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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO TRIBUNAL PLENO D E C I S Ã O A empresa impetrante insurge-se contra ato do Juízo da 4ª Vara do Trabalho de Porto Velho/RO, que nos autos de Ação Civil Pública de n. 0000745-94.2016.5.14.0004, ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho, deferiu tutela provisória de urgência, impondo imediato cumprimento de diversas obrigações de fazer e de não fazer, inerentes à utilização de banheiros; instituição do Programa de Controle médico e CIPA; observância do Repouso Semanal Remunerado, intervalo intrajornada e gozo de férias; pagamento salarial no prazo legal; além de coibição de outras infrações cometidas em detrimento da saúde e segurança dos trabalhadores. Em caso de descumprimento, fixou multa de R$1.000.000,00 (um milhão de reais). Sustenta ausência de fundamentação da decisão combatida, em violação ao disposto no art. 298 do NCPC, pois a antecipação dos efeitos da tutela foi baseada em breve relatório, transcrição dos pedidos elencados na peça inicial e parte dispositiva, na qual não se menciona, nem indica, os fundamentos ou motivos da concessão da medida. Desse modo, requer a suspensão liminar dos efeitos da decisão ora questionada. Em seguida, discorre acerca da nulidade da decisão, em razão da inexistência de fixação de prazo para o cumprimento da obrigação, em desrespeito ao que se interpreta do art. 573, caput, do NCPC. Nessa mesma linha, defende a nulidade do ato da autoridade apontada como coatora, tendo em vista que o valor fixado a título de multa não é compatível com a obrigação, sendo inobservados os critérios de razoabilidade e proporcionalidade. Destaca que a manutenção da multa fixada pode desequilibrar a saúde econômica da empresa, mormente por se tratar de medida concedida em sede de cognição sumária, sem apuração dos termos do eventual descumprimento, dada a condição resolutiva para tanto, deveriam ser amplamente discutidos e declarados. Conclui afirmando presentes os requisitos do fumus boni iuris e periculum in mora, razão porque requer, ab initio litis e inaudita altera pars, a concessão de medida liminar para o fim de determinar a suspensão dos efeitos da decisão combatida, até decisão final no presente mandamus. No mérito, pleiteia a anulação da decisão objurgada. Deu à causa o valor de R$1.000,00 (mil reais), e juntou comprovante do recolhimento do valor das custas processuais (R$20,00). Sendo o breve relato, passo a decidir. https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/d... 1 de 9 29/06/2016 10:20

Direito de Resposta Extrajudicial da Eucatur

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PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA DO TRABALHOTRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃOTRIBUNAL PLENO

D E C I S Ã O

A empresa impetrante insurge-se contra ato do Juízo da 4ª Vara do Trabalho de Porto

Velho/RO, que nos autos de Ação Civil Pública de n. 0000745-94.2016.5.14.0004, ajuizada

pelo Ministério Público do Trabalho, deferiu tutela provisória de urgência, impondo imediato

cumprimento de diversas obrigações de fazer e de não fazer, inerentes à utilização de

banheiros; instituição do Programa de Controle médico e CIPA; observância do Repouso

Semanal Remunerado, intervalo intrajornada e gozo de férias; pagamento salarial no prazo

legal; além de coibição de outras infrações cometidas em detrimento da saúde e segurança

dos trabalhadores. Em caso de descumprimento, fixou multa de R$1.000.000,00 (um milhão

de reais).

Sustenta ausência de fundamentação da decisão combatida, em violação ao disposto

no art. 298 do NCPC, pois a antecipação dos efeitos da tutela foi baseada em breve relatório,

transcrição dos pedidos elencados na peça inicial e parte dispositiva, na qual não se

menciona, nem indica, os fundamentos ou motivos da concessão da medida. Desse modo,

requer a suspensão liminar dos efeitos da decisão ora questionada.

Em seguida, discorre acerca da nulidade da decisão, em razão da inexistência de

fixação de prazo para o cumprimento da obrigação, em desrespeito ao que se interpreta do art.

573, caput, do NCPC. Nessa mesma linha, defende a nulidade do ato da autoridade apontada

como coatora, tendo em vista que o valor fixado a título de multa não é compatível com a

obrigação, sendo inobservados os critérios de razoabilidade e proporcionalidade.

Destaca que a manutenção da multa fixada pode desequilibrar a saúde econômica da

empresa, mormente por se tratar de medida concedida em sede de cognição sumária, sem

apuração dos termos do eventual descumprimento, dada a condição resolutiva para tanto,

deveriam ser amplamente discutidos e declarados.

Conclui afirmando presentes os requisitos do fumus boni iuris e periculum in mora,

razão porque requer, ab initio litis e inaudita altera pars, a concessão de medida liminar para o

fim de determinar a suspensão dos efeitos da decisão combatida, até decisão final no presente

mandamus.

No mérito, pleiteia a anulação da decisão objurgada.

Deu à causa o valor de R$1.000,00 (mil reais), e juntou comprovante do recolhimento

do valor das custas processuais (R$20,00).

Sendo o breve relato, passo a decidir.

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Com efeito, o Mandado de Segurança é medida excepcional cabível para reparar ou

evitar lesão a direito líquido e certo, em face de ato abusivo ou ilegal de autoridade, na forma

do art. 1º da Lei n. 12.016/2009 e inciso LXIX do art. 5º da CF. Por ser ação cognitiva de

natureza civil, para que possa ser admitido é preciso que estejam presentes as condições

genéricas de toda e qualquer ação. A natureza célere e sumaríssima da ação mandamental

exige prova pré-constituída no ato do ajuizamento, sem que tolere dilação probatória, emenda

ou correção de vícios.

Dessa forma, trata-se de medida adequada a questionar a antecipação dos efeitos da

tutela concedida pelo Juízo da 4ª Vara do Trabalho de Porto Velho/RO. Nesse sentido o item II

da Súmula 414 do TST:

SUM-414 MANDADO DE SEGURANÇA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA (OU

LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA I - A antecipação da

tutela concedida na sentença não comporta impugnação pela via do

mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário.

A ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito suspensivo a

recurso.

II - No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da

sentença, cabe a impetração do mandado de segurança, em face da

inexistência de recurso próprio.

III - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o

objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela

antecipada.

Em relação ao pedido de antecipação da tutela, numa análise sumária da questão,

própria desta fase, observo estarem presentes os requisitos autorizadores da concessão

liminar da ordem mandamental.

Constou de decisão objeto da impetração:

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO -PROCURADORIA

REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO (RONDÔNIA/ACRE), ajuizou

em desfavor da EUCATUR(Empresa União Cascavel de Transportes e

Turismo Ltda.) (...) AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE TUTELA

PROVISÓRIA, pleiteando a concessão de Tutela provisória, para

determinar o cumprimento de obrigações de fazer enumeradas na inicial,

originando-se de procedimentos instaurados após recebimento de uma

série de denúncias dando conta de diversas irregularidades ofensivas ao

direito coletivo dos trabalhadores praticadas pela requerida, com

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violações à saúde e segurança dos trabalhadores, entre as quais:

ausência de condições sanitárias adequadas no local de trabalho, ASO,

EPC, irregularidades quanto ao pagamento de adicional noturno, atrasos

salariais recorrentes, más condições da execução de trabalho

-registrando-se, inclusive, a ocorrência de acidente de trabalho fatal -,

dentre tantas outras irregularidades trabalhistas a seguir melhor

expostas, tudo em clara violação aos direitos inscritos na Constituição

Federal.

Foram abertas as investigações mediante instauração não simultânea de

quatro Inquéritos Civis de ns. 000590.2012.14.000/2,

000276.2016.14.000/2, 000603.2013.14.000/7-02 e

000238.2012.14.002/1-02, todos instaurados pela PRT.

Requer o Ministério Público do Trabalho, com espeque no artigo 12, da

Lei n. 7.347/85, c/c os artigos 84, § 3º, do CDC e artigos 300, 311, 497 e

536 do CPC/2015, a concessão de TUTELA PROVISÓRIA (de urgência

ou, sucessivamente, de evidência) a fim de que sejam determinadas à

Requerida as seguintes obrigações de fazer e não-fazer:

NOS BANHEIROS:

a) DISPONIBILIZAR sanitários permanentemente adequados ao uso e

separados por sexo, sob pena de multa no valor de R$ 10.000,00 (dez mil

reais);

b) PROVER o lavatório de material de limpeza, enxugo ou secagem das

mãos, proibindo-se o uso de toalhas coletivas, sob pena de multa no

valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais);

c) TORNAR os gabinetes sanitários ventilados para o exterior (NR

24/24.1.26, alínea "b"), sob pena de multa no valor de R$ 10.000,00 (dez

mil reais);

MANTER o equipamento sanitário em estado de asseio e higiene (NR

24/24.1.26, alínea "e"), sob pena de multa no valor de R$ 10.000,00(dez

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mil reais);

e) DOTAR os gabinetes sanitários de recipientes com tampa, para guarda

de papéis servidos (NR 24/24.1.26, alínea "f"), sob pena de multa no valor

de R$ 10.000,00 (dez mil reais);

PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPA-CIONAL e

CIPA

f) PROVIDENCIAR a emissão de Atestado de Saúde Ocupacional com o

conteúdo previsto nas alíneas 'a' até 'g' do item 7.4.4.3 da NR7.

Inteligência do art. 157, inciso I, da CLT, c/c item 7.4.4.3 da NR7, com

redação da Portaria n. 08/1996, sob pena de multa no valor de R$ 5.000

(cinco mil reais), por trabalhador submetido a esta situação;

g) APRESENTAR E DISCUTIR o relatório anual do Programa de Controle

Médico de Saúde Ocupacional na Comissão Interna de Prevenção de

Acidentes, nos termos do art. 157, I, da CLT, c/c item 7.4.6.2 da NR-7 com

redação da Portaria n. 24/1994, sob pena de multa no valor de R$

20.000,00 (vinte mil reais);

h) ENTREGAR a segunda via do ASO ao trabalhador, mediante recibo na

primeira via, sob pena de multa no valor de R$ R$ 10.000,00 (dez mil

reais), por trabalhador submetido a esta situação;

CONSTITUIR E MANTER em regular funcionamento a Comissão Interna

de Prevenção de Acidentes, sob pena de multa no valor de R$ 30.000,00

(trinta mil reais);

REPOUSO SEMANAL REMUNERADO, INTERVALO INTERJORNADA E

GOZO DE FÉRIAS

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j) CONCEDER aos empregados um descanso semanal de 24 (vinte e

quatro) horas consecutivas, sob pena de multa no valor de R$ 5.000,00

(cinco mil reais), por trabalhador submetido a esta situação;

k) CONCEDER período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para

descanso entre duas jornadas sob pena de multa no valor de R$ 5.000,00

(cinco mil reais) por trabalhador submetido a esta situação;

ABSTER-SE de manter empregado trabalhando no período destinado ao

gozo de férias sob pena de multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil

reais) por trabalhador submetido a esta situação;

ATRASO SALARIAL E PAGAMENTO DE ADICIONAL NOTURNO

m) EFETUAR o pagamento do salário mensal até o 5º (quinto) dia útil do

mês subsequente ao vencido, sob pena de multa de R$ 20.000,00 (vinte

mil reais) por cada competência em atraso, acrescida de multa diária de

R$ 1.000,00 (mil reais) por trabalhador prejudicado em cada dia de atraso

salarial;

n) EFETUAR o pagamento de adicional noturno com o acréscimo de, pelo

menos, 20%sobre a hora diurna, sob pena de multa de R$ 5.000,00

(cinco mil reais) por trabalhador prejudicado;

COIBIÇÃO DE OUTRAS INFRAÇÕES COMETIDAS EM DETRIMENTO DA

SAÚDE E SEGURAÇA DO TRABALHADOR

o) MANTER andares acima do solo com proteção adequada contra

quedas, e/ou adotar proteção contra quedas em andares acima do solo

em acordo com as normas técnicas e/ou legislações municipais e/ou que

atendam condições de segurança e conforto. (Art. 157, inciso I da CLT,

c/c item 8.3.6 da NR 08, com redação da Portaria n° 222/2011.); sob pena

de multa no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais);

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p) INSTALAR gaiola de proteção em escada fixa do tipo marinheiro com

altura superior a 3,50m (três metros e meio metros), e/ou a partir de 2,0 m

(dois metros) do piso, e/ou que ultrapasse a plataforma de descanso ou o

piso superior em 1,10 m (um metro e dez centímetros) a 1,20 m (um

metro e vinte centímetros)], sob pena de multa no valor de R$ 20.000,00

(vinte mil reais);

q) REALIZAR a análise ergonômica do trabalho para avaliar a adaptação

das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos

trabalhadores ou realizar análise ergonômica do trabalho que aborde

aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de

materiais e/ou ao mobiliário e/ou aos equipamentos e às condições

ambientais do posto de trabalho e/ou à organização do trabalho), sob

pena de multa no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais)

COIBIÇÃO DAS INFRAÇÕES COMETIDAS EM DETRIMENTO DA SAÚDE

E SEGURANÇA DO TRABALHADOR QUE CONTRIBUÍRAM PARA O

ACIDENTE DE TRABALHO COM CONSEQUÊNCIAS FATAIS

r) executar manutenção e/ou inspeção e/ou reparo e/ou limpeza e/ou

ajuste e outras intervenções com a adoção de medidas adicionais de

segurança em máquinas e/ou equipamentos sustentados por sistemas

hidráulicos ou pneumáticos, sob pena de multa no valor de R$ 30.000,00

(trinta mil reais), por trabalhador sujeito a esta situação; e

s) planejar e/ou gerenciar as manutenções preventivas com potencial de

causar acidentes de trabalho por profissional legalmente habilitado, sob

pena de multa no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por trabalhador

sujeito a esta situação;

Por tais fundamentos, estando preenchidos os requisitos do art. 300 do

NCPC, defiro a almejada TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

ANTECIPADA formulado na inicial pelo Requerente, eis que estão

preenchidos os requisitos legais, conforme preconiza o art. 300, do

Novo CPC.

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Em decorrência, CONCEDO, initio litis e inaudita altera parte, a

TUTELA PROVISÓRIA, DETERMINANDO que a Requerida EUCATUR

(Empresa União Cascavel de Transportes e Turismo Ltda), pessoa

jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob n.

76.080.738/0011-40, estabelecida no endereço supra, CUMPRA as

obrigações de fazer e não-fazer supracitadas, sob pena de multa de

R$1.000.000,00 (1 milhão de reais), em desfavor da Requerida, nos

termos do §4º do artigo 537, do NCPC, revertida em favor dos

trabalhadores e Associações Beneficentes e/ou outros indicados

pelo Requerente.

Com o advento do Novo Código de Processo Civil, passou a vigorar no ordenamento

jurídico pátrio exigência legal de fundamentação das decisões judiciais, cujo novo digesto

civilista trouxe critérios objetivos para caracterizar uma decisão como não fundamentada, em

completa violação ao disposto no art. 298 do NCPC.

Ao enfrentar a aplicação das normas do Código de Processo Civil de 2015 ao Processo

do Trabalho, o TST, pela resolução n. 203 de 15 de março de 2016 editou a Instrução n. 39, já

na exposição de motivos ficando expresso que "a comissão reputou inafastável a aplicação

subsidiária ao processo do trabalho da nova exigência legal das fundamentação das decisões

judiciais (CPC, art. 489, §1º)". Ademais, o art. 3º da IN 39/TST, garante a aplicabilidade da

nova exigência prevista no CPC/15 ao Processo do Trabalho.

O art. 489, §1º, traz em seus incisos II e III:

§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela

interlocutória, sentença ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo,

sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo

concreto de sua incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

No caso, a decisão que concedeu a antecipação dos efeitos da tutela fez um breve

relatório, transcreveu os pedidos formulados pelo MPT e, em seguida, sem apresentar

qualquer fundamento ou correlação com os pedidos, deliberou pela concessão da tutela

antecipatória de urgência.

Diante da nova sistemática estabelecida pelo CPC/15, não é possível considerar que a

decisão primária tenha sido fundamentada. A expressão "por tais fundamentos" não foi

precedida de qualquer motivação e sem explicar sua relação com a questão decidida.

Não bastasse isso, o ato da autoridade apontada como coatora deixou de fixar prazo

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razoável para o cumprimento da obrigação, em desrespeito ao art. 573 do NCPC. Ademais,

além de elevado, a fixação do valor da astreinte não dispõe se sua aplicação teria cabimento

no caso do descumprimento de quaisquer das condições impostas, individualmente

consideradas, ou se nenhuma delas for efetivada.

Nesse contexto, ante a inexistência de fundamentação da decisão, o que impossibilita

a verificação do preenchimento específico dos requisitos para a concessão da tutela de

urgência previstos no art. 300 do CPC/15, torna-se necessária a suspensão da decisão

concessiva até o julgamento final do presente writ.

Diante disso, determino:

I - A suspensão da decisão prolatada em sede de antecipação dos efeitos da tutela

pela autoridade coatora, nos autos do Processo de n. 0000745-94.2016.5.14.0004, até o

julgamento final deste Mandado de Segurança;

II - Dê-se ciência à impetrante em nome do advogado constituído;

III - Oficie-se à autoridade apontada como coatora, dando-lhe ciência do teor desta

decisão e a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, caso queira, apresente informações e

documentos que entenda cabíveis e pertinentes (inciso I do art. 7º, da Lei n. 12.016/09);

IV - Inclua-se e dê-se ciência ao terceiro interessado - Ministério Público do Trabalho

para, caso queira, ingresse no feito;

V - Após, ocorrendo ou não, a apresentação de informações e manifestação do terceiro

interessado, encaminhem-se ao Ministério Público do Trabalho para manifestação, na condição

de fiscal do ordenamento jurídico.

Para cumprimento dos comandos anteriores, esta decisão servirá como

ofício/notificação/citação ou qualquer outro ato específico necessário à cientificação dos

interessados.

Porto Velho/RO, 29 de junho de 2016.

(assinado digitalmente)

Desembargadora VANIA MARIA DA ROCHA ABENSUR

Relatora

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a:

[VANIA MARIA DA ROCHA ABENSUR]

https://pje.trt14.jus.br/segundograu/Processo

16062813185462000000001680933

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