158
ENTRAVES LOGÍSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO Transporte & Desenvolvimento

Estudo CNT escoamento da soja e milho no Brasil

Embed Size (px)

Citation preview

1. ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO Transporte& Desenvolvimento 2. ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO Transporte& Desenvolvimento 3. Entraves logsticos ao escoamento de soja e milho. Braslia : CNT, 2015. 155 p.: il. color. ; mapas, grficos. (Transporte & Desenvolvimento) 1. Logstica transporte de carga. 2. Infraestrutura de transporte. 3.Agronegcio.4.Produoagrcola.I.Ttulo.II.ConfederaoNacionaldoTransporte. CDU 656.025.4:631 4. SUMRIO APRESENTAO............................................................................................................................. 5 1. INTRODUO................................................................................................................................ 8 1.1. Objetivos do estudo.................................................................................................................... 9 1.2. Aspectos metodolgicos........................................................................................................... 9 1.2.1. Caracterizao dos embarcadores entrevistados...........................................................10 1.3. Estrutura do relatrio...............................................................................................................10 2. PANORAMA DA PRODUO DE GROS NO BRASIL ........................................................14 3. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS ...22 3.1. Condies necessrias ao escoamento da produo de gros..................................... 23 3.1.1. O fluxo logstico de distribuio de gros.................................................................. 23 3.1.2. As especificidades do transporte de gros e a relevncia da multimodalidade.... 24 3.2. Principais rotas de escoamento da produo..................................................................28 3.2.1. Rotas de escoamento da produo de gros da regio Centro-Oeste...............30 3.2.2. Rotas de escoamento da produo de gros do Paran...................................... 32 3.2.3. Rotas de escoamento da produo de gros do Rio Grande do Sul.................. 35 3.2.4. Rotas de escoamento da produo de gros do Matopiba.................................. 37 3.3. Caracterizaodosmodaisdetransporteutilizadosnoescoamentodaproduobrasileira...38 3.3.1. O transporte rodovirio.................................................................................................40 3.3.2. O transporte ferrovirio................................................................................................ 51 3.3.3. O transporte hidrovirio................................................................................................61 3.4. A movimentao nos Portos................................................................................................69 3.5. Armazns.................................................................................................................................. 76 4. INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE NO PAS ..........................84 4.1. Investimentos previstos no Plano Plurianual (PPA) 2012-2015.....................................84 4.1.1. Programas de transporte rodovirio...........................................................................85 4.1.2. Programas de transporte ferrovirio.........................................................................86 4.1.3. Programas de transporte hidrovirio.........................................................................86 4.1.4. Programas de transporte martimo............................................................................86 4.2. InvestimentosPblicosemInfraestruturadaLeiOramentriaAnual(LOA)2003-2014.........87 4.3. Investimentos privados..........................................................................................................90 4.4. Investimentos necessrios - Plano CNT de Transporte e Logstica 2014...................91 5. PRINCIPAIS ENTRAVES E SOLUES .................................................................................98 5.1. Gargalos do sistema logstico brasileiro e proposio de solues........................... 100 5.1.1. Entraves institucionais.................................................................................................. 100 5.1.2. Modal rodovirio.............................................................................................................101 5.1.3. Modal ferrovirio............................................................................................................103 5.1.4. Modal hidrovirio.......................................................................................................... 106 5.1.5. Sistema porturio......................................................................................................... 109 5.1.6. Terminais multimodais....................................................................................................111 5.1.7. Sistema de armazenagem.............................................................................................112 5.1.8. Intervenes complementares ao Plano CNT de Transporte e Logstica 2014...........112 5.2. A nova logstica do agronegcio.........................................................................................115 6. CONCLUSES ..........................................................................................................................125 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................................126 APNDICES ...................................................................................................................................132 5. ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE GROS4 6. 5 APRESENTAO Para cumprir a misso de apoiar o desenvolvimento do setor transportador, a Confederao Nacional do Transporte (CNT) realiza este estudo indito sobre os Entraves Logsticos ao Escoamento de Soja e Milho. o primeiro trabalho da Confederao que analisa o transporte associado a uma cadeia produtiva especfica, neste caso, a produo agrcola de soja e milho. O agronegcio estratgico para aumentar a participao do pas no mercado externo, gerando riquezas. Mas a distribuio dos produtos e o deslocamento at os portos esbarram nos gargalos da infraestrutura. A CNT ouviu os principais embarcadores e transportadores para obter maior clareza em relao aos entraves e propor solues. As propostas esto baseadas, tambm, em outros trabalhos da Confederao, especialmente no ltimo Plano CNT de Transporte e Logstica, que indica os principais projetos para a melhoria da infraestrutura do setor. O planejamento de uma cadeia produtiva deve ser feito de forma sistmica. Assim, para se potencializar os benefcios do agronegcio, fundamental fazer adequaes, com destaque para o transporte. Com o estudo Entraves Logsticos ao Escoamento de Soja e Milho, a Confederao detalha e refora a importncia da modernizao, ampliao e interligao dos modais, para que o escoamento dos produtos ocorra com qualidade da origem ao destino. Uma logstica mais eficiente pode potencializar os ganhos da elevada produo de gros do pas. As anlises apresentadas nesse estudo indicam que o Brasil precisa se tornar mais competitivo, estimulando o desenvolvimento do setor de transporte, do agronegcio e de outros segmentos econmicos. Esta mais uma contribuio da CNT voltada tomada de decises de transportadores, embarcadores, gestores pblicos e comunidade acadmica, com foco na melhoria da logstica do pas. CLSIO ANDRADE PRESIDENTE DA CNT 7. 6 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO CapCapC taptap ulo 1 8. 7 1. INTRODUO INTRODUO 9. 8 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO 1. INTRODUO A agricultura contribui com aproximadamente 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Considerada estratgicaparaaspolticasdedesenvolvimento,apresentou,juntamentecomosetorpecurio,desempenho superior aos demais segmentos econmicos nos ltimos anos. A performance do setor do agronegcio o resultado de contnuos investimentos em pesquisa e inovao que viabilizaram ganhos de produtividade na produo agrcola. Entre 2000 e 2014, a produo de gros, no pas, cresceu 101,6%, enquanto a rea plantada teve expanso de apenas 52,6%1 . Esse desempenho lhe assegurou destaque no mercado internacional de gros. No caso da soja, cuja produtividade brasileira a maior entre os pases produtores, o Brasil detm mais de um tero da produo mundial dessa oleaginosa2 . No perodo de 2000 a 2014, o valor de produtos agropecurios vendidos para o mercado externo cresceu 308,4%3 , elevando a participao do agronegcio nas exportaes da balana comercial brasileira, de 37%, em 2000, para 42,9%4 em 2014. A pauta de destinos das exportaes do agronegcio se diversificou nesse mesmo perodo. Em 2014, o pas exportou para 211 pases, 25 novos destinos em comparao a 2000, alm de consagrar-se como o segundo maior fornecedor mundial de soja e milho. Contudo, o aumento da participao brasileira no comrcio internacional de commodities agrcolas evidenciou as deficincias logsticas nacionais. Parte relevante do custo das empresas, e determinante dos custos finais das mercadorias5 , o ineficiente sistema de transporte do pas dificulta, entre outros fatores, que o Brasil transforme suas vantagens comparativas6 na produo de gros em aumentos de vantagens competitivas e de comercializao no mercado externo7 . Elementoessencialdoagronegcio,aatividadededistribuiorepresentacercade30%dovaloradicionado por esta cadeia produtiva8 . Do fato, depreende-se que o setor de transporte decisivo no que se refere rentabilidade da agropecuria brasileira. Entretanto, o ritmo de crescimento da produo de gros, no Brasil, supera o de expanso da capacidade da infraestrutura nacional, o que pode provocar atraso no transporte, quebras de contratos e perdas de parcelas significativas de mercados internacionais. Outra consequncia a perda de competitividade frente aos produtos dos concorrentes, uma vez que obstculos impostos exportao tornam o custo do gro brasileiro mais elevado. 1 Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 2 Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). 3 Considerando o crescimento real, obtido a partir da inflao da srie histrica para 2013, segundo os valores do ndice de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA), a variao foi de 113,97%. 4 Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA). 5 Batalha et al (1997). 6 O conceito de vantagem comparativa , normalmente, utilizado para explicar os benefcios do comrcio internacional, mesmo entre pases em diferentes estgios de desenvolvimento. Diz-se que um pas tem vantagem comparativa quando for relativamente mais eficiente na produo de um bem (ou servio), levando-o a se especializar na produo desse determinado bem (ou servio). 7 Batalha et al (1997). 8 Confederao da Agricultura e Pecuria do Brasil (CNA). 10. 9 1. INTRODUO Ao inadequado estoque de infraestrutura logstica somam-se as deficincias em termos de qualidade de rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e terminais, que oneram significativamente os custos logsticos. A melhoria dessas condies passa por um planejamento integrado no que concerne aos diversos segmentos logsticos, com ampliao dos investimentos, pblicos e privados, que tm estado aqum das necessidades dos setores produtivos brasileiros. Para tanto, importante convergir esforos no desenvolvimento de uma base slida de informaes que subsidie a tomada de deciso por parte dos planejadores e permita um melhor direcionamento de esforos e investimentos, diante das necessidades atuais e futuras de infraestrutura logstica no Brasil. nesse contexto que se insere o presente estudo. 1.1 Objetivos do estudo Entraves Logsticos ao Escoamento de Soja e Milho um estudo da Confederao Nacional do Transporte (CNT) que tem por objetivo abordar a questo logstica no contexto do agronegcio brasileiro, com foco nas cadeias produtivas de soja e milho. Adicionalmente, busca identificar os principais gargalos logsticos ao escoamento da produo brasileira de gros, voltados exportao, e propor solues visando reduo de custos logsticos do pas. Para tanto, apresenta as perspectivas de transportadores, embarcadores e entidades governamentais e no governamentais relacionadas ao segmento. Ressalta-se que, embora as anlises realizadas busquem caracterizar a cadeia logstica de soja e milho como um todo, o destaque dado ao segmento de exportao desses produtos que possuem caractersticas comuns quanto infraestrutura, veculos e equipamentos necessrios sua movimentao. 1.2 Aspectos metodolgicos Desenvolvido com base no Plano CNT de Transporte e Logstica 2014 e em outras pesquisas desta Confederao, este documento conta com levantamento bibliogrfico complementar especializado. Destaque para os estudos desenvolvidos pela Agncia Nacional de Transportes Aquavirios (Antaq), pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), pelo Ministrio da Agricultura (Mapa), pelo Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC), pela Secretaria de Portos (SEP) e pelo Departamento Nacional de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), entre outros. Paramelhorcaracterizaralogsticadeescoamentodaproduobrasileiradegroseidentificarosprincipais entraves a esta cadeia produtiva, foram realizadas entrevistas com entidades de referncia, a exemplo de associaes de transportadores, federaes de agricultores e movimentos de apoio ao desenvolvimento da logstica para o agronegcio brasileiro. Posteriormente, foram ouvidos tambm os embarcadores, representantes dos agentes que comercializam a carga agrcola e que, na cadeia logstica, necessitam utilizar o transporte para a movimentao de seus produtos. Dentro do grupo de embarcadores, foram entrevistadas algumas das maiores cooperativas, trading companies9 e/ou esmagadoras de milho e soja que atuam nos principais estados produtores brasileiros. As entrevistas ocorreram pessoalmente ou por telefone, no perodo compreendido entre agosto e outubro de 2014. 9 Trading company a empresa comercial que atua como intermediria entre empresas fabricantes/produtoras de determinado produto e compradoras, numa operao de exportao ou de importao. 11. 10 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO Para a definio das empresas que seriam foco deste estudo, foi utilizado o relatrio mensal da Balana Comercial Brasileira publicado pelo Ministrio de Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior MDIC. No documento, que divulga as estatsticas do comrcio exterior, alm da anlise do desempenho mensal, dos valores acumulados de importao e exportao e dos principais parceiros comerciais, apresentado um ranking das principais empresas exportadoras do pas. Desse ranking publicado pelo MDIC de grandes exportadores do Brasil, foram identificadas aquelas empresas que possuem como atividade principal ou secundria a comercializao de soja ou milho. Dentre elas, foram selecionadas as dez que representaram, em 2014, 82,0% das exportaes realizadas, em US$ FOB, pelo grupo. A escolha das dez empresas a serem entrevistadas levou em considerao a orientao de Federaes e associao de agricultores dos maiores estados produtores. Deste universo, sete empresas aceitaram participar das entrevistas conduzidas pela CNT e contriburam para o desenvolvimento deste relatrio. 1.2.1 Caracterizao dos embarcadores entrevistados Na etapa do levantamento de informaes junto aos embarcadores, foram entrevistados os responsveis pelas reas logsticas de sete grandes empresas (tradings e esmagadoras) e cooperativas. As empresas entrevistadas atuam em todos os principais estados produtores brasileiros: Gois, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paran, Rio Grande do Sul e a regio do Matopiba (Maranho, Tocantins, Piau, e Bahia). Elas tambm possuem infraestruturas de processamento, transbordo e porturias em outros estados, a exemplo de Rondnia, Santa Catarina, Minas Gerais e So Paulo. Dovolumetotalcomercializadopelosembarcadoresentrevistados,emgeral,maisdametadedoquantitativo de soja destinado exportao, com mdia de 63,8%. Para aqueles que comercializam milho em gro, em mdia 70,3% do volume destinado ao mercado externo. Quanto aos derivados, o farelo de soja tambm tem destinao predominantemente externa: em mdia, 57,7% do volume comercializado direcionado a mercados estrangeiros. O leo e os derivados de milho so predominantemente comercializados no mercado domstico. 1.3 Estrutura do relatrio Este relatrio conta com esta introduo, que aborda os objetivos e aspectos metodolgicos do estudo, e outros quatro captulos. Ao final, apresenta-se a concluso do estudo e a exposio de informaes complementares referncias, apndices e anexos. Osegundocaptulocaracterizaaproduobrasileiradegros,enquantoqueoterceirotrazumpanoramada logstica de movimentao de gros do pas, contemplando, ainda, os resultados das entrevistas realizadas. Em seguida, abordada a evoluo dos investimentos no setor de transporte e as aes necessrias para promover uma logstica eficiente para o Brasil. Os principais entraves ao escoamento da safra de gros e os projetos de infraestrutura de maior relevncia para o setor so apresentados, por fim, no quinto captulo. As etapas metodolgicas do desenvolvimento do relatrio e a sua estrutura organizacional encontram-se detalhadas na Figura 1. 12. 11 1. INTRODUO Figura1- Etapasmetodolgicasdodesenvolvimentodoestudoeestruturadorelatrio Elaboraodorelatrio Estruturaodoprojeto Levantamentodasinformaes necessriasaodesenvolvimentodoestudo Realizaodasentrevistas Panoramadaproduode grosnoBrasil Caracterizaodalogstica deescoamentodaproduo degros PlanoCNTdeTransporte eLogstica PesquisaCNTdeRodovias PesquisaCNTdeFerrovias PesquisaCNTdo TransporteMartimo PesquisaCNTda NavegaoInterior PropostasdaCNTaos CandidatosPresidncia SondagemExpectativas EconmicasdoTransportador ProgramasAmbientais CNT/SEST/SENAT Estudosedadosdeoutras instituies,pblicaseprivadas Elaboraodosroteiros Realizaodasentrevistas Consolidaoeanlise dasinformaes Embarcadores Entidadesdereferncia Seleodosparticipantes InvestimentosprevistosnoPPA InvestimentosprevistosnaLOA Investimentosprivados PlanoCNTdeTransporte eLogstica Perspectivasde investimento Contexto Objetivos Aspectosmetodolgicos Estruturadorelatrio Introduo Evoluodaproduo Condiesnecessrias aoescoamento Principaisrotasdeescoamento Caracterizaodosmodaisde transporte,portoseterminais Principaisconcorrentes Destinaodaproduo brasileira Levantamentobibliogrfico Fonte:ElaboraoCNTcomdadosdaConab Principaisentravesesolues Conclusodoestudo Gargalosdosistemalogsticobrasileiro (institucionais,deinfraestruturae operao)eproposiodesolues Anovalogsticadoagronegcio Elaboraodorelatrio Estruturaodoprojeto Levantamentodasinformaes necessriasaodesenvolvimentodoestudo Realizaodasentrevistas Panoramadaproduode grosnoBrasil Caracterizaodalogstica deescoamentodaproduo degros PlanoCNTdeTransporte eLogstica PesquisaCNTdeRodovias PesquisaCNTdeFerrovias PesquisaCNTdo TransporteMartimo PesquisaCNTda NavegaoInterior PropostasdaCNTaos CandidatosPresidncia SondagemExpectativas EconmicasdoTransportador ProgramasAmbientais CNT/SEST/SENAT Estudosedadosdeoutras instituies,pblicaseprivadas Elaboraodosroteiros Realizaodasentrevistas Consolidaoeanlise dasinformaes Embarcadores Entidadesdereferncia Seleodosparticipantes InvestimentosprevistosnoPPA InvestimentosprevistosnaLOA Investimentosprivados PlanoCNTdeTransporte eLogstica Perspectivasde investimento Contexto Objetivos Aspectosmetodolgicos Estruturadorelatrio Introduo Evoluodaproduo Condiesnecessrias aoescoamento Principaisrotasdeescoamento Caracterizaodosmodaisde transporte,portoseterminais Principaisconcorrentes Destinaodaproduo brasileira Levantamentobibliogrfico Fonte:ElaboraoCNTcomdadosdaConab Principaisentravesesolues Conclusodoestudo Gargalosdosistemalogsticobrasileiro (institucionais,deinfraestruturae operao)eproposiodesolues Anovalogsticadoagronegcio 13. 2Captulo 14. PANORAMA DA PRODUO DE GROS NO BRASIL 15. 14 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO 30t AM RO AC MT AP RR MA TO GO MS SP PR SC RS MG ES RJ BA PI CE RN PB PE AL SE PA DF AC 105 AL 28 AM 30 AP 2 BA 7.516 CE 429 DF 974 ES 52 GO 16.461 MA 3.842 MG 11.147 MS 15.449 MT 45.370 PA 1.266 PB 37 PE 86 PI 2.893 PR 31.854 RJ 8 RN 15 RO 1.159 RR 58 RS 19.432 SC 4.940 SE 1.058 SP 5.793 TO 2.972 2 45.370 t Produo (mil toneladas) Fonte:ElaboraoCNTcomdadosdaConab 2. PANORAMA DA PRODUO DE GROS NO BRASIL No ano 2000, o pas produziu pouco mais de 100 milhes de toneladas de gros, quantidade que foi superada em 101,6% em 2014. Na safra de 2013/14, foram produzidas 193,4 milhes de toneladas e as previses de mercado apontam que esse nmero deve crescer at 3,4% na safra 2014/15, alcanando at 202,2 milhes de toneladas10 de gros11 e garantindo novo recorde de produo ao Brasil. Soja e milho so as culturas de maior representatividade na produo nacional de gros. Em 2014, o volume produzido nessas duas lavouras teve uma participao de 85,8% no total de gros produzidos no pas. A preferncia pelo cultivo da soja e do milho pode ser explicada pelas caractersticas edafoclimticas12 favorveis,pelaaltarentabilidadeepelacrescentedemandainternaeexternaporessesgros.Adistribuio da produo brasileira de milho e soja apresentada na Figura 2 e sua evoluo nos Anexos. Figura2DistribuiodaproduodesojaemilhonoBrasilsafra2014/2015(emmiltoneladas) 10 Os nmeros so do 5 Levantamento da safra 2014/15 de gros da Conab e estimam o crescimento da produo com base na inteno de plantio dos agricultores. Dessa forma, os valores podem sofrer alteraes e revises ao longo do ano de 2015. 11 O termo gros compreende caroo de algodo, amendoim, arroz, aveia, canola, centeio, cevada, feijo, girassol, mamona, milho, soja, sorgo, trigo e triticale. 12 As condies edafoclimticas referem-se a aspectos climticos e de solo de uma especfica regio geogrfica. 30t AM RO AC MT AP RR MA TO GO MS SP PR SC RS MG ES RJ BA PI CE RN PB PE AL SE PA DF AC 105 AL 28 AM 30 AP 2 BA 7.516 CE 429 DF 974 ES 52 GO 16.461 MA 3.842 MG 11.147 MS 15.449 MT 45.370 PA 1.266 PB PE 8 PI 2.89 PR 31.85 RJ RN RO 1.15 RR 5 RS 19.43 SC 4.94 SE 1.05 SP 5.79 TO 2.9 2 4 Produo (mil toneladas) Fonte:ElaboraoCNTcomdadosdaConab 16. 15 2. PANORAMA DA PRODUO DE GROS NO BRASIL O Brasil o segundo maior produtor de soja do mundo13 e o terceiro maior produtor de milho14 . Atualmente, o pas considerado o segundo maior exportador de soja, ultrapassando os Estados Unidos (Tabela 1), seu principal concorrente no mercado de commodities, e o segundo maior exportador de milho, ficando atrs apenas dos exportadores norte-americanos (Tabela 2). Tabela 1 - Principais concorrentes do Brasil nas exportaes de soja, por pas (em milhes de toneladas) 13 O maior produtor de soja do mundo os Estados Unidos. O pas tem uma produo de 91,4 milhes de toneladas na safra 2013/2014, valor que supera a brasileira em 4,7 milhes de toneladas. Em terceiro lugar est a Argentina, que produziu 54 milhes de toneladas na safra 2013/2014. 14 O Brasil ocupa a terceira posio no ranking mundial de produo de milho (79,5 milhes de toneladas), atrs de Estados Unidos (351,3 milhes de toneladas) e China (218,5 milhes de toneladas). Tabela 2 - Principais concorrentes do Brasil nas exportaes de milho, por pas (em milhes de toneladas) PAS 2000/2001 2005/2006 2010/2011 2013/2014 2014/2015* Total 53,9 63,9 91,7 112,7 117,1 Subtotal 53,2 62,5 88,3 107,3 110,9 Estados Unidos 27,1 25,6 41,0 44,8 48,7 Brasil* 15,5 25,9 30,0 46,8 46,0 Argentina 7,3 7,3 9,2 7,8 8,0 Paraguai 2,5 2,4 5,2 4,4 4,5 Canad 0,8 1,3 2,9 3,5 3,7 Outros 0,7 1,4 3,4 5,4 6,2 *Os valores divulgados pelo MDIC para as exportaes de soja e de milho diferem dos do USDA por serem coletados em perodos diferentes. Segundo o rgo brasileiro, as exportaes brasileiras da oleaginosa alcanaram 45,7 milhes de toneladas em 2014. Fonte: Elaborao CNT com dado do USDA PAS 2000/2001 2005/2006 2010/2011 2013/2014 2014/2015* Total 76,8 81,0 91,3 130,6 115,2 Subtotal 65,7 70,8 76,3 110,9 98,0 Estados Unidos 49,3 54,2 46,5 48,7 44,5 Brasil* 6,3 4,5 8,4 21,5 19,5 Ucrnia 0,4 2,5 5,0 20,0 18,0 Argentina 9,7 9,5 16,4 16,5 13,5 Rssia 0,0 0,1 0,0 4,2 2,5 Outros 11,1 10,2 15,0 19,7 17,2 *Os valores divulgados pelo MDIC para as exportaes de soja e de milho diferem dos do USDA por serem coletados em perodos diferentes. Segundo o rgo brasileiro, as exportaes brasileiras de milho foram de 20,6 milhes de toneladas em 2014. Fonte: Elaborao CNT com dados do USDA 17. 16 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO At a dcada de 1960, os Estados da regio Sul, por suas condies climticas e fertilidade dos solos, concentraram a produo agropecuria do Brasil. Contudo, as melhorias das tcnicas de tratamento do solo tornaram produtivas as reas de cerrado antes tidas como inviveis. A evoluo tecnolgica, aliada a uma poltica de incentivos ocupao da regio Centro-Oeste do pas, tornou possvel a expanso da fronteira agrcola. Em 2014, Mato Grosso, Paran, Rio Grande do Sul, Gois e Mato Grosso do Sul produziram mais de 69,2 milhes de toneladas de soja, sendo responsveis por 80,4% da produo nacional da oleaginosa, enquanto a produo de milho nesses estados somou 55,6 milhes de toneladas, concentrando 69,5% do total nacional. Conhecida como Matopiba, a regio formada pelos estados de Maranho, Tocantins, Piau e Bahia a mais recente rea de expanso agrcola do Brasil e possui uma dinmica diferenciada de crescimento (Tabela 3). A disponibilidade de terras a preos abaixo dos praticados no mercado em reas tradicionais de plantio e o seu alto potencial produtivo so alguns dos fatores que tornam essa regio atrativa para a produo de soja e milho. Tabela 3 - Projeo de produo de gros*- Brasil e Matopiba Entre 2000/01 e 2014/15, a produtividade brasileira de soja no pas apresentou incremento de 10,3%, enquanto a das lavouras de milho experimentou um crescimento de 57,8% no mesmo perodo. Atualmente, o Brasil possui a segunda maior produtividade mdia mundial no cultivo da soja, podendo colher at 3,0 t/ha, e o sexto maior ndice de produtividade de milho dentre os dez maiores produtores mundiais, cerca de 5,1 t/ha15 . Esses nmeros podem apresentar crescimento nos prximos anos com a nova expanso da fronteira agrcola para a regio Nordeste do pas, que vem apresentando ganhos de produtividade. No Brasil, o mercado interno o principal destino da produo agrcola. Do volume produzido de milho no pas, cerca de 76,5% ficam no mercado interno para consumo ou manuteno de estoques16 . J para a soja em gros, a proporo entre o que consumido internamente e o que exportado mais balanceada. Em 2014, foram exportados 45,7 milhes de toneladas17 de gros da oleaginosa, o que representa 52,1% da produo brasileira (Tabela 4). No que se refere aos derivados, verifica-se que o maior percentual destinado ao consumo do mercado interno. 15 O ranking de produtividade completo encontra-se nos Anexos. 16 Vide nota 3. 17 Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Regio Produo (em milhes de t) rea Plantada (em milhes de ha) 2013/14 2023/24 Cresc. (%) 2013/14 2023/24 Cresc. (%) Brasil 193,6 252,4 30,4% 56,9 67,0 17,8% MATOPIBA 18,6 22,6 21,4% 7,3 8,4 16,3% Part. (%) 9,6% 8,9% - 12,8% 12,5% - *O termo gros compreende as produes: caroo de algodo, amendoim, arroz, aveia, canola, centeio, cevada, feijo, girassol, mamona, milho, soja, sorgo, trigo e triticale. Fonte: Elaborao CNT com dados do Mapa 18. 17 2. PANORAMA DA PRODUO DE GROS NO BRASIL Tabela 4 - Destinao da produo brasileira de produtos selecionados do agronegcio (em mil toneladas) Milho 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14* 2014/15** Part. 2013/2014 % Disponibilidade de oferta 63.760 79.717 87.931 89.111 93.189 100,0% Consumo interno 48.485 51.889 53.498 53.906 55.000 60,5% Exportao 9.312 22.314 26.174 20.914 20.500 23,5% Estoque final 5.963 5.514 8.258 14.292 17.689 16,0% Soja em gro 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14* 2014/15** Part. 2013/2014 % Disponibilidade de oferta 77.973 69.666 82.226 87.661 96.862 100,0% Consumo interno 41.970 36.754 38.524 39.936 44.200 45,6% Exportao 32.986 32.468 42.792 45.691 47.790 52,1% Estoque final 3.017 444 910,3 2.034 4.872 2,3% Farelo de soja 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14* 2014/15** Part. 2013/2014 % Disponibilidade de oferta 31.372 29.290 28.212 29.216 32.571 100,0% Consumo interno 13.758 14.051 14.000 14.500 14.800 49,6% Exportao 14.355 14.289 13.334 13.716 14.800 46,9% Estoque final 3.259 950 878,8 1.000 2.971 3,4% leo de soja 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14* 2014/15** Part. 2013/2014 % Disponibilidade de oferta - 7.284 7.107 7.421 8.628 100,0% Consumo interno 5.528 5.328 5.500 5.500 6.500 74,1% Exportao 1.741 1.757 1.363 1.289 1.350 17,4% Estoque final 692 199 244,4 632 778 8,5% *Previso **Projeo Fonte: Elaborao CNT com dados da Conab 19. 18 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO Os destinos tradicionais das exportaes brasileiras de soja, milho e derivados so os mercados europeu e asitico. A Unio Europia absorveu 39,4% do farelo de soja exportado e 11,8% da soja em gros. A China, por sua vez, comprou 62,9% da soja em gros exportada e 30,1% do total exportado de leo de soja. O milho direcionado para o Ir, o Vietn e a Coreia do Sul, que consomem, conjuntamente, 47,2% do volume exportado desse gro em 2014 (Tabela 5). A China , hoje, o principal parceiro comercial do Brasil. Sua crescente demanda por commodities consagrou o pas asitico como o maior destino das exportaes do agronegcio brasileiro, com uma participao de 22,8% no ano de 2014. A elevada participao do mercado chins nas relaes comerciais brasileiras torna importante explorar novas rotas de escoamento que permitam a reduo das distncias econmicas e, assim, reduzam o peso do frete no custo da soja e do milho brasileiro que entram nesse importante mercado. Tabela 5 - Principais destinos das exportaes brasileiras de produtos selecionados Pases de Destino 2004 2014 Crescimento 2004/14 Part. (%)Valor (US$ milhes) Peso (mil t) Valor (US$ milhes) Peso (mil t) Valor Peso Exportaes de milho Ir 155 1.305 877 4.699 465,8% 260,1% 22,6% Vietn 0 0 600 3.185 N/A N/A 15,5% Coreia do Sul 165 1.450 354 1.900 114,5% 31,0% 9,1% Subtotal 320 2.754 1.831 9.784 472,2% 255,3% 47,2% Demais pases 262 2.264 2.045 10.855 680,5% 379,5% 52,8% Total 582 5.019 3.876 20.639 566,0% 311,2% 100,0% Exportaes de soja em gro China 1.622 5.678 16.615 32.664 924,4% 475,3% 62,9% Unio Europeia 28* 2.557 9.208 3.123 6.135 22,1% -33,4% 11,8% Tailndia 95 327 626 1.244 558,9% 280,4% 2,4% Subtotal 4.273 15.213 20.365 40.044 376,6% 163,2% 77,1% Demais pases 3.672 13.233 6.032 11.780 64,3% -11,0% 22,9% Total 7.945 28.445 26.396 51.824 232,2% 82,2% 100,0% Exportaes de farelo de soja Unio Europeia 28* 2.478 11.073 4.549 8.829 84,0% -20,0% 39,4% Indonsia 100 417 716 1.386 616,0% 232,0% 6,2% Tailndia 136 593 606 1.217 346,0% 105,0% 5,2% Subtotal 2.714 12.083 5.871 11.433 116,0% -5,0% 50,8% Demais pases 3.035 13.476 5.679 11.113 87,0% -18,0% 49,2% Total 5.748 25.559 11.550 22.546 101,0% -12,0% 100,0% 20. 19 2. PANORAMA DA PRODUO DE GROS NO BRASIL Mesmo diante desse cenrio do agronegcio brasileiro, as perspectivas so de que a produo cresa ainda mais. A previso de que, em dez anos, sejam adicionados, aproximadamente, 56,9 milhes de toneladas de soja e milho no mercado brasileiro, de acordo com as projees do Mapa. Isso significa que, at a safra de 2023/2024, a safra desses gros dever apresentar um incremento em torno de 34,7%. As grandes quantidades produzidas e exportadas de soja e milho demandam uma logstica eficiente para sua movimentao, seja para o mercado interno ou externo. Porm, o que se verifica que o escoamento desses gros enfrenta diversas dificuldades para alcanar o seu destino final, consequncia de uma infraestrutura inadequada realidade nacional. O panorama da logstica brasileira utilizada no escoamento destes produtos apresentado no prximo captulo. Continuao | Tabela 5 Pases de Destino 2004 2014 Crescimento 2004/14 Part. (%)Valor (US$ milhes) Peso (mil t) Valor (US$ milhes) Peso (mil t) Valor Peso Exportaes de leo de soja ndia 142 271 367 424 158,0% 56,0% 32,4% China 493 883 340 396 -31,0% -55,0% 30,1% Bangladesh 51 95 88 106 73,0% 12,0% 7,8% Subtotal 686 1.248 794 926 16,0% -26,0% 70,3% Demais pases 736 1.346 337 380 -54,0% -72,0% 29,7% Total 1.422 2.594 1.131 1.307 -20,0% -50,0% 100,0% *AterminologiaUnioEuropeia28serefereaoblocoeconmicoqueabrange28paseseuropeus,a saber:ustria,Blgica,Bulgria,Chipre,Crocia,Dinamarca,Estnia, Finlndia,Frana,Alemanha,Grcia,Hungria,Irlanda,Itlia,Letnia,Litunia,Luxemburgo,Malta,PasesBaixos,Polnia,Portugal,Repblica Tcheca,Romnia,Eslovquia, Eslovnia,Espanha,SuciaeReinoUnido. Fonte: Elaborao CNT com dados do Agrostat/Mapa 21. 3Captulo 22. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS 23. 22 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO 3. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS A logstica o conjunto de atividades que integram e racionalizam as funes sistmicas desde o fornecimento de insumos at a produo e a distribuio de mercadorias, facilitando os fluxos de produtos e de informaes relativas a eles. Nesse sentido, o transporte, a disponibilizao de produtos e o processamento de pedidos so atividades essenciais do segmento logstico. Os custos associados s atividades logsticas so discriminados como custos logsticos. Como qualquer outro custo, eles so computados para a determinao do preo do bem ou servio, de forma que, quanto mais elevados, maior a sua participao no valor final da produo. Assim, o seu impacto mais significativo em setores cujos produtos so de baixo valor agregado. Commodities agrcolas como a soja e o milho, por suas caractersticas, constituem um bom exemplo dessa relao. O setor agropecurio produz grandes volumes que precisam ser deslocados das reas produtoras aos centros de consumo, de processamento ou de exportao. A movimentao dessa grande quantidade de mercadorias por longas distncias, no Brasil, faz com que o custo total do servio seja elevado. O fato de a mercadoria possuir baixo valor agregado tambm traduz-se em outra dificuldade. No mercado interno, onde h poder de formao de preos das commodities, a adio dos gastos com logstica resulta no aumento do preo e perda de competitividade dos produtos de uma regio frente produo oriunda de localidades mais prximas do mercado consumidor e com maior disponibilidade de infraestrutura logstica. J para as mercadorias destinadas exportao, esses custos se refletem na diminuio do valor recebido pelo produtor. Isso ocorre porque no possvel embutir os custos logsticos no preo final do produto, uma vez que este formado na Bolsa de Chicago18 . Nesse sentido, as atividades logsticas tm relao direta com a competitividade dos produtos agrcolas do pas, de modo que as caractersticas favorveis observadas no segmento produtivo s se convertem em vantagens competitivas se houver um sistema logstico eficiente, que no anule os diferenciais de produtividade19 . Assim, o aproveitamento do potencial agrcola brasileiro, que elevado, est diretamente relacionado disponibilidade e qualidade da infraestrutura logstica existente e aos custos dela decorrentes. E, nesse quesito, a produo brasileira penalizada devido aos gargalos existentes. Os problemas logsticos do Brasil esto associados carncia e m qualidade da infraestrutura, a uma inadequada distribuio modal, falta de incentivo para a inter ou multimodalidade20 e concentrao geogrfica das estruturas disponveis, que leva saturao da capacidade de escoamento de determinadas regies. Como resultado, as vantagens comparativas observadas nos aspectos produtivos so suprimidas pelos custos derivados da ineficincia logstica do pas. 18 A Bolsa de Chicago a mais antiga e a que movimenta o maior nmero de contratos de commodities agrcolas no mundo. Dada grande variabilidade dos preos das commodities, a bolsa negocia contratos padronizados que estabelecem a quantidade e a qualidade das mercadorias que devero ser entregues, a um preo determinado, de forma a conferir maior estabilidade e capacidade de planejamento aos produtores. 19 Lazzarini e Nunes (1998 apud MAPA, 2007). 20 O Transporte Multimodal de Cargas definido pela Lei n 9.611, de 19 de fevereiro de 1998, como sendo aquele que, regido por um nico contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem at o destino, e executado sob a responsabilidade nica de um Operador de Transporte Multimodal. A intermodalidade, por sua vez, diferencia-se pela emisso individual de documento de transporte para cada modal, bem como pela diviso de responsabilidade entre os transportadores. 24. 23 3. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS 3.1 Condies necessrias ao escoamento da produo de gros 3.1.1 O fluxo logstico de distribuio de gros O escoamento da produo de gros, no Brasil, ocorre em duas etapas. A primeira delas compreende o transporte dos produtos, aps a colheita, diretamente da lavoura para o armazm na propriedade rural ou para os armazns pblicos, de cooperativas ou de tradings, realizado por via rodoviria. Trata-se de um transporte pulverizado, de custo geralmente elevado em virtude da ausncia de pavimentao em grande parte das estradas rurais brasileiras. A segunda etapa contempla o transporte dos armazns, por rodovias, at a indstria de processamento, de onde os derivados so destinados ao mercado interno, tambm por rodovias, ou ao mercado externo, por rodovias, ferrovias ou hidrovias21 . No caso da exportao dos gros no processados, a produo segue do armazm para os portos, sendo transportada por rodovias, ferrovias, hidrovias ou combinaes desses modais. Nesse caso, o deslocamento costuma se caracterizar pelas longas distncias percorridas e pelo maior transit time22 , sobretudo devido concentrao da produo em reas distantes dos portos de exportao, a exemplo da produo originada no Centro-Oeste do pas, escoada por terminais do Sul e Sudeste devido ausncia de vias de escoamento pela regio Norte. Por vezes, em razo da falta de armazns ou por opo do produtor ou embarcador (dadas as condies de oferta e demanda do mercado), a safra colhida pode seguir, diretamente, da propriedade rural para o porto de destino; ou ainda, para a indstria de processamento que, geralmente, faz a manuteno do seu estoque nas proximidades das suas instalaes. A Figura 3 mostra o fluxo logstico de distribuio da produo, desde os pontos de origem (propriedades rurais) at os portos ou indstrias de processamento. Figura 3 Logstica da distribuio de gros e derivados no Brasil 21 No Brasil, o uso da ferrovia e da hidrovia quase que exclusivo para movimentao de produtos destinados exportao. Quando se trata de distribuio interna envio para processamento , a modalidade disponvel unicamente a rodoviria, por causa da baixa capacidade dos outros modais para atender demanda e, tambm, pela concentrao da infraestrutura disponvel em rotas exportadoras. 22 Transit time o perodo compreendido entre a entrega das mercadorias ao transportador e a chegada destas para o local de destino. Produo Armazm Agroindstria Porto Mercado Interno Fonte:ElaboraoCNT 25. 24 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO Para que o fluxo logstico de distribuio funcione adequadamente, so essenciais pontos de interligao e conectividade entre as modalidades de transporte, desde a origem at o destino dos deslocamentos. Esse papel exercido, sobretudo, pelos terminais de transbordo23 , armazns e terminais porturios. Tais infraestruturas podem ser pblicas ou privadas, operadas pelos prprios embarcadores ou terceiros. Empresas ou cooperativas de maior porte, em geral, possuem e operam esse tipo de infraestrutura. Entre os embarcadores entrevistados durante a realizao do estudo, todos informaram possuir e operar algum tipo de infraestrutura logstica prpria (as quantidades apontadas pela totalidade dos embarcadores entrevistados so apresentadas no Grfico 1). Em geral, dispor e operar uma infraestrutura prpria propicia, segundo relato dos prprios embarcadores, menores custos e menores tempos dispendidos nas atividades logsticas. Grfico1Disponibilidadedeinfraestruturaslogsticasprpriaspelosembarcadoresentrevistados 3.1.2 As especificidades do transporte de gros e a relevncia da multimodalidade Os granis agrcolas, como o milho e a soja, caracterizam-se pela comercializao em elevados volumes e pelo transporte em grandes distncias entre origem e destino final, dada a separao fsica entre ofertantes e demandantes em transaes de nvel global. Por isso, requerem sistemas logsticos de grande capacidade e baixo custo unitrio. Confirmando a importncia do custo para o desempenho dessa atividade econmica, durante o estudo, o principal motivo apontado como definidor da escolha modal para o transporte da produo foi o custo do frete, mencionado por 85,7% dos embarcadores entrevistados. Como segunda principal razo, foi citada a oferta de transporte (42,9%). Os motivos para a escolha modal e a quantidade de embarcadores que o apontaram so apresentados no Grfico 2. 23 O transbordo consiste em transferir mercadorias de um veculo de transporte para outro. 1.275 Armazm 17 Estaodetransbordo 9 Terminalmartimo Fonte:ElaboraoCNT 1.275 Armazm 17 Estaodetransbordo 9 Terminalmartimo Fonte:ElaboraoCNT 26. 25 3. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS Grfico 2 Razes para a escolha modal pelos embarcadores entrevistados Dadas as especificidades dos produtos, o transporte de soja e milho do ponto de origem at o porto realizado por trs diferentes modais: rodovirio, ferrovirio e hidrovirio. Entre os embarcadores entrevistados, todos utilizam rodovias, 85,7% usam as ferrovias e 71,4% utilizam hidrovias. Em termos de eficincia, os modos hidrovirio e ferrovirio so mais adequados para esses tipos de produtos, devido elevada capacidade e aos menores custos incorridos nas grandes distncias percorridas, sobretudo nos trajetos de exportao, com destino aos portos. O modo rodovirio, por sua vez, apresenta caractersticas menos favorveis ao deslocamento de granis nas grandes distancias, situao em que ele atualmente utilizado. Tal fato se deve menor capacidade de carga por veculo, o que, no somatrio da movimentao, resulta em uma menor eficincia energtica e maiores custos. Com vantagens competitivas em trajetos mais curtos, o transporte rodovirio mais vantajoso, na comparao com o ferrovirio e o hidrovirio, em casos em que a origem e o destino da carga encontrem-se em distncias prximas. Apesar das caractersticas pouco favorveis sua utilizao isolada no transporte de commodities agrcolas, as rodovias so predominantes na matriz de escoamento da produo brasileira. Elas favorecem a utilizao majoritria do modo rodovirio, no caso brasileiro, a baixa densidade da malha ferroviria e o pouco aproveitamento das hidrovias, em funo da falta de intervenes que garantam a navegabilidade dos rios no pas. Ademais, a oferta de transportadores ferrovirios e hidrovirios costuma ser insuficiente para suprir a demanda no perodo de pico, devido alta procura e concorrncia com cargas de frete mais elevado. Para fins de comparao, a Tabela 6 mostra a matriz de escoamento da safra de soja dos trs principais pases produtores e exportadores desse produto (Brasil, Argentina e Estados Unidos). Segundo estimativas da Associao Brasileira das Indstrias de leos Vegetais (Abiove), no Brasil, 65,0% da produo brasileira de soja movimentada por rodovias; na Argentina esse modal tambm predomina, com 84,0% e, nos Estados Unidos, a maior participao das hidrovias, com 49,0% da movimentao total. Nota:osentrevistadospuderamselecionarmaisdeumaalternativa Fonte:ElaboraoCNT Menorcustodofrete Maiorofertadetransporte Maiorseguranadecarga Menortransittime Maiordisponibilidadedeinfraestrutura Melhorqualidadedainfraestrutura Menornveldeperdas/avarias Maiorconfiabilidadedosprazos 85,7 42,9 28,6 28,6 28,6 28,6 14,3 14,3 Nota:osentrevistadospuderamselecionarmaisdeumaalternativa Fonte:ElaboraoCNT Menorcustodofrete Maiorofertadetransporte Maiorseguranadecarga Menortransittime Maiordisponibilidadedeinfraestrutura Melhorqualidadedainfraestrutura Menornveldeperdas/avarias Maiorconfiabilidadedosprazos 85,7 42,9 28,6 28,6 28,6 28,6 14,3 14,3 27. 26 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO Tabela 6 - Matriz de transporte da soja: principais produtores e exportadores (%) Tabela 6 Item Brasil Argentina Estados Unidos* Participao aproximada do transporte hidrovirio (%) 9,0 3,0 49,0 Participao aproximada do transporte ferrovirio (%) 26,0 13,0 31,0 Participao aproximada do transporte rodovirio (%) 65,0 84,0 20,0 Distncia mdia ao porto (km) +/- 1000 +/- 300 +/- 1000 *Segundo informado pela Abiove, os dados apresentados para os Estados Unidos se referem a 2011; os demais se referem a 2013. Fonte Elaborao CNT com dados da Abiove Na Argentina, apesar de o modo rodovirio representar 84,0% da matriz de transporte da soja, as distncias mdias de transporte das regies produtoras at os portos so de 250 a 300 km, fazendo com que essa modalidade de transporte seja mais vantajosa. J nos Estados Unidos, cujas distncias entre as reas produtoras e os portos de exportao so semelhantes s brasileiras, o modal utilizado , predominantemente, o hidrovirio, que responde por 49,0% da matriz de escoamento da soja, seguida do transporte ferrovirio, com 31,0%. BOX 01 - A intermodalidade pode reduzir o custo do transporte A integrao do sistema de transporte brasileiro propiciaria uma maior eficincia aos deslocamentos das mercadorias pelo territrio nacional. O uso sistemtico da intermodalidade no pas promoveria essa mudana benfica tanto para transportadores como para os consumidores, uma vez que a utilizao de mais de um modal na movimentao de cargas pelo territrio brasileiro permitiria a reduo dos custos e do tempo dispendido para a realizao da atividade. As vantagens da intermodalidade so obtidas pela utilizao do modal mais adequado ao tipo de carga, aumentando a produtividade do servio. As distncias a serem percorridas e o volume so variveis que influenciam a escolha do modal, como pode ser observado na Figura A. Figura A Comparativo entre os modais tonelagem, distncia e tipos de mercadorias TONELAGEM DISTNCIA MERCADORIA Mdia Alta Pequena Mdia/Grande Mdiovaloragregado Baixo/Mdio valoragregado Alta Mdia/Grande Baixo/Mdio valoragregado Fonte:ElaboraoCNT 28. 27 3. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS O benefcio obtido com a intermodalidade evidenciado pelas simulaes apresentadas na Figura B. Partindo do municpio de Lucas do Rio Verde (MT), so calculados os valores totais para transportar uma tonelada aos portos de Santos (SP), Paranagu (PR), Itacoatiara (AM) e Santarm (PA). Tomando as rotas com destino a Santos (SP), tem-se que no escoamento que utiliza a integrao rodovirio e ferrovirio esse valor de R$ 0,10/tkm, enquanto naquele realizado exclusivamente por rodovias tem frete mdio de R$ 0,12/tkm. Ou seja, h um acrscimo de 20,0% na rota exclusivamente rodoviria. Os benefcios na utilizao da navegao interior so ainda maiores. Escoando soja e milho de Lucas do Rio Verde (MT) para Santarm (PA), a utilizao de uma maior extenso hidroviria permitiria reduo de 33,3% no custo por tonelada-quilmetro. Assim, possvel verificar que a execuo de investimentos para adequar as condies de navegao na Hidrovia Teles Pires-Tapajs reduziria o custo de escoamento da safra de soja e milho e traria outros benefcios ao intensificar a utilizao dos portos do Norte do pas. Vale destacar que medidas adotadas no sentido de promover a eficincia no transporte trazem benefcios que repercutem positivamente sobre a atividade econmica tanto do agronegcio quanto dos demais segmentos econmicos. Figura B Resultado das simulaes: comparao de custos de transporte 1.113km R$133,36p/tonelada R$167,49p/tonelada R$248,69p/tonelada R$258,72p/tonelada R$216,63p/tonelada R$227,80p/tonelada 1.260km NovaCanadoNorte(PA) Rondonpolis(MT) 322km 589km 2.278km 1.555km 1.425km 280km Fonte:ElaboraoCNT Rotano utilizada atualmente Nota: ArotaentreLucasdoRioVerdeeSantarmviaNovaCanadoNortenoatualmenteutilizadapelaausnciadeeclusasquepossibilitemanavegao. 1.519km 2.165km PortoVelho(RO) Miritituba(PA) LucasdoRio Verde(MT) Santarm(AM) Itacoatiara(AM) Paranagu(PR) Santos(SP) 1.113km R$133,36p/tonelada R$167,49p/tonelada R$248,69p/tonelada R$258,72p/tonelada R$216,63p/tonelada R$227,80p/tonelada 1.260km NovaCanadoNorte(PA) Rondonpolis(MT) 322km 589km 2.278km 1.555km 1.425km 280km Fonte:ElaboraoCNT Rotano utilizada atualmente Nota: ArotaentreLucasdoRioVerdeeSantarmviaNovaCanadoNortenoatualmenteutilizadapelaausnciadeeclusasquepossibilitemanavegao. 1.519km 2.165km PortoVelho(RO) Miritituba(PA) LucasdoRio Verde(MT) Santarm(AM) Itacoatiara(AM) Paranagu(PR) Santos(SP) 29. 28 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO 3.2 Principais rotas de escoamento da produo Os fluxos de escoamento da produo de gros refletem a concentrao da infraestrutura direcionada s regies Sul e Sudeste do Brasil. Embora, no passado, essas localidades tenham constitudo as principais origens da produo brasileira de soja e milho, nos ltimos 30 anos a fronteira agrcola se deslocou para o Centro-Oeste do pas e, mais recentemente, para o Norte e Nordeste, notadamente na regio do Matopiba. Ainfraestruturalogsticabrasileira,noentanto,noacompanhouessedeslocamento,demodoqueosistema atual no propicia diversidade de alternativas de escoamento s novas fronteiras agrcolas, sobretudo no Centro-Oeste. No que se refere s rodovias, a maior densidade est concentrada na regio costeira, no Sul e Sudeste, ou no litoral nordeste brasileiro. Considerando apenas a malha pavimentada (federal, estadual e municipal), as regies Sudeste e Nordeste concentram os maiores percentuais de rodovias em relao ao total do pas (30,1% e 27,8%); enquanto Centro-Oeste e Norte tm participao inferior (14,1% e 10,1%). A regio Sul, por sua vez, possui 17,8%24 . Quanto s ferrovias, apenas a Ferrovia Norte-Sul (FNS) possibilita a movimentao da produo pelo Norte/Nordeste. Entretanto, por se tratar de uma ferrovia ainda em construo e pela pouca capacidade de escoamento dos portos do Arco Norte25 , a movimentao na FNS atualmente pouco significativa. A Ferrovia Transnordestina, embora tambm esteja localizada no Nordeste, no atende s regies produtoras de soja e milho. Todos os demais trechos ferrovirios direcionam o escoamento ao Sul e Sudeste do pas. No que tange navegao interior, pouco se investiu para tornar navegveis os rios fora do eixo Tiet- Paran. Hoje, a principal referncia hidroviria no escoamento pelo Norte e Nordeste o rio Madeira, utilizado dadas as suas condies naturais de navegabilidade. Potenciais hidrovias de escoamento, como a Teles Pires-Tapajs e a Tocantins-Araguaia, necessitam de eclusas, dragagens e derrocamentos26 . Com relao aos portos, as maiores capacidades de movimentao de granis slidos agrcolas so tambm dos portos do Sul e Sudeste. Estes contam, ainda, com infraestruturas capazes de fomentar a movimentao de fretes de retorno, ainda no viabilizados em terminais do chamado Arco Norte. A Figura 4 (A, B, C e D) apresenta a atual distribuio da infraestrutura logstica no territrio nacional. 24 Dados do Sistema Nacional de Viao (SNV) atualizados em janeiro de 2015. 25 Arco Norte a expresso utilizada para denominar os portos das regies Norte e Nordeste do Brasil, desde Itacoatiara, no Amazonas, at Ilhus, na Bahia. 26 Para fins de comparao da distribuio da infraestrutura hidroviria existente, enquanto em rios de So Paulo e Rio Grande do Sul existem atualmente 14 eclusas (ou sistemas de eclusas), o Nordeste conta com apenas 1 e outra em construo e o Norte, tambm 1 e outra em construo. 30. 29 3. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS Figura 4 Distribuio geogrfica da infraestrutura logstica no Brasil: rodovias, ferrovias, vias interiores e portos Para otimizar a anlise do escoamento da produo brasileira de gros que ser apresentada a seguir, foram definidas as principais rotas utilizadas para o transporte da soja e do milho destinados exportao. Elas foram definidas tendo como origem os principais estados produtores e como destinos os portos que atendem a navegao de longo curso. No caso dos estados do Centro-Oeste e do Matopiba, a anlise foi desenvolvida por regio por haver uma logstica de escoamento comum. (A) Rodovias pavimentadas (B) Ferrovias (C) Vias interiores (D) Portos Fonte:ElaboraoCNT (A) Rodovias pavimentadas (B) Ferrovias (C) Vias interiores (D) Portos Fonte:ElaboraoCNT 31. 30 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO 3.2.1 Rotas de escoamento da produo de gros da regio Centro-Oeste Em 2014, 87,6% da produo de soja, milho e farelo de soja dos estados do Centro-Oeste do pas foi escoada por terminais porturios de So Paulo, Esprito Santo, Paran e Santa Catarina. No Mato Grosso, o escoamento se concentra nos portos de Santos (SP), Vitria (ES) e Paranagu (PR); em Mato Grosso do Sul, os destaques so Paranagu (PR) e So Francisco do Sul (SC); e, em Gois, os portos de Santos (SP) e Vitria (ES) movimentam volumes mais significativos (Tabela 7). Tabela 7 - Exportaes de soja, milho e farelo de soja provenientes do Mato Grosso por porto, em 2014 (em mil toneladas) Tabela 7 Origem Porto de destino Milho Soja Farelo Total % em relao origem Centro- Oeste Total 15.337,0 19.965,3 5.939,1 41.241,4 - Mato Grosso Total 10.970,0 14.211,0 4.293,2 29.474,2 100,0% Santos 6.021,6 7.199,6 3.152,8 16.374,0 55,5% Vitria 1.555,2 1.394,1 164,0 3.113,3 10,6% Paranagu 765,7 1.494,2 584,9 2.844,8 9,6% Itacoatiara* 746,5 912,6 391,5 2.050,6 7,0% Santarm 832,0 615,2 - 1.447,2 4,9% So Francisco do Sul 571,5 758,9 - 1.330,4 4,5% So Lus 370,0 505,8 - 875,8 3,0% Barcarena 74,0 624,8 - 698,8 2,4% Imbituba - 377,2 - 377,2 1,3% Rio Grande 24,4 285,2 - 309,6 1,0% Outros 9,1 43,4 - 52,5 0,2% Mato Grosso do Sul Total 1.415,2 2.430,9 454,4 4.300,5 100,0% Paranagu 511,6 922,6 376,1 1.810,3 42,1% So Francisco do Sul 487,7 979,4 - 1.467,1 34,1% Santos 404,6 515,3 78,3 998,2 23,2% Rio Grande 11,0 9,6 - 20,6 0,5% Outros 0,3 4,0 - 4,3 0,1% Gois Total 2.951,8 3.323,4 1.191,5 7.466,7 100,0% Santos 1.498,0 2.223,4 370,5 4.091,9 54,8% Vitria 875,3 875,5 453,4 2.204,2 29,5% Paranagu 479,7 137,9 364,4 982,0 13,2% So Francisco do Sul 98,8 77,1 3,1 179,0 2,4% Outros - 9,5 0,1 9,6 0,1% *Embora o MDIC identique o porto como Manaus, o volume exportado refere-se ao terminal porturio privado de Itacoatiara. Fonte: Elaborao CNT com dados do MDIC 32. 31 3. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS Para alcanar os portos do Sul e Sudeste, a produo de soja, milho e farelo originria da regio Centro- Oeste percorre, segundo informado pelos embarcadores entrevistados, entre 1.000 e 2.20027 km . O modal mais utilizado o rodovirio. Com destino a Santos (SP), h certa diversidade de rotas rodovirias utilizadas, porm as mais comuns so aquelas que margeiam a Ferrovia Amrica Latina Logstica Malha Norte (ALLMN) at Santos (SP): BR-158, BR-364 e rodovias estaduais. Segundo informado por associaes de transportadores rodovirios, os motivos da escolha das rotas so as melhores condies das rodovias, menores distncias e menor valor total dos pedgios. Tambmsoutilizadososmodaisferrovirioehidrovirioatosterminaissantistas.Nosegmentoferrovirio, as principais vias de escoamento so a Ferrovia ALLMN, que atende Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e o trecho da malha da Ferrovia Centro-Atlntica (FCA), que liga Gois a So Paulo (utilizando partes do traado da Malha Regional Sudeste (MRS) e da Amrica Latina Logstica Malha Paulista ALLMP). Alternativamente, existe a possibilidade da utilizao do rio Tiet-Paran a partir das estaes de transbordo de carga localizadas em So Simo, em Gois, at Pederneiras (transbordo hidroferrovirio) ou Anhembi (transbordo hidrorodovirio), ambas em So Paulo, de onde a produo segue at os terminais paulistas. Ainda no Sudeste, para Vitria (ES), o deslocamento feito por rodovia at o terminal ferrovirio de Araguari (MG), seguindo pela FCA e pela Estrada de Ferro Vitria-Minas (EFVM) at o porto de Tubaro (ES). Com destino a Paranagu (PR) e a So Francisco do Sul (SC) tambm predominam as rodovias. Embora existam possibilidades ferrovirias na regio Sul, o custo da intermodalidade rodoferroviria, segundo informado por agentes que atuam no setor, ainda no suficientemente atrativo para que se utilize essa opo. Deste modo, a soja, o milho e o farelo produzidos no estado percorrem as BRs 163, 376, 487 e 277 em direo a Paranagu (PR) ou, ainda, a BR-376, at So Francisco do Sul (SC). No escoamento pela regio Norte, utilizado pelos produtores do estado do Mato Grosso, o volume transportado bastante inferior: Santarm (PA), So Lus (MA), Itacoatiara (AM) e, desde meados de 2014, Barcarena (PA), movimentaram 5 milhes de toneladas nesse ano, respondendo por 17,2% do total exportado pelo Mato Grosso no mesmo perodo. Para esses portos, so utilizadas a BR-158, a PA-287 e a Ferrovia Norte-Sul (a partir de Palmeirante (TO) ou Porto Franco (MA) at o porto de Itaqui (MA)), a BR-163 (que d acesso a Miritituba28 e Santarm, ambas no Par), a BR-174/BR-364 (at Porto Velho, em Rondnia29 ) e as vias interiores do rio Madeira e do rio Tapajs. As estimativas so de que os fluxos por essas rotas aumentaro nos prximos anos, com o avano de obras como a da BR-163. Hoje, segundo informado por associaes de transportadores rodovirios, muitos caminhoneiros se recusam a utilizar a BR-163 devido s ms condies da rodovia, que ainda est em fase de pavimentao30 . 27 Segundo os embarcadores entrevistados, as distncias mdias percorridas entre as origens e os portos de exportao (Sul e Sudeste) so de 1.000 a 1.200 km partindo de Gois, 1.000 a 1.300 km a partir do Mato Grosso do Sul e 1.700 a 2.200 km do Mato Grosso. 28 Das estaes de transbordo de carga de Miritituba, as embarcaes seguem para Santarm ou Barcarena, todas localizadas no Par. Existem tambm projetos de construo de terminais martimos em Santana, no Amap. 29 A partir de Porto Velho (RO), a produo segue, via barcaas, pela hidrovia do Madeira at Itacoatiara (AM) ou Santarm (PA), de onde transferida para navios de grande porte, com destino China e Europa, principalmente. 30 A BR-163 est em fase de pavimentao e a previso de que o trecho paraense s seja finalizado em 2016. Ainda assim, segundo estimativas do Movimento Pr-Logstica, 3 milhes de toneladas de gros foram transportados pela rodovia em 2014, volume superior s cerca de 600 mil toneladas no ano anterior. Entretanto, para especialistas, com o aumento esperado do volume de trfego, quando a rodovia ficar pronta, ela j no ter capacidade suficiente para atender demanda e precisar ser duplicada. 33. 32 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO A plena utilizao das rotas do Arco Norte est condicionada a obras de construo, ampliao e melhoria da infraestrutura de transportes, com investimentos em rodovias, ferrovias, hidrovias, terminais de transbordo e portos. Os principais corredores e rotas de escoamento da produo de soja, milho e farelo provenientes do Centro-Oeste do pas so ilustradas no Mapa 1. 3.2.2 Rotas de escoamento da produo de gros do Paran No Paran, assim como nos demais estados da regio Sul do Brasil, h grande capilaridade no que se refere distribuio das unidades produtivas e do volume produzido por municpio, no ocorrendo grandes concentraes da produo, como observado no Mato Grosso, por exemplo. Esse cenrio, aliado a uma maior disponibilidade de opes rodovirias e ferrovirias, resulta em maior variedade de rotas utilizadas. Entretanto, o destino das exportaes , predominantemente, o porto de Paranagu (PR) 79,1% em 2014, seguido pelo porto de So Francisco do Sul (SC) que escoou outros 17,7% em 2014 (Tabela 8). Tabela 8 - Exportaes de soja, milho e farelo de soja provenientes do Paran por porto, em 2014 (em mil toneladas) Tabela 8 Origem Porto de destino Milho Soja Farelo Total % em relao origem Paran Total 3.057,1 6.621,8 3.277,1 12.956,0 100,0% Paranagu 2.256,9 4.812,3 3.165,8 10.235,0 79,1% So Francisco do Sul 738,4 1.467,2 93,6 2.299,2 17,7% Rio Grande 54,1 207,6 - 261,7 2,0% Imbituba - 94,5 - 94,5 0,7% Santos 7,6 22,7 16,7 47,0 0,4% Outros 0,1 17,5 1,0 18,6 0,1% Fonte: Elaborao CNT com dados do MDIC Com destino a Paranagu (PR), a produo originada no Oeste do estado (nas proximidades de Cascavel) escoada basicamente pela rodovia BR-277. Um volume menor utiliza-se da Ferrovia Ferroeste, entre Cascavel (PR) e Guarapuava (PR), seguindo pela Ferrovia ALLMS ou por rodovia at Paranagu (PR). Por sua vez, a produo localizada mais ao centro e ao norte do estado, prxima a Campo Mouro (PR) e Maring (PR), utiliza-se da BR-487, da BR-376 e da ALLMS. Na ferrovia, o volume transportado , majoritariamente, embarcado nos terminais de Londrina (PR) e Maring (PR). Para o porto de So Francisco do Sul (SC), so utilizadas as mesmas rotas rodovirias at Curitiba (PR). Entretanto,apsocontornodacidade,oscaminhesseguempelasBRs376,101e280atoportocatarinense. O tempo mdio de viagem nas rotas de escoamento da produo paranaense de dois dias para percorrer entre 500 e 600 km at os portos. O Mapa 2 apresenta as principais rotas de escoamento do estado. 34. Nota 1: no mapa no so representadas as vias que ligam as reas produtoras (vicinais) s vias principais ou pontos de embarque. Nota 2: os terminais ferrovirios tambm realizam operaes de transbordo. Porm, no mapa s foram identificados como terminais de transbordo aqueles de maior representatividade no escoamento da produo de soja, milho e farelo. Fonte: Elaborao CNT !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H T T T T ! ! T ! ! ! T P ! ! ! T T ! P T T T ! ! T P P ! ! P ! P T T P GOIS DF MATO GROSSO MATO GROSSO DO SUL ESPRITO SANTO BAHIA RONDNIA MINAS GERAIS TOCANTINS AMAZONAS SANTA CATARINA PARAN SO PAULO ALAGOAS PARABA PIAU MARANHO PAR PERNAMBUCO SERGIPE RIO GRANDE DO NORTE CEAR RIO DE JANEIRO EFVM A LLMS EFC ALLMN FCA Rio Madeira Rio Am azonas RioTapajs BR-070 BR-15 8 BR-174 BR-376 SP-073 BR-277 BR-467 BR-163 BR-376 BR-267 MS-276 BR-163 BR-163 BR-163 BR-163 BR-163 BR-163 BR-277 PA-287 BR-277 BR-364 BR-452 BR-376 BR-060 GO-184 B R-226 BR-163 BR-163 BR-163 BR-487 BR-060 TO-335 BR-376 BR-153 BR-163 BR- 364 MT-255 BR-364 BR-163 BR-158 BR-267 BR-158 B R-364 BR-364 BR-364 BR-364 BR-364 Alto Taquari Chapado do Sul Ipameri Uberlndia Campo Novo do Parecis Cascavel Colinas do Tocantins Dourados Guarapuava Itumbiara Jata Lucas do Rio Verde Nova Mutum Querncia Rio Verde Sapezal Sinop So Gabriel do Oeste Itacoatiara Paranagu Santarm Santos So Francisco do Sul So Lus Vitria Pederneiras Anhembi Miritituba Porto Velho So Simo Alto Araguaia Araguari Maring Porto Franco Rondonpolis Braslia Campo Grande Manaus Cuiab Curitiba So Paulo Rio de Janeiro Belo Horizonte Goinia Palmas Teresina Salvador Aracaju Macei Fortaleza Recife Joo Pessoa Natal !H T T T P T T PARAN SO PAULO CPTMFCA ALLMP ALLM P ALLMP ALLMS MRS FCA A LLM S FCA FCA ALLM S ALLMP FCA FCA FCA Hidrovia do Tiet - Paran SP-304 BR-158 BR-272 SP-320 BR-364 BR-267 BR-154 BR-364 G O -302 BR-376 MG-223 BR-364 BR-267 SP-021 BR-364 BR - 456 SP-270 S P-320 BR-4 66 SP-270 BR-374 BR-376 BR-364 SP-348 Uberlndia Santos Pederneiras Anhembi So Simo Araguari So Paulo 1 cm = 55 km Regio Produtora: Centro-Oeste ESCALA DO MAPA 1:10.000.000 (1 cm = 100 km) 0 140 280 420 56070 km LEGENDA Rotas de escoamento Modal ferrovirio Modal hidrovirio Modal rodovirio Pontos de referncia ! !H Capital Localidade Terminal ferrovirio Porto Terminal de transbordo hidro-ferrovirio Terminal de transbordo rodo-hidrovirio Terminal de transbordo rodo-ferrovirio T P T T T Infraestrutura viria Ferrovias Hidrovias Rodovias trecho no pavimentado ou parcialmente pavimentado trecho pavimentado Mapa 1 - Principais rotas de escoamento da produo de soja, milho e farelo proveniente da regio Centro-Oeste Nota 1: no Mapa, no so representadas as vias que ligam as reas produtoras (vicinais) s vias principais ou pontos de embarque. Nota 2: os terminais ferrovirios tambm realizam operaes de transbordo. Porm, no Mapa s foram identificados como terminais de transbordo aqueles de maior representatividade no escoamento da produo de soja, milho e farelo. 35. 34 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO ! T T T T P T P ! !H !H !H ALLMS A LLMS ALLMS ALLMS AL LMS ALLMS ALL MS ALLMS BR-158 BR-101 BR-277 BR-376 BR-376 PR-460 BR-277 BR-277 BR-277 BR-277 BR-101 BR -376 BR-277 BR- 487 BR-376 BR-277 BR-466 BR-277 BR-376 BR- 280 Cascavel Guarapuava Londrina Maring Ponta Grossa Campo Mouro Toledo Paranagu So Francisco do Sul PARAN RIO GRANDE DO SUL SANTA CATARINA SO PAULO Paraguai Argentina Brasil Porto Alegre Florianpolis Curitiba Regio Produtora: PARAN LEGENDA Rotas de escoamento Pontos de referncia ESCALA DO MAPA 1:3.500.000 (1 cm = 35 km) Modal ferrovirio Modal hidrovirio Modal rodovirio ! !H Capital Localidade Terminal ferrovirio Porto Terminal de transbordo hidro-ferrovirio Terminal de transbordo rodo-hidrovirio Terminal de transbordo rodo-ferrovirio T P T T T Infraestrutura viria Ferrovias Hidrovias Rodovias trecho no pavimentado ou parcialmente pavimentado trecho pavimentado 0 30 60 90 12015 km Mapa 2 - Principais rotas de escoamento da produo de soja, milho e farelo proveniente do estado do Paran Nota 1: no Mapa, no so representadas as vias que ligam as reas produtoras (vicinais) s vias principais ou pontos de embarque. Nota 2: os terminais ferrovirios tambm realizam operaes de transbordo. Porm, no Mapa s foram identificados como terminais de transbordo aqueles de maior representatividade no escoamento da produo de soja, milho e farelo. 36. 35 3. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS 3.2.3 Rotas de escoamento da produo de gros do Rio Grande do Sul Assim como no Paran, no Rio Grande do Sul tambm h grande variedade de rotas de escoamento. O porto de Rio Grande (RS) destino de praticamente a totalidade de soja, milho e farelo exportados pelo estado. Os demais portos (So Francisco do Sul (SC), Paranagu (PR), Itaja (SC), entre outros) responderam, juntos, por apenas 0,1% do volume total exportado em 2014 (Tabela 9). Tabela 9 - Exportaes de soja, milho e farelo de soja provenientes do Rio Grande do Sul por porto, em 2014 (em mil toneladas) Tabela 9 Origem Porto de destino Milho Soja Farelo Total % em relao origem Rio Grande do Sul Total 1.076,5 7.698,5 2.443,8 11.218,8 100,0% Rio Grande 1.074,6 7.624,9 2.412,7 11.112,2 99,0% So Francisco do Sul - 54,2 - 54,2 0,5% Paranagu 1,4 10,3 30,9 42,6 0,4% Outros 0,5 9,1 0,2 9,8 0,1% Fonte: Elaborao CNT com dados do MDIC Para acessar o porto de Rio Grande (RS) por rodovia, as principais rotas utilizadas so as BRs 158, 392, 153, 471, 386 e 116. Em termos de movimentao ferroviria, utilizada a malha sul da ALL, principalmente no trecho de Cruz Alta (RS) e municpios prximos a exemplo de Iju (RS) e Jlio de Castilhos (RS) at os terminais porturios localizados em Rio Grande. Uma alternativa relevante a Lagoa dos Patos (RS). Muitos embarcadores utilizam a hidrovia a partir de Canoas (RS) ou do municpio de Estrela (RS), com destino ao porto de Rio Grande (RS). O trecho com origem em Canoas (RS) mais relevante em termos de volume movimentado, uma vez que h importantes indstrias de processamento de gros localizadas no municpio. Conforme os embarcadores entrevistados, as rotas percorridas para o escoamento da produo no estado so de, em mdia, 400 km entre os pontos de origem e o porto de Rio Grande (RS). Esses trajetos normalmente resultam em um dia ou um dia e meio de viagem. As principais rotas de escoamento da produo rio-grandense so apresentadas no Mapa 3. 37. 36 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO T T T ! T ! P ! ! ! !H !H ALLMS ALLM S ALLMS ALLMS HidroviadoSul PortoAlegre -Atlntico Sulam enricano BR-116 BR-287 BR-392 RS-135 BR-116 BR-386 BR-471 BR-392 BR-386 BR-386 BR-153 BR-116 BR-471 BR-116 BR-158 Carazinho Cruz Alta Iju Erechim Passo Fundo Santa Maria Vacaria Rio Grande Canoas RIO GRANDE DO SUL Cacequi Uruguai Argentina Brasil SANTA CATARINA PARAN Porto Alegre Regio Produtora: RIO GRANDE DO SUL LEGENDA Rotas de escoamento Pontos de referncia ESCALA DO MAPA 1:4.000.000 (1 cm = 40 km) Modal ferrovirio Modal hidrovirio ! !H Capital Localidade Terminal ferrovirio Porto Terminal de transbordo hidro-ferrovirio Terminal de transbordo rodo-hidrovirio Terminal de transbordo rodo-ferrovirio T P T T T Infraestrutura viria Ferrovias Hidrovias Rodovias trecho no pavimentado ou parcialmente pavimentado trecho pavimentado 0 30 60 90 12015 km Mapa 3 - Principais rotas de escoamento da produo de soja, milho e farelo proveniente do estado do Rio Grande do Sul Nota 1: no Mapa, no so representadas as vias que ligam as reas produtoras (vicinais) s vias principais ou pontos de embarque. Nota 2: os terminais ferrovirios tambm realizam operaes de transbordo. Porm, no Mapa s foram identificados como terminais de transbordo aqueles de maior representatividade no escoamento da produo de soja, milho e farelo. Modal rodovirio 38. 37 3. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS 3.2.4 Rotas de escoamento da produo de gros do Matopiba Na regio do Matopiba, h duas diferentes logsticas de escoamento. A primeira contempla o estado da Bahia e, em menor proporo, o sul do Tocantins e o sul do Piau, em direo aos terminais do litoral baiano, notadamente Salvador (BA) e Ilhus (BA). O porto de Salvador (BA) respondeu, em 2014, por 90,3% do escoamento da produo de soja, milho e farelo de soja provenientes da Bahia, 22,6% do Tocantins e 35,5% do Piau. A segunda configurao logstica contempla a movimentao da produo do Maranho (93,9% do volume exportado pelo estado), e centro-norte do Piau (64,1%) e do Tocantins (71,4%) at o porto de Itaqui, no Maranho. Os portos de escoamento da produo do Matopiba so apresentados na Tabela 10. Destaca-se a participao dos terminais porturios de Barcarena, no Par, que, apesar de inaugurados em meados de 2014, j vm se posicionando como importantes pontos de escoamento da produo da regio do Matopiba. Tabela 10 - Exportaes de soja, milho e farelo de soja provenientes da regio do Matopiba por porto, em 2014 (em mil toneladas) Tabela 10 Continuao | Tabela 10 Origem Porto de destino Milho Soja Farelo Total % em relao origem Matopiba Total 244,3 4.795,6 971,8 6.011,7 - Maranho Total 120,5 1.476,8 36,2 1.633,5 100,0% So Lus 120,5 1.376,5 36,2 1.533,2 93,9% Salvador - 57,4 - 57,4 3,5% Barcarena - 42,9 - 42,9 2,6% Piau Total 350,5 - 350,5 100,0% So Lus - 224,6 - 224,6 64,1% Salvador - 124,5 - 124,5 35,5% Barcarena - 1,4 - 1,4 0,4% Tocantins Total 67,9 1.243,2 - 1.311,1 100,0% So Lus 67,9 868,1 - 936,0 71,4% Salvador - 295,7 - 295,7 22,6% Barcarena - 50,3 - 50,3 3,8% Vitria - 22,9 - 22,9 1,7% Santos - 6,2 - 6,2 0,5% Origem Porto de destino Milho Soja Farelo Total % em relao origem Bahia Total 55,9 1.725,1 935,6 2.716,6 100,0% Salvador 22,6 1.499,4 931,9 2.453,9 90,3% Ilhus 27,2 142,4 - 169,6 6,3% Vitria 6,1 67,0 - 73,1 2,7% 39. 38 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO Para os portos baianos, a principal via utilizada a BR-242. Com destino a Itaqui (MA), as rotas rodovirias esto concentradas na BR-230, BR-135, rodovias estaduais e o trecho no pavimentado da BR-235 a partir dos estados do Maranho e Piau. Entretanto, a alternativa mais utilizada a FNS partindo de Palmeirante (TO) ou Porto Franco (MA). Segundo os embarcadores entrevistados, nessas rotas rodovirias ou ferrovirias so percorridas distncias mdias de 600 km at o terminal porturio maranhense. Apesar da distncia relativamente curta, devido s condies da infraestrutura viria, os percursos costumam resultar em viagens de aproximadamente trs dias. As rotas de escoamento da produo da regio do Matopiba so apresentadas no Mapa 4. 3.3Caracterizaodosmodaisdetransporteutilizadosnoescoamentodaproduobrasileira O transporte o componente mais importante de um sistema logstico e, tambm, o custo logstico mais representativo da movimentao de gros. No segmento agrcola, como um todo, os custos associados distribuio dos produtos correspondem a aproximadamente um tero do valor agregado do setor. Devido interiorizao da produo, os custos mdios de transporte dos gros produzidos no territrio nacional, sobretudo at os portos exportadores, aumentaram substancialmente. Isso porque o principal fator que influencia no custo do transporte a distncia percorrida da origem (a propriedade rural ou o armazm) ao destino (o terminal porturio). Para fins de exemplificao, a Abiove estimou que, em 2013, o frete de Sorriso, no Mato Grosso, ao porto de Paranagu, no Paran, representou 50% do preo de venda, no porto, do milho e 23% do valor da soja, conforme Grfico 3. Continuao | Tabela 10 Origem Porto de destino Milho Soja Farelo Total % em relao origem Bahia Total 55,9 1.725,1 935,6 2.716,6 100,0% Salvador 22,6 1.499,4 931,9 2.453,9 90,3% Ilhus 27,2 142,4 - 169,6 6,3% Vitria 6,1 67,0 - 73,1 2,7% So Lus - 12,0 - 12,0 0,4% Santos - 3,9 3,7 7,6 0,3% Paranagu - 0,4 - 0,4 0,0% Fonte: Elaborao CNT com dados do MDIC 40. 39 3. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS ! ! ! ! ! P ! ! ! P T ! ! ! P ! !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H !H EFC BR-23 5 BR-101 BR-101 BR-324 BR-030 BA-460 TO-0 40 BA-263 BR-242 BR-135 BR -407 BR-010 BR-153 BR-349 BR-153 BR-135 BR-135 BR-226 BR-135 TO-280 BR-242 BR-020 BR-010 MA-006 BR-135 BR-430 BR-242 BR-330 BR-230 BR-230 Balsas Barreiras Colinas do Tocantins Correntina Dianpolis Lus Eduardo Magalhes Monte Alegre do Piau Paraso do Tocantins Riacho Sapeau Silvanpolis Tasso Fragoso Ilhus Salvador So Lus Porto Franco BAHIA TOCANTINS PIAU MARANHO ESPRITO SANTO GOIS DF MINAS GERAIS PARAN SO PAULO ALAGOAS PARABA PAR AMAP PERNAMBUCO SERGIPE RIO GRANDE DO NORTE CEAR RIO DE JANEIRO Braslia Macap Curitiba So Paulo Rio de Janeiro Belo Horizonte Vitria Goinia Palmas Belm Teresina Aracaju Macei Fortaleza Recife Joo Pessoa Natal Regio Produtora: MATOPIBA LEGENDA Maranho, Tocantins, Piau e Bahia Rotas de escoamento Pontos de referncia ESCALA DO MAPA 1:10.000.000 (1 cm = 100 km) Modal ferrovirio Modal hidrovirio Modal rodovirio ! !H Capital Localidade Terminal ferrovirio Porto Terminal de transbordo hidro-ferrovirio Terminal de transbordo rodo-hidrovirio Terminal de transbordo rodo-ferrovirio T P T T T Infraestrutura viria Ferrovias Hidrovias Rodovias trecho no pavimentado ou parcialmente pavimentado trecho pavimentado 0 90 180 270 36045 km Mapa 4 - Principais rotas de escoamento da produo de soja, milho e farelo proveniente da regio do Matopiba Nota 1: no Mapa, no so representadas as vias que ligam as reas produtoras (vicinais) s vias principais ou pontos de embarque. Nota 2: os terminais ferrovirios tambm realizam operaes de transbordo. Porm, no Mapa s foram identificados como terminais de transbordo aqueles de maior representatividade no escoamento da produo de soja, milho e farelo. 41. 40 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO Grfico 3 Participao do frete sobre o valor final da soja e do milho brasileiros (em %) Tambm afetam os custos do transporte de gros, no caso brasileiro, a falta de mecanismos para melhor distribuir o escoamento da produo, que ocorre de forma concentrada; as ms condies da infraestrutura logstica existente, tanto em termos de capacidade quanto de qualidade; a inexistncia de fretes de retorno31 em rotas alternativas; alm de outras caractersticas especficas a cada modalidade de transporte. Diante disso, para caracterizar as condies da logstica de escoamento da produo brasileira de soja e milho, notadamente nas principais rotas utilizadas, so descritas, a seguir, as especificidades de cada modal de transporte, em termos de infraestrutura viria, equipamentos, caractersticas do servio e principais problemas relacionados a cada um deles. 3.3.1 O transporte rodovirio O modal rodovirio possui caractersticas de capacidade e custo que o fazem mais adequado ao transporte de volumes pequenos ou mdios, em distncias curtas ou mdias. Possui, tambm, atributos de flexibilidade para atuar do incio ao fim da cadeia produtiva, ampla cobertura (permitindo o acesso a locais no alcanados por ferrovias e por hidrovias) e praticidade, compatveis com diferentes tipos de cargas e origens e destinos da movimentao. J no mbito de cadeias logsticas de exportao e/ou percursos de longas distncias, como o caso do escoamento de grande parte da produo agrcola brasileira, o transporte rodovirio deveria atuar no deslocamento da produo das origens at os transbordos para modais mais eficientes para este tipo de carga ou em ligaes mais curtas dentro do sistema logstico. Entretanto, em virtude da falta de polticas de incentivo prtica da inter ou multimodalidade e a reduzida oferta de infraestrutura adequada operao dos demais modais, hoje, as rodovias respondem pela maior parte da movimentao de cargas no pas. 31 Ao estabelecerem o valor do frete, os transportadores consideram a possibilidade de executar o frete de retorno ao local de origem, de forma a encobrir os custos da viagem de volta. A inexistncia de carga de retorno faz com que os transportadores tendam a cobrar pelo servio o equivalente ao custo total da viagem de ida e de volta. Nesse aspecto, o escoamento pelas rotas das regies Norte e Nordeste do Brasil ainda prejudicado pela inexistncia ou pouca disponibilidade de fretes de retorno, que reduziriam o custo do frete. Fonte:ElaboraoCNTcomdadosdeAbiove Preo ao produtor Custo do frete 50% 50% MILHO 77% 23% SOJA Fonte:ElaboraoCNTcomdadosdeAbiove Preo ao produtor Custo do frete 50% 50% MILHO 77% 23% SOJA 42. 41 3. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS Quanto prestao do servio de transporte rodovirio, ela feita por Empresas de Transporte de Cargas (ETC) e Transportadores Autnomos de Carga (TAC) por vezes tambm por Cooperativas de Transporte de Cargas (CTC). Segundo dados do Registro Nacional dos Transportadores Rodovirios de Carga (RNTRC)32 , da Agncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), dos 2,8 milhes de veculos cadastrados e habilitados a prestar o servio de transporte de cargas a terceiros mediante remunerao, cerca de 460 mil so do tipo graneleiro (reboques ou semirreboques para transporte de granis slidos33 e, destes, 67,3% pertencem a ETCs, 31,6% a autnomos e 1,1% a CTCs. Entre os embarcadores entrevistados, apenas 14,3% informaram utilizar transporte prprio34 e de autnomos; todos os demais utilizam o servio exclusivamente de empresas de transporte35 . Em geral, os transportadores so contratados, diretamente, a partir de seleo em bancos de informaes mantidos pelos prprios embarcadores, antes do incio da safra (de dois a seis meses antes) ou j durante o seu andamento, conforme a necessidade, para o transporte de volumes pr-determinados e em prazos pr- fixados. A determinao dos preos dos fretes dada via negociao entre os agentes envolvidos. Os contratos no costumam envolver servios adicionais ou complementares ao transporte. comum que os embarcadores exijam dos transportadores rodovirios o retorno com o comprovante de entrega para a realizao do pagamento, feito, em sua maioria, via depsito bancrio. Nadistribuiodaoferta,dosveculosgraneleirosregistradosnoRNTRC,76,7%pertencematransportadores registrados em estados do Sul e Sudeste do Brasil e apenas 11,7% a transportadores registrados na regio Centro-Oeste (ver Anexos). Apesar dessa concentrao, na dinmica de escoamento da produo, possvel observar que h um deslocamento da oferta de transportadores conforme os perodos de safra de cada regio. Assim, os transportadores que atuam na regio Sul, por exemplo, se deslocam para o Centro-Oeste quando se inicia a safra de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Gois. Essa uma forma de os caminhes no ficarem ociosos nos perodos de entressafra de cada localidade, gerando receitas aos transportadores e permitindo que eles cubram os custos fixos, que ocorrem mesmo quando o veculo no est operando. No curto prazo, essa migrao tem permitido, at certo porto, adequar a oferta demanda durante o escoamento da safra. Apesar dessa migrao, os embarcadores relataram que, por vezes, em perodos de pico de escoamento, a oferta de veculos para o transporte dos gros se torna insuficiente, conforme apontado por 71,4% dos entrevistados. Mesmo entre aqueles que consideram a oferta suficiente, foi feita a ressalva de que a necessidade de atendimento ao estabelecido na Lei do Motorista, Lei n 12.619/1236 , provavelmente ir mudar esse cenrio, tornando-a inadequada para cobrir a demanda. 32 Segundo estabelecido em lei, todo o transportador rodovirio que exera como atividade principal o transporte de mercadorias mediante remunerao deve estar inscrito no RNTRC, como transportador autnomo, cooperativa ou empresa de transporte de carga. Os dados foram consultados no banco de dados do registro, de novembro de 2013. 33 No segmento de transportes, o termo granel se refere ao gro no ensacado. Entretanto, o conceito usado para indicar tanto produtos agrcolas (gros propriamente ditos, cereais, entre outros), tais como feijo, soja, trigo, milho etc., como tambm cimento, areia, minrio, carvo etc., produtos no ensacados que apresentam caracterstica de escorrer quase como se fossem lquidos. 34 De acordo a resoluo ANTT n 3056/209, o transporte prprio no objeto de registro no RNTRC. Porm, atualmente discute-se a alterao das condies do registro, com possvel incluso dessa categoria. 35 As empresas de transporte, contudo, costumam recorrer a subcontrataes de autnomos, visando obter capacidade suficiente para atender ao estabelecido nos contratos com os embarcadores. 36 No momento das entrevistas, a legislao em vigor era a Lei 12.619/12. Contudo, esta foi alterada em 2 de maro de 2015 com a sano da Lei 13.103/15. 43. 42 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO Os veculos utilizados na prestao do servio so, em geral, caminhes de grande porte, compostos por unidades tratoras e semirreboques. At poucos anos, esses veculos tinham, predominantemente, capacidades mdias de 27 toneladas. Porm, com o crescimento da produo e, consequentemente, do volume a ser transportado por esses caminhes, muitos transportadores optaram por novas modalidades de veculos, representadas por Combinaes de Veculos de Carga (CVCs), tais como bitrens e rodotrens, que permitem o transporte de maior volume de carga por meio da utilizao de reboques ou semirreboques adicionais (Figura 9). Com a utilizao dessas combinaes, tm-se a reduo dos custos de transporte por tonelada por meio do aumento da produtividade, isto , do volume transportado por viagem, uma vez que dispensado o uso de cavalos mecnicos e motoristas adicionais. Figura 9 Comparao de veculos convencionais, bitrens e rodotrens Fonte:ElaboraoCNT TOTALPBT 41,5t TOTALPBT 48,5t TOTALPBT 57t Carretaconvencional|Cavalo4x2 6t 10t 25,5t Carretaconvencional|Cavalo6x2 6t 17t 25,5t Bitrem57t|Cavalo6x2 Semirreboque Semirreboque 6t 17t 17t 17t Rodotrem74t|Cavalo6x4 Semirreboque Reboque 6t 17t 17t 17t 17t TOTALPBT 74t Eixodetrao Semirreboque Semirreboque Fonte:ElaboraoCNT TOTALPBT 41,5t TOTALPBT 48,5t TOTALPBT 57t Carretaconvencional|Cavalo4x2 6t 10t 25,5t Carretaconvencional|Cavalo6x2 6t 17t 25,5t Bitrem57t|Cavalo6x2 Semirreboque Semirreboque 6t 17t 17t 17t Rodotrem74t|Cavalo6x4 Semirreboque Reboque 6t 17t 17t 17t 17t TOTALPBT 74t Eixodetrao Semirreboque Semirreboque 44. 43 3. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS Dentre as possveis CVCs, aquelas com mais de duas unidades, includa a unidade tratora, com peso bruto total acima de 57t ou comprimento superior a 19,80m necessitam de Autorizao Especial de Trnsito (AET) para trafegar nas rodovias brasileiras, conforme resoluo do Contran37 . A AET obtida para um percurso especfico, estabelecido e aprovado junto ao rgo com circunscrio sobre a via, e tem validade de um ano. Estabelecida para regular as excees, a emisso da AET considerada, hoje, um entrave burocrtico por alguns transportadores rodovirios. No estado do Mato Grosso, por exemplo, associaes de transportadores indicaram que parcela significativa da frota j constituda por caminhes de nove eixos (rodotrens de 74t), que necessitam da AET para circulao. Para os transportadores, dada a ampla utilizao, esse tipo de veculo no deveria mais ser tratado como exceo ou, ao menos, deveriam ser flexibilizadas as normas para emisso das AETs. Em alguns estados, mesmo portando a AET, determinadas CVCs no podem circular em rodovias estaduais, devido a restries de capacidade de obras de arte (como pontes e viadutos), por exemplo. Entretanto, ressalta-se que, apesar da ampla utilizao, o trfego de CVCs de maior porte gera impacto sobre a vida til dos pavimentos e das obras de arte das rodovias brasileiras, posto que, em geral, essas estruturas no foram projetadas para suportar esse tipo de carga. Como resultado, tende-se a ter a situao de degradao precoce, implicando em aumento dos custos de manuteno dos veculos e dos tempos de viagem dos usurios, bem como na elevao dos ndices de ocorrncia de acidentes, devido aos defeitos encontrados na via, a exemplo de buracos e afundamentos no pavimento, dentre outros. Para as autoridades responsveis pela emisso das licenas, no adequado que se eliminem totalmente as restries para veculos de maior porte, pois, segundo elas, a indstria de implementos rodovirios rapidamente se adapta ausncia de restries e passa a desenvolver e operar novas modalidades de combinaes, com capacidades e dimenses cada vez maiores. Como num ciclo, as novas modalidades tendem a ganhar espao e rapidamente passam a no mais se constiturem excees, surgindo novas reivindicaes para a extino da necessidade de licena quela modalidade. Diante deste cenrio, preciso observar que o planejamento de polticas de transporte deve ser aprimorado, para que as definies adotadas sejam acompanhadas das medidas de adequao necessrias tanto de veculos quanto da infraestrutura , de forma que os transportadores no sejam penalizados com maiores custos ou com mais riscos operacionais. Embora o mercado de transporte rodovirio tenha adotado, nos ltimos anos, estratgias para atender demanda e reduzir custos, como a dinmica de deslocamento da oferta e a adequao dos veculos, diversos problemas ainda afetam a modalidade, geram ineficincia logstica, alm de elevar os custos de movimentao da produo. No obstante as questes j apontadas, alguns dos principais entraves esto associados disponibilidade e qualidade da infraestrutura existente. A malha rodoviria pavimentada brasileira modesta, sobretudo se comparada dos principais concorrentes mundiais na exportao de soja e milho. O Brasil possui, segundo o Sistema Nacional de Viao38 , 1,7 milho de km de rodovias, das quais apenas 12,4%, ou 213 mil km, so pavimentadas. A reduzida oferta de rodovias resulta em uma densidade de apenas 25,0 km de rodovias pavimentadas para cada 1.000 km2 de rea territorial. Esse ndice , em mdia, 18 vezes menor do que o norte-americano e 14 vezes menor que a densidade chinesa. O Grfico 4 mostra as densidades da infraestrutura rodoviria entre os principais exportadores mundiais de soja e milho. 37 Resoluo n. 211/2006. 38 Dados do SNV atualizados em janeiro de 2015. 45. 44 Transporte & Desenvolvimento | ENTRAVES LOGSTICOS AO ESCOAMENTO DE SOJA E MILHO Grfico 4 Densidade da infraestrutura rodoviria dos principais exportadores mundiais de soja e milho (km de infraestrutura rodoviria por 1.000 km2 de rea) Segundo o ranking de competitividade do Frum Econmico Mundial (FEM) 2014-2015, o Brasil possui uma qualidadedeinfraestruturarodoviriaaqumdadosprincipaisexportadoresmundiaisdesojaemilho,aexemplo de Estados Unidos e Argentina. O pas est na posio 122 entre 144 pases avaliados pelo estudo. Os Estados Unidos aparecem na posio 16, o Canad em 23, a China em 49 e a Argentina em 110, conforme Figura 10. Figura 10 Posio dos principais exportadores mundiais de soja e milho no ranking de qualidade da infraestrutura rodoviria do Frum Econmico Mundial 2014/15 Estados Unidos China* Ucrnia Canad Argentina Brasil Paraguai *Emboranosejaumdosprincipaisexportadoresmundiaisdesojaemilho,aChinafoiconsideradapor representaroprincipalcompradordasojabrasileira. Fonte:ElaboraoCNTcomdadosdaCIA,IBGEeDNIT Nota:andianofoiincludanesseranking. 359,9 438,1 275,2 41,6 25,0 25,0 11,9 Estados Unidos China* Ucrnia Canad Argentina Brasil Paraguai *Emboranosejaumdosprincipaisexportadoresmundiaisdesojaemilho,aChinafoiconsideradapor representaroprincipalcompradordasojabrasileira. Fonte:ElaboraoCNTcomdadosdaCIA,IBGEeDNIT Nota:andianofoiincludanesseranking. 359,9 438,1 275,2 41,6 25,0 25,0 11,9 *Embora no seja um dos principais exportadores mundiais de soja e milho, a China foi considerada por representaroprincipalcompradordasojabrasileira. Fonte:ElaboraoCNTcomdadosdoFrumEconmicoMundial2014/15 1Lugar 16Lugar 23Lugar 49Lugar 76Lugar 110Lugar 122Lugar 133Lugar 139Lugar 144Lugar *Embora no seja um dos principais exportadores mundiais de soja e milho, a China foi considerada por representaroprincipalcompradordasojabrasileira. Fonte:ElaboraoCNTcomdadosdoFrumEconmicoMundial2014/15 1Lugar 16Lugar 23Lugar 49Lugar 76Lugar 110Lugar 122Lugar 133Lugar 139Lugar 144Lugar 46. 45 3. CARACTERIZAO DA LOGSTICA DE ESCOAMENTO DA PRODUO DE GROS A qualidade das rodovias brasileiras evidenciada nos levantamentos realizados pela Pesquisa CNT de Rodovias. Na edio de 2014, 62,1% da extenso total pesquisada39 foi avaliada como Regular, Ruim ou Pssimo, apresentando deficinci