1 AGITAÇÃO E MISTURA Operações de mistura encontram-se frequentemente na indústria em processos...

Preview:

Citation preview

1

AGITAÇÃO E MISTURA

Operações de mistura encontram-se frequentemente na indústria em processos que envolvem transformações físicas e químicas

indústria alimentar indústria farmacêutica indústria do papel indústria dos plásticos indústria cerâmica

O investimento financeiro (custos de capital e de operação) em processos de mistura é considerável

o custo resultante da sua inadequação na indústria dos USA foi recentemente estimado em 1 a 10 biliões de $ por ano

Módulo 11

2

Fundamental adquirir as bases dos conhecimentos fundamentais em processos de mistura

exemplo: - selecção do tipo de agitador para uma dada aplicação

- análise do desempenho de instalações existentes

3

Os termos agitação, mistura e dispersão têm diferentes significados

agitação - processo que permite o movimento global num fluido, promovendo a mistura e a dispersão

mistura - combinação “numa só massa”“mixing” no início existem 2 ou mais materiais, distintos numa ou

mais propriedades (composição, densidade ou temperatura) e após mistura completa existe uma só entidade num estado de uniformidade máximo possível

(misturas homogéneas, dissolução de sólidos em líquidos, mistura de dois líquidos com diferentes temperaturas)

dispersão – combinação de 2 materiais num produto final onde continuam existir os materiais separados (porções de pequenas dimensões espalhadas umas entre as outras a uma escala que é maior do que as dimensões das moléculas)

(suspensão de sólidos, dispersão de gases em líquidos, emulsões)

4

A agitação constitui um excelente exemplo onde o escoamento de fluidos ocorre frequentemente em simultâneo com transferência de massa, reacções químicas e transferência de calor

Classificar as operações de mistura em termos das fases (sólido, líquido ou gás) envolvidas - classificação geral, independente dos produtos envolvidos ou do tipo de indústria

possível definir operaçõesque são comuns a várias indústrias

5

mistura de líquidos (miscíveis)

processo simples, pois não envolve reacção química (em geral) e transferência de massa interfacialexemplo: - combinação de produtos do petróleo

reduzir as variações de concentração para níveis aceitáveis

surgem dificuldades quando os líquidos têm viscosidades ou densidades muito diferentes, ou um dos líquidos corresponde a um pequeno volume da mistura final

6

mistura sólido - líquido

promover a suspensão de partículas num líquido com viscosidade relativamente baixaexemplo: - cristalização

- reacção em fase líquida com catalisador sólido

transferência de massa e/ou reacção química associada(s)

dispersar partículas muito finas em líquidos com viscosidade elevadasexemplo: - incorporação de “carbon black” na borracha

comportamento reológico muito complexo(em geral, envolve fenómenos de superfície e contacto físico)

7

mistura gás – líquido

gerar uma dispersão de bolhas gasosas numa fase líquida contínuaexemplo: - oxidação

- hidrogenação- fermentações biológicas

transferência de massa associada e por vezes

reacção química na fase líquida mistura líquido – líquido (líquidos imiscíveis)

criar uma dispersão de gotas de líquido numa fase líquida contínuaexemplo: - extracção líquido - líquido

- emulsificação

transferência de massa associada

8

contacto entre 3 fases

tópico que mereceu uma atenção e estudo especial nos últimos anosexemplo: - cristalização por evaporação

- hidrogenação

mistura de sólidos

característica principal segregação (tendência de as partículas se separarem de acordo com o tamanho e/ou densidade)

a segregação das partículas pede ser causada pela agitação

9

segregação em banda resultante da rotação

do pó num cilindro

quando uma mistura de partículas de diferentes dimensões é derramada

sobre um monte, as partículas maiores rodam

para as bordas

10

Mecanismos de Mistura

A agitação de um líquido é, em geral, realizada num contentor equipado com um agitador (hélice, pá ou turbina)

movimento global do fluido

o agitador ao rodarpequenos turbilhões

no fluido

A energia mecânica necessária para rodar o agitador é transmitida ao fluido

11

Embora muitos equipamentos sejam projectados tendo como base o grau de mistura final, a transferência de massa e as reacções químicas, em alguns casos a transferência de calor é o mecanismo controlante

Misturar mais energicamente, ou durante mais tempo, pode ser mais prejudicial do que benéfico

exemplo: - bioreactores- cristalizadores- soluções poliméricas- misturas sólidas

12

os regimes podem ser caracterizados

laminar turbulento

transição

mistura laminarassociada normalmente a líquidos com elevada viscosidade (> 10 Pa s)

forças de inércia pequenas face à acção da elevada viscosidade os agitadores devem constituir uma significante proporção do contentor para que haja movimento global do fluido

13

os agitadores possuem dimensões comparáveis às dos tanques

14

próximo das superfícies que rodam existem grandes gradientes de velocidade (elevadas tensões de corte) deformações dos ele-mentos de fluido e estiramento

u

yt1 t2 t3 t4

diminuição da espessuraaumento da área

nas dispersões e emulsões são frequentemente este tipo de esforços (que resultam das tensões de corte e alongamento) que reduzem o tamanho de bolhas e gotas

15

simultaneamente a diferença de concentrações entre os diferentes elementos é reduzida devido à difusão molecular, essencialmente quando a área disponível para a difusão aumenta

mistura turbulentaem termos práticos, o movimento global do fluido em tanques de mistura é turbulento se a viscosidade do fluido é < 10 mPa s

a inércia transmitida ao fluido pelo agitador é suficiente para este circular facilmente através do tanque e regressar ao agitador

o nível de mistura é superior junto do agitador elevada taxa de tensão de corte devido aos vórtices aí formados

16

17

a difusão turbilhonar (convecção) existente promove a mistura processo mais rápido do que o associado à mistura laminar

o escoamento é tridimensional as condições fronteira não são conhecidas (em geral) considerar em simultâneo equações para a transferência de momento, massa e calor mistura turbulenta: a intensidade de turbulência varia muito significativamente com a localização

a abordagem usando a análise dimensional foi tentada e verificou-se a sua aplicação com êxito

Dificuldades:

18

A diversidade de equipamento de mistura disponível reflecte a enorme variedade de aplicações nas diferentes indústrias

seleccionar o tipo de sistema de agitação que permite obter o resultado final eficientemente (baixos custos de capital e de operação)

tanques de agitação mecânica misturadores de jacto “in-line static mixers” ”in-line dynamic mixers” moinhos de dispersão válvulas homogeneizadoras extrusoras

Equipamento – Sistemas de Agitação Mecânica

19

cada tipo de sistema de agitação apresenta ainda diferentes configurações

Sistemas de Agitação Mecânica

B largura dos anteparosC distância entre o fundo do

tanque e a linha central do agitador

D diâmetro do agitadorT diâmetro interno do

tanqueW largura do agitadorZ altura do fluido no tanque

20

a razão Z/T é em geral igual a 1

gama de variação: 0,5 Z/T 1,0

plana

base do tanque cilíndrico côncava (“dished”) –suspensão de sólidos

cónica

a gama de variação da razão C/T é normalmente

0,1 C/T 0,4

21

anteparos

para impedir a formação de vórtice central quando os fluidos de baixa viscosidade são agitados num tanque cilíndrico com o agitador montado axialmente

22

existência do vórtice central

desvantagens vantagem

- baixo grau de mistura (fluido e - submersão dos sólidos em aplicações onde agitador possuem a mesma velocidade são usadas suspensões angular)- captura de ar pelo líquido- nível do líquido sobe junto às paredes do tanque

4 anteparos equidistantes fixados na superfície interna da parede do tanque

B/D 1/12 turbinas, pás

B/D 1/18 hélices

em geral, os anteparos não são necessários em aplicações com fluidos de elevada viscosidade

23

agitadores

a configuração do agitador tem um forte impacto nas características da agitação e nas necessidades energéticas

24

Turbina

25

Turbina

Hélice

26

27

o tipo de agitador a usar depende fortemente da viscosidade do líquido

héliceturbinapá

âncora (“anchor”) (5 a 50 Pa s)fita helicoidal (“helix”)

viscosidadeaumenta

velocidade derotação

aumenta

os agitadores usados em mistura turbulenta normalmente possuem D/T igual a 1/3

gama de variação: 0,2 D/T 0,5

28

notar que os agitadores usados em mistura laminar possuem normalmente dimensões comparáveis à do tanque

0,7 D/T 1,0

o agitador mais usado é provavelmente a turbina com 6 lâminas implantadas no disco (agitador de Rushton)

o padrão de escoamento em torno do agitador tem sido objecto de estudo de muitos investigadores (técnicas de visualização e outras)

complexos sistemas turbilhonares e jactosde elevada velocidade foram observados

nas vizinhanças do agitador

29

vórtices existentes atrás das lâminas da turbina de Rusthon

30

- agitador de Rushton utilizado na dispersão de gases em líquidos

- hélice (3 lâminas) usada na mistura de líquidos de baixa viscosidade

- agitador montado centralmente (vertical) – o normal

- agitador montado inclinado

- agitador montado de lado (horizontal)

- múltiplos agitadores implantados no mesmo veio

- diversos agitadores montados separadamente no mesmo tanque

31

mistura turbulenta: o padrão de escoamento do fluido num tanque agitado depende do tipo de agitador

escoamento axial escoamento radial

a hélice cria um fluxo global axial

(usada em suspensões de sólidos)

32

a turbina de lâminas planas cria um forte fluxo radial para fora

(existem zonas de recirculação na porção superior e inferior do tanque)

33

o padrão de escoamento pode ser alterado modificando a geometria do agitador

- se as lâminas da turbina forem inclinadas uma forte componente axial é originada

o agitador tipo âncora promove o movimento do fluido junto às paredes do tanque região perto do veio está praticamente estagnada (escoamento tangencial)

34

para promover o movimento ascendente / descendente do fluido deve-se usar o agitador tipo fita helicoidal

35

seleccionando a apropriada combinação dos componentes do equipamento o engenheiro de

projecto garantirá que o tipo de escoamento resultante seja adequado ao seu objectivo final

Claramente, o tipo de escoamento do fluido depende da geometria do agitador/tanque/anteparos e da reologia do fluido

36

Tanque de agitação com um líquido Newtoniano de densidade e viscosidade

conhecimento da potência (P) necessária para rodar o agitador é essencial no projecto do motor/caixa de transmissão

P = f(, , N, g, D, T, W, H, outras dimensões)

Variáveis de Projecto e Números Adimensionais

N velocidade de rotação

37

usando a análise dimensional, o número de variáveis que descreve o problema pode ser diminuído

,,,,2

,2

'53 D

HDW

DT

gNDNDf

DNP

53DN

P

2ND

gND2

- número de potência (Po)

- número de Reynolds (Re)

- número de Froude (Fr)

38

Fr é usado para ter em conta o efeito do comportamento da

superfície livre do líquido (vórtice central) no Po

pode ser desprezado para:

- Re pequenos (< 300)- Re elevados nas aplicações em

que se usam anteparos

Po = f(Re, razões geométricas)

para sistemas geometricamente semelhantes

Po = f(Re)

39

Curva típica de potência

região laminar Po = K / Re (Re < 10) (K – constante que depende da

geometria do sistema)

região turbulenta Po = constante (Re > 104)

40

Curvas de potência para diferentes tipos de agitadores

41

indicadores da potência consumida em certas aplicações

baixa potência suspensões de sólidos leves 0,2 kW/m3

mistura de líquidos pouco viscosos

potência moderada dispersão de gases 0,6 kW/m3

contacto líquido/líquidosuspensões de sólidos com peso moderado

potência elevada suspensões de sólidos pesados 2 kW/m3

emulsõesdispersão de gases

potência muito elevada mistura de pastas 4 kW/m3

42

Tempo de mistura

período de tempo medido a partir do instante em que foi adicionado o traçador até que o conteúdo do tanque atinja o grau de mistura especificado

o traçador possui a

mesma e do líquido e é miscível com este

operação simples de mistura

C concentração de

equilíbrio

43

o tempo de mistura depende ainda da técnica experimental usada para detectar o traçador

experiência para determinar o tempo de mistura:(mistura turbulenta num tanque agitado)

um ácido, ou uma base, é adicionado a um

tanque que contém uma solução com um

indicador

44

experiência para determinar o tempo de mistura:(mistura laminar num tanque agitado)

podem existir localmente zonas ainda não misturadas quando o resto do fluido já está bem misturado ao fim de 10 minutos

estas zonas podem demorar horas a desaparecer

turbina de Rushton (6 lâminas)

turbina com lâminas inclinadas

45

Tanque de agitação com um líquido Newtoniano de densidade e viscosidade

o tempo de mistura (tM) depende das variáveis do processo e de operação

tM = f(, , N, g, D, T, W, H, outras dimensões)

46

usando a análise dimensional

NtM = f(Re, Fr, razões geométricas)

tempo de mistura adimensionalizado

para sistemas geometricamente semelhantes e

desprezando o efeito de Fr

NtM = f(Re)

47

Estudos levados a cabo por diversos autores permitiram estabelecer o seguinte comportamento

o número total de revoluções necessário para obter a mistura é constante, quer para regiões de baixos Re (laminar), quer para regiões de elevados Re (turbulento)

48

em muitos sistemas (gás-líquido ou líquido/líquido) pode acontecer que o processo não seja controlado pelo tempo de mistura

a transferência de massa é a etapa

controlante

Recommended