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Relacionamento A Busca da Intimidade com Deus

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Relacionamento A Busca da Intimidade com Deus

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Dedicatória

Dedico ao Senhor porque por meio de sua graça fui impelido a

compartilhar aquilo que tem me ensinado e realizado em minha vida, por

ter me tirado de uma vida fútil e sem sentido e me colocado no centro de

sua vontade, Dedico a minha amada esposa e meus amados filhos, que tem

sido instrumento de Deus para me abençoar e me moldar, Dedico aos

irmãos aos quais tenho o privilégio de servir e conviver.

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Relacionamento A Busca da Intimidade Com Deus

Prefacio Introdução Capitulo 1 – O Ser Humano Relacionando-se Com Deus Capitulo 2 – Relacionamento através da Bíblia Capitulo 3 - Relacionamento através da Adoração Capitulo 4 - Relacionamento através da Oração Capitulo 5 - Relacionamento através do Serviço Capitulo 6 – Relacionamento no ato de Culto Capitulo 7 – Religiosidade ou Relacionamento Capitulo 8 – Relacionamento de Pai Capitulo 9 – Relacionamento e Experiência

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PREFACIO Esta trabalho é fruto do que temos aprendido e ministrado na Igreja

durante os últimos 5 Anos quando começamos a trabalhar o estudo e a pregação do Evangelho de Jesus Cristo de forma sistemática, ou seja, criamos um plano de estudos onde tentamos abranger todos os aspectos da vida Cristã de forma cíclica, e assim dividimos o ano em 4 Estações.

Estação Relacionamento que compreende os meses de Janeiro a Março, Estação Crescimento que vai de Abril a Junho, Estação Serviço que vai de Julho a Setembro e Estação Comunhão que vai de Outubro a Dezembro. Estas chamadas estações compreendem um ciclo de temas relacionados a cada uma delas onde em cada período focamos aspectos objetivos e subjetivos aplicados em nossa caminhada com Deus.

Este é o primeiro de quatro trabalhos que planejamos desenvolver, cada uma abordando o tema central de cada uma da estações. Obviamente não temos condições e nem tão pouco a pretensão de esgotar estes assuntos ou dar uma palavra final sobre os mesmos, mas creio que podemos contribuir para o esclarecimento de alguns aspectos práticos da vida Cristão a partir destes temas, que em nosso ponto de vista resumem a dinâmica de uma vida Cristã saudável.

Em Relacionamento tratamos, de nossa relação com Deus e com o próximo. Quem é Deus, como nos relacionamos com ele, quem é o meu próximo e como meu relacionamento com ele influencia meu relacionamento com Deus, estes são alguns dos pontos que trataremos nesta obra. Relacionamento com Deus é um assunto muito importante e ao mesmo tempo, muito negligenciado, pois temos visto muitas pessoas que estão dentro de uma congregação, mas estão vivendo uma vida vazia de relacionamento com Deus, que mesmo depois de anos dentro de uma congregação ainda não entenderam o que significa relacionar-se com Deus, por isso sentimos a necessidade de tentar trazer este assunto mais uma vez a consideração daqueles que anseiam por mais de Deus, e tentar compartilhar aquilo que temos aprendido até aqui, não na intenção de produzir um tratado definitivo sobre o tema, até porque não nos achamos em condição para tal, mas no interesse de compartilhar e meditar sobre assunto, obviamente este é um terreno muito fértil e muito amplo, onde creio que ninguém está apto a dar uma palavra final a respeito, a não ser o próprio Deus, por isso também recorremos sempre e incansavelmente a Bíblia, pois ela é a revelação de Deus a respeito de si mesmo, e cremos que se de fato alguém deseja relacionar-se com ele, a Bíblia é o instrumento para tal.

“É um solo em que se pode cavar e cavar o mais fundo que quiser e, ainda assim, jamais exaurir as pepitas de outro que nele jazem. Entretanto, conforto-me com este fato: que tais temas são tão frutíferos que, mesmo que só lhes possamos arranhar a superfície, deles obteremos colheita. ” C.H Spurgeon

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INTRODUÇÂO

Considere isto: Como é que desenvolvemos um relacionamento mais

íntimo com as pessoas? Para isso nós conversamos, compartilhamos pensamentos, sentimentos, escutamos o que elas têm a dizer, dedicamos

tempo a elas, procuramos de alguma maneira deixar de lado nossas próprias vontades para atende-las, desejamos sempre estar perto delas porque sentimos prazer em sua companhia, enfim, tornamos aquela pessoa parte de nossa vida e passamos a fazer parte de sua vida.

Passamos a ter significativa importância na vida daqueles com quem nos relacionamos de forma mais intima, e de igual modo estes passam também a ter significativa importância em nossas vidas. Não é muito diferente em nossa relação com Deus, Pois Deus é um ser de relacionamento e o seu principal objetivo é estabelecer conosco uma relação de intimidade. Mas como se relacionar intimamente com um ser tão superior, seria possível ter de fato essa relação tão intima? Jesus Cristo disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertara” João 8.32

Sabemos que a verdade é o próprio Jesus, ou seja, o próprio Deus, e a liberdade aqui representam a possibilidade real e absoluta de relacionar se com ele sem bloqueios ou intermédios de qualquer espécie, mas o homem só pode compreender está verdade unindo fé e razão. Fé, porque Deus é um ser fisicamente invisível, sendo assim a única forma de torná-lo tangível é por meio da fé, que é a certeza daquilo que não se pode ver. “Sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe” Hebreus 11.6

Razão, porque apesar de tangível apenas por meio da Fé, Deus requer

de nós o uso claro de nosso intelecto, pois nossa imagem e semelhança com ele estão em nossa capacidade de amar, sentir, pensar e tomar decisões, o que faz de nós seres inteligentes.

Sendo o homem uma criatura, não divide a mesma essência com Deus, só pode conhecer a verdade divina através da iluminação, ou revelação divina, e é por meio dela que o homem obtém a experiência de fé e razão.

E eu lhes fiz conhecer o teu nome e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja. João 17.26

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Moises andava com Deus diz a Bíblia, e já havia vivido experiências incríveis com Deus, mas ainda queria mais, ele queria conhecer ainda mais profundamente o Senhor, ele queria ver ao Senhor. Este é o tipo de sentimento que precisamos ter a respeito de Deus, deve ser assim também conosco hoje. Quando chega o momento em que nos contentamos com aquilo que já sabemos e com as experiências que já vivemos ficamos mais distantes de contemplar a plenitude do Senhor. O cristão precisa querer sempre mais, principalmente quando se trata de conhecer e relacionar-se com Deus, quando pensamos que sabemos tudo é porque na verdade não sabemos nada.

Deus já havia feito, e ainda tinha muito a fazer na vida de Moises, e para isso era realmente necessário que Moises tivesse um relacionamento ainda mais profundo com Deus, para que Deus pudesse realizar tudo o que queria na vida dele.

Creio que conosco não é diferente, para que Deus possa realizar tudo o que ele tem para nós é necessário que nos aproximemos mais e mais dele afim de obtermos o conhecimento a sensibilidade espiritual necessárias para compreender sua vontade, seus planos e seus desejos á nosso respeito, sem essa sensibilidade que só é adquirida quando nos relacionamos intimamente com ele, estaremos cegos e surdos a sua vontade.

Infelizmente muitos Cristãos estão exatamente nesta condição, cegos e surdos a vontade de Deus, isso porque vivem um relacionamento superficial com Deus, ouvem falar de seus atos, de seus milagres, e de sua Fidelidade, mas não os experimentam em suas próprias vidas.

Outros por já terem vivido muitas experiências com o Senhor entendem que já alcançaram a plenitude do conhecimento de Deus, a estatura de varão perfeito, e por isso entendem que já sabem tudo o que se precisa saber a respeito de Deus. Ambos estão errados, por isso nossa intenção é incentivar cada cristão, a dedicar-se a uma prioridade fundamental em sua vida; “Conhecer e prosseguir em Conhecer o Senhor”.

Afinal, para conhecermos e nos relacionarmos com o Senhor não há obstáculos, a não ser aqueles que nós mesmos impomos. Por isso quero iniciar essa jornada usando uma ilustração sobre os três níveis básicos de Relacionamento com Deus que encontramos na relação que Jesus estabeleceu com as pessoas com quem conviveu, para verificarmos que cada um de nós estamos em um nível diferente de relacionamento com Deus, não que Deus escolha se relacionar mais intimamente com algumas pessoas, ao contrário, o nível de comprometimento e interesse das pessoas com Deus é que determinará que profundidade está o seu relacionamento com ele. Para ilustrar isso quero utilizar uma analogia que ouvi certa vez que apresenta o relacionamento de Jesus ao Nível das Multidões, ao Nível dos 12 e ao Nível dos 3.

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Aqueles que se relacionam com Jesus no nível das Multidões são aquelas pessoas que não estão de fato interessadas na pessoa de Jesus, mas sim nas coisas que Jesus pode-lhes oferecer, no episódio que trata o texto acima a multidão de pessoas andava atrás de Jesus não porque criam ser ele o Salvador ou o filho de Deus, mas porque viram na multiplicação dos Pães e Peixes a oportunidade de terem suas necessidades de pão supridas, e por isso, desejando ser novamente satisfeitos da sua fome física estavam constantemente buscando estar junto a Jesus. Jesus respondeu-lhes, e disse: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. João 6.26

Existem muitas pessoas assim hoje, elas não conhecem

verdadeiramente a Jesus, mas já ouviram falar e até mesmo já presenciaram os seus milagres, por isso estão lá, desejosos de ter suas necessidades físicas supridas, buscando curas, milagres, sinais e prodígios, mas sem conhecer de verdade aquele que faz todas estas coisas.

Estas pessoas o veem de longe, ficam admiradas em ouvir o que ele tem feito na vida dos outros, mas ainda não se deram conta de que ele quer saciar a fome de suas almas.

Há também um grupo de pessoas que se relacionam com Jesus e apesar de estarem um pouco mais próximos dele e aparentemente desfrutarem de uma grande intimidade com ele, mas a grande verdade é que ainda não entenderam a profundidade do relacionamento que Deus deseja manter com eles. Temos o exemplo de Felipe que queria ver o Pai, mas ainda não tinha percebido que ao ver e conhecer Jesus ele tinha a oportunidade única de ver e conhecer o pai, pois Jesus é a manifestação máxima de Deus.

Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? João 14:9

Temos também Pedro que em alguns momentos se mostra bastante imaturo, quanto a percepção da vontade de Deus, sem contar Tomé, que após a ressurreição de Jesus ainda se mantinha incrédulo até que Jesus o confrontasse a tocar na ferida. Muitos dos Discípulos de Jesus demoraram algum tempo para mergulhar de verdade em um relacionamento profundo com Deus e compreender as coisas que Jesus lhes ensinava muitas vezes ao pé do ouvido, isso porque apesar de estarem perto de Jesus e de conviverem diariamente com ele, ainda precisavam amadurecer em muitos aspectos. Estes tipos de pessoa são aqueles que se relacionam com Deus ao nível dos 12. São aqueles que por mais perto que estejam do mestre, ainda precisam ser quebrantados de forma que possam de fato enxergar o privilégio de estar ao lado do mestre.

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Também é assim em nossos dias, quantas pessoas, estão na Igreja, (ou fora dela) que possuem ministérios e funções na obra de Deus, mas ainda não possuem intimidade com Deus, e ainda não conhecem a vontade de Deus para suas vidas. Isso infelizmente é muito mais comum do que se pode imaginar.

Por Fim temos um nível de Intimidade desejável a qualquer discípulo, aquele nível em que Jesus se sente à vontade para compartilhar conosco os seus mais íntimos sentimentos, suas angustias e medos. Quando ele nos revela coisas que os outros não conseguem entender mesmo quando estão diante deles. Este é o nível de intimidade que Jesus tinha com seus três apóstolos mais íntimos, com eles Jesus se sentia à vontade para chorar e expor sua angustia diante da eminente crucificação.

Jesus se separa do grupo maior e se refugia com aqueles que lhe são mais próximos, aqueles que acredita serem mais maduros ou mais sensíveis para ajudá-lo naquele momento crucial. E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se. Marcos 14.33

Mas é preciso entender que mesmo neste nível de intimidade estes

discípulos não são perfeitos, eles também precisam amadurecer mais, Jesus os repreende mais de uma vez, pois quando ele contava com suas orações, eles simplesmente dormiram, pois, como disse o mestre, “O espírito estava pronto, mas a carne ainda era fraca”

Que tipo de Relacionamento você tem tido com Deus? Em qual destes grupos talvez você se encaixasse?

Seja qual for, o certo é que você precisa aprofundar mais o seu relacionamento com Deus, precisa amadurecer em sua relação com o mestre, pois ele nos chamou para termos uma relação pessoal com ele e desfrutarmos da sua doce companhia, a fim de fazer de nós seus discípulos, aqueles que reproduzirão na terra o amor que ele tão graciosamente derramou sobre nos.

E ele me tirou pelo caminho da porta do norte e me fez dar uma volta pelo caminho de fora, até a porta exterior, pelo caminho que olha para o oriente; e eis que corriam umas águas desde a banda direita.

Saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; e mediu mil côvados e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos tornozelos. E mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; e mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos lombos. E mediu mais mil e era um ribeiro, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, ribeiro pelo qual não se podia passar. E me disse: Viste, filho do homem? Ezequiel 47.2-6

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Existe um rio que flui do trono de Deus e as águas deste rio simbolizam a vida que jorra de seu trono, estas águas se tornam mais profundas à medida em que flui a vida de Deus em nós, e de acordo com essa medida, alguns molham seus pés, outros tem águas pelos joelhos, alguns a medida do peito, outros a medida dos ombros, mas Deus procura por aqueles que querem ir além, e desejam mergulhar nessas águas, de forma que sejam totalmente submersos.

Deus nos convida a uma intimidade plena, de forma que sejamos totalmente cobertos por seu amor sua graça e sua vida, este convite se estende a cada ser humano, e nesse momento especialmente a você, não perca esta oportunidade mergulhe em águas mais profundas, desfrute de um relacionamento íntimo com Deus, não se contente com superficialidade, Ore, pense, mude. Permita que o Espírito Santo te conduza e te transforme em direção a plenitude. Que esta obra possa de alguma forma contribuir em sua vida e relacionamento com Deus.

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CAPITULO 1

O ser humano Relacionando-se com Deus

Relacionamento é Convivência, frequência social, trato entre pessoas, é correspondência, então para que haja um real relacionamento, a premissa básica é que exista mais de um indivíduo, mais de uma pessoa se relacionando. Quando pensamos no relacionamento com Deus a primeira pergunta é: Você reconhece a Deus como uma pessoa?

Há muitas pessoas que entenderiam esta pergunta como obvia e talvez desnecessária, mas a verdade é que muitas pessoas que desejam relacionar-se com Deus e até dizem já relacionar-se com ele, não o reconhecem como pessoa, ou seja, como um ser pensante dotado de sentimentos, expectativas e etc. Muitos enxergam Deus como uma força, um Ídolo, um Ícone ou qualquer outra coisa na qual estas pessoas se prendem, e criam nele uma fonte de expectativas que giram em torno das suas próprias necessidades. Estas pessoas têm Deus como uma saída para suas frustrações, seus problemas e suas angustias. Elas não enxergam Deus como uma pessoa, mas como uma válvula de escape, sendo assim não há relacionamento, pois, o relacionamento implica numa via de mão dupla, e nesses casos a via é de mão única, ou seja, Deus apenas serve ás necessidades da pessoa, ele é apenas funcional. Para aqueles que se acham nessa situação, antes de estabelecer um relacionamento com Deus, precisam enxergá-lo como ele é, e não como esperam e querem que ele seja esse é o início do relacionamento. É muito comum conhecermos uma pessoa e numa primeira análise fazermos uma imagem equivocada dela, e então é a partir dessa imagem que determinamos quem essa pessoa é, o que ela pensa, como ela age, e assim por diante. Isso acontece porque esta primeira análise é dirigida pelas conclusões que tiramos a respeito daquela pessoa, a partir das nossas impressões e é muito comum também que depois de algum tempo, tendo oportunidade de conhecer melhor esta pessoa, conversar e conviver com ela, a imagem que fizemos previamente mude, isso porque trocamos nosso ponto de vista unilateral por um ponto de vista bilateral onde damos oportunidade a outra pessoa para demonstrar quem ela realmente é. Não seria assim também com Deus?

Há diversas pessoas que fizeram uma primeira análise errada da pessoa de Deus, seja porque não tiveram a oportunidade de conhecê-lo de fato ou porque tiveram experiências religiosas negativas, o que geralmente provoca bloqueios em algumas pessoas. O problema é que algumas pessoas mantêm essa imagem, e muitos infelizmente irão viver a vida inteira mantendo uma visão unilateral de Deus, sem dar a ele a oportunidade de se revelar como ele de fato é. Isto naturalmente vai impedir que haja um verdadeiro relacionamento.

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É preciso livra-se da imagem errada que temos de Deus, para que o espírito possa ter abertura suficiente para revelar-se, isso pode ser doloroso para alguns, mas é altamente necessário. Já conheci pessoas que tinham uma imagem de Deus onde o enxergavam como um carrasco egoísta que só pensa em si mesmo e mata todos aqueles que não concordam come ele, outros enxergam a Deus como o “Senhor Cara legal” que concorda com tudo e com todos, que não contradiz ninguém para não magoar ou ser inconveniente com as pessoas. Estes são alguns exemplos de como algumas pessoas enxergam Deus a partir do seu próprio ponto de vista, o fato é que, em nenhum destes casos a pessoa de Deus é levada em consideração, uma vez que não lhe foi dada a oportunidade de apresentar-se.

Isso nos leva a uma segunda questão, relacionamento implica em dizer que existe um contato, um diálogo, uma troca de informações, sendo assim, como se dá a comunicação neste relacionamento?

Apesar de reconhecermos nós mesmos e a Deus como pessoas capazes de estabelecer um relacionamento, não podemos deixar de lado o fato de que, apesar de ser uma pessoa dotada de pensamentos e sentimentos assim como nós, Deus é transcendente, ou seja, ele é infinitamente superior a nós em sua essência e personalidade. Sendo assim como é possível que haja um relacionamento, como é possível um ser limitado e falível como o homem desenvolver um relacionamento genuíno com um ser tão superior?

Certamente que esse relacionamento só pode ser possível em duas hipóteses, a primeira é que o ser inferior, que nesse caso é o homem, evolua de tal forma que atinja o mesmo nível de consciência que o ser transcendente, no caso, Deus.

Sabe-se que esta hipótese não é viável, pois a partir do momento em que o homem alcança esta posição, Deus deixaria de ser Deus, isso para não entrarmos em outras questões. Resta então uma segunda hipótese, que é a de que o ser superior se esvazie e se permita relacionar com o ser inferior em um nível em que seja possível para este compreender a relação e participar dela de forma ativa. Não foi exatamente isso que Jesus fez?

Como Cristãos cremos que este seja o caso, Deus se dá a conhecer ao homem em um nível que seja possível a este compreende-lo, tornando possível essa relação. Para isso Deus precisa estabelecer um ou mais pontos de contato, aos quais chamamos comumente de Revelação.

1Historicamente, as duas maneiras por meio das quais, Deus tomou a iniciativa de revelar-se, foram chamadas de Revelação geral e Revelação Especial. A revelação geral inclui tudo o que Deus revelou no mundo a nossa volta, inclusive o homem, ao passo que a revelação especial inclui as várias maneiras que ele usou para comunicar sua mensagem, compilada na Bíblia.

1 Teologia Básica - Charles C Ryrie, Pag.33

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E há a revelação máxima de Deus ao homem, que se deu através de Jesus, quando Deus se fez carne e habitou entre os homens. A revelação de Deus se dá de forma objetiva e em uma linguagem que o homem é totalmente capaz de compreender, na palavra escrita, ou seja, na Bíblia.

Para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. Efs 3.17-19

No livro Comentário Judaico do Novo Testamento, David Stern comenta este verso da seguinte forma:

2“Sinto-me renovado em minha confiança ao descobrir que o amor de Yeshua tem largura: pode se ver a largura do seu amor por todos os relatos dos evangelhos. Além disso, uma vez que seu amor tem comprimento, ele continua para todo o sempre, e como tem altura, ele conduz o espírito das pessoas para o alto até a própria presença de Deus, e tendo profundidade, encontra todos, até mesmo os que se encontram na mais terrível angustia e depressão. ”

O Apostolo Paulo afirma que se o homem estiver fundamentado no amor, poderá perfeitamente compreender e conhecer o amor que excede o entendimento humano e assim conhecer a plenitude que Deus da á este homem conhecer.

Isto significa que, Deus preparou tudo, organizou tudo, criou a linguagem e meios que seriam necessários para que o homem, mesmo sendo tão inferior, pudesse conhecer a Deus, estabelecendo com ele um relacionamento baseado em sua auto revelação. Para que haja relacionamento é necessária uma comunicação entre os indivíduos e isso é possível porque Deus providenciou meios para comunicar-se com o homem. Além da revelação Bíblica, há a oração, que trataremos mais a fundo no Capitulo 4, mas precisamos já estabelecer alguns pontos importantes sobre a oração.

A oração é a nossa via de comunicação com Deus, onde nós podemos nos comunicar com ele diretamente, elevando nosso espírito e comunicando a ele o que está em nosso coração. A oração é uma ação puramente Espiritual, através dela nosso Coração e Mente se comunicam com Deus no mesmo nível, porque Deus é espírito. Nosso espírito como semelhança de Deus, pensa, sente, questiona angustia-se se inquieta e ama. Todos esses sentimentos e reações são comunicados a Deus pela oração, por isso a oração não é apenas um ato do corpo, mas da alma e do Espírito. Uma

2 Comentário Judaico do Novo Testamento, David Stern, Pag.636

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pessoa com deficiência de fala ora tão eficazmente quanto qualquer outra pessoa, Deus sendo Espírito se comunicará conosco pelo Espírito, ele é capaz de sondar-nos e compreender os nossos mais profundos sentimentos, ainda que não digamos nenhuma palavra audível.

Deus oferece uma relação íntima e duradoura, essa relação está disponível a qualquer pessoa que se disponha a obedecê-lo. Isto parece um pouco de soberba da parte de Deus, como se ele estivesse dizendo: “Eu só me relaciono com você se você fizer o que eu quero”. Mas a questão é que o Homem é incapaz de relacionar-se com Deus se não for aos padrões de Deus, isso porque as essências são totalmente diferentes, é como querer mistura o óleo a água, não dá. Por mais que você misture, mais cedo ou mais tarde eles se separam. A relação eterna com Deus só cresce e permanece à medida que o homem submete sua vontade e sua essência pecaminosa a Santidade de Deus. Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. Hebreus 12.14

A grande verdade é que todas as pessoas têm algum nível de relacionamento com Deus, mesmo os incrédulos, pois ele os conhece assim como conhece o Cristão, e os ama assim como ama os Cristãos, a diferença é que o incrédulo não corresponde ao amor de Deus, ele ignora sua revelação e não está disposto a submeter-se a ele, por isso esse relacionamento é distante e impessoal por parte do incrédulo, mas ainda assim, para Deus, ele não se torna inexistente.

Um relacionamento mais próximo e pessoal com Deus começa exatamente quando percebemos a necessidade de nos relacionarmos com ele, quando admitimos nossa condição de inferioridade e nos dispomos a obediência. Deus sempre esteve disposto a estabelecer relacionamento com o homem desde o início, mas este relacionamento tem como uma base fundamental a obediência, e é justamente nessa base fundamental que muitas pessoas encontram dificuldades na hora de relacionar-se com Deus.

Adão no Jardim do Éden conhecia a Deus e se relacionava com ele de uma forma íntima e pessoal, quando Deus o criou e o estabeleceu no jardim, estabeleceu também a sua relação sobre um pilar, a obediência, obediência à orientação dada por Deus para que nem Adão nem sua esposa comecem do fruto da arvore que estava no meio do jardim. O rompimento do relacionamento se deu, quando esta base foi quebrada, ou seja, a separação entre o homem e Deus, se deu quando o homem decidiu ignorar a orientação de Deus e assim quebrar a base do relacionamento.

Embora o pecado não tenha se originado no Homem, pois os Anjos já haviam pecado antes de Adão e Eva, Adão e Eva tornaram aquilo que era uma possibilidade um fato. A “Pecaminosidade” ou a possibilidade do

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pecado, existia desde que Deus deu a escolha, e a tentação tornou-se inerente ao ser humano, ela faz parte de sua natureza, de sua essência.

Mas é a escolha entre obedecer a Deus ou sucumbir à tentação que determina a aproximação ou a separação entre Deus e o homem. Á partir do pecado, o Homem perdeu a plenitude de sua imagem e semelhança com Deus, e assim como Deus havia advertido, o homem morreu.

Mas Deus sempre esteve e está disposto a restabelecer este relacionamento, por isso ele continua a estabelecer e proporcionar ao homem a possibilidade de arrependimento. Mas ele não abre mão do pilar da obediência, por isso depois da queda, ele começa a estabelecer com o homem Alianças.

Deus chama Abraão e convida-o para que se aparte de seus familiares e da terra onde habitava para que Deus o levasse a uma nova terra, onde Deus a partir dele e de sua descendência estabeleceria um novo concerto ou uma nova aliança, um novo relacionamento com o Homem.

Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção.

E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. Genesis 12.1-3

Esta intrínseca nessa convocação, a mesma possibilidade que havia em Adão e Eva e em todas as outras pessoas com quem Deus estabeleceu um relacionamento, uma aliança ou uma promessa, ou seja, a escolha. Abrão poderia ter dito não, ele poderia ter se recusado a abandonar tudo e ir para um lugar aonde Deus nem se dignou a dizer onde, mas ele optou por obedecer, assim como Noé quando convocado a construir a arca.

O fato é que Deus sempre está agindo para de alguma forma restabelecer seu relacionamento com o homem e o homem sempre tem a escolha de obedecer ou manter-se indiferente.

No Antigo testamento, Deus escolhia algumas pessoas, que tinham o privilégio de receber o espírito santo e estas pessoas tinham uma intimidade com Deus que ninguém mais tinha, elas eram capazes de ouvir a Deus diretamente, falar com ele, e ainda, realizar prodígios, profecias entre outras coisas, porque o seu relacionamento com Deus lhes conferia autoridade para tal, essa autoridade é proveniente única e simplesmente da aproximação destes indivíduos para com a presença de Deus.

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Mas um dia, Deus fez uma promessa:

E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. Joel 2.28

Em Jesus, Deus concluiu o seu plano de Salvação, ou seja, ele abriu de uma vez por todas, as portas do céu, possibilitando não só a uma ou outra pessoa a oportunidade de relacionamento, mas a todos quanto creram no nome Jesus e o receberam como seu Senhor e Salvador.

Isso quer dizer que Deus deu a todo ser humano a oportunidade de ter com ele um relacionamento pleno. Mas isso só é possível mediante a ação do Espírito Santo, que agindo individualmente em cada homem mulher e criança das condições para que esse relacionamento de fato aconteça, na medida em que Deus vai moldando o caráter a mente e o coração de cada indivíduo de forma particular.

A aliança que Deus havia antes feito com um povo agora se estende a toda a humanidade, a lei que antes estava escrita nas tabuas de pedra, agora está viva nos corações de cada um daqueles que creem, e porque creem agora podem relacionar-se com ele através em Espírito e em verdade.

Deus fez inicialmente uma aliança com um povo, mas sua intenção era abrir caminho para que pudesse se relacionar individualmente com cada indivíduo. O sacrifício de Jesus e o derramamento do Espírito Santo são o cumprimento e a consumação dessa intenção. Através de Jesus o Homem pode ter um relacionamento íntimo e pessoal com Deus sem a necessidade de intermediários, o que antes não era possível.

O homem agora não precisa que alguém, um sacerdote, um profeta ou qualquer outra pessoa a não ser o próprio Jesus faça intermediação entre ele e Deus, o relacionamento que Deus estabelece conosco é individual e direto, apesar de estar contido em um contexto de comunidade (Igreja) onde cada um precisa do outro e tem necessidade de relacionar-se com o outro, a intimidade que Deus deseja partilhar conosco é algo que só podemos experimentar se aprendermos a contatá-lo de forma intima e pessoal, sem interferências externas.

Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho. Hebreus 1.1

A tradição Judaica estava acostumada a que Deus enviasse pessoas especiais para transmitir ao povo suas mensagens, por isso era tão estranha aos judeus a ideia de que Jesus fosse verdadeiramente filho de Deus e que compartilhasse da sua essência. Aos olhos de um povo que tem como histórico o fato de que Moises teve de tapar o rosto para falar com o povo,

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pois a gloria de Deus resplandecia nele, era assombroso pensar que Deus se revelou por meio de seu Filho, era impossível crer que o próprio Deus habitasse no meio dos Homens. Mas o fato é que Deus elevou o nível de intimidade, e isso fica evidente quando o véu do templo se rasgou de cima a baixo.

E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras. Mateus 27.50-51

Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, [pela] sua carne, E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus,

Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa. Hebreus 10.19-22

3“Ele havia sido fabricado de um linho retorcido, com querubins de obra primorosa. Isso nos dá a ideia de uma tela resistente, de uma peça de tapeçaria duradoura, capaz de resistir a mais severa tensão. Nenhuma mão humana teria sido capaz de romper essa coberta sagrada; e não teria podido ser dividida em duas por alguma causa acidental; no entanto, e é estranho dizê-lo, no instante em que a santa Pessoa de Jesus foi rasgada pela morte, o grandioso véu que ocultava ao Santo dos Santos ― se rasgou em dois de cima abaixo. O que isso significa? Significava muito mais do que posso dizer-lhes agora”.

A partir do momento em que aquele véu veio abaixo, todo arquétipo, toda sombra e todo cerimonialismo que circundavam o templo como figura da presença e da gloria de Deus entre os homens chegaram ao fim. Um novo e vivo caminho foi aberto a todos os que creem, o véu rasgado de cima abaixo proporcionou acesso amplo e irrestrito para que todos se aproximem do trono que agora está acessível a todos o tempo todo e não mais a uns poucos escolhidos, o cristão tem a possibilidade de relacionar-se com Deus numa esfera tão ou mais profunda do que a que homens como Elias e Moises desfrutaram. A intimidade do SENHOR é para os que o temem aos quais ele dará a conhecer a sua aliança. Salmos 25.14

3 O Véu Rasgado - Sermão pregado na manhã de Domingo de 25 de março de 1888. Por Charles Haddon Spurgeon. No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.

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Esse relacionamento pessoal com Deus não é um mistério, não há nenhuma fórmula secreta para alcançá-lo. Os verdadeiros filhos de Deus se permitem ser guiados pelo Espírito Santo e é ele quem opera em nossos corações, nos levando a um conhecimento crescente e continuo de Deus. Esse conhecimento, intimidade e relacionamento não significam ausência total de pecado, não significa que o indivíduo não passe por momentos de tristeza, frustração e decepções em sua vida pessoal. O relacionamento com Deus é em certo modo muito parecido com um relacionamento conjugal, na medida em que convivemos vamos descobrindo coisas que não sabíamos, defeitos, deficiências que não enxergávamos em nós mesmos, essas entre outras coisas são naturais no relacionamento, Deus usa estas coisas para que nós possamos aprender e crescer enquanto pessoas, esse é um dos seus objetivos.

Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, Para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Efésios 4.13 -14

A Santidade é um aspecto fundamental nesse relacionamento com Deus, ela é a algo imprescindível para quem quer ter um relacionamento com Deus, ele não recomenda que sejamos Santos, ele exige de nós a Santidade, isso porque ele mesmo o é. Como poderíamos manter um relacionamento com um ser que é absolutamente e plenamente Santo sem que nós também nos esforçássemos para buscar a nossa santidade.

Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância;

Pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento,

Porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo. 1Pedro 1.14 -16 Mas o que é de Fato ser Santo?

Sabemos que ser santo é estar separado, separado por Deus e para Deus. Ser santo para nós seres humanos, não significa estar imune ao pecado, mas sim não estar mais sob a escravidão e o jugo dele. Santo é o indivíduo que em sua vida, o pecado deixa de ser residente para ser um acidente. O processo de Santificação é diferente para cada ser humano, justamente porque o relacionamento com Deus é individual e pessoal. Isso significa que algumas pessoas crescem mais rapidamente do que outras.

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Essa diferença não implica em que um seja mais santo do que outro, todo fomos santos. Viver em santidade é estar dia a dia se relacionando e se comprometendo com Deus, deixando para trás as coisas que antes nos afastavam dele e limpando gradativamente nossa mente dessas coisas, aproximando o nosso coração do coração de Deus.

A Santidade está intimamente ligada à obediência, pilar principal no relacionamento com Deus, pois ninguém consegue viver em santidade se não viver em obediência, ninguém consegue ser obediente a Deus sem viver em santidade, ambas dependem uma da outra, ambas são inseparáveis. A Santidade é um ato porque Deus já realizou a ação de nos Separar.

Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna; Romanos 6.22

A Santidade é um processo porque precisamos crescer em Santidade a cada dia.

E o Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco, A fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos. 1Tessalonicensses 3.12-13

Infelizmente algumas pessoas estão vivendo vidas espirituais frustradas por não entenderem que a santidade vai além da ausência de pecado. O fato de uma pessoa não cometer pecados moralmente graves como, roubar, matar, adulterar, se prostituir, entre outras coisas, não significa que esteja vivendo uma vida de Santidade.

Se negligenciarmos a consagração dos propósitos de Deus em nossas vidas, não estamos vivendo uma vida de Santidade. Uma vida de Separação implica em que além de nos mantermos o mais longe possível do Pecado, precisamos consagrar nossos planos, sonhos, profissão, família e tudo o mais que temos e somos a Deus, só assim manteremos um relacionamento de santidade com Deus.

Quem já está em contato com Deus, geralmente deseja aprofundar seu relacionamento com ele, mas a Intimidade requer comprometimento, não se pode obter maior intimidade com Deus e se manter superficial em nosso comprometimento com as coisas de Deus. Há pessoas que desejam muito ter maior intimidade com Deus, mas não querem se comprometer com ele, não querem se envolver na obra dele, não se importam com o próximo e etc. Dificilmente este tipo de cristão vai aprofundar o seu relacionamento com Deus.

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É exatamente isso que aconteceu com o jovem rico (Mateus 19.16-22). Ele tinha a intenção de se aproximar mais de Jesus e segui-lo, mas quando Jesus mandou que ele vendesse seus bens e desse aos pobres ele se recusou, pois, sua riqueza era a sua prioridade, ele não tinha fé suficiente e nem tão pouco compaixão suficiente pelos pobres a ponto de se dispor de tudo e consagrar a Deus. É o que acontece com muitas pessoas hoje, obviamente que não dentro dos mesmos moldes, mas, muitas pessoas querem relacionar-se mais profundamente com Deus, mas não o tem como principal prioridade.

Para um relacionamento saudável e produtivo com Deus é preciso estabelecer prioridades.

Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Tiago 4.8

Nenhum objetivo estabelecido em nossa vida pode ser conquistado de forma plena se ele não se tornar o nosso principal foco, nossa prioridade. Se alguém pretende comprar um imóvel, um automóvel ou qualquer outro bem de maior valor, essa pessoa faz planos, traça projetos, faz orçamentos, economiza, corta gastos supérfluos e etc. tudo porque a sua prioridade exige isso, se não for assim se torna difícil ou talvez até impossível conquistar seus objetivos. Uma vida de relacionamento íntimo com Deus precisa ser assim, precisa tornar-se a principal prioridade do cristão.

O primeiro mandamento na lista que Deus deu a Moises é: Não terás

outros deuses diante de mim. (Êxodo 20.3). O que seriam outros deuses? Quando Jesus disse: porque, onde está o vosso tesouro, aí estará

também o vosso coração. (Lucas 12.34), ele queria dizer a mesma coisa que está em Êxodo 20.3, porque o seu deus é o seu tesouro e o seu tesouro torna-se o seu deus.

Se quisermos ter um relacionamento íntimo com Deus ele precisa ser o nosso maior tesouro, ele precisa ser o que de maior valor temos em nossa vida, aquilo de que não abrimos mão, e não substituímos por nada. Para algumas pessoas, seu maior tesouro, são seus bens materiais, para outras são os filhos, a esposa, o marido, o namorado ou a namorada, o emprego entre outras coisas.

A vontade de Deus para nós é que ele seja o nosso maior tesouro, que nós o amemos acima de tudo e de todos. Isso não significa que devemos abandonar todas estas coisas, ou negligenciá-las para ter mais relacionamento com Deus, muito pelo contrário, aquele que não ama o seu próximo, que não cuida da sua casa, que não ama a sua família, também é impossível que ame a Deus. Amar a Deus sobre todas as coisas é incluir o seu amor e a sua vontade a todas as coisas, á todos os nossos relacionamentos,

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permitindo que ele esteja à frente de tudo, nos dizendo o que fazer e como fazer, pois a vontade dele é que tenhamos uma vida feliz e saudável, amando as pessoas que ele coloca em nossa vida, mas isso é impossível sem que antes nós o amemos.

Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Mateus 22.37

Se nosso coração estiver verdadeiramente voltado para Deus, ele será nossa prioridade, e consequentemente nossa vontade será fazer a sua vontade, assim nossa família e tudo o que gira em nosso entorno, estará sendo automaticamente levado ao centro da vontade de Deus. Creio que é impossível que alguém ame a Deus plenamente sem amar sua família, ou ame sua família plenamente sem estar fazendo a vontade de Deus.

Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros.

Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas. Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos aborrece.

Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; quem não ama a seu irmão permanece na morte. 1João 3.11-14

“Porque esta é a Mensagem” Ou seja, Este é o verdadeiro evangelho,

esta é a palavra e a vontade de Deus, que o amemos e que nos amemos. O Evangelho se resume em Relacionamento, o propósito de vida do

Cristão é relacionar-se, primeiro com Deus e depois com o próximo. Sabemos que passamos da Morte para a vida porque existe em nós o amor, amor que Deus graciosamente e abundantemente derramou sobre nós, para que então pudéssemos fazer com que este amor que transborda em nós, respingasse naqueles que estão à nossa volta.

O texto é muito Claro quando diz: “Quem não ama a seu Irmão

permanece na Morte” por isso torna-se tão importante uma meditação a esse respeito, quantos de nós temos realmente nos preocupado com o bem-estar

de nossos semelhantes? Quantos têm orado por seus Irmãos? Quantos têm feito algo de concreto para abençoar de alguma forma a vida de seus Irmãos? Como podemos dizer que o amor de Deus está em nós se não praticarmos estas coisas?

Não Amemos de Palavra, nem de língua, mas por obra e verdade

1Jo 3.18

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CAPITULO 2

Relacionamento através da Bíblia

Invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes.

Convocando ele, de novo, a multidão, disse-lhes: Ouvi-me, todos, e entendei. Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai do homem é o que o contamina. Marcos 7.13-15

4Jesus disse aos líderes religiosos de seus dias que eles vinham “invalidando a palavra de Deus” pela sua própria tradição. Jesus chamou-lhes a atenção para a Palavra de Deus. Repetidas vezes vemos Jesus, Paulo e os demais discípulos afirmarem: “Está escrito”. Esta afirmação aponta para a autoridade da Bíblia no que se refere a relação do homem com Deus e com todas as outras coisas, esta frase aparece mais de noventa vezes no NT. Se a revelação é o canal para a comunicação entre Deus e o homem, a bíblia é a autoridade máxima nessa revelação e é nela que encontramos verdadeira Boca de Deus.

5Crer na suficiência da Bíblia como sendo a revelação completa de Deus é uma premissa básica do Cristianismo. Ao aceitar que ela não é suficiente para orientar adequada e satisfatoriamente o homem na sua relação com Deus, se está dizendo que ela não está completa, falta algo que nela não se encontra, algo que Deus se “esqueceu” de adicionar. Infelizmente existem aqueles que entendem que a Bíblia não é suficiente e por tanto sentem a necessidade de adicionar a ela suas próprias ideias e convicções, dando a elas a mesma autoridade que tem o texto bíblico, este é um erro fatal, devemos pautar nosso relacionamento com Deus, apenas naquilo que ele próprio já nos revelou segundo seu propósito e vontade.

Se a Bíblia é a palavra de Deus, logo Deus fala através dela e nós precisamos ouvir. Para ter um relacionamento mais íntimo com Deus é preciso ouvir a sua voz através das Escrituras para que nos tornemos “perfeitamente habilitados para toda boa obra” (2 Timóteo 3.16 -17).

4 Norman Geisler. Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia, Pag. 7 5 A Defesa da Fé O Perigo das Seitas e Heresias, Monografia do Curso de Bacharel em Teologia pelo SBM. Pg. 8.

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Para se chegar mais perto de Deus, é preciso se achegar a sua Palavra, ela dá testemunho sobre ele, nela seu Espírito nos ilumina e nos conduz a um entendimento sobre tudo o que ele é, e tudo o que ele quer de nós e para nós.

Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, Para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra. 2Tm 3.16-17

6“A Bíblia é incomparavelmente mais autoritativa do que tudo o que já

foi dito ou escrito, opiniões surgem aos montes e a todo o instante, entretanto existe apenas uma verdade garantida da parte de Deus acerca dele mesmo e da humanidade, e essa verdade é encontrada na Bíblia”.

Essa afirmação demonstra como a Bíblia precisa ocupar um patamar de autoridade máxima na vida do Cristão que deseja relacionar-se com Deus, pois a humanidade obviamente produz suas próprias conclusões a respeito de Deus e até mesmo de sua própria inexistência, mas tudo isso sabemos que é a tentativa desesperada da criatura em suplantar a inatingível soberania do criador.

7“Dizer que Deus é incompreensível equivale a afirmar que o homem não

pode conhecer tudo a respeito do Senhor. Dizer que ele pode ser conhecido, não

é o mesmo que afirmar que o homem é capaz de conhecer tudo a respeito do

Senhor. Essas duas verdades estão presentes nas Escrituras”.

Porventura, alcançarás os caminhos de Deus ou chegarás à perfeição do Todo poderoso? Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás tu fazer?

Mais profunda é ela do que o inferno; que poderás tu saber? Jó 11.7-8

8Embora a natureza seja capaz de revelar algumas coisas a respeito do Senhor, ela é limitada e pode ser interpretada erroneamente pela humanidade. A mente humana, mesmo que muitas vezes tenha um alcance impressionante, está obscurecida pelo pecado e possui limitações. A única medida infalível para determinar a verdade é a Palavra do próprio Deus.

A Bíblia é uma fonte de inesgotáveis relatos de pessoas que tiveram um relacionamento com Deus e este relacionamento foi registrado em fatos, mas conhecer os fatos sobre Deus, não é o mesmo que conhecer a Deus, se você ouve falar de coisas que alguém fez, por mais objetivos que sejam os relatos a respeito dessa pessoa, isso não é suficiente para que você diga que

6 Comentário Judaico do Novo Testamento, David Stern, Pag.707 7 Teologia Básica - Charles C Ryrie, Pag. 29 8 Teologia Básica - Charles C Ryrie

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conhece esta pessoa, por isso a Bíblia não só apresenta os fatos a respeito de Deus, mas ela possibilita que através do Espírito, o próprio Deus se apresente e demonstre seu caráter, seu amor, sua justiça e tudo o mais que ele deseja nos comunicar a respeito de si mesmo.

9A fé na Escritura como autorizada revelação de Deus foi desacreditada e a compreensão humana baseada na apreensão emocional ou racional do homem, veio a ser o padrão do pensamento religioso. A religião gradativamente tomou o lugar de Deus como objeto da teologia. O homem deixou de ser ou de reconhecer o conhecimento de Deus como algo que lhe foi dado na Escritura e começou a orgulhar-se de ter a Deus como seu objeto de pesquisa.

10“O próprio Deus condescendeu em ensinar o caminho; para este fim, ele veio do céu. Ele o escreveu em um livro. Oh! Dá-me esse livro! Por qualquer preço, dá-me o livro de Deus! Eu o tenho. Aqui há conhecimento suficiente para mim. Seja eu o homem de um livro. De modo que estou distante dos costumes atarefados dos homens. Eu me assento a sós: somente Deus está aqui. Em sua presença abro e leio o seu livro; para este fim achar o caminho do céu. Há alguma dúvida a respeito do significado daquilo que leio? Parece alguma coisa difícil ou intricada? Ergo o meu coração ao Pai das luzes; “Senhor, não é tua palavra, se alguém necessita de sabedoria peça a

Deus? Tu dás liberalmente e não lanças em rosto. Tu disseste: se alguém quiser

fazer a tua vontade, ele a conhecerá. Eu quero fazê-la, dá que eu conheça a tua

vontade.” Eu então pesquiso e considero as passagens paralelas das Escrituras,” comparando as coisas espirituais com as espirituais.” E então medito com toda a atenção e sinceridade de que é capaz a minha mente”.

A vontade de Deus para a vida do ser humano nos seus aspectos mais importantes está na Palavra de Deus.

Se alguém deseja relacionar-se com ele precisa mergulhar nas escrituras para que conheça essa vontade para sua própria vida em particular, pois apesar ser uma revelação geral, Deus se comunica nela de forma individual.

A palavra é lâmpada para os pés bem como luz para todos os seus caminhos, pois ela ilumina suas veredas no caminho do conhecimento de Deus, ela é única regra de fé e pratica do cristão, isso quer dizer que a bíblia, e só ela, tem autoridade para determinar certo e errado, o que é agradável e o que é repudiado por Deus.

Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Hebreus 4:12

9 Teologia Sistemática - Louis Berkhof, pag.11. 10 Coletânea da Teologia de João Wesley, pag.18.

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A Bíblia é a espada do espírito, ela é viva por que é o próprio espírito quem ministra a palavra ao coração do leitor, portanto, Deus se comunica conosco atendendo nossas necessidades mais intimas de forma pessoal, sua palavra penetra e atinge o mais íntimo de nossas almas e discerne nossas intenções, pensamentos e sentimentos.

Em nossos dias existem muitas pessoas que ainda não se relacionam com Deus, pessoas que apesar de estarem numa Igreja, de fazerem parte de um grupo ou comunidade religiosa ainda não conhecem verdadeiramente a Deus, isso porque não leem a Bíblia.

Se Deus revela sua vontade na palavra, se ele se comunica na palavra, se ele se dá a conhecer pela palavra, como é que alguém que não tem contato com essa palavra pode aprofundar seu relacionamento com Deus?

Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Mateus 7.24

Jesus faz um paralelo utilizando a figura da casa, essa figura obviamente refere-se ás nossas vidas, e o terreno onde essa casa é edificada ou construída obviamente referem-se ás bases sobre as quais nossas atitudes decisões e atos são edificados.

Uma casa construída na Rocha é uma vida que se baseia na palavra de Deus. A rocha garante a firmeza e a segurança para aqueles que nela se fiam. Jesus é apresentado em Efésios 2.20 e Atos 4.11 como Pedra de esquina, essa pedra é a pedra fundamental em uma construção, ela ficava no canto principal da casa, podemos dizer que é a pedra que serve como sustentação principal daquela edificação, sem a qual toda a construção poderia ruir. Edificar sobre a rocha é na pratica, manter uma vida de observação e obediência à palavra de Deus, o relacionamento com Deus através da Bíblia é fundamental, a obediência põe em pratica os ensinamentos ministrados pelo espírito, as quais nos tornam aptos a permanecer em santidade, a resistir às tentações e a edificar cada vez mais um relacionamento saudável.

Gostar de corridas de carro não torna alguém um piloto, gostar de Futebol não torna alguém um Jogador profissional, dizer que vive e conhece a vontade de Deus, também não faz de alguém, um filho que se relaciona verdadeiramente com Deus, o que revela isso é se este alguém, na pratica, está ou não construindo sua vida sob a orientação de Deus, e isso só se observa nas atitudes, ou seja, na pratica da palavra.

Por isso, rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas. Tiago 1:21

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O Salmo 19 traz alguns aspectos que revelam a importância da palavra de Deus na vida do homem.

A lei do SENHOR é perfeita e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices.

Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro e alumia os olhos.

O temor do SENHOR é limpo e permanece eternamente; os juízos do SENHOR são verdadeiros e justos juntamente.

Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos.

Também por eles é admoestado o teu servo; e em os guardar há grande recompensa. Quem pode entender os próprios erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos. Também da soberba guarda o teu servo, para que se não assenhoreie de mim; então,

serei sincero e ficarei limpo de grande transgressão. Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu

coração perante a tua face, SENHOR, rocha minha e libertador meu! Salmo 19.7-14

Este texto de Salmos nos traz uma lista abrangente dos benefícios que desfruta aquele que se esmera em buscar os conselhos do Senhor à Luz da sua Palavra. A Escritura é Perfeita e Restaura a Alma!

A palavra de Deus em Romanos 12.1 Diz que não devemos nos conformar com este mundo, antes temos que nos transformar através da renovação do nosso entendimento, essa renovação só acontece quando somos orientados pelo Espírito Santo e instruídos pela Palavra, só ela é capaz de restaurar a alma do ser humano. A Escritura é Fiel e da Sabedoria!

A fidelidade a palavra de Deus traz fundamento, e esse fundamento traz Sabedoria, não é por acaso que a Bíblia diz que o temor do Senhor é o Princípio da Sabedoria, aquele que teme ao Senhor busca a orientação da Palavra de Deus e essa busca produz sabedoria vinda do próprio Deus. Se Deus é fiel em sua essência logo sua palavra também o é, pois provem dele, isso nos dá a segurança de que ela é a verdade. A Escritura é correta e traz alegria!

Hebreus 12.11 Diz: “Na verdade, nenhuma correção parece no momento

ser motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois produz um fruto pacífico de

justiça nos que por ele têm sido exercitados. ” Quando se trata da Palavra de Deus até mesmo a correção torna-se

motivo de alegria, pois a Palavra de Deus é correta e irrepreensível, as fontes de alegria encontradas fora da vontade de Deus são passageiras, mas a

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Alegria proveniente da satisfação de se estar no centro da vontade de Deus e Eterna. A Escritura é Pura e Ilumina os Olhos!

A Bíblia não é um livro de sugestões, mas de ordens, padrões e mandamentos, isso quer dizer que, o que nela está expresso é exatamente o que Deus quer, por isso ao contrário do que alguns dizem, ela é clara, não há mistérios ou segredos, o que foi revelado é para produzir entendimento, (Deuteronômio 29.29) ela é a pura essência da vontade de Deus. Ela e só ela é capaz de abrir os olhos do ser humano para que enxergue a vontade de Deus. A Escritura é Límpida e permanece para Sempre!

A Palavra de Deus é Límpida como um Rio de águas cristalinas, onde se é capaz de enxergar mesmo as partes mais profundas, assim sendo ele não deixa margens para que duvidemos dela, a não ser que não creiamos nela. Ela dura para sempre, pois, ela renova o nosso entendimento, mantendo-se cada vez mais viva e atual, apta para nos ensinar assim como ensinou à aqueles que foram usados para escrever. A Escritura é verdadeira e totalmente Justa!

A palavra de Deus é Justa assim como ele é Justo, pois reflete sua essência. Certa vez ouvi o seguinte, não sei se é verídico ou apenas ilustração, mas nos ajuda a pensar: Certo homem ao ser evangelizado por um pregador do Evangelho, perguntou a ele: Como pode um Deus de Amor mandar um Homem para o

Inferno? O Pregador respondeu: Como pode um Deus Justo mandar um

Pecador para o Céu?

A justiça de Deus se manifesta mesmo em seu caráter amoroso, Jesus Cristo é a prova disso, o sacrifício precisava ser feito, mas ele não foi feito por mera formalidade, ele foi motivado por amor, amor esse que se manifesta também em justiça. Na Cruz de Cristo tanto o Amor quanto a Justiça de Deus são manifestados ao mesmo tempo. O Contato com a palavra produz temor de Deus no coração do homem, e sem temor não pode haver relacionamento com Deus, o temor do Senhor deve ser um dos fundamentos na vida do cristão que quer aprofundar seu relacionamento com Deus: Provérbios 9.10 – O temor do Senhor é o princípio da Sabedoria. Provérbios 1.17 – O temor do Senhor é o princípio do conhecimento Provérbios 8.13 – O temor do Senhor é odiar o mal Provérbios 14.27 – O temor do Senhor é fonte de vida Provérbios 16.6 – Pelo temor do Senhor os Homens se desviam do pecado

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A ausência do temor do Senhor gera um número crescente de Cristãos descompromissados com o evangelho, com a santidade, com a obediência e consequentemente gera um distanciamento de Deus. O pecado reduz a intimidade com Deus, sem o temor do Senhor o pecado tende a crescer, provocando uma reação em cadeia que leva o indivíduo a queda. O que me preocupa mais do que os ateus que discordam da Fé, São os Cristãos que discordam da Bíblia quando querem viver suas próprias opiniões.

As decisões do homem são dirigidas por sua consciência, e sua consciência é influenciável, seja pela Bíblia, pela sociedade por satanás ou o quer que seja. Por isso, quando o homem não mantém constante contato com a Bíblia, os demais fatores vão exercer um nível de influencia muito maior em suas decisões. Quando nos relacionamos com as pessoas tentamos manter contato com elas de alguma forma para que a amizade e o relacionamento que mantemos com esta pessoa sejam relevantes em nossa vida, e certamente esse relacionamento influenciara algumas áreas de nossa vida. Quando nos afastamos dessa pessoa por períodos de tempo mais longos, a amizade e o relacionamento tendem a enfraquecer o poder de influência que essa pessoa tem em nossa vida. Assim é também com Deus, quanto maior o seu afastamento da palavra de Deus, quanto menor for o seu contato com a Bíblia, menor será o poder de influência do Espírito Santo, logo, o relacionamento com Deus entra em declínio.

Nem todo o que me Diz Senhor, Senhor, Entrará no Reino dos Céus. Mateus 7.21

A palavra é clara e objetiva ao alertar que nem todos estão mantendo verdadeiro relacionamento com Deus, pois a verdade da palavra não se encontra em seus corações, em 1João 2.3 encontramos a seguinte afirmação;

E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. 1João 2.3

Os preceitos, mandamentos e padrões da Palavra de Deus devem ser

observados pelo Cristão que lê e medita na Bíblia constantemente. Isso é a constatação de que há verdadeiramente um relacionamento íntimo com Deus. Pergunte a si mesmo, você tem guardado os mandamentos do Senhor? É impossível que haja um verdadeiro relacionamento com Deus, sem que haja um contato constante com a palavra, e que essa palavra produza obediência à vontade de Deus.

Precisamos nos alimentar da palavra, ela precisa se tornar parte de nós, assim como o alimento físico torna-se parte do nosso corpo quando o ingerimos e absorvemos suas propriedades.

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Relacionar-se com Deus através da Bíblia é Ler, meditar, pensar e agir em função dos seus ensinamentos. Conhecer a Deus é conhecer a Palavra de Deus, relacionar- se com Deus sem dedicar-se a conhecer sua palavra é impossível. Orar, ir aos cultos, devolver os dízimos e ofertas, mas negligenciar a leitura da palavra torna-se inútil.

Certa vez Jesus Deparou-se com um Jovem que Disse:

“Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna? E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.

Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho;

Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?

Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades. ”

Certamente havia um dentre os mandamentos que aquele jovem não observava, apesar de achar que estava cumprindo todos, ele no mínimo feriu o primeiro dos mandamentos, Não terás outros deuses diante de mim. (Ex.20.3)

A abundante riqueza daquele jovem tornou-se o seu deus, pois ele nem apenas cogitou a ideia de dar tudo o que tinha aos pobres para seguir a Jesus. Este trecho nos mostra quão facilmente podemos nos corromper e passar por cima dos mandamentos do Senhor, mesmo quando pensamos que estamos andando de acordo com sua vontade. Transgredir parte da lei é transgredir toda a lei.

Mas Graças a Deus por Jesus Cristo, porque não vivemos mais sob o jugo da lei, mas sob a Graça redentora de Cristo, que nos contempla mesmo quando falhamos e transgredimos algum de seus mandamentos. Mas é preciso cuidado para não usar da liberdade para dar ocasião à carne.

Os mandamentos de Deus ainda prevalecem e ainda precisamos viver sob a orientação deles, para isso o contato e a dedicação a leitura e meditação constante da palavra se faz necessária para a manutenção do relacionamento com Deus.

Por outro lado, há pessoas que leem a Bíblia, porém, não ouvem a Deus, ouvir aqui tem um sentido mais amplo do que apenas escutar, a expressão “Ouvir a palavra de Deus” quer dizer, absorver e praticar aquilo que ela ensina. Dar ouvidos à vontade de Deus levar a cabo seus ensinamentos, é cultivar um espírito de submissão a sua palavra, é permitir que ela seja a luz que direciona o caminho no qual conduzimos nossa vida, que influencie desde as menores até as mais importantes decisões de nossas vidas.

Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos. Salmos 119.105

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Pode se verificar que desde o início Deus sempre instruiu o povo a manter um zelo especial pela palavra, pois este é o meio que ele utiliza para que sua vontade seja plenamente conhecida por todos. A Palavra devia manter o homem em constante contato com Deus, amar a Deus é amar sua palavra, meditar diariamente e constantemente em seus mandamentos, ensiná-los aos filhos e fazer deles um conjunto de princípios que norteiam a vida diária. A Bíblia oferece tantas oportunidades de contato com Deus que o homem pode desfrutar de lições objetivas e práticas todos os dias.

As verdades eternas e o conhecimento de Deus são absorvidos de forma muito mais efetiva quando o contato com a palavra se dá num ambiente de naturalidade da vida diária, diferente de um contato formal como o ambiente do templo.

E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. Deuteronômio 6. 6 -9

De mesmo modo, o desconhecimento da palavra ou a negligencia á ela foi colocada por Deus como o motivo principal da destruição do povo e de seu relacionamento com Deus. Por muitas vezes vemos ao longo do A.T, o povo se afastando de Deus e de seus mandamentos por ignorarem a sua palavra, ou falharem no cumprimento dela. Em nossos dias não é nada diferente disso, há muitas pessoas que estão longe de Deus exatamente porque lhes falta o conhecimento da palavra, essa falta de conhecimento pode ser por pura e simples negligencia ou até mesmo ignorância.

“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento”. Oséias 4.6

O relacionamento de Deus conosco tem na Bíblia sua principal fonte de alimento e entendimento. Deus nos criou, nos conhece e nos compreende de uma forma que nos nem mesmo podemos explicar, e mediante esse conhecimento ele revela a si mesmo e de certa forma nos revela a nós, através da Bíblia, por isso é muito importante que busquemos de coração aberto esse conhecimento, Deus deseja ardentemente comunicar a nós a sua vontade e da mesma forma deseja que venhamos a conhecer melhor a nós mesmos através do quebrantamento operado pelo Espírito Santo quando entramos em contato com a revelação. Ninguém pode conhecer verdadeiramente a Deus se o próprio Deus não se revelar, George Muller disse; 11“O vigor de nossa vida espiritual está na proporção exata do lugar que

a bíblia ocupa em nossa vida e em nossos pensamentos”.

11 Manual Bíblico Halley, Pag.3

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Um cristão cresce e conhece a Deus a mesma medita em que lê, compreende, pratica e se permite transformar pela palavra. Relacionamento com Deus também se dá pelo contato com sua Palavra, pois nela ele se revela, dela nos alimentamos e nela adquirimos conhecimento sobre o caráter e a personalidade de Deus, quando mantemos contato constantemente com a Palavra, ela se torna um instrumento usado por Deus para nos quebrantar, nos moldar, nos ensinar e nos libertar. Nenhum relacionamento com Deus pode ser completo, eficaz e duradouro sem que haja dedicação à sua palavra, a palavra é o instrumento pelo qual Deus exerce tratamento em nossas vidas.

Fale sempre do que está escrito no Livro da Lei. Estude esse livro dia e noite e se esforce para viver de acordo com tudo o que está escrito nele. Se fizer isso, tudo lhe correrá bem, e você terá sucesso. Josué 1.8 NTLH

1 - SENHOR, tu me sondaste, e me conheces. 2 - Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. 3 - Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. 4 - Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó SENHOR, tudo conheces. 5 - Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão. 6 - Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir. 7 - Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? 8 - Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. 9 - Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, 10 - Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá. 11 - Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim. 12 - Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa; 13 - Pois possuíste os meus rins; cobriste-me no ventre de minha mãe. 14 - Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. 15 - Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra. 16 - Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia. 17 - E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes são as somas deles! 18 - Se as contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo ainda estou contigo. Salmos 139.1-18

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CAPITULO 3

Relacionamento Através da Adoração

Torna-se cada vez mais evidente para nós que Deus quer e que nós precisamos aprender a ir cada vez mais fundo em nosso relacionamento com ele, mas isso só é possível se também aprendermos a adorar a Deus em Espírito e em verdade. Mas o que isso quer dizer na prática? O que significa de fato Adorar a Deus em Espírito e em verdade?

Em primeiro lugar precisamos aprender que adorar a Deus é muito mais do que cantar ou tocar um instrumento, pois, uma grande parte dos cristãos aprendeu a associar adoração a música e isso é um erro, a música é apenas uma forma de adoração, adoração não é o mesmo que louvor.

Toda a terra louva ao senhor, no entanto os montes e os elementos da natureza não cantam nenhuma canção, e também não adoram, se você só adora a Deus se estiver cantando, você precisa aprender a adorar.

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. João 4.23

Quando Jesus usou a expressão, “Em Espírito e em Verdade”, o que

realmente ele queria dizer? Será que de fato em nossos dias podemos dizer que as Igrejas, ou os Cristãos de forma geral estão vivendo uma Adoração em Espírito e em verdade?

Primeiramente é preciso entender que a Adoração, não é um momento no culto ou mesmo que exista um culto especifico para a adoração. Todo culto deve ser necessariamente um culto de adoração, ou seja, deve ter como essência, uma oportunidade para que o homem estabeleça uma sintonia com Deus, sintonia essa que conduza o homem a compreender e a desfrutar de seu relacionamento com Deus, sem interferências, permitindo que o Espírito nos conduza onde ninguém mais pode nos levar, e isso não depende do lugar onde estamos nem tão pouco do tipo de música que se ouve, do tipo de roupa que se está vestindo ou qualquer outro fator de influência externa. Essa compreensão levará naturalmente o homem a contemplar a magnificência de Deus e prestar-lhe honra e gloria mediante o reconhecimento de nossa própria condição diante dele, a adoração a que Jesus se referia, nos aproxima de Deus de uma forma particular, e isso acontece de dentro para fora e não de fora para dentro.

“A Adoração é a joia desaparecida da Igreja evangélica” A.W. Tozer.

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Com o crescimento e expansão do evangelho, a multiplicação de Igrejas e denominações deu lugar a uma grande multiplicação de “doutrinas” e costumes particulares a cada denominação ou comunidade religiosa de forma particular, isso fez com que algumas dessas expressões de culto particulares, se tornassem de certa forma padrões de adoração para determinados indivíduos, fazendo com que a Igreja em geral perdesse o foco Bíblico do que seja a adoração e assumindo posturas que remetem ás suas preferências ou costumes particulares no que diz respeito a adoração.

Alguns por exemplo entendem que se alguém não estiver expressando suas emoções externamente, como choro compulsivo ou alegria extremada, esse alguém não está de fato adorando, outros pensão o contrário, admitindo que esse tipo de expressão sentimental externa não é uma expressão genuína de adoração, a verdade é que ambos estão enganados quando formatam ou padronizam a adoração focando seu raciocínio em fatores externos. É exatamente isso que Jesus está combatendo em João 4.

Os Judeus estabeleceram um local e um modo de adoração, os Samaritanos estabeleceram outro, e nenhum deles conseguiam de fato relacionar-se com Deus como ele esperava. Em primeiro lugar, porque ao focarem toda a sua atenção e esforços em estabelecer o local correto para

adoração, se esqueceram da essência da adoração que é o próprio Deus, e permitiram que seus corações fossem tomados pela disputa religiosa de quem está certo e quem está errado. Em segundo lugar essa disputa retirou-os do segundo foco da adoração que é a pratica das verdades de Deus no tange o convívio com o próximo, ou seja, para Deus seria muito mais interessante se ambos decidissem deixar as diferenças de lado e começassem a adorar juntos em qualquer outro lugar.

A adoração não tem um local, não tem um modo, ela não é um clima, ela não se resume a reprodução de sons, gestos, ou qualquer outra expressão física mediante influência externa. A adoração provem de uma atitude espontânea, ativa e reativa de contato particular com Deus, pelo qual o indivíduo reconhece e submete-se á presença do Deus Todo Poderoso. Entendo que palavra usada no Inglês para adoração tem particular significado para que de fato possamos compreender isso, a palavra em questão é 12Worship, que significa; atribuir valor ou mérito a alguém ou

alguma coisa.

12 Teologia da Adoração - Ronald Allen, Gordon Borro, Pag. 16

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Glória e majestade estão ante a sua face; força e formosura, no seu santuário. Daí ao SENHOR, ó famílias dos povos, daí ao SENHOR glória e força. Daí ao SENHOR a glória devida ao seu nome; trazei oferendas e entrai nos seus

átrios. Adorai ao SENHOR na beleza da santidade; tremei diante dele todos os moradores

da terra. Dizei entre as nações: O SENHOR reina! O mundo também se firmará para que se

não abale. Ele julgará os povos com retidão. Salmo 96.6 -10

Se entendermos a adoração por este aspecto, também aprenderemos e entenderemos que a atitude de alguém que de fato adora a Deus em espírito e em verdade, só pode ser uma atitude se rendição, de prostração, de lançar-se em terra, de reverenciar, de curvar-se e humilhar-se diante da presença daquele que excede todo o entendimento.

Certa vez ouvi um pregador dizer que quando ele e sua congregação chegassem ao céu, os outros cristãos que estivessem por perto se envergonhariam, isso porque ele e sua congregação entrariam na presença de Deus pulando dançando, bradando, profetizando e fazendo todo o tipo de estripulias, quando ouvi essa declaração me perguntei, onde está a adoração? Não porque penso que estas expressões indiquem uma falta dela, mas pelo fato de entender que na presença de Deus, diante de seu trono, diante de toda sua gloria e majestade, talvez a única reação que o adorador poderia esboçar, seria a de prostrar-se como os Querubins, que com rosto coberto declaram; Santo, Santo, Santo.

A Adoração não é em hipótese alguma, uma oportunidade para que o homem exalte a si mesmo ou que reconheça em si alguma virtude ou excelência, não é de modo algum um palco de espetáculos onde o homem se torna o centro do espetáculo apresentando ao público que o assiste suas tão impressionantes habilidades e talentos que fazem com que ele deva ser admirado e reconhecido por sua tão grandiosa e admirável capacidade.

A característica principal do verdadeiro adorador é a abnegação, ou seja, a sua capacidade de abandono e desprendimento dos seus próprios interesses e satisfações. Algumas pessoas pensam estarem adorando a Deus em espírito e em verdade, porque sentiram um arrepio, outras porque falaram noutras línguas, outras porque não fazem nenhuma dessas coisas. Todos estão errados porque a adoração não se define por aquilo que nos validamos ou deixamos de validar a partir de nossos gostos ou convicções pessoais. Há pessoas que na Igreja prestam maior atenção nos instrumentos desafinados, no som um pouco acima do volume, nas roupas, no piso, no teto do templo, na roupa das pessoas, nos dez minutos a mais que o Pastor excedeu no tempo da mensagem, mas se você perguntar qual foi o tema da

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mensagem, e o que Deus falou ao coração delas naquele dia, provavelmente não saberão responder. Isso porque o foco está muito longe da adoração, as preocupações e as motivações são outras.

Em nossos dias um dos momentos em que mais as pessoas demonstram os desvios que tem no seu conceito de adoração é exatamente na hora em que cantamos, para constatarmos isso basta que analisemos as letras de algumas canções muito populares entre os cristãos. Vejamos o trecho de duas canções distintas: (Sem fazer juízo de valor de seus autores e ou interpretes.) a) Louvemos ao Senhor, pois seu nome é santo. Magnifiquemos ao Senhor, ao rei que é digno de louvor. Excelso, supremo e mui digno de louvor, Hosana ao nosso Rei. Cristo é a nossa vida o motivo de louvor... b) Quem te viu passar na prova E não te ajudou Quando ver você na benção Vão se arrepender Vai estar entre a plateia e você no palco...

Uma dessas canções é uma canção de Louvor e Adoração, a outra demonstra um certo sentimento de egoísmo, vingança e busca de exaltação própria, e infelizmente é cada vez mais crescente o número de canções com este tipo de mensagem, enquanto que canções que trazem em suas letras o desejo puro e simples de exaltar e adorar a Deus são cada vez mais raras. E isso não é uma questão de gosto musical ou de preferências pessoais, mas uma evidencia de quão contaminada pela visão humanista está a Adoração de muitos cristãos.

Onde estiver o teu tesouro, estará ai também o vosso coração Mateus 6.21

Essa afirmação de Jesus já nos encaminha para o pensamento de que,

as coisas que tanto desejamos, e que se tornam nossos tesouros, tomam na verdade o lugar de Deus em nosso coração, ou seja, nossa motivação em adorar a Deus e a servi-lo não é fruto de nosso amor a ele, mas, são motivadas pelas dádivas que receberemos dele se assim nos comportarmos.

Analisando a história de Jó por exemplo, sob essa perspectiva esclarece-nos alguns pontos que por vezes ficam obscuros quando lemos o livro de Jó, o primeiro deles é a motivação de Deus em fazer o tal “desafio” a Satanás. Entendemos por essa perspectiva que Deus trata a situação de Jó com muito mais abrangência do que o próprio Jó, ou seja, o que Deus vai fazer na vida de Jó vai refletir na vida de muitas pessoas além dele.

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Depois disto, o SENHOR respondeu a Jó de um redemoinho e disse: Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?

Agora cinge os teus lombos como homem; e perguntar-te-ei, e, tu, responde me. Onde estavas tu quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus

rejubilavam? Jó 38.1-7

Deus usa a Jó como referência para demonstrar a condição do relacionamento do ser humano com Deus, ou seja, O homem precisa rever seus conceitos sobre Deus, acima de tudo no que diz respeito a motivação de seu culto. Que lugar Deus tem em nosso coração? Será que ele é o objeto principal de nossa devoção ou ele é o instrumento que usamos para alcançar outros objetivos?

Quando nos sobrevêm tragédias parecidas com as que Jó passou, qual é nossa reação? Será que colocamos em questionamento com Deus o quanto temos sido fieis e o quanto temos contribuído para o seu reino e que por isso não é justo de sua parte permitir que tais coisas nos aconteçam? Ou será que pedimos a ele que nos revele o pecado oculto ou a maldição hereditária que motivou tais coisas?

O fato é que de forma geral o homem não aprendeu que Deus tem propósitos maiores do que nossa satisfação pessoal, e que esses propósitos muitas vezes estão além de nossa compreensão, sendo assim, não podemos nem poderemos ter total compreensão de seus desígnios.

O que estava em jogo não era apenas a vida de Jô, sua fidelidade e temor a Deus, mas a capacidade do ser humano em adorar a Deus e se manter fiel e temente a ele sem nenhuma outra motivação a não ser a própria natureza e Existência de Deus.

Isso nos faz pensar em quantos de nós estamos vivendo nessa situação, quantos tem vivido uma vida espiritual motivada apenas pelos benefícios que se pode receber da parte de Deus, e a perguntar, quantos se manteriam fieis á ele se de repente perdesse tudo o que ele deu. Creio que para respondermos estas perguntas á nos mesmos, teremos que em algum momento, de alguma forma, experimentar o deserto e a escassez para avaliarmos o real nível de relacionamento que possuímos com a pessoa de Deus.

Quando Jô tentou esboçar um questionamento a Deus ou buscar alguma explicação sobre o que estava lhe acontecendo, qual foi a resposta de Deus?

Quem primeiro me deu, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu. Jó 41.11

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Há pessoas que sentem uma forte presença de Deus em quanto estão no templo, mas quando chegam em casa estão vazias novamente, em se tratando de música, há pessoas que pensam que por possuírem os instrumentos mais caros e executarem seus instrumentos com maior destreza, estão adorando a Deus em espírito e em verdade, de mesmo modo há pessoas que cantam tocam e ministram na Igreja sem nenhum preparo, sem nenhuma dedicação técnica, e justificam sua negligencia dizendo que Deus vê o coração. De fato Deus vê o coração, e por isso ele exige de nós o melhor que pudermos lhe oferecer, e ele sabe o que de melhor nós temos para oferecer, e ele não aceita nada menos do que isso.

Já participei de cultos que uma pessoa com uma guitarra desafinada e um microfone não muito bem equalizado me fizeram sentir estar no céu, e também já estive em cultos que não perdiam em qualidade técnica para nenhum evento profissional, mas como diria um velho amigo; “Não passou do teto do templo”.

Obviamente não queremos defender nem um, nem outro, o que queremos dizer é que; técnica não pode substituir a atitude de adoração, e a

atitude de adoração não é desculpa para não se dedicar ao aperfeiçoamento técnico, seja na música, seja nas artes cênicas, seja na dança e até mesmo na pregação da palavra. Adorar a Deus em espírito e em verdade é oferecer-lhe o melhor.

O melhor da viúva pobre era uma moeda, e foi o que ela ofereceu, o melhor do jovem rico era a sua fortuna, mas ele negou-se a abrir mão dela.

Mas como já disse, a adoração não restringe a música, o adorador adora enquanto canta, adora enquanto trabalha, adora enquanto dirige, adora enquanto faz suas refeições, adora no templo, adora em seus relacionamentos. O Culto no templo é uma extensão da vida de adoração e não um momento único e isolado de adoração.

Vivemos para honra e gloria de Deus, ele é o foco central de nossa adoração, ele deve estar sempre no centro, não nós, não nossas necessidades, não nossas vaidades, não nossos desejos, não nossas preferências, não nossos gostos pessoais, não nossos sonhos. O verdadeiro adorador caracteriza-se principalmente e primeiramente por esvaziar-se de si mesmo para então poder encher-se de Deus.

A adoração apesar de estar muito ligada à arte, principalmente a música, não depende dela para existir e tão pouco se resume a uma expressão artística, a adoração é fruto de um coração que teve um encontro pessoal com Deus e este coração então é levado naturalmente á adorar.

Por isso é importante diferenciar Louvor de Adoração, ninguém pode ministrar adoração a outrem, isso porque a adoração é fruto do coração, ela nasce no coração do cristão e depois se exterioriza, já o louvor pode ser ministrado, pois se caracteriza pela influência, o louvor pode ser dado por um ser inconsciente, ao contrário da adoração que só pode ser oferecida de forma consciente.

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E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna 1João 5:20

O contexto da palavra ‘conhecer’ empregada neste texto remete a; estar unido a, ou em comunhão com. Isso quer dizer que o conhecimento de Deus nos proporciona plena comunhão com ele, comunhão esta, que arde em nosso coração nos impulsionando a adoração. Sendo assim, o conceito de adorar em espírito e em verdade, significa estar em plena comunhão com Deus, quando nos colocamos em posição de Adoradores, naturalmente surge em nós o desejo de nos aperfeiçoarmos em aspectos da nossa vida que anteriormente talvez fossem negligenciados, quanto mais adoramos em espírito e em verdade mais nos preocupamos com questões como; Santidade, Integridade, convicções teológicas e etc. isso porque adorar nos aperfeiçoa, é impossível alguém viver uma vida de adoração genuína e não ser aperfeiçoado pelo espírito santo dia após dia.

A adoração não se mede pela atitude externa do adorador ou pelo ambiente em que ele se encontra, a verdadeira adoração diz respeito ao entendimento da condição da criatura em relação ao Criador, ela não tem relação com práticas ou entendimento provenientes do próprio homem, o Padrão da adoração não é imposto pelo adorador, mas pelo ser adorado, a verdade da adoração não é a verdade do homem, mas a verdade de Deus. Infelizmente muitas pessoas encontram no ambiente e nas circunstâncias os motivos mais diversos para não adorar, e passam a se auto justificar diante de Deus, alguns põe a culpa na congregação que não é boa o suficiente, outros nas pessoas que atrapalham seu relacionamento com Deus, na falta de recursos, na esposa, no marido, nos filhos e etc., mas sabemos que nenhuma destas desculpas tem efeito diante de Deus. Jesus Cristo adorou e honrou o nome de Deus durante 40 dias no deserto mesmo sendo tentado por satanás, Paulo e Silas adoraram na prisão de forma tão marcante que as cadeias se romperam, lembremo-nos de Daniel na cova dos leões e seus três companheiros na fornalha de fogo ardente. Estes entre outros irmãos não permitiram que as circunstâncias os impedissem de Adorar ao Senhor com suas vidas.

José do Egito é grande exemplo disso, humanamente falando, ele tinha tudo para ser um blasfemo e murmurador, pois muitas foram as circunstancias negativas que ele enfrentou, podemos dizer que injustamente, mas ainda assim, José continuou adorando ao Senhor com sua integridade, obediência e santidade diante de Deus. Para Deus não existe adoração sem Santidade e Integridade, o cerimonialismo ou o simples cumprimento de ordenanças e mandamentos não cheira bem ás narinas de Deus se não forem acompanhados de um coração quebrantado e de um espírito reto.

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Não tragais mais ofertas debalde; o incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, e os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniqüidade, nem mesmo o ajuntamento solene.

As vossas Festas da Lua Nova, e as vossas solenidades, as aborrece a minha alma; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer.

Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Isaias 1.13-15

Podemos dizer que é impossível que, alguém que não tenha sido verdadeiramente transformado pelo Espírito Santo, possa adorar em Espírito e em verdade, isto porque a verdade ainda não está em seu coração, se a verdade está ausente no coração do adorador, logo ele não pode ser conduzido por ela.

O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do espírito é espírito, a carne não pode adorar em espírito, pois não compartilham da mesma verdade. Algumas pessoas dizem que adoração é um estilo de vida, mas creio que adoração é muito mais do que um estilo de vida; adoração é a própria vida, o ser que adora a Deus em espírito e em verdade só faz isso porque recebeu dele vida e vida em abundancia, sem essa vida só lhe resta uma condição vegetativa de morte, por isso qualquer tentativa de adoração é ineficaz porque é produto de morte e não de vida.

Curvar-se, é a postura apropriada de alguém que se apresenta diante de uma grande autoridade, ao pensar em nossa aproximação à santa presença de Deus não pode ser diferente. Curva-se em humildade reverência e prostração, mas também com a consciência de que contemplar a face de Deus é ter comunhão com ele em um nível de profunda intimidade.

Acheguemo-nos, portanto com confiança ao trono da Graça Hebreus 4.16

Com confiança e temor, não com medo, como filhos, não como escravos. O que nos leva a ter liberdade para amar e adorar com paixão e alegria que nunca acabam, sem se esquecer de quem é Deus e de quem nós somos. No verso 10 de João 4, Jesus diz o seguinte;

Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.

Conhecer a Deus é o fator determinante para a adoração verdadeira, sem que alguém o conheça é impossível que o adore verdadeiramente, o conhecimento de Deus e a possibilidade de relacionar-se com ele é água viva como nenhuma outra, conhecer e relacionar-se com Deus é manancial de

águas vivas, água que é capaz de saciar o homem de uma forma que ele

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nunca imaginou conhecer a Deus é ser satisfeito da mais ardente necessidade humana. O relacionamento com Deus através da adoração deixa marcas, e uma dessas marcas é a manifestação do poder de Deus na vida do adorador. Mas que tipo de Poder?

13“O poder, isto é, o impacto que um ministério que transforma vidas tem, flui da autoridade espiritual. A autoridade espiritual é resultado de intimidade com Jesus. Essa intimidade se nutre através da pureza pessoal, adoração e de uma vida fiel na oração”. O verdadeiro poder manifestado na vida de alguém que mantém intimidade com Deus consiste na transformação que Deus promove na vida deste individuo em primeiro lugar, e em segundo lugar, a transformação que Deus opera na vida de outras pessoas através da vida deste individuo, creio que o termômetro para saber se alguém desfruta do poder de Deus em sua vida, é o quanto esse alguém já foi transformado, e o quanto esse alguém tem sido instrumento de transformação na vida daqueles que estão a sua volta.

Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, Romanos 1.16ª

Já ouvi muitas vezes ouvi a expressão “o louvor liberta”, mas creio que essa não seja toda a verdade, pois o louvor sozinho não tem poder libertador, o louvor só liberta, quando ele é fruto de uma adoração intima, que por sua vez é fruto do conhecimento de Deus. O que leva o indivíduo a transformação pelo poder do Espírito Santo é o conhecimento de Deus e a redenção pelo sangue de Jesus. Muitas vezes o povo de Israel foi repreendido por Deus justamente por apresentar a ele apenas o louvor.

Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído. Isaías 29.13

Louvor sem adoração não tem poder transformador algum, para que o

homem realmente desfrute do poder transformador do Espírito santo, a adoração verdadeira tem de ser a sua motivação principal, a religião muitas vezes se converte em uma atitude rotineira de louvor, sem o calor da adoração, então caímos em uma rotina de formas e ritos e não adoramos em verdade, pois nos descuidamos e falhamos em dar a Deus nosso amor e devoção sinceros. Todas as vezes que a adoração se corrompeu, o relacionamento de Deus com o povo foi comprometido, pois a adoração está intimamente ligada a obediência e a santidade, alguém que desobedece incessantemente e deliberadamente a Deus, não pode prestar verdadeira adoração.

13 Autoridade e Poder - Russel Shedd, Pag. 151

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Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos e cessai de fazer mal.

Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas. Isaias 1.14-15

O Episódio do bezerro de ouro que o povo levantou em Êxodo 32 mostra que o povo de Deus pode se desviar e falhar profundamente em sua adoração, isso porque na busca pela adoração verdadeira podemos ser criativos e originais, mas é preciso ter muito cuidado, pois “criatividade” pode nos levar a cometer erros grotescos e nos conduzir para muito longe do que é de fato a vontade de Deus.

Aquele povo sentiu necessidade de adorar, mas essa necessidade foi canalizada para a direção errada. Enquanto Moises colhia instruções diretamente com Deus sobre o relacionamento entre o povo e Deus, o povo por sua vez criou sua própria forma de adoração, baseada naquilo que estavam acostumados a ver no Egito. Não e assim muitas vezes conosco hoje?

Quantas vezes vemos as pessoas criando novas formas de adoração, novas modas, hábitos e costumes, todos baseados naquilo que estão acostumados a ver a sua volta, e muitas vezes a fonte da sua inspiração é das mais podres possíveis. Á alguns anos atrás podíamos ouvir no radio lideres espíritas pedirem para que os ouvintes adeptos de sua religião colocassem copos d’água e objetos pessoais perto do rádio para serem abençoados, hoje podemos ver pastores e líderes cristãos fazerem o mesmo.

O povo brasileiro especialmente é apegado à símbolos, isso facilita com que a adoração seja erradamente canalizada e isso se multiplica no meio Cristão. Estes tão somente são os bezerros de ouro da modernidade. O povo tem necessidade de adorar, mas não sabe como, pois não ouve a orientação de Deus, por isso cria suas próprias formas.

Deus nos chama a adorá-lo em Espírito e em verdade, estas duas palavras, Espírito e Verdade, me fazem pensar em outras duas palavras que a meu ver precisam casar com estas, são elas; Forma e Conteúdo, isso porque, verdade está ligada a aquilo que é real a aquilo que é concreto, e isso nos leva à Forma. Por sua vez Espírito está ligado exatamente ao conteúdo, ou seja, a aquilo que não se pode dar forma, que não se pode quantificar ou qualificar externamente, mas espiritualmente.

Sendo assim quero meditar em algumas questões a respeito de Forma e Conteúdo na nossa adoração, lembrando que Adoração não é um momento isolado de culto, mas a vida como um todo. É impossível ter uma vida de adoração sem viver, Oração, Louvor, Testemunho, Serviço entre outras coisas, então entendamos adoração como o ajuntamento de todas estas coisas na vida do Cristão.

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Primeiramente quero falar de Forma. E aqui vai a pergunta central; Existe forma para a adoração?

A resposta é; Sim, existe forma para a adoração, o que não existe é uma forma única que defina a adoração. Mas obviamente existem formas de adoração e estas formas são estabelecidas por Deus, pois é ele quem define de que forma quer ser adorado. O principal problema de muita gente, é exatamente esse, achar que podem adorar a Deus como quiserem e está tudo certo. Se entendermos que adorar é um ato de abnegação própria e de honra ao ser adorado, torna-se claro que quem define o que é ou não aceitável nesse processo é o ser a quem se adora e não o ser que presta adoração, ou seja, eu só posso adorar e Deus se eu fizer isso de forma que eu o agrade e não de forma que eu me agrade.

Podemos exemplificar isso quando Deus estabelece a forma como o templo do A.T deveria ser construído, quando ele determina o formato e as matérias primas de cada utensílio do templo, quando ele define como deveria ser realizado o sacrifício e etc. O que quero dizer é que Deus não aceito adoração de qualquer forma, ela tem que estar enquadrada nas determinações dele. Vejamos alguns exemplos: Deus Jamais aceitou sacrifícios humanos como forma de Adoração.

Quando Deus pede Isaque a Abraão ele está utilizando uma cultura que está enraizada na mente de Abraão, pois de onde ele saiu, ou seja, da terra de Ur dos Caldeus era uma pratica comum dos povos daquela região, que ofereciam seus filhos em sacrifício aos deuses pagãos, Deus aproveita a oportunidade digamos assim, para ensinar para Abraão mais essa lição, de que ele devia deixar totalmente para traz os costumes do seu povo. Essa não é uma forma como Deus quer ser Adorado. Deus Jamais aceitou que se fizesse qualquer tipo de imagem que lembrasse ou fizesse referência a ele.

Deus sempre proibiu o povo a se prostrar diante de qualquer imagem, estatua ou monumento religioso, vemos isso claramente no 1º mandamento. Estas formas de adoração não são aceitas por Deus, porque ferem princípios estabelecidos por ele na sua palavra. Portanto qualquer adoração a Deus tem de estar pautada na sua palavra, deve encontrar base ou autorização de Deus para que seja aceita por ele.

Isso me faz pensar em algumas formas de culto que estamos vendo hoje, algumas práticas que não estão de forma alguma pautadas na palavra de Deus, e algumas que até mesmo ferem duramente alguns princípios bíblicos. Então pergunto, onde foi que Deus pediu, exigiu, sugeriu ou autorizou o povo a adorá-lo nessas formas?

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Se alguém disser que isso é algo novo que o espírito Santo está fazendo na Igreja, então devemos entender que a Bíblia está incompleta e que algumas coisas precisam ser reescritas porque Deus se esqueceu de mencioná-las. Mas creio que não seja esse o caso.

O que quero dizer é que não podemos adorar a Deus como bem quisermos como bem entendermos, apenas porque é agradável á nós ou é como estamos acostumados, temos de nos preocupar em agradar a Deus, afinal, ele é o ser adorado, é ele quem deve ser agradado e não nós. Para saber se uma forma está ou não sendo aprovada por Deus basta confrontá-la com a Bíblia.

Falemos agora de Conteúdo. Há uma frase popular que diz que os “Melhores perfumes estão nos

menores frascos” isso nos dá uma ideia de que as embalagens muitas vezes não correspondem ao conteúdo, podemos comprar algo olhando a embalagem e nos decepcionarmos muito ao abrirmos e descobrirmos o que de fato há dentro dela. Isso me incomoda muito ao pensar no Cristianismo que temos visto nos dias de hoje porque vemos muitas pessoas fazendo muitas coisas, mas sabemos que em muitos casos só há embalagem.

Jesus nos convida a adoramos a Deus em Espírito, ou seja, com Conteúdo, e o mais importante de pensarmos e meditarmos nisso é que a pessoa que avalia este conteúdo é o próprio Deus. Nós podemos ser enganados pelas bonitas embalagens que vemos, mas ele não, ele vê o Conteúdo, ele sonda nossos corações e esquadrinha nossa mente, ele discerne os atos e intenções do nosso coração, ou seja, ele não se impressiona com uma embalagem bonita, se ele está vendo que o conteúdo é horrível.

Muito tem se preocupado com as formas, mas se esquecido do Conteúdo, muitas pessoas estão preocupadas com a forma certa de adorar a Deus, com as músicas certas, a roupa certa, a liturgia certa, mas não percebem que isso tudo é inútil sem que haja Conteúdo. Deus se preocupa sim com a forma, mas somente se a forma estiver acompanhada de conteúdo. Forma certa sem o conteúdo correto para Deus não é nada.

Isso me faz pensar em ministros que sobem nos altares e cantam maravilhosamente bem, em instrumentistas que executam seus instrumentos com excelência, em pregadores que usam a Homilética e a Hermenêutica de forma impecável, mas que se restringem a isso e mais nada. Não que isso não seja agradável, muito pelo contraio, é exatamente isso que o Senhor procura, ele procura pessoas que se dediquem, que queiram se aperfeiçoar cada vez mais, mas isso tudo é inútil se não houver no coração dessa pessoa um profundo ardor do Espírito Santo, que a leve a cantar, a Tocar, a Pregar a Evangelizar, a Ensinar, a Escrever, a Dançar, a Servir não porque isso faz parte da embalagem, mas porque o conteúdo a conduz a isso.

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Entenda-se Conteúdo por: Conhecimento de Deus, Intimidade, Sentimento de dependência, Gratidão, Obediência irrestrita, Devoção e Prazer em Deus.

Muitas pessoas fazem coisas na Igreja porque sabem fazer, outras porque alguém pediu, outras porque não há ninguém que faça, e estas pessoas até fazem bem aquilo a que se propõem fazer, mas se não houver nelas, vontade de agradar a Deus, se não houver um sentimento de que o que fazem é única e exclusivamente para apresentar diante de Deus um sacrifício vivo Santo e agradável, tendo o como primeira e mais relevante motivação, tudo isso não passará de uma embalagem bonita que impressiona as pessoas, mas não a Deus. Se compreendermos o que o Senhor está nos dizendo (e me inclua nisso) devemos começar uma busca ainda mais profunda de intimidade e vida com Deus, para que não sejamos sepulcros caiados. Deus nos chamou para que sejamos Ministros, para que sejamos Profetas e Sacerdotes, mas só cumpriremos essa tarefa e esse Ministério se começarmos a nos preocupar cada vez mais com a Forma e o Conteúdo de nossas Ministrações.

Os filhos de Aarão, Nadabe e Abiú, foram fulminados por Deus, porque ofereceram “fogo estranho” ao Senhor, mas o que seria esse fogo estranho? Um entendimento ou explicação bem objetiva para isso é a seguinte: O fogo no altar do holocausto era santo e nunca devia se apagar, o que mais provavelmente aconteceu é que, Nadabe e Abiú tenham sido imprudentes e tenham trago ao altar, brasas de outro lugar, ou seja, um fogo impuro, os dois sacerdotes ofereceram a Deus uma oferta de desobediência, pois Deus já havia estabelecido as regras de como deveriam proceder, mas ambos abusaram na falta de respeito aos padrões de Deus. Deus estabelece através de sua palavra como devemos dirigir a ele a nossa adoração, apesar de isso não estar exatamente descrito como um conjunto de regras litúrgicas para o culto ou qualquer outra coisa do tipo, (tendo em vista a Igreja Cristã e não a Judaica) a bíblia apresenta os padrões ético, moral e espiritual de Deus, padrões estes que dão ao homem a capacidade de discernir até onde pode, e não pode ir à sua busca pela mais correta forma de adorar a Deus.

A grande verdade é que quando falamos em “forma” automaticamente deduzimos uma formatação, o que não é o caso quando se trata de adoração, o termo forma, se refere aqui à vida pratica do adorador e a vida pratica da própria igreja.

A Igreja é uma comunidade de adoração, e ela foi estabelecida assim pelo próprio Deus, sua finalidade essencial não é ser uma instituição social ou transformar-se em um encontro de pessoas que estão em busca de interesses individuais, a característica fundamental da Igreja é a de viver para honra e gloria de Deus, isso significa que todas as coisas que envolvem a vida da igreja, ou seja, a vida dos cristãos deve convergir para a satisfação da vontade de Deus.

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Quando se fala em Igreja é inevitável pensar em uma comunidade local onde as pessoas se reúnem e isso é natural, pois é lá que nos ajuntamos enquanto povo para adorar. Mas é preciso cuidado quando falamos em ajuntamento religioso, pois cada um tem seus princípios, e suas convicções a respeito da própria Bíblia, e é ai que mora o perigo, pois, muitas vezes no afã de viver e proclamar suas próprias verdades muitas denominações erram ao estabelecer seu próprio “padrão de adoração” e quando outros não se encaixam nesse padrão, são vistos até mesmo como hereges.

Certa vez ouvi um jovem cristão dizer que uma determinada Igreja em seu bairro não cria no Espírito Santo, quando perguntei por que ele afirmava isso, ele respondeu que lá as pessoas não falavam em línguas estranhas. Isso não é raro por mais absurdo que pareça, pois, infelizmente muitos cristãos na Igreja moderna, entendem que sua forma de adoração é a correta, e qualquer um que não se encaixe nela, está cometendo um grave erro.

O padrão de Deus é a sua palavra, e somente ela, qualquer um que tente acrescentar a ela a sua própria opinião ou seus próprios padrões, estará nada mais, nada menos que cometendo o mesmo erro que cometeram Nadabe e Abiú, apresentando fogo estranho ao Senhor. O que é o correto, o que é mais espiritual? Usar o cantor cristão, ou outro livro de cânticos, ou cantar as músicas mais atuais? Devemos nos sentar em bancos ou em cadeiras? Que estilo de música devemos usar? Que tipo de instrumentos devemos tocar? Devemos orar em silencio ou em voz alta?

Preocupações como estas tem permeado grande parte das comunidades religiosas de nossos dias, isso porque a adoração é uma das grandes preocupações dos Cristãos desde sempre, mas estas preocupações refletem uma realidade muito séria, a de que muitas pessoas não sabem o que é adorar, por isso atrelam a estas coisas a adoração, para elas a ausência ou a presença delas é que determinam se há ou não há adoração verdadeira, o que compromete muito o relacionamento destas pessoas com Deus.

Adorar a Deus e nos encontrarmos com ele efetivamente, seja enquanto povo, seja em nossa adoração particular, requer de nós uma posição de humildade e reverencia, a ponto de não nos preocuparmos com mais nada, a não ser em ouvir claramente a voz de Deus.

A Adoração verdadeira promove sim um sentimento de zelo, por isso Jesus se irritou quando entrou no templo e viu no que as pessoas haviam transformado a casa de Deus, a falta de reverência na casa de Deus e com a Palavra de Deus vão gerar no adorador um sentimento de inconformismo, e este sentimento deve conduzi-lo a uma busca ainda mais profunda pela presença de Deus, afim de ser usado por Deus para ser e fazer diferença na vida daqueles que não compreendem a vontade de Deus, esta deve ser a prioridade da vida do Adorador.

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14Esta prioridade precisa ser reafirmada especialmente hoje quando as pessoas falam de adoração aceitável, eles querem dizer adoração que é aceitável a eles mesmos ou, talvez, aceitável especialmente àqueles que não são membros da igreja. Embora a adoração deva falar claramente à congregação reunida, a Bíblia insiste que a adoração deve, acima de tudo, ser aceitável a Deus.

Muitas vezes nos acostumamos aos cerimonialismos do Culto e do Templo e acabamos nos relacionando com Deus de forma programada e engessada, perdendo oportunidades valiosas de nos relacionarmos com ele de forma intima. Adorar em espírito e em verdade é tão simplesmente, deixar o Espírito falar tão alto que nada mais possa ser ouvido.

Adoramos a Deus verdadeiramente quando ouvimos sua palavra e a aplicamos em nosso viver diário, adoramos a Deus quando amamos o próximo com amor puro, adoramos a Deus quando servimos á ele servindo uns aos outros, adoramos a Deus quando somos instrumentos nas mãos dele para ajudar a transformar a vida do outro, adoramos a Deus quando reconhecemos nossos pecados, nos arrependemos e confessamos com intima contrição, adoramos a Deus quando entoamos cânticos espirituais que brotam de nosso coração quebrantado, adoramos a Deus quando permitimos que o Espírito Santo nos conduza onde ele deseja sem que nos preocupemos onde exatamente ele irá nos levar.

Um verdadeiro adorador não estará preso ao templo ou aos cerimoniais, pois tem consciência de que ele é o verdadeiro templo de Deus, ele não necessitará realizar sacrifícios tolos, pois apresenta a Deus, dia após dia, um sacrifício vivo, santo e agradável, um verdadeiro adorador não se prende a intermediários para ouvir ou falar com Deus, pois ele exerce um real sacerdócio diante de Deus, o verdadeiro adorador não se isola do mundo, pois faz parte de sua adoração influenciar o mundo estabelecendo em sua vida e em cada local onde pisa, um altar de adoração ao Senhor.

14 Agradando a Deus em nossa adoração - Robert Godfrey Pag.17

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CAPITULO 4

Relacionamento através da Oração

A oração é uma experiência singular para cada ser humano, cada um de nós tem consigo suas características pessoais, sua história, seus hábitos, seus traumas seus bloqueios e tudo o mais que faz de nós um ser humano particular. Todas estas coisas fazem parte de quem nós somos em nossa vida pessoal e consequentemente em nossos relacionamentos com as pessoas que fazem parte de nossa vida e nosso dia a dia. Certamente você tem uma forma particular de se comunicar com seus familiares amigos e etc., certamente você desenvolveu ao longo da sua vida uma “identidade comunicativa”, digamos assim, que nada mais é, do que a sua particular forma de se comunicar com as pessoas. Essa identidade pessoal que cada um de nós possuiu este presente em todos os aspectos de nossa vida, inclusive no espiritual, isso quer dizer que cada um de nós tem sua própria forma de orar, porque cada um de nós se comunica com Deus a sua maneira.

Nossa relação com Deus é tão particular quanto nossas relações conjugais e afetivas. Assim como em nossa intimidade e interação com as pessoas, nossa oração apresentará também a singularidade de quem nós somos, portanto, não é possível que haja um único modo para a oração, porque orar é se comunicar particularmente e individualmente com Deus.

A essência da oração não tem muito a ver com o local, ou com o modo que se ora, tem a ver sim com a nossa Comunicação pessoal com Deus. É muito mais importante o estilo de vida e a sinceridade do coração daquele que ora do que qualquer outra coisa, as burocracias e as exigências dogmáticas dos sistemas religiosos nada têm a ver com o que Deus de fato espera de alguém que se eleva a ele em oração.

15Quem ora em profunda intimidade com Deus vai conhecendo mais a respeito dele e, quanto mais conhece sobre Deus, mais descobre sobre si mesmo. É fato que quanto mais nos aproximamos de Deus, quanto mais conseguimos vislumbrar sua gloria, mais conseguimos identificar em nós as nossas próprias deficiências e isso influencia diretamente na nossa oração, isso define o espírito com o qual nos apresentamos diante de Deus. Jesus Contou a Seguinte parábola:

15 A Oração Nossa de Cada Dia - Carlos Queiroz, Pág. 36

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Dois homens subiram ao templo, a orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque

não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo.

O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!

Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado. Luc 18.10-14

O espírito do fariseu certamente não era um espírito quebrantado, que conseguia de fato enxergar suas próprias misérias enquanto contemplava a grandeza e a Santidade do Deus aquém dirigia sua oração, antes seu coração estava repleto de vaidade orgulho e vontade de anunciar a quem pudesse ouvir o quão bom ele era.

Por sua vez o publicano tão pouco ousava levantar seus olhos em direção ao trono de Deus, pois reconhecia sua Magnificência enquanto olhava para dentro de si mesmo e reconhecia seu pecado e clamava pela misericórdia de Deus.

Ter uma visão errada de quem realmente somos pode nos conduzir a orações como a daquele fariseu, e então me pergunto, será que essa de fato é uma parábola, ou será que Jesus não falava daquilo que realmente viu acontecer no meio do povo? Não teríamos hoje também um grupo de Cristãos que levados por um amor e admiração tão grandes por si próprios, desprezam os outros e se permitem serem tomados pelo orgulho e soberba, a ponto de fazerem orações em seu próprio nome, ou de invocar e exigir o agir de Deus mediante suas determinações? Certa vez ouvi a seguinte frase:

Quer saber o quanto um Crente é maduro? Preste atenção a sua Oração.

Quanto mais imaturo, mais focada em si mesmo é a sua oração, e quanto mais maduro, mais intercessão pela vida de outros, mais reconhecimento de dependência de Deus, mais adoração e reconhecimento da soberania de Deus você vai perceber no conteúdo dessa oração.

O orgulho nos impede de amadurecer, e assim nos aproximar mais de Deus na oração, precisamos a cada dia exercitar nossa dependência de Deus através da própria oração, oferecendo a ele sacrifícios de louvor, clamando por sua misericórdia e aprendendo cada vez mais a permitir que o espírito nos conduza a um quebrantamento genuíno em nossa vida de oração.

Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche aporta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará. Mateus 6.6

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O “quarto” de que Jesus fala em Mateus 6.6 não necessariamente é o seu dormitório, na verdade o que Jesus faz aqui é uma referência a um cômodo da casa usado geralmente como despensa naquele tempo, ele era um cômodo escondido sem janelas, onde alguém poderia ficar totalmente isolado, tratava-se de um lugar geralmente escuro onde as pessoas geralmente na transitavam. Concluímos então que o seu quarto é aquele local secreto onde você pode desfrutar de uma concentração que não desfrutaria em outro lugar e que por isso proporciona uma liberdade e intimidade que não seria possível em outro ambiente.

Intimidade para se colocar diante de Deus da forma que você se sente mais à vontade, de joelhos, assentado ou deitado, o importante é que este seja o local onde todas as suas inibições fiquem de lado para que você se comunique com Deus de forma mais efetiva. Comunicar-se com Deus através da Oração é uma forma de conhecê-lo e de nos conhecermos melhor, quando entramos em intimidade não nos envergonhamos, não nos escondemos, mas percorremos o caminho que nos leva a conhecer nossa própria interioridade, pois Deus nos conhece de forma muito mais profunda do que nós podemos imaginar. Nesses momentos de intimidade com Deus passamos a entender melhor quem ele é e qual é a sua vontade para nossa vida, mas muitas vezes passamos a conhecer melhor não só a ele, mas a nós mesmos.

A comunicação é um fruto consciente do relacionamento com Deus, quando Paulo fala em Romanos 12 sobre um culto racional, isso diz respeito também a oração, pois, que culto subsiste sem oração? A oração é a linha de comunicação daquele que presta o culto com aquele que é cultuado, e esta comunicação precisa acontecer em nível de plena consciência, do contrário, não será racional.

Há pessoas que se entregam a um tipo de comunicação com Deus, como se sucumbissem a uma droga alucinante que os tira de si mesmos e os conduzem numa viagem sem sentido e sem destino, onde não sabem o que está acontecendo, ou porque está acontecendo. Esse tipo de experiência por mais impressionante que pareça ser, não reflete uma comunicação eficaz, pois, presume-se que, comunicação tenha a ver com uma mensagem a ser transmitida de um indivíduo para outro, onde uma informação precisa ser transmitida, recebida e compreendida. Neste modelo de comunicação ou oração inconsciente, que informação está sendo transmitida, quem se comunica quem transmite a mensagem, qual é a mensagem?

Tudo isso precisa ser observado na oração, porque Deus é Espírito e não esquizofrênico, ele é lógico e inteligente.

Paulo faz referência à necessidade de que os irmãos em Corinto orassem com inteligibilidade, (ICo14.15-17) para que as outras pessoas pudessem confirmar dizendo amém, temos de nos lembrar que o espírito não anula o intelecto, nem tão pouco o intelecto anula a ação do espírito, tanto a mente quanto o espírito se envolvem em nosso contato com Deus.

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Quando derramamos nossos sentimentos diante de Deus em oração, não perdemos a capacidade de raciocinar, pelo contrário, a ação do espírito nos proporciona entender coisas que seriam impossíveis de serem discernidas sem a iluminação do espírito. A presença de Deus na oração se identifica necessariamente pela consciência e pelo sentimento de comunhão com a nossa essência pessoal.

16“A oração pressupõe acreditar num Deus pessoal e na possibilidade de

entrar em contato direto com ele, sendo por isso a expressão mais espontânea”

A oração é uma via de mão dupla e isso quer dizer que além de nos comunicarmos com Deus, ele principalmente se comunica conosco. Quando Jesus nos encoraja a entrar no quarto para ali nos encontrarmos com Deus, pode parecer que a intenção é de que nós chamemos a Deus para entrar no quarto, onde estamos aguardando ansiosamente por sua presença, mas a verdade é que, é ele quem já está a nossa espera, aguardando ansiosamente para encontrar se conosco, isso porque ele conhece nosso quarto, nosso lugar secreto, ele está presente em nossa mais profunda intimidade.

Ele habita em nosso quarto e caminha por lá muito mais frequentemente do que nós mesmos, pois é lá que guardamos nossos tesouros escondidos, é lá que estão nossos traumas, nossas angustias, nossas alegrias e nossos sonhos, ele os conhece muito bem. Diante dele estamos despidos de toda armadura, não há como se esconder.

Deus não está fora. Uma vez que recebemos Jesus em nossas vidas, passamos a ser

morada permanente do Espírito Santo, parece obvio dizer isso, mas, muitas pessoas parecem se esquecer disso quando oram, pois oram como se Deus já não estivesse lá, como se o que elas vivem e sentem, fosse algo de que Deus não tivesse conhecimento. A bíblia nos revela que antes mesmo que a palavra viesse a nossa boca, Deus já a conhecia, isso porque Deus não está fora, ele está dentro de nós. Sendo assim, a verdade é que a oração deixa de ser algo como, alguém informando a outrem aquilo que sente, e passa a ser mais como alguém conversando com outrem sobre aquilo que sente.

Isso significa que quando você está orando você não está contando para Deus o que está acontecendo com você, mas sim conversando com ele sobre o que está acontecendo com você. Entendendo isso, nossas orações se tornam cada vez mais objetivas e sinceras, e quando oramos de forma objetiva e sincera, a tendência é não praticarmos as vãs repetições que Jesus tanto combateu. Quando oramos desta forma, temos a certeza de que Deus nos ouviu, portanto não vamos precisar fazer a mesma oração amanhã.

16 A Oração Nossa de Cada Dia - Carlos Queiroz

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Para orar de forma eficaz é preciso libertar-se.

Lembro-me que em minha adolescência, antes de ter um encontro pessoal com Cristo, tinha muita dificuldade de falar com Deus, pois me sentia preso, com uma sensação de culpa, e quando se tratava de falar com Deus nunca sabia o que dizer, pois as palavras que os outros diziam não eram as que eu queria dizer, e o que eu queria dizer não sabia como dizer, tinha dificuldade até de fechar os olhos, pois não me sentia à vontade, repetir sempre as mesmas palavras que outras pessoas também repetiam me deixava inquieto e disperso, falar com Deus era penitência, algo que ninguém deseja fazer, mas faz porque tem medo de ser castigado. Se você comete um pecado e a sua penitência por este pecado é rezar o pai nosso, então falar com Deus torna-se um castigo é não um prazer.

Encontrar-se pessoalmente com Deus nos liberta das algemas e da dependência da religião e faz com que possamos penetrar no mundo escondido que há em nosso próprio interior, onde Deus nos aguarda para falarmos com ele de forma intima, sem ter que repetir as mesmas palavras que alguém já disse, mas para dirigir a ele minhas próprias palavras, e ouvir dele o que ele deseja revelar a mim.

Somente depois de ter tido um encontro pessoal com Deus é que me senti realmente livre e à vontade para fechar meus olhos e falar com Deus de forma sincera e acima de tudo prazerosa, orar não era mais uma penitencia, agora havia se tornado um prazer.

Quando aprendemos a desfrutar de uma verdadeira intimidade com Deus na oração, aprendemos a reconhecer nossa própria interioridade, a partir daí, orar já não depende mais do ambiente em que nos encontramos, porque reconhecemos, percebemos e nos relacionamos com Deus em todos os ambientes. Podemos orar e nos comunicar com Deus no quarto, na sala ou no banheiro, na Igreja, na rua ou trabalho, no deserto, no vale ou no monte, prostrados de joelhos, ou de pé numa fila de Banco, a oração não deve ser somente um momento na nossa vida, mas fazer parte da essência da própria vida.

Jesus Cristo em Mateus 6, recomenda que fechemos a porta do quarto, isso significa, isolamento, proteção, para que outras vozes não interfiram em nossa comunicação com Deus. Na oração aprendemos a discernir a voz de Deus, de outras vozes que também insistem em falar conosco e tentar transmitir a nos, sua mensagem. Cuidado com as vozes

Além da voz de Deus há pelo menos mais 2 vozes que constantemente

tentam se fazer ouvidas por nós, são elas; A voz do Inimigo, e a Voz do Eu. A voz de Deus nos fala e nos conduz diretamente à vontade dele, a voz

do inimigo (a voz da influência maligna) nos conduzirá exatamente a um

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caminho contrário à vontade de Deus, e ainda que muitas vezes esse caminho pareça prazeroso, este sempre será um caminho de morte.

Já a voz do Eu é uma voz muito sutil, que por vezes parece se confundir com a voz de Deus, pois ela luta ardentemente para que trilhemos um caminho que nos conduza à “Felicidade”, mas essa felicidade é vista pelos olhos do Ego, essa voz é a voz do nosso próprio coração, querendo fazer aquilo que nos agrada, aquilo que massageia nosso ego e nos traz satisfação pessoal. Mas a Bíblia é clara quando diz que O Coração do Homem é

Enganoso. Aquilo que ao nosso coração parece bom e correto, aos olhos de Deus pode não ser exatamente assim, é um perigo muito grande ouvir a voz do Eu, ela pode nos distanciar e muito da vontade de Deus. Qual é o propósito da Oração?

Se Deus conhece o nosso coração e sabe o que precisamos, porque precisamos orar? Que fim pessoal tem a oração ou ainda que fim possa ter a oração pública e a intercessão que fazemos por alguém? A verdade é que Deus em si, não precisa que oremos, a oração não tem a finalidade de satisfazer uma necessidade de Deus, como se ele não sobrevivesse sem receber uma oração, nós é que precisamos orar, a necessidade é nossa.

Oramos para ter comunhão com ele, oramos para participarmos de sua intimidade, oramos porque somos dependentes de Deus, oramos para permanecermos sensíveis à sua voz e a sua vontade para nossas vidas.

Apesar de Deus conhecer nossas necessidades e saber o que de fato precisamos, há uma necessidade de que nós oremos, para nos comunicarmos com ele, além disso, nós não temos dele o conhecimento que ele tem de nós, portanto é necessário que nós o consultemos a respeito de muitas coisas, sabendo disso, Deus nos incentiva a orar e a expor nossos sentimentos e necessidades, mesmo que ele saiba quais são.

Sem que haja uma palavra em nossa língua, Deus tudo conhece (Salmo139.4), mas nossa oração abre portas que só uma oração sincera pode abrir. Se o cego de Jericó não tivesse clamado, teria continuado cego. Nossa oração não muda a opinião de Deus a respeito das coisas, mas ela possibilita que ele faça aquilo que ele predeterminou fazer.

Nossas intercessões podem ajudar e muito outras pessoas, pois a oração do justo pode muito em seus efeitos (Tiago 5.16). Muitas vezes quando não recebemos aquilo que pedimos, nem sempre significa que Deus simplesmente não queira dar, ou que ele não tenha ouvido a nossa oração, o fato é que algumas orações não são atendidas porque não expressão a vontade de Deus, mas, sim, o mais puro egoísmo humano.

Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.

Tiago 4.3

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Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque aquele que pede recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre.

E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso

Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? Mateus 7.7-11

Quando oramos entramos em sintonia com o Espírito de Deus, e desfrutamos mais efetivamente da presença de Deus, não que ela não se manifeste em outros momentos, mas, o momento de oração é fruto de uma busca e manutenção de um relacionamento mais íntimo com Deus. A oração não é um ritual, nem tão pouco o cumprimento de um dogma que precisa ser observado e repetido para satisfazer um sentimento de religiosidade. A oração antes de tudo é um prazer, uma oportunidade de desfrutar da companhia de Deus. Russel Shedd, disse: Como crianças gostam de brincar e jovens de jogar bola, Crentes gostam de

orar.

Antes de tudo a oração precisa ser um prazer para o Cristão, se quando oramos pensássemos que quando o véu do templo se rasgou na morte de Jesus, isso aconteceu para que nós pudéssemos entender que agora temos acesso total ao lugar Santíssimo, sem nenhum impedimento, e que esse privilegio não foi dado a muitos dos homens notáveis do Antigo Testamento, teríamos maior alegria em orar.

Há Cristãos que tem a oração como um fardo do qual não podem se livrar e que carregam tal fardo como se fosse uma obrigação ou uma coisa da qual não podem se livrar, pois se pudessem o fariam. O Cristão que não tem prazer na oração dificilmente terá prazer na palavra de Deus na intimidade com ele e assim por diante. Algumas pessoas oram, mas seu interesse não está nem na comunicação com Deus, e nem tão pouco em expor-lhe suas necessidades, muitas vezes a oração é fruto de uma vontade própria e egoísta de se auto promover diante de outras pessoas. São orações cheias de frases e palavras eloquentes, linguajar formal e rebuscado, acrescido de uma entonação de voz marcante e impressionante. Não que estas coisas em si sejam erradas, mas o caso é que em algumas situações a oração se resume a estas coisas. Jesus conviveu com indivíduos que procediam dessa forma, e sobre eles, disse o seguinte:

Quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena recompensa. Mateus 6.5

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Jesus afirma que a recompensa de tais indivíduos já lhes foi concedido, pois seu objetivo inconsciente ou conscientemente era comunicar-se com aqueles que os ouvem e não com Deus, sua motivação era receber a vangloria, uma vez que toda gloria que não seja dada a Deus é van. Por isso precisamos sempre avaliar nossas motivações até mesmo quando oramos, para termos certeza de que nosso objetivo é uma comunicação sincera e direta com Deus. Essa comunicação não depende das frases bem elaboradas que utilizamos, mas da sinceridade e verdade que há em nosso coração. A humildade é uma virtude essencial na oração, o pecador diante de Deus deve ter a consciência de que não há nele mérito algum que o habilite se quer a dirigir-se a Deus, o homem precisa entender que o simples fato de poder falar com Deus já é grandioso demais e isso é fruto pura e simplesmente da graça de Deus.

17“A oração particular é o teste de nossa sinceridade, o indicador de nossa espiritualidade, o principal meio de crescimento na graça. A oração particular é a única coisa, acima de todas as demais, que Satanás busca impedir, pois ele bem sabe que se ele puder ser bem sucedido neste ponto, o Cristão falhará em todos os outros.” Isaias quando se viu diante da gloria de Deus só conseguiu dizer:

Então, disse eu: ai de mim, que vou perecendo! Porque eu sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o SENHOR dos Exércitos! Isaias 6.5

A oração é também um meio de edificarmos e servirmos uns aos outros, levando a esperança aos que estão tristes, aflitos, em desalento em conflitos e em provações.

Na angústia invoquei ao Senhor, e clamei ao meu Deus; desde o seu templo ouviu a minha voz, aos seus ouvidos chegou o meu clamor perante a sua face. Salmos 18.6

A Bíblia nos incentiva a orar “em todo o tempo” (Ef 6.18, 1 Ts 5.17), devemos orar e levar nossos sentimentos e necessidades a Deus, mas para isso não precisamos estar desligados de outros afazeres que envolvem nossa vida diária. Não é necessário passar o dia todo de joelhos ou fazendo petições, a oração deve se tornar uma atitude natural, prática e constante, pois ela é parte de uma comunhão permanente com Deus, que se estende a toda a nossa maneira de viver.

17 PINK, Arthur Walkington. Oração Particular

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A Oração deve nos conduzir a submissão de nossa vontade a vontade de Deus. Jesus disse na oração modelo:

“Santificado seja o teu nome, venha a nós o teu Reino”.

Jesus está querendo dizer: estabeleça aqui entre nós o teu Reino, a sua vontade, o seu querer e não o nosso. Quantos fazem esta oração e não atentam para isso, querem na verdade estabelecer suas regras, seus desejos, suas vontades, suas reclamações e reivindicações. Estabelecer o Reino de Deus quer dizer, deixar que ele dirija as nossas vidas, deixar que seu Espírito esteja no controle de todas as coisas, Jesus ainda Diz:

“Seja feita a sua vontade assim na terra como no Céu”.

Atentemos para a importância dessa frase, pois, no céu a vontade de Deus é plena, e o desejo de Jesus é que na terra fosse da mesma forma, mas quantos estão dispostos a abandonar sua vontade para que Deus reine em suas vidas de forma absoluta? Quantos estão dispostos a destronar seu ego para entronizar o Espírito Santo, pelo qual, o Cristão, com toda a humildade, não buscando a satisfação de seus anseios egoístas, mas a boa perfeita e agradável vontade de Deus. Quando oramos com humildade e submissão a Deus, ele nos responde, e opera em nossas vidas de maneira que, aquilo que pedimos seja feito e o nome dele seja glorificado, fazendo não aquilo que pensávamos ser o melhor para nós, mas aquilo que de fato ele entende como o melhor dele para nós e para o louvor de sua própria glória.

Jesus Disse que tudo o que pedirmos ao pai em seu nome, crendo, ele faria. O que isso quer dizer efetivamente? Quer dizer que basta dizer; quero isso ou aquilo em nome de Jesus, e então Deus irá fazer, porque dissemos “Em nome de Jesus”?

Certamente que não é bem assim, o que na verdade Jesus quer dizer com esta expressão é que, toda a oração que fizermos em que o nosso desejo, pedido, suplica ou intercessão forem movidos em nosso coração pela intima vontade de que a vontade de Deus seja feita, a fim de abençoar não só a nós mas a todos quanto estão a nossa volta, essa oração representa a vontade de Deus, e sendo assim ele certamente a respondera.

Mas como saber se algo que eu estou pedindo se encaixa com a vontade de Deus?

Já me fizeram esta pergunta algumas vezes, e sinceramente não tenho uma resposta definitiva para ela, mas o que sempre digo é que existem algumas indicações que nos orientam de certa forma para sabermos se o que estamos pedindo corresponde à vontade de Deus ou não, para isso, creio que devemos nos fazer três perguntas básicas:

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1ª O que estou pedindo a Deus fere de alguma forma algum princípio ético moral ou espiritual expresso claramente em sua palavra?

Ou seja, o que eu quero vai ferir de alguma forma os princípios ou mandamentos de Deus? Se a resposta é sim, não precisa nem mesmo fazer as perguntas seguintes, pois o que você quer fere a vontade de Deus, e se fere a vontade ou princípios de Deus obviamente ele não fará.

2 ª O que estou pedindo representa alguma necessidade real que possuo ou é fruto apenas de uma vontade de ter?

Muitas vezes queremos e buscamos coisas que na verdade não precisamos, em detrimento de reais necessidades que possuímos. Certamente não é a vontade de Deus que lutemos simplesmente pelo ter. Jesus deixou claro que devemos buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua Justiça, isso quer dizer que Deus está preocupado em fazer aquilo que é Justo, aquilo que realmente precisa ser feito.

O Reino de Deus e sua justiça tão somente é a busca pelo bem estar, não somente meu, mas também e principalmente, do meu próximo. O reino de Deus se evidencia pelas pessoas que o compõem, sendo assim elas precisam fazer diferença no meio em que vivem sendo instrumento de bênçãos na vida umas das outras. Alguém que está interessado somente em si mesmo e naquilo que pode possuir certamente não reflete a vontade de Deus. Querer ter só pelo prazer de ter, é amar as coisas em detrimento das pessoas, nossa prioridade é amar a Deus, amar as pessoas e usufruir das coisas, desde que estas coisas façam parte de nossas reais necessidades. Ele deseja suprir nossas necessidades, não nossos caprichos.

Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. Isaías 55.2

3ª O que eu quero irá abençoar somente a mim, ou também a outros que estejam à minha volta?

Deus é glorificado quando alguém que foi abençoado por ele se torna benção na vida daqueles que o rodeiam, por isso a ele é dada toda honra e gloria. Se alguém deseja ser abençoado pura e simplesmente para reter para si a benção, essa não é a vontade de Deus.

Responder sinceramente a estas perguntas nos ajudara a descobrir se

nossa oração traduz verdadeiramente a vontade dele ou simplesmente a nossa. Obviamente que isso não é tudo, apenas responder estas perguntas não é suficiente, mas é um bom e necessário caminho.

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Precisamos permitir que Deus nos revele de forma particular a sua vontade a cada dia, e isso só pode acontecer quando cultivamos uma vida de oração. Certa vez encontrei um texto, do qual desconheço a autoria, que me levou a fazer uma profunda meditação a respeito da oração, tomei a liberdade de fazer algumas adaptações e o resultado foi o seguinte:

Meditações sobre a Oração do Pai Nosso Não Posso Dizer: Pai nosso, Se não tenho uma relação diária com ele e não o

reconheço como Senhor da minha vida, e se não tenho uma comunhão sadia com meus irmãos.

Não Posso dizer: Que estas nos Céus, Se vivo ocupado demais com as coisas da terra e não dou importância ás coisas do Céu.

Não Posso dizer: Santificado seja o teu nome, Se não o glorifico em meu modo de viver com meus pensamentos, atitudes e ações e se na minha vida a sua gloria não pode ser vista, pois não me importo com a minha Santidade.

Não posso Dizer: Venha o teu Reino, Se esse reino não é minha prioridade e minha preocupação, porque estou mais interessado nas coisas que o mundo tem a me oferecer.

Não posso dizer: Seja feita a tua vontade assim na terra como no Céu, Se não me importo com essa vontade, mas busco fazer apenas aquilo que agrada ao meu ego, e não estou disposto a trabalhar para o crescimento desse reino.

Não posso dizer: O pão de cada dia dá-nos hoje, Se estou demasiadamente preocupado com o dia de amanhã e não confio na sua providência.

Não posso dizer: Perdoa os nossos pecados como perdoamos os nossos

devedores, Se guardo rancor em meu coração, e alimento em mim sentimentos negativos sobre meus Irmãos, e meu coração não está disposto a perdoar de verdade.

Não posso Dizer: Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do Mal. Se procuro com minhas próprias mãos oportunidades para pecar, e não estou pronto nem disposto a combater a minha carne e a dar oportunidade ao Espírito Santo em minha vida.

Não posso dizer: Porque teu é o Reino o Poder e a Gloria, se busco a minha própria gloria.

Não posso dizer: Amem, Se não sou sincero em minha oração, e não reconheço, não aceito e não me submeto a correção, e não quero do fundo do meu coração que a sua vontade se cumpra.

Quando oramos precisamos pensar no que querem de fato dizer as palavras que saem da nossa boca, para que não nos achemos fazendo as orações de tolos, que Jesus tanto combateu, orações essas que não chegam a Deus, pois ele não se importa só com as palavras mas com a intenção por traz de cada uma delas.

Talvez você já tenha ouvido dizer que quando Deus responde uma oração ele geralmente dá 3 tipos de resposta: Sim, Não ou Espere. Apesar de achar isso um tanto quanto superficial, considerando que muitas vezes temos perguntas que vão exigir que Deus nos dê repostas mais complexas do que Sim ou Não, Mas quero colocar aqui uma situação que já experimentei e que certamente a maioria de nós já viveu ou vai viver que é:

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E quando Deus não responde?

Concordo com ideia de que Deus pode usar vários meios para nos responder, ele pode usar uma pessoa, seja ela um Cristão ou não, ele pode usar uma música, a TV, o Rádio, a Bíblia em fim. O fato mais importante é que temos que estar atentos para ouvir a Deus, porque muitas vezes você pode estar achando que Deus não está respondendo, mas a verdade é que você é quem não está ouvindo. Deus falar não é um milagre, o milagre é o homem ouvir. Mas podem haver momentos em que Deus realmente, pode não estar nos respondendo de forma efetiva em nossas orações. Por quê?

Quando isso acontece, é porque provavelmente existem impedimentos, não da parte de Deus, mas de nossa parte.

Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça. Isaías 59.2

Que impedimentos seriam estes? Desobediência Expressa: Você está deliberadamente desobedecendo a

vontade de Deus. Ou seja, você sabe o que ele quer, como ele quer, mas você insiste em desobedecer. Se esse for o caso, não adianta orar pedindo uma resposta, pois ele não dará, ele já disse o que queria, mas você ignorou.

Teimosia: Você está sendo teimoso em insistir em algo que Deus já deu uma resposta definitiva, mas muito provavelmente você não concordou com esta resposta, então você insiste em orar esperando que ele mude de opinião, mas isso não vai acontecer.

Desespero: Algumas vezes por um momento de desespero falamos e pedimos coisas absurdas a Deus, em alguns desses momentos Deus pode não responder a sua oração, ele primeiramente vai tratar você, acalmar seu coração curar suas dores, para depois então responder sua oração.

O silencio de Deus geralmente significa que ele está tratando algo conosco, nesse caso é necessário que nos dediquemos ainda mais a oração no sentido de buscar um entendimento do que ele esteja querendo tratar conosco. Como já disse, a oração é uma via de mão dupla, sendo assim precisamos aprender que muitas vezes precisamos nos manter calados e permitir que Deus fale, calar-se para ouvir a Deus também é orar.

Mas Lembremo-nos de Jó, um homem temente a Deus que mantinha

relacionamento com o Senhor, mas Deus permitiu que coisas muito ruins acontecessem em sua vida, e Jó orou e clamou, não vemos Deus em momento algum dando explicações a Jó sobre as coisas que lhe haviam acontecido, não veremos Deus se apressando em responder ao clamor de Jó, quando este vê toda sua vida desmoronar sem nenhuma explicação aparente, pelo contrário, a resposta de Deus ao clamor de Jó é o silencio, e a única palavra Jó ouviu de Deus foi.

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Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me ensinarás. Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-me saber, se tens inteligência.

Jó 38.3-4

Deus não responde a nenhuma das perguntas de Jó, (Jó 10.1-6) não era a intenção nem a preocupação de Deus responder a Jó ou dar-lhe alguma explicação sobre o que lhe acontecera, ao contrário, Deus se detém uma única vez diante de Jó para evidenciar sua ignorância quanto ás coisas físicas as quais Jó não tinha nenhum conhecimento nem explicação para oferecer a Deus, de mesmo modo como Jó poderia pleitear de Deus explicações acerca das coisas Espirituais?

O que aprendemos com a experiência de Jó é que algumas vezes, mesmo que mantenhamos uma vida devocional fervorosa com Deus, ainda que nos mantenhamos fieis a ele em todos os sentidos, ainda assim haverá situações em que nem mesmo nossa oração mais intima e sincera poderá encontrar em Deus explicações ou respostas imediatas ás nossas indagações, nesses casos nossa única opção é nos submeter a vontade e autoridade de Deus e descansar em seu cuidado, lembrando-nos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.

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CAPITULO 5

Relacionamento através do Serviço

Muitas são as pessoas que estão próximas de Jesus, mas não estão com Jesus, elas ouvem as suas palavras, mas não as praticam, estão vivendo vidas religiosas, mas não são verdadeiros Servos do Senhor.

Muitas pessoas estão vendo as obras de Jesus, mas não conhecem realmente a Jesus, presenciam seus milagres, mas não conhecem nem compreendem o poder de Deus, estes acabam se tornando apenas expectadores e coadjuvantes do Evangelho, ouvintes da palavra e não praticantes dela.

Certa vez quando ainda era recém convertido, uma irmã muito querida disse em um estudo que realizávamos na escola dominical que não era correto usar os termos “crente” ou “evangélico” para referir-se ao Cristão, isso porque estes termos não definem de forma correta o que de fato somos, o termo correto deveria ser sempre Cristão.

Guardadas as devidas proporções, creio que precisamos de fato definir melhor quem são os servos de Cristo, obviamente não só pela nomenclatura que utilizamos, mas pelo verdadeiro caráter Cristão que possuímos. A nomenclatura nos ajuda muito quando paramos para pensar no assunto. Os Discípulos de Jesus foram chamados de Cristãos pela primeira vez em Antioquia (Atos 11.26.) este título fazia menção a um grupo de pessoas que vivam suas vidas segundo os ensinamentos de Jesus Cristo, estes homens e mulheres eram os Discípulos de Jesus Cristo.

A palavra Discípulo tem enorme significado para nós, uma vez que ela indica profundo relacionamento entre Mestre e aprendiz. Jesus disse:

“Porque me Chamais Senhor, e não fazeis o que vos mando?” Lucas 6.46

Ser Cristão e não obedecer totalmente à vontade de Deus é impossível, necessariamente, faz parte do modo de vida do Cristão, parecer-se ou esforçar-se para se parecer ao Máximo com o seu Mestre. Enquanto que para o crente, é suficiente apenas crer, pois o crente não necessariamente vive em função daquilo em que crê. O termo “evangélico” para muitas pessoas tomou uma proporção em que se refere muito mais a uma tribo de pessoas que frequentam uma denominação protestante e que assume este título como quem entra para um clube, obviamente não podemos generalizar, mas um grande número de pessoas vivem o evangelho dessa forma, as pesquisas demonstram que mais de 40% das pessoas que ao mesmo tempo se declara evangélica no Brasil também declaram não estar congregando em nenhuma Igreja.

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Alguns que antigamente eram Católicos Romanos agora se tornaram Evangélicos não praticantes, o problema é que não dá para ser um Discípulo que não pratica os ensinamentos do seu Mestre. O Discípulo de Jesus Cristo é reconhecido principalmente por seu modo de vida, que tem como padrão espiritual, moral e ético, o modo de vida de seu Mestre, ele batalha ardentemente para isso e o seu compromisso em primeiro lugar é com a vontade do Mestre, sua principal preocupação é andar segundo a vontade de seu Mestre.

Seguir significa: Caminhar após, perseguir, acompanhar ou tomar por modelo. E é isso exatamente o que Deus quer que façamos se quisermos ser chamados de discípulos de Jesus Cristo.

A palavra que define o servo de Deus é Compromisso, mas compromisso com Deus vai muito além de simplesmente ir à Igreja, fazer parte de um grupo ou de uma comunidade sob qualquer título ou denominação religiosa. Muitas Pessoas queriam seguir a Jesus, muitos queriam ser seus discípulos e multidões o acompanhavam por onde ele passava. Alguns querendo cura, outros querendo bênçãos, outros atrás de palavras de consolo e etc. Mas a verdade é que nem todos queriam realmente seguir e servir a Jesus, nem todos estavam dispostos a assumir um compromisso com ele e se tornarem seus Discípulos. Jesus Disse:

Se alguém quiser vir após mim, Negue se a si mesmo tome a cada dia a sua cruz e siga-

me!

Ele Deixa claro que há uma escolha a ser feita e é essa escolha que

define quem de fato somos, é essa escolha que define nosso grau de comprometimento com Deus e essa escolha envolve uma série de coisas que precisamos observar em nossa vida, e duas das mais importantes delas são:

Mordomia: Boa administração dos seus dons, talentos, bens tempo e

etc. aplicando-os a serviço de Deus. Fidelidade: Cumprir com rigor à vontade e os mandamentos

estabelecidos por Deus em sua palavra, como atitude de Amor a ele e Amor ao Próximo.

Os Mandamentos têm a ver com Amor mais do que qualquer outra

coisa, eles refletem a vontade de Deus em que o homem observe uma forma de viver que não agrida a Santidade de Deus e não agrida o bem estar do seu próximo. Fidelidade a Deus é o mesmo que Amor e Compaixão pelo pobre a viúva e órfão. Sendo assim, servir a Deus como Discípulo tem de estar ligado a servir a Igreja e servir como Igreja, uma vez que entendemos que a Igreja são as pessoas e não a denominação ou o templo.

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Após a Multiplicação dos Pães, Jesus atravessa o mar da Galileia e vai para a outra margem, a multidão que havia presenciado e participado da multiplicação volta no dia seguinte para procurá-lo e não o encontram, entram então nos barcos que ali estavam e vão ao encontro de Jesus, mas o que aquelas pessoas estavam Buscando?

Será que aquelas pessoas queriam encontrar-se com Jesus, será que queriam de fato ter um encontro pessoal com o Cristo, por aquilo que ele era e por aquilo que pregava, ou será que elas queriam apenas Pão?

Quando as Pessoas chegam à outra margem e veem Jesus, elas se alegram e o chamam de mestre, mas vejamos qual é a resposta de Jesus.

Vocês não me buscam por outro motivo a não ser, porque querem comer Pão João 6.22-37

Quantas pessoas há na Igreja hoje nesta mesma situação? Querem apenas Pão, e não se deram conta de que tem uma necessidade muito mais básica do que pão com a qual não tem se preocupado. Aquelas pessoas o viram, olharam nos olhos dele, presenciaram o milagre com seus próprios olhos, comeram do pão, mas ainda assim muitos deles não se tornaram Discípulos e Servos de Jesus, isso porque não era Jesus o que elas procuravam, mas o que ele tinha para oferecer.

Só é possível servir a Deus, ou seja, viver com ele e para ele, se de fato experimentamos uma comunhão e um relacionamento íntimo com ele. Alguém que ainda não teve uma experiência de relacionamento pessoal com Deus sem dúvida alguma terá imensa dificuldade de entregar a ele o controle de sua vida, isso significa que para o Cristão, não faz nenhum sentido viver uma vida onde Deus não seja o centro.

Desde Adão Deus sempre deixou claro que relacionar-se com ele é sinônimo de serviço, mesmo antes de pecar Adão tinha uma missão, um serviço. Cuidar do Jardim do Éden dar nomes aos animais, lavrar a terra e entre outras coisas, não comer da arvore que Deus mandou que não comesse e cuidar para que outros não comessem. Esta era a missão ou o serviço que Adão prestava diante do Senhor, missão na qual ele falhou.

Semelhantemente á seu Pai, Caim também falhou em servir a Deus, quando ao apresentar a ele uma oferta ofereceu uma oferta que não cheirou bem ás narinas de Deus, e é muito importante entendermos o porquê, ou seja, que motivo levou Deus a atentar para a oferta de Abel e não para a oferta de Caim.

Muitas são as argumentações a respeito do porque Deus não aceitou a oferta de Caim, alguns dizem que Deus simplesmente rejeitou a oferta de Caim sem nenhum motivo especifico, há os que dizem que o coração de Caim era perverso e já prevendo sua maldade Deus não se agradou de sua oferta, há também aqueles que argumentam que o problema está no que foi ofertado, isso porque Abel apresentou um cordeiro que já prefigurava Jesus,

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então por isso Deus se agradou mais dessa oferta, já que Caim ofereceu do fruto da terra que estava amaldiçoada pelo pecado de Adão, por isso Deus não se agradou muito da oferta dele.

Certamente houve um motivo para que Deus atentasse mais para a oferta de Abel do que para a oferta de Caim, mas que motivo foi esse? Será que o fato do cordeiro prefigurar o sacrifício de Jesus foi suficiente para tal atitude da parte de Deus, já que até então, Deus não havia dado nenhum mandamento ou orientação a esse respeito? Vejamos o que o próprio texto nos diz.

E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.

E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta.

Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. Gên 4.3-5

Observe bem, “Caim trouxe uma oferta do Fruto da Terra” O que isso quer Dizer? Isso quer Dizer que Caim simplesmente colheu um fruto e ofereceu este fruto a Deus. É como se você estivesse no quintal de alguém e colhesse um fruto de uma arvore que já pertence a este alguém e desse de presente a ele este fruto.

Caim ofereceu a Deus àquilo que já provinha de Deus, não houve nenhuma dedicação, não houve nenhuma entrega, Caim não teve de se dedicar ou se esforçar para dar a Deus aquele fruto, isso denota displicência e negligencia de sua parte, mas ainda assim o texto não diz que Deus rejeitou tal oferta, Deus apenas atentou de forma especial para a oferta de Abel, mas porquê?

E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura

Abel era pastor de ovelhas, sendo assim tinha um rebanho, rebanho

esse á que ele se dedicava, cuidava, alimentava protegia e etc. deste rebanho Abel separou um dentre os primogênitos, um dos melhores e mais bem cuidados pelo qual certamente nutria afeto, e então o sacrificou retirou de sua carne, de sua gordura e o ofereceu a Deus.

Abel teve trabalho para tudo isso, ele abriu mão do melhor que possuía e ofertou ao Senhor, ele poderia ter cassado outro animal e oferecido a Deus, mas ao contrário, ele retirou daquilo que de fato lhe custava algo, esta é a diferença entre a oferta de Caim e de Abel, Dedicação.

Deus atentou mais para a oferta de Abel porque ele não apenas

entregou uma oferta, ele entregou seu coração, Deus não se agrada do sacrifício em si, o que toca o coração de Deus e faz com que ele atente para nossa oferta é à disposição do nosso coração porque servir a Deus é ter um coração disposto.

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Quando Eliseu foi comissionado por Elias ele sacrificou aquilo que até então, podemos dizer, era o centro da sua vida, ou seja, a junta de bois. Se pensarmos em outro personagem Bíblico podemos citar Abrão, que sacrificou seu relacionamento com a Família e seu povo, ao abandonar sua terra para ir onde Deus lhe mandou, sem contar na disposição para sacrificar seu único filho quando Deus assim o pediu.

A questão aqui é que não só para esses homens, mas para qualquer Cristão, para tornar-se servo de Deus é preciso estar disposto a pagar um preço. Um preço de Obediência pura e irrestrita, colocando em primeiro lugar e acima de tudo, a vontade de Deus, e qual é a vontade de Deus?

Em via de regra a vontade de Deus pura e simples, é que sejamos benção na vida das pessoas que nos cercam, e que sejamos instrumentos dele para abençoar.

Porque não nós pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus.

Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.

Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. 2Corintios 4.5-7

Paulo apresenta nesse texto o evangelho que ele e os demais

discípulos pregavam, ele se mostra comprometido com a exposição da verdade, da mensagem do evangelho que Cristo pregou e ensinou aos seus Discípulos. No verso 5 Paulo diz: “Não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo o Senhor, e a nós como escravos de vocês por amor de Jesus”.

Penso que há nesse verso duas verdades fundamentais que precisamos saber e aceitar para que possamos entender e viver como verdadeiros servos deCristo.

A 1ª é que Jesus Cristo é o Senhor. A palavra aqui é Kyrios e significa “aquele que é dono de tudo”, entender Jesus como sendo o nosso Senhor ou dono de tudo que somos e temos é fundamental para entendermos nossa função como Servos de Deus, pois isso vai nos ensinar que é ele quem tem o poder sobre nós e que é ele quem decide, ao contrário do que se ouve em muitas mensagens nos dias de hoje.

A 2ª verdade é que somos escravos, ou seja, obedecer a Deus não é uma opção, mas uma obrigação que está embutida naquilo que somos. Escravos não tem vontade própria, escravos não determinam e não dão ordens ao seu Senhor, Escravos não exigem ou escolhem o que o seu Senhor ira ou não fazer em suas vidas. Somente se entendemos isso podemos de fato dizer que somos servos do Senhor.

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Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus. 1Corintios 6.20

Por serem fieis a essa verdade, Paulo e os demais discípulos foram

pressionados, perseguidos e martirizados, isso porque o evangelho nos leva a um estilo de vida em que se deseja fazer a vontade de Deus, este estilo de vida incomoda a sociedade, porque enquanto ela exclui e ignora o leproso o evangelho ama e abraça, enquanto a sociedade toma em suas mãos as pedras para atirar na mulher adultera o evangelho ama e perdoa, enquanto na sociedade cada um se preocupa com aquilo que é seu, o evangelho dedica seu tempo, seus bens e recursos para abençoar a vida de outros.

Deus é o criador e dono de todas as coisas, ele é o verdadeiro Senhor de tudo e de todos. Essa é a primeira coisa que todo cristão precisa ter em mente quando se trata de servir a Deus. A relação do cristão com as coisas deve ser uma relação de mordomia, ou seja, devemos ser Mordomos de Deus, pois ele nos confiou todas as coisas para que administrássemos com responsabilidade e zelo a fim de abençoarmos a nós, nossa família e nossos semelhantes.

Mordomo é a tradução da palavra grega “Ecônomo” que significa, aquele que é responsável pela administração da casa. Ele não é o dono, ele é o responsável por tudo, mas sabe que todas as coisas são do seu Senhor por isso as administra de forma que a vontade do seu Senhor seja feita.

Porque quem sou eu, e quem é o meu povo, para que pudéssemos oferecer

voluntariamente coisas semelhantes? Porque tudo vem de ti, e do que é teu to damos. I Crônicas 29.14

Este verso revela a consciência de Davi quanto à questão de que, aquilo que ele e o povo levavam como oferta a Deus não vinha de suas próprias mãos, antes tudo aquilo foi dado pelo próprio Deus, e o que eles faziam era tão somente devolver aquilo que já era dele, e que tão graciosamente ele concedeu como benção a cada um. (Consciência essa que não foi achada em Caim) Servir a Deus é servir ao próximo, amar a Deus deve ser igualmente proporcional a amar o próximo, é impossível servir a Deus sem ser benção na vida daqueles que nos rodeiam.

É impossível também falar em relacionamento com Deus pelo serviço sem se falar em Igreja, pois Jesus instituiu a Igreja como a agencia do seu Reino aqui na terra, e o seu propósito e missão é fazer discípulos. Mas para que isso aconteça, existe um “ciclo virtuoso” que Deus planejou para que nós os Cristãos pudéssemos cumprir a missão da Igreja. Há na própria fala de Jesus um ciclo claro no qual a Igreja deve trabalhar para que o propósito de Deus se cumpra.

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Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém. Mateus 28.19-20

Há uma ordem natural a ser observada na vida de cada Cristão, Jesus Disse que Devemos Ir e Pregar o evangelho. Em sendo aceito esse evangelho, o indivíduo precisa ser Ensinado e Discipulado de tal forma que possa dar continuidade ao ciclo, indo agora ele ao encontro de novos Discípulos que por ele serão mentoriados.

Não há nenhuma novidade nisso, todos sabemos que é assim que deve se dar a missão da Igreja, mas a verdade é que cada vez menos isso tem ocorrido na sociedade Cristã moderna, é muito mais comum e corriqueiro, encontrarmos pessoas convertidas á muito tempo mas que não foram batizadas, e nunca foram ensinados a respeito do que seja ser Discípulo.

Há um crescente parto prematuro de líderes em muitas Igrejas hoje, isso porque indivíduos sem nenhum preparo assumem ministérios que fatalmente fracassam, não por falta de dons ou talento, mas por falta de Discipulado. Este é o problema de muitas Igrejas hoje, isso porque a preocupação muitas vezes gira em torno de evangelizar, mas esse trabalho infelizmente pode tornar-se inútil se não for seguido de um bom Discipulado Cristão. Uma pessoa que recebeu conheceu a Jesus como salvador mas não como Senhor vai ter problemas para se tornar um Discípulo, pois se Jesus não é o seu Senhor, se não é ele quem governa nossa vida, se ainda queremos viver nossa própria vida e não a vida de Deus então, não estamos aptos a lançar mão do arado.

É função da Igreja capacitar e municiar cada Cristão, para que possa exercer seus ministérios com qualidade responsabilidade e excelência. Você já deve ter ouvido a seguinte frase: “Deus não chama os capacitados, ele capacita os chamados “.

Pergunto; Porque Jesus preparou seus discípulos durante 3 anos antes de enviá-los? Porque Moises viveu 40 anos no deserto antes de Deus colocá-lo

na direção do Povo? Porque Deus Trabalhou o Caráter de José no Egito durante anos antes de cumprir o propósito que tinha para sua vida? Porque

Jesus Jejuou 40 dias e 40 noites no deserto antes de iniciar seu Ministério? Para todas estas perguntas há uma única resposta: PREPARO.

O que tem acontecido hoje é que guiados por esta frase que nem Bíblica é, muitas pessoas estão assumindo ministérios e funções na Igreja sem nenhum tipo de preparo, achando que Deus ira encher suas mentes de conhecimento e suas vidas de unção sem que elas precisem fazer nenhum tipo de esforço para isso.

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Isso se chama irresponsabilidade e negligencia com a obra de Deus, e a Bíblia diz:

Maldito aquele que fizer a obra do Senhor, relaxadamente, Jeremias 48.10

Com certeza é Deus quem capacita através do Espírito Santo ás pessoas a quem ele chama, nãos estamos dizendo que não seja assim, mas o fato é que quando Deus chama alguém para alguma coisa ele dá sim dons e talentos para que a obra seja realizada, mas esse alguém precisa aperfeiçoar esses dons e talentos com dedicação estudo e preparo. Não são só os Pastores que precisam de Capacitação em seus Ministérios, mas todos os Cristãos chamados por Deus para trabalharem em alguma área na Igreja.

Deus dá as ferramentas, mas nós precisamos nos aperfeiçoar e nos desenvolvermos, no que diz respeito ao uso dessas ferramentas. Ao contrário do que muitos pensam, Deus não está satisfeito com aqueles que fazem as coisas de qualquer jeito, já ouvi alguém dizer; “Vamos fazer assim

mesmo, é pra Deus, ele não importa se está bom ou não, ele vê o nosso

coração”. De fato, Deus vê o coração, e nesse tipo de coração ele vê,

irresponsabilidade, falta de zelo, preguiça, dentre outras coisas. Deus se importa sim, pois a obra é dele, e ele quer sim o melhor, pois ele nos dá o melhor, ele deseja ver pessoas preparadas e aptas para que seu nome seja glorificado, ele sabe o quanto podemos ser melhores, pois foi ele quem nos criou, nos chamou e nos capacita, ele quer o nosso melhor, por isso procure sempre apresentar a Deus o seu melhor.

Se Discípulo é aquele que segue os passos do seu mestre, de quem serão os passos que alguns Cristãos estão seguindo, quando não se importam nem um pouco em ensinar aos novos convertidos a conhecer e a guardar a palavra de Deus?

O Discipulado é o processo pelo qual Deus produz vida em nós para que possamos reproduzi-la no próximo, o Cristão é chamado a ser Corpo de Cristo, isto significa que ele deve estar ligado a Cristo, afim de que aquilo que ele recebe de Deus seja compartilhado ao restante do corpo na medida em que o Cristão cresce e se desenvolve.

O aperfeiçoamento dos Santos através do discipulado capacita-os a serem enviados sob a unção do Espírito Santo para cumprir a missão de fazer novos discípulos. O relacionamento de Jesus com seus 12 Discípulos foi pautado no ensino, eles caminharam juntos dia e noite por três anos, Comiam juntos, viajavam juntos e oravam juntos, os discípulos escutavam atentamente cada ensinamento de Jesus, aprendiam e meditavam em seus sermões e buscavam o entendimento em cada uma de suas parábolas, além disso, eles observaram e viram Jesus viver cada palavra daquilo que ensinava.

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O estilo de vida do mestre tornou-se o estilo de vida dos seus Discípulos e isso vem sendo passado adiante até os dias de hoje, isso é discipulado cristão, isso é servir a Deus.

Para que surja uma arvore frutífera é necessário que uma semente morra, este é o princípio da vida Cristã que Jesus Cristo tão veementemente pregou e viveu. Isso significa que cada Cristão precisa um dia, depois de ter sido um fruto colhido na arvore frutífera da Igreja, tornar-se uma semente que proporcionara o nascimento de uma nova arvore. O conceito de Igreja precisa ser não só entendido como vivido de forma plena para que cada Cristão entenda que ele é a Igreja e, portanto para que a missão da Igreja seja cumprida, ele precisa cumprir a sua missão.

O mundo de que João 3.16 fala, ou seja, as pessoas, são o principal alvo do amor e da obra de Cristo. A Igreja, portanto deve ser um agente transformador na vida do indivíduo proporcionando a ele um ambiente propicio para o relacionamento crescimento e amadurecimento da vida com Deus. Quando há este amadurecimento da visão e da missão, o indivíduo entende que apesar de livre, se torna escravo, mas agora deixou de ser escravo do Pecado e passou a ser escravo da vontade de Deus, que é boa perfeita e agradável.

Muitos Cristãos têm vivido um evangelho muito mais voltado para suas necessidades pessoais, sociais e financeiras, e vivem uma intensa busca dessas realizações, nesse evangelho, Jesus é um escravo das necessidades humanas, e o homem ao declará-lo como Senhor, passa a ter o direito de pedir, exigir determinar e conquistar tudo que seu coração e alma desejam. Certamente esta visão de evangelho não se enquadra na postura que Deus espera e exige de nós.

Servir a Deus é ter o compromisso de anunciar que o Reino de Deus se fez presente no mundo através de Cristo e que esse Reino se manifesta no mundo através da Igreja, que são pessoas, que por sua vez expressam no seu modo de viver o propósito de Deus.

Penso que esse é o grande desafio da Igreja moderna, uma vez que a sociedade caminha cada vez mais para um modo de vida egoísta e cada vez menos submetido à vontade de Deus.

A salvação é na verdade uma completa restauração do homem como imagem e semelhança de Deus, isso significa uma reconstrução total do homem em todas as dimensões de seu ser, produzindo nele uma fé genuína, que não simplesmente crê, mas caminha na direção daquilo em que crê, rompendo os obstáculos colocados entre as circunstancias que o rodeiam e a comunhão com Deus. O conhecimento de Deus é pessoal, sendo assim ele não se separa dos aspectos pessoais da vida em comunidade, por isso ninguém pode conhecer e relacionar-se com Deus isolado de seu próximo.

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A comunhão do Homem com a sociedade e seus semelhantes está incluída no propósito de Deus. Servir a Deus não consiste em ritos e dogmas religiosos, mas na obediência a sua vontade, vontade essa que ele revela a cada um de seus filhos através do Espírito Santo. Deus tem um propósito e uma missão para a sua Igreja, ou seja, ele tem um propósito e uma missão para cada Cristão. Cada indivíduo precisa entender que Deus tem para ele uma missão particular, que só ele pode desempenhar, essa é a premissa básica no conceito de Santidade.

Um indivíduo só vive a Santidade de forma plena, quando entende e vive os propósitos para os quais Deus o separou. Servir a Deus, no sentido mais amplo da expressão é: Toda e qualquer atitude, gesto ou palavra desempenhado com o propósito de atender ao próximo de alguma forma. Ou seja, Servir a Deus é usar todo e qualquer Don, talento, bem ou recurso à sua disposição para abençoar a vida de outra pessoa.

O papel da Igreja de Jesus Cristo é servir uns aos outros, e isso deve ser feito de uma forma ampla, abrangendo a vida das pessoas como um todo, desde as questões Espirituais até as questões materiais e sentimentais. Jesus fez isso de forma extremamente eficaz em seu ministério, e seu propósito era deixar o exemplo para seus discípulos e assim por diante.

Muitas pessoas pensam que servir a Deus resume-se a ir ao culto, devolver seus dízimos e ofertas, se tornar membro de uma Igreja entre outras atividades que estão acostumadas a desempenhar no templo. Estas coisas fazem parte do que é servir a Deus, mas elas sozinhas não resumem o que seja de fato Serviço Cristão.

Existem muitas outras coisas que precisam ser feitas pela Igreja, (ou seja, por cada Cristão) para poder dizer que serve a Deus de forma efetiva. O Serviço social que muitos pensam ser um adendo ao trabalho da Igreja deve se tornar na verdade o centro deste trabalho, levar Salvação é levar liberdade ao cativo, Cura ao dependente químico, Comida a mesa do pobre, Aconselhamento aos perdidos, Esperança aos desesperados. Estes atos de serviço não são obrigação dos Diáconos e Pastores como alguns Cristãos pensam, mas da Igreja. As atividades que desempenhamos no templo devem ser consequência e continuidade de tudo aquilo que fazemos fora dele. O que fazemos na vida em nossa casa, trabalho, escola e comunidade, isso sim é de fato servir a Deus da forma como ele espera.

Não existe Cristianismo sem misericórdia e compaixão pelo próximo,

pois a responsabilidade social do Cristão e consequentemente da Igreja, começa a partir do momento em que há um relacionamento com Jesus, isso porque seu amor é o parâmetro, é a partir do amor que nos é dispensado que aprendemos a mar, é a partir da misericórdia que nos é oferecida que aprendemos a ser misericordiosos.

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Um Cristão genuíno terá como principal característica o desejo ardente de levar misericórdia, amor, consolo, paz e sustento ás pessoas que estão a sua volta. Jesus é o modelo de Servo, ele serviu a Deus de forma ímpar, pois tinha claro em sua mente qual era o propósito de Deus para sua vida.

O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, A apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. Lucas 4.18-19

Quando sabemos quem somos e o que Deus quer de nós, servir é uma consequência natural, pois sabemos exatamente onde devemos ir, o que devemos e precisamos fazer para cumprir o propósito de Deus em nossa vida. Há uma frase, da qual gosto muito, que diz o seguinte:

“Para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer lugar serve”.

Como servo de Deus, aonde você quer chegar? Quais os propósitos que Deus tem para sua vida?

Se você não consegue responder a essas perguntas de forma convicta, dificilmente conseguira servir a Deus e cumprir sua missão de forma eficaz. Quando Jesus conta a parábola do bom Samaritano mostra exatamente que anunciar o amor de Deus a alguém, passa necessariamente por assistir esse alguém em suas necessidades mais básicas. A ação de Jesus na vida do ser humano não se restringe ao campo espiritual, mas se dá numa esfera muito mais profunda. Jesus curava o corpo, a mente e o Espírito das pessoas com quem se relacionava isso porque Jesus era movido por compaixão. Diferentemente da visão de algumas pessoas que se restringem o evangelho ao templo esperando que as pessoas venham até elas, Jesus se envolve com o ser humano indo aonde ninguém ia, falando com aquele com quem ninguém falava tocando naqueles em quem ninguém mais tocava.

Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Tiago 2.14-16

Deus espera que a igreja, cheia de compaixão amor e solidariedade, saiba repartir com responsabilidade e liberalidade tudo quanto dele tem recebido. Creio que o único motivo pelo qual Deus abençoa um Cristão com fartura de bens materiais é para que isso seja usado para abençoar outros.

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E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos anjos, com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor a parta dos bodes as ovelhas. E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então, os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E, quando te vimos estrangeiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e estando enfermo e na prisão, não me visitastes. Então, eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não te servimos? Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. Mateus 25.31-45

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CAPITULO 6

Relacionamento no ato de Culto O que é o Culto?

Segundo os dicionários populares, o Culto é a forma pela qual se presta homenagem à divindade, adoração e ou veneração.

Para o Cristão o culto é um encontro com Deus, é o momento em que o homem dedica total atenção a Deus, prestando lhe adoração, oferecendo-lhe louvor, prestando-lhe serviço e se comunicando com ele em oração.

O Apostolo Paulo disse que o culto é a apresentação dos nossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, (Rm 12.1). Isso quer dizer que o culto não se restringe a um momento em particular, em um dia especifico, ou a um local especial. O Culto Cristão, que de fato é o relacionamento com Deus, na pratica engloba todas as esferas da vida humana, e a consagração de todo nosso ser a Deus, que é o Senhor, Criador e Sustentador de todas as coisas.

Algumas pessoas equivocadamente pensam que para que haja culto, o indivíduo precisa deslocar-se até o templo e reunir-se a congregação para só então começar seu culto a Deus. A grande verdade é que o Culto nunca acaba!

É verdade que há momentos de culto diferentes entre si, há o culto público, há o culto congregacional, há momentos de ações de Graças, e etc., Mas também deve haver momentos de intimidade particular e individual com Deus em nosso lar ou em qualquer outro lugar, e a todas estas experiências diferentes entre si na forma, mas que carregam a mesma essência, denominamos Culto.

As primeiras experiências de culto de que temos relato aconteceram quando não havia Igreja, não havia templo, não havia Sacerdote, enfim, não haviam nenhuma das exigências que muitos impõem, para dizer que houve um culto.

Vejamos Adão e Eva no Jardim do Éden antes da queda. O que acontecia quando Deus ia visitá-los a cada dia, não seria esse um culto? Vejamos Caim e Abel apresentando suas ofertas a Deus, não seriam aqui o exemplo de dois Cultos? Um que agradou a Deus e outro que não lhe agradou, assim como foi com Nadabe e Àbiu?

Vejamos Abraão oferecendo a Deus o Dizimo através de Melquisedeque que não era Sacerdote segundo a linhagem convencional, que ainda nem existia, ou mesmo quando Deus pediu a Abraão que lhe oferecesse o próprio filho como oferta ao Senhor, mesmo que Deus depois tenha providenciado para si o cordeiro, não seria também esse mais um ato de Culto?

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Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. I Pedro 2.5

O Apóstolo Pedro enfatiza no capitulo 2 de sua primeira carta, as questões pertinentes quanto à vida prática dos Cristãos de sua época, ele enfatiza a forma como deveriam viver e dar testemunho da fé, testemunho este que só seria eficaz se o caráter Cristão estivesse impresso em suas vidas de forma concreta e evidente.

Os sacrifícios espirituais á que Pedro se refere não são operações “miraculosas” como as que vemos em alguns cultos de nossos dias, onde ocorrem gritos, reprodução de sons de animais, gargalhadas, quedas, entre outras coisas, os sacrifícios espirituais, se referem a carregar a cruz que Cristo citou em Lucas 9.23.

E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Lucas 9.23

O que o cristão que segue a Jesus faz em sua vida é apresentar-se a Deus como o sacrifício espiritual, seguindo os passos do mestre que carregou a cruz dos nossos pecados para produzir em nós a graça da Salvação. O cristão por sua vez carrega a cruz que também o levará à morte, a morte de suas vontades em favor da vontade de Deus, a morte de seus desejos e paixões humanas e egoístas.

Apresentar um culto agradável a Deus exige do homem um esvaziamento de si mesmo, diminuir cada vez mais para que o Senhor cresça. Infelizmente esse conceito tem sido perdido por alguns cristãos, que na busca desenfreada de mais e mais, acabam por engrandecer a si mesmos enfocando suas necessidades e vontades particulares. Vivemos em uma sociedade do culto ao Ego, onde o que importa é a satisfação total e absoluta dos desejos vontades e preferências do homem, mas este modelo de vida não se encaixa no padrão de vida Cristão, pois Jesus nos ensinou e fazer exatamente o contrário, tomar a nossa cruz significa ser levado ao altar do Senhor, e altar é lugar de sacrifício, ou seja, de morte.

O exercício do Sacerdócio Real e Santo que Pedro menciona, é a entrega que fazemos de nós mesmos a Deus diariamente, para sermos por ele moldados edificados e usados para a edificação da Igreja, e tudo isso é culto.

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18“Ao longo da história, nem sempre ficou claro para os cristãos o privilégio que têm de adorar a Deus, ser-lhe leal e fazer sua vontade. Qual é o proveito de servir a Deus, cultuá-lo e dedicar tempo para honrá-lo?” Estas questões são extremamente relevantes, uma vez que com as inegáveis mudanças na liturgia da Igreja moderna e no próprio ensinamento do que seja culto (que muitas vezes é inexistente ou equivocado) têm levado muitos Cristãos, a sérios equívocos sobre este tema, e muito mais ainda, tem impedido que muitas pessoas possam de fato, cultuar a Deus em Espírito e em verdade dando o devido valor ao encontro pessoal com Deus.

É importante que antes de qualquer coisa também analisemos um aspecto muito importante do culto, que é a motivação, ou seja, nossos motivos, nossas razões que nos levam a cultuar.

Porque cultuar a Deus, porque adorá-lo para que servi-lo?

As respostas a estas perguntas precisam já estar respondidas de forma muito clara em nossos corações antes mesmo de pensarmos em prestar culto á Deus. Há pessoas que cultuam a Deus por muitos motivos; porque desejam uma benção, porque buscam uma cura, porque sentem medo do inferno entre outras coisas. Por mais justificáveis que possam ser esses motivos, nenhum deles reflete o real motivo pelo qual precisamos ter um encontro com Deus, pois estes motivos refletem por vezes a insegurança, o medo, a ambição entre outros sentimentos que povoam o coração do homem, e por mais que Deus conheça e até entenda alguns desses sentimentos e necessidades ele espera mais de nós.

O que Deus espera de nós é que nos motivemos a ter um encontro pessoal com ele pelo motivo único e imutável da criação, para louvor honra e gloria do seu nome. O homem precisa reconhecer e entender que ele deve amar a Deus adorá-lo e servi-lo não pelo que ele pode fazer, mas por quem ele é. Cantai ao SENHOR em toda a terra; anunciai de dia em dia a sua salvação. Contai entre as nações a sua glória, entre todos os povos as suas maravilhas. Porque grande é o SENHOR, e mui digno de ser louvado, e mais tremendo é do que todos os deuses. Porque todos os deuses das nações são vaidades; porém o SENHOR fez os céus. Majestade e esplendor há diante dele, força e alegria, no seu lugar. Daí ao SENHOR, ó famílias das nações, daí ao SENHOR glória e força. Daí ao SENHOR a glória de seu nome; trazei presentes e vinde perante ele; adorai ao SENHOR na beleza da sua santidade. 1Cronicas 16.23-29

18 O Culto Segundo Deus – Augustus Nicodemus, Pag.11

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Há uma frase muito popular proveniente da cultura judaica que diz o seguinte: “Se eu te adorar por medo do inferno, queima-me no inferno. Se eu te adorar pelo paraíso, exclua-me do paraíso. Mas se eu te adorar pelo que Tu és, não esconda de mim a Tua face”. Rabia 800 D.C.

Contemplar a grandeza e a beleza da Santidade de Deus, reconhecer seu caráter, glorificar e exaltar o seu nome por quem ele é, independentemente do que ele possa ou não me oferecer, ainda assim amá-lo e sentir me atraído e inundado por seu amor de tal forma que só me reste adorá-lo.

Esta é a motivação que Deus espera de nós quando nos propomos á cultuá-lo, o verdadeiro culto a Deus se dá na própria consciência do Cristão, se não for assim não trata-se do culto racional a que Paulo se referiu. Já entendemos que a primeira atitude do homem quando se aproxima de Deus, deve ser de prostração, de submissão e de reconhecimento da nossa insignificância. Sendo assim, tanto nossa mente quanto nosso coração precisam estar afinados quanto ao entendimento de quem é Deus, para que eu possa de fato oferecer a ele um culto consciente, ou seja um culto racional.

Sem esta consciência o homem fatalmente oferecerá um culto superficial, e a superficialidade nada mais é do que dar respostas sem pensar, comunicar-se sem que haja uma mensagem é estabelecer um relacionamento baseado em aparências e sentimentos momentâneos e sem fundamento solido.

Não importa a quanto tempo estamos na vida Cristã, ou á quanto tempo exercemos um ministério, sempre precisaremos voltar à essência da Adoração, e a essência é o próprio Deus, ele é o motivo, ele é a razão ele deve sempre ser a nossa mola propulsora que nos faz dar saltos cada vez mais altos, mas sempre voltando ao primeiro estágio.

Há pessoas que não conseguem cultuar a Deus com alegria e satisfação porque estão tão abatidas pelos problemas que acabam colocando em dúvida o amor de Deus, questionando-se porque Deus não resolve seus problemas ou abre as portas de determinadas bênçãos em suas vidas. A lógica deste pensamento é: “Se Deus me ama, ele deveria proporcionar a minha felicidade”.

A falha neste pensamento está em achar que a felicidade do Homem está ligada a satisfação de suas vontades, e mais ainda, achar que cultuar a Deus e uma atitude de quem está 100% feliz com tudo e com todos.

Como já disse, a motivação do Culto está na pessoa de Deus e não no Homem, se alguém só consegue cultuar a Deus quando está feliz com tudo e com todos e sua vida vai de vento em popa, esse alguém de fato não cultua a Deus, mas a si mesmo.

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O verdadeiro culto a Deus independe da minha condição psicológica ou emocional, ao contrário, o culto que verdadeiramente agrada a Deus se dá nas mais diversas condições, quando estamos tristes, cultuamos a Deus, se estamos felizes, cultuamos a Deus, se vencemos, cultuamos a Deus, se somos decepcionados, cultuamos a Deus, porque tudo isso faz parte de quem somos e Deus deseja relacionar-se conosco de forma integral, ele deseja se envolver em cada questão, ele se preocupa e se manifesta em cada situação. “Em tudo daí Graças porque essa é a vontade de Deus” 1Tessalonicensses 5.18

Faz parte de nossa vida oscilarmos entre tristezas e alegrias, isso afeta sim o nosso comportamento emocional, mas isso não deve nos impedir de cultuar, mas deve sim ser uma motivação a mais para que busquemos em Deus as respostas a cada situação adversa que enfrentamos.

É obvio que se estou triste, isto influenciará em minha adoração, e Deus espera que seja assim, pois isso é sinceridade. Se precisamos chorar, não há lugar melhor para isso do que nos ombros de Deus, se desejamos saltar de alegria, nada melhor do que saltar na presença de Deus. O que não podemos é permitir que nosso estado emocional bloqueie a nossa comunhão e nosso ato de culto a Deus, como se Deus só devesse ser Adorado e cultuado quando nossas expectativas fossem satisfeitas. O culto que agrada a Deus tem por objetivo agradar a Deus e não a mim, e este culto é oferecido por pessoas submissas a sua vontade, que se rendem ao seu amor e entendem que esse amor é incondicional, por isso o adoram, no monte ou no vale, gozando saúde ou passando por enfermidades, tendo fartura ou passando dificuldades. A nossa adoração não deve depender das circunstâncias pelas quais passamos, mas deve ser fruto de um relacionamento sincero e maduro com Deus.

Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, Todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação. Habacuque 3.17-18

Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece. Filipenses 4.11-13

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Um dos textos Bíblicos mais conhecidos e mais recitados pelos Cristãos em todo o mundo talvez seja o Salmo 23, isso porque ele declara com muita propriedade que Deus é nosso Pastor, ou seja, aquele que cuida de nós, e ainda declara que nada vai nos faltar nada, isso é maravilhoso, mas creio que o texto quer dizer um pouco mais, por isso tomei a liberdade de parafrasear parte dele da seguinte forma. O Senhor é o meu Pastor e Nada me Faltara... Não me faltarão problemas... Não me faltarão tribulações... Não me faltarão obstáculos... Não me faltarão desafios... Não me faltarão pessoas que me critiquem e descordem de mim... Não me faltarão falhas que tenha de corrigir... Não me faltarão pessoas as quais eu precise abençoar de alguma forma... Não me faltarão pessoas que me dêem a mão façam toda diferença pra mim... Mas acima de tudo não me faltara a Fé e a Certeza de que... Não me faltara o Consolo, o Conforto, a Graça, e a Misericórdia de Deus.

Quando Davi escreveu o Salmo 51 ele havia tido uma grande experiência com o Senhor, ele havia cometido uma sequência de Pecados. A cobiça o levou ao adultério, que o levou a mentira, que o levou ao assassinato, e Davi foi chamado, Homem segundo o coração de Deus. Mas porque Davi é chamado assim, que características ele possuía para isso?

Certamente havia algo em Davi que o diferenciava que deu razões para que fosse chamado assim, mas não era sua força, não era a sua expertise na guerra, nem sua coragem e certamente não foram suas conquistas como Rei.

Davi era um homem como qualquer um de nós, sujeito ás mesmas tentações e paixões e por isso acabou pecando. Davi pensou, planejou e realizou seu pecado, esse é o homem segundo o coração de Deus? Sim esse é o homem segundo o coração de Deus, pois é justamente nessa hora que Davi revela o caráter de um homem segundo o coração de Deus, que é um Coração disposto ao arrependimento, um espírito quebrantado e contrito.

Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. Salmo 51.17

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Deus não se agrada de ações externas por melhores que elas sejam, se elas não forem fruto de atitudes internas. Muitas pessoas têm atitude de remorso pelo pecado e não de arrependimento, sentem que erraram e aparentemente se arrependem, mas não há uma intenção sincera de abandonar o pecado.

Depois que o profeta Natã vai até Davi e lhe abre os olhos para o que havia feito, Davi pede perdão a Deus com o coração repleto de sincero arrependimento, e quero dizer-lhe uma coisa muito importante, não há festa no Céu quando você compra um carro novo, não há festa no Céu quando você reforma a sua casa, não há festa no Céu quando suas finanças vão bem, Há festa no Céu sim quando um pecador se arrepende e coloca a sua vida no altar do Senhor.

Davi se arrependeu no pô e nas cinzas, pediu a Deus um coração puro, um Espírito reto e inabalável. Davi assumiu a sua culpa, ao contrário de Adão que quando confrontado por Deus no jardim do Éden, quis pôr a culpa em Eva.

Se quisermos ser chamados, “segundo o coração de Deus”, tudo o que precisamos é colocar o coração no altar de Deus, foi isso que fez com que Davi fosse chamado assim. Não foram suas riquezas, nem as guerras que venceu, mas o seu coração disposto ao arrependimento e o seu espírito quebrantado.

A essência de nosso culto a Deus é nosso relacionamento pessoal com ele, sendo assim nossos pecados podem e vão interferir seriamente na qualidade do culto que prestamos, se carregamos em nossos corações pecados e culpas não confessadas, estes vão formar uma barreira em nosso relacionamento com Deus.

Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta. Mateus 5.23- 24

Apesar de Davi ter pecado efetivamente contra Urias, em sua oração ele diz: “Senhor, Pequei Contra Ti”

Isso porque qualquer ruptura em nossas relações com as pessoas a nossa volta, afeta diretamente a nossa relação com Deus, não é possível apresentar um culto agradável a Deus, quando nosso coração carrega mágoa, ódio ou qualquer outro sentimento negativo em relação ao próximo, nossa relação com as pessoas é reflexo de nossa relação com Deus, na medida em que amamos a Deus aprendemos a amar o próximo.

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Se alguém diz: Eu amo a Deus e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? 1João 4.20

É por isso que o Culto não pode em hipótese alguma restringir-se ao ambiente do templo. Pois lá podemos dizer que amamos a Deus e amamos uns aos outros, mas isso será provado quando voltamos ao convívio diário com cada pessoa, amando, perdoando, exortando, e sendo benção na vida de cada um daqueles com quem temos a oportunidade de conviver, esse é o culto que verdadeiramente agrada a Deus.

Hoje temos um crescimento muito grande de um grupo de cristãos chamados de “desigrejados”. São pessoas que entendem que podem cultuar a Deus sozinhos, sem o convívio com outros cristãos, sem as responsabilidades de compartilhar do mesmo ambiente e sem a obrigação de relacionar-se com outras pessoas. Boa parte deles é composta de pessoas decepcionadas com denominações e líderes, pessoas que deixaram de olhar para Cristo e começaram a olhar para as falhas das pessoas que estão a sua volta, infelizmente estes irmãos estão perdendo a oportunidade de cultuar a Deus de forma efetiva e estão se tornado mancos em sua relação com Deus.

Entendo que algumas experiências podem ser muito traumatizantes a ponto de ferir estas pessoas de forma considerável, mas deixar o convívio com a Igreja definitivamente não é a solução, por mais difícil que seja, a saída é conviver, é exercitar o amor o perdão e as virtudes que de fato fazem de nós discípulos de Jesus. Mas em último caso se o ambiente não proporciona o mínimo de chance de convivência o cristão deve engajar-se em outra comunidade onde possa ter a oportunidade de continuar servindo ao Senhor, mas sempre com a certeza de que toda comunidade terá seus problemas e suas dificuldades por que em todas elas existe a mesma coisa, o ser humano.

Um relacionamento com Deus através do culto é impossível sem que haja, além do encontro pessoal com Deus, um encontro com o corpo de Cristo, este é um componente essencial para o crescimento espiritual do Cristão, sem o qual se torna impossível á pratica efetiva das virtudes Cristãs pois, ser cristão significa ser Igreja.

Podemos ver claramente que os Cristãos na igreja primitiva depois de batizados, eram adicionados à igreja (Atos 2.41, 47; 5.14;16.5) isso significa na prática, viver em comunidade, muito mais do que simplesmente ter o nome em um rol de membros, mas sim fazer parte e viver uma vida de compromisso com Cristo e com sua obra, obra está que se faz no meio de pessoas. Ser cristão significa comungar com outros cristãos em uma comunidade local, partilhando dos ensinamentos da comunhão, do partir do pão e das orações.

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A Igreja é um organismo vivo, e essa vida é gerada por Deus em cada indivíduo que nela está inserido, estes são imitadores de Cristo e sendo assim atentam para a sua maneira de viver baseando-se na palavra de Deus, buscando viver em um ambiente de acolhimento, de alegria, de Comum União e edificação mútua que conduz cada um à maturidade Espiritual e ao conhecimento de Deus.

Falando de Culto não podemos deixar de falar também de liturgia, pois o culto público, ou seja, o Culto que prestamos no templo como Igreja, também é parte fundamental de nossa vida devocional, e sendo assim ele vai influenciar e muito a nossa forma de cultuar e nossas relações como Cristãos. É inegável a grande diversidade de liturgias que se apresentam nas Igrejas modernas, e essa diversidade é proveniente de alguns fatores; Tradição, Cultura e Influencia.

A tradição refere-se ao que de certa forma é comum a todos os grupos e denominações, são as heranças que temos desde a igreja primitiva, são os aspectos que podemos ver no novo testamento que faziam parte da forma de culto que os primeiros cristãos praticavam e isso se perpetuou até os nossos dias, estes elementos são; a leitura e exposição da palavra, a oração e os cânticos.

A Cultura refere-se aos aspectos particulares que cada comunidade possui, como sendo uma identidade própria proveniente de seus hábitos e costumes locais. Já a Influência refere-se a informações e práticas trazidas de um ambiente ou cultura externa.

Quando falamos em Liturgia na Igreja Cristã Brasileira, estamos falando destes três fatores, uma vez que o Cristianismo chegou até aqui trazido por outras culturas, como a dos Ingleses, Americanos, Holandeses e Portugueses. Junto com o evangelho foi trazido para o nosso contexto também as informações culturais destes povos, as convicções morais e ideológicas e a tradição, de forma que nossas liturgias beberam destas fontes.

Sendo assim podemos dizer que nas Igrejas brasileiras quase que não há uma liturgia totalmente brasileira, há os reflexos da liturgia dos povos que nos evangelizaram, e isso deve nos levar a entender que não há liturgias corretas ou erradas, acredito que haja liturgias maduras e imaturas, isso porque o evangelho cabe em qualquer cultura, qualquer país e qualquer povo, isso porque Deus se comunica com qualquer um em qualquer cultura.

O grande problema aqui é que muitos Cristãos entendem que a liturgia que lhes foi apresentada e a única forma correta de se cultuar a Deus, e que todas as outras estão erradas. Isso só seria verdade se existisse na bíblia uma liturgia para o culto Cristão descrita em detalhes, o que não existe.

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O que há principalmente no velho testamento são instruções para o Culto Judaico, e não somos Judeus, o evangelho de Jesus Cristo não foi atrelado à cultura judaica, pelo contrário, ele se desvincula dela (da liturgia e da cultura) cada vez mais.

Isso porque o evangelho é universal, a intenção de Deus é que cada ser Humano seja capaz de comunicar-se com ele, em sua língua e cultura nativas, sem a imposição de um sistema litúrgico ou cultural.

Muitos missionários falharam com povos Indígenas, Africanos e etc. ao tentarem introduzir o evangelho em suas comunidades substituindo sua cultura pela cultura Inglesa e americana, e outros obtiveram muito sucesso fazendo exatamente o contrário, ou seja, aplicando o evangelho a cultura daqueles a quem evangelizavam.

Isso demonstra mais uma vez que o que Deus deseja de fato é o relacionamento com o indivíduo assim como ele é, com todas as suas questões, com toda a sua particularidade e contexto de vida. O espírito santo se move e opera derramando graça de Deus em cada cultura, em cada contexto e em cada indivíduo sobre cada e é por isso que ela é multiforme. Algumas comunidades cristãs hoje, no Brasil e em outros lugares no mundo, estão introduzindo em sua forma de Culto praticas judaicas, como se estas fossem as formas corretas de se cultuar a Deus. Estão trazendo de volta as festas Judaicas, usando kipá, pendurando bandeira se Israel dentro do templo, reconstruindo a arca, colocando o véu de volta no templo entre outras coisas. Essa judaização do culto Cristão não reflete a vontade de Deus de que o evangelho fosse para o judeu para o grego e o samaritano, estão dizendo que o evangelho, e o culto verdadeiro tem de ser judeu.

O discurso destes cristãos é que isso é um resgate dos valores judaicos, é uma revelação de Deus para a igreja contemporânea, cujo foco é “Sair de Roma e voltar para Jerusalém”. Mas a verdade é que os fariseus modernos querem costurar o véu que Jesus rasgou, querem transformar em realidade aquilo é sombra.

As leis cerimoniais, os ritos sacrificiais, as festas anuais, foram abolidas definitivamente por Cristo na cruz e o significado de cada uma delas se cumpriu nele, por isso os judeus também precisam se converter ao cristianismo para serem livres da lei.

Compreendemos que Deus não está apegado a estas coisas, ele está interessado em nossa atitude interna de culto e não com os estereótipos. Acreditar que o culto que agrada a Deus é aquele em que reproduzimos as coisas que a nação de Israel observavam é um erro, assim como também é um erro querer formatar ao nosso bel prazer aquilo que nós entendemos como forma correta de cultuar a Deus, o único com essa autoridade é o próprio Deus e a sua palavra. “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados. Estas são sombras das coisas futuras; a realidade, porém, encontra-se em Cristo.” Colossenses 2.16-17.

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CAPITULO 7

Religiosidade ou Relacionamento

19Ler a Bíblia, frequentar a igreja e evitar os “grandes” pecados, seriam esses os sinais de um amor apaixonado e sincero por Deus?

O que Deus de fato quer é ter um relacionamento com você, seu propósito inicial sempre foi esse e jamais mudou, Jesus sofreu a morte na cruz por uma única razão, para que você pudesse ter intimidade com Deus, e pudesse desfrutar de sua presença, sua companhia, seu amor, sua graça e misericórdia.

Isso não é fantástico? Saber que Deus fez tudo isso para ter você perto dele? Sim isso é tudo que alguém poderia querer, mas em meio a tudo isso há um problema, o próprio homem, isso porque na busca por encher-se de Deus o homem utiliza de suas próprias ferramentas para alcançar este objetivo.

O homem tenta alcançar a Deus com suas próprias mãos e não compreende que nem todo esforço que puder operar o tornará capaz de tal tarefa, não entende que Jesus disse “Tetélestai” (“Esta Consumado”) Palavra que naquele tempo e no contexto de vida das pessoas daquele tempo significava que todo trabalho estava terminado. Os servos e escravos usavam esta palavra sempre que terminavam um trabalho e levavam o fato ao conhecimento de seus senhores.

20O servo dizia: “Tetélestai” – “Terminei a tarefa que me deste para fazer”. Isto significava que o serviço foi feito como o Senhor determinou e no tempo que ele estabeleceu. Os sacerdotes gregos também usavam esta palavra. Sempre que os adoradores levavam ao templo sacrifícios dedicados ao deus ou deusa que adoravam, os sacerdotes tinham de examinar o animal para certificar-se de que era perfeito. Se o sacrifício fosse aceitável, o sacerdote dizia: “Tetélestai que no caso significava “Não tem Defeito”.

Toda tentativa humana de fazer o que somente Deus pôde fazer, é pura religiosidade, ou seja, esforço humano para tornar a ligar-se com Deus. Como certamente essa tentativa é falha ela vai apenas produzir listas de regras, dogmas ortodoxias e etc.

Como o Homem é falho certamente falhará também no cumprimento de suas próprias regras e isso leva a frustração. Durante muitos anos cumpri todas as regras e costumes que me foram impostos pela religião e durante todos estes anos nunca senti de fato a presença de Deus, só consegui perceber de fato a presença de Deus quando aprendi a buscá-lo dentro de meu próprio coração e quando percebi que não havia nada que eu pudesse fazer para me tornar digno de sua amizade, só então o encontrei. 19 François Fénelon, The Seeking Heart 20 John Stott, A Bíblia Toda o Ano Todo

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O sacrifício de Jesus na cruz nos torna aptos ao relacionamento com Deus, o véu rasgado acaba com a separação entre nós e ele que foi imposta pelo pecado, isso é liberdade, pois Deus nos libertou do pecado para que verdadeiramente fossemos livres, isso significa que nada mais pode se interpor entre nós e ele.

Quando aceitamos outros fardos como o da religiosidade imposta por muitas organizações religiosas, estamos simplesmente reassumindo o fardo que Jesus retirou de nós, e esse fardo é pesado demais para que possamos carregá-lo, é impossível relacionar-se com Deus tendo esse fardo sobre nossos ombros, por isso Jesus o tomou de nós, e nos deu o seu fardo que é leve.

A religiosidade coloca vendas em nossos olhos e tampões em nossos ouvidos, desse jeito, a única forma de nos orientarmos em direção a Deus é tateando aquilo que nossas próprias mãos podem tocar. Enquanto não formos libertos disso não podemos enxergar a Deus e nem tão pouco ouvir sua graciosa voz nos convidando a entrar no reino de sua graça.

A distância a que estamos de um relacionamento íntimo com Deus, não é medida pela quantidade de tempo que passamos na Igreja ou fazendo as coisas que deveríamos fazer, essa distância é medida em quanto do amor, da misericórdia, da graça e do perdão de Deus está impregnado em nós.

O Importante é o Relacionamento e não a religiosidade, as coisas que fazemos não são um fim e tão pouco um meio pelo qual nos comunicamos com Deus, elas são consequências de um relacionamento já estabelecido. As boas obras sejam elas quais forem, brotam naturalmente no coração daqueles que se relacionam com Deus de forma verdadeira.

Lembro-me da Parábola do Filho Prodigo em Lucas 15, quando o filho mais velho vendo que seu Pai recebera seu Irmão rebelde com festa, se revolta e não entende como aquilo era possível já que seu irmão havia errado tanto, e ele em contra partida permanecera na casa do Pai, e não recebeu nenhum tipo de recompensa por isso. Foi duro para ele chegar em casa e perceber que havia uma festa, havia um banquete sendo preparado para o seu irmão, aquele que abandonou a família, que desonrou o Pai e foi viver uma vida de prazeres carnais. Ele não podia aceitar aquilo, ele não conseguia entender como seu pai poderia estar tão feliz. Ele não entendia isso porque de certa forma ele estava tão perdido quanto seu irmão mais novo, naquele momento ele revelou que estava tão ou mais distante de seu pai do que seu irmão.

Esse é naturalmente o sentimento típico de um religioso, os fariseus não compreendiam porque Jesus se relacionava de forma tão amável e receptiva com as outras pessoas, eles estavam acostumados a não dirigir a palavra aos samaritanos, a apedrejar aqueles que fossem pegos em adultério e a ignorar o sofrimento dos que estavam à margem da sociedade, e apesar disso se consideravam o povo santo de Deus.

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A religiosidade impede que vivamos a essência do evangelho de Jesus que é o amor, ela nos induz ao legalismo e a cegueira, cumprimos os ritos os cerimoniais e as regras, mas negligenciamos a misericórdia o amor e o perdão.

Muitas vezes algumas pessoas fazem as coisas “para Deus”, não porque tem o desejo a vontade e a alegria de fazer, mas porque tem medo, ou porque se sentem obrigadas, pela religião, pelas pessoas, pela Igreja, pelo Pastor e etc. aquele jovem estava na casa do Pai, mas o seu coração não estava.

Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim e, com a boca e com os lábios, me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído. Isaias 29.13

Há uma grande diferença entre praticar uma religião e ter relacionamento com Deus. Algumas pessoas pensam que para agradar a Deus e assim ser digno de seu amor, precisam praticar muitas obras de caridade e frequentar o máximo possível de reuniões religiosas, mas a Bíblia diz:

“Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós é dom de Deus.

Efésios 2.8”.

Não há nada que possamos fazer que nos torne aptos ao relacionamento com Deus, essa é a primeira coisa que precisamos entender. Deus não se relaciona conosco porque somos bons, se fosse assim Jesus não precisaria sacrificar-se. Compreender e aceitar a Graça de Deus é o caminho para um relacionamento com ele porque isso nos livra que qualquer jugo que tentemos carregar, o maior problema do religioso é justamente não compreender a graça. Graça produz gratidão, gratidão produz desejo de compartilhar a graça, e assim, de forma natural somos levados a um envolvimento com Deus que passa necessariamente por sermos cheios de seu amor, e esse amor é tão grande que não cabe em nós, e temos então que compartilhá-lo.

É daí que nasce o Fruto do Espírito, que tem suas características descritas em Gálatas 5. Todas aquelas características são naturais de alguém que está em contato direto com o amor de Deus, alguém que está sendo alcançado pela graça, edificado e transformado pelo Espírito de Santo. Temos aqui uma palavra chave nessa questão que é TRANSFORMAÇÂO.

O Relacionamento de qualquer ser humano com a pessoa de Deus deve produzir nesse individuo uma transformação, uma mudança de caráter, de comportamento e etc. como alguém já disse; É impossível ter um encontro

pessoal com Deus e permanecer a mesma pessoa”.

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Isso acontece porque passamos a ser influenciados diretamente pelo Espírito e isso naturalmente põe a nossa velha natureza em cheque, e quando somos confrontados em nossa maneira de ser e de viver, diante do que Deus espera de nós a tendência é mudar.

Deus conhece nossos corações, ele sabe e conhece bem quais são nossas falhas e limitações, ele sabe o quanto precisamos mudar para chegarmos a ser o que ele esperava que sejamos, ele tem expectativas a nosso respeito, seus padrões são elevados e precisamos nos esforçar para sermos transformados em nosso ser. Ele conhece o íntimo do nosso coração e sabe melhor do que nós mesmos em que precisamos ser tratados, de que precisamos ser curados e do que precisamos ser libertos.

Evangelho é Boa Nova, mas qual é a Boa Nova? Qual é a Boa Notícia

que o evangelho de Jesus Cristo vem trazer a humanidade? Que Jesus venceu a morte, abriu o céu, rasgou o véu e agora podemos ter vida, mas não qualquer vida, é vida abundante, vida eterna, vida que transborda e que transforma o homem todo e todo homem que crê.

A transformação é a evidencia de que, de fato tivemos um encontro pessoal com Deus e a partir disso um relacionamento foi estabelecido. Jesus enfatizou que pelos frutos é que as arvores são reconhecidas, é pelo nosso testemunho frente as pessoas que seremos reconhecidos como pessoas que se relacionam ativamente com Deus.

Por isso, relacionar-se com Deus deve ser uma prioridade, se não for dessa forma, certamente fracassaremos, isso porque nossa natureza humana nos conduz a outras prioridades, prioridades essas que não fazem coro com a voz de Deus, sendo assim, aquele que deseja relacionar-se com Deus de forma intima e verdadeira terá que tomar uma decisão. “Buscar primeiro o

Reino de Deus e a sua Justiça”. Buscar o reino de Deus e sua justiça significa priorizar sua vontade em detrimento de nossa própria, é submeter nossos pensamentos e desejos a mente de Cristo, é ter como modelo e alvo o caráter e o proceder do mestre, é obedecer-lhe em tudo é carregar a cruz e seguindo o em seu caminho.

Para viver a vida de Deus é preciso morrer para nossa própria vida,

temos de decidir o que é o mais importante para nós, estabelecer um relacionamento com Deus ou satisfazer nossos próprios desejos, metas e objetivos, as duas coisas são incompatíveis.

Para que nos tornemos íntimos de Deus, ele precisa ocupar o primeiro lugar em nossas vidas. Ao contrário do que muitos pensam isso não quer dizer que você deve abandonar tudo e todos e ir viver 24 horas na igreja, ao contrário.

Colocar Deus em primeiro lugar é buscar o melhor de Deus para nossa vida, nossa família, nosso trabalho e etc., e dedicar-se a uma busca incessante de ser uma pessoa melhor em todos os aspectos de nossa vida, é ser melhor para nosso cônjuge, e ser melhor para nossos Pais, é ser melhor

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para nossos filhos, é ser melhor para nossos amigos, e melhor para nosso patrão e assim por diante. Este resultado só se consegue colocando Deus, sua palavra e sua vontade em primeiro lugar.

Vemos hoje Cristãos, que desejam ser Artistas, e não Missionários, Estrelas e não Adoradores, vemos pessoas que desejam viver suas vidas como os personagens das novelas e não como os personagens bíblicos, pessoas que vivem suas vidas nos padrões do mundo, tomando atitudes como o mundo, pensando como o mundo, agindo como o mundo, falando como o mundo, mas dizendo ser servos de Jesus Cristo.

Quando estabelecermos um relacionamento verdadeiro com Deus estaremos, orando, lendo a Bíblia, ajudando as pessoas, sendo honestos em nossos negócios, e mantendo comunhão com a Igreja, e fazendo tudo isso, sem nenhum tipo de sentimento de obrigação, mas sentindo alegria ao desfrutarmos desse relacionamento.

Você não tem que ler a Bíblia, você necessita conhecer a palavra de Deus, você não tem que ir à Igreja, você precisa sentir necessidade da comunhão viva do corpo de Cristo, você não tem que orar diariamente, você precisa sentir necessidade de conversar com Deus, ouvi-lo e apresentar a ele suas angustias e aflições, bem como suas alegrias e conquistas.

A religiosidade transforma o relacionamento com Deus em um fardo, onde você tem que fazer isso, você deve cumprir aquilo, esse tipo de vida substitui nossa Necessidade de se relacionar com Deus, que é a necessidade mais básica do ser humano, por uma relação de barganha, um “toma lá dá cá” cansativo enfadonho e infrutífero. Enquanto isso Jesus chama para si aqueles que estão cansados e sobrecarregados de todas estas coisas, enquanto as religiões tentam levar o homem a Deus, Deus é quem veio ao encontro dos homens (João 1.14) a religião cansa o homem, só Jesus descansa.

A religião agrega fardos, não os dissipa, sempre que o homem tenta

libertar-se por meio de suas próprias forças, acaba agregando para si mais fardos, isso porque seu senso de justiça é falho, sua moral é falha, seus valores são falhos e limitados. Dessa forma tudo o que o homem consegue por si mesmo é acumular fardos mais pesados, fardos que tornam ainda mais difícil viver uma vida livre e leve, fardos como o fardo do Eu.

Eu quero isso, eu cuido daquilo, eu resolvo, eu fui injustiçado, eu fui magoado, eu fui traído e etc. o fardo do eu impõe sobre o homem a impressão e o sentimento de que tudo e todos giram em seu entorno, que todos os problemas são seus, e todas as soluções dependem de você. Não conseguem depender de Deus, não conseguem entregar sua vida nas mãos de Deus, pois estão presas ao próprio ego.

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Há pessoas que não conseguem desfrutar de uma vida de Paz porque absorvem tudo para si como se de fato tivessem a resposta ou solução para tudo, e como isso não é verdade certamente convivem também com um sentimento constante de frustração, esse tipo de pessoa carrega, ou tenta carregar, o mundo em suas costas e isso lhes afasta de Deus. O relacionamento com Deus nos ensina a nos preocuparmos menos com o nosso Eu e nos ensina a descansar em Deus, o relacionamento com Deus nos convence de que todas as coisas estão nas mãos dele e que ele cuida de cada detalhe, e ainda que não entendamos todas as coisas que ele faça, descansamos em sua vontade porque sabemos que ela é boa perfeita e agradável. Aqueles que de fato entregam seu caminho ao Senhor descansam nele.

Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele tudo fará. E ele fará sobressair a tua justiça como a luz; e o teu juízo, como o meio-dia. Descansa no SENHOR e espera nele; não te indignes por causa daquele que prospera

em seu caminho, por causa do homem que executa astutos intentos. Salmo 37.5-7

O Relacionamento com Deus nos ensina a compaixão, nos faz experimentar e exercer a misericórdia, nos mostra e nos ensina a pratica do perdão, nos ensina a nos darmos mais, sem esperar nada em troca (Mateus 22.34-40). Vivemos hoje em uma sociedade extremamente egoísta, onde a tendência é que cada vez mais as pessoas se preocupem com seu próprio bem estar felicidade e satisfação individual, e Deus acaba se tornando um caminho para alcançar esses objetivos, ele deixa de ser o fim e se torna um meio.

Jesus disse que veio ao mundo para servir e não para ser servido, isso nos ensina um aspecto importante do relacionamento com Deus, que é entender o propósito dele em nos trazer a esta vida. Jesus entendia que sua vida não tinha sentido em si mesma, ainda sendo quem era, ele entendia que o mais importante era ser o agente abençoador na vida das pessoas e não o contrário. Ele nasceu para dar o seu melhor em favor de outros, ainda que estes não se preocupassem em dar o seu melhor a ele.

A filosofia da sociedade é amar a quem me ama, me preocupar com que se preocupa comigo, tratar bem aqueles que me tratam bem, e me aproveitar ao máximo daquilo que as pessoas tem para me oferecer.

O relacionamento com Deus ao contrário disso nos ensina a amar aos que nos odeiam, a nos preocuparmos e a intercedermos por aqueles que nos ignoram, a tratar ainda melhor àqueles que nos maltratarem e a nos doarmos ao máximo para que nós sejamos usados para abençoar a vida daqueles que estão à nossa volta.

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É assim que Deus é, e é assim que aprendemos a ser quando verdadeiramente nos relacionamos com ele. Jesus pagou um preço alto para que nós tivéssemos vida, e a tivéssemos em abundância. Quando Jesus fez isso, nenhum de nós buscava agradá-lo, amá-lo ou fazer sua vontade, não retribuíamos a ele o grandioso amor com que nos amou primeiro, mas ainda assim ele se deu por nós, esta talvez seja uma das maiores lições que Deus quer que aprendamos com ele, porque aprendermos isso e aplicarmos esse princípio em toda a nossa vida, certamente estaremos no centro da vontade de Deus.

E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação. 2Corintios 5.18-19

Quando Jesus disse “Buscai primeiro o Reino de Deus a sua Justiça”, de que Justiça ele falava? Será que a justiça de que Jesus falava é aquela pela qual algumas pessoas oram pedindo para que Deus castigue, que condene, que aleije, que amaldiçoe? Essa é a voz da Justiça dos homens e não a de Deus, a Justiça de Deus, Diz: “Arrependei-vos porque é chegado o Reino de

Deus”.

A religiosidade força as pessoas a criarem mascaras, pessoas religiosas vivem tentando parecer algo que de fato não conseguem ser, tentam demonstrar e viver uma religiosidade que de fato não conseguem manter quando estão a sós em seus quartos. A religiosidade impõe padrões de comportamento, padrões de fala, padrões de vestimenta, padrões de estilo entre outros, e na busca por encaixar-se nestes padrões aqueles que vivem na religiosidade vestem as máscaras daquilo que não são a fim de agradar aos demais e equivocadamente tentando agradar a Deus.

Deus nos fez como somos, ele nos conhece como de fato somos e certamente não deseja que nos disfarcemos para nos encontrarmos com ele. Já conhecia pessoas que tinham um estilo de vestimenta totalmente despojado, descontraído e leve, nada vulgar ou impróprio, e que quando se converteram tiveram que passar a vestir-se de forma extremamente formal, (terno e gravata) para demonstrar que de fato haviam se convertido e se encontrado com Jesus, e assim deixaram de ser quem eram, o resultado foi que em algum tempo estavam fora da Igreja, pois não conseguiram manter aquela aparência, pois aquilo não fazia parte de sua personalidade.

Obviamente não tenho nada contra as vestimentas formais, muito pelo contrário gosto muito de ternos e gravatas, mas esse sou eu. Não posso exigir ou dizer que aqueles que não se vestem dessa forma precisam mudar seu modo de vestir-se para que então possam dizer que são salvos.

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Salvo aqueles que exageram e partem para a imoralidade, sensualidade e lascívia, qualquer pessoa tem o direito e o dever de expressar sua personalidade. Há pessoas que vestem tais mascaras na Igreja e as retiram toda vez que entram em casa ou vão para outro ambiente que não seja o do Templo, estes não estão sendo sinceros em seu relacionamento com Deus.

Há pessoas que falam baixo, que usam linguagem formal e coloquial na Igreja, mas em casa gritam e falam palavrões, que tipo de relacionamento essas pessoas estão mantendo com Deus? Certamente estão muito longe do que Deus espera.

Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão. Gálatas 5.1

Deus nos Chamou a Liberdade, essa liberdade nos dá oportunidade de escolhermos viver um relacionamento real com Deus, ou continuarmos tentando por nossos próprios esforços alcançá-lo com nossas obras e nossa justiça decadente, nossos conceitos e nossas regras deficientes e corrompidas. Ao contrário do que se pensa, liberdade não é poder fazer aquilo que se quer fazer, e sim, poder escolher e fazer o que se precisa fazer. Todo ser humano nasce com uma necessidade intrínseca que é de relacionar-se com seu criador, enquanto o homem não reconhece essa necessidade e não escolhe render-se a ela, não será verdadeiramente livre.

O Relacionamento do Homem com Deus começa com a morte. Um certo homem chamado Nicodemos foi encontrar-se com Jesus á

noite e fez a seguinte declaração: “Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. (João 3.2)

Ao que Jesus Responde: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. (João 3.3)

O que tem a ver a declaração de Nicodemos com a afirmativa de Jesus? Para entendermos isso é compreendermos o que tudo isso tem a ver com morte temos que entender algumas coisas nesse episódio.

Em primeiro lugar quem era Nicodemos? Nicodemos era um fariseu que fazia parte do Sinédrio, o conselho que julgou Jesus e o condenou à morte, o mesmo concílio interrogou Pedro e João em Atos 4. Esse era o principal grupo que perseguia Jesus e a quem Jesus constantemente criticava duramente por sua conduta hipócrita e legalista.

Pois bem, esse fariseu religioso procura por Jesus no meio da noite porque certamente não queria ser visto em sua companhia por seus partidários, mas esse fariseu de certa forma começa a ver que Jesus de fato

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tinha algo de especial e espera que diante da sua declaração Jesus revele quem de fato era, mas Jesus conhecendo o coração de Nicodemos ignora totalmente a declaração de Nicodemos a seu respeito e faz essa maravilhosa afirmação, é como se Jesus estivesse dizendo: Nicodemos eu conheço seu coração e sei da sua sincera intenção de conhecer a Deus e desfrutar do seu Reino, mas isso só será possível se você decidir morrer de uma vez por todas para toda a sua religiosidade, seu orgulho e todas as coisas que você tem vivido até aqui, e permitir que o espírito santo de Deus transforme todo o seu ser.

Jesus convida Nicodemos a morrer, pois nenhum homem pode relacionar-se verdadeiramente com Deus se não morrer em seus conceitos, seus pecados, seu orgulho, seus valores e tudo o mais. Morte aqui significa esvaziamento, pois se não nos esvaziamos de nós mesmos Deus não pode nos preencher.

Muitas pessoas desejam relacionar-se com Deus, mas não estão dispostas a morrer, não estão dispostas a esvaziar-se, ao contrário, querem encher-se cada vez mais de si mesmas, de seus sonhos, seus objetivos, seus desejos conceitos e seu próprio conhecimento. Dessa forma tornam-se tão autossuficientes que impedem que Deus possa preencher seus corações. Precisamos aprender a nos esvaziar todos os dias, no sentido de que todo dia, Deus deseja ministrar algo novo a nós.

Se nos comportarmos de forma pretensiosa, e acharmos que já temos todo o conhecimento suficiente, ai então paramos de crescer e aprender. Somos como recipientes aos quais Deus deseja encher com seu amor, sua graça, sua misericórdia, sua vida e seu conhecimento, mas recipientes que já estejam ocupados com outras coisas não podem ser cheios. Orgulho vaidade, soberba, conceitos e pré-conceitos são grandes impedimentos para um relacionamento íntimo com Deus, eles entopem nossa vida, congestionam nossas vias de acesso ao amor de Deus, limitam a ação do Espírito em nosso ser e distorcem a imagem de Deus em nós. Para um relacionamento saudável com Deus e com o próximo precisamos nos permitir ser limpos, limpos das angustias, das mágoas, dos erros, dos pecados e de tudo mais que ocupe espaço em nosso coração e mente impedindo de abrirmos espaço para Deus.

Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim. Filipenses 3.13

Quero abrir aqui um parêntese para falar um pouco sobre um

problema que creio ser o problema de muitas pessoas, pois tenho visto e ouvido de pessoas das mais diversas, que por causa deste problema encontram grandes dificuldades em manter um relacionamento efetivo com Deus, justamente por causa da questão dos relacionamentos, pois apesar de quererem crescer e amadurecer na graça, não conseguem porque encontram uma barreira muito grande chamada Passado.

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Mas o que é o Passado? Passado é tudo aquilo que não podemos fazer mais nada a respeito, a

não ser tirar lições e aprendizado, pode ter sido bom ou ruim, mas já acabou e não pode mais voltar.

Quando alguma coisa do seu passado é projetada para o seu presente ela toma um lugar que não deveria, impedindo que você viva de forma plena o seu presente e tirando sua perspectiva de futuro. Sentimentos como Ódio, Vingança Rancor, Culpa, Medo, todos são projeções do Passado, pois se originam em coisas do passado, ninguém tem Ódio, Rancor ou Culpa por algo que ainda não aconteceu, na grande maioria das vezes, os medos que assombram seu Presente e acabam com seu Futuro são fantasmas que você trouxe do passado.

Certa vez ouvi uma ilustração que dizia que o nosso passado é como o ralo de Banheiro, ninguém se importa com ele ninguém o percebe, desde que ele esteja funcionando bem. E qual é a função dele? Sua Função é levar embora a sujeira, se ele cumpre essa tarefa de forma eficaz, então está tudo bem e ele passa muitas vezes despercebido em nossas vidas, mas se há algum problema e ele não faz bem o seu serviço, então ele será notado, e vai começar a incomodar, porque ele vai começar a trazer mau cheiro para o local, e esse mau cheiro é o cheiro do passado. É tudo aquilo que devia ter ido embora, mas não foi, toda aquela sujeira que devia ter sido lavada e dispensada no esgoto, mas que por algum motivo, ainda está ali.

Não acontece assim com algumas coisas em nossa vida? Não é dessa forma que muitas pessoas vivem? Incomodadas com o mau cheiro de coisas que já deveriam ter ido embora, se sentindo frustradas porque o ralo do passado não funciona e ai a vida se torna amarga, as coisas boas do presente não são desfrutadas como deveriam, a perspectiva de futuro não é das melhores e tudo isso porque existe um odor desagradável no ar, um mau cheiro que incomoda e que nos impede de nos concentrarmos em qualquer outra coisa. Para que nossa vida seja frutífera e nossos relacionamentos sejam saudáveis, o ralo do passado precisa funcionar bem.

E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegai-vos a mim. E chegaram-se. Então, disse ele: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.

Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque, para conservação da vida,

Deus me enviou diante da vossa face. Porque já houve dois anos de fome no meio da terra, e ainda restam cinco anos em que

não haverá lavoura nem sega. Pelo que Deus me enviou diante da vossa face, para conservar vossa sucessão na terra

e para guardar-vos em vida por um grande livramento. Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai

de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito. Genesis 45. 4 -7

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É impressionante ver como José soube lidar com as questões adversas em sua vida e como ele aprendeu a deixá-las no passado, pois em momento algum ele permitiu que seu passado interferisse em seu presente ou em seu futuro, ele não reclamou nem murmurou pelos momentos ruins que teve de passar, mas vivia o presente e olhava para o futuro, por isso Deus pode usá-lo, abençoá-lo e cumprir os seus propósitos na vida de José.

José tinha todos os motivos para ser um homem amargo, ressentido cheio de complexos e traumas. Sempre foi ignorado e invejado pelos irmãos de tal forma que foi vendido por eles como escravo. Ao servir fielmente a Potifar, o que recebeu em troca? Ir parar na prisão, onde foi esquecido pelo copeiro que ele ajudou. Toda essa trajetória seria suficiente para provocar em alguém uma série de problemas sentimentais e psicológicos, principalmente se esse alguém não soubesse lidar com a questão do passado.

Muitas pessoas estão vivendo isso, não conseguem se desvencilhar de seu passado ruim, não conseguem superar situações adversas ás quais foi submetido. Isso certamente lhes impedirá de desfrutar do presente e ter uma boa perspectiva de futuro.

Se por ventura você é uma dessas pessoas, ponha para fora imediatamente tudo o que possa estar atrapalhando e impedindo você de desfrutar do presente e impedindo a sua perspectiva de um futuro melhor, liberte-se do passado, deixe as águas da vida levarem os seus medos o ódio, rancor e toda a sujeira pelo ralo do passado.

Independentemente do que fizeram a você, do que você fez a alguém, ou o que você fez a si mesmo, isso precisa ir embora, você precisa se libertar disso e Deus quer fazer isso hoje, Ore, entregue todas estas coisas a Deus, se precisa conversar com alguém, converse, se precisa pedir perdão a alguém, peça, se precisa perdoar, perdoe porque somente assim você vai começar a viver a plenitude da vida.

O presente é concreto, o amanhã uma possibilidade, e o passado é apenas uma lembrança. Se você quer de fato crescer e ser tudo aquilo que Deus sonhou pra você, aprenda a deixar o passado para trás, e Deus poderá cuidar e abençoar o seu Presente e seu Futuro. A Verdadeira Religião

A Bíblia fala da Religião e diz qual é a verdadeira religião ou Θρησκεία (threskeía) que é a palavra grega traduzida por religião no texto de Tiago 1.27, e o seu sentido está ligado à ideia de ação de culto, adoração, exaltação, louvor e honra. Isto significa que a fé que agrada a Deus é seguida por atos concretos, atos estes que estejam ligados a essência do próprio Deus, e a essência de Deus é o Amor, portanto Tiago Diz:

A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo. Tiago 1:27

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A religiosidade de certa forma esta intrínseca no Homem, pois todo ser Humano tem necessidade de religar-se a Deus, consciente ou inconscientemente, o problema ocorre quando essa religiosidade se desvia da essência do relacionamento com Deus, que por sua vez está intimamente ligado ao nosso relacionamento com o próximo. A religiosidade bíblica necessariamente considera minha relação com o próximo como parâmetro para minha relação com Deus.

Se alguém diz: Eu amo a Deus e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? 1João 4.20

O amor de Deus é a fonte de todo amor humano, se não formos regados pelo amor de Deus não temos condições em nós mesmos de amar como ele, e amar ao próximo é a evidência de que de fato o mor de Deus está em nós, isso transforma o próximo em um alvo do amor que arde como chama em nossos corações. Quando nos relacionarmos com Deus, seu amor deve gerar em nós uma intensa vontade de nos relacionarmos com o próximo, Cristãos que não sentem à vontade de relacionar-se, com certeza tem algum problema que precisa ser resolvido, porque se assim não for seu relacionamento com Deus torna-se ineficiente e incompleto.

Seria fácil amar e relacionar-se com Deus, se esse relacionamento e esse amor se restringissem em apenas a assistir regularmente uma reunião no templo, entregar ofertas e cumprir todas as regras determinadas por uma denominação religiosa, mas a verdade é que nosso amor e relacionamento verdadeiro com Deus consistem em como amamos e nos relacionamos com aqueles que estão à nossa volta.

Cumprir regras, fazer o que Deus manda, pode significar apenas, que somos legalistas, assim como eram os Fariseus. Jesus citou Isaías quando disse, “Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim” (Mateus 15:18). Similarmente, Paulo disse: “que têm a forma de piedade,

mas negam o seu poder” (2 Timóteo3:5).

Assim como foi com Jesus Cristo a pratica do relacionamento com Deus exige total entrega a vontade de Deus, Jesus dedicou-se totalmente a cumprir o propósito de Deus em sua vida, esse é o exemplo que ele deixou para nós, é isso o que Paulo quer dizer quando diz: “Sedes Meus Imitadores

como eu sou de Cristo”, mas essa entrega também deve ser exercida com liberdade e alegria, ou seja, quando deixamos de viver nossa vontade para viver a vontade de Deus, devemos fazer isso não como se carregássemos um pesado fardo, com o coração triste e oprimido, mas com alegria e satisfação.

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Quando Jesus se entrega a morte para cumprir a vontade do Pai, ele não o faz com pesar, mas com satisfação em cumprir a vontade do Pai que também é a sua vontade. Quando a Vontade de Deus torna-se também a nossa vontade, isso é sinal de que, nosso relacionamento com ele é efetivo, isso mostra que estamos perto de nos tornarmos um com o Senhor, assim como Cristo é um com o Pai. A verdadeira adoração ocorre quando adoramos com o coração e quando este coração se alegra em viver e fazer a vontade de Deus, não só porque devemos, mas porque desejamos fazer.

Há um texto na palavra de Deus que sempre falou muito ao meu coração e embora reconheça que fracassei algumas vezes, sempre fiz o possível para viver a minha vida Cristã de modo a observar e aplicar este princípio em meus relacionamentos como Cristão, o texto é o seguinte:

Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.

E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas

a nossa capacidade vem de Deus, Qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica. 2 Coríntios 3.3-6

“Porque a Letra Mata, Mas o Espírito Vivifica” Essa expressão sempre deixou bem claro para mim que Deus, não se importa muito com o que está

escrito em nossos regimentos, estatutos e até mesmo na lei mosaica, se nós utilizamos isso para anular a ação transformadora e libertadora do Espírito Santo, se ao invés de conduzirmos as pessoas à vida que há na palavra, as conduzimos à morte que existe nos pré-conceitos e predeterminações frias da religiosidade. É exatamente nesse ponto que a religião fria e ineficaz se aparta do evangelho de Jesus Cristo, porque enquanto a letra diz; “Está

escrito” Jesus diz; “Eu Porem vos Digo”.

Não que Jesus quebre a lei, mas ele traz à tona a essência da lei, que é a vida. Tudo o que havia na lei Jesus cumpriu, e esse cumprimento significa que a lei e todas as determinações pré-existentes tinham como seu objetivo final, apontar para ele, ou seja, tudo se resume nele e no que ele viveu, fez e ensinou, e o que foi que ele nos ensinou?

Que as pessoas são mais importantes que as coisas, que o perdão é

mais excelente do que a punição, que é melhor dar do que receber. Jesus tirou a lei das taboas de pedra e a trouxe para dentro do nosso coração, ele fez o maior do Sacrifícios para que nós pudéssemos viver Misericórdia, porque o Senhor disse; “Misericórdia Quero e Não Sacrifícios”.

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A lei apenas faz com que o homem tenha consciência do pecado, mas isso não produz vida. Apenas o Espírito produz vida.

Não quero de forma alguma dizer que leis e regras não provem de Deus, ou que são desnecessárias, ao contrário, creio que são necessárias e que devem existir para que haja ordem e decência em qualquer ambiente, seja dentro ou fora da Igreja, o que temos de entender é que elas nunca devem estar acima das pessoas, elas nunca devem ser soberanas a ponto de limitar aquilo que Deus queira fazer na vida das pessoas. Era justamente essa a luta que Jesus Cristo travou com os fariseus, era essa a principal lição que ele tentou ensinar aos seus 12 discípulos. Jesus curou no sábado para ensinar que o sábado foi feito para o Homem e não o Homem paro Sábado, Jesus perdoou a mulher adultera quando a lei dizia que ela deveria ser apedrejada, Jesus ensinou a samaritana que Deus procura pessoas que o adorem em espírito e em verdade enquanto a lei conduzia os Judeus ao templo.

Deus estabeleceu leis e ele próprio não agirá contra elas, porque elas tem um objetivo e quando ele olha para elas ele enxerga o objetivo e não as leis em si, nós ao contrário, cometemos o equívoco de olhar apenas para as leis e não para seus objetivos e quando fazemos isso estabelecemos nossas próprias leis. A lei moral serve para nos orientar a como conviver, mas a Graça de Deus se manifesta para trazer a vida à existência.

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CAPITULO 8

Relacionamento de Pai

E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Gálatas 4.6

Uma das formas mais marcantes que a Bíblia nos apresenta a pessoa de Deus é na figura do Pai, essa figura que tem um lugar muito marcante na vida de qualquer pessoa, seja de forma negativa ou positiva.

Há pessoas que possuem marcas profundas em sua vida pela figura paterna, algumas delas porque tiveram uma figura paterna muito presente, que lhes proporcionou momentos marcantes de alegria de carinho, afeto e muito amor. Mas há pessoas que também tem marcas profundas em sua vida em função da ausência da figura paterna, outros pela violência doméstica, vícios entre outras coisas, que certamente deixam marcas na alma e no coração dessas pessoas.

Por causa dessas experiências individuais, cada pessoa tem uma forma de ver Deus como Pai. Alguém que teve boas experiências com a figura paterna terá uma facilidade muito maior de assimilar Deus como Pai, já uma pessoa que viveu a realidade de um pai insensível, violento, egocêntrico, entre outras coisas, certamente sentirá dificuldades em enxergar Deus na figura paterna.

Por isso precisamos buscar em Deus a figura Paterna ideal, e aprender como é o seu relacionamento conosco enquanto Pai amoroso, misericordioso, bondoso e presente que ele é. É interessante e importante notar que no contexto de Jesus, cultura Judaica era praticamente impossível enxergar Deus como Pai, a relação do Judeu com Deus era uma relação muito distante e cercada de cerimonialismo, dessa forma era muito difícil para eles poder enxergar e se relacionar com Deus numa esfera tão intima como é a relação entre um pai e um filho. Quando Deus se manifesta no monte Sinai em Êxodo 19 e 20, O povo de Israel temeu a Deus sobremaneira, porque Deus falava e o monte estremecia e fumegava, como então poderia passar pela cabeça de um Judeu que ele poderia ao mesmo tempo ter uma relação intima com esse Deus a ponto de chamá-lo de Pai?

Uma das revelações mais maravilhosas da Bíblia é a de que Deus é nosso Pai, e que apesar de toda sua gloria e esplendor, de todo seu poder e majestade, Deus escolheu adotar-nos como seus filhos, ele nos recebeu em seus braços com amor e nos deu o privilégio de assentarmos a sua mesa como filhos legítimos.

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Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. 1 Joao 3.1

Jesus é a revelação e a manifestação do Amor do Pai, pois ele se relaciona com o Pai de forma plena. Sempre que olhamos para Jesus olhamos para o Pai, sempre que vemos Jesus tomando alguma atitude, podemos reconhecer em seu caráter e personalidade, o caráter e a personalidade do Pai, os dois são de fato um, não só porque dividem a mesma essência, mas porque se relacionam de forma intima, o amor de Pai e filho se manifesta de forma plena na relação entre o Deus Pai e o Deus Filho, e este é o padrão de relacionamento que Deus deseja que tenhamos com ele. Na oração modelo, Jesus diz: “Pai Nosso” essa expressão demonstra que é possível e muito mais, que é necessário que vejamos a Deus como nosso Pai, aquele que nos ama, que nos protege, que providência todas as coisas necessárias a nossa vida, que anseia por ver um sorriso em nosso rosto, que deseja a cada manhã ouvir nossa voz, que se alegra quando aprendemos algo novo com ele, que nos abraça e nos afaga quando estamos tristes, abatidos ou com medo, e que também nos corrige quando o desobedecemos, mas faz todas estas coisas por nenhum outro motivo a não ser porque nos ama de forma extraordinária.

Esta relação íntima com o Pai é o propósito essencial de nossas vidas, nós nascemos para sermos seus filhos, e qualquer coisa menor do que isso, foge aos planos de Deus para nós. Não importam as formas, os lugares, e nem mesmo o Jejum e a oração, sem que estes sejam movidos pela entrega total e irrestrita a esse amor.

Jesus usa a expressão aramaica - Abba-Pai, que significa “papai” ou “paizinho”, expressão com a qual os filhos se dirigiam aos pais na intimidade. Isso para os Judeus parecia desrespeitoso quando dirigido a Deus, mas Jesus está na verdade revelando e ensinando a vontade de Deus para aqueles que desejam relacionar-se com ele.

Sendo Pai, Deus deseja cumprir os papeis que qualquer Pai amoroso e responsável deseja cumprir na vida de seus filhos, e que papeis seriam esses?

Quero salientar aqui dois papeis básicos que Deus como Pai deseja cumprir e cumpre na vida de todo ser humano.

1º Garantir nossa Segurança sustento e Sobrevivência. O pai Garante segurança, suprimento e amor, todo bom Pai luta

ardentemente para que nada falte aos seus filhos, com Deus não é diferente, ele também busca garantir que todos tenham o suficiente para sua sobrevivência e que vivam em segurança. Pergunte-se, o que falta no planeta para a sobrevivência e o bem estar do ser humano?

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Absolutamente nada, Deus provê todas as coisas e faz nascer o sol sobre justos e injustos, mas é importante lembrar que Deus deu a Adão a responsabilidade de ser o mordomo da criação e que essa responsabilidade foi repassar a cada um de nós, portanto se há degradação do meio ambiente, se há má distribuição dos recursos da terra de quem é a culpa?

Essa pode parecer uma pergunta muito difícil de se responder mas na verdade é muito simples, basta nos lembrarmos de que Deus entregou nas mãos do homem toda a terra e deu a ele a responsabilidade de administrá-la e desfrutar de tudo aquilo o que Deus criou com esse fim, e que quando adão pecou, esta terra foi amaldiçoada com ele e ele foi obrigado a buscar seu sustento com esforço. Isso acaba com o equilíbrio pretendido por Deus, pois o egoísmo desmedido do homem o faz pensar em si mesmo em detrimento da necessidade do próximo, esse desequilíbrio provoca toda sorte de misérias que se pode encontrar na face da terra, e o responsável por isso é o próprio homem.

Certamente que Deus continua sustentando sua criação e cuidando para que não seja totalmente pervertida e aniquilada pela loucura do homem, a vontade e o propósito de Deus continuam soberanos, ele não abandonou sua obra, mas a terra caminha para o fim, pois ela tem uma data de validade, a mesma em que Jesus voltara para transportar a Igreja para um novo céu e uma nova terra.

Somos propensos a nos preocupar com nossas necessidades básicas, o que comer, o que vestir e etc. e é muito natural que nos preocupemos, mas essa preocupação não pode se tornar uma “neura” principalmente quando mantemos um relacionamento íntimo com o Senhor, pois os que se preocupam demasiadamente com estas coisas são aqueles que não conhecem ou não entendem a relação de Deus conosco enquanto Pai, que não confiam na provisão de Deus, e ainda não tiveram a experiência de serem guiados e sustentados por ele.

A maioria das pessoas está habituada a viver confiando em suas próprias forças, em sua saúde e seus recursos, todavia, o Senhor nos ensina: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mateus 6.33

Nosso Deus está ciente de todas as nossas necessidades, se cremos no que o Senhor diz, não estaremos demasiadamente preocupados com estas coisas, pois saberemos que ele nos sustenta enquanto dormimos. “Observai os lírios do campo, como eles crescem; eles não trabalham nem fiam. Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé?”

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O que Precisamos é crer na Palavra de Deus, pois quando cremos nessa Palavra, podemos de fato desfrutar de plena comunhão e relacionamento com Deus, experimentando a sua providencia em todas as áreas da nossa vida, seja nas necessidades mais básicas, até as questões mais profundas do nosso ser.

É como se Deus dissesse “sendo vocês meus filhos, eu vou deixar que vocês passem fome, ou não vestirei vocês? Sendo vocês meus filhos, enquanto vocês estiverem vivendo nesse mundo, enquanto vocês tiverem a vida de vocês, eu continuarei cuidando de vocês.

Mas isso de maneira alguma exime de nós a responsabilidade e o dever de trabalhar, pois quem não trabalha convém também que não coma. Uma vez que cremos nisso, podemos orar ao Senhor, ao invés de queremos resolver tudo com nossas próprias forças, e aprendermos a depender e a confiar no cuidado dele, mesmo que não possamos ver algum sinal concreto, ainda assim mantemos a fé.

“Ora, se, vos, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará boas coisas aos que lhe pedirem.” Mateus 7:11

2° Forjar nosso Caráter Como nosso pai, Deus age com autoridade e disciplina para nos

corrigir e admoestar quando necessário, pois quem é o Pai que de fato ama seus filhos e lhes permite fazer o que lhes é prejudicial e não os corrige, disciplina e castiga?

Para que possamos aprender a fazer o que é correto, muitas vezes Deus precisa nos disciplinar, para forjar nosso caráter e nos moldar a sua imagem e semelhança, ele precisa muitas vezes ser duro conosco.

Porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o

pai não corrige? Hebreus 12.6-7

Se você é Pai ou mãe, entende muito bem o que isso significa, se você se preocupa com que tipo de pessoas seus filhos serão no futuro você certamente entende o que isso significa, disciplina é indício de amor profundo.

Quando Deus nos corrige, é sinal de que nos ama e se preocupa conosco, que se importa com nosso futuro e com que tipo de pessoa temos nos tornado, sendo assim ele tomará diversas ações no intuito de corrigir aquilo que por ventura estejamos fazendo errado e nos ensinará diversas lições afim de aprendermos com ele a crescer e amadurecer.

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Obviamente não é agradável ser corrigido e disciplinado, mas é extremamente necessário. Nenhuma pessoa aceita imediatamente e de bom grado uma repreensão, mas na medida em que compreende que aquela situação tem o único propósito de proporcionar-lhe o bem, é que começa a refletir em seus atos e a corrigi-los.

Assim é em nosso relacionamento com Deus, muitas vezes não compreendemos determinadas situações em nossa vida e até nos irritamos e questionamos a Deus porque ele permitiu que aquilo acontecesse conosco. Somente depois de algum tempo conseguimos compreender o que Deus está promovendo em nossa vida, mas isso só acontece se tivermos a atitude correta diante da disciplina.

Podemos reagir à disciplina de duas formas básicas: A primeira é aceitá-la, mesmo não entendendo imediatamente o que Deus está fazendo, ainda assim sermos submissos e aceitar com humildade qual seja a atitude que Deus tomar conosco. Essa atitude nos fará naturalmente cair na graça de Deus, porque ele da graça aos humildes.

Por outro lado a segunda reação que podemos ter diante da disciplina é: Não concordar com ela, não aceita-la, nos ressentirmos, nos ofendermos e acharmos que estamos sendo injustiçados, negando nossa culpa e tentando encontrar justificativas nos outros para nossas atitudes. Essa atitude nos torna automaticamente culpados, e afasta de nós a graça de Deus, pois ele resiste aos soberbos.

A diferença entre essas duas atitudes é que uma nos levará ao perdão e a graça de Deus, a outra apenas evidenciará nossa culpa e nos distanciara do perdão, uma nos fará aprender com os erros, crescer e amadurecer com a disciplina, a outra nos conduzirá a uma sucessão de erros. Qual é a atitude que você tem tido diante da disciplina de Deus em sua vida? Qual deveria ser a atitude apropriada para se tomar diante de um Pai Misericordioso e amoroso como Deus?

E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido; Porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho.

Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque que filho há a quem o pai não corrija?

Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois, então, bastardos e não filhos. Hebreus 12.5-8

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O Amor do Pai é incondicional e imensurável

Para mim é quase impossível falar do Amor do Pai sem lembrar novamente da Parábola contada por Jesus em Lucas 15.11. Como já disse, a visão deste texto remete muito mais ao amor incondicional do pai do que ao erro inconsequente do filho.

Creio que Jesus estava muito mais preocupado em enfatizar a figura amorosa do Pai do que fala do filho. Por isso prefiro chamar esta parábola de “A Parábola do Pai Prodigo”, do que a parábola do filho Pródigo, isso porque a palavra Pródigo também significa; «àquele que despende com abundância». Prodigo é a pessoa que se revela por um gasto imoderado capaz de comprometer seu patrimônio, é aquele que dá espontaneamente sem medir.

E não é exatamente isso o que o Pai faz? Ele não derramou amor com abundancia a seus filhos, ele não agiu com imensa Misericórdia para com seus filhos? Sendo capaz de dar espontaneamente ao filho parte de sua fortuna sabendo que muito provavelmente ela seria gasta e desperdiçada?

Somos levados as vezes a identificar o filho como personagem principal da história, talvez porque nos identificamos com ele, mas a verdade é que a história toda gira em torno do amor Incondicional e imensurável do Pai.

21Quem muito ama muito dá. Se entendemos amor como uma escolha,

se de fato acreditamos que amar alguém significa abrir mão de nosso bem estar, de nossas preferências e de nossa posição para proporcionar o bem a aqueles que amamos, então é muito claro que amar significa dar, significa oferecer de bom grado o que temos de melhor em favor de quem nós amamos.

É exatamente isso que Deus faz por nós, ele não precisava, mas escolheu nos amar, e porque amou, deu, ofereceu o que tinha de melhor para proporcionar o nosso bem estar, ainda que não o merecêssemos assim o fez, porque o amor não espera nada em troca, simplesmente ama, o amor não impõe condições, ele quebra barreiras e obstáculos.

Se pensarmos em tudo o que Jesus fez por amor a nós, se conseguirmos por um segundo compreender o que significou para ele abrir mão de toda sua Gloria e Majestade para habitar entre os homens e submeter-se a tudo o que se submeteu, não sobra espaço algum para nos vangloriamos e dizermos que merecemos o que quer que seja, a grande verdade é que tudo o que podemos desfrutar da parte de Deus é por causa do seu amor.

21 CH Spurgeon – Amor Imensurável

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Quando Felipe pediu a Jesus, “Mostra-nos o Pai” (João 14.8-9) Jesus respondeu; “Quem me vê a mim, vê o Pai “. A partir dessa afirmação de Jesus podemos concluir que o mesmo caráter de Jesus, a mesma forma como ele se relacionava com as pessoas é compartilhada pelo Pai. O mesmo Amor e dedicação que Jesus despendia para com as pessoas com quem se relacionava revela o amor que o Pai despende para conosco que buscamos um Relacionamento mais íntimo com ele.

Jesus na verdade é a revelação mais intima do Pai, ele demonstra e revela em si mesmo o caráter do Pai, como alguém que despende amor com abundancia, que está disposto a amar sem reservas, que não mede esforços para que seus filhos tenham o melhor, que acompanha, que ensina, pois conhece os perigos que podem machucar e fazer mal a seus filhos, e quando o filho erra, corrige-o com e rigor e amor.

A Bíblia também nos revela que a Misericórdia do Pai é a causa de não sermos consumidos, isso porque Deus é um pai extremamente misericordioso, ele conhece nossos pecados, e nossas fraquezas e sente profunda compaixão por nós, e sua compaixão nos dá o privilégio de desfrutarmos de seu perdão sincero e irrestrito, perdão que nos acolhe e nos ensina. Ele é o Pai que está disposto e inclinado a promover o bem dos seus filhos, que transmite boas dádivas, que derrama bênçãos sobre seus filhos, e faz tudo isso, por Graça.

Muitas vezes Jesus curou e abençoou pessoas, única e exclusivamente porque o seu coração era bom e cheio de amor e Misericórdia, assim como o Pai. Aquelas pessoas não mereciam, e por mais que pareça que elas fizeram algo para tornarem-se dignas de receber tais bênçãos, a grande verdade é que apenas e Misericórdia e o mor do Pai é que proporcionaram cada um dos milagres que Jesus operou.

Ele é um Pai presente, aquele que está conosco sempre que alguém precisa, sempre que alguém clamou e pediu, ele se faz presente para socorrer e amparar os seus filhos.

Há uma ilustração muito interessante que diz que; Certa vez um Homem estava para atravessar uma avenida muito movimentada, com um fluxo de veículos muito grande e em companhia de seu filho pequeno. O Homem estava apreensivo e preocupado com a travessia e segurava bem forte a mão do menino. Mas ao atravessarem e chegarem do outro lado da avenida o menino virou se para seu Pai é disse:

Pai, naquele prédio tem 53 andares e na Janela do trigésimo andar tem

uma bandeira do Brasil pendurada. O pai surpreso disse: Mas meu filho você conseguiu contar cada janela e

ainda observar que no trigésimo andar tem um Bandeira do Brasil, como você

conseguiu fazer isso?

E o garoto respondeu: Porque o senhor estava segurando a minha mão e eu sabia que enquanto

o senhor estivesse segurando a minha mão eu não precisaria me preocupar com

mais nada.

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Deus é como aquele Pai, ele segura forte nossas mãos e nos conduz pelos caminhos tortuosos e perigosos da vida, o problema é que nem sempre conseguimos ser como aquele menino e confiar que se Deus está segurando nossas mãos, não há nada com que nos preocuparmos, a não ser curtir os detalhes da Paisagem.

Muitas pessoas infelizmente, assim como os Fariseus e Judeus do tempo de Jesus, ainda não conseguiram estabelecer com Deus uma Relação de Pai e Filho, não porque Deus não manifeste sua paternidade em suas vidas, mas porque não conseguem reconhecê-lo dessa forma, e por isso vivem suas vidas, demasiadamente preocupados, ansiosos e incompletos. Há pessoas que na vida pessoal e familiar não tiveram a oportunidade de terem a presença de um Pai, por isso sentem-se tristes e até abandonadas, mas Deus quer assumir essa posição, ele quer ser este Pai. Se por ventura você tem se sentido assim, entenda que Deus projetou, criou e amou você, e continua amando, ele é o Pai que todos nós gostaríamos de ter, ele anseia muito que você o receba em sua vida dessa forma e possa chamá-lo Aba Pai. Assumindo uma Postura de Filho

Indiscutivelmente, Deus é o Pai perfeito, aquele que cumpre com seu papel e vai além, que nos ama e cuida de nós, que nos sustenta, nos ensina e protege, mas diante de uma figura paterna tão marcante, como nos comportamos enquanto filhos? Será que temos sido rebeldes e mal agradecidos como o filho da parábola de Lucas 15, ou temos honrado o nosso Pai assumindo uma Postura de filhos de causam orgulho. Jesus Cristo mostrou que precisamos ser seus imitadores, pois o próprio Deus manifestou sua satisfação com a Postura de seu Filho unigênito quando Disse no Batismo e no monte da Transfiguração “Esse é o meu filho amado em quem me comprazo”

Não há sentimento mais gratificante para um Pai do que sentir orgulho de seus filhos, de ver o seu caráter refletido no comportamento deles e seus ensinamentos reproduzidos em sua vida diária, certamente Deus também deseja sentir orgulho de nós, sua vontade e sua expectativa é que nosso caráter reflita o seu, que nosso amor pelo próximo reflita o seu amor por nós.

Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. Efésios 5:1-2

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Infelizmente em nossos dias não é raro encontrarmos crianças que não respeitam seus pais, que são mal educados com as pessoas, são desobedientes e rebeldes, e seus pais precisam repetir várias vezes uma ordem até que essa seja realizada, isso quando na melhor das hipóteses, porque encontramos casos em que filhos agridem fisicamente seus pais, vivem soltos pelas ruas, fazendo o que querem, onde querem, como querem e com quem querem, sem que seus pais tenham o mínimo controle.

Apesar de ser um quadro triste e até revoltante, este é o quadro que reflete a realidade de muitas famílias em nossos dias, não quero aqui apontar os fatores que levam uma família a chegar nessa situação, (apesar de pensar que este tipo de situação tem muito a ver também com a responsabilidade dos Pais do que necessariamente só coma postura dos filhos) quero fazer aqui um paralelo entre esse tipo de situação e o nosso relacionamento com Deus enquanto filhos.

Será que muitos Cristãos não andam se comportando de forma parecida com Deus?

Nós temos sempre o grande prazer e satisfação em chamarmos Deus de Pai, de sermos considerados filhos de Deus e etc. Algumas pessoas podem e vão até se ofender se você disser que elas não são filhas de Deus, no entanto, muitas vezes não se preocupam com a postura que Deus espera de seus filhos, não se importam em pensar, em que tipo de filhos seriam se Deus resolvesse nos avaliar por nossa obediência, nossa conduta, pelo modo como seguimos suas orientações, pela forma como nos dispomos a cumprir suas ordens, e por quanto damos ouvido aos seus conselhos paternos.

Apresentar-se como filho de Deus é uma coisa, sê-lo verdadeiramente é outra bem diferente. Alguns desejam apenas o status de filho de Deus, pois ser filho do Rei dos reis e Senhor dos senhores certamente é muito bom, desfrutar da herança que o Pai tem para seus filhos certamente é inigualável, mas para isso precisamos ser de fato filhos legítimos.

Jesus o filho de Deus, nos deixou um padrão para que por seu exemplo pudéssemos ser também chamados filhos de Deus, certamente que isso não se dá por nosso merecimento, ou seja, não estou dizendo que para sermos verdadeiramente filhos de Deus precisaremos “merecer” como se isto fosse alcançado por meio de nossas obras pessoais, o que estou dizendo é que filhos legítimos de Deus, por serem filhos, por já terem sido perdoados, lavados e remidos no sangue de Jesus, e por já terem recebido o Espírito Santo, o espírito de adoção de filhos por meio do Primogênito que é Jesus, estes viverão de acordo com a vontade de Deus, viverão segundo o padrão de Deus.

Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Romanos 8.14

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Certamente Deus nos conhece e sabe de nossas limitações, mas ele espera sempre que aprendamos obedecê-lo como filhos obedientes que fazem exatamente aquilo que o Pai instrui, mas muitas vezes falhamos nessa tarefa. Quero lembrar aqui de algumas situações em que as pessoas falharam em obedecer ao Pai e se comportaram como filhos rebeldes e desobedientes e que acabaram por colher o fruto de seu comportamento.

O povo de Israel teve o privilégio de ver a presença marcante de Deus entre eles quando Deus os libertou do Egito e caminhou com eles pelo deserto dando tudo que necessitavam para sua sobrevivência, no entanto, na primeira oportunidade murmuraram e reclamaram, sendo mal agradecidos por aquilo que Deus estava fazendo por eles (como muitos filhos fazem com seus pais) forjaram um bezerro de ouro e foram teimosos e desobedientes a voz de Deus, o resultado foi que toda aquela geração não entrou na terra prometida exceto Josué e Calebe.

Moisés recebeu uma instrução de Deus para que falasse a rocha para que dela saísse água para matar a sede do povo, mas nervoso com a situação e a murmuração do povo, Moises bateu na rocha num ato de impaciência e (assim como muitos filhos fazem com os Pais) e o resultado foi uma dura repreensão de Deus e no final das contas ele também não pode entrar na terra prometida.

Um dos filhos rebeldes mais famosos de Deus é Jonas, aquele que recebeu uma ordem direta de Deus para fazer determinada tarefa mas, preferiu fugir de suas obrigações para com o Pai e foi na direção contraria a que Deus havia determinado. Deus teve de operar direta e sobrenaturalmente para colocar Jonas no caminho certo, além de também repreendê-lo severamente.

O fato é que assim como estes exemplos nós muitas vezes não correspondemos ás expectativas do pai e nos tornamos filhos desobedientes que volta e meia precisarão ser corrigidos, mas na maioria dos casos, é nesse momento que aparece a diferença entre os filhos de Deus, e os bastardos. Os filhos de Deus, diante da correção do Pai, se humilham se arrependem e procuram endireitar seus caminhos para restabelecer a comunhão com o Pai, já os rebeldes, os bastardos, estes no máximo sentem um pequeno remorso, mas imediatamente voltam aos caminhos da desobediência e da rebeldia reafirmando o que diz a palavra.

Pois o Senhor corrige quem ele ama e castiga quem ele aceita como filho. Suportem o sofrimento com paciência como se fosse um castigo dado por um pai, pois o sofrimento de vocês mostra que Deus os está tratando como seus filhos. Será que existe algum filho que nunca foi corrigido pelo pai?

Se vocês não são corrigidos como acontece com todos os filhos de Deus, então não são filhos de verdade, mas filhos ilegítimos. Hebreus 12.6-8 NTLH

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A rebeldia de um filho revela seus sentimento de autossuficiência, ou seja, ele está declarando que ele mesmo sabe o que quer e o que deve fazer, e que não precisa da orientação do Pai, entende que suas escolhas são melhores e seus caminhos mais proveitosos do que os que seu Pai aponta. É exatamente assim que muitas pessoas vivem e pensam em relação a Deus, mas ainda assim, insistem em dizer que são filhos dele. A autossuficiência humana elimina a obra da cruz na vida das pessoas que assim procedem, o padrão bíblico exige dependência e obediência ao Pai.

Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos Provérbios 23.26

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CAPITULO 9

Relacionamento e Experiência

Não nos relacionamos com Deus por causa das experiências, mas as

experiências nos conduzem ao conhecimento de Deus.

Certa vez li sobre um homem que participava de uma palestra, onde o palestrante dissertava sobre a não existência de Deus, ao final da palestra foi dada a oportunidade para que as pessoas pudessem dar opiniões ou fazer perguntas, aquele homem levantou-se e tomou uma maçã em suas e começou o come-la, ao terminar perguntou ao palestrante:

O senhor pode me dizer o gosto de dessa maçã que acabei de comer? sabe

me dizer se ela estava doce e etc.? Infelizmente não tenho condições de te responder isso meu amigo, pois

não experimentei a maçã, só você que a comeu é quem pode responder isso. Exatamente, Eu experimentei Deus, e por isso posso te dizer que ele

existe, você ainda não o experimentou, assim como não experimentou a maçã,

por isso precisa experimentá-lo. .

Relacionar-se com Deus depende essencialmente de experiência. Por maior que se já o conhecimento teórico de alguém a respeito de Deus, o Relacionamento real com ele se dá apenas pela experiência, não adianta conhecê-lo de ouvir falar, é preciso andar com ele como diz uma antiga canção baseada na experiência de Jó.

Quero utilizar aqui mais uma vez a história de Jó para ilustrarmos como é importante termos nossas experiências pessoais com Deus, para aperfeiçoarmos e crescermos em nosso relacionamento com ele.

A experiência de Jó nos revela que ele adquiriu consciência de que seu relacionamento com Deus foi aperfeiçoado a partir da experiência, a partir dela o nível de intimidade que mantinha com Deus foi aprofundado. Mas em que, a relação de Jó com Deus foi aperfeiçoada, que aspectos dessa relação mudaram efetivamente?

A verdade é que essa pergunta é como a pergunta da maçã, só quem experimentou é que pode dizer de fato qual é o gosto. Somente Jó poderia nos explicar o que de fato mudou em toda sua relação com Deus, mas certo é que em um aspecto fica claro que Jó amadureceu, sua visão e compreensão da pessoa de Deus. Estou falando também da cosmo visão Jó, da forma como ele via a atuação de Deus no universo e na vida das pessoas. Vejamos que no início da história de Jó, quando questionado por sua mulher quanto aos males que lhes sobrevinham, a declaração de Jó foi a seguinte:

“Nu saí do ventre da minha mãe, e nu tornarei para lá. Deus me deu, e Deus tirou; bendito seja o nome do Senhor” Jó 1:20-21.

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Nós hoje temos noção de que foi Satanás quem tocou na vida de Jó e por isso lhes aconteceram todas aquelas tragédias, mas Jó não compreendia dessa forma, para ele todas as coisas vinham de Deus, tanto boas quanto más, todas as bênçãos e maldições tinham sua origem em Deus. Essa era a visão que Jó tinha da relação de Deus com o universo. Algumas questões importantes estavam envolvidas nessa visão, como o problema do mal, ou seja, se Deus é bom porque acontecem coisas más as pessoas boas, porque há sofrimento na vida de pessoas justas e inocentes?

O que Jó aprendeu com Deus a partir dessa experiência foi que a natureza da relação entre o homem e Deus não está baseada na teologia da retribuição, como ele talvez pensasse e que seus amigos demonstraram tão claramente em seus discursos. Jó entendeu e compreendeu a soberania de Deus, experimentou o favor de Deus e acima de tudo conseguiu se enxergar diante de Deus como alguém incapaz de ter compreensão total dos desígnios de Deus, ele conseguiu enxergar a si mesmo e ver como ele era pequeno comparado a magnificência de Deus e a totalidade de sua obra. Eis a declaração de Jó ao final da sua experiência:

Agora eu compreendo que o Senhor pode fazer tudo que quiser e que ninguém pode impedir o Senhor de realizar seus planos.

O Senhor perguntou quem foi o ignorante que tentou negar a sua sabedoria e justiça; fui eu, Senhor. Falei de coisas que eu não entendia, coisas que eu não conhecia pois eram maravilhosas demais para mim.

O Senhor me disse: Escute-me e eu lhe farei algumas perguntas que você deve responder.

Agora eu respondo: Somente agora eu conheço o Senhor de verdade! Antes eu só o conhecia de ouvir falar.

Por isso, eu me arrependo de meu orgulho e me cubro de terra e de cinza para mostrar minha tristeza. Jó 42.1-6

O Cristão está livre para viver um relacionamento profundo com Deus, ou ter acesso a intimidade com Deus. Mas as estruturas religiosas acabam subvertendo e manipulando essa liberdade e causando uma deficiência no relacionamento do Homem para com Deus, esta não é uma deficiência da parte de Deus, mas nossa. Somos nós quem continuamos a erguer a barreira para uma comunhão plena e completa com Deus.

Houve um momento no A.T em que Deus estava extremamente descontente com o sistema de sacrifícios, porque o povo não compreendia que a vontade de Deus não era que eles se prendessem ao Sacrifício em si, mas que se achegassem a ele. O povo não se envergonhava e não se arrependia de seus pecados, mas continuava oferecendo sacrifícios para receber perdão. Deus estava fazendo um chamado a uma fé sincera, mas eles cumpriam com muito rigor e cuidado os tradicionais sacrifícios e oferendas nas celebrações santas, mas seguiam sendo infiéis a Deus em seus corações.

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Os sacrifícios deviam ser um sinal externo de uma fé interna, mas faltava a fé, e por isso os sinais externos eram vazios em si mesmos. Muitas pessoas na atualidade ainda continuam se relacionando com Deus da mesma forma, depositam muita fé e dedicação aos rituais e a religião, mas não mantém relacionamento com Deus.

Hoje na visão do evangelho e da Teologia da Prosperidade, Jesus tornou-se um servente das necessidades humanas e o homem ao aceita-lo tem o direito de pedir de exigir, de determinar e conquistar o que quiser, e Deus tem a obrigação de conceder porque senão ele não é Deus.

As ofertas e sacrifícios continuam sendo usados como moeda de troca com Deus, tentando agradá-lo e obter dele créditos para então receber de volta as bênçãos desejadas.

Algumas pessoas têm vivido um evangelho voltado para suas

necessidades pessoais, sociais e financeiras e estão constantemente em busca dessas realizações, enquanto a palavra e a vontade de Deus são totalmente ignoradas.

Esse relacionamento com Deus é extremamente superficial, (para não dizer inexistente) não há intimidade com ele, pois onde não houver a consciência da soberania completa de Deus, não haverá arrependimento e submissão a ele, e para um relacionamento íntimo com Deus, estas duas coisas são essenciais.

Alguns dos “Cristão modernos” trocam o relacionamento com Deus pelo cumprimento dos cerimoniais, o que lhes impede de ter experiências pessoais com Deus, isso porque cumprir um ritual é muito mais cômodo, estabelecer uma relação de troca é muito mais fácil do que relacionar-se. Relacionamentos exigem tempo, dedicação, exige que você abra seu coração para conhecer e ser conhecido, exige disponibilidade para compreender e ser compreendido, e quem tem tempo para tudo isso nessa vida corrida, agitada e imediatista que vivemos?

Para aprofundar um relacionamento com Deus também é necessário que o nosso relacionamento com as pessoas, seja aprofundado e ai está mais uma dificuldade, porque muitos não desejam de forma alguma relacionar-se com gente, preferem coisas, preferem relacionamentos distantes, virtuais, sem o ônus do compromisso, da proximidade, sem a necessidade de ter de se envolver com os problemas dos outros. Entendo que uma relação com Deus sem uma relação com as pessoas, com a Igreja, é impossível, pois o evangelho de Jesus Cristo é um evangelho de Relacionamento Vertical e Horizontal, por isso o Grande Mandamento é Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

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Se observarmos a dinâmica do Ministério de Jesus e dos seus discípulos depois de, como Paulo por exemplo, foi uma dinâmica voltada para as pessoas, e não para um sistema religioso, Jesus estava sempre no meio das pessoas, especialmente aquelas que mais precisavam dele, aquelas que exigiam dele mais paciência e misericórdia.

Jesus escolheu peregrinar pela palestina durante três anos acompanhado por pelo menos doze homens, cada um com sua personalidade, seus problemas e suas fraquezas, entre eles um que depois de cear com ele em um dos momentos mais marcantes de toda a história vai traí-lo com um beijo. Mas foi assim que ele escolheu, ele preferiu estar no meio da multidão do que construir um templo suntuoso e esperar que as pessoas viessem ao seu encontro trazendo uma boa oferta, ao contrário, ele foi até elas porque ele tinha algo a oferecer a elas.

A experiência Cristã passa necessariamente pela pratica de um princípio fundamental, a Comunhão. Gosto de definir Comunhão como sendo a Junção de duas Palavras, Comum + União, ou seja, ter comunhão é ter algo em comum, e estar Unido em torno de algo que nos torne iguais, e o que temos em comum é que somos filhos de Deus, somos participantes do amor que ele graciosamente divide conosco.

A Igreja de Jesus Cristo é e deve sempre ser uma Comunidade, uma comunidade de Pessoas Salvas por Jesus Cristo, uma comunidade de servos de Deus que se unem em torno do nome do Senhor e que desejam honrar, glorificar e exaltar o nome dele através de suas próprias vidas, vivendo o amor e comunhão que só é possível nele, pois relacionar-se com Deus passa necessariamente por compartilhar o amor que ele derrama sobre nós, e que nós de mesmo modo dividimos e compartilhamos com os outros.

22Toda experiência cristã é uma experiência religiosa, mas nem toda experiência religiosa é uma experiência genuinamente Cristã. Para estabelecermos um relacionamento íntimo com Deus, precisamos receber Jesus Cristo como Senhor, isso quer dizer que uma vida genuinamente Cristã, é aquela em que Jesus é o centro de tudo, onde ele é amado e adorado em Espírito e em verdade, onde seus ensinamentos são observados e amados, onde a boa nova é anunciada, e a boa nova é que Deus se colocou ao alcance do homem, que seu poder está em ação entre os homens operando a salvação e a transformação completa do homem.

Isso significa a possibilidade de uma reconstrução total do homem em todas as dimensões de seu ser, e a construção de um relacionamento íntimo concreto e maduro não só com Deus, mas consigo mesmo é com o próximo. Esse relacionamento é produzido por uma fé genuína que se desenvolve não porque cumpre com as obrigações, mas que vive um estilo de vida baseado naquilo em que crê e que caminha na direção da vontade de Deus.

22 O que é Missão Integral – Rene Padilha

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É importante a essa altura entender o que significa aceitar ou receber Jesus como Senhor e Salvador, isso porque a “igreja evangélica” moderna aprendeu a evangelizar da seguinte forma:

Preparamos um programa no templo e convidamos as pessoas para que venham até nós, ai então depois que vencemos a primeira etapa, que é de trazê-las até nós o pregador tem a tarefa de pregar para estas pessoas o evangelho, e o que o evangelho diz a estas pessoas, é que se elas querem acabar com o sofrimento de suas vidas elas precisam aceitar Jesus, e como fazer isso? Basta vir a frente ou levantar sua mão e depois repetir a oração que o pregador vai ditar, e é isso, você acaba de aceitar e receber Jesus como seu Salvador.

Será que é só isso mesmo? Já vi muitas pessoas que passaram por este “processo” e que ao

saírem do templo, voltaram para suas vidas como se nada tivesse acontecido. Onde está o problema?

Creio que o grande problema não está na incredulidade das pessoas ou na incapacidade do pregador de expor a palavra e entregar a mensagem, mas no conceito falho do que quero chamar aqui de “Teologia do Apelo”. Pessoalmente não sou de fazer apelos para que as pessoas levantem as mãos ou venham a frente, não porque penso que isso seja de todo um erro, mas pelo conceito que muitas vezes está por traz disso, e que conceito seria esse? O de que, se você levantou sua mão, foi a frente e repetiu a oração então você está salvo, isso definitivamente não é verdade, De mesmo modo a ideia de que se você não fez nenhuma destas coisas, então você não foi salvo, também é da mesma forma um grande equívoco.

Isso porque, a conversão de alguém não pode em hipótese alguma ser julgada medida ou evidenciada por estes sinais, e entendamos que conversão trata de mudança, trata de uma ação ou impulso de grande intensidade que conduz alguém a racionalmente alterar o curso que até então estava seguindo para uma direção diferente e proporcionalmente contraria.

O que muitas vezes vemos é que pessoas levadas pela emoção, pela carência ou porque qualquer outro motivo, que não a razão e a consciência, agem impulsivamente tomam atitudes puramente emocionais e creem que estão de fato recebendo a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.

Certamente não quero generalizar e dizer todas as pessoas que viveram experiências como essa não foram verdadeiramente convertidas, até porque seria um contrassenso dizer que estas experiências não podem definir a conversão de alguém e logo em seguida definir.

O que quero dizer é que a conversão de alguém não se dá por atender ou não atender a um apelo ou fazer uma oração. Certa vez ouvi o caso de um Homem que orava pela conversão de sua esposa, e ele em determinado momento começo a frequentar os cultos da sua Igreja, começo a se tornar assídua nesses cultos, em determinado momento começou a devolver o

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dizimo, começo a mudar seu comportamento como pessoa, começou a colaborar com o trabalho desenvolvido com as crianças da Igreja e etc., mas nunca levantou a mão durante um apelo ou foi a frente, e o seu marido continuava orando a Deus pedindo que sua esposa se convertesse e aceitasse a Jesus. E chagando ao seu Pastor aquele homem disse; Pastor, veja, minha esposa está indo tão bem, mas ela precisa se converter, ela precisa aceitar Jesus, ao que seu Pastor respondeu; meu irmão, você ainda não percebeu que a sua esposa já se converteu a muito tempo?

Você ainda não percebeu que Jesus já é o senhor da vida dela a muito tempo?

Aquele homem, assim como tantos outros Cristãos entendiam que a confissão pública de fé era levantar as mãos e responder ao apelo, ele não entendia que a verdadeira confissão pública que fazemos da nossa real conversão é a nossa própria vida, são as atitudes que mudam os pensamentos que se transformam os conceitos que amadurecem e crescem em direção a palavra de Deus e isso tudo é resultado de um mover interno do Espírito Santo que convence o pecador da sua posição e o conduz a uma mudança consciente onde ele submete não só suas emoções a Deus, mas também sua mente e corpo.

Em Romanos 12.1 Paulo Diz: Rogo-vos, pois, irmãos, pelas

misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e

agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

Culto racional nos leva a pensar em uma adoração totalmente consciente e convicta, que conduz o indivíduo a uma radical mudança de direção. Volto a dizer que não estou generalizando, certamente há verdadeiras conversões nas comunidades em que o apelo é enfocado, e de mesmo modo há conversões genuínas na vida de pessoas que, mesmo não respondendo a um apelo público experimentam a conversão em Cristo.

O ponto aqui é que precisamos desmistificar o apelo, precisamos entender que a graça de Deus é multiforme e que Deus se revela e se relaciona com cada ser humano de maneira individual e intransferível.

Fomos Salvos de uma vez, e somos salvos todo dia, salvos de nós mesmos e de nossa rebeldia, somos libertos pela cruz e convidados a viver nela, somos diariamente constrangidos pelo amor que nos alegra e nos aproxima daquele que sem nós subsisti, mas por nós insiste.

Por mais que o conhecimento teórico e a tradição sejam significativos em nossa vida, o que faz diferença de fato em nosso relacionamento pessoal com Deus, são nossas experiências, ou seja, aquilo que vivemos e aprendemos com ele por meio da experimentação.

Não que a experiência seja tudo, e seja definitiva, pensar assim seria um grande equívoco, pois, a Bíblia nos orienta que o coração do homem é enganoso, sendo assim, temos de tomar cuidado com nossos sentimentos, porque muitas vezes eles nos levam na direção contraria a vontade de Deus.

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Não é porque sentimos ou experimentamos algo, que isso necessariamente provem de Deus, a Igreja Cristã sofreu e tem sofrido muito com Heresias e Seitas que começaram exatamente se baseando em experiências pessoais de alguns indivíduos que resolveram que suas experiências e sentimentos pessoais não só vinham de Deus, como tinham a mesma autoridade e peso que a Bíblia.

O que quero dizer é que quanto mais vivemos e andamos com Deus,

mais ele se revela a nós de forma pessoal, proporcionando nos um conhecimento mais íntimo e mais rico sobre ele. Isso sem obviamente destoar o desviar-se da revelação Bíblica. Jesus é aquele que maior intimidade teve e tem com o Pai, e se observarmos sua vida e seu relacionamento com o Deus Pai, veremos que toda sua trajetória se pautou na Revelação Bíblica, cumprindo, interpretando e aplicando a palavra a vida cotidiana. Muitas pessoas infelizmente se perdem no conhecimento teórico e na tradição e acabam por não aplicar e vivenciar a verdade do evangelho á suas vidas, isso torna relacionamento em religiosidade, fé em fideismo e obediência em obstinação.

É preciso cuidado para não tornar todas as nossas experiências um

conjunto de dogmas. Há pessoas que julgam que Deus é e se comporta única e exclusivamente como em suas experiências pessoais, isso é um grande erro, não podemos formatar Deus ao nosso formato, nossas experiências pessoais são nossas experiências, não podemos determinar que Deus vai agir na vida dos outros exatamente como agiu conosco em determinadas situações.

Somos seres individuais e particulares, e Deus se relaciona conosco

levando isso em muita consideração, até porque, foi ele quem quis assim. Algumas pessoas querem formatar Deus à sua maneira, a maneira como o conhecem e se relacionam com ele. Deus não cabe nesses formatos, não podemos colocá-lo em caixas no formato que mais nos agrade, ele está muito além do que nós possamos conhecer individualmente.

O Único padrão para o relacionamento de Deus com o Homem é a Bíblia, nela ele se revela até onde temos condições de entender, e ele nunca irá agir de forma a contradizer aquilo que já disse na Bíblia, mas ela também nos revela que a Graça dele é Multiforme.

Por mais que tivesse ouvido muitas vezes falar da fidelidade de Deus, só consegui entende-la de fato e conhecê-lo como Deus fiel, quando experimentei situações onde Deus manifestou de forma clara em minha vida a sua fidelidade, quando em situações totalmente adversas Deus se apresentou e supriu todas as necessidades.

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Só consegui compreender de fato o amor de Deus e a sua graça quando os experimentei, quando me senti amado e agraciado por ele, mesmo tendo plena consciência de que não merecia isso, só compreendi o consolo e o cuidado de Deus quando fui usado por ele para ser benção na vida de alguém quando na verdade era eu quem estava sendo mais abençoado, quando Deus me colocou no caminho de pessoas que precisavam de um ombro para chorar, quando eu é quem precisava chorar no ombro de alguém.

Todas estas e muitas outras experiências que vivi com o Senhor é que me possibilitaram conhecê-lo e me relacionar com ele como me relaciono hoje, e ainda compreender que tudo o que sei é que muito pouco eu sei, e o pouco que sei, é fruto de infinita graça e Misericórdia dele para comigo.

A prática da vida Cristã proporciona a experiência necessária com Deus e com o próximo de que precisamos para amadurecermos e crescermos. Quando colocamos em prática aquilo que o mestre nos ensina é que se manifesta de fato a Gloria de Deus em nossa vida. O conhecimento aliado á pratica das virtudes cristãs é que nos torna verdadeiros filhos de Deus, por isso foi que Jesus certa vez disse aos seus discípulos: “Se sabeis estas coisas, bem aventurados sois se as fizerdes”.

Ghandi disse: “Não conheço ninguém que tenha feito mais para a humanidade do que Jesus. De fato, não há nada de errado no cristianismo. O problema são vocês, cristãos. Vocês nem começaram a viver segundo os seus próprios ensinamentos.”

Isso mostra como muitas vezes o mundo enxerga a Igreja Cristã, ou

seja, como uma comunidade de bons discursos mas de pouca pratica, isso porque os ensinamentos de Jesus são maravilhosos e poderosos mas se nós que somos os agentes da sua obra não refletirmos em nosso modo de vida aquilo que Jesus Cristo prega e ensina, tornamos a palavra ineficaz.

Mas porque há discrepância entre o que muitos Cristãos creem e o que de fato praticam? O motivo para isso é a falta de um progressivo e constante crescimento nas virtudes Cristãs, ou seja, falta de discipulado e falta de que as pessoas de fato se disponham a relacionar-se de forma integral com Deus. Pedro em sua segunda carta diz:

Eu, Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, escrevo esta carta a vocês que, por causa da bondade do nosso Deus e Salvador Jesus

Cristo, receberam uma fé tão preciosa como a nossa. Que a graça e a paz estejam com vocês e aumentem cada vez mais, por meio do

conhecimento que vocês têm de Deus e de Jesus, o nosso Senhor! O poder de Deus nos tem dado tudo o que precisamos para viver uma vida que agrada

a ele, por meio do conhecimento que temos daquele que nos chamou para tomar parte na sua própria glória e bondade.

Desse modo ele nos tem dado os maravilhosos e preciosos dons que prometeu. Ele fez isso para que, por meio desses dons, nós escapássemos da imoralidade que os maus desejos trouxeram a este mundo e pudéssemos tomar parte na sua natureza divina.

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Por isso mesmo façam todo o possível para juntar a bondade à fé que vocês têm. À bondade juntem o conhecimento e ao conhecimento, o domínio próprio. Ao domínio próprio juntem a perseverança e à perseverança, a devoção a Deus.

A essa devoção juntem a amizade cristã e à amizade cristã juntem o amor. Pois são essas as qualidades que vocês precisam ter. Se vocês as tiverem e fizerem com

que elas aumentem, serão cada vez mais ativos e produzirão muita coisa boa como resultado do conhecimento que vocês têm do nosso Senhor Jesus Cristo. 2Pedro 1.1-8 NTLH

Pedro anuncia aqui algumas virtudes que precisamos acrescentar, ou seja, desenvolver em nossa vida como discípulos de Cristo, ele acrescenta estas virtudes a partir da Fé, considerando que a Fé nós já possuímos, a partir disso então ele enumera:

Virtude, ou Excelência moral, qualidade de caráter e poder. Ciência, ou Conhecimento e Sabedoria. Temperança, ou Sobriedade, Autocontrole. Paciência, ou Capacidade de sofrer ou suportar com calma sem murmuração ou revolta ainda que seja justificada. Piedade , ou compaixão pelo sofrimento ou condição alheia. Amor Fraternal, apreciação por alguém, acompanhada do desejo de lhe fazer o bem ainda que tenha que sacrificar-se de algum modo.

Estas virtudes não se produzem automaticamente, elas são cultivadas a partir da experiência e requerem do discípulo um árduo trabalho. Além disso, elas não são opcionais, ou seja, não decidimos por nós mesmos quais queremos desenvolver e quais não nos atraem, elas precisam fazer parte do caráter de um verdadeiro Cristão Discípulo de Jesus Cristo sem elas nosso relacionamento com Deus fica comprometido.

A fé e o relacionamento que o Cristão tem com Deus precisa ser muito mais do que simplesmente acreditar na sua existência. O diabo crê em Deus, mas, no entanto não tem relacionamento íntimo com ele, ele conhece toda a teoria do trabalho e de estar perto de Deus e de servir a Deus, mas falhou grandemente quando deixou de olhar para Deus e começo a olhar para si mesmo, quando se esqueceu do privilegio que tinha em estar com Deus em desfrutar da presença de Deus e começo a se a achar tão digno que já não era mais Deus o cetro da sua atenção e relação, mas ele próprio.

Algumas pessoas como já disse, ao aproximarem se de Deus pervertem todo o sentido do relacionamento com ele e começam a olhar para as outras pessoas e a julgarem o seu relacionamento com Deus a partir da perspectiva que tem si em relação à as outras pessoas, mas nosso relacionamento com Deus nunca deve perder a perspectiva de Deus em relação á nos, porque o padrão sempre é Deus em relação a nós e não nós em relação aos outros.

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Quanto mais nos aproximamos verdadeiramente de Deus menos encontramos méritos em nós para estabelecer um relacionamento com ele. É como um cômodo escuro que aos poucos vai sendo iluminado, quanto mais intensa fica a iluminação mais notamos as manchas nas paredes, a sujeira no chão as teias de aranha no teto e etc. Por isso a fé precisa transformar-se em ação e prática das virtudes Cristãs, pois Deus nos ilumina a fim de que sejamos limpos, afim de que nosso vida deixe de ser um cômodo escuro, para que nós possamos enxergar nossa sujeira e pouco a pouco irmos fazendo uma faxina que na verdade nunca acaba, pois sempre aparece um poeirinha nova que necessita ser retirada.

Se vivermos nossas vidas nos esforçando para alcançar estas coisas, dificilmente seremos vencidos por desanimo, desmotivação, falta de propósito, entre outras crises que atingem a maioria dos cristãos de nosso tempo.

Alguns cristãos reconhecem seu chamado, sabem para o que Deus os chamou, mas não conseguem ser ou fazer aquilo para que criadas para fazer, isso acontece por que volta e meia tropeçam na falta ou na elevada deficiência de certas virtudes essenciais como as que Pedro enumera seja porque ainda não se permitiram iluminar ou porque estão tentando iluminar elas mesmas a vida dos outros.

Por isso torna-se sempre necessário que cresçamos, que experimentemos e que amadureçamos em nossa vida Cristã, obviamente essa não é uma tarefa fácil, na verdade, muitas são as dificuldades que enfrentaremos para tornarmos isso real em nossas vidas dia a dia, mas sabemos também que se nos submetermos ao senhorio e a vontade de Deus e nos tornarmos dependentes dele, o Espírito Santo certamente nos edificará.

Tenho aprendido que o primeiro passo pra crescer na vida Cristã é compreender o quanto se é pequeno, a Bíblia diz que:

O temor do SENHOR é o princípio da ciência; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução. Prov.1.7

Ninguém que pensa ser grande pode crescer, pois quanto mais acha

que sabe, mais prova que nada sabe. Para crescer na vida cristã é necessário reconhecer que a sabedoria está em saber ouvir, em estar pronto a aprender e reconhecer que a Palavra de Deus é fonte inesgotável de aprendizado e crescimento, e crescer é amadurecer, é desenvolver-se, é melhorar é frutificar.

Uma arvore cresce se o terreno em que estiver plantada for o ideal, se as condições climáticas forem as ideais e se for regada no tempo certo com a quantidade certa de água e etc. assim também é o relacionamento do Cristão com Deus, ele precisa estar firmado em terreno fértil e adequado, ele precisa estar em ambiente favorável e precisa ser alimentado adequadamente.

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Estar firmados em terreno fértil e adequado, significa que a palavra de Deus, deve ser a nossa base, nossa fundamentação, a vida de alguém que deseja ter intimidade com Deus tem de estar plantada na palavra, este é o terreno mais fértil que pode existir, se estivermos firmados nesse terreno seremos abundantemente frutíferos.

O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Salmo 92.12

As palmeiras das quais este texto trata eram conhecidas por sua longevidade, florescer como a palmeira, significa crescer superando as circunstâncias e viver uma vida longa e frutífera. Os cedros do Líbano cresciam até 34 metros de altura e tinham mais ou menos 9 metros de circunferência, isso significa que o Cristão que está em terreno fértil cresce e se torna forte e sólido como um Cedro do Líbano.

Quanto mais nos deleitarmos na presença de Deus, mais frutíferos seremos, e assim como uma árvore absorve a água e produz muitos frutos, nós devemos absorver a Palavra de Deus, para produzir, para frutificar e para crescer.

Jesus nos ensina que uma vida Cristã saudável, equilibrada e frutífera é aquela em que conseguimos aplicar a nossa vida tudo aquilo que cremos e pregamos, para que o nosso caráter reflita a justiça de Deus. Crescer é aprender a aplicar a nossa vida diária aquilo que aprendemos com Deus no caminho que trilhamos com ele dia a dia, em cada pensamento, palavra e atitude que tomamos, refletirmos como um espelho o caráter de Deus em nós. Para isso é preciso que deixemos que o Espírito Santo nos quebrante, nos ensine, nos molde, nos convença e nos cure, se assim for, certamente cresceremos na Graça e no conhecimento do Senhor!

Que Deus Assim nos abençoe!

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Teologia Básica - Charles C Ryrie Comentário Judaico do Novo Testamento - David Stern Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia -

Norman L Geisler Coletânea da Teologia de João Wesley Teologia da Adoração - Ronald Allen - Gordon Borro A Oração Nossa de Cada Dia - Carlos Queiroz Agradando a Deus em nossa adoração - Robert Godfrey O que é Missão Integral – Rene Padilha O Culto Segundo Deus – Augustus Nicodemus O Véu Rasgado - Sermão pregado Por Charles Haddon Spurgeon na manhã de Domingo de 25 de março de 1888. No

Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres. Oração Particular - PINK, Arthur Walkington Responsabilidade Social da Igreja – Calvino Rocha A Bíblia Toda o Ano Todo – John Stott Amor imensurável - C.H. Spurgeon Deus Um Amor de Pai – Jack Winther O Discípulo Radical – John Stott