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20 Representação do espaço geográfico Quando aprendemos a nos orientar, a nos localizar e a interpretar uma informação em um mapa, podemos conhecer particularidades de diversos lugares, mesmo sem nunca ter estado neles. Que lugares do mundo você gostaria de conhecer? Você saberia localizar esses lugares em um mapa? A imagem acima mostra um mapa elaborado pelos habitantes das ilhas Marshall, arquipélago localizado no oceano Pacífico. Com suas em- barcações, eles se deslocavam entre as várias ilhas, utilizando um mapa feito de varetas e conchas, amarradas com fibras de coco. As varetas indicavam a direção dos ventos e das correntes marítimas, enquanto as conchas representavam a localização das várias ilhas. De acordo com estudiosos, esse tipo de mapa já era utilizado há cerca de 3 000 anos.

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Representaçãodo espaço geográfico

Quando aprendemos a nos orientar, a nos localizar e a interpretar uma informação em um mapa,podemos conhecer particularidades de diversos lugares, mesmo sem nunca ter estado neles. Quelugares do mundo você gostaria de conhecer? Você saberia localizar esses lugares em um mapa?

A imagem acima mostra um mapa elaborado pelos habitantes dasilhas Marshall, arquipélago localizado no oceano Pacífico. Com suas em-barcações, eles se deslocavam entre as várias ilhas, utilizando um mapafeito de varetas e conchas, amarradas com fibras de coco. As varetasindicavam a direção dos ventos e das correntes marítimas, enquantoas conchas representavam a localização das várias ilhas. De acordo comestudiosos, esse tipo de mapa já era utilizado há cerca de 3 000 anos.

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Quando se deseja chegar a um lugar pelaprimeira vez, tanto na cidade quanto no campo,deve-se saber o endereço do local para onde se vaie estar atento à sinalização que indica o nome dasruas, avenidas ou estradas que se deve seguir. É im-portante, também, pedir informações para pessoasque conheçam o local e, quando possível, ter ummapa da área.

Como se orientar na superfície terrestre

A observação dos astros tem sido um meio deorientação muito utilizado através dos tempos. Nopassado, viajantes de todas as partes da Terra ba-seavam-se na observação do Sol, da Lua e das es-trelas para chegar ao seu destino. Embora menosprecisa que a orientação por instrumentos, a orien-tação por meio da observação dos astros pode serde grande valia em algumas situações.

Ainda hoje, por exemplo, tripulantes de em-barcações de pesca desprovidas de instrumentos delocalização, como a bússola, precisam se orien-tar observando as posições do Sol, da Lua e atémesmo das estrelas.

Orientação pelos astros

Mas como se orientar quando não se dispõedesses recursos? No ar, no mar, nos desertos ou nasflorestas, não existem ruas ou placas de sinaliza-ção indicando que direção tomar, nem é fácil en-contrar pessoas a quem possamos pedir informa-ções. Nesses casos, podem ser utilizados doismodos práticos de orientação: a orientação pelosastros ou a orientação por instrumentos.

Nas grandes cidades, por sua vez, é comumalguns bairros serem identificados pela localiza-ção em que se encontram em relação à área cen-tral, como bairro da Zona Norte ou da Zona Sul.Normalmente, as pessoas não se encontram mu-nidas de bússola ou mapa em seu dia-a-dia. En-tretanto, se souberem que o Sol e a Lua nascema leste e se põem a oeste, facilmente poderão lo-calizar os demais pontos cardeais. Nesse caso, aorientação pelos astros pode ser útil a quem nãoconhece muito bem uma cidade e quer se direcio-nar a um bairro localizado, por exemplo, na ZonaNorte.

Orientação e localizaçãoEm geral, conhecemos bem o lugar onde moramos. Sabemos como chegar à

escola, à casa de um vizinho ou de um amigo. Ou seja, sabemos que direção tomarpara ir a esses locais e como voltar para casa. Mas o que aconteceria se estivésse-mos em uma cidade desconhecida? Ou em um deserto? Ou num barco, em alto-mar? Como poderíamos nos localizar?

Lembrar os alunos do conteúdo sobre pontos cardeais e colaterais já visto nas séries anteriores.Utilizar o tema Maquete: um espaço em miniatura do Caderno de projetos e temas especiais, página 180, para ampliar o estudo do conteúdodesta unidade. 21

A ilustração ao lado mostra uma cidade ondeo Sol acaba de surgir no horizonte, dando inícioa um novo dia. Observando essa ilustração, lo-calize os pontos cardeais orientando-se pela po-sição do Sol. Em que direção segue o avião queestá em pleno ar? A embarcação segue em quedireção? Quem estiver no teatro e quiser chegarao restaurante deve seguir em que direção? Sea ilustração mostrasse esse mesmo lugar à noi-te e, no lugar do Sol, a Lua estivesse aparecendo,como ficariam as localizações pedidas acima? Ese o céu estivesse nublado, como as pessoasconseguiriam se orientar? Explique.

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Com o objetivo de tornar a orientação no es-paço mais precisa, diversos instrumentos foram in-ventados.

O instrumento de orientação mais comumenteutilizado é a bússola. Esse instrumento é constituí-do por uma agulha imantada*, que gira sobre umarosa-dos-ventos, indicando sempre a direção norte.A bússola está presente em aviões e navios, auxi-liando a tripulação a manter corretamente o trajetoda viagem. Além disso, muitas pessoas se orientampor esse instrumento para não se perder, por exem-plo, ao explorar cavernas, florestas, desertos ou ofundo do mar.

Orientação por instrumentos

Você sabe como se orientar através deuma bússola? Explique para seus colegasos procedimentos a serem seguidos.

Entretanto, existem aparelhos de orientaçãobem mais precisos que a bússola, que funcionampor meio de sinais de radar ou satélite. Entre elesestá o GPS — sigla que, em português, significaSistema de Posicionamento Global. Esse aparelhopossui um receptor que capta sinais de pelo me-nos três satélites para definir sua posição. Os si-nais informam a localização e a altitude de qual-quer ponto na superfície terrestre.

imantada: que possui a propriedade do ímã de atrair o ferro

hodômetro: instrumento que mede as distâncias percorridas

O GPS tem sido muito útil para o mapeamento de regiõesde difícil acesso como os desertos, as zonas polares ou asflorestas tropicais. Também auxilia na orientação de aviões eembarcações que trafegam, muitas vezes, com poucavisibilidade devido a nevoeiros, evitando, assim, a ocorrênciade acidentes.

Lembrar aos alunos que algumas bússolas trazem a direção leste indicada pelaletra E (inicial de east, em inglês) e a direção oeste indicada pela letra W (inicialde west, em inglês).

É assim que eles acham o caminho

Em determinados tipos de rali, os pilotos dispensam o uso debússolas, GPS ou de qualquer tipo de mapa, sendo necessárioapenas um painel codificado. Veja como eles se orientam.

Distâncias — Todas as marcações são feitas em quilômetros, tomando porbase os hodômetros* dos veículos. “17,30”, por exemplo, significa “17 qui-lômetros e 300 metros após a partida”.

Símbolos — Sempre em forma de seta e desenhos, apontando a direção a serseguida e indicando obstáculos e perigos do caminho. A bolinha no come-ço da seta é onde o veículo estará ao atingir a quilometragem ao lado, quesempre assinala alguma referência do caminho, como uma ponte, curva,casa, etc. Já a seta mostra para onde ele deverá ir depois de superada areferência.

Explicações — Cifradas e abreviadas para facilitar a leitura em alta velocidade:p.t significa “ponte”; p.m, “ponte de madeira”; m.b.v.c, “mata-burro comvão central”, ou seja, com um buraco no meio. Os trechos mais perigosossão indicados com caveiras: de uma a quatro, conforme o risco.

Jorge de Souza. “A caravana da aventura”. In: Os Caminhos da Terra,ano 7, n. 10. São Paulo, Abril, outubro/1998.

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Meridianos e longitudes

Como determinar a localização exata de um lu-gar na vastidão do nosso planeta? A superfície daTerra possui aproximadamente 510 milhões dequilômetros quadrados (km2), o que corresponde acerca de sessenta vezes o tamanho do Brasil.

Para localizar com exatidão continentes, paí-ses, cidades, ilhas ou qualquer outro ponto sobre aface da Terra, o ser humano criou os paralelos e aslatitudes, assim como os meridianos e as longitudesterrestres.

Os meridianos, que se estendem de um pólo aooutro, indicam as longitudes.

Paralelos e latitudes

Os meridianos são semicircunferênciasimaginárias, que se estendem de um pólo ao outro,dividindo a Terra como se ela fosse uma laranjae seus gomos.

O único meridiano que recebe nome especialé o de Greenwich, em referência à cidade de mes-mo nome, na Inglaterra. Também é chamado demeridiano inicial ou de referência, pois é usadocomo referência para dividir a Terra nos hemis-férios Oriental e Ocidental. Cada meridiano pos-sui um antimeridiano, que é a sua linha corres-pondente no lado oposto da esfera terrestre.

Todos os pontos situados num mesmo meri-diano possuem a mesma longitude.

Longitude é a distância medida em graus apartir de qualquer ponto da superfície terrestre atéo Meridiano de Greenwich. As longitudes variamde 0o, no Meridiano de Greenwich, até 180o lestee 180o oeste.

Como se localizar na superfície terrestre

60º

40º

20º

20º

40º

60º

60º 40º 20º 0º 20º 40º 60º

Mer

idia

no

de

Gre

enw

ich

Os paralelos são circunferências imagináriasdispostas paralelamente em torno do planeta, cir-cundando-o no sentido leste–oeste. A Linha doEquador envolve a Terra em sua porção mais lar-ga, dividindo o planeta em dois hemisférios, oNorte e o Sul. Existem outros quatro paralelosimportantes: o Trópico de Câncer, o Trópicode Capricórnio, o Círculo Polar Ártico e o Cír-culo Polar Antártico.

Todos os pontos situados num mesmoparalelo possuem a mesma latitude.

Latitude é a distância medida em graus apartir de qualquer ponto da superfície terrestreaté a Linha do Equador. As latitudes variam de0o, na Linha do Equador, até 90o norte e 90o sul,nos pólos.

Círculo Polar Ártico

Trópico de Câncer

Trópico de Capricórnio

Círculo Polar Antártico

As circunferências imaginárias que indicam as latitudessão todas paralelas ao plano da Linha do Equador.

Equador

HEMISFÉRIO NORTE

HEMISFÉRIOOCIDENTAL

HEMISFÉRIOORIENTAL

Explicar aos alunos que grau é a fração de 1/360 de uma circunferência.

N

S90º

90º

N

S

HEMISFÉRIO SUL

80º80º

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Coordenadas geográficasConhecendo-se a latitude e a longitude de

um lugar é possível determinar as suas coorde-nadas geográficas, isto é, a sua exata localizaçãona imensidão da superfície da Terra. Coor-denadas geográficas são, portanto, as medi-

das em graus de cada ponto da superfície terrestre,indicadas pela latitude e pela longitude do lugar. Éatravés das coordenadas geográficas que o aparelhoGPS, por exemplo, determina a localização de quemo está utilizando.

Coordenadas geográficas e localização de algumas cidades do mundo

0 2360 4720 km

Brasília está a 16o ao sul da Linha doEquador e a 48o a oeste do Meridiano deGreenwich.Manaus está a 4o ao sul da Linha doEquador e a 60o a oeste de Greenwich.

Utilizar as coordenadas geográ-ficas para localizar um ponto sobrea superfície terrestre assemelha-sea um jogo que você pode brincar emdupla com seus colegas. Nele, cadaparticipante utiliza uma folha qua-driculada em que as linhas, codifi-cadas por números, e as colunas,codificadas por letras, possibilitamencontrar as coordenadas de certoselementos.

Antes de iniciar o jogo, os par-ticipantes devem localizar algunsobjetos, como bolas, navios, árvo-res ou aviões, desenhando-os nosquadrinhos que desejar. É importan-te que um jogador não veja ondeseu adversário localizou os objetos,pois o jogo consiste na tentativa deum participante adivinhar a localiza-

Nova Iorque está a 43o ao norte da Li-nha do Equador e a 74o a oeste deGreenwich.Paris está a 48o ao norte da Linha doEquador e a 2o a leste de Greenwich.

Moscou está a 56o ao norte da Linha doEquador e a 37o a leste de Greenwich.Sydney, na Austrália, está a 33o ao sulda Linha do Equador e a 150o a leste deGreenwich.

Os aviões estão localizados em:1C, 2A, 2I, 4D, 4J, 5B, 6F, 8H, 9B e 10E.

ção dos objetos do outro e vice-versa. Para isso, cada um deve dizero endereço dos elementos da folhado adversário, como, por exemplo,1E, 2D e assim por diante. Ganha ojogador que acertar primeiro a loca-lização de todos os objetos da folhado adversário.

Observando atentamente o jogoe comparando-o a um mapa, vocêperceberá que as linhas equivalemaos paralelos e as colunas aos me-ridianos. Assim, os códigos utiliza-dos para identificar as linhas e ascolunas correspondem às coorde-nadas geográficas que aparecemnos mapas. Nesse caso, os núme-ros, que identificam as linhas, seriamas latitudes e as letras, que iden-tificam as colunas, seriam as longi-

tudes. Por meio do mesmo princípiodo jogo, podemos localizar qualquerponto da superfície terrestre em ummapa.

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Um jogo de coordenadas

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Questões de compreensão

Análise de mapa

1. Crie uma pequena história em quadrinhos quedestaque a importância da orientação pelos as-tros.

2. Um grupo de jovens resolveu explorar uma reser-va florestal sem um guia especializado e sem ma-teriais de orientação e localização. Em conse-qüência disso ficaram perdidos na selva e foramencontrados somente no dia seguinte, com a aju-da de uma equipe de resgate. Além da necessi-dade de um guia para esse tipo de passeio, queinstrumentos de orientação e localização o gru-po poderia ter utilizado?

3. Transfira para seu caderno o desenho de ummapa-múndi, destaque nele a Linha do Equador,

os principais paralelos terrestres e o Meridiano deGreenwich.

4. Utilizando um mapa-múndi que contenha o traça-do dos paralelos e meridianos e seus respectivosnúmeros de graus, localize duas ou três cidadesdo Brasil ou do mundo que você gostaria de co-nhecer. Dê as coordenadas geográficas aproxima-das dessas cidades e descreva os procedimentosque você utilizou para encontrá-las no mapa.

5. A Austrália é um país localizado ao sul da Linha doEquador e a leste do Meridiano de Greenwich. Jáo Canadá é um país que se localiza ao norte daLinha do Equador e a oeste do meridiano principal.Quais são os hemisférios em que esses dois paísesestão localizados?

Observe o mapa do Brasil abaixo. Nele está indicada a localizaçãode algumas das mais belas paisagens naturais do país.

Agora, imagine que um concurso oferecerá uma viagem a um desseslugares a quem conseguir identificá-lo. Para descobrir o lugar de destinoda viagem e o estado em que ele se encontra, siga as pistas abaixo:

1. o estado em que se encontra esse lugar pertence totalmente ao hemisfério Sul;2. nenhum dos pontos extremos do Brasil está localizado nesse estado;3. esse lugar está a norte do Trópico de Capricórnio;4. o lugar não está na porção leste do país;5. o estado onde se encontra essa beleza natural está a oeste

da Bahia e faz divisa com o estado do Mato Grosso;6. o lugar procurado está a norte de Goiás.

Ilha do Bananal

Pico da Neblina

Pontado Seixas

Chapada Diamantina

Pico da BandeiraCânion do ItaimbezinhoBonito

Qual é o lugar quevocê descobriu e em queestado ele se localiza?

0 550 km

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A bússola das aves

Mapa baseado em: A migração das aves nas Américas.Washington, National Geographic Society, 1983.

A migração de algumas espécies de animais, istoé, o deslocamento que eles realizam na superfície ter-restre, é um fato há muito tempo observado pelo serhumano. Diferentes espécies do reino animal procuramambientes mais propícios para sua sobrevivência. Paratanto, deslocam-se de um lugar a outro, percorrendo,às vezes, longas distâncias. Entre as espécies migra-tórias, as aves são as que melhor representam essegrupo de “viajantes”: aproximadamente um terço dasaves de todo o mundo praticam a migração.

Durante as últimas décadas, as pesquisassobre a migração das aves tornaram-secada vez mais aprofundadas. Até en-tão, esse fato era algo misterioso, quegerava muitas dúvidas para os cientistas.Atualmente, os estudos mostram que, em ge-ral, as aves migram à procura de áreas onde aalimentação é farta, de locais onde o clima émais apropriado à espécie, e de regiões ondeos dias são mais longos, para que a busca dealimentos e a procriação sejam feitas com oauxílio da claridade.

Entretanto, o que mais desperta curiosi-dade sobre as aves migratórias é o seu notávelsenso de orientação. O que faz com que sigamseus destinos através de rotas tão precisas?

É claro que as aves não utilizam, como nós,equipamentos para se localizar e se orientar.Depois de sucessivas experiências com avesmigratórias, os cientistas descobriram quealgumas delas viajam durante o dia eorientam-se pelo Sol, outras viajam à noi-te e orientam-se pelas estrelas. É possí-vel que as aves migratórias façam uso, tam-bém, de referências visuais como montanhas, riose litorais.

Utilizando-se de radares, os cientistas verificaramque, em noites sem nuvens, as aves migratórias notur-nas viajam traçando roteiros claros e precisos. Se a noiteestiver nublada, elas projetam um itinerário confuso natela do radar, como se estivessem perdidas.

Outras formas de orientação utilizadas pelas avestambém estão sendo seriamente investigadas, porémainda não foram comprovadas cientificamente. Con-tudo, já se sabe que elas são exímias navegadoras dosares, utilizando-se de suas “bússolas naturais”.

Algumas espécies de pássaros per-correm milhares de quilômetros em suasrotas migratórias.

A migraçãode algunspássarosnas Américas

Andorinha-pequena-de-casa

Tesourinha

Batuíra-de-rabo-branco

1

1

2

2

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Os mapas

A necessidade de conhecer melhor o mundolevou o ser humano a descobrir maneiras derepresentar, de forma simbólica, as principaiscaracterísticas de lugares e de paisagens. Dessamaneira, ele começou a registrar, por meio dedesenhos e outras linguagens gráficas, a disposi-ção, no espaço, de rios, mares, montanhas, deser-tos e aldeias. Isso era feito em materiais como cerâ-mica, pergaminho* e, mais tarde, papel. Essasrepresentações receberam o nome de mapas, e oconjunto de técnicas, métodos e arte desenvolvi-do para a elaboração desses mapas passou a serdenominado Cartografia.

O mapa constitui a representação gráfica deum espaço real, em uma superfície plana. Nelepodemos representar todo nosso planeta ou ape-nas parte dele, como as ruas de uma cidade, os riosde um país ou os continentes e oceanos da Terra.As estrelas e constelações que são vistas no céu,os outros planetas do Sistema Solar e as galáxiastambém podem ser representados em um mapa.

A partir da análise de um mapa é possível co-nhecer detalhes de lugares próximos ou distantes,planejar ações, compreender o espaço geográfi-co e suas alterações, assim como a relação exis-tente entre este e os seres humanos.

A importância dos mapas

O mapa é também um instru-mento importante para o geógrafo,o geólogo, o engenheiro, o arquite-to e o corretor de imóveis, entreoutros profissionais que necessi-tam conhecer melhor o lugar emque estão trabalhando.

Usamos os mapas para osmais diversos fins. Por exemplo,quando queremos localizar umarua ou avenida, examinamos umguia da cidade, ou então, quandoestamos em uma viagem, faze-mos uso de um mapa rodoviáriopara saber que estrada seguir.

pergaminho: pele de animal preparada para servir de base para a escrita de textos e aelaboração de mapas

Muitas vezes ouvimos falar de países, rios, montanhas e outros tan-tos lugares que nem imaginamos onde ficam. No entanto, por meio demapas é possível conhecer a localização de qualquer lugar sobre a faceda Terra. Você já necessitou utilizar algum mapa? Com que finalidade?Você sabe como um mapa é elaborado?

Explicar aos alunos a função de cada profissionalcitado: geógrafo, geólogo, engenheiro, arquitetoe corretor de imóveis.

Um mapa rodoviário nos permiteconhecer a localização das cidadese as estradas que fazem as ligaçõesentre elas.

Os tipos de rocha que formam osterrenos são representados em ummapa geológico.

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A precisão alcançada pela Cartografia emnossos dias é resultado de um avanço tecnológicoconseguido pela humanidade ao longo dos sé-culos.

A evolução das técnicas cartográficas tempossibilitado a produção de representações gráfi-cas cada vez mais precisas.

A produção dos mapas

A fotografia aérea é utilizada para levantarinformações sobre uma área que se deseja mapear.Nesse processo, câmeras especiais instaladas emaviões registram em fotografias as característicasde uma região.

Embora a fotografia aérea seja um recursomais antigo do que a imagem de satélite, ela éigualmente importante, pois permite a elaboraçãode mapas com informações precisas e detalhadasdo espaço geográfico, como os tipos de lavourade uma área e até o tamanho dos lotes de umbairro numa cidade.

Empresas especializadas em cartografia utili-zam aparelhos sofisticados, como o aviógrafo,para elaborar mapas e cartas a partir de fotogra-fias aéreas.

Observe a fotografia aérea ao lado.Quais os elementos de maior destaque quevocê pode observar na foto? Relacione-osem seu caderno. De acordo com os ele-mentos que você relacionou, esta é umaárea urbana ou uma área rural?

topógrafo: profissional responsável por registrar no papel as formasdo relevo e os elementos de determinada área da superfície terrestre

altitude: distância vertical medida a partir do nível do mar (0 metro)

Em terra, utilizando instrumen-tos como o teodolito, cartógrafose topógrafos* coletam dados,como a altitude* e as distânciasentre os elementos da paisagem.

Munidos de máquinas fotográ-ficas especiais, pequenos aviõessobrevoam as áreas que se dese-ja mapear.

Satélites artificiais giram em tor-no da Terra em grandes altitudes,captando imagens de extensasregiões do planeta.

Fotografia aérea

Os mapas elaborados pelos cartógrafos utili-zam informações obtidas por meio de fotografiasaéreas e imagens de satélites. Além desses recur-sos, o cartógrafo, muitas vezes, percorre pessoal-mente os locais a serem mapeados, verificando oucoletando informações para que a representaçãose torne a mais correta possível.

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As imagens de satélite são representaçõesda superfície terrestre obtidas por satélites artifi-ciais especiais, que giram em torno da Terra agrandes altitudes. Esses satélites possuem senso-res* que captam a energia refletida pela superfí-cie terrestre, transformando-a em imagens. Essasimagens são, muitas vezes, as principais fontes deinformações para a elaboração dos mapas.

Por meio da observação das imagens de sa-télite é possível, por exemplo, planejar ações a se-rem tomadas em relação ao crescimento acelera-

Imagens de satélite

O azul indica a área urbanizada. Ostons mais escuros indicam uma con-centração maior de construções, comdestaque para a região central da cida-de, onde existem muitos edifícios. Ostons mais claros indicam uma quan-tidade menor de construções, justa-mente na área periférica onde a cida-de está se expandindo.

As áreas em preto são leitos de riosou de reservatórios, como as duasgrandes manchas escuras ao sul.

A cor vermelha serve para indicar avegetação: pastagens, plantações eflorestas ou mesmo áreas verdes,como praças e parques.

Em 1903, o fotógrafoalemão Julius Neubronnerrealizou algumas das pri-meiras fotografias aéreasda história, acoplando pe-quenas máquinas fotográ-ficas em pombos-correio.

sensor: aparelho utilizado para captar, registrar e medir a forma de um objeto, terreno ou fenômeno, a partir daenergia refletida por eles

Esta é uma imagem da cidade de São Pauloe municípios vizinhos, captada pelo satéliteLandsat 5. Nela é possível notar a grande aglo-meração urbana. Para melhor compreender aimagem, veja o que representa cada uma dascores que foram atribuídas à imagem.

INPE, 20/8/1997.

do de cidades, às atividades do espaço rural, às di-ferentes formas de poluição do ar e das águas e,ainda, à proteção de áreas com diferentes tipos devegetação. Além disso, as imagens de satélite per-mitem localizar com precisão certos recursos na-turais, como as jazidas minerais, e também obterdados meteorológicos.

Dessa forma, essas imagens são cada vez maisimportantes para que possamos conhecer e pla-nejar o espaço geográfico.

Os seres humanos sempreprocuraram compreender melhoro espaço que os cerca obser-vando-o do alto. Na Antiguidade,viam-se obstáculos no terreno decima de uma torre ou de ummorro. Já a partir do século XIX,com a invenção de diferentesaparelhos, foi possível obter foto-grafias aéreas a bordo de balões,como fez o francês Gaspar FélixTournachon em 1858, produzin-do fotos de Paris, a capital daFrança.

Além dos balões, pipas e atémesmo pombos foram utilizadospara registrar imagens aéreas.

No entanto, o desenvolvimentotecnológico permitiu que ima-gens cada vez mais precisas dasuperfície terrestre nos fossemapresentadas. Atualmente, má-quinas fotográficas acopladas a

aviões e naves espaciais revelamaspectos da superfície dos luga-res onde vivemos, assim comode lugares muito distantes deonde estamos.

A superfície terrestre vista de cima

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Questões de compreensão

Análise de textoLeia o texto abaixo com atenção:

Análise de mapa

3. Aponte as principais diferenças entre as fotogra-fias aéreas e as imagens de satélite.

4. Faça um comentário sobre o que você achoumais interessante com relação às técnicas utili-zadas na produção dos mapas, explicando porque esse aspecto chamou a sua atenção.

O mapa do Brasil ao lado, desenhado porLuís Teixeira no final do século XVI, mostra adivisão das Capitanias Hereditárias e a linha doTratado de Tordesilhas, que limitava as terraspertencentes a Portugual na América do Sul.Observe-o atentamente.

Agora, consulte um mapa atual da Améri-ca do Sul (que contenha a hidrografia e a divi-são política). Aponte as principais semelhançase diferenças entre eles, observando, principal-mente, a representação da forma do continentee da sua hidrografia. Troque idéias com seuscolegas.

1. Elabore uma narrativa contando uma situação emque a utilização de um mapa seria imprescindível.

2. Escreva sobre a importância que um mapa podeter no trabalho dos seguintes profissionais: na-vegador, taxista, corretor de imóveis e caminho-neiro.

1. Além de serem importantes naelaboração de mapas, paraque outros fins os satélites sãousados hoje em dia?

2. Por que os satélites são im-portantes para as pesquisasdesenvolvidas sobre a Terra?

3. Descreva algumas das dife-rentes maneiras que os saté-lites estão presentes em seucotidiano.

4. Na sua opinião, o Brasil deveter seus próprios satélites?Explique.

Os satélites artificiais, cada vez mais, fazem parte do dia-a-dia da vida moderna. Por meio deles, que estão equipadoscom sensores de alta tecnologia, recebemos imagens e notí-

cias do mundo inteiro e nos comunicamos através daInternet e de chamadas telefônicas de longa distância.

A maior parte dos satélites artificiais é lançada emórbita através de foguetes, também conhecidos como

veículos lançadores não recuperáveis, porque, após olançamento, eles não são recuperados pois ou se desintegram ou fi-cam perdidos no espaço.

Existem vários tipos de satélites artificiais: os satélites decomunicações, em maior número, os satélites de televisão, os satélitescientíficos, os satélites espiões ou para fins militares, os satélitesmeteorológicos e de sensoriamento remoto de recursos terrestres.

Teresa G. Florenzano. Imagens de satélite para estudos ambientais.São Paulo, Oficina de Textos, 2002.

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OCEANOATLÂNTICO

Passo Fundo

Guaíra

PortoSão José

Itararé

Ourinhos

Maringá

Cascavel

Londrina

IguaFoz do çu

Ponta Grossa

Joinville

Lages

Chapecó

São MiguelD´Oeste

Erechim

Criciúma

Santa MariaUruguaiana

Santana doLivramento

Bagé Pelotas

Curitiba

Florianópolis

Porto Alegre

Itajaí

Guarapuava

São Borja

Rio Grande

Jaguarão

Chuí

Tubarão

Paranaguá

Caxias do Sul

PR

SC

RS

N

LO

S

0 130 km

Capital de estado

Cidade principal

Rodovia

Rodovia — pista dupla

Ferrovias principais

Aeroportos principais

Portos principais

A necessidade de reproduzir com fidelidade emum mapa as características de determinado espa-ço levou os cartógrafos a desenvolverem uma sé-rie de códigos ou convenções, que são aceitosinternacionalmente. Por isso, um mapa geralmen-te pode ser compreendido independentemente dopaís em que foi produzido.

Os símbolos (figuras, desenhos, cores, linhas ouhachuras) dispostos no mapa têm a finalidade dereproduzir as características de um determinado lu-gar. Os rios, lagos, mares e oceanos, por exemplo,são representadas na cor azul; os aeroportos, comdesenhos de avião; as florestas e matas, em geral,na cor verde; as rodovias, com linhas e traços. Ossignificados desses símbolos, ou seja, dessas con-venções, são explicados no mapa por meio de umarelação chamada legenda. Observe algumasconvenções no quadro ao lado.

Convenções cartográficas

í

Principais vias de transporte na região Sul

Guia 4 Rodas Brasil. São Paulo, Abril, 2004.

A linguagem dos mapase dos gráficos

Exemplos de convenções cartográficas

Observe as convenções utilizadasno mapa ao lado e responda asquestões a seguir.

• Quantos e quais são os estadosda região Sul?

• Cite o nome das capitais e de al-gumas cidades importantes decada estado.

• Quantos são e onde estão loca-lizados os principais portos eaeroportos dessa região?

• Em qual estado da região Sulestá a maior parte da extensãode rodovias em pista dupla?

Assim como fotografias e textos, os mapas são fontes de informação para as pessoas.Porém, os mapas possuem uma linguagem própria que precisamos conhecer para melhorcompreendê-los. Você sabe interpretar as informações que um mapa apresenta? Como épossível representar uma cidade, um país ou mesmo todo o espaço terrestre em um mapado tamanho de uma folha de papel? Converse com seus colegas a respeito.

Page 13: Aula De Cartografia Completa

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1 : 10.000.0000 100 200 km

Principais cidades do Rio Grande do Sul

razão: a relação entre dois números

Escala

Escala numérica e escala gráfica

Quando se deseja conhecer a distância entredois pontos ou o tamanho real da área que estásendo representada em um mapa, deve-se obser-var a sua escala.

A escala é uma relação de proporção estabe-lecida por quem elaborou o mapa. Imagine, porexemplo, que se queira representar em uma folhade papel o quarto de uma casa com 3 metros delargura por 5 metros de comprimento, mantendoas mesmas proporções. Para que isso seja possí-vel, estabelece-se uma relação de proporção, istoé, uma escala entre a medida real e a que será uti-lizada na representação. Neste exemplo, a escalaestabelecida é a de que 1 metro na realidade equi-vale a 1 centímetro na representação.

Como se sabe, 1 metro é igual a 100 centíme-tros; então, de acordo com essa escala, 1 cm no

Usando como referência o mapa do estadodo Rio Grande do Sul ao lado, podemos cons-tatar que:

a ) a escala gráfica indica que cada centí-metro no mapa equivale a 10 000 000 decentímetros, ou 100 000 metros, ou ain-da 100 quilômetros no terreno, isto é, narealidade;

b ) a distância entre Porto Alegre e São Ga-briel no mapa é de 3 centímetros, o quecorresponde a uma distância real em li-nha reta de 300 quilômetros;

c ) a distância entre Passo Fundo e SantaMaria no mapa é de 2 centímetros, oque corresponde a uma distância realem linha reta de 200 quilômetros.

Meça com sua régua os lados do quarto mostradona figura e comprove se as proporções estão corretas,de acordo com a escala apresentada no texto.

papel corresponde a 100 cm na realidade, ou seja,a 1 metro. Isso quer dizer que a medida linear doquarto será reduzida 100 vezes.

Estabelecendo essa relação de proporção épossível agora desenhar sem problemas o quartona folha de papel.

o numerador da escala numéricaindica a medida no mapa

ou

o denominador indicaa medida na realidade

1cm : 100cm

1cm / 100cma escala gráfica acima mostra queum centímetro na representaçãoequivale a um metro na realidade

0 1 2 3m

0 1 2 3m

ou

Escala numérica é aquela indicada no mapasob a forma de fração, como, por exemplo, 1/100(lê-se 1 sobre 100), ou, como é comumente usa-da, na forma de razão*, 1:100 (lê-se 1 para 100);

A indicação da escala em um mapa pode serfeita de duas maneiras: a escala numérica e aescala gráfica.

Escala gráfica é aquela indicada no mapa soba forma de uma linha reta horizontal, dividida empartes iguais, como se fosse uma régua. Nela estãoindicadas as distâncias reais do mapa. A escalagráfica permite a visualização imediata do tama-nho e das distâncias entre os elementos de ummapa.

Page 14: Aula De Cartografia Completa

33

Explicar aos alunos que, para simplificar o denominador da escala que está em centímetros etransformar esse valor em quilômetros, devemos cortar cinco casas decimais partindo da direitapara a esquerda. Por exemplo: 900 000 cm = 9 km ou 150 000 cm = 1,5 km.

O mapa A está na escala aproximada de 1:25 000;isso quer dizer que cada centímetro no mapa correspon-de a 25 mil centímetros na superfície terrestre. Ou en-tão, simplificando a razão, teremos que cada centíme-tro representa 250 metros na realidade.

Variação da escalaAs escalas dos mapas permitem representar

um espaço qualquer em tamanho reduzido, inde-pendentemente de sua extensão real.

Os mapas abaixo representam partes da cida-de do Rio de Janeiro e áreas vizinhas. Nessesexemplos podemos perceber que, de acordo com

A quantos metros corresponderá narealidade cada centímetro representadono mapa B? E no mapa C?

Agora, utilizando-se das escalas dosmapas, descubra:

• no mapa A: a extensão aproximada dapista principal do aeroporto SantosDumont;

• no mapa B: a extensão aproximada,em linha reta, da ponte Rio—Niteróisobre o mar;

• no mapa C: a distância, em linha reta,entre Itaboraí e Nova Iguaçu.

0 250 m

1:900 000

1:150 000

Guia Quatro Rodas Ruas—Rio de Janeiro. São Paulo, Abril, 2003.

a variação da escala, mapas de tamanhos iguaispodem representar áreas maiores ou menores dasuperfície terrestre. Essa variação da escala resul-ta, também, em níveis diferentes de detalhe dasinformações representadas.

Observe atentamente os mapas A, B e C.

Mapa A

Mapa B

Mapa C

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Mapas temáticosAs características existentes em uma determi-

nada porção do espaço geográfico podem ser re-presentadas em um mapa. Entretanto, se muitas dascaracterísticas de um espaço forem mostradas emuma mesma representação, sua compreensão tor-na-se difícil. Por isso, determinados mapas repre-sentam especificamente um tema e são chamadosmapas temáticos. Conheça a seguir alguns tipos:

• mapas físicos: representam os aspectosnaturais de determinada área, como o re-levo, a hidrografia, o clima e a vegetação;

Arroz

Café

Soja

Feijão

Milho

Cana-de-açúcar

Aves

Bovinos

Suínos

• mapas econômicos: representam a distri-buição das riquezas de determinado lugar,como a localização de recursos minerais, dasindústrias e da produção agropecuária;

• mapas históricos: mostram, por exemplo,como era a distribuição da população e a ex-tensão dos domínios de determinado povo,em épocas passadas.

AGRIDATA—Secretaria doEstado da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento,Minas Gerais, 2004.

0 150 km

Atual limitedo territóriobrasileiro

Limite impostopelo Tratado deTordesilhas - 1494

Terraspertencentesà Espanha

Terraspertencentesa Portugal Adaptado do Atlas Histórico e Geográfico

Brasileiro. Rio de Janeiro,Fename — MEC, 1967.

550 km0

Os mapas acima e ao lado sãoexemplos de mapas temáticoscitados no texto. Identifiquecada um deles e especifique ostemas que estão representando.

PR

RS

Florianópolis

Rio Uruguai

Rio C

hapec

ó

Rio d

o Peix

e

Rio

Pep

eri-

Gu

açu

Rio Canoas

Rio P

elota

s

Rio Tubarão

Rio Itajaí-Açu

OCEANOATLÂNTICO

Campos

Mata Atlântica

Mata de Araucária

Floresta Subtropical

Vegetação Litorânea

0 40 km

N

LO

S

Adaptado de Seplan—SC. Atlas Escolarde Santa Catarina. Rio de Janeiro,

Aerofoto Cruzeiro, 1991.

Page 16: Aula De Cartografia Completa

35

Planta, planisfério e globo geográficoOs mapas também diferenciam-se de acordo

com a escala e a função que desempenham. Quandorepresentamos uma área restrita, como uma casa,um bairro ou uma cidade, recorremos às plantas.Em geral, as plantas são produzidas em uma es-cala grande (1:20, 1:100, 1:5 000), em que po-dem ser incluídos um maior número de detalhes.

Por outro lado, quando se deseja representaruma grande extensão de terras, como toda a su-perfície terrestre, utiliza-se o planisfério oumapa-múndi. Esse tipo de mapa é muito utilizadonas escolas, pois com ele é possível visualizartodos os continentes, oceanos e países ao mesmotempo. O Brasil, por exemplo, pode ser visto aomesmo tempo que o Japão, a China e a Austrália,ainda que esses países estejam situados no hemis-

fério Oriental, oposto ao do Brasil. Porém, nosplanisférios, muitas vezes não é possível percebercomo determinados pontos da superfície terres-tre são bem mais próximos do que parecem. Umplanisfério em que a Europa apareça representa-da no centro, por exemplo, mostra a América doNorte e a Ásia separadas, cada qual em um extre-mo do mapa. No entanto, quando se observa umglobo geográfico, percebe-se que, em uma deter-minada área, esses dois continentes estão muitopróximos, separados apenas por um pequeno es-treito, denominado estreito de Bering.

Dessa maneira, um globo geográfico repre-senta a forma e a superfície da Terra com maiorfidelidade que um mapa, sendo um instrumentodidático amplamente utilizado.

Sabendo das particularidades e das diferenças deescala existentes entre as plantas e os planisférios,responda: em quais tipos de trabalho e para quaisprofissionais cada uma dessas representações podeter maior utilidade?

Imagine que você precisa estabelecer uma rota denavegação marítima, a mais curta possível, entre oBrasil e a Austrália. Qual representação você usaria:um planisfério ou um globo geográfico? Explique omotivo de sua escolha.

Planta

Globo geográfico

Planisfério

Esclarecer aos alunos que o globo geográfico também é comumente denominadoglobo terrestre. Ver explicações em Orientações e propostas para o trabalho decada capítulo no caderno de Orientações ao Professor, na página 19.

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Vegetação

Como interpretar um mapaA interpretação de um mapa exige certos pro-

cedimentos e alguns cuidados. É preciso colocar omapa aberto sobre uma mesa e observar atenta-mente o que ele expressa. Dispondo-o horizontal-mente sobre uma superfície plana, temos a impres-são de que estamos sobrevoando o espaço ali re-

Quando contemplamos uma paisagem ao nível do chão, estamos observando-ade um ponto de vista horizontal. Se estivermos em posições mais elevadas,podemos também observá-la de pontos de vista oblíquo ou vertical.

Um mapa mostra os elementos de um determinado lugar como se os obser-vássemos de um ponto de vista vertical. Veja a seguir.

Escolha alguns objetos da sala de aula ou de suacasa e observe-os dos pontos de vista horizontal,oblíquo e vertical. Desenhe esses objetos comovocê os vê, de acordo com os diferentes pontos devista. Procure ver os desenhos produzidos pelosseus colegas.

presentado. Assim, nossa visão será abrangente eteremos uma importante noção do conjunto. Parainterpretar o mapa, também devemos tomar conhe-cimento dos importantes elementos que o com-põem, como título, legenda, escala, orientação efonte, e relacioná-los ao que está representado.

0 4 8 m

Lagoa

Construções

Áreas cultivadas

Ponto de vista horizontal Ponto de vista oblíquo

Ponto de vista vertical Mapa (resultado do ponto de vista vertical)

Vegetação

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NorteNordesteSudesteSulCentro-Oeste

Área ocupada pelas regiões brasileiras

Gráficos

Gráfico de colunas

%

451811

719

Regiões

Segundo o gráfico, qual região brasi-leira ocupa uma área maior? Com qualporcentagem? E qual região ocupa umaárea menor? Com qual porcentagem?Em qual região você vive? Qual porcen-tagem de área ela ocupa?

Assim como os mapas, os gráficos são recur-sos visuais muito utilizados para facilitar a leiturae a compreensão de informações sobre fenô-menos e processos naturais, sociais e econômicos.No nosso dia-a-dia, basta abrirmos as páginas dosjornais, revistas e livros ou mesmo assistirmos aostelejornais e programas educativos para perce-bermos o quanto esse recurso é explorado pelosmeios de comunicação.

O gráfico é uma representação com formageométrica construída de maneira exata eprecisa a partir de informações numéricas obtidasatravés de pesquisas e organizadas em umatabela. Existem vários tipos de gráficos e osmais utilizados são os de colunas, os de linhas eos circulares.

O gráfico de colunas é composto por duaslinhas ou eixos, um vertical e outro horizontal. Noeixo horizontal são construídas as colunas querepresentam a variação de um fenômeno ou de umprocesso de acordo com sua intensidade. Essaintensidade é indicada pelo eixo vertical. As colu-nas devem sempre possuir a mesma largura (no

caso do exemplo abaixo, 0,7 cm) e a distância en-tre elas deve ser constante (no caso, 0,3 cm).

A tabela abaixo especifica o percentual quecada grande região brasileira ocupa em relação aototal da área do território nacional. A partir dosdados da tabela foi possível construir o gráfico decolunas a seguir.

Anuário Estatístico do Brasil.Rio de Janeiro, IBGE, 2003.

Os gráficos são muito utilizados para representar dados e in-formações estudados pela Geografia, pela Economia, pelaSociologia, entre outras ciências.

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

%

Regiões0

10

20

30

40

50

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Gráfico circular

Gráfico de linha

Evolução da taxa de analfabetismo no Brasil

Os gráficos circulares são representa-dos por círculos divididos proporcionalmentede acordo com os dados do fenômeno ou doprocesso a ser representado. Os valores sãoexpressos em números totais ou em percen-tuais (%).

Distribuição do trabalho infanto-juvenil (10 a 15 anos) no Brasil(por atividades econômicas)

O gráfico de linha é composto por dois ei-xos, um vertical e outro horizontal, e por uma li-nha que mostra a evolução de um fenômeno ouprocesso, isto é, o seu crescimento ou diminuiçãono decorrer de determinado período.

A tabela a seguir mostra como evoluíram as

Com base na tabela e no gráfico de linha, responda: de 1950 a 2003, a taxa de analfabetismoaumentou ou diminuiu? Quanto? Quais eram os percentuais de analfabetos nestes anos? Nasua opinião, qual a importância dos estudos para as pessoas? Converse com seus colegas arespeito e procurem saber a taxa atual de analfabetismo no Brasil.

A tabela a seguir mostra como os trabalha-dores infanto-juvenis (com idades entre 10 e 15anos) estão distribuídos, proporcionalmente,por atividades econômicas no Brasil. Com osdados da tabela foi possível construir o gráficocircular que está ao lado dela. Observe.

Simon Schwartzman. Trabalho Infantilno Brasil. Brasília, OIT, 2001.

taxas de analfabetismo no Brasil, ou seja, o percen-tual de pessoas acima de 15 anos que não sabemler e escrever em relacão ao total da população bra-sileira, entre 1950 e 1999. A partir dos dados databela pôde-se construir o gráfico linear que está aolado dela.

Almanaque Brasil 97/98. Rio de Janeiro, Terceiro Mundo, 1997. PNAD. Rio de Janeiro, IBGE, 1999 e 2003.

Depois de ter observado a tabela e o gráfico circular, responda: em que setor de atividade econômica a maioriados jovens está empregada? Com qual percentual? Qual dos setores emprega menos trabalhadores infanto-juve-nis? Você tem colegas que, além de estudar, também trabalham? Em que setor de atividade?

195019601970198019912003

50,639,733,725,920,111,2

Populaçãoanalfabeta

(em %)Ano

agrícola 56serviços 21comércio 13indústria 6construção civil 3outras 1

%Atividade

1950 1960 1970 1980 1991 20030

10

20

30

40

50

60(%)

50,6%

39,7%33,7%

25,9%20,1%

11,2%

Page 20: Aula De Cartografia Completa

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Construção de mapa

Questões de compreensão

Em uma folha de papel, produza ummapa que indique o caminho de sua casaaté a escola. Com o auxílio de uma bússolaou da posição do Sol, tomando comoreferência a sua casa, localize os quatropontos cardeais. Não esqueça de traçar asruas, as avenidas ou as estradas com seusrespectivos nomes. Indique também, pormeio de símbolos, alguns pontos de referên-cia existentes no percurso, como estabele-cimentos comerciais, igrejas, pontos de ôni-bus, etc. Organize, no canto do mapa, umalegenda explicativa para os símbolos quevocê desenhou.

Apresente seu mapa a alguns colegasda sala e peça para que eles verifiquem se,com o auxílio de sua representação, seriapossível ir de sua casa até a escola, ou vice-versa. Faça o mesmo com o mapa deles etroquem sugestões para aperfeiçoar o tra-balho de cada um.

Para completar a atividade de construção de mapa, ver sugestão em Construção de Atlas em Orientaçõespara atividades complementares no caderno Orientações ao Professor, na página 20.

1. Imagine que lhe pedissem para produzir um mapaonde 1 centímetro no papel seria equivalente a600 quilômetros na realidade. Como seria a es-cala numérica e gráfica desse mapa? E se a pro-porção fosse de 1 centímetro na representaçãopara 10 quilômetros na realidade?

2. Em um mapa que possui escala 1:500 000, a dis-tância em linha reta entre duas cidades no papelé de 4 centímetros. Qual é a distância real entreas duas cidades em quilômetros?

3. Suponha que você precise comprar um mapa deuma cidade que apresente uma grande quanti-

dade de detalhes, e que o vendedor lhe mostredois mapas: um com escala 1:10 000 e outrona escala 1:1 000 000. De acordo com a suanecessidade, qual deles você compraria? Porquê?

4. Cite duas características que diferenciam asplantas dos planisférios.

5. “Com um mapa-múndi, pode-se ver o mundo in-teiro de uma só vez!” Comente essa afirmação ecite dois casos em que a utilização do mapa-múndi é necessária.

Pesquisa e análise de gráficos

Pesquise, em revistas, jornais e livros, algunsexemplos de gráficos de linhas, circulares, de colunase de outros tipos que encontrar.

Traga os gráficos para a sala de aula e, com o au-xílio do professor, analise-os. Procure identificar o seutipo e a informação que apresentam.

Escolha, entre os gráficos que pesquisou, aqueleque você considerou de fácil compreensão ou aquelecujo tema representado tenha lhe chamado a atenção.

Veja o resultado da pesquisa de seus colegas,observe como os gráficos foram analisados e conhe-ça os gráficos que eles escolheram.