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SUMÁRIO
1. Introdução....................................................................................................................02
2. Princípios do Direito Cambiário................................................................................03
2.1. Teoria geral dos títulos de crédito...........................................................................04
2.2. Títulos de crédito (Novo Código Civil Brasileiro)..................................................07
2.3. Princípio da cartularidade........................................................................................09
2.4. Princípio da literalidade............................................................................................09
2.5. Princípio da autonomia e abstração.........................................................................10
3. Direito tributário...........................................................................................................11
3.1. Princípio da capacidade contributiva.......................................................................12
3.2. Carga Tributária no Brasil e suas conseqüências....................................................15
4. Conclusão........................................................................................................................22
5. Referências Bibliográficas.............................................................................................23
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1. Introdução
A letra de câmbio é uma espécie de título de crédito, ou seja, representa uma
obrigação pecuniária, sendo desta autônoma.
A emissão da letra de câmbio é denominada saque; por meio dele, o sacador (quem
emite o título), expede uma ordem de pagamento ao sacado (pessoa que deverá paga-la), que
fica obrigado, havendo aceite, a pagar ao tomador (um credor específico), o valor
determinado no título.
Apesar de atribuir ao sacado a obrigação de pagar o tomador, o sacador permanece
subsidiariamente responsável pelo pagamento da letra. Não sendo pago o título no seu
vencimento, poderá ser efetuado o protesto e a cobrança judicial do crédito, que se dá por
meio da ação cambial. Porém, para que o credor possa agir em juízo, é necessário que esteja
representado por um advogado.
Quanto à possibilidade de transferência, diz-se que a letra de câmbio é um título de
crédito nominativo, ou seja, em favor de um credor específico, suscetível de circulação
mediante endosso. Assim, o endossante (tomador original), transfere a letra para um
endossatário (novo tomador).
Letra de câmbio no Brasil
No Brasil, a letra de câmbio é regulada principalmente pela Convenção de Genebra,
também conhecida como Lei Uniforme (Decreto 57.663/66), e também pelo Decreto Lei n.º
2.044 de 31 de Dezembro de 1908. O Código Civil de 2002 tem valor supletivo (art. 903).
A letra de câmbio é mais usada em operações de crédito entre financiadoras e
comerciantes, as normas enquanto em operações mercantis internas a prazo o título mais
comum é a duplicata.
Direito comercial ou Direito empresarial é um ramo do direito privado que pode ser
entendido como o conjunto de normas disciplinadoras da atividade negocial do empresário, e
de qualquer pessoa física ou jurídica, destinada a fins de natureza econômica, desde que
habitual e dirigida à produção de bens ou serviços conducentes a resultados patrimoniais ou
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lucrativos, e que a exerça com a racionalidade própria de "empresa", sendo um ramo especial
de direito privado.
Assim entendido, o direito empresarial abrange um conjunto variado de matérias,
incluindo as obrigações dos empresários, as sociedades empresárias, os contratos especiais de
comércio, os títulos de crédito, a propriedade intelectual, entre outras.
Fontes do Direito Comercial
A Constituição Federal;
As leis;
Atos do poder Executivo (o antigo Decreto-lei, que passou a se chamar medida
provisória);
Os contratos (acordo bilateral entre partes);
Os usos e costumes, a analogia e os princípios gerais do direito.
2. Princípios do Direito Cambiário
Segundo Fábio Ulhoa Coelho, para que um título de crédito exerça os direitos por ele
representados é indispensável estar na posse de tal documento. Assim, mesmo que a pessoa
seja de fato a credora, não poderá exercer o seu direito de crédito valendo-se dos benefícios
do regime jurídico-cambial se não estiver na posse do documento em questão, visto que,
cartularidade é a garantia de que o sujeito que postula a satisfação do direito é mesmo o seu
titular.
Existem algumas exceções ao princípio da cartularidade, criados ultimamente pelo direito,
em vista da informalidade que caracteriza os negócios comerciais. Assim: a Lei das duplicatas
– LD admite a execução judicial de crédito representado por este tipo de título, sem a sua
apresentação pelo credor (LD, art. 15, § 2º), Outro importante fato que tem interferido com a
atualidade desse princípio é o desenvolvimento da informática no campo da documentação de
obrigações comerciais, com a criação de títulos de crédito não-cartularizados.
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Outro dos princípios importantes que orientam os títulos de crédito é o Princípio da
Literalidade, neste o que não está contido no título, expressamente, não terá eficácia, pois não
produz conseqüências na disciplina das relações jurídico-cambiais. Sendo assim, no caso de
um aval ser permitido por um instrumento privado, este não terá nenhuma eficácia, pois não
gera vínculo jurídico com o título de crédito. E quanto ao princípio da autonomia, entende-se
que as obrigações representadas por um mesmo título de crédito são independentes entre si.
Sendo que no caso de uma dessas obrigações, ser considerada nula ou anulável, eivada de
vício jurídico, esse fato não comprometerá a validade e a eficácia das demais obrigações
constantes do mesmo titulo de crédito.
2.1. Teoria Geral dos Títulos de Crédito
Dentre as várias características dos títulos de crédito pode-se destacar a
negociabilidade, a executividade, a tipicidade, a circulabilidade, o formalismo e a co-
obrigação:
A negociabilidade decorre da facilidade de circulação do crédito, como diz
Fábio Ulhoa, “possibilita uma negociação mais fácil do crédito decorrente da
obrigação representada”;
A executividade resulta numa maior eficiência na cobrança, ou seja, existindo
um documento provando o crédito, a cobrança judicial é mais eficiente e
rápida;
A tipicidade significa ter uma lei específica que regule os títulos de crédito,
como está posto no artigo 903 do Código Civil Brasileiro;
A circulabilidade traz maior benefício ao mundo econômico, garantindo maior
rapidez na circulação de valores, seja através do endosso, seja pela simples
tradição1, quando ocorre transmissão de todos os direitos inerentes ao título de
crédito;
O formalismo está presente no título através de seus requisitos, sendo
necessário documento e declaração de vontade, ou seja, assinatura dos
interessados;
1 A simples tradição compreende a transferência física do título
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A co-obrigação tem por finalidade dar maior proteção ao portador do título,
ficando, cada pessoa que coloca sua aposta, responsável por seu pagamento
tanto quanto o devedor principal. Tal característica vem descrita no artigo 47
da Lei Uniforme de Genebra: “Os sacadores, aceitantes, endossantes ou
avalistas de uma letra são todos solidariamente responsáveis para com o
portador”.
Os princípios norteadores do direito cambiário também podem ser considerados
características marcantes dos títulos de crédito. Dos princípios que disciplinam o regime
jurídico dos títulos de crédito, destacam-se a cartularidade, literalidade e autonomia.
O princípio da cartularidade, também chamado incorporação, exige documento no
aspecto físico: se o direito está incorporado ao documento, e o mesmo some, desaparece o
direito. O que se pode notar, é que este princípio de acordo com as evoluções da informática
tem sido alvo de várias discussões, pois, será possível emitir títulos de crédito pela internet?
Realmente, se precisa da cártula para que se considere o título de crédito válido, é necessário,
então, um papel para que neste seja lançado o crédito, e assim, provar o direito ao valor. Com
isso, não se pode conferir a mesma garantia a cópias autênticas. A cartularidade busca evitar
um enriquecimento indevido, a boa fé de terceiros e o direito de regresso.
Fábio Ulhoa diz que pelo princípio da cartularidade o credor do título de crédito deve
provar que se encontra de posse do documento para exercer o direito nele mencionado, o que
se conclui é que, no regime jurídico-cambial a presença do documento no aspecto físico é
essencial para que se tenha direito à titularidade do crédito e que possa transferir o título
exercendo a negociabilidade. A posse da cártula também garante a executividade, pois só com
a existência de um título é que se pode entrar diretamente com o processo de execução.
O princípio da literalidade é aquele em que só valerá o que está escrito no título de
crédito, sendo nulo qualquer outro documento apartado em relação ao portador do título. No
que diz respeito a este princípio, pode-se observar que as garantias e direitos serão
exclusivamente as que estão presentes no conteúdo do título. O valor descrito não pode ser
ultrapassado, e mesmo que o valor devido seja menor do que o do título, todo o montante
registrado no mesmo deverá ser pago. A literalidade firma todas as obrigações das pessoas
que assinaram a cambial, permitindo posteriormente, cobrar a totalidade do devedor, pelo fato
do crédito poder ser transacionado. Este princípio garante a facilidade da circulação do crédito
incorporado ao título.
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O princípio da autonomia pode ser visto sob duas vertentes: a descrita pelo jurista
Wille Duarte, que separa autonomia em três âmbitos (do Direito, do Título e das Obrigações);
e a descrita pela maioria dos autores, que dividem esse princípio em independência das
obrigações cambiais, em abstração e na inoponibilidade das exceções pessoais.
Wille Duarte afirma que o princípio da autonomia parte do Direito quando refere-se a
boa fé objetiva e não tem sub-rogação. O direito é autônomo e não derivado. Com relação ao
Título, este é considerado: autônomo; circula através do endosso; desvincula-se da causa (é
abstrato); e não tem nada a ver com o motivo que levou à emissão do mesmo. E o jurista,
quando refere-se às Obrigações, diz respeito às pessoas que assinam os títulos, que aceitam,
avalizam, endossam, emitem e sacam.
A maioria dos doutrinadores divide o princípio da autonomia em três sub-princípios:
O da independência, como descrita por Fábio Ulhoa, em que no princípio da
autonomia das obrigações cambiais, os vícios que comprometem a validade de
uma relação jurídica, documentada em título de crédito, não se estendem às
demais relações abrangidas no mesmo documento. Com isso, podemos
concluir que, havendo apenas um título e mais de uma obrigação, sendo uma
dessas, inválida, a mesma não poderá prejudicar as demais. Isso pode ser
vislumbrado no artigo 7º da Lei Uniforme de Genebra;
Sobre abstração, ela somente existirá se houver a circulação do título, ou seja,
quando este for transmitido a terceiros de boa-fé, promovendo o afastamento
do documento cambial de sua relação de origem. Através deste princípio, o que
se almeja é afastar o devedor da exoneração de suas obrigações cambiárias,
protegendo terceiros de boa-fé, evitando atos ilícitos ou viciados que possam a
vir contaminar a relação principal. Sendo este sub-princípio fundamental para
que haja o desligamento da cambial ao negócio que a originou.
Na inoponibilidade das exceções pessoais, quem for demandado em virtude de
um título, não pode opor-se ao terceiro de boa-fé, salvo se provar má-fé entre
os envolvidos na relação anterior. Se o terceiro souber de fato oponível ao
credor anterior do título, isso pode ser suficiente para caracterizar a má-fé. O
artigo 17 da Lei Uniforme de Genebra diz: “As pessoas acionadas em virtude
de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações
pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, ao menos que o
portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do
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devedor”. Este sub-princípio também está descrito no artigo 916 do Código
Civil Brasileiro.
Enfim, existem muitas informações que podem ser atribuídas aos títulos de crédito,
mas, o que se registra é que estes documentos cambiários já possuem tradição entre os
comercialistas e também entre os comerciantes, não podendo ser extinto e nem perder sua
essência.
Os títulos de crédito constituem, na atualidade, fator importante para circulação de
valores no Brasil e no mundo. Ao longo dos séculos, estes documentos vêm sofrendo várias
mudanças e os sistemas econômicos atuam para adaptarem as evoluções aos ítens que
sustentam a teoria geral dos títulos de crédito.
2.2. Títulos de Crédito (De acordo com o novo C. C. Brasileiro)
O novo Código Civil Brasileiro define como título de crédito o documento necessário
ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, e que somente produz efeito
quando preenche os requisitos da lei.
Os títulos de crédito contém no mínimo dois sujeitos envolvidos: o emitente (devedor) ou
sacador e o beneficiário (credor). Em alguns casos, existe ainda a figura do sacado, um
intermediário encarregado de pagar ao beneficiário o valor constante no título.
Os títulos de crédito são regulados pelo direito cambiário ou cambial. Segundo este
ramo do direito, o crédito passa de um sujeito a outro facilmente, não estando vinculado a
determinado negócio ou a exceções pessoais que um dos pólos possa ter contra o outro.
O título de crédito representa o direito de receber do credor e o dever de pagar do devedor,
sendo autônomo da relação jurídica que lhe deu origem e, por essa razão, pode ser transferido
livremente de um credor a outro, seja pela simples entrega (tradição), seja por assinatura de
um possuidor em favor de outro (endosso).
“Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e
autônomo, nele mencionado”. (César Vivante)
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“Os títulos de crédito são documentos representativos de obrigações pecuniárias. Não se
confundem com a própria obrigação, mas se distinguem dela na exata medida em que a
representam”. (Fábio Ulhoa Coelho)
Para Fábio Ulhoa, três são as características que distinguem os títulos de crédito dos
demais documentos representativos de direitos e obrigações: primeiramente o fato dele
referir-se unicamente a relações creditícias, posteriormente por sua facilidade na cobrança de
crédito em juízo (não há necessidade de ação monitória) e, finalmente, pela circulação e
negociação do direito nele contido.
2.3. Princípio da Cartularidade
Princípio de cartularidade ou incorporação: esse princípio expressa a materialização
ou incorporação do direito de crédito no título. Enquanto o documento ou cártula corporifica o
direito a um crédito, a obrigação que ele deu origem torna-se uma relação extracartular.
Portanto, quem detém o título tem legitimidade para exigir o cumprimento do crédito nele
incorporado, independentemente de o fato que motivou a expedição do título seja legítimo ou
não.
De acordo com o princípio da cartularidade, a execução somente poderá ser
ajuizada se acompanhada do título de crédito original. As únicas defesas possíveis do
executado (devedor) serão aquelas fundadas em defeito de forma do título ou falta de
requisito necessário ao exercício da ação.
Nos dizeres de Fábio Ulhoa, “é a garantia de que o sujeito que postula a
satisfação do direito é mesmo o seu titular , sendo , desse modo , o postulado que evita o
enriquecimento indevido de quem , tenha sido credor de um título de crédito , o negociou
com terceiros”.
Por este princípio, entendemos que o possuidor de um título de crédito, desde que
o tenha adquirido por um meio lícito e idôneo, presumindo-se o titular o crédito, nele
mencionado, gozando dessa posição perante os respectivos devedores.8
2.4. Princípio da Literalidade
É o princípio de que no título vale apenas o que nele está escrito. Sendo o título de
crédito um documento necessário para o exercício de direitos, é indispensável que estejam
expressos no título esses direitos. Mas também devemos observar que o princípio
da literalidade vai ainda mais adiante. O que está escrito tem valor, o que nele não está escrito
não pode ser alegado. Assim, literalidade significa que “ vale o que está escrito no título,
limitando os direitos nele incorporados.” .
Segundo Fábio Ulhoa, o princípio da literalidade determina que só vale o que está escrito no
título de crédito, ou seja, só é credor quem o título determina, e no exato valor e forma que
determina. Diz-se inclusive que só existe para o direito cambiário o que está expresso no
título. Neste sentido, o devedor também não se obriga a nada além do que está escrito no
titulo de crédito.
2.5. Princípio da Autonomia e Abstração
Autonomia: o que efetivamente circula é o título e não o direito que ele representa, ou seja, o
possuidor do título exerce direito próprio que não se vincula às relações entre os possuidores
anteriores e o devedor. As obrigações representadas pelos títulos de crédito são independentes
entre si, sendo uma delas nula ou anulável, tal efeito não poderá influir na validade e eficácia
das demais obrigações.
O título é autônomo, ou seja, ele por si só responde ao cumprimento da obrigação assumida,
não precisando vincular-se a outra obrigação qualquer. A obrigação, em princípio, tem a sua
origem, nos verdadeiros títulos de crédito, em um ato unilateral da vontade de quem se obriga;
aquele que assim o faz não subordina sua obrigação a qualquer outra por acaso já existente no
título.
Abstração: consiste na separação da causa ao título por ela originado. Pode se ter embasado a
emissão do título numa compra e venda, um contrato de mutuo, de aluguel, etc. No título
emitido poderá ou não constar esta obrigação. Quando essa relação inicial não for mencionada
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no título este se torna abstrato em relação ao negócio original. Ele passa a circular sem
qualquer ligação com a causa que lhe deu origem. Em oposição a tais títulos, existem os
títulos causais, ou seja, aqueles que expressamente declaram a relação jurídica que a eles deu
causa. A duplicata é um exemplo disso, ela só pode ser emitida em decorrência de uma venda
efetiva de mercadoria ou prestação de serviço, os quais se encontram discriminados no título.
Porém, é causal apenas na sua origem, visto que, após ser colocada em circulação, torna-se
independente do negócio originário.
Os direitos decorrentes do título são abstratos, não dependendo do negócio que o originou.
Uma vez emitido, o título liberta-se de sua causa, não podendo ser alegada para invalidar sua
obrigação.
3. Direito Tributário
INTRODUÇÃO
- Nas relações de Direito Tributário, o Estado atua como sujeito passivo da relação jurídica –
obrigação tributária, enquanto o particular fica submetido ao cumprimento de uma obrigação
tributária por ele imposta como sujeito passivo.
CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO
- “Ramo do direito público que compreende um conjunto de normas coercitivas que
estabelecem relações jurídicas entre os contribuintes e o Estado, direitos e deveres de ambos e
dos agentes fazendários; regula o sistema tributário e disciplina o lançamento, a arrecadação,
fiscalização e aplicação dos impostos em geral, taxas e contribuições. O mesmo que direito
fiscal e direito financeiro” (Pedro Nunes).
- Artigo 3o c/c 16 CNT.
CARACTERÍSTICAS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
- Ramo do direito público;
- atividade pública financeira . Despesa: autorizada em lei orçamentária
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. Gestão: administração do patrimônio público
. Receita (arrecadação): tributária / decorrente de
patrimônio.
- relação jurídica a partir de um tributo (artigo 3o. CNT)
3.1. Princípio da Capacidade Contributiva
A Carta Magna Federal prevê no texto do art. 145, §1º, o Princípio da Capacidade
Contributiva, assim discorrendo:
Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultando à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos
termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
O princípio constitucional da capacidade contributiva, aplicável ao direito tributário,
estabelece um limite à atividade do legislador ordinário consistente em definir as hipóteses de
incidência. Essa, contudo, não é a única leitura possível para esse princípio. Além de fonte de
obrigação para o legislador, o princípio da capacidade contributiva consagra, igualmente, um
direito fundamental do contribuinte, oponível ao Estado.
Griziotti propôs como conceito da capacidade de pagar imposto a soma da riqueza
disponível, depois de satisfeitas as necessidades elementares de existência que pode ser
absorvida pelo Estado, sem reduzir o padrão de vida do contribuinte e sem prejudicar as suas
atividades econômicas.
Bernardo Ribeiro de Moraes assim conceitua o referido princípio:
O princípio da capacidade contributiva, pelo qual cada pessoa deve contribuir para as
despesas da coletividade de acordo com a sua aptidão econômica, ou capacidade contributiva,
origina-se do ideal de justiça distributiva.
Com a aplicação deste princípio haverá tratamento justo, se o legislador considerar as
diferenças dos cidadãos, tratando de forma desigual os desiguais impondo o recolhimento de
impostos considerando a capacidade contributiva de cada cidadão em separado. O tributo é 11
justo desde que adequado à capacidade econômica da pessoa que deve suportá-lo. Não basta
que o imposto seja legal, mister se faz que o mesmo seja legítimo.
Trata-se de um desdobramento do Princípio da Igualdade, aplicado no
âmbito da ordem jurídica tributária, na busca de uma sociedade mais igualitária, menos
injusta, impondo uma tributação mais pesada sobre aqueles que têm mais riqueza.
Não obstante, existem ainda alguns impostos que, devido a técnica de arrecadação
utilizada, dificultam a aplicação deste princípio. Os chamados pela melhor doutrina de
impostos reais, que abrangem os impostos indiretos, constitucionalmente conceituados como
aqueles tributos que comportam a transferência do ônus tributário, e acabam por tributar o
consumidor final do produto, sem nenhuma observância à capacidade contributiva do mesmo.
Em conseqüência, o contribuinte de jure não é aquele que efetivamente arca com o encargo
do tributo, mas esse é assumido pelo chamado contribuinte de fato. Na tentativa diminuir as
conseqüências desta transferência e, de certa forma, aplicar o Princípio da Capacidade
Contributiva, o legislador criou o Princípio da Seletividade, que, em proporções bem
menores, rege a instituição dos impostos indiretos impondo uma mínima observância à
capacidade contributiva daqueles que, ao final, pagam o tributo embutido no preço dos
produtos adquiridos.
Com a aplicação deste princípio haverá tratamento justo, se o legislador considerar as
diferenças dos cidadãos, tratando de forma desigual os desiguais impondo o recolhimento de
impostos considerando a capacidade contributiva de cada cidadão em separado. O tributo é
justo desde que adequado à capacidade econômica da pessoa que deve suportá-lo. Não basta
que o imposto seja legal, mister se faz que o mesmo seja legítimo. O eminente doutrinador
Sacha Calmon teceu as seguintes considerações:
Por que deve o legislador considerar as disparidades? Para nós, a juridicidade da
capacidade contributiva resulta, como vimos, do lado positivo do princípio da igualdade: o
dever imposto ao legislador de distinguir disparidades.
A capacidade contributiva a ser aferida é a capacidade subjetiva do contribuinte, a real
aptidão de determinada pessoa para recolher ao Fisco. Assim, observa o ilustre mestre
Aliomar Baleeiro, na sua obra clássica Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar,
verbis:
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Do ponto de vista subjetivo, a capacidade econômica somente se inicia após a dedução
das despesas necessárias para a manutenção de uma existência digna para o contribuinte e sua
família. Tais gastos pessoais obrigatórios ( com alimentação, vestuário, moradia, saúde,
dependentes, tendo em vista as relações familiares e pessoais do contribuinte, etc.) devem ser
cobertos com rendimentos em sentido econômico – mesmo no caso dos tributos incidentes
sobre o patrimônio e heranças e doações – que não estão disponíveis para o pagamento de
impostos. A capacidade econômica subjetiva corresponde a um conceito de renda ou
patrimônio líquido pessoal, livremente disponível para o consumo, e assim, também para o
pagamento de tributo. Desta forma, se realizam os princípios constitucionalmente exigidos da
pessoalidade do imposto, proibição do confisco e igualdade, conforme dispõem os arts. 145,
§1º, 150, II e IV, da Constituição.
Toda pessoa que possui capacidade contributiva possui capacidade para ser sujeito
passivo tributário. O tributo é um dever e tem como finalidade captar recursos para os cofres
públicos, tem natureza econômica, patrimonial. Os cidadãos devem contribuir para a
manutenção do Estado, para que este possa atingir os seus fins, devendo esta contribuição
operar-se na medida do possível, na proporção de suas respectivas capacidades. A
observância deste princípio resulta na equidade da tributação, ensinamentos já relevantes no
final do século XVIII, tendo sua primeira manifestação sido percebida na Declaration des
droits, a declaração francesa de direitos, de 1989, e profundamente difundido por Adam
Smith.
Trata-se de uma verdadeira limitação ao poder do Estado de instituir tributos, já que é
de aplicação imperativa a referida norma constitucional. Assim, sempre que for possível, os
impostos deverão ser graduados de forma progressiva em nome da justiça e da igualdade, sob
pena de ser instituído imposto juridicamente inválido. Configura-se, enfim, como uma
proteção ao contribuinte.
Misabel Abreu Machado Derzi, brilhante atualizadora da clássica obra de Aliomar
Baleeiro, Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar, teceu a seguinte consideração:
É que a capacidade contributiva é princípio que serve de critério ou de instrumento à
concretização dos direitos fundamentais individuais, quais sejam, a igualdade e o direito de
propriedade ou vedação do confisco.
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Conclui-se, portanto, a grosso modo, que quem tem maior riqueza deve, em termos
proporcionais, pagar mais impostos do que quem tem menor riqueza, ou seja, deve contribuir
mais para a manutenção da coisa pública.
Vale de transcrever um trecho da obra de Luciano Amaro, que importante colaboração
deu à este estudo:
O princípio da capacidade contributiva inspira-se na ordem natural das coisas: onde
não houver riqueza é inútil instituir imposto, do mesmo modo que em terra seca não adianta
abrir poço à busca de água.
A capacidade contributiva é, de fato, a espinha dorsal da justiça tributária. É um
critério de comparação que inspira o princípio constitucional da igualdade.
3.2 Carga tributária no Brasil e suas conseqüências
O Estado possui como objetivo a realização de seus fins, pelo que, no exercício de sua
atividade financeira, procura ajustar a receita à programação de sua política.
Nesse sentido, o Estado deve funcionar como um órgão de redistribuição de riqueza,
realizando despesas úteis à coletividade, investindo o dinheiro arrecadado na educação, saúde,
infra-estrutura, etc.
A despesa pública produz efeitos na esfera econômica do país e tal fenômeno se
observa a partir da importância do volume das despesas em ralação à renda nacional.
Os efeitos da variação das despesas públicas podem ser sentidos pelos indivíduos, uma
vez que seu alcance pode ser facilmente determinado. Nos países em que a economia está em
crise ou que os fatores de produção não atingiram o máximo, o aumento da despesa pública
faz crescer a renda nacional, pois há maior demanda de trabalho, maior número de pessoas
recebem salário e a produção aumenta.
Estes efeitos econômicos ocorrem não só na produção, como na circulação, na
distribuição e no próprio consumo, como por exemplo, se o Estado aumenta suas despesas
objetivando elevar a renda dos particulares, ocorrerá um aumento na área de consumo, que
acarretará um incremento na produção, pois, como se sabe, quanto maior for à capacidade
econômica do cidadão mais este consumirá, por outro lado, na simples distribuição de renda,
14
como o salário-família e outros programas meramente assistenciais, que é uma despesa que
visa somente atenuar as conseqüências da desproporção da riqueza nacional, não há efetivo
aumento do consumo e conseqüentemente da produção.
Assim é que, podemos concluir que as despesas públicas são fundamentais para o
desenvolvimento econômico do país, contudo, não é qualquer despesa que será produtiva, ou
seja, a forma como serão gastos o dinheiro público é que influenciará no desenvolvimento ou
não de um país.
Verifica-se uma tendência universal no crescimento das despesas públicas uma vez
que o Estado passou a intervir no mundo econômico. Assim, as despesas públicas podem ser
consideradas um poderoso instrumento da política fiscal.
Aqui, novamente chegamos ao ponto mais importante, pois bem, as despesas públicas
são de fundamental importância para o desenvolvimento econômico do país, porém, faz-se
necessário apurar de que maneira serão efetivadas estas despesas.
Como já havíamos afirmado, o ponto crucial da carga tributário no Brasil é exatamente este, a
forma como são efetivadas as despesas públicas. Temos, que a pressão tributária que sofre o
cidadão brasileiro é conseqüência direta dá má gestão dos gastos públicos.
Se a carga tributária aumenta é porque também o governo gasta mais. Basta verificar
como ocorrem os gastos públicos, seu caráter muitas vezes acessórios, supérfluo e até
suntuário para concluir que o equilíbrio orçamentário poderia com facilidade ser obtido
através do corte de despesas totalmente evitáveis, ao invés de impor ainda mais sacrifícios aos
contribuintes.
Uma reestruturação da máquina administrativa do Estado será fundamental para
diminuir a carga tributária nacional. Sabemos que o Executivo federal poderá funcionar com
eficiência, com um menor número de ministérios, secretarias, agências reguladoras e
programas sociais. Também os Estados e Municípios poderão participar de um "desmonte"
dessa máquina burocrática, como por exemplo, reduzindo as Assembléias Legislativas, em
que é flagrantemente excessivo o número de funcionários por deputado estadual e reduzindo
também o número de vereadores, no âmbito municipal.
Sabemos que tais mudanças serão de difícil concretização, pois encontrarão enormes
dificuldades e resistências políticas, contudo não conseguimos ver outra solução para a
diminuição da carga tributária no Brasil.
Por outro lado, os cidadãos jamais seriam prejudicados se todas essas despesas fúteis
fossem suprimidas de uma vez por todas ao invés do governo avançar sobre o bolso dos
15
contribuintes com mãos ávidas para bancar tais despesas que só a ele interessa.
Enquanto os governos persistirem nesta política de gastar mal o dinheiro público, para
não dizer desperdiçar, o que o cidadão ganha com o suor do seu trabalho não há condições
para se falar em redução da carga tributária no Brasil.
Contudo, podemos ainda destacar outros inúmeros problemas em relação à tributação
brasileira que conduz a esta insustentável pressão tributária sobre o contribuinte.
Primeiro, a forma como é conduzida a política tributária nacional. Temos, essencialmente, a
Receita Federal junto com o Tesouro Nacional conduzindo a política tributária, traçando
como objetivo primordial aumentar a eficiência na arrecadação. Nesse contexto, perde-se
uma grande e relevante discussão que se trava em outros países em relação a sopesar o que
mais interessa ao País: eficiência econômica X igualdade.
Segundo, destacamos o fato de a tributação no Brasil recair mais sobre o consumo do
que sobre a renda. O sistema que prioriza a tributação sobre a renda é mais justo, facilita a
individualização do contribuinte e estimula a economia.
Essa tendência brasileira de tributar mais o consumo do que a renda vem, exatamente,
da política fiscal adotada pelo governo, que visa essencialmente a arrecadação. Para evitar ou
dificultar a sonegação preferem tributar o consumo, uma vez que estes tributos são mais fáceis
de serem fiscalizados.
Porém o ideal para o país seria dar mais ênfase aos tributos que recaem sobre a renda e
não sobre o consumo, desonerando um pouco a produção para estimular a economia, como é
na grande maioria dos demais países.
Enquanto os países ditos de primeiro mundo reduzem a carga tributária sobre as
atividades produtivas e simplificam o sistema tributário, o Brasil vai na contra-mão.
Aqui observamos verdadeira distorção no sistema tributário que onera o consumo e tira a
competitividade dos produtos nacionais.
Terceiro, o custo de conformidade. Este é outro grande problema que inflama a carga
tributária no Brasil, as legislações são confusas, muitas vezes obscuras, excessivamente
técnicas e impossível sua compreensão pelos contribuintes, sem falar na monstruosa
burocracia. Tal fato gera um enorme custo para obtenção de adequada conformação com a
legislação, sendo o contribuinte obrigado a contratar os serviços de contadores, advogados
especializados, etc.
Acompanhar as novas regras tributárias, que são criadas todos os dias é um trabalho
difícil e caro também para as empresas. Um estudo do IBPT mostra que as empresas
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brasileiras tiveram de despender R$ 20 bilhões no ano de 2004 apenas com pessoal para
acompanhar as mudanças na legislação e cumprir a burocracia fiscal representada pelos
inúmeros tributos (impostos, taxas e contribuições) exigidos pelos governos federal, estaduais
e municipais.
Estes custos geram sérios entraves para manter as empresas e os investidores
estrangeiros no país, fazendo com que o chamado Custo Brasil se eleve a ponto de os
investidores preferirem outros países que oferecem menores custos burocráticos.
Por outro lado, também o Estado tem altos custos de conformação, como por exemplo,
com o grande número de fiscais que são necessários para manter a eficiência da arrecadação,
a enorme estrutura que deve manter para proporcionar suporte à arrecadação, etc.
Neste contexto, talvez a idéia de um Imposto Único, ou pelo menos, de um menor
número de tributos, mesmo que concentrados, seja interessante, pois eliminaria estes altos
custos de conformidade.
Em quarto, destacamos ainda outro ponto importante que é a não cumulatividade dos
tributos que impede sua cobrança mais de uma vez dentro da mesma cadeia produtiva,
evitando a verticalização da produção dentro de grandes conglomerados. Se os tributos forem
cumulados as empresas, ao invés de terceirizar, buscando diversos fornecedores vão tentar
concentrar toda a cadeia produtiva, não se especializando e perdendo em eficiência.
Porém, no Brasil apenas alguns tributos obedecem o princípio da não-cumulatividade,
sendo que grande parte deles são cumulativos, como por exemplo, PIS, COFINS, CPMF, ISS,
IOF, etc.
Por todo o exposto, temos que essa pressão tributária muito pesada, que oprime e
sufoca o contribuinte, em face dos diversos efeitos que pode gerar, somente será solucionada
por um sistema tributário bem estruturado que propicie a superveniência dos benefícios da
tributação sobre os malefícios.
Assim, vamos insistir na idéia de que a alta carga tributária no Brasil é mais do que o
problema em si, é efeito da má gestão dos gastos públicos, que desencadeia na população um
desejo de escapar da tributação e sonegar impostos.
Isto porque o cidadão sente estar pagando duplamente por serviços que deveriam ser
públicos, ou seja, paga para o governo por meio dos tributos, para que este invista no país e
ofereça os serviços essenciais aos cidadãos, inclusive garantidos constitucionalmente, mas
não recebe o retorno merecido e tem de arcar com os custos privados de saúde, educação,
segurança, etc.
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O desvio do dinheiro público se torna cada vez mais notório, sem medidas eficazes de
combate à corrupção e a tão falada Reforma Tributária que poderia diminuir a carga tributária
parece não ser assunto levado a sério pelo governo, tanto que continuou a aumentar tributos.
Então, faz-se necessário um grande controle do orçamento público, melhor
objetividade e clareza no gasto das verbas arrecadadas pela tributação. Aqui temos várias
questões que merecem outras amplas discussões, incabíveis neste breve trabalho, como a já
citada corrupção, o desvio de dinheiro público e os pesados investimentos nas camadas mais
ricas da população, como bancos e grandes exportadores.
Assim, entendemos que a alta carga tributária é a necessária para financiar as elevadas
despesas do setor público. Então antes de se falar em uma reforma tributária realmente
eficiente é preciso realizar grandes mudanças que reduzam e eliminem distorções nos atuais
gastos públicos.
A reforma tributária continuará sendo uma meta de extrema importância para o
crescimento e desenvolvimento econômico do país, pelas suas profundas repercussões neste
setor, mas é preciso encontrar um ponto de equilíbrio na discussão deste tema a fim de
assegurar ao Brasil um sistema mais justo que, sem prejuízo da preservação das fontes de
custeio do Estado, permita uma melhor redistribuição da carga tributária e elimine os
impostos em cascata, que afetam a competitividade das empresas.
Mas, esta reforma não pode ser dissociada da Lei de Responsabilidade Fiscal no
sentido de controlar os gastos nos estritos limites orçamentários, a fim de impedir o
desequilíbrio entre receita e despesa, realimentando déficits públicos e, em última análise,
destruindo o próprio objetivo da reforma.
Salientamos também que uma reforma tributária hoje precisaria lidar com problemas
complexos e delicados de ordem política como:
1) O conflito entre Estado x Iniciativa Privada, onde, de um lado o Estado quer arrecadar mais
porque sempre precisa de mais dinheiro, e de outro os empresários que querem pagar menos
impostos;
2) O conflito vertical entre os próprios níveis de governo – Federal, Estadual, Distrito Federal
e Municípios. Vimos que a União tem criado cada vez mais contribuições para não precisar
repassar verbas para os demais entes federados. Existem também neste âmbito conflitos de
competência tributária como o recente caso dos provedores de acesso a Internet (ICMS ou
ISS, ou seja, Estados ou Municípios) e;
3) O conflito horizontal que surge entre os governos (Estado X Estado, ou Município X
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Município), como por exemplo, o ICMS que se discute se deve ser tributado no Estado de
origem ou no de destino. Aqui está a origem da conhecida Guerra Fiscal entre os entes da
federação de mesmo nível.
Mas, apesar de todas as dificuldades que possa surgir com a implementação de uma
reforma tributária esta se faz necessária, principalmente para diminuir a elevada carga
tributária que chega a patamares quase insuportáveis.
Porém, sem sermos pessimistas, não vislumbramos, pelo menos no curto e médio prazo,
possibilidade de uma redução expressiva na carga tributária nacional, porque isto resultaria
em comprometer seriamente as finanças públicas do país.
Somente uma urgente interrupção no desenfreado gasto público mediante uma
verdadeira reestruturação nas despesas como um todo poderia conduzir a um processo de
redução da carga tributária no Brasil.
Enquanto isso, o contribuinte pode lançar mão do princípio do não-confisco inserto no
art. 150, inciso IV, da Constituição Federal, como argumente de defesa para discutir
judicialmente a pressão tributária que sofre, caso a caso.
Tal princípio é considerado pela doutrina majoritária como fator limitador da atividade
estatal de criação ou majoração de tributos, quando o ato importar na imposição de uma carga
tributária demasiadamente excessiva.
Vários tributaristas de renome já se posicionaram no sentido de que a ocorrência do
confisco pode ser averiguada frente da carga tributária global que se impõe ao contribuinte e
não somente frente a um único tributo.
Assim, parece que o princípio do não confisco desponta como um mecanismo
constitucional viável para dar sustentáculo à proteção do contribuinte face a eventuais
desmandos do Estado no que toca à exacerbação do ônus tributário.
Porém, desde já alertamos que a aplicação deste princípio é questão complexa, ainda
insolúvel, pois até mesmo a definição do que seja confisco é ponto controvertido.
Inexiste um parâmetro legal que fixa o limite de tributação de cada contribuinte ou de cada
categoria de contribuinte, surgindo então uma enorme dificuldade em se dimensionar a carga
tributária compatível com a capacidade contributiva de cada um.
Os critérios existentes para se concluir se o tributo ou conjunto de tributos assumem
características confiscatórias impregnam-se no subjetivismo. Desta forma o princípio do não-
confisco acaba por oferecer unicamente uma simples advertência ao legislador, no sentido de
comunicar-lhes que existe limite para a carga tributária.
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Assim, sua aplicação aos casos concretos ainda é algo a ser perquirido, enquanto não
for estabelecido pela via legislativa ou mesmo jurisprudencial, critérios mais objetivos para a
determinação do quantum a que pode estar sujeito o contribuinte em geral, sem que isso
redunde em confisco, sua materialização é inviável.
Resta à sociedade como um todo não se conformar com a alta carga tributária, e não aceitar a
livre vontade do legislador nem do governo, que vem incessantemente aumentando os tributos
sem que haja proporcionalidade nas contraprestações, nos serviços que o Estado deveria
prestar à população.
Então, o que devemos fazer é nos conscientizar politicamente, escolher bem nossos
governantes e depois, fiscalizar suas ações, cobrar-lhes atitude e programas políticos sérios,
que contenham os gatos públicos e direcionem os investimentos nos os setores que realmente
precisam.
Já afirmamos anteriormente que somente com um efetivo controle das despesas
públicas poder-se-á diminuir a carga tributária no Brasil.
Contudo, ainda mais urgente e necessário que diminuir a carga tributária, que a nosso
ver será conseqüência natural dessa, é melhor gerir os gastos públicos, investir a verba
arrecada onde realmente precisa, desenvolver políticas educacionais, instruir a população,
gastar com a saúde e infra-estrutura. Resumindo, redistribuir a renda nacional em benefício do
país.
Se o Estado tributar pesadamente, mas prestar à população todos os serviços públicos
de que necessita, não reclamaremos da alta carga tributária.
4. Conclusão
Conforme o apresentado nesta atividade prática supervisionada (ATPS), a unificação
dos códigos realizada trata-se de questão de organização legislativa e em nada afeta a
autonomia de determinado ramo do direito. O direito comercial, tenha ou não as suas normas
inseridas em um código próprio (autonomia formal), sempre terá autonomia jurídica
(autonomia cientifica), evidenciada em seus métodos e princípios próprios e uma extensão
delimitada.
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Com a vigência do Código Civil brasileiro o direito comercial continuara como
disciplina jurídica autônoma no país, assim como ocorre em outros países em que o direito
privado foi unificado sob o aspecto legislativo, pois a matéria comercial e a matéria civil não
se confundem no novo código, a teoria da empresa não extingue a dicotomia do direito
privado tradicional, amplia a abrangência do direito comercial ao alterar os limites de
incidência das normas comerciais, que passam a tratar de atividades econômicas
anteriormente destinadas ao regime civil pela teoria dos atos de comercio.
5. Referências Bibliográficas
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. V.01. 20ª ed. São Paulo: Saraiva,2008
COSTA, Wille Duarte. Títulos de Crédito. Belo Horizonte: Del Rey,2003
SOUSA, Oziel Francisco de. Princípio da capacidade contributiva. Pauta ao legislador ou
fonte de direito fundamental do contribuinte?. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2354, 11
dez. 2009. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/13999>.
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