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11Jornal IbiáMontenegro - Quinta-feira, 16 de Julho de 2009especial
Criatividade / mauriCio de sousa Completa 50 anos de Carreira Com planos para o futuro
Uma conversa com opai da Turma da Mônica
Leonardo [email protected]
2009 é cheio de comemorações. Há
exatos 50 anos, o rei Roberto Car-
los começava sua carreira musical,
Brasília estava em vias de ser con-
cluída e o poder em Cuba era assu-
mido por Fidel Castro. No mundo do
desenho, um fenômeno também estava
prestes a se iniciar.
Era o dia 18 de julho de 1959
quando um repórter policial do então
jornal Folha da Manhã, atual Folha de
São Paulo, criava as histórias de um
cãozinho azul. As aventuras de Bidu
foram o pontapé inicial para a obra
de Mauricio de Sousa, um sucesso que
rende números estrondosos.
Para se ter uma ideia, nos 50 anos
de trabalho do criador da Turma da
Mônica, foram publicadas mais de 1 bi-
lhão de revistas e criados mais de 200
personagens, além do licenciamento de
cerca de 3.000 produtos (com uma
renda anual estimada em 2 bilhões de
Jornal Ibiá: Mauricio, o seu pai era barbeiro e poeta, e a mãe, poetisa. Eles exerceram algum papel decisivo na sua escolha pelo mundo das artes?
Mauricio de Sousa: Com certeza. Eles sempre me alimentaram com revis-tas e livros. Aliás, comecei a ler gibis e logo migrei para os livros. Chegava a ler um por semana.
JI: Quando o senhor criou os per-sonagens Bidu e Franjinha, em 1959, poderia ter ideia da repercussão que teriam? Qual é o “espírito central” da Turma da Mônica?
Mauricio: Sempre tive como meta fazer o melhor e ter sucesso. Meu pai di-zia: “Trabalhe no que gosta de manhã e administre a carreira à tarde”. Acho que funcionou. A Turma da Mônica é diver-são e informação para crianças.
JI: Em 1980, a invasão dos dese-nhos animados japoneses no país afe-tou o mercado dos quadrinhos. Quais os projetos no setor de animações com os personagens da Turma?
Mauricio: Meus primeiros desenhos animados foram produzidos na década de 80. Depois veio a década de 90, que ficou conhecida como a década perdi-da, devido aos problemas econômicos. Ao final dos anos 90, voltei a produzir e, agora, estamos a todo vapor. Entre os projetos, está a produção de uma série televisiva (em 3D) da Turma do Pena-dinho. Também estamos trabalhando em um longa 3D do Horácio, que deve ser lançado em 2011 ou 2012.
Acabamos de fechar um contrato,
com a GIG Itália, para a produção de 52 episódios (de 15 minutos cada) com o personagem Ronaldinho Gaúcho. Ain-da temos a série para a TV da Turma da Mônica, com 13 episódios prontos. Nos próximos meses, também será lançado um DVD de mais um Cinegibi (nº 4).
JI: Quais as principais diferenças entre o mercado dos quadrinhos dos anos 50 e o de hoje? Como o uso das novas tecnologias refletiu no setor?
Mauricio: O talento é insubstituível. A tecnologia ajuda na produção, mas a criação é que conquista os leitores.
JI: Os personagens da Turma têm forte influência nas crianças. Qual o papel deles na área educacional e qual o motivo para terem dado tão certo?
Mauricio: Sempre achei que os qua-drinhos são o ponto de partida para a criança entrar em contato com a literatu-ra. Hoje, isso já está comprovado pelos estudos de universidades e entidades li-gadas à educação, e não só para as crian-ças brasileiras.
O sucesso vem de temas sobre o coti-diano das crianças, com suas brincadei-ras, e o aprendizado que parte da vida e traz exemplos de cidadania e solidarie-dade. É claro, tudo isso só fica atraente se as historinhas forem criativas e conta-rem com uma boa dose de humor.
JI: O que levou ao surgimento da Turma da Mônica Jovem (em 2008) e o casamento com a linguagem do mangá? A que se deve o recorde abso-luto de vendagem?
Mauricio: Na verdade, pegamos em-prestado do mangá a expressividade dos olhos, algumas cenas mais ágeis e a im-pressão em preto e branco. Eu diria que a Turma Jovem é uma mescla do meu estilo com o mangá. Assim, vejo que não perdemos as características básicas, mas adotamos uma tendência que está aí. Se o mangá vem crescendo mais nas vendagens, que tal consumirmos algum mangá nacional, ao invés de apenas o que vem de fora?
O sucesso veio da interatividade com os leitores. Acompanho as discussões pelo Orkut e converso pelo Twitter. Até
adoto algumas sugestões e os leitores sentem que estão sendo atendidos.
JI: A Mauricio de Sousa Produções está chegando ao mercado chinês. Como está se dando este processo e quais os projetos de futuro?
Mauricio: Estamos na China para um projeto educacional com mais de 180 milhões de crianças. O projeto é pela internet, para que não precisemos destruir florestas. Estamos publicando livros apenas para os professores, e o primeiro foi sobre o Descobrimento do Brasil. O futuro é por aí. Vamos apostar tudo na área educacional, força motora do conhecimento e desenvolvimento. A Mônica já é embaixadora do UNICEF, do Turismo no Brasil e, agora, acaba de ser convidada para ser embaixadora da Cultura do Brasil.
Nossa responsabilidade aumenta, mas o desafio sempre foi meu combustível, tanto para esses 50 anos quanto para os próximos que trabalharemos.
dólares. Mauricio é o maior produ-
tor de animação para cinema e criador
de Histórias em Quadrinhos (HQ’s) no
país, além de fundador do maior es-
túdio de quadrinhos.
No último episódio da série, confira
uma entrevista com esse paulista de
73 anos, pai de um universo fantástico
que encanta gerações há meio século.
Mauricio: aposta é no setor educacional
Primeiro número da revista da “Turma da Mônica” surgiu no início dos anos 70
A “Turma da Mônica Jovem” já ven-deu mais de 1,5 milhão de exemplares
Olhos no futuro
NA INTERNETConfira mais ilustrações e conheça
detalhes sobre o trabalho de Mauricio de Sousa no site do Jornal Ibiá.
Acesse www.jornalibia.com.br