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DCS PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SÉTIMA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0027304-13.2016.8.19.0000 AGRAVANTE: ACHILLES ALMEIDA BARRETO NETO AGRAVANTE: OLNEY MOTTA VIANNA AGRAVANTE: GELCIMAR ALMEIDA AGRAVADO: MUNICÍPIO DE CABO FRIO RELATOR: DES. CLÁUDIO BRANDÃO DE OLIVEIRA DECISÃO Cuida-se de agravo de instrumento interposta contra a decisão de indeferimento de pedido de tutela provisória, para a suspensão de atos que reputa como lesivos ao patrimônio público. Pede a concessão de efeito suspensivo ativo, a fim de que seja determinada a suspensão dos efeitos da Mensagem 02/2016 e Projeto de Lei 16/2016, suspendendo-se por consequência o Processo legislativo decorrente do ato impugnado. Os agravantes alegam que propuseram Ação Popular com o objetivo de anular ou obter a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público do Município de Cabo Frio, consubstanciado na Mensagem do Prefeito ora agravado, de nº 02/2016 que encaminhou à Câmara de Vereadores o Projeto de Lei nº 16/2016, em que solicita autorização para contratar operações de crédito com o Banco do Brasil no valor de R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais), que nos termos da Lei 4717/65 se constitui em ato nulo, uma vez que foi concebido com vícios de legalidade, forma e desvio de finalidade.

Decisão Tribunal de Justiça Empréstimo

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Page 1: Decisão Tribunal de Justiça Empréstimo

DCS

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0027304-13.2016.8.19.0000

AGRAVANTE: ACHILLES ALMEIDA BARRETO NETO

AGRAVANTE: OLNEY MOTTA VIANNA

AGRAVANTE: GELCIMAR ALMEIDA

AGRAVADO: MUNICÍPIO DE CABO FRIO

RELATOR: DES. CLÁUDIO BRANDÃO DE OLIVEIRA

DECISÃO

Cuida-se de agravo de instrumento interposta contra a decisão

de indeferimento de pedido de tutela provisória, para a suspensão de

atos que reputa como lesivos ao patrimônio público. Pede a concessão

de efeito suspensivo ativo, a fim de que seja determinada a suspensão

dos efeitos da Mensagem 02/2016 e Projeto de Lei 16/2016,

suspendendo-se por consequência o Processo legislativo decorrente do

ato impugnado.

Os agravantes alegam que propuseram Ação Popular com o

objetivo de anular ou obter a declaração de nulidade de atos lesivos ao

patrimônio público do Município de Cabo Frio, consubstanciado na

Mensagem do Prefeito ora agravado, de nº 02/2016 que encaminhou à

Câmara de Vereadores o Projeto de Lei nº 16/2016, em que solicita

autorização para contratar operações de crédito com o Banco do Brasil

no valor de R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais), que nos

termos da Lei 4717/65 se constitui em ato nulo, uma vez que foi

concebido com vícios de legalidade, forma e desvio de finalidade.

Page 2: Decisão Tribunal de Justiça Empréstimo

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O parágrafo único do artigo 995 do vigente Código de Processo

Civil, dispõe que: “ A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por

decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de

dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a

probabilidade de provimento do recurso.”

A par disso, mostra-se necessária a presença dos requisitos

acima citados para o deferimento da medida ora pretendida e em que

pese o Projeto de lei ainda não ter sido aprovado, é certo que a ameaça

de lesão também tem proteção em nosso ordenamento jurídico, razão

pela qual tem cabimento a presente medida acautelatória.

Em cognição sumária, verifica-se que há perigo de que o erário

do município venha a sofrer danos grave, de difícil ou impossível

reparação, caso o referido projeto de lei seja aprovado pelo Poder

Legislativo, pois diante da crise econômica atualmente enfrentada pelo

ente público, com a queda da arrecadação dos valores referentes aos

royalties, com a crescente insegurança financeira e a escassez dos

recursos, revela-se bastante improvável que ocorra o adimplemento das

obrigações que o prefeito pretende contratar, o que acarretaria um

maior endividamento do município, agravando a situação de suas

finanças, que já se encontra fragilizada, sendo no mínimo temerário que

o chefe do Executivo venha a efetuar operações de crédito da vultosa

quantia, nos meses finais para o término de seu mandato.

A probabilidade de provimento do recurso também se encontra

presente, por força da vedação imposta pelo artigo 42 da Lei de

Responsabilidade Fiscal, senão vejamos:

Page 3: Decisão Tribunal de Justiça Empréstimo

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“Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão

referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres

do seu mandato, contrair obrigação de despesa que

não possa ser cumprida integralmente dentro dele,

ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício

seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de

caixa para este efeito.

Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade

de caixa serão considerados os encargos e despesas

compromissadas a pagar até o final do exercício.”

Portanto, defiro o pedido de efeito suspensivo ativo,

concedendo tutela de urgência, para determinar a imediata suspensão

de todos os processos de natureza legislativa e administrativa

desenvolvidos no âmbito dos poderes Legislativo e Executivo do

Município de Cabo Frio, referentes a futura contratação do empréstimo

mencionado na petição inicial. A decisão inclui, caso não esteja

concluído, a tramitação do processo legislativo referente ao Projeto de

Lei 16/2016.

Comunique-se, com urgência, ao juízo de primeira instância o

teor da presente decisão para que seja dado no juízo de origem o seu

devido cumprimento, intimando-se os representantes dos poderes

envolvidos.

Após, ao agravado e ao Ministério Público.

Rio de Janeiro, 23 de junho de 2016.

CLÁUDIO BRANDÃO DE OLIVEIRA

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