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BRUNA CAROLINA DE SOUZA MONIQUE BECKER ENTRE O BATOM E O MICROFONE Documentário sobre a trajetória das mulheres no jornalismo blumenauense entre as décadas de 1960 e 2010 BLUMENAU 2011

PEC Bruna Souza e Monique Becker

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BRUNA CAROLINA DE SOUZA

MONIQUE BECKER

ENTRE O BATOM E O MICROFONE

Documentário sobre a trajetória das mulheres no jornalismo blumenauense entre as

décadas de 1960 e 2010

BLUMENAU

2011

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BRUNA CAROLINA DE SOUZA

MONIQUE BECKER

ENTRE O BATOM E O MICROFONE

Documentário sobre a trajetória das mulheres no jornalismo blumenauense entre as

décadas de 1960 e 2010

Teoria e Método de Pesquisa em Comunicação

Professora: Rosemeri Laurindo

Curso: Jornalismo VII

IBES SOCIESC

BLUMENAU

2011

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO...............................................................................................................03

1.2 OBJETIVOS.......................................................................................................................04

1.2.1 Objetivo Geral................................................................................................................. 04

1.2.2 Objetivos Específicos.......................................................................................................04

1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................................04

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .....................................................................................05

2.1 O PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE.....................................................................05

2.2 JORNALISMO, CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE................................................08

2.3 O DOCUMENTÁRIO JORNALÍSTICO.......................................................................... 09

2.4 LINGUAGEM TELEVISIVA ...........................................................................................12

2.5 A TELEVISÃO NO BRASIL.............................................................................................12

2.6 A TELEVISÃO CHEGA A SANTA CATARINA............................................................15

2.7 TV COLIGADAS – PROGRAMAS FEMININOS............................................................16

2.8 FATOS MARCANTES DE CADA DÉCADA..................................................................17

2.8.1 Década 1960.....................................................................................................................18

2.8.2 Década 1970.....................................................................................................................18

2.8.3 Década 1980.....................................................................................................................19

2.8.4 Década 1990.....................................................................................................................20

2.8.5 Década 2000.....................................................................................................................21

2.9 A VOZ FEMININA NO VALE DO ITAJAÍ....................................................................21

3 RELATO DA PRÉ-PRODUÇÃO .....................................................................................26

3.1 PRÉ PRODUÇÃO..............................................................................................................26

3.2 PRODUCAO E REALIZAÇÃO........................................................................................27

3.3 PÓS PRODUÇÃO E FINALIZAÇÃO...............................................................................28

4 CONCLUSÃO......................................................................................................................29

REFERÊNCIAS......................................................................................................................30

5 APENDICES.........................................................................................................................32

5.1 PRÉ ROTEIRO...................................................................................................................32

5.2 CRONOGRAMA................................................................................................................35

5.3 ORÇAMENTO...................................................................................................................39

5.4 AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM........................................................................40

ANEXOS..................................................................................................................................41

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1 APRESENTAÇÃO DO PRODUTO FINAL

Contar a história de um povo é resgatar o passado e relatar a realidade, é reunir dados

e ouvir pessoas.

Neste vídeodocumentário, realizado durante a sétima fase do curso de Comunicação

Social – Jornalismo do Instituto Blumenauense de Ensino Superior (IBES), as pesquisadoras

têm o objetivo de relatar a importância das mulheres na imprensa jornalística blumenauense

entre as décadas de 1960 e 2010, por meio de entrevistas com algumas delas que se

destacaram na televisão em sua época.

Ao todo são 63 nomes de mulheres, repórteres e âncoras, que as acadêmicas buscaram

durante a pesquisa, entre elas, dez farão parte do documentário, por terem se destacado e/ou

vivido um momento marcante para a história da televisão em nossa cidade. Outras três

relataram sua trajetória, momentos marcantes, dificuldades e detalhes do trabalho na televisão

por meio de depoimento escrito.

O documentário irá mostrar como elas influenciaram na valorização da figura

feminina neste meio, primeiramente dominado pelos homens. Temas como o surgimento da

televisão em Santa Catarina e quem fez parte dela também serão abordados.

Atualmente não há nenhum documentário sobre o tema e este trabalho será uma

novidade de grande valia para a cidade, principalmente por mostrar o lado da mulher em uma

história, sempre contada de forma mais abrangente.

O tema está presente na realidade do Vale do Itajaí, mas poderá ser utilizado em outras

cidades e regiões que tenham interesse na pesquisa. O desafio principal será reunir os

depoimentos e editá-los de forma que gere interesse da comunidade e classe jornalística.

A metodologia utilizada para a pesquisa será o método biográfico onde o objetivo de

estudo é o indivíduo, na sua singularidade. O levantamento de histórias de vidas pode fazer-se

com base em biografias, autobiografias, mas igualmente em diários e outras fontes de

informação similares. É enorme a riqueza e complexidade das informações recolhidas.

Becker (1999 apud GOBBI 2006, p.87) compartilha deste ponto de vista ao afirmar “A

história de vida não pode ser considerada uma biografia convencional, mesmo que

compartilhe com esta sua forma narrativa. Também não é ficção. Trata-se, na verdade de

maneira de renovar o presente, mostrando experiências válidas”.

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Identificar, a partir da criação de um documentário jornalístico, quem eram as

mulheres que fizeram parte da televisão blumenauense entre as décadas de 1960 e 2010,

revelando a sua importância, seus desafios, seus medos, sua rotina e contar como a televisão

foi implantada na cidade e qual era o papel dessas mulheres na programação das TV‟s locais.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar quem foram as mulheres pioneiras na televisão;

b) Relatar a implantação da televisão na cidade;

c) Relatar as experiências vividas por elas no meio televisivo;

d) Valorizar a mulher no mercado de trabalho;

e) Divulgar o documentário para as faculdades locais, escolas, comunidade e mídia regional;

1.3 JUSTIFICATIVA

O documentário será a união de entrevistas com comunicadoras e jornalistas que

fizeram parte da televisão blumenauense entre as décadas de 1960 e 2010. As acadêmicas

analisaram fotos e documentos que irão contar a trajetória dessas mulheres e mostrar a

realidade da televisão no início da sua implantação na cidade.

O principal objetivo é identificar e acrescentar informações que possam contribuir

com a sociedade, por se tratar de um tema ainda não explorado no meio acadêmico. O projeto

é de significativa importância para a história local, acadêmicos e imprensa catarinense.

O documentário poderá ser utilizado como fonte de pesquisa em escolas da cidade,

como uma forma de esclarecimento sobre a história das mulheres na imprensa televisiva de

Blumenau. Além de ser um documento histórico para a Televisão em Blumenau, SC.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE

Ao estudarmos a história, é possível entender muitos aspectos da sociedade em que

vivemos, ou sobre a qual estamos pesquisando, como valores, ideologias, visões políticas. E

também as transformações que acontecem na mesma.

Esse estudo do passado também permite entender ações do homem que podem gerar

mudanças importantes na natureza, no modo de vida de toda a humanidade ou de uma

comunidade.

Assim, concluímos que a relação das mulheres com a sociedade, especificamente no

Sul do Brasil, na cidade catarinense de Blumenau, Santa Catarina, foi fundamental e as

primeiras a fixarem-se na nova terra eram alemãs.

Minna Friedenreich, 24 anos, casada com o “veterinário e médico-homeopata”,

segundo registros sobre Wilhelm Friedenreich,e mãe de duas filhas, Clara, de 2 anos

e Alma, de 3 meses, e Johanna Kuhlmann, 44 anos, com seu marido e as duas filhas,

uma de 17 anos, Christine, outra de 10, Marie, foram as primeiras mulheres a se

fixar definitivamente na Colônia Blumenau. (RENAUX, 1995)

O crescimento econômico-industrial da região do Vale do Itajaí costuma ser creditado

aos homens, os então, empresários da época. Porém, as mulheres também fizeram parte disso,

auxiliando, entre outras coisas, com a acumulação recursos. “Deve-se ainda levar em conta a

participação das mulheres na reprodução da cultura germânica.” (PEDRO, 2010 In PRIORE,

2010).

De acordo com a autora Maria Luiza Renaux, na obra “O Papel da Mulher no Vale do

Itajaí”, Cecília Weege Linschke foi a jovem que teve papel pioneiro entre as mulheres do

Vale do Itajaí ao fundar uma empresa.

“Cecília criou importante malharia em Blumenau, Majú Textil Limitada, voltada

para a confecção de vestuário íntimo feminino... Para chegar a este ponto, convém

voltar aos primeiros tempos das mulheres imigrantes no Vale, cuja trilha Cecília

seguiu até a distinção do meio. Dentro deste, ela representou uma inovação ainda

circunstancial, é verdade, carregada dos valores do passado, mas, de alguma

maneira, inaugurando uma posição de importância sócio-econômica nova para a

mulher catarinense” (RENAUX, 1995)

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O trabalho de colonização iniciado em 1850 no Vale do Rio Itajaí encontrou forte

apoio por parte delas. Os homens que já estavam aqui, morando e trabalhando, coordenadores

da Colônia, costumavam alertar os futuros emigrantes sobre a necessidade de ter uma esposa,

pois “o emigrante que trabalha na terra necessita do auxílio de uma mulher e boa dona de casa

(...) uma esposa aqui é tão necessária quanto o pão de cada dia”. (PEDRO, 2010 In PRIORE,

2010).

As mulheres eram muito importantes aqui, nessa época, pois elas ofereciam aos

colonos um conforto difícil de ser mantido sem elas, e que era bastante prezado pelos homens

que aqui viviam e trabalhavam.

As esposas vinham para cá, muitas vezes, a contragosto para acompanhar seus

maridos. Há relatos de reclamações delas, por exemplo, uma senhora identificada como Frau1

Schelle, dizia que “percebendo que a região era mais inóspita do que imaginava, chorou

sentada sobre o baú de viagens e classificou o marido como „uma besta‟ por vir para este

lugar onde „só se via céu e mato‟. (PEDRO, 2010 In PRIORE, 2010).

Claro que não foram só elas que viram só “céu e mato”, pois a propaganda que se fazia

na Alemanha era bastante diferente da realidade encontrada aqui.

Antigos colonos diziam que havia praticamente dez homens para cada mulher. “É

difícil comprovar essa afirmação, certamente exagerada e reforçada por aqueles que, por

diversas razões, tinham dificuldades para encontrar uma esposa.” (PEDRO, 2010 In PRIORE

2010). Esse era um dos motivos, se não o principal, para que as mulheres fossem

supervalorizadas, o que fazia com que “extrapolassem os limites definidos para seu sexo”.

Por volta de 1910, o jornal blumenauense, o Blumenauer Zeitung2, apresentava

requisitos para ser uma boa mulher. O jornal apresentava uma matéria onde deixava uma

dúvida na cabeça das pessoas: o trabalho da mulher na roça afetaria seu desempenho na hora

de cuidar da casa, dos filhos e do marido? “Se a mulher se mantivesse trabalhando na „roça‟, a

família teria „sensíveis prejuízos em dinheiro‟ devido à perda de forças de seu corpo (...)”.

(PEDRO, 2010 In PRIORE, 2010)

1 Pronome de tratamento, em alemão: Senhora.

2 Periódico editado na cidade de Blumenau. Teve o primeiro exemplar editado em 1 de janeiro de 1881. O

último periódico circulou em 2 de dezembro de 1938, tendo sido portanto editado durante 57 anos. Seu

fundador foi Hermann Baumgarten

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A essa época, esses trabalhos femininos, que incluíam o serviço doméstico, dos filhos

e do marido quando esse chegava do trabalho, eram definidos como os “verdadeiros”

trabalhos femininos.

No final do século XX a acumulação de bens permitiu a formação de chamados

“núcleos urbanos”. As funções da mulher, nesse novo modelo de casa, passaram a ser as de

limpar a casa, cuidar e educar as crianças e cozinhar. Podia ainda contar com o auxílio de uma

empregada e nas horas vagas, depois desses afazeres, podia dedicar-se ao bordado e costura e

à “leitura sentimental”. “Essa nova mulher excluía-se cada vez mais dos interesses

econômicos que garantiam a riqueza da família”. (PEDRO, 2010 In PRIORE 2010)

Com a evolução na forma de construção das casas, a riqueza que ia sendo acumulada

pelas famílias, a restrição da mulher às tarefas da casa começou a não ser obedecida

inteiramente por elas.

“As fábricas de Blumenau, por exemplo, contaram com expressiva participação do

trabalho das mulheres. Eram, portanto, referências apenas para aquelas famílias cuja

acumulação ensejava a adoção de novos comportamentos. No entanto seria ingênuo

imaginar que se dedicar somente aos afazeres de esposa, mãe e dona de casa não

estivesse nos sonhos das moças de origem alemã que se empregavam nas indústrias,

trabalhavam na roça ou se colocavam como empregadas domésticas nas casas das

famílias mais ricas.” (PEDRO, 2010 In PRIORE, 2010)

A Proclamação da República também mexeu com os “modelos femininos” e muitas

imagens idealizadas de comportamento das mulheres, que não foram seguidas por muitas

mulheres, devido ao ainda baixo acúmulo de riquezas, o que não permitia que a senhora

ficasse só no papel de esposa, mãe e dona de casa.

As mulheres sempre tiveram um papel muito restrito na sociedade, tanto

blumenauense quanto de todo o mundo. Primeiramente com relação ao trabalho fora de casa,

com qualquer outra coisa que não fossem os cuidados com marido e com filhos.

“Sua condição as excluía de qualquer exercício de função nas câmaras municipais,

na administração eclesiástica, proibindo-as de ocupar cargos de administração que

lhes garantisse reconhecimento social.” (PRIORE, 2003)

Com a chegada da televisão no Brasil, na 1ª metade do século XX, as mulheres

puderam ficar mais “antenadas” com as tendências de moda, maquiagem e principalmente o

comportamento de atrizes e atores de Hollywood, que se tornavam referência. Essa era a

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época, talvez o final, do conservadorismo, em que as mulheres casavam cedo e tinham seus

filhos e formavam uma família, o chamado “Americam Dream” (Sonho Americano), nos

Estados Unidos.

A partir do momento em que as mulheres puderam ter acesso mais facilitado, de certa

forma, à informação, elas começaram a procurar seus direitos, como o de estudar, ir para as

Universidades, e começar a trabalhar em cargos anteriormente ocupados apenas por homens.

Durante os anos, as mulheres vêm garantindo seu espaço principalmente no mercado

de trabalho, onde elas conseguem vencer o preconceito mostrando que o que as difere dos

homens, muitas vezes, é só o sexo.

“A mulher, que representa a maior parcela da população, viu aumentar seu poder

aquisitivo, o nível de escolaridade e conseguiu reduzir a defasagem salarial que ainda existe

em relação aos homens.” (PROBST, 2011)

2.2 JORNALISMO, CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE

Um assunto para tornar-se um fato jornalístico deve encaixar-se dentro dos

valores/notícia que são uma composição de elementos ou critérios.

“a noticiabilidade como o conjunto de elementos através dos quais, o órgão

informativo controla o grau e tipo de acontecimentos, de entre os quais se pode

selecionar as notícias, a partir dos valores/notícia”. (WOLF. 1994),

Estes valores/notícia respondem às dúvidas sobre quais acontecimentos, são

importantes, interessantes e significativos para o receptor e devem ser transformados em

notícia. Wolf afirma (1994, p. 175):

“Na seleção dos acontecimentos a transformar em notícias, os critérios de relevância

funcionam conjuntamente (em pacotes): são as diferentes relações e combinações

que se estabelecem entre diferentes valores/notícias, que (recomendam a seleção de

um fato”.

Traquina (2007) classifica os critérios de noticiabilidade em:

Morte, pois segundo esse autor “onde há morte, há jornalistas”;

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Notoriedade é comum ver a cobertura de ocasiões políticas, devido ao grau de

importância dos envolvidos;

Proximidade, quanto mais próximo a região geográfica o acontecimento maior a

chance de ser divulgado na imprensa local.

Relevância, a importância que o fato terá sobre a sociedade daquela região, estado ou

país.

Novidade, no mundo jornalístico se prioriza aquilo que é único, o ineditismo, o fato

novo.

Tempo, esse valor se enquadra no conceito de atualidade, mas também é um gancho

para se tratar de um determinado assunto que ocorreu na mesma data, porém a meses, anos,

décadas atrás.

Notabilidade, Segundo Traquina (2005, p. 82), o que prende o jornalismo as repostas

do lead (quem, o que, quando, onde, como e porquê).

Inesperado, seria um ocorrido que faz com que o jornalista se surpreenda. Algo

inusitado; Conflito, discussões físicas ou verbais podem e tem grandes possibilidades de

virarem notícia, por fugirem ao normal;

Infração, a quebra das regras, por isso a figuração de crimes todos os dias nos

telejornais, a rotina das matérias sobre assassinatos, furtos. Dentro desse valor notícia o fato

só ganha maior repercussão com a inclusão de outros valores dentro do mesmo, se o número

de mortos for grande, o grau de violência.

Escândalo, neste associa-se a questão da infração quando correspondente a

instituições. Leva o jornalismo ao patamar de “vigilante dos órgãos públicos”, “fiscalizador

social”.

No referente trabalho o critério de noticiabilidade utilizado foi aquele classificado

como Proximidade por Traquina (2007) “Quanto mais próximo a região geográfica o

acontecimento maior a chance de ser divulgado na imprensa local”.

2.3 O DOCUMENTÁRIO JORNALÍSTICO

De acordo com Carvalho (2006) “O documentário é o formato de produção

audiovisual que lida com a verdade, mostra fatos reais ou não imaginários, o que

normalmente chamamos de „não-ficção‟”

A autora afirma que o documentário pode reconstituir ou analisar assuntos

contemporâneos de nosso mundo histórico vistos por uma perspectiva crítica. O documentário

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pode apresentar diferentes histórias ou argumentos, evocações ou descrições abrindo um

espaço de reflexão sobre os principais acontecimentos do Brasil e do mundo, investigando as

relações sociais e a realidade de diferentes países e culturas.

A maioria dos temas que consideramos comuns na produção de documentários para

o cinema ou para a televisão são as histórias das guerras; biografias (principalmente

de personalidades da cultura e da política); reflexões sobre novos comportamentos,

sobre a violência ou a sexualidade; ou ainda, a exploração do mundo animal; dos

avanços científicos e das crises ambientais. (CARVALHO, 2006)

Nichols (2005 apud CARVALHO, 2006) expõe que documentário não é uma

“reprodução”, mas sim uma “representação” de algum aspecto do mundo histórico e social do

qual compartilhamos. Esta representação torna-se um argumento para o modo como o vídeo

ou filme será composto.

Aparentemente, existe uma discussão contra a produção jornalística de documentário

baseado na falta de criatividade, que abusam de um discurso frio e temáticas recorrentes. “São

produções padronizadas, que seguem a formatação consagrada da reportagem em que se

expõe um assunto ou fato alternando sonoras e imagens ilustrativas bem amarradas por uma

voz narradora” (CARVALHO, 2006)

Mas é claro que isso não é exatamente uma regra. O jornalismo, em questão de

documentários, pode sim fugir dos padrões, trazer a criatividade para dentro do trabalho,

utilizando com perspicácia o som e as imagens, para deixar de associar a ideia de expressão

pessoal com a perda de informação, ética e credibilidade.

Sabemos, que o principal objetivo de todo documentário jornalístico é buscar o

máximo de informações sobre um determinado tema através de entrevistas, uma

narração informativa em off, captação de imagens ilustrativas, montagens de

material de arquivo, e de uma edição formadora do discurso ou da abordagem sobre

um assunto em profundidade, cercando todos os seus ângulos. (CARVALHO, 2006)

Documentário é um gênero cinematográfico que tem como principal característica o

compromisso com a exploração da realidade. De acordo com Bill Nichols, historiador e

teórico do documentário, Bill Nichols, em seu artigo “A Voz do Documentário”, existem

quatro principais estilos na história do documentário.

O estilo “Griersoniano”, de John Grierson 3conhecido também como “Voz de Deus”

foi a primeira forma definida de documentário. Utilizava-se basicamente de narração (Off), de

3 Cineasta escocês, considerado um dos principais nomes dos primórdios do documentário

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uma forma quase sempre arrogante. Essa narração, por vezes, chamava mais atenção que as

imagens, mesmo sendo poética e evocativa. Esse estilo deixou de ser usado depois da

Segunda Guerra Mundial, porem continuou em uso em programa de auditório como talk

shows.

Este estilo deu lugar ao “Cinema Direto”, que aproveitou avanços tecnológicos como

gravadores de filmadoras portáteis, para garantir a captação de cenas do cotidiano, para que as

pessoas tirassem suas próprias conclusões ao assistirem, sem o auxílio de qualquer

comentário ou narração.

Outro estilo, surgido nos anos 1970, incorpora ao documentário o discurso direto, em

forma de entrevistas. “Numa infinidade de filmes políticos e feministas, os participantes se

colocavam diante da câmera para dar seu testemunho. Às vezes profundamente reveladores às

vezes fragmentados e incompletos, esses filmes forneceram o modelo para o documentário

contemporâneo.” (NICHOLS, 2004)

O quarto estilo comentado por Nichols é o “auto-reflexivo”, em que se misturam

“passagens observacionais” com entrevistas e narração do diretor ou documentarista. É onde

Nichols afirma que o documentário sempre foi modo de representar as coisas que vemos,

nunca uma “janela aberta para a realidade”.

Podemos destacar como próprios à narrativa documentária: presença de locução (voz

over), presença de entrevistas ou depoimentos, utilização de imagens de arquivo, rara

utilização de atores profissionais, intensidade particular da dimensão da tomada” (FONSECA,

2010 apud RAMOS, 2008)

Já sobre a reportagem na televisão:

A reportagem, na opinião de Jaime Barroso García, é a narração informativa dos

antecedentes, das circunstâncias e consequências previsíveis de um acontecimento.

A sua forma de apresentação está próxima do documentário cinematográfico, se bem

que o seu objetivo é apresentar o acontecimento com várias perspectivas e com

vários depoimentos das pessoas envolvidas. (GONÇALVES)

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2.4 LINGUAGEM TELEVISIVA

O jornalismo televisivo possui uma linguagem diferenciada dos demais meios como o

impresso e radiofônico, isso se deve à utilização das imagens. Para um trabalho de qualidade é

preciso casar o texto com uma boa imagem, assim a matéria terá mais qualidade.

“Em telejornalismo o texto é escrito para ser falado (pelo locutor) e ouvido

(pelo telespectador). Pela própria característica dos veículos eletrônicos de

comunicação – a instantaneidade -, o receptor deve “pegar a informação de

uma vez”. Se isso não acontece, o objetivo de quem está escrevendo –

transmitir a informação – fracassa”. (PATERNOSTRO, 1999, p.66)

Na televisão aquilo que o repórter fala, deve ser aquilo que o receptor vê. Por isso

Sebastião Squirra (1995), no livro “Aprender Telejornalismo”, utiliza suas palavras para dar

uma valiosa dica e assim garantir uma boa reportagem:

“... é importante manter com a equipe estreito “cordão umbilical”, para que as

informações em áudio complementem as visuais e não simplesmente as

repitam”, ela deve complementar aquilo que o repórter está querendo dizer e

não apenas ilustrar”. (SQUIRRA, 1995, p. 79)

O texto e a imagem andam juntos e precisam sempre de atenção especial, de nada

adianta ter um bom texto sem que haja material audiovisual suficiente para cobrir o que se

deseja passar com as palavras, a junção destes dois elementos é fundamental.

Por mais que o jornalista seja exímio conhecedor da língua portuguesa, deve estar

sempre atento à quem está passando a informação, saber quem é o seu público. Com o uso de

palavras desconhecidas pelo telespectador aquilo que ele quer transmitir pode se perder.

“Nesse pacto informal que o jornalista celebra com o seu público, a seleção das

palavras é condição básica para se obter o êxito no processo de transmissão de uma

notícia. E o êxito ajusta-se proporcionalmente ao grau de sintonia que se mantém com

o repertório lexical da audiência que se busca atingir”. (REZENDE, 2000, p.75)

2.5 A TELEVISÃO NO BRASIL

Com base em Travancas (1993) pode-se afirmar que em 1950 surgiu a primeira

estação de televisão brasileira, em São Paulo, a pioneira TV Tupi, junto com ela, surgiram

vários programas de televisão e jornais que conquistaram os telespectadores.

Nassar (1984, p.13) afirma que:

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“É preciso voltar a 1950, com a inauguração do Canal 3, depois Canal 4, a primeira

emissora comercial inaugurada no Brasil, a pioneira também na América do Sul: TV

Difusora, depois TV Tupi de São Paulo. O fato merece maiores detalhes, inclusive

quanta a programação inicial”.

Ainda segundo Nassar, em 1950 existiam apenas 200 receptores e que este número

dobrou já em 1951. Xavier e Sacchi (2000, p. 30) contam que em:

“18 de setembro de 1950 foi a data oficial da estréia da TV brasileira. Sendo

raríssimo os proprietários de aparelhos domésticos, Assis Chateaubriand, dono da

TV Tupi, instalou televisores na Praça da Republica, no Jockey Club e outros pontos

estratégicos da cidade de São Paulo para o povo assistir a façanha. É difícil

reproduzir fielmente o que aconteceu naquele dia no estúdio montado na “Cidade do

Rádio”, prédio da Radio Tupi no Sumaré...”.

Nos anos 60, foi criada a TV Excelsior que trouxe uma novidade para o

telejornalismo, “com cortes rápidos, novos estilos de redação e vários apresentadores”,

Travancas (1993, p.20). A TV Globo foi criada em 1965 e logo lançou o Jornal Nacional que

já em 1969 foi transmitido para 12 estados brasileiros simultaneamente, neste mesmo ano a

TV Coligadas fazia a sua primeira transmissão em Blumenau, Santa Catarina. Conforme

Reimão (2000, p. 68)

„A TV, começara de maneira improvisada, em poucos meses contara com grandes

anunciantes que, através de agencias de publicidade, começaram a atuar mais

seriamente nesse novo veiculo. Os anunciantes/patrocinadores terão um papel

bastante amplo nos primeiros anos da TV no pais, pois muitas estratégias e ate

mesmo contratos de atores eram definidos por eles. E também poucos meses após a

implantação da TV Tupi que se inicia a fabricação de aparelhos de TV no Brasil – os

televisores Invictus”.

Conforme estes autores, a televisão foi um fenômeno de vendas a partir da década de

60, chegando ao ápice de vendas durante a década de 80.

Abaixo quadro demonstrativo relacionando número de aparelhos eletrônicos no país:

IBGE TELEVISÃO RÁDIO FOGÃO GELADEIRA

CENSO 1970 4.250.404 10.386.763 16.279.908 4.594.920

CENSO 1980 14.142.924 19.203.907 24.937.145 12.697.296

CENSO 1991 27.650.179 28.729.547 33.000.000* 23.910.035

*estimativa

Quadro 1 – Aparelhos Eletrônicos nas Residências Brasileiras: Evolução IBGE (1970 –

1990) Fonte: Xavier e Sacchi (2000, p.165)

Page 15: PEC Bruna Souza e Monique Becker

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Pode-se observar no quadro 1 que o aumento do número de aparelhos de televisão foi

maior no Brasil no período de 1970 a 1991, ou seja, os demais itens não cresceram tanto.

O PNAD4, na data de 8 de setembro de 2010 disponibiliza os seguintes dados a

respeito da pesquisa nacional por amostra de domicílios.

Geladeira Rádio Televisão DVD

93,4% 87,9% 95,7% 72%

Quadro 2 – Aparelhos Eletrônicos nas Residências Brasileiras (2009) Fonte: IBGE. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/home/> Acesso em: 05 de junho. 2011 às 14h.

Com base em Reimão (2000) pode-se afirmar que para a população a TV é um

aparelho considerado essencial no domicilio dos brasileiros. Depois que foi lançada, a

televisão não abandonou mais os lares dos brasileiros.

Segundo Acosta-Orjuela (1999, p.13) as últimas décadas evidenciam o fenômeno

televisão:

“Depois da TV não se fabricaria outro aparelho capaz de se entranhar de maneira tão

profunda na vida cotidiana das pessoas, sem distinção de sexo, idade, raça, credo ou

classe. Em apenas 50 anos o número de receptores no mundo chegou a 900 milhões.

Hoje, no Brasil, 8 de cada 10 lares contam com uma TV ; na cidade, no campo, em

casebres ou em palacetes. Aqui, o numero de pessoas que assistem habitualmente à

TV corresponde ao dobro do público dos jornais e revistas somados. Isto significa

que, para a imensa maioria dos brasileiros, a TV é a única fonte de informação”.

Conforme Acosta-Orjuela (1999), pode-se assegurar que todos os brasileiros já

tiveram, ou tem acesso à televisão, direta ou indiretamente.

4 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios- investiga anualmente, de forma permanente, características

gerais da população, de educação, trabalho, rendimento e habitação e outras, com periodicidade variável, de

acordo com as necessidades de informação para o País, como as características sobre migração, fecundidade,

nupcialidade, saúde, segurança alimentar, entre outros temas.

Page 16: PEC Bruna Souza e Monique Becker

15

2.6 A TELEVISÃO CHEGA A SANTA CATARINA

TV Coligadas - Canal 3- A pioneira em Santa Catarina.

Blumenau foi contemplada com a primeira emissora de televisão do Estado em 1º de

setembro de 1969, a chamada TV Coligadas.

A emissora da integração catarinense entrou no ar em fase experimental às 16 horas

do dia 1º de setembro de 1969. A primeira reportagem cobriu a chegada de Vera

Fischer a Blumenau após ter conquistado o título de Miss Brasil. No dia 2 de

setembro, aniversário da cidade, a emissora entrou oficialmente no ar. Às 19 horas

começou o primeiro programa, o telejornal Hering. (SIEMANN,2004).

A implantação da emissora foi uma iniciativa de 229 acionista, entre eles Wilson

Melro, Caetano Deeke de Figueiredo e Flávio Rosa, além de industriais, comerciantes e

profissionais liberais da cidade.

Um ano depois, a TV Coligadas possuía equipamentos para duas estações completas

e já atingia dois terços do território através de uma rede de 42 repetidoras. Alguns

meses depois da inauguração, a Rede Globo passou a preencher a maior parte da

programação. O Jornal Nacional já chegava via EMBRATEL com transmissão

direta e em tempo real (CRUZ, 1994).

Em Blumenau, Santa Catarina, também eram produzidos diversos programas e a

cidade começava a apresentar os primeiros astros locais da emissora. A TV Coligadas tinha

em sua programação programas jornalísticos, como o “Telejornal Malhas Hering”

apresentado por Carlos Braga Muller5, e seus parceiros José Reinoldo Rosembrock

6e Jesser

Jossi7, responsável pelas notícias de esporte. Além de outros jornalísticos como o “Repórter

Garcia”, “Santa Catarina Dois Minutos” e o “Municípios em Revista”.

O programa “Show Da Integração” reunia colégios de diferentes cidades que se

desafiavam. A atração contava com provas de perguntas e gincanas e fez tanto sucesso que

ganhou edições interestaduais com o estado do Paraná.

5 Jornalista, integra a Academia de Letras Blumenauense e da Sociedade Escritores de Blumenau. Em 1969,

quando a TV Coligadas de Santa Catarina foi inaugurada, foi o primeiro apresentador de noticiário: o Telejornal

Malhas Hering.

6 Jornalista pioneiro da TV Coligadas, foi locutor da Rádio Clube de Blumenau.

7 Conhecido como Tesoura Junior, foi locutor da Rádio Nereu Ramos.

Page 17: PEC Bruna Souza e Monique Becker

16

Na linha de entretenimento, além dele, havia o saudoso “Salve a Banda”, atração de

Edemir de Souza que ainda percorre o imaginário popular, era apresentado aos

sábados e sua formula era a mais simples, mas de grande sucesso, apresentação de

bandas folclóricas dos mais diferentes rincões da região. Tamanho sucesso motivou

diversos trabalhos como a escolha da rainha do programa e a gravação de um LP no

inicio dos anos 70, com seis bandas, “Bandinha Avante”, “Moacyr e Seu Conjunto”,

“Os Bandeirantes”, “Conjunto Típico Cavalinho Branco” Conjunto de Ritmos

Society” e “Bandinha Verde Vale”. (DAY; BONOMINI, 2009)

Outra atração de sucesso foi o “Domingo No Parque” apresentado por Valdemar

Garcia. O programa contava com a participação de crianças que respondiam perguntas,

mostravam seus talentos e recebiam diversos prêmios. “Mulheres Em Vanguarda”,

apresentado por Maria Helena Dias, Dagmar Pohlmann, Vanja Siemann e Valmira Sieman,

era destinado às mulheres e tratava de temas como moda, cultura, lazer, além de receber

artistas de renome nacional.

Diferente do radio, a TV começava ali a mudar os hábitos dos blumenauenses, que

começavam a inserir em sua vida a TV como algo do cotidiano. Nomes começaram

a surgir, eventos foram transmitidos, ora alegres, ora tristes, por quase 10 anos a TV

Coligadas fez parte da vida de muitos não só em Blumenau, mas em todo o vale.

(BONOMINI, 2009)

2.7 TV COLIGADAS – PROGRAMAS FEMININOS

Segundo informações do blog do pesquisador e cientista social Adalberto Day, ao

começar com a televisão em Santa Catarina, a TV Coligadas queria, e precisava também, um

programa de variedades, para preencher as tardes. Foi criado então o programa “Mulheres em

Vanguarda”. A atração diária com três horas e meia de duração tinha a apresentação apenas

de mulheres. A estreia de Mulheres em Vanguarda aconteceu no dia 11 de novembro de 1969,

marcando a história da TV Coligadas, já que foi o primeiro e único programa exclusivamente

feminino da nova emissora.

A direção e produção eram feitas também por uma mulher, Acidália Bittencourt. Acidália

veio de Curitiba, Paraná, especialmente para auxiliar as novatas no programa e tornou-se

âncora do programa na sua estréia devido a sua experiência.

O programa era comando por Acidália, Valmira Siemann, Lane Wirth, Dagmar Pohlman ,

que ostentava o título de Miss Timbó e Vanja Siemann, irmã de Valmira e a mais jovem do

grupo, com 15 anos na época.

“O time ficou um certo tempo no ar e depois foi se modificando. A Acidália

retornou a Curitiba, depois de ter dado largada e ver que nós já estávamos nos

sentindo mais seguras para “caminharmos com as próprias pernas”, Aconteceu

também algo muito triste com a nossa equipe. A Dagmar Pohlmann, que foi uma das

Page 18: PEC Bruna Souza e Monique Becker

17

mulheres mais belas que já conheci, sofreu um acidente de carro e

faleceu”(SIEMANN, 2004)

Com a saída de Acidália e a morte de Dagmar, vieram as blumenauenses Eliane Beck

Elizabeth Bieging, na época conhecida como Bete Bieging. O Programa Mulheres em

Vanguarda tinha muitas entrevistas e quadros com informações e dicas úteis para as

telespectadoras. O quadro de entrevistas tinha a supervisão de Marili Deeke, blumenauense

que após morar muitos anos no Rio de Janeiro e trabalhar como aeromoça, integrou a equipe

da TV Globo e conheceu muitos artistas. Veio para a TV Coligadas para o cargo de relações

públicas e fazia a ponte entre a TV e vários “globais”.

O Mulheres em Vanguarda recebeu figuras ilustres como Tarcísio Meira, Glória

Menezes, Irene Ravachi, Darcy Gonçalves, Chacrinha, Jô Soares, Suzana Viera e outros

artistas.

“Eram tempos de ebulição da Jovem Guarda e tivemos o prazer de receber a dupla

Roberto e Erasmo Carlos, Fábio Júnior, Fafá de Belém, Rita Lee, Nei Matogrosso e

tantos outros. Dávamos bastante espaço,ainda, para grupos locais, que se

apresentavam ao vivo no nosso estúdio.” (SIEMANN, 2004)

Entre 1975 e 1979 a Rede Globo fortalecia e começava a restringir o horário e a

ocupar mais espaço com os programas nacionais. Com isso o programa passou a ter apenas

meia hora de duração e era focado apenas em entrevistas. As apresentadoras foram seguindo

novos caminhos e Valmira Siemann tornou-se a âncora do programa. Com as mudanças, o

nome da atração também mudou e passou a se chamar Nova Dimensão e mais tarde Sala de

Visitas segundo depoimento de Valmira dado as pesquisadoras no mês de maio de 2011.

Os temas abordados variavam entre culinária, moda, beleza, etiqueta e poesia. A

poesia era de Lindolf Bell 8que participava semanalmente com seus poemas, falava de artes,

literatura e apresentava os artistas da região , entre eles a escritora Eulália Hardtke e a artista

plástica Ligya Helena Roussenq Neves.

Em 1980 o contrato entre a TV Coligadas e a Rede Globo expirou e o programa saiu do

ar.

8 Poeta, nasceu em Timbó em 1938. Formado pela Escola de Arte Dramática de São Paulo é um dos mais

importantes nomes da poesia catarinense. Morreu em 10 de dezembro de 1998 em Blumenau, Santa Catarina.

Page 19: PEC Bruna Souza e Monique Becker

18

2.8 FATOS MARCANTES DE CADA DÉCADA

Entre as décadas de 1960 e 2010 inúmeros profissionais, entre repórteres e âncoras,

trabalharam intensamente para levar até o telespectador informações relevantes de Blumenau,

Santa Catarina do Brasil e de todo o mundo. Cada década é marcada por acontecimentos

importantes da televisão em nosso estado e por notícias que mudaram a vida da população de

todo o país. Saiba quais foram os momentos inesquecíveis destes 50 anos.

2.8.1 Década 1960

A década de 60 dividiu-se em duas partes, a primeira, de 1960 a 1965 mantinha ainda

inocência e até certo lirismo nos movimentos políticos e sociais. É evidente o idealismo e o

entusiasmo no espírito de luta do povo.

Na segunda parte, de 1966 a 1968, inicia a relação dos jovens com as drogas, a

revolução sexual, os jovens se revoltam contra a ameaça de rigidez do governo. É nessa parte

dos anos 60 que surgem o feminismo, os hippies e os movimentos em favor dos negros e

homossexuais.

No Brasil é inaugurada a nova capital do Brasil, Brasília, pelo presidente Juscelino

Kubitschek. Jânio Quadros o sucede, renunciando ao cargo sete meses depois, sendo

substituído pelo seu vice, João Goulart. Este foi deposto em 1964 pelo Golpe Militar, que

instituiu a Ditadura Militar, que duraria 21 anos.

O Brasil se torna bicampeão mundial de futebol na Copa do Mundo de 1962, no Chile

e em 1969 é implantada em Santa Catarina a TV Coligadas.

2.8.2 Década 1970

O “milagre econômico”, que marcou o início dos anos 70, foi uma fase que favoreceu

bastante a economia brasileira. Ela teve um crescimento bastante grande por conta de

investimentos estrangeiros e empréstimos que aconteceram na época e favoreceram a criação

de empregos.

Porém os brasileiros sofreram nesta época com o auge da ditadura militar. O General

Emílio Garrastazu Médici era o presidente do Brasil na época (1969 – 1974) e chegou a

comandar uma política determinada a exterminar os grupos de esquerda. Ainda nos anos 70,

foi criada a OBAN (Operação Bandeirantes) uma organização paramilitar com o objetivo de

prender e torturar os ativistas de esquerda.

Page 20: PEC Bruna Souza e Monique Becker

19

Em três edições da Copa do Mundo, nos anos 70 o Brasil conquistou o título apenas

uma vez, em 1970.

Na música, a vez é da Discoteca e também a década em que surge o movimento Punk.

2.8.3 DÉCADA 1980

Essa foi a chamada “década perdida”. Foi quando a inflação no Brasil se intensificou,

resultado da alta dos juros internacionais e da má administração da dívida externa, chegando a

1764% ao ano em 1989. O país teve duas trocas de moeda na época: de Cruzeiro (em vigência

desde 1970) para Cruzado, em 1986 e para Cruzado Novo em 1989.

É a década da informação, quando a Apple e a IBM lançam seus primeiro

computadores, Macintosh e IBM PC, respectivamente, e os mesmos começam a ser

fabricados e distribuídos como “computadores pessoais”. Assim como videocassetes,

walkmans também passam a ser fabricados.

Em 1982 foi registrado o primeiro caso de AIDS e o Brasil logo começou a lutar

contra o vírus, com o governo criando programas especiais e mobilizando cientistas e

membros da sociedade civil.

Também nesta década foi realizada a primeira inseminação artificial, o “bebê de

proveta”, no Brasil, visto que esta técnica aconteceu pela primeira vez no mundo no final dos

anos 70.

Na música surge o heavy metal, com bandas como Iron Maide e Metallica, e também

várias bandas de hard rock, rock e pop consolidam seu sucesso, como Bom Jovi, The Smiths e

Michael Jackson.

Em 1985 chega ao fim a Ditadura Militar no Brasil, sendo aprovada a eleição direta

para presidente. E em 1989 acontece a unificação das Alemanhas Oriental e Ocidental,

marcada pela queda do muro de Berlim.

Em 1980 a TV Tupi sai do ar, devido a problemas administrativos e financeiros. Em

1981 surge a TVS, como era conhecido o SBT logo no seu início. Em 1983 surge a Rede

Manchete de Televisão.

“Num Brasil ainda sob o regime militar, nós repórteres, recebíamos uma lista de

palavras proibidas de serem usadas nos textos off ou nas aberturas e passagens. Graças a Deus

esqueci quais eram” conta a jornalista Andrea Scussel.

Page 21: PEC Bruna Souza e Monique Becker

20

2.8.4 DÉCADA 1990

Foi a última década do século XX. Logo no início, o colapso da União Soviética e o

fim da Guerra Fria, que havia iniciado em 1947.

Os países do Primeiro Mundo, que eram o Estados Unidos e seus aliados durante a

Guerra, comemoraram o crescimento de sua economia.

A democracia foi o regime político adotado por quase todos os países durante os anos

90, como foi o caso dos países do Pacto de Varsóvia (União Soviética, Alemanha Oriental,

Bulgária, Hungria, Polônia, Checoslováquia, Romênia e Albânia) e outros países em

desenvolvimento, como Taiwan, Chile, África do Sul, e Indonésia.

Porém a década também foi marcada pelo aumento da AIDS na África, assim como

alguns conflitos trágicos como a Guerra do Golfo, o aumento do terrorismo e também crises

econômicas nos países em desenvolvimento.

No Brasil, o que mais marcou o início da década de 1990 foi a confiscação de

poupanças da população, pelo presidente Fernando Collor. Isso e outras denúncias de

corrupção em seu governo fez com que jovens da época fossem protestar nas ruas, criando o

movimento conhecido como “Caras Pintadas”. Fernando Collor recebeu um processo de

impugnação de mandato (Impeachment) e renunciou em outubro de 1992. Quem assumiu a

presidência do Brasil foi seu vice, Itamar Franco.

Em 1994 o Plano Real foi implantado, pelo então Ministro da Fazenda Fernando

Henrique Cardoso, que se elegeria presidente do Brasil por duas vezes nesta mesma década.

A informática se populariza ainda mais nesse período, com a popularização dos

computadores e da internet, devido à queda no custo dos aparelhos.

Um fato marcante na ciência é o primeiro clone de um mamífero feito no mundo: a

ovelha Dolly.

Com o fim da ditadura e da censura no Brasil, as telenovelas começam a abordar

temas mais polêmicos como homossexualidade e reforma agrária. Também é criada a TV

Globo Internacional, no fim da década, sendo o primeiro canal de televisão brasileiro a

transmitir para o exterior.

Page 22: PEC Bruna Souza e Monique Becker

21

2.8.5 DÉCADA 2000

A primeira década do século XXI, também primeira década do terceiro milênio, foi

marcada, logo no início, pelos atentados ao World Trade Center, conhecido como Torres

Gêmeas, o que desencadeou uma guerra contra o terrorismo, cujos personagens principais

foram os Estados Unidos e o Oriente Médio, principalmente Afeganistão e Iraque.

Os países da União Européia começam a utilizar o Euro como moeda comum do bloco,

com exceção do Reino Unido, Dinamarca e Suécia, que continuaram utilizando suas moedas

próprias.

A economia mundial passou por um período de estabilidade e crescimento que durou até

2007, quando iniciou-se uma crise que colocou em risco a economia de muitos países,

chamada de “Crise do Crédito Hipotecário de Alto Risco”.

A Internet continua se popularizando com força total, consolidando-se como veiculo de

comunicação, com o surgimento das redes sociais facilitando a comunicação, e

armazenamento de informações, com o preço de aparelhos e acesso a internet cada vez mais

facilitado.

Na televisão, aparecem os reality shows, como Big Brother Brasil, Casa dos Artistas e A

Fazenda, assim como surgimento e popularização de seriados internacionais, como Lost e

C.S.I.

A Rede Record experimenta um crescimento na sua audiência, causando,

conseqüentemente, pequena queda de audiência em sua “rival”, a Rede Globo. Mas nada que

a tire do reinado na televisão brasileira. Em 2009 o Jornal Nacional completa 40 anos.

2.9 A VOZ FEMININA NO VALE DO ITAJAÍ

Desde 1969, com a implantação da TV Coligadas até os dias de hoje, foram muitas as

mulheres que passaram pela televisão como repórteres e âncoras. Cada uma delas fez a sua

história e viveu uma fase especial.

Page 23: PEC Bruna Souza e Monique Becker

22

Nos relatos feitos durante as entrevistas foi possível perceber a importância da televisão

na vida de cada uma delas. Foram dez entrevistadas: Ana Paula Ruschel, Francielle Cardoso,

Maria Helena Saris, Maria Odete Olsen, Marili Martendal, Mirian Mesquita, Mirian Roza,

Roberta Dietrich, Valmira Siemann e Viviane Wagenknecht que nos contaram suas

trajetórias, dificuldades, momentos marcantes, a rotina nas redações e a paixão pela televisão.

Algumas permanecem na televisão, outras vivem uma nova fase no jornalismo, mas todas,

sem exceção, contam com carinho e emoção dos momentos que viveram na imprensa

televisiva blumenauense. Angélica Satler, Andrea Scussel e Adriana Krauss não participaram

das gravações, mas enviaram às pesquisadoras um relato escrito com informações

importantes. Andrea, hoje assessora de comunicação e editora de mídias sociais da

Construtora Procave em Balneário Camboriú, conta que as enchentes que assolaram

Blumenau em 1983 foi o momento mais emocionante como jornalista.

“Fui batizada com duas grandes enchentes, lembro que trabalhei por dias a fio

usando umas botas de borracha tamanho 40, e eu calço 34. Sem banho, sem

maquiagem, comida escassa. Emplaquei o Jornal Nacional, da Globo. Presenciei

cenas e vivi momentos que me fizeram crescer como pessoa e como profissional.

Foram fatos marcantes que me ensinaram sobre solidariedade. Perdi medos,

dispensei padrões e acabei criando um estilo de escrever e apresentar um pouco

diferente do que se via no jornalismo local”.

Andrea relatou também a força dos blumenauenses, que criaram uma grande festa para

reerguer a cidade, a Oktoberfest.

“Acompanhei o nascimento da Oktoberfest. Os bastidores, as dificuldades e a

ousadia de uma grande festa após uma grande tragédia. Cobri a sangria do primeiro

barril de chope, no pavilhão A da antiga Proeb. Emocionei-me, chorei. Nesta

primeira edição trabalhei todas as noites, com o entusiasmo de quem ajudava a

reconstruir a cidade. A minha função era mostrar uma Blumenau refeita”

Muitas das entrevistadas falaram de seus filhos, da jornalista como mãe, das

dificuldades em conciliar as funções de mulher, mãe e profissional. Andre Scussel também

viveu essa experiência “Criei meus filhos, Israel hoje com 30 anos, publicitário, e Lucas com

26, turismólogo, trabalhando como repórter. Fazia plantão, trabalhava a noite e passei

algumas datas importantes dentro do carro da TV”.

Angélica Satler tem apenas 29 anos, formada em Jornalismo pela Universidade de Passo

Fundo no Rio Grande do Sul, veio para Blumenau em 2007. Seu último trabalho como

repórter em Blumenau, foi na RICTV Record, emissora em que trabalhou durante 2 anos. Foi

na emissora, que Angélica viveu uma das experiências mais importantes de sua carreira. A

tragédia provocada pelas fortes chuvas em novembro de 2008, foi o momento em que teve

certeza de que estava na profissão certa. “Era adrenalina 24 horas por dia e eu adorava

Page 24: PEC Bruna Souza e Monique Becker

23

aquilo”. Outro momento marcante para a jornalista foi a viagem que fez para o Haiti a convite

feito pelo Comandante do 23º Batalhão de Infantaria, o Coronel Ruffo.

“A viagem para mim foi tão chocante que nem meu trabalho rendeu como deveria

ter rendido. Mas valeu a pena. Eu trabalhava de olhos fechados. Fazia de conta (para

mim mesma) que aquilo tudo era normal. Que o mundo inteiro vivia daquele jeito.

Porque se eu não fizesse isso, acho que eu cairia no choro no meio das gravações.

Lá, tudo me admirava: as dificuldades que eles passam e ao mesmo tempo a vontade

de viver, ou sobreviver, se assim soar melhor”.

Adriana Krauss, também teve um momento marcante na carreira, em 2009, após a

tragédia que deixou 124 em Blumenau, foi lançado o livro "Jornal Nacional - Modo de Fazer"

e a jornalista blumenauense é citada na obra.

“A cobertura da tragédia de 2008 marcou minha vida e minha trajetória profissional.

Por isso, ter visto minha foto no livro do Jornal Nacional foi motivo de muita

alegria. Senti que todo meu esforço e envolvimento foram reconhecidos”.

Mas Adriana lembra que no início da carreira na TV Galega, canal 7, os imprevistos com

os equipamentos e a correria para colocar o jornal no ar, trouxe aprendizado.

“Comecei como repórter e em dez meses já acumulava as funções de pauteira,

editora, produtora. Pouco mais de um ano depois, ganhei a oportunidade de ser

editora-chefe e apresentadora do telejornal que ia ao ar do meio-dia às 13h. Uma

hora de duração, ao vivo. Um jornal com reportagens grandes, várias entrevistas ao

vivo e incontáveis acontecimentos inesperados, como pane no TP (teleprompter).

Uma excelente oportunidade para aprender a improvisar, ter jogo de cintura ao

vivo”.

Durante o período escolhido para o documentário, 1969 e 2010, passaram pela televisão

blumenauense mulheres importantes, algumas permaneceram por muitos anos, outras, apenas

alguns meses, mas todas fazem parte da história da imprensa televisiva de nossa cidade.

Abaixo, saiba quem foram essas mulheres:

1960 – Valmira Siemann, Vanja Siemann, Lane Wirth, Dagmar Pohlman;

Page 25: PEC Bruna Souza e Monique Becker

24

1970 – Maria Odete Olsen, Eunice Rebelo;

1980 - Andrea Scussel, Maria Helena Saris, Marili Martendal, Mirian Mesquista, Mirian

Roza, Andréia Scussel, Lenita Espíndola, Elizabeth Bieging, Eliane Beck, Irene Huscher,

1990 - Ana Paula Ruschel, Krisley Oeksler, Roberta Districh, Gisela Belz, Deise Somariva,

Magali Moser, Cristina Baumgarten, Ediani Outeiro, Viviane Andres, Tatiana Nascimento,

Shideh Granfar, Giovana Pavei, Nilma Raquel, Heloisa Vieira, Gisele Heingin;

2000 - Cinthia Canziani Medeiros, Angélica Satler, Cristiane Soethe, Adriana Krauss, Aline

Soares,Ana Círico, Bianca Ingletto, Francielle Cardoso, Mariana Paula, Roberta Kóki, Silvia

Novalsky, Viviane Wagenknecht, Luciana Leão, Sabine Weiler, Rúbia Guedes, Schayla Jurk,

Jamille Cardoso, Janaína Hoffmann, Emili Archer, Marta Gomes, Roberta Kauling;

2010 –Beatriz Alves, Denise Felix, Danúbia de Souza, Gisele Escopel, Liliane Machado,

Marina Petri, Tatiana dos Santos, Mari Junkes, Luciana Cunha, Tissiana Pereira, Sheila

Santos, Giovana Silva;

Entre elas, destacamos dez que, em conjunto com o orientador Rodrigo Rogério Ramos e

a professora responsável pela disciplina de Projeto Experimental de Comunicação, Rosemeri

Laurindo, consideramos mais relevantes em cada época analisada para este projeto.

Segundo depoimentos às pesquisadoras, as jornalistas citadas relataram suas trajetórias de

vida profissional, a seguir;

Valmira Siemann - Foi a primeira apresentadora da TV Coligadas e permanece no vídeo até

os dias de hoje. Vivenciou a evolução da televisão em Blumenau e atualmente apresenta o

Programa da Valmira na TV Galega (canal 7).

Maria Odete Olsen- Trabalho na TV Coligadas e durante 17 anos foi funcionária da RBS TV,

foi âncora do Jornal de Almoço, participou de diversas edições do JA na Praça e também

atuou como chefe de reportagem da emissora. Foi demitida após quase duas décadas, um

choque para uma mulher de 42 anos, como relatou durante entrevista no dia 21 de maio. Após

a demissão foi trabalhar na TV Manchete e atualmente apresenta o Programa “Educação e

Cidadania” na Record News.

Marili Martendal - Cobriu a enchente de 1983, vivenciou a dificuldade enfrentada pelos

blumenauenses e trabalhou durante 40 dias consecutivos para levar até o telespectador todas

as informações sobre a situação da cidade em uma época em que a única forma de

comunicação era o teléx e o telefone fixo. A atualmente é assessora de imprensa da Fundação

Cultural de Blumenau.

Page 26: PEC Bruna Souza e Monique Becker

25

Mirian Roza - Começou na RBS TV em 1987 e permaneceu durante 17 anos. Durante este

período trabalhou como repórter e âncora, criou o quadro “Mamãe e Bebê” e mais tarde

passou a apresentador o quadro de variedades. Atualmente apresenta o quadro “Bem na

Moda” na RICTV Record.

Andrea Scussel - Foi repórter do Jornal de Santa Catarina e da TV Barriga Verde, sucursal de

Blumenau. Trabalhou como apresentadora de vídeos institucionais, fez reportagens e

locuções. Atuou como âncora em cinco campanhas para prefeito em Blumenau e Joinville e

em 2000 dirigiu e apresentou o seu próprio programa de TV, o Esporte Café. Atualmente

trabalha como assessora de imprensa e mestre de cerimônia em convenções nacionais e

internacionais.

Maria Helena Saris - Foi durante 10 anos repórter da RBS TV, cobriu a grave da indústria

têxtil de 1988 e a enchente de 2011. Fez diversas entradas nacionais ao vivo e atualmente

trabalha como coordenadora de jornalismo da TV AL em Florianópolis.

Mirian Mesquita- Iniciou no jornalismo na TV Rondônia em 1989. Em 1991 trabalhou na TV

Vale do Itajaí (emissora Band) onde atuou como repórter, apresentadora e chefe de

jornalismo. Em 1994 foi para a TV Barriga Verde e em seguida entrou para a equipe da TV

Coligadas de SC, atuando como repórter, apresentadora e editora de esportes do “Bom Dia

SC. Em 1999 ingressou na TV Galega e atualmente é sócia da Produtora Pacto Vídeo.

Roberta Dietrich - Tem 15 anos de experiência em televisão, a profissional já trabalhou nas

principais Emissoras do Estado de Santa Catarina, como repórter apresentadora e editora.

Enquanto esteve na RBS TV, viajou para a Alemanha pela emissora para participar de um

especial sobre a Oktoberfest de Munique. Também atuou como professora universitária e

assessora de comunicação. Em 2004 começou um trabalho de produção independente e criou

um programa sobre decoração e arquitetura para um canal a cabo.

Ana Paula Ruschel- É formada em Jornalismo pela Univali Itajaí, em 1997. Durante a vida

profissional, atuou no SBT, Record, RBS TV de Santa Catarina, além de ter produzido e

apresentado programa em países como Alemanha, Chile, Argentina e Uruguai. Atualmente

responde pela direção de atendimento da Oficina das palavras.

Viviane Wagenknecht- Iniciou no jornalismo aos 16 anos como repórter do Jornal de

Blumenau na TV Galega, após quatro anos ingressou como repórter da Rede SC, que após

dois anos passou a transmitir a programação da Rede Record, em Blumenau chamada Ric

Record. Passou pela RBS TV em 2010 e atualmente trabalha como apresentadora em TV‟s

Corporativas e repórter da Ric Record Blumenau.

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26

Angélica Satler – Formada pela Universidade de Passo Fundo no Rio Grande do Sul, iniciou a

sua carreira trabalhando em um jornal impresso da região e em rádios AM e FM. No ano de

2007, a gaúcha decidiu mudar de estado e foi para a cidade de Brusque, Santa Catarina, onde

trabalhou em uma produtora por cerca de nove meses. Em outubro de 2007, Angélica veio

para Blumenau e trabalhou na TV Galega e logo depois surgiu o convite para integrar a

equipe de jornalistas da RICTV de Blumenau.

Francielle Sieves Cardoso- Tem 24 anos, é blumenauense e casada. No primeiro semestre da

faculdade, foi selecionada no Programa Rádio Talento da Rádio Atlântida FM. Atuou como

comunicadora por quatro meses. Depois adquiriu mais experiência como repórter na Rádio

CBN AM, Jornal Folha de Blumenau e assessoria de imprensa da FURB. Em março de 2008

entrou para a TV Galega onde iniciou na pauta como estagiária, em poucos meses passou a

fazer reportagens e pouco mais de um ano e meio depois assumiu a coordenação de

Jornalismo e a bancada do Jornal de Blumenau da emissora. Formada em 2008/1 no IBES-

Sociesc com a primeira turma de Jornalismo da cidade.

3 RELATO DA PRODUÇÃO

A integração das pessoas na sociedade com a história daquilo que a cidade passou no

decorrer dos anos é um tema importante de ser tratado. Oferecer a oportunidade de conhecer a

trajetória da comunicação local, focando na mulher, será a resposta de muitas dúvidas e

curiosidades daqueles que se interessam por Blumenau e pela imprensa. Em uma época que as

mulheres mostram cada vez mais a sua força, será um resgate a tudo aquilo que elas viveram

na televisão blumenauense.

3.1. PRÉ PRODUÇAO

O tema escolhido foi definido após diversas conversas com o orientador Rodrigo

Rogério Ramos. A ideia de fazer um documentário com mulheres era cultivada pela dupla

desde a sexta fase, mas o foco do que realmente seria apresentado amadureceu no processo

inicial de orientação. Conversamos muito sobre quem deveria estar no documentário, quais

eram os fatos marcantes que poderiam ser relatados e as principais referências para

fundamentar o tema.

Page 28: PEC Bruna Souza e Monique Becker

27

Para o desenvolvimento deste produto foram necessários equipamentos de vídeo,

áudio, ilha de edição e finalização. Para isso, tivemos a parceria da produtora AW Vídeo 9,

que cedeu às acadêmicas as câmeras, microfones e ilha de edição.

O projeto demandou tempo, dedicação e pesquisa, além de gastos com transporte,

cópias de documentos, livros e materiais como DVDs, pilhas e uma câmera que nos auxiliou

na captação das imagens.

3.2 PRODUCAO E REALIZAÇÃO

O trabalho iniciou a partir de um Pré Roteiro, as entrevistadas foram definidas e as

perguntas que seriam feitas pelas pesquisadoras. Cada uma das mulheres escolhidas para o

documentário vivenciou um momento importante na televisão, por isso, além das perguntas

gerais que havíamos listado, temas individuais relevantes de cada entrevistada foram

abordados. As acadêmicas dividiram as referências e cada uma ficou responsável por

determinadas tarefas como o contato com as entrevistadas, a definição das locações, edição e

finalização.

A dedicação de cada uma das pesquisadoras exercendo suas funções pré determinadas,

foi essencial para o desenvolvimento do trabalho. A dupla esteve junta durante as entrevistas e

no processo de edição.

Todas as entrevistas assinaram o termo de autorização de uso de imagens, garantindo

que este trabalho possa ser veiculado em emissoras locais e outros meios em um futuro

próximo.

Atividades:

Entre os dias 17 e 31 de março as acadêmicas junto com o orientador Rodrigo Rogério Ramos

definiram o tema e as referências para iniciar o memorial. Também foram definidos os nomes

das entrevistas que fazem parte do documentário;

De 12 de abril até o dia 04 de maio as pesquisadoras fizeram contato com as entrevistadas,

verificaram a locação, dias, horários e agenda da produtora AW Vídeo para a realização das

gravações;

9 Produtora de vídeo localizada em Blumenau, Santa Catarina. Site da empresa: www.awvideo.com.br

Page 29: PEC Bruna Souza e Monique Becker

28

No dia 5 de maio tiveram início as gravações. A última entrevista foi gravada no dia 25 de

maio. Nesse período o memorial sofreu alterações, correções e novas referências foram

adicionadas;

3 de junho- Após várias leituras do produto e Memorial, o trabalho foi revidado e concluído

no dia 6 de junho de 2011.

3.3 PÓS PRODUÇÃO E FINALIZAÇÃO

O processo de pós produção do referente trabalho iniciou no dia 21 de maio, quando o

processo de entrevistas foi concluído. Com todo o material em mãos, as pesquisadoras

começaram a decupagem e edição do material.

A edição do documentário foi feita no programa Final Cut Pro 7 pela pesquisadora

Bruna de Souza com o acompanhamento da acadêmica Monique Becker.

Page 30: PEC Bruna Souza e Monique Becker

29

4 CONCLUSÃO

Após a coleta de entrevistas, foi possível perceber os medos, dificuldades, momentos

marcantes e evolução da televisão em Blumenau pela visão das mulheres.

As entrevistadas relataram sua trajetória e as pesquisadoras concluem que a mulher

jornalista foi valorizada e igualmente respeita nas redações. O peso da família, filhos e

responsabilidades que envolvem o universo feminino influenciam na decisão de continuar ou

não na televisão, por isso a maioria delas acredita que a mulher mais experiente opta por

afastar-se da mídia televisiva quando constitui uma família. Consequentemente os homens

mais maduros tornam-se maioria nas telas.

As profissionais ao contarem momentos inesquecíveis, lembraram de fatos marcantes

também para a Blumenau e Santa Catarina, como o acidente com dois ônibus argentinos

descrito pela jornalista Ana Paula Ruschel. Outro fato importante para a cidade relatado por

Marili Martendal foi a enchente de 1983 que deixou Blumenau coberta pela água durante

cerca de 30 dias. A evolução dos equipamentos e agilidade que as redações contam nos dias

de hoje foi comentada por Viviane Wagenknecht, que em dez anos de experiência vivenciou

essa evolução.

A demissão sofrida por Maria Odete Olsen, após 17 anos como funcionária da RBS

TV e sua força para reinventar-se no mercado, como ela mesma relatou, mostra a força da

mulher e a validade dela na televisão.

A emoção da jornalista Francielle Cardoso, formada pelo IBES-Sociesc, ao falar da

televisão como um grande sonho reforçou a sensibilidade e delicadeza da mulher.

A paixão pela mídia televisiva foi percebida por meio dos relatos e ao finalizar a

entrevista com uma palavra, todas definiram seu sentimento como mulher pelo jornalismo e

pela televisão.

Sendo assim, as pesquisadoras concluem que a pesquisa atinge os objetivos propostos

que foram: identificar quem eram as mulheres que fizeram parte da televisão blumenauense

entre as décadas de 1960 e 2010, revelando a sua importância, seus desafios, seus medos, sua

rotina e contar como a televisão foi implantada na cidade e qual era o papel dessas mulheres

na programação das TV‟s locais.

Espera-se que o presente trabalho contribua como forma de pesquisa para acadêmicos

e profissionais, além de ser um importante documento histórico da imprensa televisiva

blumenauense pela visão das mulheres que fizeram parte dela.

Page 31: PEC Bruna Souza e Monique Becker

30

REFERÊNCIAS

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Campinas: Editora Alínea, 1999.

DAY, Adalberto. Tv Coligadas canal 3 Blumenau - A pioneira em Santa catarina.

Disponível em http://especialpomerodenews.blogspot.com/2009/09/tv-coligadas-canal-3-

blumenau-pioneira.html Acesso em: 20 de abril de 2011.

AGUIAR, Neuma (Coord.). Mulheres na Força de Trabalho na América Latina: Análises

Qualitativas. Rio de Janeiro: Vozes, 1984.

BISTANE, Luciana; BACELLAR, Luciane. Jornalismo de TV. São Paulo: Contexto, 2005.

CARVALHO, Márcia. O documentário e a prática jornalística. Disponível em:

<http://www.eca.usp.br/pjbr/arquivos/ensaios7_d.htm> Acesso em 16 de abril de 2011.

FONSECA, Ariane. Mas afinal... o que é documentário? Disponível em

<http://www.arianefonseca.com/index.php/dicas/mas-afinal-o-que-e-mesmo-documentario>

Acesso em 05 de junho de 2011.

GONÇALVES, Elisabete. A Reportagem na Televisão. Disponível em

<http://www.ipv.pt/forumedia/4/17.htm> Acesso em 05 de junho de 2011

LIMA, Mauricio Andrade de. Aspectos gerais da indústria de Comunicação. Disponível

em http://www.eps.ufsc.br/disserta99/lima/cap3.html Acesso em: 16 de abril de 2011.

Mundo Vestibular. A Importância da História. Disponível em

http://www.mundovestibular.com.br/articles/29/1/IMPORTANCIA-DA-HISTORIA/ Acesso

em: 16 de abril de 2011.

NASSAR, Silvio Julio. 1000 Perguntas. Televisão. Rio de Janeiro: Ed Rio Estácio de Sá,

1984.

PATERNOSTRO, Vera Íris. O Texto na TV: Manual de Telejornalismo. Rio de Janeiro:

Campus, 1999.

Page 32: PEC Bruna Souza e Monique Becker

31

PRIORE, Mary Del e BASSANEZI, Carla. História das mulheres no Brasil. 2. ed.São Paulo

: Contexto, 1997. 8

PRIORE, Mary Del. Mulheres no Brasil Colonial. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2003.

REIMÃO, Sandra (org.). Televisão na América Latina. São Bernardo do Campo: UMESP,

2000.

RENAUX, Maria Luiza. O Papel da Mulher no Vale do Itajaí 1850-1950’. 2. ed.São Paulo

: Contexto, 1997. 8

REZENDE, Guilherme Jorge de. Telejornalismo no Brasil: Um perfil editorial. Blumenau:

Ed. Da FURB, 1995.

REZENDE, Guilherme Jorge de. Telejornalismo no Brasil: Um Perfil Editorial. São

Paulo: Summus, 2000. 42 p.

SIEMANN, Valmira. Vivendo a história da comunicação. Blumenau: Contexto, 2010.

TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo. A tribo jornalística: uma comunidade

interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular, 2007.

TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo. Florianópolis: Insular, 2004. Vol. I.

TRAVANCAS, Isabel Siqueira. O Mundo dos Jornalistas. São Paulo: Summus, 1993.

UMESP, 2000.

WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. 5. ed. Lisboa : Presença, 1999.

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planejando/o-vale-do-itajai Acesso em: 09 de abril 2011.

XAVIER, Ricardo. SACCHI, Rogério. Almanaque da TV. 50 anos de Memória e

Informação. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.

Page 33: PEC Bruna Souza e Monique Becker

32

5 APENDICES

5.1 PRÉ ROTEIRO

Documentário:

“A mulher e o jornalismo televisivo”

A mulher na imprensa televisiva blumenauense

Formato

Depoimentos

Sem animação

Estilo Talking Head

Duração: 15 minutos

Imagens cedidas pela RBS TV e Arquivo Histórico

Entrevistadas

Valmira Siemann

Marili Martendal

Ana Paula Ruschel

Mirian Mesquita

Mirian Roza

Francielle Cardoso

Roberta Dietrich

Maria Odete Olsen

Maria Helena Saris

Viviane Wagenknecht

Possíveis perguntas

Trajetória no jornalismo televisivo;

Momentos marcantes da carreira;

Dificuldades encontradas na profissão;

Como foi o apoio da família na escolha pela profissão;

Page 34: PEC Bruna Souza e Monique Becker

33

Principais mudanças que vê no jornalismo televisivo de quando trabalho para os dias

de hoje;

Acredita que a mulher tem algo que a torne diferente do mundo no jornalismo, o que?;

A mulher tem prazo de validade na televisão?;

Uma palavra que defina a sua história na televisão como mulher e jornalista;

Local das entrevistas

Estúdio AW Vídeo

TV Galega

Florianópolis

Pacto Vídeo

Fundação Cultural de Blumenau

Cinegrafistas

Alexandre Kumm

Celso Castellen Junior

Edição

Bruna Carolina de Souza

Leandro Beduschi

Produção

Monique Becker

Entrevistas

Bruna Carolina de Souza

Monique Becker

Agradecimentos

Page 35: PEC Bruna Souza e Monique Becker

34

AW Vídeo Digital

RBS TV

Page 36: PEC Bruna Souza e Monique Becker

35

5.2 CRONOGRAMA

Contato com entrevistados

Entre os dias 20 de abril e 8 de maio

Entrevistas em estúdio

Ana Paula Ruschel

Contato: XXXXXX

Dia: 10 de maio (3ª)

Horário: 17h15

Francielle Cardoso

Contato: XXXXXX

Dia: 11 de maio (4ª)

Horário: 18h15

Mirian Roza

Contato: XXXXXX

Dia: 11 de maio (4ª)

Horário: 19h15

Viviane Wagenknecht

Contato: XXXXXX

Dia: 25 de maio

Page 37: PEC Bruna Souza e Monique Becker

36

Horário: 17h

Entrevistas a campo

Valmira Siemann

Contato: XXXXXX

Dia: 5 de maio

Horário: 21h

Local: TV Galega

Marili Martendal

Contato: XXXXXX

Dia: 10 de maio (3ª)

Horário: 7h30

Local: Fundação Cultural de Blumenau

Mirian Mesquita

Contato: XXXXXX

Dia: 10 de maio (3ª)

Horário: 19h

Local: Pacto Vídeo

Rua das Missões –225( em frente Ric

Record)

Entrevistas em Florianópolis

Maria Helena Saris

Page 38: PEC Bruna Souza e Monique Becker

37

Contato: XXXXXX Dia: 21 de maio

Horário: 10h

Local: Confirmar (centro da cidade)

Maria Odete Olsen

Contato: XXXXXX

Dia: 21 de maio (sábado)

Horário: 13h

Local: Confirmar

Entrevista enviada em DVD

Roberta Dietich

Envio DVD

Entrevista em texto

Angélica Satler - Enviada

Andrea Scussel - Enviada

Adriana Krauss - Enviada

Ediçao e Arte Final

Entre os dias 23 de maio e 10 de junho

Entrega do documentário para o

Orientador Rodrigo Ramos

Data: 11 de junho

Page 39: PEC Bruna Souza e Monique Becker

38

Entrega PEC 14 de junho

Page 40: PEC Bruna Souza e Monique Becker

39

5.3 ORÇAMENTO

Encontros com as entrevistadas e visitas às

emissoras de televisão.

Gasto com transporte coletivo e veículo

próprio - R$ 100,00;

Produção e finalização do documentário Pilhas, DVDs, Xerox, Telefone- R$ 150,00

Alimentação R$ 50,00

Page 41: PEC Bruna Souza e Monique Becker

40

5.4 AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM

TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGENS

........................................ autorizo o(a) acadêmico(a) ........................... a utilizar minhas imagens e voz

para uma reportagem produzida dentro da disciplina Projetos Experimentais em Comunicação,

habilitação Jornalismo (PEC-JORN), ministrada pela Profa. Rosemeri Laurindo, do sétimo semestre

do Curso de Jornalismo do Instituto Blumenauense de Ensino Superior – IBES/SOCIESC., e orientado

pelo prof. Rodrigo Rogério Ramos.

A reportagem pretende revelar identidades regionais. A referida reportagem objetiva destacar

personagens, histórias e temáticas regionais sendo sua divulgação principalmente no meio acadêmico,

assim como festivais e mostras universitárias, atendendo fins didáticos e sem fins lucrativos.

Estou ciente de que o referido trabalho tem acompanhamento de jornalistas profissionais, docentes do

curso acima citado e, portanto, as cenas e depoimentos ora autorizados não implicarão em

constrangimento de qualquer espécie para as pessoas envolvidas, sendo trabalhadas conforme

preceitua o Código de Ética do Jornalismo.

Blumenau,...... de ..... de 2011.

................................................................

Page 42: PEC Bruna Souza e Monique Becker

41

ANEXOS

Texto enviado via e-mail no dia 12 de maio;

Trajetória profissional- Andrea Scussel

Iniciei na comunicação em 1983 como repórter do JSC – Blumenau. Três meses depois fui

convidada pela RBS TV para ser repórter e comecei minha trajetória na televisão.

Fui batizada com duas grandes enchentes, lembro que trabalhei por dias a fio usando umas

botas de borracha tamanho 40, e eu calço 34. Sem banho, sem maquiagem, comida escassa.

Na época o prefeito era o Dalto dos Reis e eu o entrevistei durante toda a catástrofe. Tinha

acesso à prefeitura, tinha credibilidade e estabeleci laços profissionais significativos, de

confiança. Emplaquei o Jornal Nacional, da Globo. Presenciei cenas e vivi momentos que me

fizeram crescer como pessoa e como profissional. Foram fatos marcantes que me ensinaram

sobre solidariedade. Perdi medos, dispensei padrões e acabei criando um estilo de escrever e

apresentar um pouco diferente do que se via no jornalismo local.

Acompanhei o nascimento da Oktoberfest. Os bastidores, as dificuldades e a ousadia de uma

grande festa após uma grande tragédia. Cobri a sangria do primeiro barril de chope, no

pavilhão A da antiga Proeb. Emocionei-me, chorei. Nesta primeira edição trabalhei todas as

noites, com o entusiasmo de quem ajudava a reconstruir a cidade. A minha função era mostrar

uma Blumenau refeita.

A época do movimento Diretas já foi outro marco. Num Brasil ainda sob o regime militar, nós

repórteres, recebíamos uma lista de palavras proibidas de serem usadas nos textos off ou nas

aberturas e passagens. Graças a Deus esqueci quais eram.

Arrojada e bastante segura do que fazia, comecei a “vivenciar” minhas matérias. Lembro que

o centro da cidade parou quando desci a torre da igreja Matriz num rapel de 50 metros junto

com um soldado para cobrir um treinamento do corpo de bombeiros. O fio do meu microfone

tinha 10 metros, e foi desta altura que fiz a passagem e a entrevista. Isso não era comum na

TV local.

Ainda na RBS TV fiz plantão policial, economia, variedades. Fazíamos tudo. Eu cobria todo o

Vale, Médio e Alto Vale, e o litoral. Nesta fase assinava meu nome de casada Andrea

Degásperi.

Page 43: PEC Bruna Souza e Monique Becker

42

Da RBS fui para TV Barriga Verde, sucursal de Blumenau, na época retransmitia a Rede

Manchete. Algumas matérias minhas foram para o nacional. Uma delas foi sobre a indústria

têxtil. Passei 12 horas dentro do parque fabril da Hering para mostrar todo o processo de

fabricação de uma camiseta. Do algodão bruto ao produto final na prateleira. Neste dia me

apaixonei por fábricas e pelo “como se faz”. Aqui voltei a assinar Andrea Scussel.

Criei meus filhos, Israel hoje com 30 anos, publicitário, e Lucas com 26, turismólogo,

trabalhando como repórter. Fazia plantão, trabalhava a noite e passei algumas datas

importantes dentro do carro da TV.

Sempre amei e amo meu trabalho. As conquistas? Pra mim a maior delas foi construir e

manter um nome que é sinônimo de credibilidade. Quanto às dificuldades, acredito que

tenham sido desafios somente.

Desliguei-me da Barriga Verde e optei por ser autônoma. Fiz trabalhos para várias empresas,

vídeos institucionais, reportagens, locuções, mestre de cerimônia o que ainda faço. Atuei

como âncora em cinco campanhas para prefeito em Blumenau e Joinville. Nunca me filiei a

partidos, nunca subi em palanques e nem adesivei o carro. Por conseqüência, nunca recebi

uma proposta indecorosa de trabalho, promessas de cargos ou de ganhos por fora. Atuei na

política como profissional de comunicação e isso sempre foi respeitado pelos candidatos que

me contratavam. Apresentei também um programa do governo do Estado, o Santa Catarina

em Ação.

Trabalhei para a Renault do Brasil como apresentadora das assembléias do consórcio que

eram transmitidas para todo o país. Foi com esta apresentação que a FURB TV fez sua

primeira transmissão ao vivo.

Para a Volvo e Nissan prestei serviço como mestre de cerimônia em convenções nacionais e

internacionais. Um trabalho mais técnico que me proporcionou estar entre nomes respeitáveis

do mundo empresarial. Considero um privilégio. Minha visão, de modo geral, foi ampliada e

meus pensamentos se expandiram em um nível global.

Em 2000 criei, dirigi e apresentei meu próprio programa de TV, o Esporte Café. Esta foi uma

grande realização profissional. Conheci pessoas, vivenciei um universo muito rico. O esporte

me abriu os olhos, a mente e muitas portas.

Em vídeo, vários trabalhos institucionais. Entre eles o Porto de Itajaí.

Page 44: PEC Bruna Souza e Monique Becker

43

Trago na bagagem trabalhos de assessoria de imprensa para o navegador Vilfredo Schürman e

para o Índia Mangalan.

Hoje, sou assessora de comunicação da Procave (construtora) em Balneário Camboriú. Faço a

assessoria de imprensa, administro e gero conteúdo para as mídias sociais da empresa (

www.procaveblog.com.br), redijo o informativo interno entre outras atividades. Meu trabalho

mais recente em vídeo foi a apresentação dos apartamentos Showroom decorados que está

disponível no meu Blog http://ascussel.wordpress.com

Andrea Scussel

Maio 2011

Page 45: PEC Bruna Souza e Monique Becker

44

Texto enviado via e-mail no dia 22 de maio;

Trajetória profissional- Angélica Satler

Minha “relação” com a TV ainda é jovem! Quando entrei na faculdade de Jornalismo, eu

queria desenvolver as técnicas da televisão porque via aquelas repórteres maravilhosas e

queria estar naqueles lugares também, fazer o que elas estavam fazendo. Mas no percurso

profissional, minhas paixões mudaram diversas vezes. Passei pelo jornal impresso, pelo

jornalismo de rádio AM, pela locução de rádio FM e até me arrisquei em assessoria de

imprensa. Em junho de 2006, meio ano depois de eu ter me formado, decidi largar tudo e

seguir em busca do meu sonho: fazer TV. Deixei apartamento e emprego em Passo Fundo (na

época, eu trabalhava na Atlântida) e voltei para a casa dos meus pais, em Tapera, no Rio

Grande do Sul. Saber que era TV o que eu queria me dava o alívio de estar com 50% do

caminho andado. O resto seria suor. E eu sabia disso. Durante seis meses pesquisei vagas de

emprego em todos os cantos que eu poderia imaginar. Foi quando surgiu a oportunidade de

trabalhar em uma produtora de vídeo em Brusque. Eu aceitei, mesmo sem ter certeza que

aquele seria o caminho certo a seguir. Mas era o que eu tinha em mãos. Topei o desafio. Eu

fazia produção, reportagem e apresentação do programa que se chamava “Empresas e

Mercados”. Mostrávamos as potencialidades e o diferencial de empresas locais. Por mais que

aquilo fosse uma loucura, cada dia que passava eu me apaixonava mais pelo jornalismo de

TV. O programa não vingou. Faltaram patrocinadores. E foi necessário tirá-lo do ar. Precisei

dar jeito na minha vida profissional e, com o currículo embaixo do braço, fui bater de porta

em porta em emissoras de Itajaí, Balneário Camboriu e Blumenau. Em outubro de 2007, a TV

Galega me chamou para trabalhar. Foi ali que eu começava a dar meus primeiros passos no

jornalismo diário de TV. Além de repórter, eu editava minhas matérias, montava o jornal e

apresentava. Lembro que era uma correria danada! Apesar das dificuldades, eu amava aquela

adrenalina toda. Sabia que às 19h15 eu tinha que estar com o jornal no ar. Hoje eu vejo o

quanto as pessoas que trabalham na TV Galega são guerreiras por conseguirem colocar no ar

um telejornal de 45 minutos com assuntos só de Blumenau.

Oito meses depois, fui convidada pelo então repórter da Ric Blumenau, Henrique Zanotto, a

fazer uma entrevista na emissora. Eu fui e o Alexandre Gonçalves (Gerente de Jornalismo da

Ric) me contratou. O desafio era grande e eu descobri que o jornalismo da TV Galega não

tinha me preparado o suficiente para o jornalismo diário de um canal aberto. Não pela

experiência, e sim pelo padrão. Ao invés de matérias de quatro minutos, eu precisava fechar

Page 46: PEC Bruna Souza e Monique Becker

45

VTs de um minuto e meio. Aquilo era demais para a minha cabeça! Eu sofri no início. Achava

que nunca passaria pelos três meses de experiência. Mas, depois de 90 dias o Gonça (como

chamamos carinhosamente o nosso “chefe”) me chamou na sala dele e disse “você está

contratada”. Foi como se, naquele momento, eu tirasse uma tonelada das minhas costas!

E na Ric Record eu fui ficando! E foi ali que tive os momentos mais marcantes da minha

pequena carreira...

A começar pela tragédia de 2008 que arrasou o Vale do Itajaí. Ver pela televisão, sentada no

sofá de casa histórias impressionantes, isso eu já tinha feito. Mas nunca imaginei que um dia

seria eu quem estaria do outro lado da tela reportando para centenas ou milhares de pessoas,

momentos tão tristes como aqueles. Lembro de ter trabalhado 17 horas a fio por dia e nem

reclamava do cansaço. E lembro também dos colegas, como o Henrique Zanotto, em situações

perigosas, tristes e chocantes sem se importar com sujeira, lama, chuva, falta de conforto.

Naqueles dias, o que menos importava era o cansaço, a fome, o frio, o calor ou estas situações

que costumamos reclamar. Naqueles dias, o que realmente me interessava era ter as

informações atualizadas a cada minuto, conseguir informar de maneira clara e objetiva o que

se passava na cidade e ser o mais realista possível, sem fazer daquilo um jornalismo

sensacionalista. Era triste, e ao mesmo tempo interessante, ficar na sacada da prefeitura

contabilizando os estragos junto a toda a equipe das secretarias municipais, do Exército, da

Defesa Civil. Eu gostava de chamar aquilo de QG. Porque era mesmo o que parecia ser! Sem

sombra de dúvida foi uma das experiências mais marcantes e importantes para a minha

carreira como jornalista. E tão importante quanto, foi ver pessoas deixando seus familiares em

casa para dar o “sangue” pelo jornalismo. Colegas de trabalho que também tiveram suas casas

destruídas, que a família também ficou isolada, que precisaram caminhar quilômetros sobre a

lama (porque carro nenhum passava) para conseguir ver os filhos e a mulher dois ou três dias

depois do acontecido. Isso tudo me faz refletir até onde vamos pelo jornalismo. Que paixão é

esta que nos move pela notícia.

Depois de 2008, eu tive mais um momento marcante: a viagem para o Haiti. Foi um convite

feito pelo Comandante do 23º Batalhão de Infantaria, o coronel Ruffo, que me levou até lá.

Entre o aviso da vaga e a minha ida, foram três dias. Eu tentei me preparar psicologicamente

pra o que veria lá sabendo que o terremoto ocorrido um ano antes tinha destruído o país. Mas

se preparar para um situação dessa é inútil. Primeiro porque o que você enxerga ao colocar os

pés lá é muito pior do que você imaginou que seria. Segundo, porque é um povo sofrido, com

Page 47: PEC Bruna Souza e Monique Becker

46

muita gente sem ter roupa pra vestir, casa pra morar, comida pra comer. Água potável é

raríssimo. E ver aquelas crianças pedindo algo para comer, sem poder dar, é algo que até hoje

não sai da minha cabeça. A viagem para mim foi tão chocante que nem meu trabalho rendeu

como deveria ter rendido. Mas valeu a pena. Eu trabalhava de olhos fechados. Fazia de conta

(para mim mesma) que aquilo tudo era normal. Que o mundo inteiro vivia daquele jeito.

Porque se eu não fizesse isso, acho que eu cairia no choro no meio das gravações. Lá, tudo me

admirava: as dificuldades que eles passam e ao mesmo tempo a vontade de viver, ou

sobreviver, se assim soar melhor. Bom, pior que tudo isso foi sair de lá. Coração apertado e a

sensação de não ter feito nada, absolutamente nada por eles. E o que faria? Eu não sei. Mas

cheguei a pensar, naquela hora, que estávamos “usando” aquele povo para vender notícia. E

depois me acalmei e entendi o verdadeiro sentido do jornalismo: poder estar em lugares como

esse e mostrar para o mundo inteiro o que muita gente não pode ou não quer ver.

Sobre as maiores dificuldades do jornalismo de TV? O famoso “dead-line”. Eita dificuldade

conseguir fechar as matérias a tempo de colocá-las no ar quando a correria é demais. De vez

em quando, a gente acha que o tempo é suficiente, mas aí cai na real: “precisamos entrevistar

duas, três pessoas (uma delas mora no Garcia. A outra, na Vila Itoupava!). E onde vamos

gravar a passagem e o teaser?! E imagens? Temos o suficiente? Vamos fazer uma

enquete?!”... E por aí vai! E tem ainda as surpresas do dia-a-dia: quando você chega no lugar

marcado e a história relatada em pauta não é bem aquilo que pensava que fosse. E aí é preciso

colocar o velho ditado em ação: “tirar leite de pedra”. O bom de tudo é que, geralmente, se

consegue!

Definir a carreira na televisão é a parte mais difícil Acho que tem mil palavras (assim como

mil imagens!) para descrevê-la. Mas eu diria que é um eterno “DESAFIO”!

Angélica Satler

Maio 2011

Page 48: PEC Bruna Souza e Monique Becker

47

Texto enviado via e-mail no dia 23 de maio;

Trajetória profissional- Adriana Krauss

Comecei a trabalhar em televisão em 1997, quando tinha 19 anos. Meu primeiro emprego

nessa área foi na TVBV, a emissora da rede Bandeirantes em Santa Catarina. Eu era repórter

da sucursal de Blumenau, que cobria notícias de todo o Vale e Alto Vale do Itajaí, Litoral e

cidades do Norte do estado, como Joinville e Jaraguá do Sul. Fazia reportagens dos mais

variados assuntos, de política a esporte, passando por saúde, economia, polícia, tragédias,

enfim, tudo. Fiquei cerca de 1 ano e 10 meses na empresa e saí para trabalhar como freelancer

da RBS TV.

Havia uma previsão de que seria um período longo, por conta da licença maternidade de uma

das jornalistas. E foi. Trabalhei 10 meses como repórter da geral na RBS TV Blumenau, que

cobre quase a mesma região da TVBV, a exceção é a região norte. Imaginei que uma vaga

fixa fosse abrir nesse prazo, mas não aconteceu. Preocupada em não ficar parada e assinar a

Carteira de Trabalho passei a prestar mais atenção ao mercado. Quando faltava um mês para

acabar o contrato passei a conversar com os colegas da imprensa e cada vez que os

encontrava em uma pauta tentava tocar no assunto, de forma sútil, informando que em breve

eu estaria livre.

Foi quando recebi o convite para trabalhar na TV Galega, uma emissora de TV por assinatura

cujo sinal só é transmitido para Blumenau. Comecei como repórter e em dez meses já

acumulava as funções de pauteira, editora, produtora. Pouco mais de um ano depois, ganhei a

oportunidade de ser editora-chefe e apresentadora do telejornal que ia ao ar do meio-dia às

13h. Uma hora de duração, ao vivo. Um jornal com reportagens grandes, várias entrevistas ao

vivo e incontáveis acontecimentos inesperados, como pane no TP (teleprompter). Uma

excelente oportunidade para aprender a improvisar, ter jogo de cintura ao vivo.

Trabalhava na emissora um ano e quatro meses. Estava de férias em São Paulo fazendo um

curso de aperfeiçoamento em telejornalismo, quando recebi uma ligação do coordenador da

RBS TV de Blumenau, Eurico Meira. Ele me convidou para voltar e assumir a apresentação

do Bom Dia Santa Catarina (BDSC) regional, que na época ainda estava no ar, e para ser

repórter do Jornal do Almoço (JA). Discutimos a proposta, pedi um tempo para pensar e

aceitei o convite. Apresentei o BDSC local durante seis meses quando recebi a notícia de que

o telejornal passaria a ser ancorado somente pela cabeça de rede, Florianópolis. Assumi,

Page 49: PEC Bruna Souza e Monique Becker

48

então, a apresentação do JA ao lado da jornalista Ana Paula Ruschel. Éramos repórteres e

apresentadoras. Fazíamos de tudo. Eu pautava minhas próprias matérias e a de meus colegas,

chegava cedo à redação, fazia a ronda ligando para as principais fontes, saía para fazer as

reportagens, geralmente duas por manhã, e voltava para editar. Cumprir o deadline era um

baita desafio. Quando você está na rua, no meio do trânsito, naquela correria, o tempo voa.

Olhar para o relógio de vez em quando é uma obrigação para organizar o andamento da

gravação e chegar a tempo, naquele caso, 11h. Na maioria das vezes eu mesma editava o

material. Da edição para o camarim era outra correria.

No segundo semestre de 2004, recebi o convite do diretor da emissora, Claiton Selistre, para

trabalhar em Florianópolis. Disse sim e comecei a me organizar. Em setembro do mesmo ano

vim pra capital. Estou aqui até hoje. Além de repórter do Jornal do Almoço, sou

apresentadora substituta do Bom Dia, repórter de apoio do núcleo da Rede Globo e integrante

de projetos especiais da emissora. Ao todo são quase nove anos de RBS TV.

Sou uma pessoa muito bem resolvida com relação a status. Sei da relevância dele, mas não

trato minha profissão com glamour. Trabalho muito, acordo cedo, cumpro horário, tenho

conquistas e frustrações, tudo muito corriqueiro. Tenho completa convicção de que a tevê

ainda deixa muitas pessoas encantadas, mas sempre tive os pés no chão, pois a humildade é

fundamental para você se colocar no lugar do outro, seja um colega de trabalho ou um

entrevistado. Mas claro que tenho muito orgulho do que faço e de tudo que conquistei e

aprendi até aqui, nesses 14 anos de carreira. A cobertura da tragédia de 2008 marcou minha

vida e minha trajetória profissional. Por isso, ter visto minha foto no livro do Jornal Nacional

foi motivo de muita alegria. Senti que todo meu esforço e envolvimento foram reconhecidos.

Logo no início da carreira, sentia que os colegas de profissão (principalmente os

"dinossauros" do jornalismo) me olhavam meio desconfiados, como se estivessem pensando:

será que essa menina tem capacidade? Eu tinha somente 19 anos quando comecei, era

inexperiente, ficava mais calada, com medo de cometer alguma gafe, observava tudo.

Imagine só, conviver com profissionais super experientes, ter que fazer reportagens dos mais

variados assuntos. Tudo isso me assustava, eu ficava insegura. Em vez de me derrubarem,

esses sentimentos serviram de estímulo para eu melhorar. Passei a ler muito mais do que eu

lia. Diferentes jornais de SC e de circulação nacional, revistas como Veja, Época, Isto É,

livros, muito livros. Romances, contos, livros de poesia, biografias, obras históricas...

Também comprei várias obras que tratavam de telejornalismo, da entrevista para tevê, as

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melhores formas de abordar um entrevistado, passei a fazer ainda mais cursos. Essa decisão

de mergulhar no conhecimento fez toda a diferença na minha evolução. Além disso, comecei

a assistir aos telejornais com muito mais atenção e de forma mais crítica. Chegava a gravar as

reportagens de grandes jornalistas, reescrever os textos e fazer a análise do material. Ficava de

olho no estilo do autor, na construção das frases, no tempo de cada off. Isso também me

ajudou muito.

Outra dificuldade é o dead line. Jornalistas de TV são os que mais sofrem com o horário de

fechamento dos telejornais. O Jornal do Almoço, por exemplo, começa a ser produzido às 8h

da manhã. O dead line é às 11h. São somente três horas para gravar reportagens na rua, ir a

todas as locações, encontrar os entrevistados necessários, enfim, apurar quais são os fatos do

dia e fazer matérias sobre eles. Tudo isso em meio ao trânsito caótico das nossas cidades,

muita chuva, sol, frio, as mais variadas condições. Para chegar à redação às 11h com o texto

pronto é preciso ter equilíbrio e estômago. Os offs são escritos no carro mesmo. Enquanto o

motorista segue para a emissora, lá está o repórter em seu momento de criação. Em coberturas

de tragédias, como a de novembro de 2008 em SC, quando a quantidade de fatos relevantes

aumentava a cada hora, a velocidade de trabalho do repórter tem que ser ainda maior. Editores

ligam a toda hora querendo saber onde você está, como você está construindo o material para

que o texto não repita informação de outra reportagem... É preciso muito jogo de cintura e

saber trabalhar sob pressão, muita pressão.

Tenho sorte de ter tido uma criação baseada na ética, na humildade, justiça, na meritocracia.

Meus pais sempre foram exemplares nas suas condutas e eu aprendi muito com isso. O

jornalista tem que ter opinião, claro, mas precisa ser ético e respeitar as pessoas envolvidas

em uma reportagem, até mesmo um político corrupto acusado de improbidade administrativa,

por exemplo.

No início também tive dificuldade por conta do meu visual. Meus cabelos eram tingidos de

loiro bem claro, era moda e eu havia aderido. Em poucos meses trabalhando em tevê fui

orientada a mudar, porque isso afetava minha imagem. Não tive dúvidas e mudei. Passei a

tomar como padrão os profissionais da Rede Globo. Raramente, raramente mesmo, você via

uma loira oxigenada no telejornalismo. Deixei de pintar os cabelos e desde então eles são

naturais. Não foi só o cabelo que mudei. Adotei uma postura ainda mais séria com relação ao

que eu vestia. Roupas discretas, alinhadas, sempre impecável.

Adriana Krauss

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Maio 2011

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Slogan TV Coligadas

Folder de Lançamento da TV Coligadas - 1969

Programa “Mulheres em Vanguarda” 1969

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Unidade Móvel – TV Coligadas

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Francielle Cardoso durante a entrevista

As pesquisadoras com a entrevistada Francielle Cardoso

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Mirian Rosa antes da entrevista

As pesquisadoras com a entrevistada Mirian Roza

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Valmira Siemann em entrevista no estúdio do “Programa da Valmira” na TV Galega

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Mirian Mesquita em conversa antes da entrevista

As pesquisadoras com a entrevistada Miriam Mesquita

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Ana Paula Ruschel em conversa antes da entrevista

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Marili Martendal durante a sua entrevista no auditório Edith Gaertner

As pesquisadoras com a entrevistada Marili Martendal

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As pesquisadoras com a entrevistada Maria Helena Saris

Maria Helena Saris durante entrevista

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As pesquisadoras com a entrevistada Maria Odete Olsen

Maria Odete Olsen durante entrevista

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As pesquisadoras com a entrevistada Viviane Wagenknecht

Viviane Wagenknecht durante entrevista