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Delírio no paciente Idoso

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Page 1: Delírio no paciente Idoso

Delirium no paciente idoso

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Definição

Delirium é uma emergência geriátrica e, ao mesmo tempo, o distúrbio

psiquiátrico mais comum em pacientes idosos hospitalizados.

É uma síndrome que se inicia subitamente, tem curso flutuante e

manifesta-se por comprometimento global das funções cognitivas, distúrbio da

atenção e do ciclo sono-vigília e actividade psicomotora anormalmente elevada

ou reduzida.

Raramente é diagnosticado e/ou tratado, quando eventualmente

reconhecido. Na maioria das vezes é confundido com depressão, demência ou

psicose.

Diagnóstico

A palavra delirium define um estado de confusão mental aguda

potencialmente reversível. No vocabulário leigo, delirium denota um estado de

hiperactividade francamente psicótico. No idoso, a forma mais comum de

apresentação de delirium é a hipoactiva, com sonolência, por isso mesmo

raramente diagnosticada. Nessas situações, geralmente são os familiares os

primeiros a perceberem as primeiras alterações do estado mental do paciente.

De acordo com a versão mais recente do Manual Estatístico e Diagnóstico da

Associação Psiquiátrica Americana (DSM-IV), para o diagnóstico de delirium

requer-se a presença de quatro características fundamentais (Tabela). As três

primeiras características definem a síndrome de delirium e a quarta, sua

provável etiologia: doença física, toxicidade medicamentosa, abstinência,

múltiplas etiologias e, no caso de não se poder atribuir a nenhuma causa, sem

outra especificação (SOE).

Tabela – Critérios diagnósticos para delirium devido a doença clínica

A. Distúrbio da consciência (isso é, diminuição da percepção do ambiente) com

diminuição na capacidade para focalizar, manter ou mudar a atenção.

B. Uma alteração na cognição (tal como uma deficiência de memória,

desorientação, ou distúrbio de linguagem) ou o desenvolvimento de um

distúrbio da percepção que não possa ser atribuído a uma demência

preexistente, estabelecida ou em evolução.

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C. O distúrbio desenvolve-se em curto espaço de tempo (usualmente horas a

dias) e tende a flutuar durante o curso do dia.

D. Há evidência na história, exame físico ou exames laboratoriais de que o

distúrbio seja causado pelas consequências fisiológicas directas de uma

condição clínica geral qualquer.

Fonte: American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of

Mental Disorders, Fourth Edition, 1994.

A primeira característica do delirium é o distúrbio da consciência, que

envolve alteração do nível de percepção do ambiente e redução da capacidade

para concentrar, manter ou mudar a atenção. O paciente idoso usualmente

mostra-se desatento, letárgico, sonolento, incapaz de obedecer a ordens

complexas ou manter raciocínio sequenciado, distraindo-se com muita

facilidade. Raramente o idoso com delirium apresenta-se hiperactivo, agitado

ou agressivo.

A segunda característica do delirium é a presença de distúrbios

cognitivos muito além do que se poderia esperar de uma demência

preexistente ou em evolução. Nesse caso, as manifestações vão da perda

evidente de memória, desorientação e alucinações até distúrbios leves de

linguagem e percepção. Nos pacientes com delirium, a fala é arrastada e

desconexa, a compreensão é falha e a escrita quase impraticável. O fenómeno

de perseverança é comum. A resposta à primeira pergunta geralmente é dada

à segunda ou terceira, denunciando a dificuldade que esses pacientes

apresentam para concentrar e mudar a atenção. Podem ocorrer também

ilusões e alucinações, mas, entre idosos, são mais comuns erros de

interpretação e identificação.

A terceira característica do delirium é a sua instalação aguda e seu

curso flutuante. Desenvolve-se em horas ou dias, característica de grande

importância cronológica no diagnóstico diferencial com demência. Acumulam-

se evidências de que os sintomas de delirium se tornem mais intensos ao

entardecer e durante a noite.

A quarta característica do delirium é a presença de uma ou mais

doenças clínicas ou de toxicidade medicamentosa. Os idosos são susceptíveis

ao desenvolvimento de delirium como consequência de uma grande variedade

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de factores orgânicos que podem actuar isolados ou, com maior frequência, em

associação.

Prevenção

Desde a constatação de que delirium se acompanha de elevados índices

de morbidade e mortalidade, prevenir delirium tornou-se uma grande

preocupação e uma árdua tarefa, nem sempre coroada de êxito, já que os

factores determinantes são muitas vezes assintomáticos. Recente trabalho de

Inouye e colaboradores demonstra que podemos reduzir a incidência global de

delirium abordando preventivamente factores de risco como deficiências

cognitiva, visual e auditiva, privação do sono, imobilidade e desidratação. Essa

intervenção pode reduzir a incidência de delirium em 40%.