderação.47

Em contrapartida, há provedores de conteúdo que podem ser utilizados e

acessados sem quaisquer formalidades, e a liberdade de acesso ao seu conteúdo é

total e irrestrita, não sofrendo qualquer controle. Esse molde é unanimidade na

Internet.

46 LEONARDI, Marcel. Op Cit. p.62 47 LEONARDI, Marcel. Idem. p.31

23

O provedor de conteúdo relaciona-se diretamente com o provedor de

informações, conforme afirma Marcel Leonardi: “o provedor de informação é o

efetivo autor da informação disponibilizada por um provedor de conteúdo” 48.

Em outras palavras, sem o provedor de informação, não há que se falar em

provedor de conteúdo, uma vez que este não terá material para fornecer quando do

seu acesso.

Os provedores de informação possuem os mais diversos objetivos quando

da informação imputada aos provedores de conteúdo. Sua figura pode se fundar

tanto no usuário comum que publica conteúdo aleatoriamente na Internet, quanto um

site de notícias que veicula suas próprias informações e conteúdo, neste último caso

uma situação relativamente híbrida.

Assim, já que os websites são provedores de conteúdos alimentados por

provedores de informação, sejam eles internos ou externos, que desejam transmitir

informações e relacionar-se entre si, surge no cenário digital aquela que seria a mais

revolucionária e polêmica ferramenta de relacionamento: a rede social.

A rede social é um provedor de conteúdo que baseia-se exatamente no

conceito de troca de informações entre pessoas, ou melhor, provedores de

informações. Trata-se de um provedor de conteúdo voltado para as relações sociais

e interpessoais, trazendo possibilidades diversas de interação entre pessoas.

Justamente pelo fator humano marcante das redes sociais e, por inércia, as

diversas relações que podem se formar (inclusive jurídicas), tal provedor de

conteúdo é do tipo que exige cadastro prévio de seus usuários e tem acesso

controlado mediante login e senha, obtidos ao fim do aceite dos termos de uso.

Isso se deve ao fato de que a rede social é, na verdade, uma imitação do

mundo real dentro do mundo virtual, sujeita da mesma forma à implicações jurídicas

e a devida responsabilização dos atos ali praticados.

Assim, com o crescente número de usuários, torna-se cada vez mais difícil a

fiscalização das informações publicadas por eles.

48 LEONARDI, Marcel. Op Cit. p.62

24

CAPÍTULO 2 – O FACEBOOK

2.1 – Como surgiu o Facebook

O início do que hoje conhecemos como Facebook, a rede social mais

acessada e influente do mundo, se deu no ano de 2004 pelas mãos de um

estudante da Universidade de Harvard chamado Mark Zuckerberg. Sua história será

abordada a seguir, uma vez que ela é a própria história do Facebook.

Mark, o típico nerd49, gênio da tecnologia e de comportamento bastante

tímido, filho de um dentista e de uma psiquiatra, cresceu em uma cidade de classe

média alta em Nova York.

A sua genialidade informática, e a facilidade em quebrar segurança de

servidores tornou-se famosa a ponto de fazerem surgir rumores de que seu nome

constava em uma lista do FBI, isso quando ele era apenas um adolescente.50

Mark ingressou na tradicional Universidade de Harvard e ali desenvolveu o

programa Course Match, no qual a grade horária das aulas era exibida, bem como

os alunos que ali estariam presentes, favorecendo a socialização entre eles. O

Course Match revelou-se um sucesso, e em pouco tempo todos estavam

cadastrados e utilizando o serviço.

A segunda invenção de Zuckerberg, o Face Mash, consistia em apresentar

fotos de garotas (alunas da universidade) aos pares, dispostas lado a lado, para que

o visitante votasse na mais atraente. O Face Mash surgiu a partir de uma

brincadeira, mas tornou-se tão popular e tão acessado que quase fez parar o

servidor no qual estava sendo executado.

Quando tomaram conhecimento do Face Mash, e de onde foram extraídas

as fotos (da base de dados de dados da própria universidade) os diretores de

49 Gíria de origem incerta para designar pessoas com alto conhecimento em um campo da tecnologia e certa inaptidão social. Há diversas hipóteses para a origem desta palavra. É proveniente da língua inglesa. 50 MEZRICH, Ben. Bilionários por acaso – A criação do Facebook – Uma história de sexo, dinheiro, genialidade e traição. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010.p.20

25

Harvard quase expulsaram Mark do campus, uma vez que o feito causou uma pane

no sistema.

No momento em que viu o sucesso de suas invenções anteriores e de como

os relacionamentos pela Internet causavam tamanho impacto, Zuckerberg

desenvolve o The Facebook.com, uma rede social rudimentar, mas com grande

potencial.

Inesperadamente, O The Facebook.com foi tão bem aceito, que alunos de

outras universidades começaram a se cadastrar, e em pouco tempo até mesmo

estudantes do ensino médio já eram usuários da rede.

Mas, o sucesso da rede social também atraiu inimigos. Neste período, ao

tomarem conhecimento do The Facebook, os irmãos Tyler e Cameron Winklevoss,

estudantes de Harvard, acusaram Mark de ter roubado a idéia deles, quando este foi

chamado para ajudar a desenvolver um site chamado HarvardConnection.com, cujo

objetivo era o de criar uma rede social para os estudantes do campus.51

Problemas à parte, o TheFacebook continuava a crescer, fazendo com que

Eduardo Saverin, estudante brasileiro do curso de Economia em Harvard, colega

próximo de Mark, reconhecesse na invenção um empreendimento rentável.

Acreditando na idéia, Saverin viaja por diversos estados americanos em

busca de investidores para o The Facebook e consegue alguns interessados. A idéia

era transformá-lo em uma rede de contatos à nível mundial, um ambicioso passo a

ser dado.

O sucesso do The Facebook chega aos ouvidos de Sean Parker, cofundador

da Napster52. Conhecido por ser visionário e empreendedor, enxergou ali uma mina

de ouro a ser explorada e procurou Zuckerberg para uma proposta de parceria.

Mark aceita a parceria e também a sugestão de Parker quanto à mudança

do nome da rede social para somente Facebook. 51 KIRKPATRICK, David. O efeito Facebook - Os Bastidores da História da Empresa Que Conecta o Mundo.Rio de Janeiro: Intrínseca.p.42 52 Criado em 1999, o Napster foi o primeiro serviço de compartilhamento direto de arquivos de música no formato mp3. No auge do sucesso, no início de 2001, já havia atraído 26 milhões de usuários. Enfrentou a fúria das grandes gravadoras que travaram com ele pesadas batalhas judiciais. Atualmente o Napster vende os arquivos de música digital, em busca do respeito aos direitos autorais e em respeito às decisões judiciais (idem.p.49)

26

À época, Zuckerberg e seus poucos colaboradores haviam se mudado para

uma pequena casa em Palo Alto, no estado da Califórnia, onde estabeleceram a

sede do Facebook.

A região, conhecida pelo nome de Vale do Silício, abrange em suas

proximidades a Universidade de Stanford, que é internacionalmente reconhecida

devido aos grandes nomes da tecnologia (como Steve Jobs53) que ali estudaram.

Em sua sede, o Facebook continuou a se desenvolver, mas os problemas de

relacionamento e incompatibilidade de idéias entre os membros da equipe começam

a surgir, fazendo com que aos poucos ela se desintegrasse de sua formação

original.

A despeito de problemas internos o Facebook segue em frente, e para

atender a demanda de usuários, a equipe vai crescendo gradualmente até que uma

grande empresa começa a tomar lugar onde apenas existia amadorismo.

Em 2006, superando todas as adversidades, o Facebook já havia crescido

de maneira incontestável, abrangendo milhares de usuários ao redor do mundo.

Para manter os usuários interessados, surgem idéias criativas para a rede social,

como por exemplo o inédito botão “curtir” criado em 2010 pelos desenvolvedores.54

Além disso, o Facebook passou a oferecer o serviço de anúncios

publicitários, onde empresas compram o espaço para divulgação de suas marcas e

produtos no espaço mais visitado da Internet mundial.

Em 2011, o Facebook instala sua sede na cidade de Menlo Park, Califórnia,

mantendo-se na região do Vale do Silício e em 2012 atinge a marca de mais de um

bilhão de usuários ativos.55

Mas, além de todo sucesso, o Facebook também atraiu problemas na justiça

em sua trajetória. Eduardo Saverin moveu uma ação judicial contra Mark Zuckerberg

53 Steve Jobs, foi um empresário e inventor, cofundador da empresa de tecnologia Apple, adversária frontal da Microsoft, empresa fundada por Bill Gates. Steve Jobs faleceu em 2011, vítima de um câncer de pâncreas. 54 Página do Facebook, disponível <https://www.facebook.com/facebook/info> acessado em 16/03/14 55 Idem. Acessado em 16/03

27

após ter sido demitido do cargo, e ter visto suas ações reduzirem de 34,4% para

0,3%.

O conflito foi resolvido fora dos tribunais mediante acordo, Saverin

conquistou 5% das ações do Facebook e o reconhecimento do título de cofundador

da empresa. A fonte da informação é ironicamente sua própria página no

Facebook.56

O segundo conflito na história do Facebook se deu pelos irmãos Winklevoss,

que pleitearam na justiça indenização e o recebimento de ações da empresa por

terem sua idéia de rede social roubada por Zuckerberg.

O impasse também foi resolvido fora da justiça, e após não ficarem

satisfeitos com a forma de pagamento do devido montante realizada por Zuckerberg,

cansados de litigar, os irmãos resolveram encerrar a lide em 2011 sem revelar os

motivos.57

Os conflitos foram resolvidos, e o Facebook é hoje a rede social mais

acessada da Internet e em constante crescimento, o número de usuários já passa de

um bilhão em dez anos de existência.58

O fenômeno Facebook rendeu a Zuckerberg o título de segundo bilionário

mais jovem dos Estados Unidos, sua fortuna foi estimada em 19 bilhões de dólares

no ano de 2013.59

56 Página de Eduardo Saverin no Facebook – disponível em: <https://www.facebook.com/pages/Eduardo-Saverin/167734459903398?fref=ts#> 57 Gêmeos desistem de disputa legal com Facebook– disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/06/110623_facebook_gemeos_rc.shtml> acessado em 16/03/2014 58 Facebook completa 10 anos: conheça a história da rede social – disponível em <http://tecnologia.terra.com.br/facebook-completa-10-anos-conheca-a-historia-da-rede-social,c862b236f78f3410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html> 59 Mark Zuckerberg é o 2º bilionário mais jovem dos EUA; confira lista – disponível em: <http://economia.terra.com.br/mark-zuckerberg-e-o-2-bilionario-mais-jovem-dos-eua-confira-lista,082882ddb7f61410VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html> acessado em 16/03/14

28

2.2 – Público alvo: o mundo

O Facebook, inicialmente criado para atender usuários somente a nível

regional, tornou-se um sucesso mundial e atualmente conta com mais de um bilhão

de usuários ao redor do mundo60.

Nos primórdios, o público alvo era composto de estudantes americanos da

Universidade de Harvard, mas em seguida se estendeu à outras universidades

americanas, escolas, pessoas em geral e depois se espalhou para diversos países.

O inevitável crescimento do Facebook fez com que fossem alcançados

números de usuários nunca antes vistos para uma rede social e estatisticamente um

a cada dois habitantes da Terra que possuam acesso à Internet estão conectados à

rede social de Zuckerberg.61

Assim, o público alvo do Facebook na atualidade é o mundo, o que

demanda de seus idealizadores especial atenção quanto às expectativas dos

usuários de diferentes costumes, idiomas e realidades.

Para respeitar tal diversidade, o Facebook se molda a partir da identidade de

quem o utiliza, fazendo com que o usuário de um determinado país interaja com

pessoas de sua própria nacionalidade. Assim, as experiências vividas na rede são

identificáveis com aquelas da realidade do usuário.62

No ano de 2008 o Facebook já podia ser usado em outros idiomas, a partir

de um projeto de tradução instaurado naquele ano. A necessidade se deu pelo fato

de que à época, foi constatado que 70% dos usuários ativos da rede social estava

fora dos Estados Unidos, e falavam outro idioma diferente do inglês.63

Entre os idiomas mais utilizados no Facebook destacam-se nas três

primeiras posições o inglês em primeiro lugar (língua nativa do Facebook), o

60 Facebook atinge marca de 1 bilhão de usuários – disponível em http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/facebook-uma-rede-de-1-bilhao-de-usuarios acessado em 16/03/14. 61 O Plano do Facebook para conectar o mundo inteiro. Disponível em <http://nelcisgomes.jusbrasil.com.br/noticias/114014291/o-plano-do-facebook-para-conectar-o-mundo-inteiro> acessado em 17/03/14 62 KIRKPATRICK, David.Op cit.p.268 63 KIRKPATRICK, David. Idem.p.266

29

espanhol em segundo e o português em terceiro lugar. Pesquisas revelaram que no

ano de 2010, 6 milhões de pessoas utilizavam o Facebook com o idioma português

e em 2012 o número cresceu para 58 milhões de usuários.64

Mas apesar disso, surpreendentemente, o segundo maior número de

usuários do Facebook estão na Indonésia, perdendo somente para os Estados

Unidos que obviamente se encontra em primeiro lugar.65

A estatística marcante é que em 30 países, mais de 30% de seus cidadãos

são usuários do Facebook. Nesse perfil destacam-se a Noruega com a marca de

50,1%, Hong Kong com 49,2% e Reino Unido com 45% de seus cidadãos

conectados à rede social. Na Islândia, impressionantes 58,2% da população possui

perfil no Facebook. 66

Com base nas informações acima, o Facebook mostra que o mundo é o seu

público alvo, e seu idealizador Mark Zuckerberg sem dúvida quer conquistá-lo por

inteiro.

O último desafio será entrar na China pela “porta da frente”, uma vez que os

63 milhões de usuários existentes no país só acessam a rede social burlando o

controle da Internet imposto pelo governo.67

64 Português é o idioma que mais cresce no Facebook. Disponível em <http://canaltech.com.br/noticia/facebook/Portugues-e-o-idioma-que-mais-cresce-no-Facebook> 65 KIRKPATRICK, David. Op Cit.p.267 66 KIRKPATRICK, David. Idem.p.267 67 Bloqueado na China, Facebook ainda tem 63 milhões de usuários no país – disponível em <http://www.tecmundo.com.br/facebook/30732-bloqueado-na-china-facebook-ainda-tem-63-milhoes-de-usuarios-no-pais.htm> acessado em 17/03/14

30

2.3 – A influência do Facebook nas relações humanas

O Facebook não foi a primeira rede social da Internet, mas sem dúvidas foi a

que mais impactou as relações humanas devido à sua popularidade.

A rede social de Zuckerberg tornou-se parte do dia-a-dia de seus usuários,

conferindo à teoria da reflexividade de Anthony Giddens 68 uma nova abordagem: as

práticas sociais, que são as mesmas através dos tempos, agora podem ser

realizadas pela Internet.

Em grande parte isso se deve à interface amigável do Facebook, que

conquistou usuários das mais diversas culturas e faixas etárias, tornando seu

ciberespaço em um lugar democrático e interessante para todos os tipos de público.

Segundo Patricia Peck Pinheiro, estamos vivendo a cultura das interfaces

gráficas na qual temos nossa forma de comunicação transformadas pelo

computador, característica marcante do sucesso das redes sociais.69

O Facebook, assim como outras redes sociais da internet, funciona através

de perfis de usuários e comunidades70, promovendo intensa socialização entre seus

participantes.

No Facebook, o usuário pode classificar as outras pessoas quanto ao grau

de parentesco, de amizade ou coleguismo. Assim, suas vidas passaram a acontecer

em “rede” e inevitavelmente tomam conhecimento das atividades uns dos outros.71

Apesar disso, a transmissão e recepção de informações são moderáveis, de

forma que o usuário apenas permita que suas informações sejam vistas por pessoas

determinadas e vice-versa.

A privacidade é ajustada de acordo com as preferências do usuário, e alguns

deles não fazem questão nenhuma dela.

68 GIDDENS, Anthony. A constituição da Sociedade.3ed.São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.p.2 69 PINHEIRO, Patricia Peck. Direito Digital.5ed.São Paulo: Saraiva, 2013.p.365. 70 RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre:Sulina, 2009.p.172 71 BARRETO, Ricardo de Macedo Menna. Redes Sociais na Internet e Direito.Curitiba: Juruá, 2012.p.104.

31

O simples ato de jantar em um restaurante pode se tornar um grande

acontecimento, quando o usuário divide essa experiência com seus contatos do

Facebook, compartilhando fotos, informações de quem esteve presente e a

localidade onde se deu o evento.

A postagem pode ser apreciada, compartilhada e comentada por

indeterminado número de indivíduos e vezes, fazendo com que ela tome proporções

diferentes daquela que teria no mundo real e conferindo ao seu autor mais ou menos

popularidade e exposição.

Para muitos usuários, a necessidade de exposição constante da vida

pessoal e de compartilhar informações na rede é uma tendência mundial imposta

pela Internet e pela rede social, de formas muitas vezes desnecessárias e

inaceitáveis.

Embora as experiências compartilhadas na rede social tendam a ser reflexos

das experiências vividas no mundo material, em alguns casos são completamente o

oposto, uma vez que na rede social somos atores72 e como tal temos a liberdade de

criar identidades diversas.73

No ciberespaço, pessoas se comprometem, trabalham, vendem, contratam

sem nunca terem se conhecido pessoalmente e sem saberem se as identidades

fornecidas condizem com a realidade.

A facilidade de acesso à diferentes pessoas pelo Facebook faz com que elas

prefiram se relacionar online, uma vez que a socialização é rápida e dinâmica.

Seguindo este raciocínio, uma das informações pessoais mais importantes

para o usuário do Facebook é o status de relacionamento.

O status de relacionamento apontado varia de acordo com o andamento de

um relacionamento pessoal e quando este se encerra, muda também o seu status.

72 Os atores, segundo Raquel Recuero, são os elementos primordiais da rede social, pessoas (nodos) que formam estruturas sociais ao interagirem e formarem laços sociais. Mas, quando se fala em atores na rede social da internet a abordagem se diferencia, uma vez que ele pode ser representado por um perfil (RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre:Sulina, 2009.p.25) 73 NÓBREGA, Lívia de Pádua. A construção de identidades nas redes sociais – disponível em <http://seer.ucg.br/index.php/fragmentos/article/viewFile/1315/899>, p.96. Acessado em 21/03/14

32

Para os usuários do Facebook, essa informação é tão importante, que

muitos se preocupam em mantê-la constantemente atualizada, uma vez que pode

implicar no início ou fim de um relacionamento (real ou virtual).

Da mesma forma, também as informações de localidade, grau de

escolaridade e preferências também devem sempre estar atualizadas, por conta da

constante preocupação acerca da reputação exibida online.

A reputação não é uma preocupação somente dos usuários comuns, mas

também daqueles que possuem páginas de divulgação de seus produtos ou serviços

no Facebook, uma vez que a quantidade de pessoas que a “curtiram”74 é importante

fator para sua aceitação.

Assim, se um produto não tem a qualidade esperada, todos os outros que ali

estiverem saberão disso, e o contrário também é verdade. O usuário pode contribuir

para o sucesso ou fracasso de uma empresa ou produto apenas ao expor sua

opinião.

As páginas de divulgação não são somente de produtos ou serviços, mas

também de diversos assuntos, como por exemplo, voltada à promoção de bandas ou

artistas de diferentes segmentos.

Em relação à isso, a aceitação pode ser relativa, já que as opiniões mudam

com o passar do tempo. Uma página de música clássica pode não ser apreciada por

um jovem de 18 anos, mas quando ele tiver 29, pode passar a gostar.

O público do Facebook se diversifica ao longo do tempo, tornando-se

variado e abrangente. A faixa etária predominante na rede social não é mais a

mesma de dez anos atrás, muito menos suas idéias.

Os usuários do Facebook estão envelhecendo com ele, o que faz com que

os usuários de dez anos atrás hoje sejam pais e mães de usuários adolescentes, o

que os afasta cada vez mais da rede social.75

74 O botão “curtir” é um recurso criado pelo Facebook para demonstrar a popularidade de uma publicação ou página, conferindo à ela maior ou menor grau de aceitação de quem visualiza. 75 Facebook ‘envelhece’ e afasta adolescentes – disponível em <http://www.otempo.com.br/facebook-envelhece-e-afasta-adolescentes-1.748583> acessado em 23/03/14

33

Isso se dá pelo fato de que muitos dos jovens usuários da rede social não

querem que seus pais vejam o que eles fazem na rede, e muito menos tê-los em

sua lista de amigos.76

Assim, em busca de maior privacidade e exclusividade, o público

adolescente está migrando aos poucos para aplicativos de mensagens como o

WhatsApp77 ou WeChat78, e publicando suas fotos no Instagram79 e Snapchat80. 81

Além disso, é cada vez maior o número de pessoas que se distanciam do

Facebook, por conta do desconforto gerado pela super exposição ou de discussões

desnecessárias acerca de temas irrelevantes.82

O Facebook pode estar se tornando vítima de seu próprio sucesso e

certamente continuará perdendo espaço gradualmente por conta da fadiga causada

pelo excesso de informações que proporciona.

76 Eles não curtem mais o Facebook – disponível em <http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/eles-nao-curtem-mais-o-facebook> acessado em 23/03/14 77 O WhatsApp é um aplicativo de troca de mensagens instantâneas via celular. 78 Aplicativo semelhante ao WhatsApp, tornou-se concorrente do mesmo. 79 Website onde usuários cadastrados compartilham suas fotos. 80 Aplicativo onde seus usuários se comunicam através de fotos, vídeos e textos que desaparecem no período de tempo compreendido entre 1 e 10 segundos, de acordo com a preferência configurada. O objetivo é o de destruir mensagens sem deixar qualquer registro. 81 Pelo que os jovens estão abandonando o Facebook? – disponível em <http://www.midiatismo.com.br/midias-sociais/pelo-o-que-os-jovens-estao-abandonando-o-facebook> acessado em 23/03/14 82 Como é a vida depois do Facebook? – disponível em <http://blogs.estadao.com.br/link/como-e-a-vida-depois-do-facebook-ex-usuarios-contam-suas-experiencias/> acessado em 23/03/14

34

Capítulo 3 – O FACEBOOK E A LEGISLAÇÃO

3.1 – Aspectos legais do Facebook

O Facebook é uma rede social de uso gratuito na qual pessoas se

cadastram e submetem-se à aceitação de contrato de adesão online para utilização

ilimitada de seus serviços.

Os termos de uso83, privacidade84 e princípios do Facebook85 estão

expostos no site para que antes de efetuar o cadastro, o interessado possa tomar

conhecimento e avaliar as condições ali impostas antes de aceitá-las.

Dentre seus princípios, o Facebook traz em primeiro lugar a total liberdade

de compartilhar e se conectar, ou seja, o usuário pode publicar livremente o

conteúdo que achar pertinente assim também como é livre para relacionar-se com

outras pessoas da rede sem qualquer restrição, desde que ambas concordem.

A liberdade de compartihar descrita como um de seus princípios reguladores

relaciona-se diretamente com a livre manifestação do pensamento trazida pelo artigo

220 da Constituição Federal de 1988:

Artigo 220: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta constituição.”86

Assim, uma vez cadastrado e devidamente de acordo com os termos

impostos, o usuário gozará de total liberdade para utilizar os recursos do site, bem

como para publicar textos, imagens, vídeos ou documentos diversos

compartilhando-os com seus contatos.

83 Termos e políticas do Facebook – disponível em <https://www.facebook.com/policies/?ref=pf> acessado em 15/03/14 84 Política de uso de dados – disponível em <https://www.facebook.com/about/privacy/> - acessado em 25/03/14 85 Princípios do Facebook – disponível em <https://www.facebook.com/principles.php> acessado em 25/03/14 86 BRASIL.Constiuição (1988). Constituição da Repúbica Federativa do Brasil.São Paulo: Saraiva, 2010.

35

Embora o usuário se torne livre para publicar o que desejar, a ele também

caberá a propriedade das informações que divulgar. Além disso, o Facebook deixa

claro em sua política de uso que não se responsabiliza pela maneira sobre a qual

pessoas que receberem tais informações irão utilizá-las, dentro ou fora dos domínios

da rede.

Apesar da Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso IV declarar que “é

livre a manifestação do pensamento mas sendo vedado o anonimato”, no Facebook

essa última parte do princípio perde sua força por conta do próprio meio da Internet.

Isso se dá pelo fato de que não há limites para a criação de identidades

falsas na web, e é cada vez mais comum publicações divulgadas a partir de perfis

falsos causarem danos à outras pessoas.

Além disso, é comum a presença de crianças e adolescentes na rede que se

declaram maiores de 18 anos de idade para poder participar do Facebook, ficando

sujeitas e expostas à práticas criminosas como pedofilia.87 Quanto à última

problemática, a rede social incluiu em seus termos de uso tal preocupação e

aconselha aos pais que vigiem o uso da internet pelos filhos.88

Sabe-se que o Facebook é um universo na rede com mais de 1 bilhão de

usuários89, e consequentemente, quase impossível de ser controlado em sua

totalidade. Por isso, o serviço conta com a ajuda de seus próprios usuários para a

moderação e denúncia de conteúdos ofensivos e indevidos como forma de coibir tais

práticas.

Quanto sua política de uso, o Facebook se declara ainda estar em

conformidade com estruturas internacionais como Safe-Harbor90 (ou Porto Seguro)

87 Polícia investiga fotos sensuais no Facebook - disponível em <http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1426678&tit=PF-prende-25-acusados-de-pedofilia> acessado em 26/03/14 88 Menores de idade e segurança – disponível em <https://www.facebook.com/about/privacy/minors> acessado em 26/03/14 89 Facebook atinge marca de 1 bilhão de usuários – disponível em <http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/facebook-uma-rede-de-1-bilhao-de-usuarios> acessado em 16/03/14. 90 <https://safeharbor.export.gov/list.aspx> acessado em 16/03/14

36

dos EUA-União Européia e dos EUA-Suíça, instituições que se referem ao uso,

coleta e retenção de dados. 91

Em relação ao Direito brasilieiro, o Facebook se enquadra como um serviço

de consumo e como tal, deve ser regido pelo Código de Defesa do Consumidor e se

sujeitar aos seus ditames.

Em maior escala, a Internet no Brasil passará a ser regulada pelo Marco

Civil da Internet, uma iniciativa proposta no ano de 2009 que se tornou o projeto de

lei 21626/11. O Marco Civil da Internet foi aprovado pela Câmara dos Deputados em

25 de Março de 2014, e atualmente está em análise pelo Senado Federal.92

91 Mais algumas coisas que você precisa saber – disponível em: <https://www.facebook.com/about/privacy/other> acessado em 26/03/14 92 Câmara aprova o Marco Civil da Internet – disponível em: <http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/03/camara-aprova-marco-civil-da-internet.html> acessado em 26/03/14

37

3.2 – O usuário do Facebook como consumidor

O usuário do Facebook utiliza a rede social gratuitamente, e diante disso,

várias dúvidas acerca deste ser considerado ou não um consumidor surgiram nos

últimos tempos.

Embora a relação de consumo seja reconhecida, a priori, como aquela

estabelecida à título oneroso, conforme artigo 3º, parágrafo 2º do Código de Defesa

do Consumidor, in verbis:

Artigo 3, § 2°: “ Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”

a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem se mostrado em sentido

contrário, e em suas decisões tem apontado que é possível o estabelecimento da

mesma a título gratuito, situação na qual têm se enquadrado as redes sociais.93

O entendimento se deve ao fato de que o ambiente proposto pela rede social

comporta anunciantes e comércio, o que gera lucro para a mesma e faz dela apta

para as relações de consumo, situação extensível a todos os seus usuários.94

Nesse sentido, Fabricio Bolzan afirma que dá-se ao termo “mediante

remuneração” (contido no artigo 3º, parágrafo 2º do Código de Defesa do

Consumidor) uma interpretação ampla, de modo que seja atribuído a ele o ganho

indireto do fornecedor do serviço.95

Desta forma, a relação de consumo entre o usuário e a rede social está

incontroversamente estabelecida, uma vez que estão presentes elementos objetivos

e subjetivos para tanto.

93 Quais os limites para rede social responder por danos – disponível em <http://www.conjur.com.br/2013-mar-06/direito-comparado-quais-limites-redes-sociais-responderem-danos> acessado em 27/03/14 94 LEONARDI, Marcel. A responsabilidade civil dos provedores de serviços da Internet. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2005.p.31 95 BOLZAN, Fabricio. Direito do Consumidor Esquematizado.São Paulo: Editora Saraiva, 2013.p.510.

38

Em seu ambiente, o Facebook promove o comércio social (social

commerce), uma vez que nele empresas divulgam seus produtos e marca com o

objetivo de ali celebrarem negócios com o usuário96, favorecendo a chamada

relação B2C (Business to Consumer)97.

Além disso, para favorecer tais relações o Facebook através de seus

dispositivos tecnológicos tira vantagem de seus próprios usuários quando obtém

deles informações acerca de suas preferências de consumo.

Por isso, a classificação do usuário da rede social como um consumidor não

visa apenas protegê-lo diante de situações nas quais ele adquire algum produto ali

anunciado, mas também busca a garantia de direitos decorrentes de sua própria

condição, como o respeito à sua dignidade, saúde, segurança dentre outros.

Embora hipossuficiente por natureza, o consumidor quando presente na

relação de consumo via intenet pode ser ao mesmo tempo vulnerável e mais forte do

que aquele do mundo físico, uma vez que figura como um agente virtualizado e

despersonalizado.98

A vulnerabilidade do consumidor se dá pelos riscos e pela desconfiança

inerentes à própria relação de consumo via Internet, mas a força deste pode ser

encontrada, por exemplo, em fóruns de discussão online, onde a possível violação

de um direito repercutirá para número indeterminado de pessoas.99

Além disso, a proteção conferida pelo Código de Defesa do Consumidor o

reveste com a segurança de ter seus direitos garantidos e eventuais danos

indenizados, conforme termos da responsabilidade objetiva deste próprio diploma

legal100, e em breve, do novo Marco Civil da Internet.

96 BARRETO, Ricardo de Macedo Menna.Redes Sociais na Internet e Direito: a proteção do consumidor no comércio eletrônico.Curitiba: Editora Juruá, 2012.p.114-115. 97 PAESANI, Minardi Liliana.O Direito na Sociedade da Informação.São Paulo:Atlas, 2007.p.132 98 BARRETO, Ricardo de Macedo Menna. Op Cit.p.86-87. 99 BARRETO, Ricardo de Macedo Menna. Idem.p.130. 100 BOLZAN, Fabricio. Op Cit.p.510.

39

3.3 – Aspectos teóricos da Responsabilidade Civil

Segundo Roberto Senise Lisboa, a responsabilidade “é o dever jurídico de

recomposição do dano sofrido, imposto ao seu causador direto ou indireto” e

“constitui uma relação obrigacional cujo objeto é o ressarcimento”.101

Para Carlos Roberto Gonçalves, a “responsabilidade pode resultar tanto da

violação de normas morais como jurídicas, separadas ou concomitantemente”.102

Desta forma, a responsabilidade nasce quando da violação de um direito

estabelecido ou não em uma norma, acarretando um dano a ser reparado por

aquele que o causou.

A responsabilidade não deve ser confundida com a obrigação, uma vez que

a primeira decorre do descumprimento da segunda, conforme afirma Carlos Roberto

Gonçalves:

“A obrigação nasce de diversas fontes e deve ser cumprida livre e

espontaneamente. Quando tal não ocorre e sobrevém o inadimplemento,

surge a responsabilidade.”103

Roberto Senise Lisboa em citação à Maria Helena Diniz diferencia o objeto

da Responsabilidade Civil e da Obrigação:

“ [...] o objeto da responsabilidade civil é invariavelmente uma prestação de ressarcimento por inexecução contratual [...] e por lesão a direito subjetivo.

Já o objeto da obrigação [...] pode advir não apenas de um ilícito por natureza (teoria da culpa, na responsabiidade subjetiva) ou por resultado (teoria do risco, na responsabilidade objetiva), mas decorre de norma jurídica ou de negócio jurídico” 104

A responsabilidade civil tem como principal objetivo o restabelecimento

do equilíbrio jurídico-econômico que antes vigorava entre o agente e a vítima,

101 LISBOA, Roberto Senise.Obrigações e Responsabilidade Civil.5ed.São Paulo:Saraiva, 2010.p.255-256. 102 GONÇALVES, Carlos Roberto.Direito Civil Brasileiro-Vol.IV-ResponsabilidadeCivil.4ed.São Paulo:Saraiva, 2009.p.2. 103 GONÇALVES, Carlos Roberto.Op Cit.p.2. 104 LISBOA, Roberto Senise.Op Cit. p.256.

40

rompido através do dano causado por ato ilícito. A situação anterior à lesão deve ser

alcançada através de indenização proporcional ao dano sofrido.105

A Responsabilidade Civil tem como principal objetivo a garantia do

direito da parte lesada diante de um ato ilícito praticado por outra, buscando o

equilíbrio do dano moral ou patrimonial violado (teoria do dano).

Por isso, Silvio de Salvo Venosa afirma que “toda atividade humana

pode acarretar o dever de indenizar” e assim, “a responsabilidade civil abrange todo

o conjunto de princípios e normas que regem a obrigação de indenizar”.106

A responsabilidade pode ser de origem contratual (negocial) ou

extracontratual (aquiliana), uma vez que a primeira é proveniente do não

cumprimento de uma prestação firmada em um contrato e a segunda é derivada do

não cumprimento de um dever legal, residindo no ato ilícito sua existência.107

O ato ilícito é tratado pelo Código Civil (Lei10406/02) em seus artigos

186 e 187, in verbis:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou

imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que

exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-

lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou

social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”108

Para Roberto Senise Lisboa, o ato ilícito “é aquele cometido em

desconformidade com o ordenamento jurídico” e afirma que este é o “exercício do

direito que excede o seu fim econômico ou social, a boa fé e os bons costumes”.109

Desta forma, a partir da prática do ato ilícito, surge a responsabilidade civil e

o consequente dever de reparar o dano, desde que provada culpa (ou não) do

agente causador.

105 CAVALIERI, Sergio.Programa de Responsabilidade Civil.10ed.São Paulo: Atlas, 2012.p.14. 106 VENOSA, Silvio de Salvo.Direito Civil-Responsabilidade Civil-Vol.4.12ed.São Paulo:Atlas, 2012.p.1 107 VENOSA, Silvio de Salvo.Op Cit.p.2. 108 BRASIL. Código Civil. Lei n° 10406, de 10 de janeiro de 2002. 109 LISBOA, Roberto Senise.Obrigações e Responsabilidade Civil.5ed.São Paulo:Saraiva, 2010.p.257-258.

41

A responsabilidade civil por ato ilícito possui requisitos subjetivos: a culpa e

a imputabilidade do agente; e requisitos objetivos, a conduta transgressora do

direito, o resultado danoso e o nexo de causalidade entre eles.110

Assim, a prova ou não de culpa do agente causador do dano se apóia na

divisão da responsabilidade civil por ato ilícito em duas orientações: a

responsabilidade subjetiva e a responsabilidade objetiva.

A responsabilidade subjetiva é aquela que demanda que a vítima prove a

culpa do agente causador do dano para que tenha seus prejuízos reparados e

indenizados (teoria da culpa).111 A culpa como fundamento da responsabilidade

subjetiva está prevista no artigo 186 do Código Civil (Lei 10.406/02)112, citado

anteriormente neste trabalho.

Por sua vez, a responsabilidade objetiva dispensa que a vítima faça

qualquer prova da culpa, sendo que esta é presumida, muitas vezes por lei, a partir

do risco inerente à atividade desempenhada pelo autor do dano (teoria do risco).113

Na responsabilidade objetiva, a vítima apenas deve provar a ação ou

omissão e o resultante dano advindo da conduta do agente, ou seja, o nexo de

causalidade entre eles.114

A teoria do risco na responsabilidade objetiva está claramente explicitada no

artigo 927, parágrafo único, do Código Civil (Lei 10.406/02), in verbis:

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”

110 O sistema da responsabilidade no Código Civil de 2002: prevalência da responsabilidade subjetiva ou objetiva? – disponível em <http://jus.com.br/artigos/22841/o-sistema-da-responsabilidade-no-codigo-civil-de-2002-prevalencia-da-responsabilidade-subjetiva-ou-objetiva> - acessado em 02/04/13 111 GONÇALVES, Carlos Roberto.Direito Civil Brasileiro-Vol.IV-ResponsabilidadeCivil.4ed.São Paulo:Saraiva, 2009.p.30. 112 CAVALIERI, Sergio.Programa de Responsabilidade Civil.10ed.São Paulo: Atlas, 2012.p.17. 113 LISBOA, Roberto Senise.Obrigações e Responsabilidade Civil.5ed.São Paulo:Saraiva, 2010.p.275. 114 GONÇALVES, Carlos Roberto.Op Cit.p.30.

42

A responsabilidade civil contratual ou extracontratual se fundam no princípio

da responsabilidade civil subjetiva, ou seja, não presume-se a culpa devendo esta

ser provada para que o dano seja indenizado.

Ainda neste diapasão, a responsabilidade civil divide-se ainda em direta e

indireta, conceitos relacionados lateralmente aqueles pertencentes às

responsabilidades objetivas e subjetivas acima mencionadas.

Conforme Roberto Senise Lisboa, a responsabilidade direta “é aquela

proveniente de conduta cometida pelo próprio sujeito sobre o qual recai a

imputabilidade” enquanto a responsabilidade indireta “é aquela proveniente de

conduta cometida por terceiro ou de coisa relacionada com o sujeito sobre o qual

recai a imputabilidade”.115

Como visto, diversas são as vertentes e divisões acerca da responsabilidade

civil, tema tratado pela doutrina de forma bastante ampla e abrangente.

Por vezes, visões de diferentes autores podem trazer ao cenário do Direito

algumas divergências doutrinárias no que tange conceitos e aplicações, bem como

nomenclaturas, mas sem comprometer seriamente seu valor didático.

A responsabilidade civil é tema dos mais importantes do Direito, uma vez

que através dele há a garantia da reparação do dano causado, consistindo na mais

importante ferramenta do Direito em busca da harmonização das relações jurídicas e

dos direitos constitucionalmente garantidos.

115 LISBOA, Roberto Senise.Obrigações e Responsabilidade Civil.5ed.São Paulo:Saraiva, 2010.p.276.

43

3.4 – A Responsabilidade Civil no Brasil e no mundo

No Brasil, a responsabilidade civil se debruça sobre o Código Civil em seus

artigos 186, 187 e 927, e no Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 14,

que trata da responsabilidade objetiva do fornecedor do serviço, e o artigo 17

aplicável à relação do Facebook e seu usuário.

Na Europa, as normas jurídicas aplicáveis acerca da responsabilidade civil

dos servidores de Internet encontram-se nas Diretivas 2000/31/CE e 2001/29/CE,

provenientes do Parlamento Europeu e do Conselho.116

A Diretiva 2000/31/CE trata do comércio eletrônico e a 2001/29/CE aborda

os direitos do autor, e conexos, ambos no âmbito da Sociedade da Informação.117

Inspirado pela Diretiva 2000/31/CE em seu artigo 15º, o acórdão proferido

como decisão ao REsp nº 1.193.764-SP 118 definiu a não obrigação do provedor

quanto á monitoração do conteúdo publicado por seus usuários. Tal artigo expressa:

Art.15º - Ausência de obrigação geral de vigilância

1. Os Estados Membros não imporão aos prestadores, para fornecimento dos serviços mencionados nos artigos 12º, 13º e 14º, uma obrigação geral de vigilância sobre as informações que estes transmitam ou armazenem, ou uma obrigação geral de procurar activamente os fatos ou circunstâncias que indiciem ilicitudes.119

Em Portugal, assim como no Brasil, contempla-se em sua legislação a

responsabilidade objetiva e a subjetiva, conforme disposto em sua seção V,

subseção I, no artigo 483 do Código Civil Português:120

Art. 483. Nº 1. Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios, fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação.

116 LEONARDI, Marcel.Responsabilidade Civil dos Provedores de Serviços na Internet.1ed.São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2005.p.33-34. 117 LEONARDI, Marcel.Idem.p.33. 118 REsp 1193764 (2010/0084512-0 - 08/08/2011) - disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=201000845120&dt_publicacao=08/08/2011> 119 LEONARDI, Marcel.Idem.p.41. 120 Código Civil Português. Disponível em <http://www.confap.pt/docs/codcivil.PDF> acessado em 03/04/13

44

Nº 2. Só existe obrigação de indenizar independente de culpa nos casos especificados na lei.

Nos Estados Unidos, as legislações aplicáveis são a Communications

Decency Act de 1996 e o Digital Milennium Copyright Act, de 1998.

A mais importante referência sobre a responsabilidade dos provedores de

conteúdo se encontra no artigo 230 da Communications Decency Act de 1996.121

O Código Civil Francês, assim como o Código Civil Brasileiro, também adota

como regra a responsabilidade subjetiva. Desta forma, traz no O Capítulo II, do

Título IV, do Livro III, especificamente em seu artigo 1383 os princípios da

responsabilidade aquiliana.122

121 Responsabilidade Civil nas Redes Sociais nos EUA – disponível em <http://www.conjur.com.br/2013-abr-03/direito-comparado-responsabilidade-civil-redes-sociais-eua> acessado em 03/04/14. 122 Responsabilidade Civil no Código Francês e no Código Civil Brasileiro – disponível em <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/9704-9703-1-PB.pdf> acessado em 03/04/14

45

3.5 – A Responsabilidade Civil do Facebook

A popularidade do Facebook e o seu crescente número de usuários por todo

o globo traz à tona discussões e dúvidas acerca da aplicabilidade das leis aos casos

concretos que ali se desenrolam.

Concebido à luz da legislação dos Estados Unidos da América, o Facebook

viu-se obrigado a se enquadrar às normas dos diversos países onde se apresenta,

não podendo se esquivar das legislações vigentes nestes diferentes lugares.

No tocante ao Direito brasileiro, a relação estabelecida entre o Facebook e

seu usuário é de consumo, conceito cada vez mais solidificado pela jurisprudência

dominante. Desta forma, tal relação deve ser regida pelo Código de Defesa do

Consumidor (Lei 8078/90).123

A responsabilidade civil aplicável à relação de consumo é a objetiva, ou seja,

não é necessária a prova de culpa do agente causador do dano, bastando apenas a

prova do nexo de causalidade entre a conduta e o resultado.124

O Código de Defesa do Consumidor contempla a responsabilidade objetiva

em diversos artigos, porém o que mais se adequa ao caso do Facebook é em

relação ao fato do serviço, previsto em seu artigo 14, caput, in verbis:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

A aplicação do artigo 17 do mesmo diploma legal também é defendida por

parte da doutrina, uma vez que versa sobre o consumidor por equiparação, ou seja,

o terceiro prejudicado por um possível fato do serviço do Facebook:

Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.

123 Quais os limites para rede social responder por danos – disponível em <http://www.conjur.com.br/2013-mar-06/direito-comparado-quais-limites-redes-sociais-responderem-danos> acessado em 02/04/14 124 GONÇALVES, Carlos Roberto.Direito Civil Brasileiro-Vol.IV-ResponsabilidadeCivil.4ed.São Paulo:Saraiva, 2009.p.30.

46

Embora configurada a relação de consumo, nem sempre a responsabilidade

objetiva se aplicará ao Facebook quando da ocorrência de danos a terceiros

decorrentes de informações ofensivas postadas por seus usuários.

O próprio termo de uso do Facebook traz em seu teor a sua total isenção de

responsabilidade frente à conflitos em relação às ações de seus usuários125,

esquivando-se desta forma da responsabilidade objetiva. Para o Facebook, o

usuário é dono de suas informações e deve arcar com elas em caso de danos à

terceiros.126

A defesa do Facebook se baseia na total impossibilidade de fiscalização do

conteúdo postado por seus usuários (uma vez que estes já passam de um bilhão), e

por isso não poderia ser responsabilizado por elas.

Os termos de uso do Facebook estão em consonância com o disposto pelo

entendimento da União Européia, o qual determina a obrigatoriedade da existência

de dispositivos que possibilitem a denúncia de conteúdos inadequados.127

É visível o fato de que o Facebook se apóia nos entendimentos atuais dos

tribunais superiores, que têm afastado a aplicação da responsabilidade objetiva

diante de casos concretos de dano moral proveniente de publicação de conteúdos

ofensivos de seus usuários.

Exemplo disso é o recente acórdão do Superior Tribunal de Justiça referente

ao REsp nº 1.193.764-SP, cujo texto em determinada parte expressa:

“[...] A fiscalização prévia, pelo provedor de conteúdo, do teor das informações postadas na web por cada usuário não é atividade intrínseca ao serviço prestado, de modo que não se pode reputar defeituoso, nos termos do art. 14 do CDC, o site que não examina e filtra os dados e imagens nele inseridos”.128

Ignorando mais uma vez a teoria do risco relativo à responsabilidade

objetiva, e a total liberdade de publicação de conteúdo, ofensivo ou não a terceiros,

o citado acórdão dispõe ainda: 125 <https://www.facebook.com/legal/terms> acessado em 02/04/14 126 <https://www.facebook.com/legal/terms> acessado em 02/04/14 127 PINHEIRO, Patricia Peck. Direito Digital.5ed.São Paulo: Editora Saraiva, 2013.p.420. 128 REsp 1193764 (2010/0084512-0 - 08/08/2011) - disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=201000845120&dt_publicacao=08/08/2011> acessado em 03/04/14

47

“ [...] as mensagens postadas no site não constituem risco inerente à atividade, assim, não se pode lhes imputar a responsabilidade objetiva;”

Desta forma, tal acórdão exime a rede social totalmente de culpa frente à

publicações que conduzam ou não a danos, desde que obedeça a disposição

seguinte do mesmo acórdão:

“ [...] tomando conhecimento do conteúdo ilícito, deve o fornecedor retirá-lo imediatamente de seus serviços, sob pena de responder solidariamente;[...]”

“O dano moral decorrente de mensagens com conteúdo ofensivo inseridas no site pelo usuário não constitui risco inerente à atividade dos provedores de conteúdo, de modo que não se lhes aplica a responsabilidade objetiva prevista no art. 927, parágrafo único, do CC/02.”

O artigo 15 do Projeto de Lei 2126/11, completa:129

“Art. 15. Salvo disposição legal em contrário, o provedor de aplicações de Internet somente poderá ser responsabilizado por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente”.130

Considerando o referido acórdão como base argumentativa, chega-se à

conclusão de que o Facebook, ou qualquer outra rede social que o valha, tem

apenas uma pseudo responsabilidade objetiva, uma vez que nem mesmo a teoria do

risco inerente à ela é levada em consideração, conforme demonstrado.

Tal acórdão fez cair por terra o disposto no artigo 14, § 3º, II do Código de

Defesa do Consumidor quanto ao fornecedor não responder por danos provando

culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, além de ignorar por completo a

responsabilidade objetiva disposta no artigo 927, parágrafo único do Código Civil.

Com isso, conclui-se que se tal decisão se tornar tendência, a

responsabilidade civil objetiva sobre a qual o Facebook deveria se inclinar, cada vez

mais se tornará apenas uma característica fadada ao insucesso.

Uma vez que o provedor de conteúdo é protegido por decisões neste

sentido, torna-se proporcionalmente mais difícil para o ofendido alcançar o real

129 A responsabilidade do provedor de conteúdo por informações postadas por seus usuários – disponível em <http://jus.com.br/artigos/23601/a-responsabilidade-do-provedor-de-conteudos-por-informacoes-postadas-por-seus-usuarios> acessado em 03/04/14 130 Projeto de Lei 2126 de 2011 – disponível em: <http://www.migalhas.com.br/arquivos/2013/10/art20131029-03.pdf> acessado em 03/04/14

48

culpado pelo dano que sofreu, levando-o gradativamente à inevitável estaca zero da

hipossuficiência.

A força do Facebook fez-se presente recentemente, na ocasião em que foi

notificado judicialmente para que retirasse conteúdo ofensivo do ar relacionado à

pessoa de grande visibilidade do meio artístico, e tornou-se resistente em fazê-lo.131

Tal resistência ilustrou claramente o conflito entre a lei brasileira e a força do

Facebook como potência mundial na Internet, provando mais uma vez que a Lei

brasileira ainda não é coercitiva o bastante para intimidá-lo.

Embora a responsabilidade objetiva esteja afastada em caso de publicações

ofensivas à terceiros, ela está firmemente em cumprimento quando da ocorrência de

fatos de culpa exclusiva do Facebook, que deve arcar com os danos causados por

algum fato do serviço ou defeito do mesmo.

131 Ameaça de tirar Facebook do ar revela conflito entre lei e força de redes sociais - disponível em <http://tecnologia.terra.com.br/internet/ameaca-de-tirar-facebook-do-ar-revela-conflito-entre-lei-e-forca-de-redes-sociais,f6996b45a3481410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html> - acessado em 03/04/14

49

CONCLUSÃO

A Sociedade da Informação, construída pela constante necessidade de

tecnologias para a transmissão de idéias e conhecimentos é a realidade que

vivenciamos em pleno século XXI.

Dentre todos os dispositivos tecnológicos, o Facebook se tornou a maior

rede social da Internet, e junto com seu crescimento, conflitos se instalaram em seus

domínios, uma vez que a fiscalização de seu conteúdo não é total.

A rede social se tornou palco de diversos conflitos gerados pela publicação

de conteúdos indevidos por seus usuários, questão que atualmente encontra lugar

nas mais diversas decisões ao redor do mundo.

Devido à sua abrangência mundial, e o praticamente impossível controle de

contéudo, não há total segurança e garantia de que os direitos constitucionalmente

garantidos ao indivíduo serão assegurados quando estes são violados e trazem

danos á terceiros.

O Facebook tem se esquivado da responsabilidade objetiva, seja em seus

termos de uso, seja por decisões dos tribunais superiores, que estão conduzindo o

Direito à novas vertentes, até mesmo diferentes daqueles impostos pela legislação.

Mas é correto afirmar que a não aplicação da responsabilidade objetiva ao

Facebook traz à pessoa lesada pelo evento danoso, ocorrido em seu espaço, maior

dificuldade na busca da justiça junto ao autor do dano, uma vez que será mais difícil

apontá-lo.

No Brasil, a jurisprudência tem se mostrado como importante norteador de

como tais relações devem ser devidamente conduzidas, uma vez que a aplicação

das leis ao caso concreto modifica todo o cenário e traz novas situações a serem

vivenciadas pelo judiciário.

50

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Facebook completa 10 anos: conheça a história da rede social – disponível em

<http://tecnologia.terra.com.br/facebook-completa-10-anos-conheca-a-historia-da-

rede- social,c862b236f78f3410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html>

Mark Zuckerberg é o 2º bilionário mais jovem dos EUA; confira lista – disponível

em: <http://economia.terra.com.br/mark-zuckerberg-e-o-2-bilionario-mais-jovem-dos-

eua-confira-lista,082882ddb7f61410VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html>

Facebook atinge marca de 1 bilhão de usuários – disponível em

http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/facebook-uma-rede-de-1-bilhao-de-

usuarios

O Plano do Facebook para conectar o mundo inteiro. Disponível em

<http://nelcisgomes.jusbrasil.com.br/noticias/114014291/o-plano-do-facebook-para-

conectar-o-mundo-inteiro>

53

Português é o idioma que mais cresce no Facebook. Disponível em

<http://canaltech.com.br/noticia/facebook/Portugues-e-o-idioma-que-mais-cresce-no-

Facebook>

Bloqueado na China, Facebook ainda tem 63 milhões de usuários no país –

disponível em <http://www.tecmundo.com.br/facebook/30732-bloqueado-na-china-

facebook-ainda- tem-63-milhoes-de-usuarios-no-pais.htm>

A construção de identidades nas redes sociais – disponível em

<http://seer.ucg.br/index.php/fragmentos/article/viewFile/1315/899>

Facebook ‘envelhece’ e afasta adolescentes – disponível em

<http://www.otempo.com.br/facebook-envelhece-e-afasta-adolescentes-1.748583>

Eles não curtem mais o Facebook – disponível em

<http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/eles-nao-curtem-mais-o-facebook>

Pelo que os jovens estão abandonando o Facebook? – disponível em

<http://www.midiatismo.com.br/midias-sociais/pelo-o-que-os-jovens-estao-

abandonando-o-facebook>

Como é a vida depois do Facebook? – disponível em

<http://blogs.estadao.com.br/link/como-e-a-vida-depois-do-facebook-ex-usuarios-

contam-suas-experiencias/>

Termos e políticas do Facebook – disponível em

<https://www.facebook.com/policies/?ref=pf>

Política de uso de dados – disponível em

<https://www.facebook.com/about/privacy/>

Princípios do Facebook – disponível em

<https://www.facebook.com/principles.php>

Polícia investiga fotos sensuais no Facebook - disponível em

<http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1426678&tit=P

F-prende-25-acusados-de-pedofilia>

54

Menores de idade e segurança – disponível em

<https://www.facebook.com/about/privacy/minors>

Facebook atinge marca de 1 bilhão de usuários – disponível em

<http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/facebook-uma-rede-de-1-bilhao-de-

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Site Safe Harbor <https://safeharbor.export.gov/list.aspx>

Mais algumas coisas que você precisa saber – disponível em:

<https://www.facebook.com/about/privacy/other>

Câmara aprova o Marco Civil da Internet – disponível em:

<http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/03/camara-aprova-marco-civil-da-

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Quais os limites para rede social responder por danos – disponível em

<http://www.conjur.com.br/2013-mar-06/direito-comparado-quais-limites-redes-

sociais-responderem-danos>

O sistema da responsabilidade no Código Civil de 2002: prevalência da responsabilidade subjetiva ou objetiva? – disponível em

<http://jus.com.br/artigos/22841/o-sistema-da-responsabilidade-no-codigo-civil-de-

2002-prevalencia-da-responsabilidade-subjetiva-ou-objetiva>

REsp 1193764 (2010/0084512-0 - 08/08/2011) - disponível em:

<https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/ita.asp?registro=201000845120&dt_publicac

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Código Civil Português. Disponível em <http://www.confap.pt/docs/codcivil.PDF>

Responsabilidade Civil nas Redes Sociais nos EUA – disponível em

<http://www.conjur.com.br/2013-abr-03/direito-comparado-responsabilidade-civil-

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Responsabilidade Civil no Código Francês e no Código Civil Brasileiro –

disponível em <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/9704-9703-1-

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Quais os limites para rede social responder por danos – disponível em

<http://www.conjur.com.br/2013-mar-06/direito-comparado-quais-limites-redes-

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Termos de uso do Facebook - disponível em

<https://www.facebook.com/legal/terms>

A responsabilidade do provedor de conteúdo por informações postadas por seus usuários – disponível em <http://jus.com.br/artigos/23601/a-responsabilidade-

do-provedor-de-conteudos-por-informacoes-postadas-por-seus-usuarios>

Projeto de Lei 2126 de 2011 – disponível em:

<http://www.migalhas.com.br/arquivos/2013/10/art20131029-03.pdf>

Ameaça de tirar Facebook do ar revela conflito entre lei e força de redes sociais - disponível em <http://tecnologia.terra.com.br/internet/ameaca-de-tirar-

facebook-do-ar-revela-conflito-entre-lei-e-forca-de-redes-

sociais,f6996b45a3481410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html>