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CONVERGÊNCIA DA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Como Preparar a Infraestrutura de Comunicação da Produção para a Indústria 4.0

1 MÁRCIO VENTURELLI

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Márcio Venturelli

CONVERGÊNCIA DA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

Como Preparar a Infraestrutura de Comunicação da

Produção para a Indústria 4.0

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Estamos em um momento onde há grandes discussões a

respeito da Indústria 4.0, é natural, pois existe uma expectativa

de uma grande mudança na forma de como vamos lidar com a

produção no futuro, todavia ainda existem questões básicas,

uma vez que a base da Indústria 4.0 é unir as informações,

pessoas e máquinas em um único ambiente (cibernético) e

com isso nos perguntamos:

Como unir física e logicamente todas as informações de um

ambiente empresarial para pavimentar esta Quarta Revolução?

Para delimitar nosso texto, vamos escrever sobre três questões

de muita relevância neste momento de transição, que é a

convergência das informações:

O que é unir informações da TA (Tecnologia da

Automação), TI (Tecnologia da Informação) e IIoT

(Internet Industrial das Coisas);

Como montar uma infraestrutura de Convergência de TI,

TA e IIoT;

Como gerar Valor na produção industrial com a

Convergência das informações.

Estes itens darão um formato para as respostas que, hoje

precisam ser respondidas e aplicadas para que haja sucesso na

evolução desta transição para Indústria 4.0.

Para um bom entendimento do que vamos escrever aqui,

relacionamos abaixo os principais termos usados no texto, de

forma sucinta e direta, não esgotam o assunto pois o objetivo é

dar uma ideia e desde já, sugerimos uma pesquisa mais

aprofundada em cada item:

TI – Tecnologia da Informação – todo o conjunto de

Hardware e Software para gestão da unidade

empresarial;

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TA – Tecnologia da Automação – todo o conjunto de

Hardware e Software responsável pela medição,

controle, automação e segurança da planta / máquina

na unidade produtiva;

IIoT – (Industrial Internet of Things) - Rede de

comunicação que produz e consome informações da

unidade industrial através das pessoas, máquinas,

equipamentos e dispositivos;

Cloud – Conceito de disponibilizar as informações na

“Nuvem” (Internet), como principal objetivo de

centralizar, proteger e distribuir informações;

Big Data – Banco de dados com características de

(Volume, Velocidade e Variedade) onde se centraliza,

grava e analisa todas as informações da unidade

empresarial.

Dado o entendimento do tema e sua importância, vamos

imaginar um cenário, que é muito real no dia a dia das

industrias:

O departamento de TI faz gestão de dados off-line

(planilhas) do setor de produção;

A operação (automação) somente foca comando e

controle, mas não “enxerga” a produção;

As tomadas de decisões de produção são reativas

(lentas) e não são alinhadas ao negócio de forma

estratégica.

Cenários como os descritos acima são comuns e serão nossos

direcionares para entender a importância da convergência das

informações da empresa no âmbito de TI, TA e IIoT.

Como toda tecnologia o conhecimento de sua evolução nos

mostra os impactos que provocam em seu ambiente de

aplicação, em nosso caso, entendendo que TI e TA se

convergiram ao longo do tempo, em seu início não houveram

nenhuma relação entre as duas, porém hoje pensamos

praticamente em um único ambiente, unindo as informações de

forma transparente e inter-relacionada.

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O entendimento de unir as informações, através das redes, da

TI e TA é de fácil entendimento no tocante a coletar dados,

porém quando pensamos nos desafios técnicos, é importante

saber que estes mesmos desafios são diferentes entre estas

duas áreas, com isso é importante dar a devida atenção na

solução de cada uma, uma vez que o resultado final é atender

os dois ambientes de forma a ser uma única rede de

informações, então segue abaixo os desafios da TI e TA:

Prioridade da TI: Proteger Dados

1. Confidencialidade

2. Integridade

3. Disponibilidade

Prioridade da TA: Proteger o Processo

1. Integridade

2. Disponibilidade

3. Confidencialidade

Com o entendimento acima, podemos agora então conceituar o

que é convergência:

Convergência é a tecnologia e a técnica de interligar as redes

de informação de toda a cadeia produtiva industrial, com

objetivo de formar dados inteligentes para tomada de decisões.

A convergência das informações, no ambiente industrial, traz

benefícios para a produção e a empresa como negócio e seu

conjunto empresarial, relacionamos abaixo alguns dos

principais:

Decisões Estratégicas

Regras de Negócio

Menor Tempo de Colocação Produto no Mercado

Flexibilidade na Produção

Padronização da Operação

Manutenção Inteligente

Menor Custo de Propriedade

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Redução de Custos

Economia de Energia

Aumento da Segurança

Eliminação de Erros

Melhoria do uso do Ativo

Redução do Desperdício

Transparência nos Negócios

Gerenciamento do Risco do Negócio

A infraestrutura que permite todas estas conexões se dá por 3

redes básicas, como vimos, da TI, TA e IIoT, cada uma destas

redes funcionam de forma independente dentro de seu

ambiente, porém é importante entender que elas serão unidas

dentro do Big Data e poderão ficar disponíveis através do

Cloud, tudo isso com estrutura de segurança de dados,

lembrando que o resultado final é um ambiente cibernético,

onde as informações, as pessoas e as máquinas

(equipamentos) trocaram informações entre si, de forma

segura, consistente e com objetivos definidos.

De tudo que falamos, entendemos que com todo este ambiente

interligado, naturalmente tenho uma quantidade de informações

que antes não era possível, sem esta interconexão, um

operador se limita a apenas ligar ou desligar um motor, por

exemplo, mas em um ambiente interconectado, as informações

que chegam ao operador fazem com que haja interação com a

manutenção, produção e custos, tudo isso em tempo real e

com tomada de decisões precisas.

Com todas as informações trafegando pela rede, passamos a

operar plantas com informações On-Line, isto é, exatamente

no momento que está acontecendo eu tenho a informação e de

diversas formas, tanto na tela do computador, com em um

Tablet ou celular, tanto no ambiente local, quanto remoto, em

formatos de gráficos, e-mail, SMS e tantos mais meios

eletrônicos e amigáveis que existirem.

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Com este novo ambiente eu customizo minha gestão, isto é, eu

crio um ambiente onde podemos dirigir a produção com

indicadores que impactam na eficiência produtiva, no custo e

na segurança, por exemplo, com isso a energia de operação

fica em indicadores focados com metas e estes estão

relacionados no grande ambiente de negócios, onde tudo se

impacta na alteração destes indicadores.

Quando falamos em decisões estratégicas, devemos pensar no

impacto de qualquer variável no processo que cause um efeito

na ponta do negócio, com a convergência é possível, por

exemplo, entender que quando um equipamento oscila na

produção o mesmo pode ocasionar variabilidade no processo,

elevando custos energéticos e de manutenção, elevando o

custo total do produto, alterando o custo especifico e

impactando na ponta a satisfação do cliente.

Esta nova forma de analisar, não tem novidade, uma vez que

os sistemas de gestão podem fazer isso já há algum tempo,

todavia quanto trazemos as melhores práticas de gestão e

colocamos as informações em tempo real de todos os

processos e relacionamos todas as variáveis, analisamos com

antecedência todo e qualquer variação no negócio como um

todo, isso é gestão estratégica.

Como vimos, a convergência é a união, física e lógica das

redes, mas como funciona toda esta troca de informações

neste ambiente cibernético?

Primeiro temos que entender a tecnologia, vou falar sobre um

dos modelos mais utilizados, da mesma forma não esgota o

assunto, pois há muita tecnologia envolvida, mas vamos passar

como é uma estrutura básica.

Quando pensamos em potencializar as informações de todas

as redes, precisamos entender um conceito básico que é

produzir a informação e outro que é consumir esta informação,

para isso todo o conjunto de redes deve estar preparado para

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isso, hoje temos os WebService que é uma tecnologia de troca

de informações, onde programamos blocos que vão gerar e

consumir dados, através de um padrão e um objetivo

específico.

Nas redes industriais hoje temos o OPC-UA, que é o padrão de

comunicação industrial com Arquitetura Unificada, que permite

usar linguagem para WebService, pois utiliza a o XML, que é um

padrão de linguagem que permite todas as trocas de

informações entre todas as redes.

Tudo isso conectado numa arquitetura física e lógica, utiliza-se

um protocolo chamado de SOAP (Protocolo Simples de Acesso

a Objetos), que permite esta produção e consumo de

informações dentro de um ambiente definido, de conexão via

Internet.

Todo este conjunto de hardware, softwares e linguagem de

troca de informações, chamamos de arquitetura em SOA,

Arquitetura Orientada a Serviços, onde independente dos

equipamentos, utilizamos padrões de informações e troca de

dados.

Para dar um exemplo de fácil entendimento, os sistemas de

pagamento de cartões de crédito, onde se conecta a parte

fiscal, ao banco e a administradora do cartão, com diversos

tipos de hardware que produzem e consomem informações

referentes a compra, ao cliente, ao fornecedor, ao fisco, ao

comércio, tudo num único ambiente de internet, é o mesmo

conceito tecnológico de nossa convergência.

Uma vez que agora temos um ambiente de informações,

conectados de forma interna e externa, as ameaças se

segurança, que antes eram de preocupação exclusive da TI,

passam para este ambiente, onde inclui-se a TA e o IIoT.

Todo este ambiente deve ser protegido de acessos não

autorizados, ameaças lógicas, intrusos, definições de políticas

de acesso, não só no ambiente corporativo, mas também no

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industrial, uma vez que temos informações de máquinas e

processo no mesmo ambiente de rede.

Não é objeto de nossa apresentação falar de Cibersegurança,

trataremos este tema numa outra oportunidade, todavia é

importante colocar este item como parte fundamental do

projeto de convergência.

Para implantar o projeto de convergência, relacionamos abaixo

alguns itens fundamentais que devem ser observados, também

não é um roteiro fixo e nem pronto, é necessário um projeto

multidisciplinar com a TI e TA, mas apontamos alguns itens a

observar:

Desenhe todos os fluxos de negócios e suas inter-

relações com todas as redes (Workflow com proposição

de Valor);

Prepare todas as redes de forma a serem produtoras e

consumidoras de informações (padrão);

Faça um projeto de conexão física, lógica, de segurança

e de interligação das redes;

Programe os Webservices de acordo com as regras de

negócio;

Treine as pessoas para o uso do Valor do conhecimento

da planta que está no Big Data, trazendo os benefícios

para o Negócio.

Como estamos em uma transição, a Cultura é uma questão

importante para entender tanto o impacto no uso, como nas

barreiras a sua implantação:

Vivemos a transição do dado físico para o virtual, a

capacidade de absorção está no profissional;

A mudança dos índices de produtividade no Brasil

passará necessariamente pelo investimento na educação

profissional e inovação tecnológica;

A nova geração habituada as redes sociais, informação

onipresente e decisões instantâneas, serão os novos

operadores da Fábrica Inteligente.

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As novas tecnologias e a convergência mudarão alguns

formatos tecnológicos que temos em nossas plantas,

descrevemos abaixo algumas tendências que entendemos que,

terão grande impacto num futuro próximo:

Assim como a convergência das informações, há

tendência da convergência dos sistemas de gestão, não

haverá diferença entre ERP, MES, BI, CRM e tudo mais;

A gestão de Operação e Manutenção caminha para

Decisões baseada em Eventos, os procedimentos e

ações serão automatizados, dando cognição a cada

ação tomada;

As infraestruturas de TA caminham para serem

administradas igual a TI – SaaS – Software as a Service

(Software como Serviço), IaaS – Infrastructure as a

Service (Infraestrutura como Serviço); PaaS – Platform as

a Service (Plataforma como Serviço).

Concluímos que, quando pensamos em convergência, temos

que pensar em simplificação e potencialização, em nosso caso

juntar TI e TA é aumentar o valor destes ativos de forma a obter

ganhos de produtividade na indústria nunca antes vistos.

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SOBRE O AUTOR

• Márcio Venturelli trabalha no

mercado de automação industrial há 20 anos, tendo passado por diversos departamentos, tais como, assistência técnica, treinamentos, comissionamento, projetos, engenharia, marketing e negócios.

• Trabalhou em diversos projetos de implantação de sistemas de automação e controle operacional de plantas de bioenergia, transformação e manufatura, no Brasil e no exterior.

• Atualmente trabalha em desenvolvimento de novos mercados e novas tecnologias com foco em arquitetura de soluções na área de automação industrial, tendo como principal diretriz, geração de valor para o usuário, nas dimensões: aumento da produção, redução de custos e elevação da segurança operacional.

• Professor universitário de pós-graduação de automação industrial e gerenciamento de projetos.

• Membro Sênior da ISA (Sociedade Internacional da Automação), Coordenador do Comitê de Automação Industrial do CEISE Br e Diretor de Safety Bus da PI (Profibus Internacional).

• Graduado em Ciência da Computação, com especialização em Controle e Automação Industrial, Pós-Graduado em Gestão Industrial, Pós-Graduado em Tecnologia do Petróleo e Gás e possui MBA em Estratégia de Negócios.

ATUALIZADO NOV/2015