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RECLINADO NO SEIO DO AMOR 1 Registro na Biblioteca Nacional Registro nº 389016, em 02/10/2006

Reclinado no seio do amor

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A comunhão é o melhor remédio para as doenças da alma. Medo, individualismo, inimizade, incredulidade sendo tratadas pela Palavra de Deus.

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

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Registro na Biblioteca Nacional Registro nº 389016, em 02/10/2006

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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS

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Sumário

Agradecimentos... Pág. 03

Introdução... Pág. 04

1. O desespero do homem interior... Pág. 06

Tirando fotos... Pág. 06

Momento de reflexão... Pág. 09

2. O inimigo chamado Medo... Pág. 10

O medo e suas personificações... Pág. 12

Momento de reflexão... Pág. 15

3. O individualismo: ―verdadeiro desastre‖... Pág. 16

O rei da pequena ilha... Pág. 17

A formiguinha egocêntrica... Pág. 21

O ratinho Esperto... Pág. 24

Momento de reflexão... Pág. 26

4. Enfrentando adversários fortes... Pág. 27

A inimizade... Pág. 28

O inimigo do Rei... Pág. 30

Incredulidade... Pág. 32

O piloto sem fé... Pág. 35

Momento de reflexão... Pág. 37

5. Reclinado no seio do amor... Pág. 38

Deus pode ser nosso amigo? ... Pág. 43

O amor de Deus é para todos? ... Pág. 45

O amor de Deus é uma experiência pessoal? ... Pág. 47

Mas o que fazer para receber este amor? ... Pág. 48

O medo pode ser vencido? ... Pág.49

Também posso vencer o individualismo? ... Pág. 51

Conclusão... Pág. 53

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Agradecimentos

Quero agradecer ao Eterno Rei e Senhor que inspirou e impulsionou de inicio ao fim

este livro. A Ele glória, louvor e honra sempre!

Quero agradecer minha amada esposa Neide e minhas filhinhas Priscilla e Nahara por

estarem ao meu lado. Vocês são um presente de Deus na minha vida!

Também quero agradecer ao Mentor e Amigo Faustino por sua paciência, dedicação e

amizade. Acredito que sou parte da resposta de suas orações e obra que de maneira

nenhuma tem sido em vão no Senhor.

Quero agradecer também o apreço e amizade que a mim foram concedidas pelos irmãos

em Cristo Donizete e Armando que me ajudaram em momentos bem difíceis. Vocês são

amigos que estão do lado direito do peito.

Também quero agradecer a meu querido irmão Evaldo pelo computador e programas

que contribuíram para finalização deste livro.

Quero concluir agradecendo a todos que direta e indiretamente contribuíram para

realização deste sonho que se tornou realidade.

Paulo Francisco dos Santos

Pastor, escritor e poeta

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Introdução.

Não podemos deixar de olhar o titulo deste livro e não pensar se há

condições para estar reclinado no seio do amor. A dificuldade em si não recai sobre

aqueles que já estão nesta privilegiada posição, mas a aqueles que desconhecem ou que

conhecem pouco e acham isto impossível.

É muito difícil para todos os homens poderem enxergar com sua própria

ótica esse amor divino. Sem auxilio nenhum, sem ajuda que provem lá do alto, isto é,

classificado de impossível, mas em resposta a essa impossibilidade ficamos com a frase

de Jesus: “As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus”. (grifo

meu) Lc 18.27

Depois destas palavras de Jesus você pode receber uma injeção de fé que

fará a tristeza da distancia se transformar em fagulhas de luz que crescerão até formar

um sol que irradia felicidade e produz a alegria de um relacionamento impossível aos

olhos carnais, mas possível para dimensão da fé: a amizade com Deus.

A palavra de Deus é vida e desperta o homem do sono espiritual e o capacita

para ver o que pode estar encoberto aos olhos da razão.

Num mundo racional a fé é vista como um objeto antiquado que não deve ser

retirado do baú.

Vivemos em um tempo que apesar da tecnologia, os estudos e os meios de

comunicação estarem tão avançados, o homem ainda tem dificuldades de entender o

propósito de Deus em sua vida.

Seria Deus um ser pessoal? Teria importância minha vida? São alguns aspectos

que iremos abordar e por fim caminhar em rumo as respostas que nos são entregues pela

Bíblia Sagrada.

A amizade é nosso foco central e a continuidade deste sentimento, que não

existe numa perspectiva individualista, mas em uma convivência recíproca entre duas

ou mais pessoas.

As palavras que podemos inserir em todas as duvidas e dificuldades que

surgirem em nossas vidas são as mesmas que o Apostolo Paulo usou: ―Posso todas as

coisas naquele que me fortalece‖. Fp 4.13

Falaremos apenas sobre o Medo, Individualismo, Incredulidade e Inimizade que

são classificadas como doenças de alma e afetam o bem estar de varias pessoas em todo

o mundo, mas que podem ser curadas pela palavra de Deus.

Consolo para o coração e remédio para alma! Esta é uma afirmação baseada na

mensagem de amor do evangelho, que abre a porta da esperança para a entrada numa

vida muito melhor.

Existem muitas outras doenças de alma como: Ódio, rancor, maledicência,

ignorância, mentira e etc., mas falta-nos espaço para poder aborda-las, todavia acredito

que posteriormente Deus irá preparar outros trabalhos em que possamos falar de outros

tópicos sobre este assunto tão interessante. Ajude-nos em oração. Obrigado!

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Na lida da vida temos que enfrentar muitos problemas e por isso devemos estar

preparados para tudo e as dificuldades emocionais também são problemas a serem

superados.

―As chaves lhe serão entregues em breve!‖ Isto, em si desperta a curiosidade,

não? Quero dizer que a seqüência exposta neste livro lhe dará uma boa direção.

Assim podemos classificar este investimento de tempo como uma aquisição bem

oportuna. Não desanime no meio do caminho, ―O.K.‖!?

A idéia inicial deste livro é poder ajudar, e tenho visto isto, pelo menos em

algumas vidas, e espero que a sua seja a próxima. Minhas orações tem ido nesta direção

e sinto como ter recebido um prêmio do Senhor.

―O insondável amor de Deus guie a cada um a sua doce amizade e ao seio de seu

amor!‖.

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1. O desespero do homem interior.

Existiria um outro homem dentro do próprio homem? Um ser diferente dentro

dele? Na verdade não estou querendo criar uma espécie de utopia, mas direcionar a

nossa atenção para o coração humano. Coração como sede dos sentimentos e não a

bomba que transporta sangue para todo o corpo. Não existe uma alma separada do

corpo, ou um coração alheio ao todo. Podemos dizer que cada um de nós meros seres

humanos somos almas viventes e não podemos dizer que temos uma alma, como se

fosse esta, separada do resto do corpo.

O retrato do homem interior é o seu todo que não pode ser desconexo para ser

analisado.

Assim iremos olhar o ser humano numa perspectiva bíblica e desenvolver as

idéias que são o motivo de escrevermos este livro.

Tirando fotos.

Estava pensando em retratos. As máquinas fotográficas são instrumentos que

tem a capacidade de neutralizar o tempo e empacota-lo para ser guardado no bolso, num

álbum, num armário, para ficar numa escrivania e etc.

Você já saltou no tempo? Estou perguntado isto, mas pensando em fotos é

lógico.

Quando minha filha Priscilla foi apresentada ao Senhor na igreja, foi algo muito

especial para minha amada esposa e pra mim. Tiramos muitas fotos, mas uma ficou tão

linda que toda vez que a olho me sinto o pai mais coruja do mundo (risos). Dá mesma

maneira me senti quando apresentamos a Nahara, nossa segunda filha. Outra porção de

fotos tiradas. Mais motivos para ser papai... você(s) entende? Se você não é pai ou mãe

ainda, não se preocupe, pois existe tempo para tudo nesta terra. Não posso, porém negar

que tenho duas filhas que são super lindas. Existem recordações que são como bombons

receados (Ummm!), ao olha-los sentimos logo o desejo de come-los. Ao olharmos

certas fotos sentimos desejo de saltar no tempo e conseguimos ainda que por alguns

segundos tocar no passado.

Que coisa fenomenal seria existir maquinas fotográficas no tempo da criação e

poder fotografar o Senhor em plena atividade. Imagine uma maquina dessas em ação

fotografando tudo o que estava acontecendo e arquivando as fotos para as gerações

futuras verem que fenomenais foram os dias do gênesis de todo o universo. Uma

palavra dita aqui e a luz aparecendo. Outra falada lá e a terra surgindo. Mar, céu,

montanhas, arvores e tudo o mais no flesh de nossa máquina que comporá o álbum da

criação. Seria esplêndido ver Adão formado do barro como um boneco, imóvel, sem

vida por um instante. Quem visse a foto diria: este boneco de barro parece gente. Outro

poderia dizer: foi Michelangelo ou Aleijadinho que fez este boneco?

Click e click... os dedos na máquina registrando o close bem definido do sopro

do Senhor indo direto as narinas do boneco. Outro click, outro flesh e o boneco com

olhos abertos e pego com um sorriso celestial. Acredito que os comentários seriam

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parecidos com estes: Uauu! Olha só o modelo que o escultor usou para fazer o boneco,

parece um anjo! Olha a face dele como brilha. Este homem não é da terra!

Imagine ainda fotografar o Jardim do Éden. Imagine mais um pouquinho e tire

comigo um retrato de Adão e Eva quando viviam felizes naquele lindo jardim.

Fotos e mais fotos... Temos tirado de tudo o que é visível aos olhos humanos.

Neste momento vamos fazer algo diferente, como a imaginação recebeu impulso para

realizar algumas proezas, gostaria de fotografar com nossa maquina que salta no tempo

o homem interior de Adão.

As fotos que são tiradas de Adão mostram que dentro dele existe uma parte do

céu. Na primeira foto veríamos o sentimento da amizade com um sorriso muito lindo

acenando para câmera. A segunda foto o sentimento de comunhão de mãos dadas com a

fidelidade e a paz brincando de roda. Ainda que sentimentos não possam ser vistos a

olho nu, eles são reais, as nossas fotos estão afirmando isto.

Os dedos que empunham a máquina fotográfica que salta no tempo estão a todo

vapor e focalizam a santidade e a bondade sentadas na sala de estar do coração bebendo

um cafezinho. A confiança e a esperança ainda são pequenos bebês que alegram a

amável benignidade. Paciência e humildade estão arrumadas com roupas festivas para ir

a festa promovida pela gratidão. O amor toma a palavra e faz um discurso sobre viver

na presença de Deus e em seguida faz uma bela pose para completar nosso belo álbum.

Cenas maravilhosas que dão gosto de ver. Estas fotos são boas recordações, mas

este álbum da criação não tem somente dias felizes fotografados. Adão chega a

desobedecer a Deus como nos relata o capitulo três de Gênesis e as fotos que são tiradas

após sua infeliz escolha formam o que podemos caracterizar de a problemática de uma

vida separada do Criador.

Agora, Adão tem fadiga para conseguir seu alimento diário e Erva dores de parto

grandemente multiplicadas. O conforto do Éden é trocado pela luta pela sobrevivência

na Mesopotâmia. Não é fácil ter uma vida independente do criador e por isso Adão vê

seus descendentes irem de mal para pior. Caim mata Abel e comete o primeiro

homicídio. A violência enche o mundo antidiluviano (Gn 6.11) e entristece a pessoa de

Deus.

E isto, veio por um só ato de desobediência (Rm 5.12). O homem ganhara a

distancia, abraçara o medo, criou meios de se isolar do criador, fez-se inimigo, ficou

incrédulo, passou a olhar para vida negativamente, o viver do ser humano passou a

demonstrar o desespero físico, emocional e espiritual.

Cada foto que nossa hipotética máquina tira trás as marcas do pecado que

delineiam o fato indiscutível que expõe a verdade sobre a grande responsabilidade que a

liberdade coloca nos ombros de cada individuo.

Mas a liberdade gerou o pecado e a morte?

Se seguirmos este tipo de pensamento vamos falar que a invenção do avião é

totalmente maligna, pois este é usado como uma terrível arma de guerra, esquecendo

que ele pode ser usado para transportar pessoas e ser usado para salvar vidas.

A pólvora é usada para fabricar bombas, mas ao mesmo tempo pode ser usada na

mineração e ajudar extrair minerais que vão fabricar produtos que auxiliarão no bem

estar do homem.

Assim podemos afirmar que a morte veio pelo mau uso da liberdade.

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O álbum da criação esta um tanto tristonho, as fotos não somente estão

registrando o passado, mas retratam um presente vivido por muitos homens.

É necessário parar e pensar!

Quem gosta da idéia de morrer? Será que existe alguém que quer se separar de

seus entes queridos? Ou de ficar doente? Alguém gosta da tristeza como sua

companheira?

Acredito que todos gostariam de viver para sempre e não ter que passar por

tantos momentos difíceis que neste mundo somos obrigados a passar.

Acusar Adão não seria o melhor remédio para mudar nosso quadro, mas nossas

escolhas contribuirão para nosso próprio bem.

O desespero humano se dá por causa da distancia entre ele e seu criador.

Adão errou e isso é incontestável, mas isso não é justificativa para que cada um

de nós permanece longe de Deus e aumentando o álbum do desespero fotografado no

Éden.

É necessário parar e pensar. Ao fazermos uma auto análise de nós mesmos,

podemos enxergar coisas que estão bem obvias.

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Momento de Reflexão:

O desespero diante da DISTÂNCIA.

Quando falamos de distância fazemos uma ponte para entendermos o quanto não

ter comunhão plena com o Criador causou males a todos homens depois de Adão. E, por

isso, refletir que a solução para todos os problemas do ser humano está em Deus e que

cada um de nós é impotente para por méritos diminuir esta distância.

O desespero diante da MORTE.

A morte veio ceifar a vida como um agente especial que demonstra a

transitoriedade do ser humano, que mesmo lutando de todas as formas para vence-la,

tem que se prostrar diante dela. A morte é um inimigo implacável que não pode ser

vencido pelos impotentes filhos de Adão, o que nos faz direcionar o olhar para aquEle

que pode todas as coisas.

O desespero diante do PECADO.

O pecado é uma pedra que amarrada no calcanhar do ser humano o tem puxado

em direção oposta ao céu. O desespero diante do pecado é explicado quando vemos a

dificuldade de deixar de errar e apagar qualquer delito, mesmo mínimo que tenhamos

cometido. Não existe suborno que faça o pecado retirar a rédeas de seu domínio; não se

pode mata-lo; não se pode engana-lo; não se pode esquece-lo ou negociar uma possível

trégua. É necessário ajuda para vencer este inimigo que não podemos ver ou tocar

fisicamente, mas que esta dentro de cada um.

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2. O inimigo chamado MEDO.

“E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua

voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me”. Gn 3.9,10

Estes dois versículos transmitem algo muito profundo com respeito ao ser

humano.

A voz do amável Deus não estava mais tão bela para Adão, seu coração não

tinha mais a confiança de outrora, agora ele estava sem a vestimenta espiritual da

comunhão e estava no buraco do medo tentando se esconder.

A vida agora seria amarga, Deus não viria todos os dias dar sua costumeira aula,

a viração do dia perdeu o seu brilho; o suor, a fadiga e o trabalho seriam os

companheiros do recém distanciado homem.

A separação ao passar do tempo não diminuiu, mas aumentou e o Deus—amigo

veio a ser visto de outra forma entre os descendentes da distancia.

Olhar aterrorizador, rosto perplexo com um ponto de interrogação é a visão que

eles passaram a ter de Deus.

Estes aspectos formulados no parágrafo anterior são a pura expressão encontrada

nos distanciados filhos de Adão quando se menciona o Deus onisciente, que para eles

não somente sabe tudo sobre nossas vidas, mas é um juiz e um carrasco que esta

esperando uma falha para torturar com aquele tão incomodo sentimento de culpa que

levará ao infeliz trajeto final: ―O INFERNO!‖.

O sentimento que mais permeia esta situação é o ―MEDO‖, que brota como um

dos ramos de uma arvore chamada distância. Sim, o medo de não ser aceito, o medo da

reprovação, o medo de não acertar, o medo de estar enganado, o medo de aproximar-se,

o medo somado ao medo multiplicado ao medo.

Assim vemos esta idéia de distancia como algo que incomoda toda a raça

humana. Talvez essa seja a explicação para o surgimento de diversas religiões e

diversos deuses, que sendo criações humanas (ou demoníacas) podem ganhar atenção e

personificar um aproximamento com a divindade. Um refrigério temporário, um escape

provisório, um avental de folhas de figueira (Gn 3.7) que murcham e secam num

instalar de dedos, assim são todos os meios fabricados pela mente do homem e não

podem fazer este se achegar a Deus.

O medo e a distância são vistos como companheiros inseparáveis na desgraça

em que o homem caiu. Não obstante a essa clara afirmação estão os velhos sentimentos

recebidos como herança no jardim do Éden, dispostos a não aceitar que quem pode nos

ajudar é somente aquele que nos criou. Não existe algo tão terrível quanto o acumulo de

sentimentos contrários à natureza humana antes da queda, e isso se seguiu tendo como

ponto de propulsão o medo que fez Adão se esconder, não reconhecer seu fracasso,

desviar seu erro em direção a sua mulher, não se humilhar, não pedir o perdão divino, se

auto- justificar e por fim, deformar a imagem de seu criador em si mesmo.

O medo foi o primeiro fruto do pecado, ou seja, o primeiro resultado de uma

reação em cadeia que gerou um ser doente de alma.

Aonde se pode buscar uma solução para isto?

Quem arquitetou o projeto de uma casa não seria o melhor indicado para criar

outro quarto ou realizar qualquer outra reforma possível. Quem a construiu não seria a

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melhor pessoa a tratar de um problema estrutural? Se porventura chamarmos alguém

que não tenha preparo o que acontecerá com esta casa?

O homem em si parece não reconhecer este principio e tenta fazer a sua maneira

varias tentativas vãs para buscar a resolução deste dilema.

Quem porventura é o homem? Nasce, cresce, vive alguns anos e depois morre.

Um ser finito. Que pode ficar acamado por uma gripe. Nesta limitação, vemos que em

si, ele precisa de ajuda para redirecionar-se e sair do esconderijo Adâmico (ref. a Gn

3.10). Precisamos do Deus Amigo!

O homem ficou totalmente doente e não somente em seu corpo físico, mas

também no seu interior, ou seja, na alma. A doença da alma é um mal antigo, porém

ignorado entre muitos e causa de grande sofrimento na atualidade. O medo é uma

doença que afeta a alma e que não é visível ao raio-X, nem ao ultra-som, nem mesmo

uma ressonância magnética pode identifica-lo, todavia sua existência é tão real que

nenhum estudioso pode nega-la.

Por que dizer que o medo é Real?

Porque simplesmente ignora-lo não irá melhorar a situação, mas irá formar o que

podemos chamar de bola de neve, que se desenvolverá de tal maneira que poderá ser

incontrolável.

O medo em si é um companheiro ancestral da humanidade que ganhou vida com

o primeiro homem e hoje personifica o receio, temor, covardia, terror, pusilanimidade,

fraqueza, debilidade, frouxidão, desconfiança, pânico, ojeriza, asco, aversão,

aborrecimento, dúvida, oscilação, hesitação, suspeita... Ufa! Que coisa terrível, não?

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Veja o medo e as referidas personificações em exposição abaixo:

a) Um grande “receio” acerca da divindade é a marca do medo e remete a cada

homem em direção contraria. Estando caminhando em direção oposta, a cada

passo ficamos mais distante do ponto de partida, e isto, significa que o receio

nos leva a um abismo entre nós e Deus.

b) O “temor” afasta qualquer visão positiva acerca da reconciliação. À volta

dos braços da distancia ao convívio pessoal com Deus se torna apenas uma

ilusão que nem ao menos é pensada.

c) A “covardia” é a dificuldade em enxergar a vitória, impossibilitando que o

corpo obedeça à voz que indica avançar e lutar. A covardia é a marca dos

perdedores e no coração cheio de medo significa não ter disposição para lutar

contra tudo aquilo que gera frustrações e assim ir de mal a pior.

d) O “terror” como fruto de um coração que não tem comunhão é um viver

assustado, uma visão destorcida da realidade, a mente fica fértil em sentido

negativo e só imagina Deus como um carrasco e não o pode vê-lo como um

Pai amoroso que anela pela volta do filho perdido. O terror é o ultimo degrau

que o medo possibilita o homem subir. O medo multiplicado torna o homem

cego e esta falta de visão o torna vulnerável à queda, mesmo existindo varias

oportunidades de escape.

e) A “pusilanimidade” é a falta de ânimo, de energia. A vida sem animo, sem

energia é apagada, sem a dinâmica do movimento que o existir impõe aos

vivos. O medo trás a falta de um referencial que liga o homem num viver em

harmonia.

f) A “fraqueza” é causada pela falta de vitaminas levando o corpo sem

energias desfalecer e não ter vigor para qualquer atividade. A quebra de toda

a atividade gera aos membros do corpo uma atrofiação. O medo faz com que

fiquemos como estatuas diante de qualquer adversidade, imóveis, atrofiados

e sem disposição para lutar.

g) A “debilidade” é o passo anterior a morte do corpo que esta sem recursos

para poder sobreviver. Imagine isto permeando um coração cheio de medo, o

resultado seguinte é a morte de toda esperança. Sem expectativas o homem é

um navio a deriva, um carro sem motor, um ser sem coração (órgão que

bombeia o sangue), ou seja, um ser que não tem sentido para viver.

h) A “frouxidão” é um sinônimo de mãos sem firmeza. O medo é uma falta de

determinação e firmeza, que ajuda a pedra da incredulidade a puxar mais

para baixo, sem ter a objeção de mãos firmes que se apóiam e impedem o

afundar.

i) A “desconfiança” faz com que o coração medroso não possa dar credito em

pessoas e muito menos em Deus. A desconfiança em ultima estância é a

companheira da incredulidade conduzindo o homem ao egocentrismo.

j) O “pânico” é o susto ou um pavor repentino, uma espécie de ataque

epilético que vai e volta. O medo—pânico é sentido quando nos deparamos

com certa situação ou lugar e transmite uma dor ou uma sensibilidade

crescente em direção ao terror.

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k) A “ojeriza” é a antipatia a pessoas, ou ao próprio Deus e a tudo o que esta

ligado a Ele. Seria a total renuncia ao relacionamento que pode ser

estabelecido entre a criatura e seu criador, levando ao seu seguidor a

autodestruição.

l) O “asco” é a repulsa física ou moral que faz o homem reprimir na prática ou

mentalmente as leis divinas. Isto faz com que cada um haja conforme o

desejo do seu coração e a satisfação da carne se torna o objetivo numero um

da vida.

m) A “aversão” é o ódio ou rancor que surge no coração que tem medo de

reconhecer seu próprio erro o impultando a outrem, ou direcionando a Deus.

O ódio é o inverso do amor, quando não se ama odeia e o odeiante assume a

posição de inimigo. Que coisa terrível é estar distanciado de Deus!

n) O “aborrecimento” age em duas perspectivas: 1º faz com que o seu dono

deteste alguém. 2º faz com que o detestado tome a mesma posição, ou

simplesmente se afaste. O medo que se torna em aborrecimento faz o muro

da separação ficar mais alto, pois lança fundamentos ao coração que toma a

decisão de contrariar a divindade em todos os aspectos.

o) A “dúvida” é a incerteza ou descrença na verdade. E quem é a verdade?

Jesus disse eu sou a verdade...(Jo 14:6). O medo anula a fé, pois faz a dúvida

ser um oponente indestrutível ao vinculo que pode unir o homem novamente

a Deus.

p) A “oscilação” significa mudar de direção constantemente, ou em outras

palavras ser como o ditado popular diz: ―uma barata tonta‖, que não sabe

para onde ir. O medo impossibilita ter firmeza e uma direção segura,

privando o homem de receber tudo o que Deus quer lhe conceder.

q) A “hesitação” estabelece a indecisão como regra de vida. Quem é hesitante

fica sempre no meio do muro. Não é a favor e nem contra. O medo hesitante

quer dar a falsa idéia que o homem pode fazer o que desagrada a Deus sem o

desagradar. Ser um colega e não um amigo, conhecer apenas um pouco a

Deus, sem necessariamente ter um relacionamento com Ele. O medo é

extremamente maligno, não é mesmo?

r) A “suspeita” gera uma opinião em geral desfavorável a alguém, ou a Deus.

O medo não deixa ver a Deus como Ele é, mas levanta uma idéia

desfavorável e estabelece um emaranhado de opiniões que ajudam a manter a

distancia do homem e seu Criador.

O medo em si é a expressão da falta de comunhão com Deus e um forte opositor a

tudo aquilo que Ele deseja a cada ser humano. Quem teme se distancia, quem está

distante está separado e isto significa que não pode existir um relacionamento intimo

entre ambas as partes, lançando o infortúnio como ponto final de toda a controvérsia

iniciada no Éden entre o Criador e sua criatura, se não houver uma maneira de

retroceder e seguir outro caminho.

Nunca em toda historia da humanidade se viu tantas pessoas sofrendo de doenças

ligadas à alma, como em nosso século. Tudo isto é fruto talvez da discrepância das

autoridades a querer separar o homem em partes e explicar situações sem olha-lo como

um todo.

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Quando estou falando em separar o homem estou fazendo uma alusão em querer

tratar uma doença física esquecendo que se o homem sofre de uma enfermidade nas

mãos, por exemplo, não é somente a mão que sofre, mas o corpo todo. Sim, quero

afirmar que se o homem não está bem emocionalmente ele não esta bem fisicamente

também e vice-versa. O homem é um ser total, ou seja, indivisível no que diz respeito

ao ser, quando vivendo sobre a face da terra.

No relacionamento horizontal direcionado ao próximo o medo faz com que a

amizade, união, cooperatividade tenham papeis nulos.

Como nós vimos na lista acima, o medo não age sozinho, mas personifica varias

atitudes ligadas a ele, que exercem influencias negativas na vida individual e social do

ser humano.

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Momento de Reflexão:

A REALIDADE do Medo.

Quando afirmamos que o medo é real existe o desejo de tornar claro a alusão de

sua proximidade a cada um de nós.

O TROPEÇO chamado Medo.

O tropeço representa um impedimento no caminhar. O medo é um tropeço que

impede o continuo progresso do ser humano.

A DOENÇA que o Medo representa.

Ao falarmos de doença lembramos que algo não está bem em nosso corpo e por

isso ele não está exercendo plenamente suas funções. Toda doença deve ser tratada para

que não venha causar males maiores e assim podermos gozar do bem estar que a saúde

nos proporciona.

Saúde é o bem estar físico, emocional e espiritual.

O medo como uma doença de alma deve ser tratada para que não venha causar

danos a saúde de uma forma gradativa que pode gerar em ultima estância a morte.

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3. O individualismo: “O verdadeiro desastre”

―Porque, o que entre os homens é elevado (soberbo), perante Deus é

abominação‖.

Lc 16.15

Individualista náufrago.

Existem pessoas que por acontecimentos que sofreram durante sua vida se trancam

em casulos e formam mundinhos que são muito frágeis e não percebem que mundo está

em movimento, que existem outras pessoas. Elas são vitimas da solidão de seu próprio

mundo vazio que a direciona para a autodestruição.

Individualista construtor.

Existem aqueles que se entregam a uma tentativa cega de criar um mundo separado

dos outros e lutam para de unhas e dentes para conseguir seu propósito egoísta. Estes

são aqueles que não estão conformados com o todo, mas estão olhando somente para si.

Elas são vitimas de seus propósitos mesquinhos que semelhantemente ao naufrago os

conduzem a autodestruição.

Individualista Hedonista.

Existem aqueles que se entregam a uma vida de procura de prazer. Seus

pensamentos são mesquinhos, pensa somente em si mesmo e procura satisfazer somente

seus próprios desejos. Um individualista radical e hedonista é um ser vive para ter

prazer. O presente e o prazer são suas fontes vitais.

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O rei da pequena ilha.

Um marinheiro experiente sofreu um naufrágio. Somente ele havia sobrevivido e

chegado a uma pequena ilha. Esta ilha tinha dez coqueiros e uma caverna que

cabia o naufrago e mais um pequeno espaço. O tempo foi passando e ele foi

sobrevivendo dos cocos que ia colhendo. Comia a carne do coco e bebia sua água.

Muitos dias se passaram e o marinheiro passou a perder o juízo. Imaginava-se um

grande rei, o rei da pequena ilha. Como rei solitário que era, o naufrago dava

ordens e mais ordens a si mesmo. Anos se foram e ele se acostumou a viver apenas

consigo e para si mesmo. Mas algo muito ruim aconteceu, os dez coqueiros ficaram

enfermos e começaram a morrer. E cada um produziu o ultimo coco o que o

marinheiro logo tratou de colher e guardar. Agora ia ser uma questão de tempo

para o pior chegar, a sua fonte de alimento havia se esgotado. Quando tudo parecia

perdido, ao longe ele avistou um navio vindo em direção a sua ilha. O capitão

estava com uma luneta e viu uma pessoa na pequena ilha e direcionou o navio para

ela. O pobre naufrago ia ser resgatado. Os anos de solidão iriam ser substituídos

pelo convívio entre pessoas, ele iria saborear comidas e bebidas diferentes. Ele

teria a liberdade da ilha com paredes de água. Ao fitar durante algum tempo o

navio vindo em sua direção o marinheiro tomou a atitude mais irônica que aquele

momento lhe proporcionava. Pegou os dez cocos e correu para dentro do buraco

gritando: ―Não, não! Vocês não irão roubar meus cocos e nem minha maravilhosa

ilha‖. A cada instante o navio se aproximava mais e mais. Ao chegar perto da ilha e

não avistar ninguém nela o capitão achou ter tido apenas uma ilusão, confundido

algum dos coqueiros secos com uma pessoa e por isso virou o navio em direção

oposta e foi se embora. O naufrago ficou só com seus dez cocos e a ilha, morrendo

um pouco depois de consumir o ultimo coco.

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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS

18

Vemos o náufrago representando aqueles que se isolam numa ilha, ou mundinho só

seu. De tanto viver olhando só pra si eles passam a não enxergar o mundo fora de sua

ilha e por isso, começam a alimentar-se dos frutos de uma vida individualista. Cada um

dos cocos representa um sentimento que enche a vida dos náufragos que se interessam

por uma ilha individual.

Qual é a ambição do náufrago ou náufragos individualistas?

A ambição é ser rei deste mundinho egocêntrico para sempre. E eles fazem tudo

para isso, mesmo que tenham de se enfiar nos buracos da solidão. Não vem as muralhas

que se erguem ao seu redor impossibilitando sua volta à realidade. E ao comerem os

últimos frutos que restam de seu reino, vislumbram o final que é a morte.

Coloquei abaixo os sentimentos que o rei da pequena ilha pode gerar em sua busca

egocêntrica com o titulo: ―Os dez frutos do individualismo‖.

1º coco: O Egoísmo é o excessivo amor por si próprio. Não devemos nos amar?

Lógico que sim, mais o egoísmo faz a pessoa só se importar consigo mesmo,

levando os seus interesses acima de qualquer principio. O egoísmo nada mais é do

que uma manifestação de idolatria por si mesmo, onde não existe lugar para o amor

direcionado ao próximo ou a Deus.

2º coco: O individualismo suscita o desejo de tirar do caminho tudo o que é ou pode

ser um potencial impedimento para sua auto-realização, sem ao menos pensar em

princípios ou no que Deus pode achar de suas atitudes. Isto é o mesmo que dizer

―irei matar o inimigo antes que ele apareça‖.

3º coco: A vangloria é o desejo de receber louvor a qualquer custo de si mesmo ou

do semelhante. É o desejo de ocupar uma posição de destaque e ser maior do que

todos. O fato do naufrago se ver como um ―rei‖ na pequena ilha lhe trouxe um

prazer indescritível. Ele se gloriava de sua suposta posição de rei de si mesmo. A

vangloria é o delírio individualista de se projetar alem da realidade.

4º coco: Orgulho ou soberba é o sentimento de superioridade que faz o

individualista andar de nariz empinado e pisar em todos, humilhando e rebaixando

as pessoas ao seu redor. O orgulho cria a antipatia como um fruto de aversão ao

próximo que leva o individualista a desprezar espontaneamente. O orgulho faz o

soberbo não só se impor sobre o semelhante, mas ainda o faz enfrentar ao próprio

Deus declarando sua total independência, numa irônica e destrutiva arrogância.

5º coco: O individualista não consegue enxergar qualidades no próximo. Sua mente

não pode pensar na promoção de qualquer outra pessoa, a não ser a si próprio. Seria

o mesmo que dizer: ―não existe alguém semelhante a mim‖, ou então ―o mundo

brilha melhor por que existo‖ e os ―outros são meros acidentes que se apagam

(morrem) com facilidade‖.

6º coco: O individualista vê inimigos em toda parte. Ate mesmo pessoas que querem

lhe ajudar são vistas como ladrões de posição. O navio que vinha resgatar o

naufrago foi visto por ele como um salvador? Claro que não, foi visto como um

usurpador dos cocos e da pequena ilha, e este preferiu morrer a ser ajudado.

7º coco: Todo individualista é uma pessoa que não possui amizades verdadeiras. O

seu infortúnio no que diz respeito ao relacionamento faz com que ele seja uma

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

19

pessoa solitária, pois não existe um circulo afetivo ao seu redor, visto que ele

mesmo impossibilita isto, por suas atitudes.

8º coco: O Desequilíbrio é algo que rotula o individualista, pois ele não consegue

ser uma pessoa que tem temperança ou moderação no que diz respeito ao dividir,

doar e participar.

9º coco: A Impaciência levou o naufrago egocêntrico a rejeitar a ajuda do navio que

vinha ao seu socorro, pois ele só pensava em proteger seu mundinho. O

individualista é impaciente com tudo o que diz respeito ao mar, continentes que

estão fora de sua pequena ilha, ou seja, o mundo ao redor.

10º coco: A meta da vida do individualista é querer viver totalmente independente

de todos os homens e de Deus levando-o a Autodestruição. O mundinho imperfeito

do naufrago não poderia sustenta-lo por muito tempo, só havia um pequeno abrigo

(o buraco) e dez coqueiros que morreram, e dez cocos que logo iam ser consumidos.

O engraçado disto, é que mesmo que o reinado individualista possa desmoronar, ele

não quer dar o braço a torcer. Prefere ir ao para o triste fim. Seus pensamentos são:

ajuda nem pensar, ninguém pode fazer nada, Deus não existe.

O sentimento egocêntrico que invadiu a vida do primeiro homem não deixou de se

fazer presente em seus descendentes. A sede de ser independente levou Eva e Adão a

comer do fruto da Arvore da ciência do bem e do mal, numa esperança irônica de ser

igual ao seu criador (Gn 3.5).

O homem depende de alimento e água para sobreviver, de calor para viver, de sono

para recompor-se, de ser ensinado para fazer qualquer atividade e etc. A idéia de

independência apenas é uma viseira que impede enxergar o que é obvio, o que esta

patente: ―Não pode existir independência em um ser dependente!‖

Pode parecer exagero, mas este estado de alma reproduz toda uma insatisfação na

pessoa de Deus ao incorporar os sentimentos presunçosos e soberbos de um personagem

angelical que ocupa agora a posição de opositor ao Supremo.

Satanás quis ser independente de Deus e roubar a sua posição. E o que ele recebeu?

Ele conseguiu sua meta? Sua arrogância lhe deu que pagamento?

A auto destruição foi sua recompensa. Lançado do céu, despido de sua glória e

agora inimigo de Deus.

O egocentrismo foi à desgraça do ex-anjo de luz e é também a de todo o homem.

A independência nada mais é nesse caso que um buraco sem fundo que proporciona

uma queda continua. Este estado de individualidade tem sido a ruína da humanidade

conduzindo-a um beco sem saída.

O domínio exercido por este tão grande mal traça planos tais como: 1º todos os

empecilhos devem ser removidos; 2º devo fazer tudo o que for necessário para chegar-

se ao alvo do meu coração (soberbo). Mesmo que isto produza um rastro de dor e ruína.

Tal coração não se preocupa com os que estão ao seu redor, ainda que sejam aqueles

que se presume ser entes queridos, pois os sentimentos egoístas são sua única família a

creditar atenção.

O sentimento de independência quando chega ao topo do exagero produz uma

lúgubre escama que impossibilita o homem enxergar quem ele é.

E quem é o homem afinal?

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Seu corpo é formado por matérias encontrados na natureza, ele é feito do pó da terra

Gn 2.7.

Sua vida por mais prolongada que seja, pouco passa dos cem anos.

Nasce nu e quando morre não leva nada desta vida consigo. Ec 5.15.

Por mais que aprenda, nunca chegará a acumular total conhecimento por causa de

sua finitude.

O companheirismo em relevo se não for enxergado traz o distanciamento dos

parentes e amigos. Sem a presença destes a vida se torna infeliz e vazia.

Posição, estatus, fama são ilusões passageiras que desvanecem como flores que se

murcham por falta de água.

O verdadeiro desastre está em pensar que podemos viver num mundo paralelo, sem

a necessidade da ajuda do nosso próximo e de Deus. Tecer um casulo e abrigar-se nele

não é a resposta para vencer o sentimento satanocêntrico de viver em oposição à

vontade divina.

O individualismo nada mais é do que uma doença de alma, que faz o homem se

separar não somente dos propósitos de Deus, mas também o priva de uma vida social

equilibrada. É como colocar viseiras que o fazem enxergar somente as necessidades

mesquinhas que encharcam seu pobre coração. O temor que isto ocasiona é o

direcionamento para autodestruição.

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

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A formiguinha egocêntrica.

Uma certa formiguinha estava enfadada com aquela vida de trabalhar e

trabalhar. As formigas vivem uma vida comunitária que visa o bem estar de todo o

formigueiro. ―Uma por todas! E todas por uma!‖ É o que podemos definir como

lema da sociedade formiguil. A pequena formiguinha juntamente com as outras

formigas guardavam alimento para o tempo de inverno, mas isto era muito

trabalhoso. Pensou ela: ―Se eu trabalhar somente para mim, vou ajuntar comida

rápido, e irei descansar o resto do verão‖. Algo estranho para alguém que vivia

sempre em união trabalhando em pró de um objetivo comum. Ela não conhecia a

vida fora do formigueiro. Nunca teve antes uma vida independente. Mas ela

começou a olhar só pra si, e desejar viver uma vida isolada, sem ter compromisso

com o formigueiro. Ela era forte, jovem, carregava muitas folhas, sabia cavar bem,

podia se virar sozinha. Pensava ela. Quando ela via passar uma formiga mais velha

e com uma quantidade de alimento inferior ao que ela costumava carregar ela

resmungava: - Que formiga imprestável! Eu tenho de trabalhar duro para sustentar

a preguiça destas outras formigas que não fazem quase nada. Quanto mais ela

fazia, mas ela se achava auto-suficiente. Ela esnobava suas companheiras e sentia-

se muito melhor que qualquer uma delas. Ao passar o tempo os seus sentimentos de

individualidade cresceram de tal maneira que ela não pode se conter. Arrumou suas

trouxinhas numa noite e saiu do formigueiro sem avisar a ninguém. No dia seguinte

foi um alvoroço só no formigueiro e a pergunta comum era: - Onde esta a

formiguinha egocêntrica? Ela arrumou suas coisas e foi embora. Respondeu uma

formiga que havia sido a primeira a notar a falta dela e foi procura-la em seu

quarto. Imediatamente foi enviada uma comitiva para traze-la de volta. Depois de

algum tempo elas a encontraram um pouco distante do formigueiro, cavando e

cavando. Ela estava fazendo o seu próprio formigueiro. As formigas disseram:

- Volte para sua casa formiguinha egocêntrica, o seu lugar não foi ocupado. – Não,

não voltarei. Agora eu posso viver a minha vida, sem ter que trabalhar para

sustentar ninguém. Vão embora. Disse ela. Tristes com a atitude de sua irmã

formiguinha, a comitiva voltou para o formigueiro. O tempo foi passando e a

formiguinha egocêntrica conseguiu fazer um buraco razoável e fez um formigueiro

só seu. Um mundinho individual e egoísta. Começou a ajuntar comida. Como ela

nunca havia trabalhado somente para si, ela não sabia quanto de comida deveria

ajuntar para passar a época de inverno. Ajuntou uma boa quantidade e disse: - Isto

deve bastar. Ela não trabalhou nem metade do verão e já podia descansar. Estava

se achando o Máximo. Quando se aproximou o inverno as formigas preocupadas

com a formiguinha egocêntrica mandaram outra comitiva a chamá-la de volta, pois

os dias de escassez de alimento estavam chegando. Ela simplesmente disse: - Vão

embora, vocês querem roubar o fruto do meu trabalho. Ao ouvir estas palavras a

comitiva com mais tristeza novamente voltou ao seu lar. O inverno chegou com toda

sua força. As formigas estavam bem abrigadas no formigueiro. Havia comida em

abundancia para passar não somente esta estação, mas para muitos dias depois.

Existia no meio delas um clima muito especial, a união era algo muito forte no meio

delas. E a alegria só não era maior por causa da formiguinha egocêntrica que

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havia deixado o seu lar para buscar uma vida individual. O que elas podiam fazer?

A própria formiguinha egocêntrica havia escolhido seu destino e nisto elas não

podiam interferir. Bem distante dali, estava ela, a formiguinha individualista em seu

mundinho achando que tudo era mil maravilhas. Ao passar dos dias viu quanto era

chato estar sem a companhia das outras formigas, mas não deu o braço a torcer,

continuou dentro do seu formigueiro particular sem ao menos dar ouvido a voz da

consciência que lhe dizia que ela estava errada. A neve encheu toda parte. Como a

formiguinha guardou menos comida do que precisava e não havia comida em

nenhum lugar resolveu ir procurar. Ao abrir a porta do formigueiro para buscar

ajuda com as outras formigas ela notou que não dava para caminhar pela neve, ela

não conseguiria voltar. Assim ela ficou no seu mundinho esperando o fim. Ao

terminar o inverno as formigas preocupadas com a rebelde formiguinha

egocêntrica enviaram outra comitiva para ver se estava tudo bem com ela. Ao

chegarem no minúsculo formigueiro notaram a porta aberta e ao entrarem

encontraram estirada no chão a antiga companheira morta pelo desejo de ser

independente.

Em estrita semelhança com a estória do rei da pequena ilha vemos esta ilustração

sobre a formiga egocêntrica trazer a tona o coração individualista. O marinheiro criou o

mundinho dele depois do naufrágio, na solidão de sua ilha. Nesta outra ilustração

acontece o contrario a formiguinha criou o seu mundinho individualista no meio de uma

sociedade bem equilibrada. Por que isto aconteceu? Ela não vivia bem? Ela não tinha

tudo que precisava? Podemos ver que a derrocada da formiguinha foi retirar sua visão

do todo para se importar apenas com seus sentimentos egoístas. A sociedade de hoje em

dia não vive uma semelhante situação? O sentimento individualista não tem feito muitos

males a famílias, empresas e governos?

Porque ter um objetivo comum se eu posso vencer sozinha, era o lema da

formiguinha egocêntrica. Eu posso me virar sozinha, ser auto-suficiente e ter tudo o que

quero! Isto era a força que movia seu minúsculo mundo interior.

Não foram estes sentimentos que levaram Adão a ser lançado do jardim do Éden?

Não foi isto que precipitou o dilúvio? Não se formou a rebelião no céu desta maneira?

Como pode surgir sentimentos desta natureza em lugares como o céu e o jardim do

Éden? O que dizer destes mesmos sentimentos surgirem dentro da igreja. Como isto

pode acontecer? O individualismo pode surgir em lugares que ao ponto de vista seriam

improváveis, porque a resposta não se encontra no espaço geográfico, mas no coração

daqueles personagens que proporcionaram a sua criação e desenvolvimento.

A bíblia é excepcionalmente feliz ao dizer que é do coração que procede às saídas

da vida. Pv 4.23.

O coração é o local onde surge o que é bom ou ruim, pois o interior é uma área

propícia ao desenvolvimento de qualquer sentimento, desde que seja cultivado. E a

bíblia nos ensina no livro de Marcos 7.18-23 que:

...Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode

contaminar, porque não entra no coração, mas no ventre, e é lançado fora,

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

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ficando puras todas as comidas? E dizia: O que sai do homem isso contamina o

homem. Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos,

os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades,

o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes

males procedem de dentro e contaminam o homem. (grifo meu)

O coração é a área de batalha, onde se manifesta a tendência positiva ou negativa

que irá conduzir a vida ou a morte.

O texto diz que a formiguinha egocêntrica olha para si e vê sua força... juventude...

habilidade... suas muitas qualidades e seu coração se envaidece. Ela mesma

impossibilitou o ato racional de ver que um dia nasceu, que cresceu, que iria envelhecer

e que um dia poderia morrer. Ela só conseguia enxergar a satisfação do seu ego,

alimentando um crescente desejo de ser rainha do minúsculo universo.

O ponto chave seria a auto-admiração que possibilitou o surgimento em cadeia de

outros males que levaram a formiguinha (quantas formiguinhas existem por ai?) sair de

seu lar feliz e construir opostamente um lugar para desfrutar o que seu ego lhe concedia.

Autonomia em uma perspectiva egocêntrica é algo que limita a visão e faz o que

podemos definir de trabalho contra o próprio ser que se deixa dominar. Não podemos

viver sem auxilio externo e isso não pode ser de maneira nenhuma esquecido, lógico

que não devemos deixar um sentimento de inércia tomar conta de nossa vida, pois,

aquilo que esta ao nosso alcance nos devemos fazer. A premissa que estamos

desenvolvendo é que um ser como o homem, que depende de vários fatores para viver e

exercer atividades, não pode querer ser auto-suficiente em um sentido individualista

radical.

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O ratinho Esperto.

Havia um ratinho muito gordo e que era conhecido pelo apelido de Esperto. Seu

maior prazer era comer e comer. Ele parecia uma bola de tão gordo que estava. Certo

dia o ratinho Esperto estava reunido com os outros ratos num porão de uma mansão na

zona nobre de uma grande metrópole. Eles conversavam alegremente acerca de suas

muitas atividades e como estavam seguros naquele porão que não visitado a muito

tempo pelos donos e empregados daquela casa. Um deles falou: - Vocês não vão

acreditar no que eu vi há umas horas atrás.

Todos perguntaram:

- O que você viu?

- Vi que todos da casa estavam com malas e saíram dizendo que iam viajar.

- Serio? Temos o casarão só para nós? Perguntou o ratinho Esperto.

- Eu não estou brincando e tem mais, eu vi que eles esqueceram um pedaço de

queijo bem grande em cima da mesa.

- Não acredito. Respondeu outro ratinho.

- Casa e queijo à vontade, que legal! Todos gritaram a uma.

- Parem com isso. Vocês acham que eles deixariam tudo isso para nós? Isto é

uma armadilha, pois eu vi ontem eles chegarem com um grande gato para

acabar conosco. Explicou o ratinho Esperto.

Por causa destas palavras os ratinhos ficaram tão apavorados que resolveram se

mudar da grande casa naquele mesmo dia, com exceção do ratinho esperto que havia

formulado esta mentira para poder comer o queijo sozinho. Quando todos já estavam

longe ele saiu do porão e foi até a mesa e comeu todo o queijo. Como era guloso este

nosso ratinho Esperto, ele não se contentou somente com este pedaço de queijo e foi à

procura de mais. Ao encontrar a dispensa ele quase caiu de costas, pois havia tanto

queijo nela que ele levaria um mês para poder comer tudo. Sem demora ele foi direto

ao assunto que ele mais gostava: ―comer e comer!‖. Ele não comia para viver, mas

vivia para comer. O ratinho Esperto comeu tanto que não conseguia nem andar e se

gloriava dizendo: - Aqueles outros ratos são uns verdadeiros bobalhões, pois

acreditaram naquela mentira e agora eu posso ter o prazer de comer estes

maravilhosos queijos sozinho. Enquanto ele se gloriava de sua esperteza algo estranho

começou acontecer. Ele começou a sentir um cheiro diferente no ar e passos vindo em

sua direção. Como ele não podia correr de tanto que comeu ficou estupefado e parado

diante daquilo que pensava ser uma grande mentira. Infelizmente o ratinho Esperto

virou o almoço do gato que a família realmente tinha deixado para afugentar qualquer

rato que se atrevesse a andar pela grande casa.

O ratinho Esperto personifica aquele que procura prazer acima de tudo. Está

disposto a enganar e se vangloriar por isso. Não está preocupado com os outros, mas

somente consigo mesmo.

O individualista hedonista tem o prazer como o âmago de sua vida e aglomera em

sua vida também outras doenças de alma, pois sua busca em satisfazer seus desejos abre

as portas de entrada para agravar sua enfermidade interior.

E quantos hoje em dia vivem para o prazer e não tem ou gozam momentos de prazer

porque estão vivos.

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

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Comer, beber, sexo e etc., quando usados de uma forma unilateral e egoísta são

prazeres que mais trazem males do que o bem.

Quantos casamentos são infelizes porque um dos conjugues se preocupa somente

em satisfazer seus próprios desejos?

Quantos não podem ter um relacionamento com alguém porque vivem somente para

si?

Todos aqueles que vivem de uma maneira mesquinha e buscam somente o bem

próprio são pessoas que estão destinadas a serem engolidas pelos gatos do destino que

personificam o fim da triste jornada egoísta.

Doenças como a Aids, as Dst’s e outras não são frutos de uma vida dissoluta? Na

maioria dos casos sim. E do que se queixa o homem então? Não são de suas próprias

atitudes que o levam ao fundo do posso.

O que o amor livre tem dado aos seus seguidores?

O que as empresas de bebidas alcoólicas e de tabaco tem conferido aos dependentes

de seus produtos?

O que as drogas tem feito ao viciado, família e sociedade?

Vejamos a advertência do apostolo Paulo aos gálatas 5.18-21:

―Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,

idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções,

invejas, bebedices, glutonarias, e cousas semelhantes a estas, a respeito das quais eu

vos declaro, como já outrora vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais

coisas praticam‖. (grifo meu)

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Momento de Reflexão.

O que REPRESENTAM para você a ilha e o formigueiro individual?

Ambas ilustrações apontam para uma realidade que está presente no cotidiano de

nossa sociedade e por isso nos chama a atenção. Existem momentos em que

precisamos fazer uma retrospectiva e olharmos para dentro de nós mesmos e

pesarmos na balança da consciência o que até aqui somos ou temos feitos.

O PRAZER é o centro de nossa vida?

Você vive para ter prazer ou tem prazer porque a vida pode proporcionar-lhe

momentos para desfruta-lo? Acredito que sua afirmação será a segunda, mas

devemos ter o cuidado para não estar nos enganando a si próprios, pois nós seremos

os únicos perdedores. Ainda existe tempo para mudar!

De que maneira o individualismo tem INFLUÊNCIADO o mundo?

A única resposta é negativamente. Porém, queremos pensar que os erros quando

analisados e corrigidos podem levar a um crescimento e nesse ponto de vista

podemos concordar com o adágio popular que diz: ―viver é sempre aprender‖.

Assim concluímos que existe mudança para sociedade e para cada um de nós, basta

querer!

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

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4. Enfrentando adversários fortes.

―Porque a carne milita (guerreia) contra o Espírito...‖

Gl 05.17

Podemos dizer que desde a queda de Adão, o ser humano tem adversários que

irão lutar com ele durante toda a sua vida, sem trégua e sem misericórdia.

Dois adversários serão abordados neste capitulo e o que mais pode nos

surpreender é que muitos não conhecem o mínimo sobre seus adversários e sem duvida

esta é a principal causa da derrota.

Inimizade.

Incredulidade.

Nossos vilões são apresentados neste capitulo e no ultimo isolados e derrotados

pelo conhecimento da verdade.

A inimizade esta presente entre o homem e Deus e entre o homem e seu

próximo.

A incredulidade é um grande impedimento para a distância do homem e Deus

ser desfeita e a comunhão perdida no Éden ser restaurada.

O ser interior do homem tem sofrido com a presença destes males e podemos

aprender com eles que o homem precisa de ajuda, e essa ajuda só pode vir de cima.

Assim o melhor é não dormir no ponto e procurar conhecer os adversários e

assim lutar com intuito de vencer.

O apostolo São João escreveu em sua primeira epistola:

―Quem é que vence o mundo , senão aquele que crê que Jesus é o Filho de

Deus?‖ (1 Jo 5.5)

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A inimizade

O relacionamento entre duas pessoas em que existe um sentimento de afeto mutuo,

um compartilhar de opiniões, uma união de propósitos, um elo de compreensão, podem

arranhar o que significa o viver uma amizade.

Podemos poetizar a amizade e coloca-la ao níveo da canção que diz ―amigo é pra se

guardar do lado esquerdo do peito‖; ela, porém é mais que um simples verso de poeta,

deve ser algo não somente subjetivo, mas uma realidade de vida.

Tive um professor que disse uma frase significativa na faculdade de Teologia:

―Se durante toda a vida você não conseguiu formar pelo menos uma amizade

duradoura e dizes que não possui amigo nenhum, é porque você é do tamanho

(semelhante) do amigo que nunca conseguiu ser‖.

Em outras palavras não temos amigos porque não conseguimos ser amigos. Não

existe uma amizade unilateral, mas a exigência que o ato de ter uma amizade exige é um

relacionamento recíproco. Sem isto, é impossível ter um relacionamento de amizade

entre homens (ser humano) e também em relação a Deus.

Entre o homem e Deus existiu no inicio uma relação de grande amizade, mas houve

uma mudança radical neste relacionamento devido à desobediência do homem que é

descrita como o rompimento da aliança (houve deslealdade, transgressão) por Adão. (Os

6.7).

Devido à transgressão de Adão ergueu-se um novo relacionamento entre o ser

humano e a pessoa de seu Criador. Não podia existir o vinculo de amizade de outrora

por causa do pecado. O homem passou então a nascer, viver e se mover no pecado!

O pecado causa inimizade entre Deus e o homem. De um lado está Deus oferecendo

seu amor e do outro o homem pecando e querendo pecar.

A pouco colocamos o seguinte pensamento: ―não existe amizade sem

reciprocidade‖. Assim podemos pensar e nos perguntar se existe amizade entre nós é

Deus.

Muitos hoje em dia afirmam ter Deus no coração, que amam a Deus e etc. Talvez

seja até algo na moda falar de Deus na atualidade, mesmo porque ninguém gosta da

idéia de se ver como opositor ou adversário de Deus. Mas o que a bíblia diz?

Jesus afirmou as seguintes palavras sobre como manter um relacionamento de

amizade: ―Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando‖. Jo 15.14.

Pode alguém ser amigo de Deus sem fazer o que ele ordena?

Pode alguém ter Deus no coração sem conhecer sua vontade?

Mesmo que seja bonito falar a respeito de Deus, que autoridade temos para tal se

não desfrutamos de um relacionamento pessoal com Ele?

O apostolo Paulo em sua epistola aos Colossenses nos explica que realmente éramos

inimigos de Deus por causa daquilo que nos distancia dEle: ―o Pecado‖:

Vós também, que noutro tempo éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas

vossas obras más... Cl 1.21

Que coisa terrível é ser inimigo de Deus! Palavra dura, não?

Mas hoje em dia podemos ver inimizade expressa também em direção de nosso

semelhante. O que se pode esperar deste sentimento de inimizade é o pior e ainda ele se

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

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mescla com rancor, ira, ódio, maleficência não conhecendo fronteiras. Se no

relacionamento vertical entre o homem e Deus é um grande problema, o que dizer no

relacionamento horizontal dos homens entre si.

Ele alcança povos e os distancia, ele estende suas mãos sobre países e ocasiona

guerras, ele agarra cidades e as corrói, ele alcança bairros e impede seu progresso, ele se

impregna no seio da família e os separa.

A inimizade destrói. A afirmação é correta e eficaz ao descrever a ação desta doença

de alma que está intimamente ligado com o homem pós-Adâmico. Não é de se estranhar

à direção que mundo esta tomando pela influencia que ela exerce sobre os corações.

Um remédio eficaz é o que podemos chamar de recíproca do Perdão. Receber

perdão e doar perdão, para que uma bandeira de paz seja erguida entre Deus e os

homens e entre os homens e seus semelhantes.

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O inimigo do Rei

Em uma terra remota há muitos anos atrás viveu um poderoso Rei que reinou

sobre muitos povos. A trajetória de sua historia foi marcada por inumeráveis

vitórias e sua fama voou por todos os lugares. Mas como aos homens está ordenado

viverem uma única vez, ele seguiu o caminho de todos, nasceu, cresceu, envelheceu

e por fim iria como qualquer homem morrer. Antes de sua morte, chamou o

príncipe herdeiro e disse:

- Como eu, você enfrentará muitos inimigos e não deve de maneira nenhuma

teme-los.

- Procurarei vence-los. Respondeu o príncipe.

- Sei disso meu filho. Mas quero que você saiba que de todos os inimigos

que você enfrentar, um deles vai ser o mais forte de todos.

- Quem é ele meu pai? Indagou o jovem príncipe.

- Agora você não poderá entender o que estou falando, mas para o dia em

que você estiver em grande aflição e perigo tenho preparado está caixinha

para te direcionar a vitória. Neste dia, somente neste dia, me prometa que

abrirá está caixinha e então você conhecerá seu maior inimigo. Falando

com bastante dificuldade o rei deu está ultima ordem.

- Sim meu pai, como me pediste assim farei. O príncipe em lagrimas jurou

ao velho rei e viu o seu ultimo suspiro.

Anos se passaram e em muitas batalhas o jovem rei lutou, mas nunca se

esqueceu das palavras de seu pai. Ele sabia que cedo ou tarde teria que encontrar o tal

inimigo que seu pai lhe falara e por isso fortaleceu seu reino com todo tipo de armas

bélicas de sua época e seu país foi considerado uma grande potencia.

Um dia porem, uma grande nação se levantou contra seu reino. Era uma nação

muito forte e valente que havia conquistado muitos povos e venceu parte do exercito do

jovem rei. A angustia, a dificuldade e aflição que seu pai falará havia chegado. Mas ele

já estava conhecendo seu inimigo sem precisar olhar dentro da caixinha e ele via que

não tinha jeito de mudar o que já era inevitável—a derrota era certa.

Em uma manhã prevendo que o reino seria destruído e quase sem forças para

lutar resolveu olhar dentro da caixinha qual era esse tal inimigo que ele tinha de

conhecer para vence-lo. Abriu a caixinha e ficou olhando-a por longo tempo. Reuniu as

tropas que restaram e partiu para a batalha decisiva e foi vitorioso.

Dias depois, em comemoração sobre a vitória que ele conquistara, relembrou as

palavras de seu pai e agradeceu pela caixinha que ele havia deixado para lhe mostrar

como ele poderia vencer seu maior inimigo. O jovem rei falou:

- Hoje tenho o prazer de comemorar está grande vitória. Não tive de vencer

em primeiro lugar a espada ou a flecha, nem cavalos ou canhões, mas ao

olhar para aquela caixinha dada pelo meu saudoso pai, vi uma chapa de

latão polida e que mostrava minha imagem distorcida e continha um

bilhete que dizia: teu maior inimigo é você mesmo. Aquele reflexo

distorcido não era eu, por isso, compreendi que se quisesse ser um

vencedor teria que vencer a mim mesmo, e depois, vencer outros inimigos

menores.

Page 31: Reclinado no seio do amor

RECLINADO NO SEIO DO AMOR

31

O maior inimigo era procurado pelo jovem rei em toda parte e ele sabia que iria

encontra-lo algum dia, mas não sabia onde ele estava. O engraçado é que este inimigo

não estava distante, ou melhor, estava mais perto do que ele imaginava.

―Ele teve de vencer ele mesmo, para depois vencer inimigos menores‖. Às vezes

nossos pensamentos, palavras ou atitudes trabalham contra nós mesmos e seguindo este

raciocínio podemos nos ver como nossos próprios inimigos. Você pode até se perguntar

o que isso tem haver com inimizade? Muita coisa, pois, a inimizade não é algo que esta

somente do lado de fora, mas está dentro e o mal que ela provoca não fere somente a

pessoa que ela esta direcionada, mas o próprio ser que a deixa dominar.

Page 32: Reclinado no seio do amor

PAULO FRANCISCO DOS SANTOS

32

Incredulidade

A questão que gira em torno da palavra crer gera preocupação na vida daqueles que

ainda não compreenderam em si a mensagem da cruz.

A fé é um sentimento e como tal totalmente subjetivo, não podemos toca-la, mas ela

existe, e sua existência é tão real que ela faz parte da vida de todo o homem, mesmo em

quantidades menores ou maiores.

A crença faz parte do cotidiano do ser humano, isto é, sem duvida algo provável em

relação a muitas coisas que acontecem conosco no nosso cotidiano. Quando fazemos

alusão ao cotidiano estamos pensando naquilo que adotamos como certo, ou como real,

sem termos presenciado ou comprovado pessoalmente no nosso dia-a-dia. Não sei se

você notou, mas cada um de certa maneira usa uma fagulha de fé em coisas simples ou

mais complexas. Por exemplo, quando entramos no supermercado e compramos um

achocolatado, lemos em seu rotulo que ele é composto de cacau, açúcar e etc., mas não

presenciamos sua fabricação. Você pode dizer, mas o ministério da agricultura fiscaliza

a produção e coloca o seu selo afirmando a qualidade do produto. Eu te pergunto você

viu algum fiscal nesta fabrica? Você tem que acreditar que o produto tem estas

especificações e que o governo fez a fiscalização e que até a data de fabricação é aquela

mesma. E isso é feito de uma forma tão natural que nem é notada ou vista em uma

perspectiva de crença mesmo que tão diminuta.

A atitude de crer sem ressalva é vista também com remédios receitados por médicos

que são profissionais da área da saúde que recebem nossa boa fé ao entregarmos nossa

saúde aos seus cuidados. Os remédios especificam em sua bula também sua composição

química e a data de fabricação que recebe praticamente a mesma atitude do

achocolatado acima—o crer sem ressalva.

Outro exemplo interessante é os dados históricos, quando estamos na escola

aprendemos, que o primeiro presidente do Brasil foi Marechal Deodoro da Fonseca e

que o segundo foi Floriano Peixoto, correto? Eu agora pergunto, você viu algum deles

exercendo suas funções presidenciais? Talvez não exista nos dias de hoje alguém que

tenha vivenciado o mandato de qualquer um dos dois primeiros presidentes do Brasil.

Você não tem que empregar uma certa quantidade de fé para acreditar nos relatos

históricos?

O que dizer da mídia que veicula diariamente uma multidão de informações sobre o

público em geral. Pressupõe-se que pela ética profissional os meios de comunicações

têm por obrigação transmitir sempre a verdade, entre aspas, pois, eles podem veicular

mentiras quando estiver em jogo interesses, isto é, um mal enraizado no coração do

homem. Imagine uma reportagem num aparelho televisível relatando um assalto que foi

filmado em sua integra, com tiroteio e fuga de bandidos. O repórter do noticiário diz:

―Isto aconteceu em um bairro da periferia de uma grande metrópole e...‖. Eu pergunto

novamente: Com todo o repertorio de artistas, figurinos e cenários que existe hoje em

dia, quem pode afirmar que não seria uma simples montagem para subir alguns pontos

no ibope e ter mais audiência no horário do noticiário? É preciso tomar uma resolução

nesta hora apesar de não estar presente no momento em que esse fato ocorreu. Quase

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

33

que imperceptivelmente a atitude que se toma é acreditar no que foi exposto sem

reservas ou perguntas?

O irônico disto tudo é que muitos fazem tantas reservas sobre uma fé direcionada a

Deus, mas em contra partida em varias coisas que deveriam conter questionamentos,

não existe nenhuma reserva!

A bíblia é um livro histórico e suas mensagens transmitem a vontade divina em

relação ao homem. Possui os testemunhos de quarenta autores que viveram em épocas e

lugares diferentes em torno de um período de 16 séculos. Os seus relatos enfocam a

salvação e a crença no Deus verdadeiro. A mensagem bíblica em si é o que podemos

definir como decodificação da vontade divina ao homem de uma maneira que este a

possa compreender. Essa compreensão significa vida, e sua rejeição significa em ultima

instancia morte.

A incredulidade é a expressão desta rejeição que mencionamos acima.

Assim vemos o homem sempre lutando contra uma fé com princípios divinos, mas

aceitando pela fé muita coisa.

O que pode fazer o homem rejeitar a fé bíblica? Na verdade esta é uma questão um

tanto complexa devido ao livre arbítrio do homem, mas existem alguns fatores que são

bem visíveis:

1º Vontade de conhecer a verdade.

Quando o homem ouve a mensagem do evangelho e endurece seu coração ao

ponto de não querer pelo menos pesquisar e conferir se pode ou não ser

verdade aquilo que a ele foi exposto, isto, se torna uma barreira.

2º Preconceito.

O que é desconhecido pode tornar-se interessante ou desprezível. O

preconceito seria uma barreira pré-levantada, uma idéia estabelecida sem

uma analise.

3º Racionalismo.

Tentar explicar o inexplicável é um erro grave dos que querem pela razão se

aproximar de Deus, pois no que diz respeito a assuntos específicos da esfera

espiritual e que fala sobre salvação, céu, inferno, trindade, anjos, vida pós

morte e etc a fé é a ferramenta e autoridade divina colocada nas mãos do

homem para poder ir além do que sua curta visão pode enxergar.

Incredulidade versus crer é um dilema presente em todos os séculos e em todas as

vidas. Mas que solução temos em vista para poder acreditar em Deus? Em sua palavra?

Em suas supostas verdades? Em sua existência?

Quando falamos de fé, crer, confiar, ter certeza e ter esperança entrelaçamos atitudes

que nos colocam num ponto de vista extremamente pessoal na recíproca em torno da

criatura e seu Criador.

Para crer em Deus a fé é um elemento essencial, pois, por enquanto não podemos

vê-lo e nem toca-lo, mas sim, senti-lo, e esta fé é a marca desta transição, como num

salto da escuridão da razão para comunhão no raiar de um relacionamento bem pessoal

com o Divino.

Page 34: Reclinado no seio do amor

PAULO FRANCISCO DOS SANTOS

34

A palavra de Deus é fonte especial que rega a fé para ela se desenvolver e crescer de

acordo com o que o apóstolo escreveu: ―De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela

palavra de Deus‖. Rom 10.17

A resposta para o clamor interior do homem é uma atitude de fé que o leva direto

para os braços de Deus.

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

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O piloto sem fé.

Um certo piloto estava sobrevoando uma região de manguezais, quando seu

avião sofreu uma falha mecânica e se precipitou em rumo a destruição, colidindo com

uma montanha. Ele porem, saltou de pára-quedas caindo no topo de uma arvore no

meio do manguezal. Estava ele numa pequena área de terra rodeada de águas. Para

ser mais exato ele estava em uns cinco metros quadrados de terra seca. A água era

muito barrenta e escura de tal forma que não era possível ver o fundo. Isto não seria

um grande problema se pelo menos ele soubesse nadar. Para complicar ainda mais a

situação ele havia se lembrado que naquela região existiam jacarés e piranhas, fato

que o deixou espavorido. Alem disso, ele estava ferido em seu ombro esquerdo e havia

perdido muito sangue, precisava urgente de primeiros socorros e de ir ao hospital mais

próximo. Ao passar o tempo a angustia começou a tomar conta de seu ser, sua situação

ficou cada vez pior devido ao ferimento. À vontade de sair era grande, tão grande

quanto o medo de se afogar. Foi ai que ele se lembrou de Deus e disse: - Senhor Deus,

se o Senhor existe, por favor, me tire daqui. Então ele ouviu a voz do Senhor a falar ao

seu coração: - Você quer mesmo sair daí?

- Sim, como quero! Disse ele.

- Você se lembra que Moises passou pelo mar vermelho? Perguntou

Deus.

- Sim lembro Senhor. Respondeu Ele.

Deus continuou falando:

- E que meu filho Jesus andou por cima das águas?

- Sim me lembro de tudo isto Senhor. Respondeu novamente.

- Muito bem! Saia andando por cima destas águas. Ordenou-lhe Deus.

- Não posso Senhor, não sei nadar e ainda estou com o ombro bem

machucado. Replicou tristemente.

A tristeza virou um medo crescente, que o impulsionou a subir na arvore em que

estava preso seu pára-quedas querendo achar alguma segurança e ali ficou até que o

machucado virou uma grande gangrena e ele acabou morrendo. Pouco tempo depois de

sua morte, alguns homens que caçavam crustáceos e estavam andando pela água

barrenta do mangue que não era superior a trinta centímetros de altura, viram o corpo

morto entre os galhos da arvore e disseram: - Pobre homem, não deve ter dado tempo

dele descer desta arvore e vir andando para nossa vila que fica a uns quinze minutos

daqui.

A ilustração acima mostra uma pessoa que já ouvira falar de Deus e já lera a

Bíblia, porem nunca tinha se importado com a vontade divina até o momento de passar

por uma grande provação.

O desastre pode ilustrar as dificuldades da vida que impulsionam o homem a

buscar uma solução na pessoa Deus.

Vemos que Deus não se incomoda pelo fato de ser procurado somente nesta

hora de dificuldade, mas seu grande amor é estendido ao piloto ferido que não recebe

sua vitória sobre a dificuldade porque não pode acreditar naquilo que estava patente aos

seus olhos.

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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS

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A incredulidade está estampada sobre as palavras do piloto que chegou a

conversar com o próprio Deus que tem falado não somente com este, mas com todos os

homens e mesmo assim não tem recebido credito.

A bíblia diz que sem fé (acreditar) é impossível agradar a Deus! (Hb 11.6)

A incredulidade pode ser comparada há um cisco no olho que impede a perfeita

visão.

A realidade ultima desta ilustração é transmitida na lição que o homem deve crer

com os lábios numa resposta que vem do fundo do coração.

Se para ter comunhão é preciso fé, a incredulidade é uma barreira a ser

transposta. Não é algo impossível, pois o homem já nasce com um instinto de crer. Sim,

embora muitos acreditem em si mesmo, ou dizem não crer em nada, apesar de com

essas palavras afirmar que crê pelo menos no ―nada‖, o homem é um ser que tem a

capacidade de crer.

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

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Momento de Reflexão.

A inimizade é um GRANDE problema.

O problema está patente ao compreendermos que a distancia entre Deus ou

nosso semelhante é um sentimento que provoca feridas. Feridas ao que fere e aquele que

é ferido.

A incredulidade está EM que lugar.

O coração que está vazio da palavra de Deus está propício a ser uma terra fértil

para abrigar as raízes da incredulidade.

O lugar da incredulidade é formado por aquele que assim o quiser preparar.

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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS

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5. Reclinado no Seio do Amor.

―Ora um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de

Jesus‖. Jo 13.23

Ao ler este versículo no evangelho de João e ver como este desfrutada de um

relacionamento de intima amizade com o Senhor surgiu a idéia de fazer este livro.

A amizade que João desfrutava com Nosso Senhor deve ser um objetivo também

para cada um de nós. Não quero dizer que não exista nenhum vinculo de amizade entre

vocês leitores (as) com Deus, mas que devemos espelhar, progredir e ser constantes na

direção de uma amizade mais intima com o Supremo.

O versículo diz: Ora um de seus discípulos...

João era um discípulo de Jesus. Discípulo significa seguidor e João era um

seguidor que aprendia e praticava tudo o que a cada dia ele recebia da parte do divino

mestre.

Existe uma disposição no coração daquele que quer seguir os passos de Jesus.

Ser discípulo é viver para, em e por Jesus.

Assim tudo o que João almejava como discípulo sendo um exemplo para nós se

resume nas palavras do Senhor em Lc 6.40: ―O discípulo não é superior a seu mestre,

mas todo o que for perfeito será como o seu mestre‖.

Ser como seu mestre significa o quê?

Será que é se onipotente, onisciente ou onipresente?

Claro que não. Estes atributos só pertencem ao Deus Eterno, mas quando Cristo

falou isso, ele quis dizer que devemos nos assemelhar a ele, tornar tão comum o que

aprendemos que sejamos como ele foi.

A bíblia nos ensina este caminho e o que devemos fazer para obter as condições

para sermos discípulos de Jesus. João escreveu que: Jesus, pois operou também em

presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro.

Estes, porem, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e

para que, crendo, tenhais vida em seu nome. Jo 20.30, 31.

A vida eterna esta em crer em Jesus, ou seja, torna-se seu discípulo! Assim

vemos João descrevendo quais os passos que devemos tomar: conhecer, crer e em

seguida ser. Conhecer o que Jesus ensinou e fez, em seguida crer em tudo isto e por fim

tornar-se discípulo (ser discípulo).

Muito temos que aprender com o Senhor Jesus e algo que me chama muita

atenção é o convite feito no sermão do monte para todos os que querem ser discípulos:

São Mateus capitulo 05 e versículos 03 a 12.

Versículo: 03. Bem aventurados são os pobres de Espírito, porque deles é o

reino dos céus;

Quando pensamos em pobres de Espírito parece que a palavra pobre trás um

pensamento negativo de desanimo ou algo parecido, todavia Jesus expressou que feliz é

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

39

aquele que depende do Espírito Santo. Nós podemos observar que a ruína dos nossos

primeiros pais foi o ato de querer ser independente de Deus. Agora Jesus nos ensina que

o segredo para uma vida feliz é depender totalmente de Deus e Ser direcionado pelo

Espírito.

Versículo 04. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;

Jesus não está declarando que a felicidade provêm do ato de simplesmente

chorar por qualquer motivo, mas que a bem-aventurança vem sobre aqueles que choram

pela causa de Deus, pelo estabelecimento do reino do céus que em breve acontecerá e

transmitira consolo para os seguidores de Cristo.

Versículo 05. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;

Serão felizes aqueles que não usam de violência, mas tem sua inteira confiança

no Senhor. Quem segue a Jesus pode ter uma vida tranqüila e serena, pois sabe que

herdarão as promessas divinas, assim como Israel foi levado a terra da promessa os

discípulos herdarão o reino dos céus.

Versículo 06. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles

serão fartos;

A fome e a sede ilustram o desejo do seguidor de Cristo de fazer a vontade

divina e em resposta a esse desejo Deus dará condições para ele se fartar, ou seja, de

faze-la. Aquele que realmente segue a Jesus procura imita-lo, obedecendo a seus

ensinamentos querendo chegar a perfeição, esta busca pode ser comparada a sede e

fome interior de ter comunhão plena com Deus.

Versículo 07. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão

misericórdia;

A misericórdia triunfa sobre o juízo. A misericórdia que Deus manifestou pelo

sacrifício de Cristo nos fez triunfar sobre o duro juízo que o pecado nos impunha—a

morte conforme Romanos 3:23. Agora podemos ser felizes, pois recebemos o dom da

vida eterna e nenhuma condenação há para quem esta em Jesus (Rom. 8:1); temos

misericórdia sobre e em nossa vida e por isso temos qualificação celestial não somente

para receber, mas também de doar aquilo que nos carecemos numa recíproca de amor.

Versículo 08. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a

Deus;

Os limpos ou puros de coração são aqueles que deixaram suas vidas serem

transformadas por Deus mediante o sacrifício de Cristo Jesus nosso Senhor e a ação do

Espírito Santo, recebendo a condição de um dia terem a bem-aventurança de ver a Deus

pessoalmente. Quem tem o coração purificado deve ser mesmo feliz, pois o pecado não

domina mais a sua vida, talvez o apostolo Paulo estive com isto em mente quando

escreveu: Pensai nas coisas do cima... Cl. 3:1.

Versículo 09. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados

filhos de Deus;

Os que buscam e anunciam a paz que o reino dos céus oferece a todos os

homens serão chamados de filhos de Deus. Os filhos de Deus têm o dever de anunciar

as boas novas aos que ainda não desfrutam da comunhão e da paz recebida pela cruz.

Seria o ato de dividir a felicidade que recebemos por Jesus, e isto é manifesto desde o

tempo da igreja primitiva que recebeu a ordenança da grande comissão: Ide: pregai e

ensinai; em outras palavras ide e compartilhai a paz e o amor, a graça e a verdade, a

misericórdia e a consolação, a comunhão e a vida eterna.

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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS

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Versículo 10, 11 e 12. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa

da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos

injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo o mal contra vos por minha causa.

Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim

perseguiram os profetas que foram antes de vós.

Aqueles que seguem a Jesus se opõem as forças (demoníacas) que governam

este presente mundo e por isso sofreram perseguições, calunias e muitas outras coisas.

Tudo porque Satanás tentará impedir o progresso do evangelho, mas isto, não é para

entristecer os discípulos, mas para alegra-los, porque os profetas do passado também

foram perseguidos por anunciar a verdade. Alem do mais é honroso sofrer perseguição

por amor do nome de Jesus, pois se Ele doou sua vida por nós, nossa atitude tem que ser

semelhante, visto que ele destinou o reino dos céus para cada discípulo seu; os apóstolos

compreenderam a honra que era sofrer por amor de Cristo e se alegraram. Atos 5.40, 41.

Na continuação do sermão do monte em Mateus 5.13 – 7.29, vemos os

discípulos sendo comparados ao sal e a luz numa clara referencia sobre sua posição a

respeito do ambiente em que eles vivem, ou seja, os discípulos são um espelho para o

mundo.

A lei é claramente exposta de um ângulo que não é visto por nenhum outro

rabino, ela é reinterpretada numa visão divina e condiciona os discípulos a agirem tendo

referencia a Deus e ao seu amor.

Esmolas, oração e jejum são atitudes puramente lindas, mas a maneira que são

realizadas determinam sua aceitação perante Deus.

O coração é colocado como sede das ações que devem estar sobre o domínio da

palavra, afinal de contas não se pode servir dois senhores, afirmou nosso amado Cristo.

Existe diferença entre quem serve e quem não serve, suas atitudes demonstram isto.

Quem ouve e pratica não voltará atrás, mas os que fazem o contrario, não perseverarão

em seguir a verdade.

Devemos andar com o Cristo do sermão do monte e aprender a ser um

verdadeiro discípulo desfrutando da nova vida.

Ser discípulo é tornar a vida um espelho que reflete a vontade divina, é tornar

comum o que aprendeu, é compartilhar o que a palavra lhe vivencia, é confiar e dizer, é

dizer e viver, é pensar e agir, é dormir e acordar, é ler e praticar, é ouvir e guardar, é ter

e doar, é dar e receber, é ser e estar, é morrer e eternizar.

Continuando o versículo: aquele a quem Jesus amava...

O amor de Jesus é singular? Por que este discípulo era amado de Jesus? Muitos

têm explorado este versículo e outros para atribuírem atitudes homossexuais ao divino

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

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mestre e seu discípulo, porém, podemos ver nessas idéias dissolutas os ardis de Satanás

para querer distorcer e distanciar as vidas da verdade.

O limite que marca a entrada para esfera do amor divino é a comunhão. João

representa o ser humano que pode ter a alegria de um relacionamento de fé, amizade e

comunhão com o autor de nossa redenção.

A fé é uma luneta que faz enxergar pelas paredes da razão.

A amizade é o elo que nos leva aos braços do pai.

A comunhão deve ser uma realidade que é ampliada pela progressiva renovação

que a verdade da palavra de Deus nos trás, na caminhada em rumo ao lar prometido.

Mas isto é um privilegio apenas de João? Na verdade, não é um privilegio

reservado a apenas um discípulo, mas em conformidade com as Escrituras sagradas que

dizem: ―Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas‖ (Rm 2.11), a afirmação

mais coerente é que o amor de Deus está reservado para todo aquele que tiver um

coração bem disposto.

Em meio uma sociedade corrompida como era o mundo antidiluviano Deus

encontrou Noé com seu coração disposto a ter comunhão. Em meio à idolatria de Ur

Deus achou Abraão. Entre os filhos de Israel Deus levantou Moises como príncipe e

libertador dos oprimidos. Entre muitos homens de guerra que viviam em Israel Deus

achou graça em escolher um simples e jovem pastor para ser rei. Entre muitos homens

de posição e cultura elevada na Judéia do tempo de Herodes, Deus escolheu pescadores

para serem representantes da Nova Aliança que trouxe libertação para todos os homens.

Em meio um mundo que cambaleia como um bêbado embriagado pelo pecado Deus

pode escolher alguém para continuar sua obra e compartilhar seu imenso amor e

comunhão também em nossos dias. E nada pode impedir que esse alguém seja você ou

eu, basta estarmos dispostos para tal. O que você acha?

Deus tem nos dado à oportunidade e nós temos de aproveita-la. Ele nos tem

amado e nos tem entregado seu Filho Unigênito para nos salvar (Jo 3.16).

Nada é comparável ao amor que nos libertou.

...Sabendo Jesus que era chegada sua hora de passar deste mundo para o Pai,

tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. (Jo 13.1)

O amor de Jesus é inexplicável, não existe conceito humano para descreve-lo na

sua integra, mas o que nos dá tamanha alegria é o fato dele poder ser vivo e sentido em

nosso ser.

O apóstolo Paulo falou desse amor em Fp 2.5-11, e esses versículos nos ensinam

que Jesus deixou a esfera celestial para encarnar transmitindo esse amor, por isso ele

sofreu humilhação, mas conseguiu salvar o homem e seu amor triunfante o restabeleceu

ao seu primeiro estado de gloria.

Deus é amor.

Jesus-Deus é amor.

O amor que se doa e dá vida; amor que liberta e concede perdão; amor que

morre e transforma; amor que ressuscita e produz imortalidade; amor que procura e

conduz o perdido; amor que consola e traz comunhão; amor que enfraquece e cura as

feridas; amor que se explica sendo inexplicável.

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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS

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Finalizando o versículo: estava reclinado no seio de Jesus.

O fato de João estar reclinado no seio de Jesus mostra a posição que ele

ocupava, ele era de fato um grande amigo de Jesus.

O que chama nossa atenção é o âmago de um relacionamento de amizade que

consiste em: ―ter e ser amigo‖, e isto, é algo tão profundo no relacionamento entre o

homem e Deus que esta parte do versículo demonstra o quanto podemos nos aproximar

de Jesus se nos dispusermos para isso.

João estava... O verbo está conjugado no passado, transmitindo uma ação que já

havia acontecido e que agora nos está direcionando a escrever que sua comunhão era

uma realidade que era viva naquele momento, ela era um premio que o fazia ser uma

pessoa especial. Especial porque ele era amado e amava, tinha comunhão e oferecia

gratidão, tinha paz e demonstrava sua serenidade, era cheio de fé e tinha confiança.

Uma comunhão que não sumiu com provas, dificuldades ou perseguições.

João estava reclinado... Acredito que o discípulo estava naquele momento

depositando sua vida em uma entrega total ao Salvador bendito.

Depositar a vida é dedica-la de uma forma plena e espontânea.

João continuava sendo João. Tinha problemas, mas estava reclinado no seio de

Jesus. Poderia ficar triste e chorar, mas possuía um ombro amigo; poderia ser

maltratado, mas existia um que o amparava, poderia estar fraco, mas ele tinha um

ajudador; a morte poderia vir sobre ele, mas agora a vida eterna lhe pertencia.

Ter, ser e estar com Deus é algo maravilhoso.

João um homem comum, feito de carne e osso, porém especial. Ser especial

consiste em não somente receber o amor divino, mas também em retribui-lo.

Nós somos meros homens. Homens comuns e que também precisam de Jesus.

...Reclinado no seio de Jesus.

Estar reclinado é se identificar com o mestre; é estar perto dEle; é estar ao

alcance de suas mãos; é estar atento a sua voz; é poder crer, viver, sentir e estar na

esfera da comunhão da fé desfrutando do amor concedido pelo vinculo da amizade

proposta pela cruz.

Ao falar de amizade entre o homem e Deus creio que se desperta uma

curiosidade acerca de como realizar isto. Como conseguir se chegar perto de Deus e etc.

Assim formulei algumas perguntas com respostas que estão relacionadas abaixo:

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

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a. Deus pode ser nosso Amigo?

Parece que não tem lugar para um amigo nessa suposta idéia medieval do Deus

que sempre esta zangando e esperando a oportunidade certa para castigar!

Mais em meio a essa visão distorcida e cheia de misticismo será que podemos

olhar para Ele sem as deformidades que foram produzidas em nosso ser por toda uma

vida?

Se a resposta for ―NÃO‖, e isto, parte de um coração sincero, que porem possui

um pouco de curiosidade para verificar o contrario da afirmação anterior, esta seqüência

que iremos expor será uma benção em sua vida.

Seria ironia prometer uma solução mágica e mirabolante que conduzisse da

indiferença ao seio do mais profundo amor num abracadabra. Porém o resumo do

“quero dizer é que à distância do homem para com Deus está no tanto que ele O

pode conhecer”.

Ainda que o ceticismo seja seu companheiro de quarto, digo, é claro no

acomodamento do seu coração, não lhe pareça estranho tais palavras. Não existe

nenhuma amizade verdadeira sem conhecimento pessoal, sólido e verdadeiro. Se estiver

errado pode me corrigir. Claro que alguém distante não pode ser considerado seu amigo.

Talvez você diga é esse o caso entre mim e Deus!

Neste momento quero que saiba que não estou contestando isto. Entendo que

Deus esta distante no seu ponto de vista e que pra você, se por acaso Ele existir não está

dando a mínima para a tua vida. Temos o direito de pensar muitas coisas, mas se elas

são verdadeiras, isto pertence à outra historia.

A outra historia seria neste caso a analise dos prós e dos contra. Quando falei de

amizade disse que ela é fundamentada em conhecimento mutuo, porem é obvio que

existe um principio para ela e depende de uma reciprocidade entre ambas as partes que

se inicia por um dos lados. Correto?

Quando era estudante secundarista, ou melhor, estudante do ensino médio tive

uma experiência bem interessante. Ao iniciar o ano letivo, tive a oportunidade de

conhecer pessoas novas e formar novas amizades, mas para um aluno da classe em que

estudava tive a principio o erro de adotar uma frase bem significativa entre muitas

pessoas: ―acho que não fui com a cara daquele aluno‖, sem ao menos ter trocado uma

única palavra com aquele aluno e ao meu ver tínhamos isto em comum. E essa

impressão perdurou por pelo menos um bimestre até ser destruída num dia em que este

mesmo aluno se aproximou de mim e começou conversar numa espontaneidade que

deixou meus antigos temores encurralados e o rosto envergonhado. Sim, ele nunca tinha

tido algo contra mim como antes pensava e o interessante disso tudo é que nos tornamos

bons amigos. Posso lhes garantir que nossa amizade perdura até os dias de hoje, apesar

de termos concluído o ensino médio a mais ou menos dez anos.

Com Deus também pode estar acontecendo à mesma historia. Você acha que ele

não se importa com sua vida e arma-se para se afastar dEle vivendo num mundo que

não dá espaço para ser receptivo ao seu amor. Imagine isto: ―o achismo (do verbo

achar) impede que Deus prove o contrario do que penso dEle no que diz respeito ao seu

amor, amizade, compromisso, verdade, interesse e responsabilidade direcionadas a mim

mesmo‖.

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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS

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Sendo mediador deste dilema: “Ele se importa ou não, eis a questão!”

Logicamente que não com palavras que vem somente do meu intelecto, mas escudado e

direcionado pela Bíblia sagrada exporei o que permeia este assunto.

O amor de Deus é dirigido a todos sem exclusividade, de uma maneira geral e

maravilhosa pelo fato de sermos todos criados por Ele e ser sua imagem. O ser humano

é uma criação divina, pois tem em si o reflexo do caráter de Deus (excluindo é lógico, a

tendência ao erro que é herdada na natureza pecaminosa, ou Adâmica). E também é

singular a cada individuo no que tange respeito a ser uma experiência pessoal, pois, o

amor que é expresso num relacionamento de amizade só será visto onde houver

cumplicidade e recebido se cada um estiver disposto a isso, não esquecendo que pode a

ver a contra resposta a seu pedido – ou seja, a rejeição.

O que está claro nas Escrituras Sagradas é que por intermédio do caminho que

Cristo Jesus é o ser humano pode restabelecer a comunhão novamente com Deus e

assim obtemos uma resposta afirmativa a nossa pergunta inicial: ―Sim, nós podemos ser

amigos de Deus!‖.

Quero analisar o amor de Deus quanto a sua generalização a humanidade e sua

individualização a respeito de cada um.

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

45

b) O amor de Deus é para todos?

Deus dotou a todos os seres humanos de vida. Criando Adão o primeiro homem

e soprou em suas narinas o fôlego de vida e este se fez alma vivente. Gn 2.7

Entre milhões de espermas que lutavam para fecundar o óvulo (+ ou – 500

milhões), aquele cujas informações genéticas proporcionaram a concepção de nossa

vida foi o vencedor. Numa disputa descomunal como essa só podemos dizer que somos

privilegiados pelo o dom da vida. ―Você nasceu pra ser um vencedor!‖; e não o

contrario.

Deus não fez um robô ou simples marionete, mas dotou-o de capacidade de

escolher o que fazer com a vida que este lhe doará, mesmo que suas atitudes fossem

contrarias a vontade divina e causassem danos a si próprios. Isto esta expresso em Gn 3.

Responsabilidade significa ter rédeas para direcionar a vida e também ter

coragem suficiente para assumir conscientemente tudo que acontecer, seja bom ou ruim,

sem querer atribuir a outros o que diz respeito a nós mesmo.

O sol e a chuva vêm sobre a terra sem fazer distinção sobre os homens. Mt 7.45

Deus pode não estar concordando com as atitudes de muitas pessoas, mas seu

amor insondável proporciona-lhes as bênçãos que podemos classificar como coletivas.

O sono vem sobre todos os homens para recompor sua fadiga diária. Sl 3.5

Não existe um ser humano que não durma, (exceto por algum problema

passageiro) e o sono é uma dádiva vital para nosso ser, todos o tem, e todos se

beneficiam por suas boas reparações ao nosso corpo que se cansa facilmente.

Quando vemos Deus dizer ―não é bom que o homem esteja só...‖ (Gn 2.18) e

constitui-lhe uma família com a criação de Eva sua esposa, e depois com a concessão de

filhos e também com a benção expressa em: ―frutificai e multiplicai-vos, e enchei a

terra...‖ (Gn 1.28), o homem recebe a incumbência de ser um ser social, que se relaciona

e que cresce não somente sozinho, mas num convívio coletivo que lhe proporciona

ambiente para compartilhar e receber.

Foram constituídas leis e normas para nortearem o bom convívio entre a

sociedade.

O homem criou inúmeras invenções que lhe proporcionam conforto como: a

roda; o fogo; a escrita que possibilidade acumular informações às gerações posteriores

acerca da historia, invenções, biografias e etc; as maquinas (agrícolas, industriais,

eletrodomésticos, meio de transportes e etc); a energia elétrica (que nos equivale ao

trabalho de 100 escravos); o tratamento da água e do esgoto que proporciona melhor

qualidade de vida; a medicina que tem avançado num salto muito grande nestes últimos

anos e tem beneficiado a muitos povos e uma infinidade de outras coisas mais.

O homem é dotado de uma inteligência singular, nenhuma outra criação animal

possui as faculdades que o homem possui. Sentimentos e intelectualidade são partes

inseparáveis do ser humano. É maravilhoso poder amar, ter fé, esperança, sorrir, cantar,

viver e etc., mesmo que ainda tenhamos que conviver com o ódio, a tristeza, a angustia,

o sofrimento, com as lagrimas e etc. dois paralelos que podem ser equilibrados na vida

direcionada por Deus.

O apostolo Paulo disse: ―Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos...‖

At 17.28 e mais ainda: ―Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na

terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam

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PAULO FRANCISCO DOS SANTOS

46

potestades: tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as

coisas subsistem por ele.‖ Cl 1.16,17

A vida em si é um grande milagre e cada um de nós meros mortais, somos parte

deste milagre. O milagre do amor! Deus não tinha a necessidade de criar o ser humano,

mas pela atitude soberana de sua vontade assim o fez e isto, não pode ser questionado.

Infelizmente o homem pecou e se distanciou de Deus. As escrituras nos ensinam

que a morte veio a todos por causa de um homem e todos morrem neste homem—Adão.

1 Co 15.21,22. E ainda acrescenta: ―Porque todos pecaram e estão distanciados da glória

de Deus.‖ Rm 3.23.

À distância de Deus concedeu ao homem uma terrível recompensa: ―Porque o

salário do pecado é a morte...‖ Rm 6.23.

Mais em meio a tudo isto, não ouvimos a declaração que Deus deixou de amar o

homem, apesar de desaprovar suas atitudes. Talvez seja difícil entender porque Deus

permitiu a separação e toda a dificuldade que sobreveio ao homem, mas como nós

meditamos a pouco, tudo isso foi fruto de seu direito de escolha, ou seja, tudo isso é

culpa exclusiva do homem.

Você pode dizer, mas eu não fiz o que Adão fez! Talvez se estivesse no lugar

dele faria pior. Águas que passaram pelo moinho mão o movem mais. Adão teve uma

única oportunidade de errar e errou. Hoje em dia temos muitas oportunidades de errar e

uma só de acertar, e ainda possuímos o direito de optar. Olhe a afirmação abaixo:

―Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para

que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna‖. Jo 3.16.

Em quanto nossa perdição era certa e o pecado era uma pedra amarrada aos

nossos pés a puxar-nos para as profundezas do Inferno. Mãos amigas foram estendidas

para amparar nossa queda. Não tínhamos como segurar em nenhum lugar e impedir

nossa chegada ao fim do abismo, mas estas mãos vieram do céu na forma de amor

doador. Jesus é a resposta de nossas indagações e o caminho de volta ao seio da

comunhão com o Pai (Jo 14.6).

Existe um propósito para cada vida e para o mundo em geral e Deus quer todos

saibam que suas mãos estão estendidas para receber a todos:

―E nos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados‖. Ef 2.01.

―E tudo isto provem de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus

Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação‖. 2 Co 5.18.

―E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele

reconciliasse consigo mesmo todas as cosias, tanto as que estão na terra como as que

estão nos céus. Vós também, que noutro tempo éreis estranhos e inimigos no

entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou‖. Cl 1.20,21.

O mundo que estava perdido recebeu um presente: ―Jesus‖. Que morreu

voluntariamente em nosso lugar, nos substituindo, sofrendo nossa dor para trazer vida e

comunhão a todos os homens e mulheres de todos os tempos.

―Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis: e, se alguém

pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação

pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o

mundo‖. Jo 2.1,2.

Jesus é a ponte que nos permite atravessar o abismo da separação e poder

abraçar a comunhão perdida no Éden.

Page 47: Reclinado no seio do amor

RECLINADO NO SEIO DO AMOR

47

c) O amor de Deus é uma experiência pessoal?

O amor de Deus é estendido a todos os homens por não haver para Ele acepção.

Todavia ele só é aplicado quando existe uma reciprocidade da parte daquele que o

recebe e o retribui. Rejeitar ou receber é a questão que está no cerne do relacionamento

de amor estabelecido por Deus. À parte de Deus é claramente vista, no ato de enviar seu

Filho Jesus Cristo para morrer no lugar (morte substitutiva) de cada ser humano caído.

Caído no sentido de estar distante, mediante a barreira intransponível do pecado. O

intransponível significa que: pelos esforços próprios em querer apresentar, ou fazer algo

para se reconciliar com Deus é impossível ao homem, pois este necessita como já

dissemos da ajuda do ―Deus amigo‖. Assim Cristo Jesus morre coletivamente pela

humanidade perdida e ao mesmo tempo individualmente por cada um. Oh, sim! O

sacrifício de Jesus foi realizado por toda humanidade, mas ele torna-se nulo na vida

daquele que o rejeita.

Parece incrível, mas o amor de Deus pode e é rejeitado por muitos hoje em dia!

Jesus certa feita falou: ―Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha

voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo‖. Ap 3.20

Deus estabeleceu ao homem um direito a escolher, uma vontade própria que é

chamada de livre arbítrio. Assim podemos dizer que o homem realmente não é uma

maquina programável, mas sim, um ser que tem plenas condições de distinguir

situações, racionar e tomar a decisão que melhor for aos seus olhos.

Deve existir uma disposição individual para receber ou não este amor.

Entendendo isso, o que se coloca em nossa direção são perguntas que podem ser

respondidas com o auxilio do sagrado livro.

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d) Mas o que fazer para receber este amor?

a. Acreditar na Palavra de Deus e pela fé receber a Jesus como salvador

pessoal.

b. Receber a Jesus significa ser seu seguidor (ser cristão) e buscar ser como ele

foi.

c. Ouvir, estudar e obedecer aos ensinos da Bíblia.

d. Ser uma nova criatura mediante a regeneração (gerar de novo, nascer de

novo significa mudar de vida, abandonando o pecado).

e. Ser batizado e participar da comunhão entre irmãos na igreja.

A bíblia sagrada é a bússola do viajante, o mapa do céu, o guia do perdido, é a

chave da prisão, o alimento do faminto e acima de tudo a resposta para o anelo que alma

tem de preencher o vazio que é do tamanho da pessoa de Deus.

―Não é algo tão fácil assim!‖ Isto, pode ser dito por alguém que lê esta frase.

Mas não se esqueça do que anteriormente escrevemos sobre o que Jesus disse: “As

coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus”. (grifo meu) Lc 18.27.

O amor de Deus é um presente manifesto com toda graça ao ser humano. Não

existiria oportunidade fora desta graça de Deus e Ele sabendo disto providenciou o

escape para possibilitar ao homem ser restaurado na sua intriga e voltar a ser o que era

no jardim do Éden antes da queda.

Jesus é o caminho de volta para Deus. Cada um estabelece metas em sua vida

transitória e procura alcançar cada uma delas, e o que dizer de ter comunhão com Deus?

Não seria uma meta bem importante em cada vida individualmente falando?

O homem precisa entender duas coisas: 1º seu estado miserável de

distanciamento de Deus; 2º sua necessidade de retorno.

A importância da compreensão disto manifesta sentimentos positivos:

Humildade e exaltação, arrependimento e refrigério, tristeza e consolo, estabelecendo

um elo no compromisso de reatar a amizade com Deus mediante a cruz de Cristo.

O amor manifesto na reconciliação com Deus torna o felizardo e recém

restaurado homem um ser que pode ter um relacionamento pessoal com a divindade.

Deus não será mais um ser impessoal, mas bem pessoal, mediante a fé que a graça

redentora o possibilita enxergar.

De posse de uma nova vida o homem pode agora desfrutar como dissemos acima

de um relacionamento pessoal com Deus. A amizade com Deus quebra o circulo da

inimizade e incredulidade que nasceu no jardim do Éden e capacita o novo homem a se

relacionar melhor com o seu semelhante.

Podemos ver que ao receber a Jesus como Salvador o homem muda de vida

recebendo o remédio para todo o mal que atribulava sua alma. Medo, individualismo

são transformados na vida vitoriosa de amigo de Deus.

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

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e) O medo pode ser vencido?

O menino e o medo.

Certo menino em uma noite chuvosa estava apavorado em seu quarto. A energia

elétrica havia faltado. Não havia luz para iluminar seu quarto. O escuro é algo

apavorante para uma criança que tem mente fértil e imagina criaturas sombrias em

toda parte. A cada instante ia aumentando a força do vento e a chuva se tornando

tão forte como apavorante. Raios e trovoes faziam barulhos que arrepiavam cada

minúsculo cabelo de seu corpinho. Apesar de ter o cobertor como companheiro e

tentar se esconder desta situação o menino se vê tão sozinho que seu único socorro

é chorar. De repente a porta de seu quarto se abre e seu pai aparece. O menininho

não pergunta o que o pai está fazendo ali, ou porque ele demorou em vir socorre-lo.

A atitude dele é correr e se abrigar na segurança dos braços de seu pai.

... Deus é amor. (1 Jo 4.08-ARA)

No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo

produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. (1 Jo 4.18- ARA)

Essa ilustração invoca a necessidade do ser humano se abrigar na segurança dos

braços de Deus. A humanidade em si é semelhante aquele menino com medo, porém

em vez de correr em direção ao Pai, faz questionamentos, lança criticas e impede a

atitude mais coerente a ser tomada.

Cada homem deve tomar fôlego e correr em direção a Deus e receber o seu grande e

maravilhoso amor que está em Cristo Jesus nosso Senhor.

Acreditar no amor de Deus e ser curado de todo mal que o medo pode lhe causar,

entregando a vida aos cuidados do Eterno.

Restabelecer o vinculo com o Senhor significa compartilhar Seu amor, e no

amor divino não existe a presença do medo, a barreira é quebrada, a distancia encurtada,

e a paz que advêm da comunhão é reconstituída.

João por inspiração divina escreve que não existe medo na comunhão do amor

de Deus, porque ele é substituído pela confiança. Uma cadeia de acontecimentos segue

a Salvação que age na vida do homem como uma fonte de abundante graça que o

conduz com satisfação a posição privilegiada de filho e amigo de Deus.

Salvação regeneração santificação amizade comunhão confiança

fidelidade felicidade amor gratidão vida eterna

―FILHO E AMIGO DE DEUS‖

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A salvação doada por Deus mediante o sacrifício de Cristo livra o homem da

condenação do pecado que é a morte (Rm 3.23) e possibilita na vida deste uma vida

transformação, pois agora está livre do poder do pecado (Jo 8.32), nenhuma

condenação há para quem está em Cristo (Rom 8.01); ele pode desfrutar uma viva

esperança pela regeneração (1 Pe 1.3, 23), sendo agora um novo homem (Ef 2.15,

4.22,24; Cl 3.9,10) que a cada dia vai crescendo na graça e no conhecimento (2 Pe 3.18)

e tendo a vida em santificação diária por Deus (1 Co 1. 2, Jo 17.17, Ef 5.26, 1 Ts 5.23);

é reatada uma relação de amizade com o Criador (Jo 15.14, 1 Cl 1.21) e uma comunhão

é estabelecida de forma horizontal (entre os homens) e vertical (em relação a Deus)

manifestando sua imensa graça (1 Co 1.9; 10.16,17; 2 Co 13.13; 1 Jo 1.3,6); também

recebe-se na seqüência de bênçãos divinas a confiança como selo desta restrita união

com o criador (2 Co 3.4; Ef 3.12; Hb 10.35; 1 Jo 2.23; 5.14); a fidelidade é um fruto

deste novo relacionamento com Deus (Gl 5.22), pois agora temos capacidade de sermos

fieis naquilo em que fomos chamados; a felicidade não é somente um estado de alma

quando a graça superabunda na vida do discípulo, mas uma continua experiência na

presença (Mt 5.01-12); o amor se torna uma fonte no coração do discípulo, pois a água

que a enche vem do céu (Rom 5.5; Gl 5.22); recebendo todas estas dádivas o coração do

discípulo só pode manifestar uma imensa gratidão ( Cl 3.16); a vida eterna se inicia aqui

na terra com a maravilhosa escolha de ser discípulo de Jesus, pois já desfrutamos em

parte, tudo aquilo que receberemos totalmente no porvir ( Jo 11.25; Rom 6.22,23; 1 Jo

3.14; 5.11-16); por tudo isto, e mais ainda somos Amigos e Filhos de Deus.

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

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f) Também posso vencer o individualismo?

Atentamos para possibilidade de uma mudança de posição, deslocar-se do fronte

da soberba para as fileiras de um espírito Cristocêntrico. Despindo o ego, isso irá

acontecer! Basta o reconhecimento que o estado atual é algo prejudicial ao próprio

portador deste e buscar a cura, e é lógico dentro das verdades bíblicas.

Veja o que elas dizem:

―A soberba do homem o abaterá, mas o humilde de espírito obterá honra‖. Pv

29.23.

―Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência

dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo‖. Jo 2.16.

O homem costuma a produzir tudo aquilo que esta dentro do seu interior, e em

si, ele é aquilo em que pensa constantemente (Pv 23.7). Isso quer dizer que um coração

cheio de coisas más (palavrões, imoralidades, soberba, presunção, orgulho e etc) joga

pra fora todo seu conteúdo (Mc 7.21-23).

Um bom remédio é poder condicionar a mente a voltar-se para coisas boas, para

atividades que venham proporcionar lazer e distração. Escrever, ler, assistir bons

programas, participar de palestras e etc.

Canalizemos as energias furtivas e os interesses mesquinhos num cesto de lixo e

coloquemos em seu lugar a palavra da vida que muito pode nos ajudar. Veja o que ela

diz:

―Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra‖. Cl 3.1.

―Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o

que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há

alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai‖. Fp 4.8.

De alguma maneira nós temos algum tutor nesta vida, alguém que nós

espelhamos e formamos nossas opiniões e caráter. Em toda nossa vida iremos aprender,

e somando as experiências teremos formado o nosso ser.

Positivamente ou negativamente existem pessoas que nos beneficiam ou

prejudicam, isto é algo inevitável na vida, mas nunca existirá para aquele que ainda esta

vivo a falta de oportunidade de recomeçar.

O homem pode ter as piores credencias possíveis, mas Jesus Cristo veio torna-lo

diferente. No inicio do livro dissemos que: O ser humano é uma criação divina, pois tem

em si o reflexo do caráter de Deus, porém o homem por causa do pecado deformou este

caráter. Em Jesus esse mesmo homem é humanizado, em outras palavras é revestido de

condições de voltar a ter o caráter original.

―Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo...‖. Rm 13.14.

―E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine

em vossos corações; e sede agradecidos. A palavra de Cristo habite em vós

abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos

outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em

vosso coração‖. Cl 3.16

Não deixemos de buscar a oportunidade de crescer em entendimento (2 Pe 3.18).

A expressão ―o homem é humanizado em Cristo‖, vem definir o desejo de Deus

para com este ser pessoal que Ele criou, e demonstrar sentimentos de forma horizontal

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(homens entre os homens) e verticalmente (homem e Deus) revelando a figura do

Supremo em um caráter totalmente moldado, ou que se molda a sua vontade.

Esse homem humanizado é chamado também de novo homem que recebe pela

graça divina condições de vencer o egocentrismo, manifestando em sua vida uma reação

em cadeia que revela quão amigo e filho de Deus ele se transformou em Cristo Jesus.

Quando fazemos a referencia ao novo homem que surge em Cristo, vemos as

coisas ruins do velho sendo retiradas para surgir às qualidades que irão suplantar o

individualismo que reinou até ser ab-rogado do seu pedestal pela vitória que torna este

novo homem em um ser totalmente Cristocêntrico.

A humildade deve ser vestida pelo novo homem e demonstrar com ela a

mudança que Cristo faz no viver (I Pe 5.5). O equilíbrio, temperança ou domínio

próprio é um dos gomos do fruto do Espírito (Gl 5.22) que capacita o dar, o retribuir

generosamente de um espírito bom e que se coloca no lugar do próximo, transmitindo

toda compaixão que vem do céu (Rm 5.5) e procurando sempre o bem estar e a

promoção daquele que está perto ou até mesmo distante, transparecendo o amor

fraternal da amizade adquirida por Cristo e compartilhada pela fé e dependência do

Espírito Santo.

“Vencendo o individualismo”

novo homem humildade equilíbrio paciência doação

bondade compaixão promoção amizade dependência

―FILHO E AMIGO DE DEUS‖

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RECLINADO NO SEIO DO AMOR

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Conclusão

O homem precisa de Deus.

O homem só é completo quando vive para Deus.

O homem tem tudo para ser feliz quando decide parar, dar meia volta, deixar

para trás o pecado e ir para os braços de Deus.

A maior doença de alma é o estado de separação que foi erradicada pela graça

redentora de Cristo Jesus.

Mediante uma fé viva a cura é aplicada.

O medo, individualismo, inimizade e incredulidade são inimigos que não

resistem a essa vacina ministrada pelo médico dos médicos.

O apóstolo João disse: ―Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê que

Jesus é o Filho de Deus?‖ (1 Jo 5.5).

Jesus nos concedeu vitória.

Sendo vencedores nós podemos ocupar a privilegiada posição de amigos do

grande Rei e assim estar ―RECLINADOS NO SEIO DO AMOR!‖