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Rosária Maria da Silva (ex-mendiga) Mensagem psicografada numa reunião mediúnica em 05/05/91, na Casa Espírita Eurípedes Barsanulfo

EX MENDIGA

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Rosária Maria da Silva (ex-mendiga) Mensagem psicografada numa reunião

mediúnica em 05/05/91, na Casa Espírita Eurípedes Barsanulfo

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Durante quase um ano a minha casa foi na esquina da rua Paula Freitas em Copacabana.

Junto a outros esquecidos como eu, ali esperava que um milagre acontecesse,

permitindo-me recuperar a vida que a cada momento se perdia.

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Sentada à calçada, quantas vezes olhando aqueles que passavam felizes, perguntava

a mim mesma porque a vida me tinha sido tão ingrata... Crescendo em meio à pobreza,

mesmo em criança nunca nenhum sonho meu fora atendido, nem um só desejo realizado.

Sentia-me doente e só naquela tarde quase noite.

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O estomago doía e eu pensava que logo a noite chegaria e como seria difícil suportá-la,

pois a fome que aumentava e o frio que se anunciava certamente não me deixariam,

mais uma vez, dormir. Recusáva-me a usar a bebida, como outros

companheiros, por único recurso possível para alcançar o beneficio do sono.

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Algo dentro de mim impedia-me de buscar o esquecimento daquela forma.

Assim, mais uma noite chegou. Logo o movimento da rua foi diminuindo e os Amigos que comigo

viviam buscaram a marquise, aconchegando-se uns aos outros de modo a adormecer.

Quieta, tudo observava enquanto pensava:

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¬Meu Deus! Por que a vida é assim? me ajuda, meu Deus, me ajuda!

De repente, ouvi uma voz e alguém me tocou. Percebi que, sem sentir, adormecera.

Amedrontada e assustada abri os olhos e fixei-os em quem falava.

Um homem jovem me oferecia um prato de comida.

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Ansiosa aceitei, ao ver que os companheiros aceitavam também.

Ainda recordo a sensação confortadora de comer. Há tanto tempo não comia algo assim!

Tentava conter as minhas lágrimas, disfarçando a emoção que

me tomava o coração.

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Deus havia respondido a meu apelo. E me ensinava, naquele momento, que era

necessário continuar acreditando que, dentre aqueles que passavam apressados, alguns

observavam a pobreza esquecida e rejeitada que aí ficava, à beira da sarjeta.

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Alguém percebia que somos gente e temos fome e frio, mas temos também sonhos e sentimentos.

Não consegui saber o nome do moço que me estendeu a sua mão e o seu carinho,

confortando-me naquela noite de solidão.

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Mas pedi a Deus que o abençoasse e a seus Amigos que naquela noite deixavam as suas

casas para levar um pouco de conforto aos miseráveis do caminho. Após alimentar-me adormeci, feliz, e num estranho mistério naquela

noite Deus respondeu a todas as minhas preces, pois ao final da madrugada

adormeci para acordar, mais tarde, em um novo mundo, já desligada de meu cansado e

doente corpo de carne.

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Oh! irmãos! Não vos esqueçais de que nestes corpos sujos e doentes, que o

vosso instinto rejeita e o vosso coração distraído muitas vezes repudia, existe um coração

que sonha a esperar! Sonha com o dia em que, na Terra, todos possam desfrutar

igualmente as bênçãos da vida, porque o espírito da verdadeira fraternidade já tem lugar no

coração dos homens.

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Lembrai-vos de que, um dia, veio à Terra o filho unigênito de Deus e

elegeu para seus companheiros os pobres e sozinhos.

Abri as portas de vossos lares.

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Abri as portas de vossos corações, na certeza de que, de nosso coração,

um agradecimento se eleva a Deus pelos gestos de bondade que a nós endereçais.

Jesus vos abençoe a todos.