25
O NOVO AVISO-PRÉVIO: QUESTÕES POLÊMICAS SUSCITADAS PELA LEI N. 12.506/2011

Novo Aviso - Prévio, O: Questões Polêmicas Suscitadas Pela Lei N. 12.506 2011

Embed Size (px)

Citation preview

O NOvO AvisO-PréviO:

Questões POlêmicAs suscitAdAs PelA lei N. 12.506/2011

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 1 24/04/2014 09:30:44

Jorge CavalCanti BouCinhas Filho. Advogado. Mestre e Doutor em Direito do Traba-lho pela Universidade de São Paulo. Professor do curso de graduação em Direito da Universidade São Judas Tadeu e dos cursos de pós-graduação em Direito do Trabalho da Escola Superior de Advocacia de São Paulo, Escola Paulista de Direito, GVLaw — Fundação Getúlio Vargas, Escola Superior da Magistratura da 21ª Região, Universidade Potiguar, curso FMB, FAAP Ribeirão Preto, entre outras instituições localizadas em diversos estados da Federação. Membro Pesquisador do Instituto Brasileiro de Direito Social Cesarino Júnior (IBDSCJ). Autor de dezenas de artigos e diversas obras jurídicas. E-mail: [email protected]

ney stany Morais Maranhão. Juiz do Trabalho (TRT da 8ª Região — PA/AP). Douto-rando em Direito do Trabalho pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Direito Material e Processual do Trabalho pela Università di Roma — La Sapienza (Itália). Graduado e Mestre em Direitos Humanos pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Professor convidado da Universidade da Amazônia (UNAMA) e do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) (em nível de pós-graduação). Professor convidado das Escolas Judiciais dos Tribunais Regionais do Trabalho da 8ª (PA/AP), da 14ª (RO/AC) e da 19ª Regiões (AL). Membro do Instituto Goiano de Direito do Trabalho (IGT), do Instituto de Pesquisas e Estudos Avançados da Magistratura e do Ministério Público do Trabalho (IPEATRA) e do Instituto Brasileiro de Direito Social Cesarino Júnior (IBDSCJ). E-mail: [email protected]

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 2 24/04/2014 09:30:44

Jorge CavalCanti BouCinhas Filho ney stany Morais Maranhão

O NOvO AvisO-PréviO:

Questões POlêmicAs suscitAdAs PelA lei N. 12.506/2011

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 3 24/04/2014 09:30:45

EDITORA LTDA.

Rua Jaguaribe, 571 CEP 01224-001 São Paulo, SP — Brasil Fone (11) 2167-1101 www.ltr.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índice para catálogo sistemático:

Todos os direitos reservados

Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: R. P. TIEZZI XX Projeto de Capa: FABIO GIGLIO Impressão: PIMENTA GRÁFICA E EDITORA

Março, 2014

Boucinhas Filho, Jorge Cavalcanti

O novo aviso-prévio : questões polêmicas suscitadas pela Lei n. 12.506/2011 / Jorge Cavalcanti Boucinhas Filho, Ney Stany Morais Maranhão. — São Paulo : LTr, 2014.

Bibliografia

1. Aviso-prévio 2. Aviso-prévio — Leis e legislação — Brasil 3. Contratos de trabalho — Rescisão -— Brasil I. Maranhão, Ney Stany Morais. II. Título.

14-01299 CDU-34:331.106.4(81)

1. Brasil : Aviso-prévio : Leis e legislação : Direito do trabalho 34:331.106.4(81)

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 4 24/04/2014 09:30:45

Versão impressa - LTr 4993.1 - ISBN 978-85-361-2857-3Versão digital - LTr 7756.0 - ISBN 978-85-361-2948-8

Para Ilane Boucinhas, fonte inesgotável de amor, perseverança e fé.

Jorge Boucinhas Filho

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 5 24/04/2014 09:30:45

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 6 24/04/2014 09:30:45

Para ti, Jesus, sempre!

“Eu te amo, ó Senhor, força minha.” (Salmos 18.1).

Para Maria de Lourdes Morais Maranhão, minha mãe.

Pela intensidade da entrega e pela constância do amor...

Ney Maranhão

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 7 24/04/2014 09:30:45

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 8 24/04/2014 09:30:45

9

SUMÁRIO

Prefácio — Guilherme Guimarães Feliciano ....................................................... 15

Apresentação — Ronaldo Lima dos Santos ...................................................... 19

1. Introdução ................................................................................................... 23

2. Aspectos Históricos e Preambulares ......................................................... 26

2.1. Cronologia do aviso-prévio ......................................................................... 26

2.2. Contexto político que permeou o nascimento da Lei n. 12.506/2011 .........30

2.3. Finalidade do aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço ......................36

2.4. Forma do aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço ............................41

3. Principais Controvérsias Jurídicas Suscitadas pela Lei n. 12.506/2011 ... 42

3.1. A Lei n. 12.506/2011 regra o cumprimento do aviso-prévio ou tão somente sua indenização? .......................................................................................42

3.2. O limite máximo de noventa dias de proporcionalidade de aviso-prévio é uma restrição ofensiva à Constituição Federal? ..........................................45

3.3. A proporcionalidade prevista na Lei n. 12.506/2011 também se aplica em favor do empregador? ...............................................................................53

3.4. A Lei n. 12.506/2011 se aplica aos contratos de emprego cujo empregador não é empresa? .........................................................................................64

3.5. A Lei n. 12.506/2011 se aplica aos empregados domésticos? ....................66

3.6. A Lei n. 12.506/2011 se aplica aos empregados rurais? .............................72

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 9 24/04/2014 09:30:45

10

3.7. A redução de duas horas diárias (CLT, art. 488, caput) alcança todo o lapso do aviso-prévio, mesmo quando superior a trinta dias? ..............................74

3.8. Havendo opção do empregado, deve-se realizar alguma regra de proporcio- nalidade quanto ao direito de faltar sete dias corridos (CLT, art. 488, pará- grafo único), no que refere ao lapso que superar os trinta dias? ...............75

3.9. E quanto ao rural, como fica a questão da redução de jornada? ................80

3.10. A Lei n. 12.506/2011 se aplica aos contratos extintos antes de sua vigên-cia? Essa lei se aplica ao aviso-prévio que estava em curso quando de sua publicação? ...............................................................................................81

3.11. O tempo de serviço anterior à existência da Lei n. 12.506/2011 deve ser computado para fins de proporcionalidade do aviso-prévio? ......................99

3.12. Como se dá a contagem do acréscimo de três dias por ano de serviço? .102

3.13. Como fica a proporcionalidade quanto a períodos de ano incompleto? ..109

3.14. Qual a data a ser anotada na CTPS quando o aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço for superior a trinta dias e também indenizado? ....112

3.15. A proporcionalidade do aviso-prévio superior a trinta dias também deve ser levada em conta para fixação do termo inicial do prazo prescricional? ..112

3.16. A projeção do aviso-prévio indenizado influi no cômputo do tempo de ser- viço para fins de aquisição de mais um patamar de proporcionalidade? ..114

3.17. O novo aviso-prévio também deve ser levado em conta para fins de inde- nização adicional? ...................................................................................115

3.18. Com o novo aviso-prévio, ampliou-se a possibilidade da ocorrência de abandono de emprego? .........................................................................116

3.19. É possível descontar mais de trinta dias de salário caso o trabalhador não conceda aviso-prévio? ............................................................................116

3.20. O trabalho prestado a empresas do mesmo grupo econômico deve ser contabilizado para os fins da Lei n. 12.506/2011? ..................................118

3.21. Os períodos de suspensão contratual deverão ser levados a efeito para os fins da Lei n. 12.506/2011? ....................................................................121

3.22. O empregador pode se recusar a cumprir cláusula coletiva anteriormente subscrita, mais benéfica à classe profissional, e, invocando os precisos termos da Lei n. 12.506/2011, passar a conceder aviso-prévio em prazo inferior ao coletivamente pactuado?........................................................122

3.23. É possível compensar o aviso-prévio proporcional concedido em norma coletiva com aquele estabelecido na recente lei ou esses lapsos devem se acumular? ..............................................................................................124

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 10 24/04/2014 09:30:45

11

3.24. O empregador pode, invocando o estrito cumprimento do quanto pactua- do em sede coletiva, recusar-se a pagar a possível diferença de dias havida entre o previsto no pacto coletivo e o estabelecido na Lei n. 12.506/2011? .126

3.25. Questões Outras .....................................................................................127

4. Considerações Finais ................................................................................ 131

Referências Bibliográficas ............................................................................ 135

Anexo 1 — Memorando Circular n. 10/2011 ............................................... 141

Anexo 2 — Nota Técnica n. 184/2012/CGRT/SRT/MTE .............................. 146

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 11 24/04/2014 09:30:45

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 12 24/04/2014 09:30:45

“... en el sosiego espiritual del hombre encontramos el quicio en que encuentra fundamentación y

justificación toda norma jurídica”

J. F. Lorca Navarrete (Temas de Teoría y Filosofía del Derecho. Madrid:

Pirámide, 2003. p. 155)

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 13 24/04/2014 09:30:45

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 14 24/04/2014 09:30:45

15

PREFÁCIO

É a todos notório que a doutrina trabalhista nacional esmerou-se, nas duas últimas décadas, em renovar os conteúdos do juslaboralismo, para além da proble-matização de institutos e dos comentários à legislação laboral. Como na epopeia camoniana, os trabalhistas aventuraram-se “[p]or mares nunca de antes navegados [...] E entre gente remota edificaram novo reino” (Os Lusíadas, Canto I). Assim é que proliferaram, em poucos anos, dezenas de monografias sobre temas visceralmente ligados à doutrina dos direitos humanos e, nada obstante, pobres em legislação no Brasil (ao menos em seara legislativa federal), como a temática da eficácia horizontal dos direitos humanos fundamentais nos contratos (e pré-contratos) individuais de trabalho, o meio ambiente do trabalho e a poluição labor-ambiental, a discriminação no trabalho, os assédios moral e sexual etc. No limite, chegou-se mesmo a uma certa estereotipia: ou se escreviam manuais, ou se debatiam os “grandes temas” do pós-positivismo juslaboral, geralmente a partir dos mesmos referenciais teóricos (Robert Alexy, Ronald Dworkin, J. J. Gomes Canotilho etc.). Eu próprio não escapei desse lugar-comum.

Em algum momento, porém, esse movimento haveria de naturalmente refluir. Afinal, a despeito das possibilidades hermenêuticas despertas pelo pós-positivismo, o operador do Direito do Trabalho ainda se vê às voltas com uma legislação federal quase septuagenária, arcaica em vários aspectos, conquanto ainda atual em muitos outros. Episodicamente, o legislador tenta atualizá-la, de modo errático, como na recente edição da Lei n. 12.551/2011, que positivou a equivalência jurídica entre “[o]s meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão” e “[o]s meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio”. Verteu-se, pois, norma a admitir a figura do teletrabalho subordinado, no bojo de um diploma contemporâneo da mecanografia, da Segunda Guerra Mundial e do Estado fascista italiano (e que, ao ser publicado, desconhecia as viagens espaciais ou até mesmo as calculadoras de bolso). E, para o mais, aplicar-se-á ao teletrabalho todo o arcabouço normativo pensado aprioristicamente para o trabalho presencial em plantas de tipo fordista. O que fazer?

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 15 24/04/2014 09:30:45

16

Sob tais circunstâncias, tanto para o juslaboralista em geral como especial-mente para o Juiz do Trabalho, não há caminho que não passe pela atualização hermenêutica dos institutos e das regras, inclusive a partir da releitura proporciona-da pelas tendências de cariz pós-positivista. Mais do que nunca, a ferramenta que as doutrinas ocidentais herdaram da alta jurisprudência alemã — a interpretação conforme a Constituição (Verfassungskonforme Auslegung) — torna-se a única vereda trilhável para quem não quer (e não pode) declarar o non liquet em ques-tões como nacionalização do trabalho, terceirização, legitimidade sindical, base de cálculo do adicional de insalubridade e outros tantos que se poderiam enunciar, todos malcuidados pela legislação em vigor, se pretendermos fazer dela uma leitura minimamente coerente com os valores constitucionais consagrados em 5 de outu-bro de 1988. Esse é, pois, o sentido que a doutrina nacional tende a perseguir nas próximas duas décadas: revitalizar hermeneuticamente os vetustos institutos do Direito do Trabalho, recorrendo à interpretação conforme e às ferramentas análo-gas. Rareando os grandes debates teóricos, o conhecimento produzido no ensejo da “descoberta” pós-positivista servirá à releitura de institutos quase centenários, vez por outra “atualizados” pelo legislador, mas sempre de modo parcimonioso.

A presente obra, da lavra do advogado Jorge Cavalcanti Boucinhas Filho e do juiz Ney Stany Morais Maranhão, retrata bem essa nova tendência. Aproveitando o bom ensejo dado por um desses esforços episódicos de atualização do Congresso Nacional — que, como bem revela o tópico 2.2, não foi absolutamente gratuito (mas, antes, deveu-se à iminência do julgamento dos Mandados de Injunção ns. 943, 1.010, 1.074 e 1.090, que pediam a regulamentação do art. 7º, XXI, da Constituição, e em relação aos quais já se precipitavam votos favoráveis) —, comentam a Lei n. 12.506/2011, que disciplinou o aviso-prévio proporcional no Brasil, e a tomam como pano de fundo para uma discussão mais abrangente, concernente à leitura constitu-cional do instituto do aviso-prévio (e, portanto, às próprias possibilidades do poder de conformação legislativa acometido ao Parlamento, como se lê no tópico 3.2) e à solução de suas principais controvérsias a partir de uma hermenêutica competente, pautada no lastro principiológico que embasa o sistema jurídico brasileiro. Nessa ensancha, o leitor encontrará boas respostas calcadas no princípio da isonomia, no princípio da proibição do retrocesso social, no princípio da proteção da confiança e nas garantias do direito adquirido e do ato jurídico perfeito, entre outros, todos eles presentes, expressa ou implicitamente, na Carta de 1988. E, de resto, apesar do esforço de oferecer um guia prático e eficiente sobretudo para o uso forense, o escrito não perde em tempo algum o seu foco hermenêutico principal. A conclusão, aliás, bem o revela, ao pontificar que “[a] regulação do aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço deve ser encarada como mais um fator de humanização da relação de emprego”.

Que seja assim, portanto. Voltando a parafrasear impropriamente Os Lusíadas, que este canto de humanização se espalhe “por toda a parte, se a tanto [...] ajudar o engenho e arte”. Decerto que engenho — como capacidade inventiva, habilidade

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 16 24/04/2014 09:30:45

17

de pensar coerentemente a partir de premissas corretas — o leitor encontrará nas próximas páginas. Aventure-se, então, com Boucinhas e Maranhão. Encontre o bom rumo desta nau nova que é nos mares do Direito. E bon voyage.

Guilherme Guimarães Feliciano Doutor em Direito Penal e Livre-docente em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Professor Associado do Departamento de Direito do Trabalho e da

Seguridade Social da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Diretor de Prerrogativas da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA)

(gestão 2013-2015). Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho de Taubaté/SP.

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 17 24/04/2014 09:30:45

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 18 24/04/2014 09:30:45

19

APRESENTAÇÃO

A obra que vem a lume, dos festejados juristas Jorge Cavalcanti Boucinhas Filho e Ney Stany Morais Maranhão, intitulada O novo aviso-prévio: questões po-lêmicas suscitadas pela Lei n. 12.506/2011, é fruto de uma profunda reflexão dos autores, a qual não fica restrita unicamente à questão da novel configuração do aviso-prévio, mas compreende um ensaio epistemológico sobre a construção do Direito do Trabalho no Brasil, uma vez que, a partir do tema central, os escritores analisam diversos outros temas, correlacionados, direta ou indiretamente, com o instituto do aviso-prévio.

De fato, alicerçada em uma profunda pesquisa e dotada dos atributos de coerência, linearidade e coesão doutrinárias concernentes a um trabalho cientí-fico, a obra que ora se apresenta possibilita aos leitores e operadores do Direito do Trabalho compreender todos os aspectos relevantes a respeito do aviso-prévio proporcional, bem como, por meio de um processo de indução, na esteia do pen-samento delineado pelos autores, refletir sobre os rumos do Direito do Trabalho em nosso país, tendo em vista que, por trás do debate sobre a regulamentação do art. 7º, XXI, da Constituição Federal de 1988, encontram-se diversos fenômenos e questões hodiernas acerca da normatização trabalhista e da influência dos fatores socioeconômicos sobre as relações de trabalho, como a questão da eficácia das normas constitucionais e da proteção dos direitos sociais fundamentais dos traba-lhadores.

Pela preocupação dos autores em levar aos operadores do Direito do Traba-lho uma ampla gama de conhecimentos em derredor do instituto do aviso-prévio proporcional, cuja amplitude e profundidades habilitam a obra ser considerada um verdadeiro manual do aviso-prévio, sentimo-nos honrados com o convite para apresentar tão vultoso trabalho ao mundo jurídico e aos cultores do Direito.

A obra insere-se no contexto das modificações normativas que vem sofrendo o Direito do Trabalho, tendo como âmbito nuclear a análise do conteúdo da Lei n.

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 19 24/04/2014 09:30:45

20

12.506/2011, que regulamentou o aviso-prévio proporcional previsto no art. 7º, XXI, da Constituição Federal de 1988.

Entre os diversos aspectos do novel instituto do aviso-prévio proporcional, Jorge Boucinhas Filho e Ney Maranhão praticamente analisam todas as controvérsias a respeito da Lei n. 12.506/2011, concedendo um direcionamento teórico-pragmático para os leitores, bem como para os profissionais que atuam na dinâmica do Direito do Trabalho.

Nesse sentido, merecem reprodução as próprias palavras dos autores, as quais são corroboradas pelo conteúdo da obra que ora se apresenta, lastreada em uma profunda pesquisa doutrinária e jurisprudencial, e ornamentada com o pensamento científico de Jorge Boucinhas Filho e Ney Maranhão:

A obra foi dialeticamente construída, com ampla discussão acerca de todas as questões abordadas neste livro. Para tanto, mergulhamos em dezenas de tex-tos com o fito de garimpar as principais teses que se têm levantado a respeito, confrontando-as, evidentemente, com nosso olhar crítico. No enfrentamento de cada polêmica, procuramos nutrir fidelidade à efetividade da Carta Constitucional, à proteção dos direitos fundamentais e à operabilidade prática das conclusões levadas a termo, compartilhadas, sem ressalvas, por ambos os autores. Algumas propostas são produto de revisão de entendimento anteriormente apresentado. Há, também, ponderações inovadoras.

Os autores analisam o instituto do aviso-prévio proporcional, formulando de modo dialético, por meio de perguntas e respostas, as principais questões, dúvidas e controvérsias sobre a temática e o conteúdo da norma regulamentadora. Este método possibilita aos leitores tanto um estudo acadêmico e linear, como também uma consulta pragmática ao ponto em que o leitor julga relevante para debater diversa questão, seja no âmbito teórico, seja na resolução de um determinado caso concreto, servindo providencialmente tanto aos estudantes de Direito, de graduação e pós-graduação, como aos pesquisadores, professores e profissionais que atuam perante o Judiciário trabalhista.

Para esse desiderato, o estudo se encontra estruturado em quatro capítulos que, distribuídos de forma coerente, didática e coesa, elucidam os principais aspectos da Lei n. 12.506/2011 e do instituto do aviso-prévio proporcional.

Nessa linha sequencial, após um introito, os autores iniciam a obra por meio da análise dos aspectos históricos e preambulares, delineando a evolução histórico--normativa do instituto do aviso-prévio proporcional, que culminou com a edição da Lei n. 12.506/2011. Nessa seara, os autores não se olvidaram dos aspectos políticos, históricos e ideológicos que nortearam a questão até a regulamentação da norma constitucional previsora do instituto em análise.

No passo seguinte, são enfrentadas as principais questões envolventes da temática, por meio de perguntas que, pragmática e linearmente elaboradas, mas

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 20 24/04/2014 09:30:46

21

sem descurar da profundidade científica que a temática merece e com a qual são comprometidos ambos os autores, condensam o conteúdo da Lei n. 12.506/2011 e do aviso-prévio proporcional, pelo prisma de uma criticidade científica, fundamen-tada na experiência jurídica dos autores, com norte na doutrina e na jurisprudência predominantes em torno de cada tema. Instigam os autores o conhecimento dos ledores, com interrogações da seguinte espécie:

A Lei n. 12.506/2011 regra o cumprimento do aviso-prévio ou tão somente sua indenização? O limite máximo de noventa dias de proporcionalidade é uma restrição ofensiva à Constituição Federal? A proporcionalidade prevista na Lei n. 12.506/2011 também se aplica em favor do empregador? Qual a data a ser anota-da na CTPS quando o aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço for superior a trinta dias e também indenizado? É possível descontar mais de trinta dias de salário caso o trabalhador não conceda aviso-prévio?

Finalizando a obra, os autores apresentam suas considerações finais, as quais, na realidade, foram desenvolvidas ao longo de todo o livro, considerando-se a conclusividade e o olhar crítico dos autores lançados sobre cada tópico analisado.

Ao proceder à concatenação dos diversos institutos correlacionados direta ou indiretamente ao aviso-prévio proporcional, os autores desempenham como sapientes e críticos juristas um importante papel na ordem jurídica trabalhista, com a concessão de segurança jurídica às decisões judiciais e à atuação dos operadores deste ramo específico do Direito.

Lisonjeado pelo convite para apresentação da presente obra, convido a co-munidade jurídica à sua leitura, convicto de que contém importantes subsídios doutrinários e jurisprudenciais, que, sob o olhar crítico dos autores, certamente contribuirão para a consolidação e a evolução do Direito do Trabalho. Parabéns aos autores e à comunidade jurídica!

São Paulo, janeiro de 2013.

Ronaldo Lima dos Santos Procurador do Trabalho. Professor Doutor da Faculdade de Direito da USP,

Departamento de Direito do Trabalho e da Seguridade Social. Mestre e Doutor em Direito do Trabalho pela Faculdade de Direito da USP.

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 21 24/04/2014 09:30:46

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 22 24/04/2014 09:30:46

23

1. INTRODUÇÃO

O aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, previsto há muitas décadas em outros países, foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro no art. 7º, inciso XXI, da Constituição Federal de 1988. Entretanto, esse direito somente foi regulamentado pela norma infraconstitucional aludida na Carta Magna quando do preciso advento da Lei n. 12.506, publicada em 13 de outubro de 2011. Os traba-lhadores brasileiros aguardaram, desta feita, mais de vinte anos para que uma de suas maiores conquistas na Assembleia Constituinte fosse finalmente regulamentada.

A demora na elaboração desta norma, nefasta pelo simples fato de haver ne-gado a milhões de trabalhadores um direito que lhes foi assegurado no momento da redemocratização do país, torna-se ainda mais perniciosa e censurável quando se tem em mente que os empregadores não concederam aos empregados o aviso--prévio proporcional ao tempo de serviço de forma gratuita. Referida conquista foi obtida em um contexto de negociação política delicada, na qual os trabalhadores abriram mão de algumas de suas reivindicações e mesmo de direitos históricos, como a estabilidade, e flexibilizaram garantias como a intangibilidade salarial e a inalterabilidade lesiva para que se reconhecessem no texto da nossa Lei Maior algumas conquistas, como a redução do limite de jornada semanal, a majoração do adicional mínimo pelo trabalho em horas extras e o aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, para citar somente algumas.

Apenas para contextualizar essa afirmação, vale a pena citar Amauri Mascaro Nascimento; segundo ele, a proposta que inicialmente prevalecia na Subcomissão dos Direitos dos Trabalhadores e Servidores Públicos mantinha o regime de estabilidade no emprego, prevendo que, após a experiência de noventa dias, todo empregado seria estável e somente poderia ser despedido por falta grave judicialmente apurada. Afirmou ainda o Professor Emérito da USP que, não obstante a Comissão da Ordem Social tenha mantido as linhas básicas das propostas, tentando inclusive ampliá-las, descendo a detalhes incompatíveis com uma Constituição, acabou vitoriosa a ideia inicialmente apresentada por empresários gaúchos de substituir a estabilidade por

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 23 24/04/2014 09:30:46

24

uma indenização(1). Com isso, suprimiu-se a estabilidade da Constituição, retornou--se ao modelo de indenização em caso de dispensa e, como contrapartida, fez-se referência a uma proteção contra dispensa arbitrária — até hoje não regulamentada — com o aumento imediato, no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, do valor da multa sobre os depósitos no FGTS de 10% para 40%.

Malgrado o aviso-prévio proporcional não tenha sido tratado no item concer-nente à proteção contra a despedida arbitrária, é de fácil inferência, pois, que, no contexto do processo legislativo, esse direito foi utilizado na negociação que con-duziu ao fim do regime de estabilidade decenal. Ora, como bem salientou Amauri Mascaro Nascimento, o aviso-prévio, a indenização, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e a estabilidade no emprego são figuras intrinsecamente vinculadas, não podendo, dessa forma, ser examinadas separadamente, porquanto estão todas relacionadas com um aspecto básico e delicado do contrato individual de trabalho: a sua extinção(2).

Dessume-se, portanto, que a instituição do aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço e a majoração na multa incidente sobre as contribuições feitas para o FGTS foram apresentadas como contrapartida pelo fim do regime de estabilidade, que se desejava, a princípio, fosse adquirida após o término do contrato de experiência.

E nessa negociação os trabalhadores perderam duplamente. Ficaram sem a proteção da estabilidade e não tiveram o direito de desfrutar de imediato a “con-quista” que lhes fora oferecida em troca.

A situação mostrou-se ainda mais delicada para os trabalhadores que perma-necem em um mesmo emprego por longo período, o grupo efetivamente tutelado pela figura do aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço. Como oportunamente se comentará, esses trabalhadores, em vez de serem valorizados, passaram, na dinâmica capitalista moderna, a ser vistos muitas vezes como acomodados e sem ambição, o que dificulta a sua recolocação no mercado de trabalho. Não é possível mensurar quantos empregados nessas condições teriam preservado seus empre-gos — pelo menos por mais algum tempo — se o legislador houvesse cumprido seu papel de forma mais rápida e diligente, quanto ao regulamento desse importante direito constitucional.

É triste constatar que o legislador somente solucionou essa relevante lacuna no ordenamento jurídico em face da intensa pressão exercida por grupos de em-presários que temiam a decisão que seria imposta pelo Supremo Tribunal Federal, em julgamento suspenso após ter expressamente reconhecido que o Congresso Nacional estava em mora contumaz e que esta deveria ser solucionada pelo próprio

(1) NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Direito do trabalho na Constituição de 1988. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1991. p. 43-44.(2) NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Direito do trabalho na Constituição de 1988. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1991. p. 190.

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 24 24/04/2014 09:30:46

25

Poder Judiciário. Talvez mais lamentável ainda seja a constatação de que a solução legislativa se deu pela aprovação de um projeto de lei com apenas dois dispositivos que suscitaram mais dúvidas do que apresentaram esclarecimentos. Tal projeto foi escolhido não pelo mérito de seu conteúdo, mas pela pressa que havia em regulamentar o art. 7º, XXI, antes da retomada do julgamento suspenso junto ao Supremo Tribunal Federal.

Aproximadamente um ano depois da edição da Lei n. 12.506/2011, tornou-se mesmo imprescindível estudar a fundo as controvérsias suscitadas pela nova norma, perscrutando-se os textos doutrinários publicados sobre o tema, as orientações emitidas por órgãos públicos e, particularmente, as decisões judiciais já proferidas a respeito do assunto. O escopo desta obra, escrita a quatro mãos, foi analisar os principais questionamentos suscitados com a novel lei, auxiliando o leitor no en-frentamento de diversas questões de ordem jurídica e também prática. Para que se tornassem possíveis conclusões seguras acerca de todas as questões suscitadas pela nova lei, as reflexões foram precedidas de um estudo a respeito do histórico do aviso-prévio e de pontuações sobre os bastidores do processo legislativo que resultou na Lei n. 12.506/2011.

A obra foi dialeticamente construída, com ampla discussão acerca de todas as questões abordadas neste livro. Para tanto, mergulhamos em dezenas de tex-tos com o fito de garimpar as principais teses que se têm levantado a respeito, confrontando-as, evidentemente, com nosso olhar crítico. No enfrentamento de cada polêmica, procuramos nutrir fidelidade à efetividade da Carta Constitucional, à proteção dos direitos fundamentais e à operabilidade prática das conclusões levadas a termo, compartilhadas, sem ressalvas, por ambos os autores. Algumas propostas resultam de revisão de entendimento anteriormente apresentado. Há, também, ponderações inovadoras.

O público que se deseja atingir é, naturalmente, composto de advogados, magistrados e procuradores, além de todos aqueles que pretendam se debruçar, academicamente, sobre o tema. Mas esperamos que a obra seja igualmente útil para os profissionais de departamentos de recursos humanos e entidades sindicais, as categorias que mais rapidamente depararam com as incertezas geradas pela nova sistemática do aviso-prévio. Precisamente, por isso, optamos por sistematizar a obra, no capítulo concernente às questões polêmicas emanadas da referida lei, por meio de um índice estruturado em perguntas diretas e objetivas, de modo a facilitar a visualização dos questionamentos que pretendemos estudar e avaliar.

4993-1 O Novo Aviso-Prévio.indd 25 24/04/2014 09:30:46