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ELEANDRO FRANCISCO SILVA OAB/SP 333.737 Avenida Minasa, nº 122-B – Matão – Sumaré – CEP. 13.180-400 – São Paulo E-mail: [email protected] FONE: (19)38640233 EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CONCEIÇÃO APARECIDA PEREIRA REZENDE, brasileira, divorciada, psicóloga, servidora pública da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, portadora da Cédula de Identidade RG 362.772 SSP/GO, CPF: 240.956.806-87, residente e domiciliada em Betim, Minas Gerais, representada por seu advogado in fine assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 144 do Código Penal, promover a presente. INTERPELAÇÃO JUDICIAL CRIMINAL (PEDIDO DE EXPLICAÇÕES EM JUÍZO)

Interpelação judicial gilmar eleandro conceição ultimo

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO

COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

CONCEIÇÃO APARECIDA PEREIRA REZENDE,

brasileira, divorciada, psicóloga, servidora pública da Secretaria de Estado

da Saúde de Minas Gerais, portadora da Cédula de Identidade RG 362.772

SSP/GO, CPF: 240.956.806-87, residente e domiciliada em Betim, Minas

Gerais, representada por seu advogado in fine assinado, vem,

respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no

artigo 144 do Código Penal, promover a presente.

INTERPELAÇÃO JUDICIAL CRIMINAL

(PEDIDO DE EXPLICAÇÕES EM JUÍZO)

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Em face do Sr. GILMAR FERREIRA MENDES, brasileiro,

casado, CPF 150259691-15, ministro do Supremo Tribunal Federal

podendo ser encontrado no Supremo Tribunal Federal, Praça dos Três

Poderes - Brasília - DF - CEP 70175-900, tendo em vista os elementos

fáticos e jurídicos a seguir delineados:

I – DOS FATOS

Como é de conhecimento público e notório, na Ação Penal nº

470, os senhores José Genoíno, José Dirceu, Delúbio Soares e João Paulo

Cunha foram condenados ao pagamento de multas em valores elevados.

Tais valores elevados fixados, data vênia, não tem parâmetros de

razoabilidade mas como na ação penal 470 o Pretório Excelso foi a primeira

e única instância a irracionalidade no parâmetro da fixação das multas não

pode ser objeto de revisão ante a inexistência do duplo grau de jurisdição.

Prima facie verifica-se que as multas são injustas e

desproporcionais, pois são superiores ao patrimônio dos réus e estão em

dissonância com o contido no artigo 49 e 50 do CP, verbis:

“Art. 49 - A pena de multa consiste no

pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada

na sentença e calculada em dias-multa. Será, no

mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e

sessenta) dias-multa.

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§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não

podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário

mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem

superior a 5 (cinco) vezes esse salário.

(...)

Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez)

dias depois de transitada em julgado a sentença. A

requerimento do condenado e conforme as

circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento

se realize em parcelas mensais.

§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante

desconto no vencimento ou salário do condenado

quando:

a) aplicada isoladamente;

b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de

direitos;

c) concedida a suspensão condicional da pena.

§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos

indispensáveis ao sustento do condenado e de sua

família”.

Pelos trechos sublinhados vê-se que é patente e absurda a

cobrança de multas milionárias a réus que por sua vez não são milionários.

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Não se trata de ponto passível de discussão em face da clareza da lei. Se a

lei é clara a conclusão lógica é que as multas foram francamente injustas.

Todavia apesar da injustiça flagrante destas multas o Partido

dos Trabalhadores aos quais são membros os réus mencionados organizou

uma corrente de solidariedade para o pagamento destas multas.

A interpelante colaborou no pagamento da multa dos réus José

Genoíno, José Dirceu e Delúbio Soares. Por ser o mais importante Partido

político do país, além de mais bem estruturado, e devido ao fato da

legitimidade do julgamento ter sido posta em dúvida por vários juristas,

cientistas políticos, sociólogos a arrecadação das vultosas multas foi feita

em breve espaço de tempo. Contra isto se insurgiu o interpelado que no

aludido julgamento falou mais fora dos autos do que nos autos acusando a

arrecadação para o pagamento das multas de ser um movimento de lavagem

de dinheiro. Ainda afirmou que tais contribuições poderiam ser dinheiro

oriundo de corrupção.

II - DAS INSINUAÇÕES CALUNIOSAS DO

INTERPELADO

O interpelado, no dia 04 de fevereiro de 2014, fez inoportunas

declarações à imprensa, sugerindo a ocorrência de lavagem de dinheiro pelo

Partido dos Trabalhadores e aqueles que contribuíram solidariamente,

legalmente e de forma transparente para o pagamento das multas impostas

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aos réus da Ação Penal nº 470. Multas, aliás, impostas em razão de

questionável competência originária do Supremo Tribunal Federal, haja

vista que houve ex proprio marte divisão da jurisdição que no plano judicial

é divisão da soberania.

Sim, pois decidiu-se depois de longo debate que o Supremo

Tribunal Federal era o juiz natural para julgar todos os réus.

Ocorrida uma nulidade em relação ao réu Carlos Quaglia

enviou-se o processo referente a ele ao juiz de primeira instancia. Conclui-

se: o STF não era o juiz natural e se não é o juiz natural é conclusão

legitima que o julgamento foi de exceção. Tal fato é reforçado pela posição

do Ministro presidente que confessou ter aumentados penas para evitar a

prescrição.

Houve a instrumentalização do processo e a prática de pré-

juízos para prejudicar os réus. Pré-juízo é a maior falta que um juiz pode

cometer, pois ele existe para emitir juízos não para provocar prejuízos. Pré-

juízo é o oposto de juízo. É sofrer algo que não se deve é algo a margem da

lei e é crime em tese.

As graves acusações que atingem a interpelante pode ser

verificada nos seguintes trechos das declarações do interpelado:

“E se for um fenômeno de lavagem? De dinheiro mesmo, de

corrupção? O Ministério Público tem que olhar isso. Será que não há um

processo de lavagem de dinheiro aqui? São coisas que nós precisamos

examinar. Eu acho que está tudo muito esquisito. Coleta de dinheiro com

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grandes facilidades. Se a gente aprende a ler sinais vai ver que está muito

esquisito” (g.n).

“Há esse discurso, agora, de julgamento político. Que um

eventual condenado tente descaracterizar a legitimidade da condenação é

compreensível. Agora, outros setores, a gente tem que ficar desconfiado. Se

a gente olha, coleta de dinheiro, serviço num hotel que pertence a alguém

no Panamá por R$ 20 mil. Se a gente soma tudo isso, há algo mais no ar do

que avião de carreira. Está estranhíssimo”.

“Tem elementos para uma investigação. O Ministério Público

tem que olhar isso. Isso mostra também o risco desse chamado modelo de

doação individual. Imaginem os senhores, com organizações sindicais,

associações, distribuindo dinheiro por CPF” (g.n).

“É interessante isso: arrecadar 600 mil em um dia. São coisas

que precisam ser refletidas. Tem elementos para uma investigação (...) e se

for fenômeno de lavagem?”

Como se verifica o interpelado acredita na possibilidade de

que as doações foram forma de lavagem de dinheiro, que o dinheiro era

oriundo de corrupção e que o Ministério Público deveria investigar, ou

seja, em tese a interpelante deveria ser investigada criminalmente por

lavagem de dinheiro.

É verdade que isto não esta claro, pois não há afirmações mas

insinuações que vão das vagas as mais incisivas. De qualquer forma o

interpelado acusou de maneira ambígua e vaga que poderiam os doadores

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estarem lavando dinheiro e que o dinheiro que ofertaram era fruto de

corrupção.

Importa ressaltar que um dos doadores, o Senador Eduardo

Suplicy, registrou com indignação as verrinas maldosas assacadas pelo

interpelado, verbis:

“Doei para os dois (Genoíno e Delúbio) e doarei aos outros.

Desafio o ministro Gilmar a mostrar onde está proibido na lei”.

III – DA COMPETÊNCIA

A interpelação judicial criminal (pedido de explicações em

juízo), com fundamento no artigo 144 do Código Penal, é típica medida

cautelar preparatória da ação penal privada por crimes contra a honra e,

portanto, é submetida ao juízo competente para conhecer da ação principal.

Nos termos do artigo 102, I, b da Constituição Federal, o

Supremo Tribunal Federal é órgão competente para processar e julgar seus

próprios Ministros nas infrações penais comuns.

Portanto, inequívoca a competência do Supremo Tribunal

Federal, em razão da evidente natureza penal da presente interpelação que

visa subsidiar elementos para a Ação Principal Penal.

Assim plenamente válida proposição do presente pedido de

explicações para que o interpelado esclareça as aleivosias que assacou

contra os doadores atingindo a honra da interpelante, ainda que

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obliquamente. Sim, de fato pois é certo que o interpelado em tese imputou a

um grupo de pessoas a prática de lavagem de dinheiro, afirmação que ele

deveria saber ser caluniosa haja vista que um jurista do porte dele sabe

perfeitamente bem que doações como as feitas pela interpelante não são

meios para lavagem de dinheiro. Doar significa entregar sem imaginar o

retorno total ou parcial do objeto entregue.

Conforme o entendimento do antigo Tribunal de Alçada

Criminal de São Paulo a ofensa a “algumas” pessoas de um grupo requer

previas interpelação (TACRSP, Julgados 84/330, no mesmo sentido TARS

RF 262/322).

Fazendo o interpelado de forma nebulosa e de modo oblíquo

as acusações atingiu a honra da interpelante que agora pode ser apontada

como integrante de um esquema de lavagem de dinheiro que, repita-se, o

interpelado não se sabe direito no que consiste. Por isto é proposta a

apresente interpelação para que depois possa a interpelante ingressar com a

Ação Penal competente.

O interpelado não foi especifico, todavia. Cometeu

possivelmente aquilo que é denominado de crime camuflado. Neste caso o

agente emprega expressões ambíguas, vagas ou pouco específicas “para

excitar a atenção dos outros e dar mais efeito ao seu significado injurioso”

(Aníbal Bruno, Direito Penal, p. 337). Ou seja, usando ambiguidades no

discurso contumelioso o agente dificulta a persecução penal.

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É o que ocorre nos autos tanto que a interpelação proposta pelo

Partido dos trabalhadores foi extinta, pois o Ministro Fux considerou que a

legitimidade ativa seria dos doadores não do Partido dos trabalhadores.

Acreditamos que a legitimidade existe em ambas as hipóteses, todavia a

ambiguidade e a imprecisão das contumélias do interpelado já provocaram

dúvidas também no juiz natural.

Como dito o Partido dos Trabalhadores propôs pedido de

explicações (PET 5143 / DF) no mesmo sentido da presente cujo

seguimento foi negado pelo Ministro Luís Fux nos seguintes termos:

“A presente interpelação judicial, conforme narrado,

foi proposta por pessoa jurídica, a saber, o Diretório

Nacional do Partido dos Trabalhadores. Por sua vez, a

possível ofensa apontada nas razões da inicial seria

dirigida à honra dos seus associados, estes os doadores

de valores destinados ao pagamento das multas de

condenados na Ação Penal nº 470.

Manifesta, portanto, a ilegitimidade ativa ad causam

para a demanda, considerando que apenas os cidadãos

cuja honra poderia ter sido atingida gozariam de

legitimidade para requerer, individualmente, o pedido

de explicações a que se refere o art. 144 do Código

Penal. Impossível, na hipótese, cogitar de legitimidade

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coletiva por parte da agremiação partidária, que não

pode substituir em juízo os seus associados, à míngua

de previsão legal”.

Pelo r. despacho indeferidor vê-se que o óbice apontado

inexiste em relação a interpelante que tem legitimidade ativa para a

proposição do presente de pedido de explicações.

DO DESCONHECIMENTO DO INTERPELADO SOBRE O QUE É

LAVAGEM DE DINHEIRO

É notória a preferência partidária do interpelado pelo PSDB,

partido que como se sabe tem como maior preocupação a Venezuela e não o

Brasil, tanto que o interpelado já se manifestou por várias vezes neste

sentido. É este posicionamento político que certamente levou a insinuar

aleivosias e calúnias contra o Partido dos Trabalhadores, seus militantes e

os doadores do numerário para o pagamento das injustas e ilegais multas

impostas.

Em sua verberação chegou a afirmar que a pena não pode

passar da pessoa do condenado e, por isso, as doações seriam ilegais. Data

vênia, isto é um equívoco rasteiro que não tem justificativa jurídica válida,

O princípio constitucional da intranscendência da pena (art. 5º,

XLV) é uma conquista do Direito Penal dos países civilizados, porque não

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permite que a condenação penal passe da pessoa do condenado e atinja seus

parentes, amigos, etc..

A pena corporal não pode passar da pessoa do condenado

mas as multas impostas são penas acessórias, penas pecuniárias e assim

é falso afirmar que estaria vedado qualquer tipo de contribuição.

Ademais a doação é ato legal previsto no nosso Código Civil (art. 538) e

consiste na transferência, por liberalidade, de bens ou vantagens do

patrimônio de uma pessoa para o patrimônio de outra pessoa que no caso

não foi para os réus mas para a União.

Apesar de exuberante erudição e inegável inteligência o

ministro sempre deixa suas mal disfarçadas posições políticas simpáticas ao

PSDB e a Direita em geral. É melhor jurista do que ativista, tanto que se

não fosse não seria interpelado judicialmente o que representa um motivo

de tristeza para os operadores de do Direito que tão eminente jurista prefira

operar mais com a Direita do que com o Direito. Tal fato ficou patente no

julgamento da AP 470 e se reflete nas insinuações maldosas, envolvendo a

interpelante, quando põe se a falar sobre o delito de lavagem de dinheiro.

Lamentavelmente o interpelado também é o ídolo dos

sapateiros que gostam de ir além dos sapatos como os jornalistas direitistas

Reinaldo Azevedo, criador do termo “petralha” e autor de “Hamlet” e

Merval Pereira, jornalista e acadêmico autor de “Guerra e Paz” além da

“Odisséia” e da “Ilíada” .

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Sejamos sinceros: o que o leigo, o que jornalistas,leigos

profissionais, podem entender sobre continuidade delitiva, sobre a

indivisibilidade da jurisdição, da diferenciação da reiteração e continuidade

delitiva em lavagem de dinheiro, sobre o que são indícios para o Direito

penal? Todavia tratam os jornalistas amigos do interpelado destes e outros

temas como se fosse Papinianos revividos.

É óbvio – embora não para os sapateiros que vão além do

sapato – que os doadores não estão cumprindo a pena no lugar dos réus.

Não estão sendo coagidos a nada. Realizam, de forma espontânea, doações

aos réus devedores. Os motivos para o seu gesto dizem respeito tão somente

a eles.

Na peça dilucular acusatória o membro do parquet utilizou a

lei revogada sobre a lei de lavagem de dinheiro e não a atual o que

representa nulidade absoluta para todos aqueles réus que foram condenados

por este crime.

Todos os ministros que participaram do julgamento do mérito,

inclusive o interpelado, o que constitui motivo para que os réus, querendo ,

ingressem querendo com uma revisão criminal que já deveria ter sido

proposta há muito tempo se não houvesse a prisão ilegal dos réus mesmo

inexistindo trânsito em julgado o que agride a constituição.

Apesar da inegável cultura jurídica os ministros e o interpelado

adotaram a lei revogada para condenar. A lei anterior mencionava que a

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pena seria aumentada em até 2/3 se o agente praticasse lavagem de

dinheiro com “habitualidade”.

A lei atual revogou o termo “habitualidade “ que diz a

condição do agente pelo termo “reiteração”, que é característica do crime e

com isto impedia alei que os réus tivessem as penas exacerbadas em razão

de suposta continuidade delitiva.

Todos foram condenados em razão da ilegal continuidade

delitiva. A “reiteração” é a única continuidade que o legislador admite e que

não se confunde e nem se pode confundir com crime continuado. As

condenações com base em lei revogada e com base no crime continuado são

assim flagrantemente ilegais. Data vênia, são dois erros grosseiros. A única

continuidade prevista pelo legislador para exacerbar a pena era a

“reiteração” e se vontade do legislador era clara – como o era no caso dos

embargos infringentes – o julgador não poderia invar pois in claris non fit

intepretatis.

Esta digressão é importante porque demonstra que o

interpelado não entende de lavagem de dinheiro o que explica sua verrina

infundada que atinge a interpelante. Doações não são meios para lavagem

de dinheiro, pois a lavagem de dinheiro se caracteriza pela inserção do

dinheiro a ser levado num determinado esquema que depois retorna, no total

e em parte ao agente, mas na doação não há possibilidade de retorno.

Ademais se o dinheiro adviesse de corrupção, afirmação de todo graciosa, é

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deveras estranho que corruptos deem o dinheiro que obtiveram ilegalmente.

Assim ainda que a intenção de contribuir ocultasse a participação em

lavagem de dinheiro seria uma ideia pouco inteligente, pois não há garantia

de qualquer retorno ao final. Doação é doação não é investimento nem

mesmo ilícito, pois não há processo de retorno ao final.

O fato é que o dinheiro da interpelante é limpo, não

adveio de corrupção e não poderia ser usado para lavar dinheiro, pois

inexiste na hipótese possiblidade de retorno. Mas mesmo assim se sentiu

obviamente ofendida com as palavras do interpelado que a atingem

inquestionavelmente.

IV – DO DIREITO

A requerente, seguindo o que determina o art. 144 do Código

Penal, exige explicações do requerido, in verbis:

"Art. 144 Se, de referências, alusões ou frases, se infere

calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode

pedir explicações em juízo. "[...]

As declarações do interpelado, sugerindo a ocorrência de

lavagem de dinheiro amplamente veiculada pelos mais diversos meios de

comunicação, ainda que feita de forma ambígua e inespecífica pode

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configurar o crime de calúnia dependendo das explicações do interpelado

uma vez que as insinuações foram na trilha da calúnia.

Percebe-se que o interpelado extrapolou os limites da

razoabilidade, tentando transformar a corrente de solidariedade em crime de

lavagem de dinheiro e ainda afirmando que “talvez” tal dinheiro fosse

oriundo de corrupção. Inequivocamente atingiu a honra objetiva da

interpelante devendo o interpelado esclarecer e explicar a intenção de suas

ofensivas verrinas revestidas de ambiguidade e dubiedade, pois o

interpelado sugere a ocorrência do crime de lavagem de dinheiro, mas não

explica quais os fundamentos, qual sua real intenção em insinuações

evidentemente maledicentes e quais os documentos que embasaram suas

declarações denotando possivelmente a intenção de caluniar.

Assim em face do discurso contumelioso do interpelado mister

se faz o manejo da presente interpelação, a fim de obliterar ambiguidades

e/ou imprecisões da declaração, para caso se evidenciar que houve animus

caluniandi por parte do interpelado possa a interpelante promover a

competente ação penal.

Neste norte é o entendimento jurisprudencial:

“PROCESSUAL CIVIL. INTERPELAÇÃO JUDICIAL.

PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO PARA EVENTUAL

INTERPOSIÇÃO DE AÇÃO PENAL PRIVADA. 1. A interpelação

judicial é mero procedimento preparatório para eventual propositura

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de ação penal privada, devendo o juiz se limitar a observar se houve o

atendimento das formalidades legais, inexistindo atividade

jurisdicional. Inteligência dos arts. 867 e seguintes do Código de

Processo Civil. 2. Tendo sido, no caso concreto, todas as formalidades

atendidas, como o oferecimento dos esclarecimentos pelo interpelado, é

de se determinar a entrega dos autos ao Sindicato Interpelante, para os

fins de direito”. (Acórdão Origem: TRF5 - Interpelação – 58 – Processo:

200305000351869 UF: PE Órgão Julgador: Pleno).

“TJSP: Para constituir crime contra a honra devem os fatos

que o configurariam ser sempre claros e positivos. Sua obscuridade ou

equivocidade obrigam a prévio pedido de esclarecimento” (RT 594/299).

Como se constata, não resta dúvida quanto ao cabimento desta

interpelação criminal, a qual deverá ter regular prosseguimento, com a

notificação do interpelado para prestar as explicações que entender

pertinentes, para que possa a interpelante, melhor enquadrando a conduta do

interpelado, decidir pela medida mais adequada a ser adotada ao caso.

Não é outro, aliás, o entendimento da jurisprudência, consoante

se pode extrair do escólio abaixo, da lavra deste Colendo Supremo Tribunal

Federal, verbis:

“STF: O pedido de explicações constitui típica providência

de ordem cautelar, destinada a aparelhar ação penal principal, tendente a

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sentença penal condenatória. O interessado, ao formulá-lo, invoca, em

Juízo, tutela cautelar penal, visando a que se esclareçam situações de

equivocidade, ambiguidade ou dubiedade, a fim de que se viabilize o

exercício futuro de ação penal condenatória. (RT 694/412)”.

Destarte, como o interpelante crê que o interpelado em suas

explicações pode de forma clara ratificar ou negar suas afirmações

delimitando com precisão o alcance de suas palavras, de sorte a possibilitar

a exata compreensão quanto ao sentido do que por ele foi dito para que a

interpelante possa eventualmente oferecer a resposta civil e penal pertinente

V – DO PEDIDO

Como já demonstrado, diante do permissivo legal consoante do

art. 144 do Código Penal, bem como do quanto estabelecido na

Constituição Federal, em seu art. 102, I, “b”, que fixa a competência do

Supremo Tribunal Federal, vem a interpelante, com fundamento, ainda, nos

artigos 867 e seguintes do Código de Processo Civil, requerer se digne V.

Exa. em determinar a notificação do interpelado para que apresente, no

prazo legal, as explicações pertinentes quanto à declaração em que sugere a

prática do crime de lavagem de dinheiro e uso de dinheiro oriundo de

corrupção por parte da interpelante e outros doadores esclarecendo a

intenção de suas insinuações ofensivas.

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Prestadas as explicações, requer sejam entregues a interpelante

os autos, para que possa adotar as medidas cabíveis.

Requer que as intimações feitas através do Diário Oficial

Eletrônico saiam sempre em nome de Eleandro Francisco silva, inscrito na

OAB/SP nº 333.737.

Requer os benéficos da Justiça gratuita (doc. Anexo)

Dá-se à causa o valor de R$ 100,00 (cem reais) apenas para

efeitos de alçada.

Nestes termos pede e espera deferimento.

De Sumaré para Brasília, 05/03/2014.

ELEANDRO FRANCISCO SILVA

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