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Carta Programa da Chapa Compor e Ouvir: Todo o Povo quer cantar! Para o DCE Livre da USP, em 2015.
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A disputa da Universidade é parte fundamental da construção de um novo projeto de sociedade. Por isso, unimos nossas vozes em coro por uma produção de conhecimento
que esteja a serviço da esfera pública e do povo brasileiro; pela democratização do acesso e mais permanência; por mais transparência e democracia nas instâncias de
poder da Universidade. Para isso, temos um instrumento fundamental: o Movimento Estudantil e as nossas
entidades. Queremos que o DCE volte a ser transformador e questionador; coerente com sua história de luta pelas transformações do Brasil. Visualizamos, hoje, um DCE
distante da realidade dos estudantes; uma entidade que não dialoga com as questões
tocantes ao cotidiano da Universidade; que não mobiliza pautas de interesse público; que se fecha em si mesmo e justamente por isso não tem força para disputar a Universidade.
No quadro atual, observamos um grande descrédito dos estudantes em relação ao movimento estudantil. Estamos cansados de discussões sem sentido que não alteram nossa
realidade concreta; estamos cansados de disputas autodestrutivas dentro da esquerda; estamos cansados de um ME que só acontece na FFLCH.
Enquanto as políticas universitárias avançam na elitização da USP, na defasagem de seus canais democráticos, na implantação de fundações e no uso da estrutura pública
para fins privados, o movimento estudantil se digladia em assembleias gerais esvaziadas e circunscritas. Não por acaso, há anos as mobilizações e greves estudantis não conseguem
vitórias concretas. Queremos mais!
Compor e Ouvir: Todo povo quer cantar
Carta programa para as Eleições do Diretório Central dos Estudantes Alexandre Vannucchi Leme e Representantes Discentes 2015
Para compor um novo ME, ouvindo a diversidade de perspectivas e
opiniões, queremos um Movimento Estudantil com práticas menos hostis; que
esteja em todos os cursos da universidade; que se aproprie da arte e da cultura
para a construção de espaços mais atrativos; que debata política com o todo
dos estudantes; que, de fato, democratize suas instâncias. Só assim o Movimento
Estudantil da USP voltará a ser ativo e transformador.
Acreditamos que não estamos aqui para falar por ninguém, tampouco para fazer
uma lista de pautas de cima para baixo. E não é nossa pretensão ensinar ninguém a
fazer política. Todos nós, estudantes da Universidade, vivenciamos seu cotidiano e
sabemos quais problemas estão postos. Queremos construir o Movimento Estudantil
junto com cada estudante da USP e sabemos que só assim teremos conquistas.
Nossas vozes estão em coro. Cantamos por acreditar na possibilidade de um
movimento estudantil que supere o quadro e as defasagens atuais. Cantamos pela
certeza de que este movimento só se fortalecerá e ganhará coerência na medida em
que for construído por todos.
E queremos cantar com todas e todos! A construção de uma USP mais inclusiva
e democrática deve extrapolar os muros da universidade. Que a USP se pinte de
povo, pois só mudando o sujeito que está aqui dentro produzindo conhecimento e
formando profissionais, transformaremos a Universidade rumo a um novo projeto para
o nosso país: Um Projeto Popular para o Brasil.
O Brasil canta por mais direitos
O Brasil está passando por um de seus momentos políticos mais conturbados nas
últimas décadas. As tensões sociais já não podem ser contidas ou conciliadas e afloram
numa polarização que toma as ruas. Diante de uma real insatisfação de muitos setores
da sociedade, a direita apresenta sua resposta junto aos grupos mais ricos da sociedade
e levam à rua milhares de pessoas em todo o país contra o Governo Federal e pelo
impeachment da Presidenta. Estas mobilizações incorporam, em alguma medida,
segmentos que estão insatisfeitos com o sistema político brasileiro e que não
necessariamente são ideologicamente de direita. No entanto, são colocadas em
descrédito as organizações partidárias em conjunto da deslegitimação das instituições
brasileiras; até mesmo uma camiseta vermelha pode ser alvo de declarações e
manifestações odiosas.
Também é apontada como uma solução por esses setores a privatização da
Petrobras e a redução do papel do Estado Brasileiro. Essas manifestações devem ser
entendidas como uma ofensiva conservadora contra os projetos alternativos ao
neoliberalismo. Nesse mesmo sentido, a mídia desempenhou um papel central tanto
na ampla divulgação seletiva de informações da operação Lava-Jato, através da qual
buscou criminalizar o PT, criando as condições políticas para o Impeachment, como na
cobertura ao vivo dos protestos do dia 15 de março, que serviu como uma convocação
da população às ruas.
Atuando dessa maneira, a mídia age como um partido e oferece,
consequentemente, condições para o retorno da política neoliberal encabeçada pelo
PSDB. Dessa forma, coloca-se com urgência a democratização dos meios de
comunicação, para que possamos ter um processo democrático e pluralista de formação
da opinião pública.
Não bastasse esse cerco conservador, o governo acuado tem reagido de forma
equivocada, contribuindo para municiar as forças conservadoras no processo de
desgaste político. Desde a posse, tenta resolver a instabilidade política, cedendo
parcelas cada vez maiores de poder para os “achacadores” do congresso. Do ponto de
vista econômico, apresentou como saída para o quadro recessivo uma série de medidas
que prejudicam os trabalhadores – em especial a juventude, e as políticas sociais como
“reajuste fiscal”.
Diante desse cenário, nós acreditamos que é dever de todos os que se
comprometem com a democracia e com o povo brasileiro atuar buscando impedir o
avanço conservador e a ameaça golpista. No entanto, defender a legitimidade do
governo não significa que devemos aceitar passivamente suas concessões políticas, em
especial o “ajuste fiscal”, operado desde o início do atual mandato da Presidenta.
Devemos lutar contra qualquer redução de direitos. Se há necessidade de
“ajustes”, que sejam aplicados sobre os setores mais privilegiados, e não sobre o povo.
Entendemos que a saída para essa crise política e a forma de alcançar as
bandeiras que reivindicamos há décadas, nos mais diversos movimentos sociais do
país, é a construção de uma Constituinte Exclusiva para Reforma Política. O fim
do financiamento privado de campanha que vai diminuir o poder de influência do
setor empresarial e das camadas mais ricas da sociedade sobre os legisladores e
permitir que avancemos para um projeto voltado aos trabalhadores e não aos
empresários; aos mais pobres e não aos mais ricos. É com implementação de cotas no
congresso para mulheres, LGBTs, negras e negros que vamos ter um sistema político
realmente representativo e que defenda a proteção das minorias; também nos
colocamos na defesa da Petrobrás. É necessário, ao mesmo tempo em que se defenda
uma investigação profunda dos crimes de corrupção cometidos contra a empresa,
defender a Petrobras como um patrimônio nacional e um indutor do desenvolvimento
de nosso país.
No plano Estadual, apesar das acusações de desvio de ⅓ dos recursos destinados
ao metrô e da letalidade da Polícia Militar de São Paulo ter 800 vítimas só no ano de
2014 (das quais a própria ouvidoria da polícia reconhece que não investigou a maior
parte), presenciamos mais uma reeleição do PSDB no governo, além da conformação,
na Assembleia Legislativa do Estado (ALESP), da
“Bancada da Bala” - coronéis da polícia da reserva, defensores
de pautas criminalizadoras da juventude preta, pobre e periférica,
como a redução da Maioridade Penal.
Tudo isso no mesmo Estado que se mantém alheio à adoção de Cotas Raciais em
suas Universidades (que já é prática comum em todo país) e segue com a mesma
política de desmonte e sucateamento das estruturas públicas, incluindo aí as
Universidades. As Universidades Estaduais Paulistas, tal como a USP, sofreram com
uma crise orçamentária e propostas de demissão em massa e desvinculação de
estruturas universitárias, como a do Hospital Universitário. Foi também no governo
deste partido que se iniciou e se agravou a maior crise hídrica da história do Estado de
São Paulo, justamente ao se deixar de fazer investimentos em infraestrutura para
dividir lucros na bolsa de Nova Iorque. No campus da USP Leste, manifesta-se a
irresponsabilidade com a qual o governo estadual trata da educação. Cometeu-se um
grave crime ambiental que impossibilitou a presença dos estudantes no campus por
quase um ano.
E qual o papel da Universidade nesse contexto?
O Movimento Estudantil sempre teve bastante força e capacidade de mobilização
social, estando presente em muitos momentos da história do nosso país, como a luta
contra o nazifacismo, a resistência à ditadura militar, entre muitos outros. Isso deve
ser retomado! O DCE deve ser um indutor das políticas sociais que desejamos para a
Universidade, para o Estado e para o País. Tais lutas estão interligadas e é papel do
DCE fomentar a defesa de um modelo de desenvolvimento e de gestão da coisa pública,
que priorize a inclusão de minorias políticas, a defesa do Estado como promotor de
igualdade social e a maior participação popular em nossa democracia.
Sabemos o quanto a estrutura da universidade influencia e alicerceia uma política
social mais geral, colocando a disputa desse espaço como central para as
transformações no nosso país.
Excelência para quem? Por uma universidade popular
A USP, criada em 1934, tinha por objetivo garantir a formação intelectual e
econômica da elite paulista. Passados tantos anos, contudo, percebe-se que pouco
mudou. A divulgação dos resultados do questionário socioeconômico da FUVEST aponta
que dos 12 mil alunos ingressantes, 78,7% são brancos, 62,9% cursaram a escola
particular e nos 10 cursos mais concorridos, cerca de 50% dos alunos são de Classe A
(renda acima de R$12.440,00) ou Classe B (acima de R$6200,00).
Os rankings pretendem mostrar que a USP segue uma das melhores
Universidades da América Latina e tem seu lugar de destaque nas pesquisas
internacionais. De fato, sob alguns critérios, nossa universidade é uma instituição de
qualidade. É inegável sua contribuição na produção intelectual, nas parcerias
internacionais com outras universidades e até mesmo na estrutura física de diversos
cursos e campi; é referenciada dentre empresas e afins. É uma vantagem ingressar no
mercado de trabalho com um diploma da USP. Porém, a quem isto tudo serve?
Hoje há um claro recorte de classe e raça no ingresso universitário. A USP
continua uma instituição ‘das’ e ‘para as’ elites, tanto no que diz respeito ao ingresso
via vestibular, quanto na sua produção de conhecimento e tecnologia, gestão financeira
– onde e como o dinheiro é gasto – e no funcionamento interno dos seus colegiados.
Nos últimos anos, a USP vem falhando e se negando a debater a questão racial e social
do ingresso universitário com os sujeitos que, de fato, tem interesse nessa questão.
Este perfil elitista se reforça quando a USP, ao invés de fazer projetos amplos de
cotas sociais e raciais, adota a política de bônus (Pasusp e Inclusp). A situação se
mantém por conta da carência de políticas de permanência estudantil eficazes e
integradas – algo que certamente estimularia o ingresso de estudantes de classes mais
baixas.
Percebemos também que o tripé universitário, formado por ensino, pesquisa e
extensão, não é garantido pela estrutura universitária. Há uma nítida priorização da
pesquisa, tanto no momento de avaliação dos docentes, quanto no destino de verbas.
Na USP que queremos, estes três elementos precisam caminhar juntos: na sala de aula
construímos nossa formação; através da extensão estabelecemos um diálogo com a
população. A pesquisa, por sua vez, avança na formação de conhecimento e tecnologia.
Não bastassem estes aspectos, assistimos a um drástico corte de verbas e, ainda,
a uma falta de democracia em nossas instâncias deliberativas. É chegado o momento
de nos questionar sobre as tão aclamadas posições em rankings internacionais.
Queremos uma Universidade que reflita sobre a realidade social brasileira e tenha
lugar na esfera pública. Queremos fóruns mais participativos, revisão do Estatuto da
USP, e que se amplie o debate sobre participação e gestão universitárias. Queremos
uma Universidade feita pelo Povo e para o Povo. Assim, poderemos considerar a USP
como a melhor instituição da América Latina.
Conjuntura atual da USP
Para o ano de 2015, existem diversos desafios a serem enfrentados, grande parte
deles são questões pendentes de 2014, quando o atual reitor Marco Antônio Zago
declarou publicamente a crise orçamentária da USP. A implementação por parte do
Conselho Universitário (C.O, órgão máximo deliberativo da universidade) do Plano de
Demissão Voluntária (PIDV), teve adesão de mais de 1.400 funcionários e funcionárias
técnico-administrativos da USP. Com isso, muitos dos serviços que já apresentavam
uma defasagem de pessoal, hoje estão ainda mais sobrecarregados. O maior exemplo
de risco de precarização é o do Hospital Universitário da USP (HU): a proposta da
reitoria era desvinculá-lo da Universidade, transferindo sua gestão para o Governo do
Estado de São Paulo. Esta medida teria um grande impacto não só para a comunidade
universitária que perderia um dos mais importantes centros de extensão,
aperfeiçoamento e pesquisa na área de saúde, como afetaria também os usuários das
regiões mais próximas, já que a gestão pelas faculdades garante maior qualidade ao
Hospital em relação a outras unidades públicas de saúde.
Outros reflexos do PIDV foram a não abertura de novas vagas nas creches,
prejudicando as funcionárias e as estudantes que têm filhos, assim como o fechamento
do bandejão da Prefeitura do campus Butantã e o risco de diminuição do oferecimento
de refeições no bandejão no campus de São Carlos. Fica nítido que além de prejudicar
os funcionários, o PIDV tem prejudicado aqueles e aquelas estudantes que mais
necessitam de auxílios para se manter na universidade, contrariamente ao que dizia o
projeto da Reitoria.
Em nossa perspectiva, é imprescindível o DCE se colocar ao lado da categoria dos
funcionários e, deste modo, lutar contra as medidas prejudiciais às suas condições de
trabalho. Afinal, eles são fundamentais para a excelência da USP. É extremamente
necessário também que o DCE tome a frente no esclarecimento da causa da atual crise
financeira da Universidade, isto é, a falta de transparência e responsabilidades nas
contas públicas de nossa Universidade. Não podemos admitir que a solução seja dada
através do corte de verbas ou deterioração dos serviços prestados às camadas mais
vulneráveis, quando a crise vem, na realidade, dos centros de decisão.
Isso nos leva a outro ponto fundamental ainda em aberto na USP: a reforma do
estatuto da universidade. Durante as eleições para reitor em 2013, Zago enfatizou
bastante tal ponto. Prometeu a descentralização do poder na universidade e, com isso,
conseguiu o apoio de diversos diretores de unidade da USP. Assim que eleito, Zago
começou a pautar a prometida reforma já em 2014. Porém, a crise política colocada
pela greve do ano passado atrasou seu cronograma.
Este ano, este processo de reforma continua, mas de forma mais
atropelada ainda, sem discussões aprofundadas, nem por parte
do corpo docente, muito menos do corpo discente. Para a chapa
Compor e Ouvir, é fundamental que o DCE paute com seriedade
esta questão: ampliação de métodos democráticos na Universidade.
Não é exagero afirmar: a USP está entre as universidades públicas menos
democráticas do Brasil. Não respeita sequer a Lei de Diretrizes e Bases que estipula
uma proporção máxima de 70% de representação docente nas instâncias deliberativas.
Um dos modelos mais utilizados para representação nestas instâncias é o de 70-15-15
para docentes, discentes e servidores, respectivamente. Há universidades cujo
conselho é paritário, ou seja, mesma proporção de representação para as três
categorias. Atualmente, o Conselho Universitário da USP é formado por cerca de 80,6%
de docentes, 7,4% estudantes da graduação, 3,4% da pós-graduação e 3,4% de
funcionários. Por mais que haja resistência da reitoria quanto a maior participação de
discentes e funcionários, o mínimo que cobramos da Universidade de São Paulo é que
se respeite a lei do 70-15-15.
Também é relevante a forma que será realizada esta reforma do Estatuto. A
ADUSP, SINTUSP e DCE historicamente defendem a realização de um Congresso
Estatutário Livre, Soberano e Democrático. Com ele, elegeríamos representantes nas
bases de cada categoria, com ampla discussão. Por esta via construiríamos um novo
estatuto que não precisaria ser aprovado por qualquer outra instância. Em nossa
perspectiva, se a reforma for feita pelo próprio C.O, nada será de fato mudado, pois
não é do interesse de quem compõe este órgão que ele seja democratizado. Ora,
ninguém reforma a si mesmo quando o melhor é deixar como se está.
Não menos importante do que os pontos elencados acima, são os casos de
violações de direitos humanos nas faculdades, sobretudo os de estupros e abusos
sexuais, casos cuja apreciação apenas este ano se tornaram objeto de CPI. Em nossa
perspectiva, a universidade novamente explicitou sua estrutura retrógrada ao tardar a
tomar medidas cabíveis e, pior, fazer pouco caso dos crimes gravíssimos que poderiam
“manchar” a imagem da faculdade. A USP foi, por bastante tempo, conivente com
estudantes que, não somente não devolveram à sociedade os conhecimentos aos quais
tiveram acesso com recursos públicos, como se tornaram opressores e criminosos. É
de fundamental importância que o DCE esteja atento e cobre da USP a punição
administrativa e jurídica dos opressores, bem como medidas contra novos abusos. A
luta contra a opressão de gênero, de diversidade sexual e racial, é uma luta que deve
ser travada dentro e fora da universidade. A USP deveria ser um exemplo para a
sociedade e, portanto, não pode admitir qualquer flexibilidade com sujeitos que
cometeram estes tipos de crimes.
A questão da segurança nos campi também é um ponto fundamental a ser
debatido pelo movimento. Ela atinge de formas diferentes cada campus, mas há um
consenso de que é necessária a reformulação do atual modelo de segurança da nossa
universidade. No Butantã, por exemplo, a presença da Polícia Militar
não tornou a Cidade Universitária mais segura. O convênio com a PM,
pelo contrário, permitiu o cerceamento do movimento estudantil e
dos trabalhadores, gerando, mais de uma vez, conflito direto, com
uso da força e de gás lacrimogêneo contra estudantes e funcionários.
Para a Compor e Ouvir, é necessário formular um novo projeto de segurança nos campi,
que conte com uma qualificação melhor da Guarda Universitária, com um efetivo de
mulheres suficiente para tratar de casos em que sejam necessárias e nos colocamos
contra o convênio entre USP e Polícia Militar, que se mostra despreparada para lidar
com civis tanto dentro da universidade, quanto, e principalmente, fora dela.
Nos propomos a lutar:
● Por um projeto integral de Permanência Estudantil: somos contra o
corte de verbas destinados à permanência estudantil. E acreditamos que as
políticas de permanência precisam levar em conta as necessidades dos
estudantes. Isto significa vagas suficientes nas moradias, bandejões oferecendo
três refeições por dia e abertos aos finais de semana em todos os Campi; creches
com vagas atendendo às demandas das mulheres que são mães; ônibus
circulares gratuitos e ampliação das bolsas para que estudantes de baixa renda
possam acompanhar os cursos com materiais adequados.
● Por mais participação nos Conselhos Universitários: queremos que a
USP cumpra o mínimo exigido pela LDB (70% professores, 30% alunos e
funcionários) no que diz respeito à composição dos colegiados de Conselhos e
Congregações.
● Por uma Estatuinte livre, democrática e soberana: que se realize uma
Estatuinte livre e soberana para debater e rever a proporção das categorias nos
órgãos e colegiados da Universidade, bem como o regimento disciplinar com
vistas a democratizar as instâncias internas da USP.
● Por uma gestão transparente do Orçamento: a atual crise financeira
da Universidade teve origem na falta de transparência da gestão Rodas. Isso fez
com que os gastos fossem ampliados, mas sem visar a implementação de
políticas de inclusão e permanência. Devemos reestruturar os órgãos de decisão
para torná-los mais democráticos e transparentes também em relação ao
Orçamento.
● Pela valorização da Extensão Popular Universitária: devemos buscar
maior equilíbrio entre pesquisa, ensino e extensão na avaliação de docentes e
institutos, bem como na divisão orçamentária para essas atividades. Apoiamos a
Frente de Extensão da USP e acreditamos que o DCE deva colaborar em sua
retomada, divulgar seus trabalhos e atuar em parceria, fomentando suas
iniciativas.
● Por uma USP sem catracas: queremos que toda a sociedade possa
usufruir dos espaços das cidades universitárias, que hoje são barrados por
catracas, com necessidade de apresentação da carteirinha e afins. Deste modo,
teremos um ambiente mais seguro e mais integrado à vida urbana da cidade. Por
isso, é importante termos a USP com portões abertos.
● Por uma Universidade livre de Machismo: defendemos políticas de
assistência estudantil com recorte para estudantes-mães, bem como acreditamos
que a Frente Feminista vem cumprindo ao longo desses anos de sua existência
um papel importante no combate ao machismo, com lançamento de campanhas
gerais, espaços de debate, conscientização e realização do manual da caloura,
etc. Endossamos ainda a necessidade de continuar realizando o Encontro de
Mulheres Estudantes da USP. Acompanhar o encaminhamento do relatório da CPI
das violações de direitos humanos e exigir a punição dos criminosos e opressores.
● Por cotas raciais e sociais: que se implemente o projeto de cotas raciais
e sociais proposto pela Frente Pró-Cotas de São Paulo na USP, além da
implementação de cotas regionais para alunos provenientes da Zona Leste no
caso EACH. Defendemos, também, que a universidade regularize o local do
Núcleo de Consciência Negra, que vem historicamente cumprindo um papel
político e social no debate racial no interior da USP. Apoiamos e reconhecemos
os Coletivos Negros, sejam eles gerais ou de cursos, como espaços prioritários e
auto-organizados dos negros e negras da USP para pensar suas demandas e
realidades.
● Pela livre expressão de nossa identidade de gênero e sexualidade:
acreditamos que os casos de homofobia dentro da USP precisam ser combatidos
através de campanhas formativas, mecanismos de denúncia e fortalecimento das
lésbicas, gays, bissexuais, transexuais. Entendemos que os coletivos de curso e
a Frente LGBTT da USP devam ser apoiados e fortalecidos através da atuação
conjunta com o DCE.
O movimento estudantil hoje. Os CAs também querem cantar!
Para conseguirmos pautar as mudanças que queremos na USP, precisamos que
a maior parte dos estudantes esteja convencida de sua legitimidade e disposta a se
organizar para conquistá-las. É com a maior parte do corpo discente organizada e
articulada com outras categorias – a dos professores e a dos funcionários – que se
torna possível construir uma Universidade democrática e popular.
Acreditamos que é com a organização coletiva, espaços acolhedores e espaços
de deliberação conjunta, conseguindo Compor e Ouvir, que o ME da USP pode avançar
e, consequentemente, transformar a Universidade e a sociedade.
O movimento estudantil, contudo, reduz-se cada vez mais ao mesmo grupo de
pessoas e repete um modo de funcionamento e gestão: assembleias gerais são espaços
pouco representativos e convidativos à participação; os conselhos de centros
acadêmicos e as reuniões ordinárias são construídas sem a ajuda das entidades de
base; não são aceitas outras maneiras de construir a política, nem mesmo opiniões
dissidentes. Por estas e outras, há muito tempo as greves estudantis não atingem
vitórias concretas.
Atualmente, o DCE não se faz presente e não busca construir uma legitimação da
entidade perante os campi da capital e do interior. Sua sede no campus do Butantã
está abandonada e nenhuma campanha pela retomada do espaço foi realizada com
sucesso nos últimos anos.
Acreditamos que o Diretório Central dos Estudantes deve ser uma entidade
representativa e presente, com uma política de comunicação e financeira eficazes. E
principalmente, deve articular os Centros Acadêmicos nas pautas concernentes a todos
os estudantes. Em nossa opinião, o DCE só conseguirá ter mais proximidade com a
realidade dos estudantes ao articular-se com os Centros Acadêmicos, pois são estas
entidades que têm contato direto com a realidade dos estudantes de cada curso –
conhecem melhor suas demandas e seu cotidiano. Pretendemos ter uma relação de
diálogo efetivo e constante com os CAs, sabendo respeitar singularidades e
divergências, mas também propondo discussões importantes de serem estimuladas nos
cursos. Exemplos: a atual discussão sobre formas alternativas de ingresso em pauta
nas unidades; a discussão sobre a reforma do estatuto da USP; sobre a realização de
festas nos campi – que é importante para o financiamento das entidades dos cursos e
vivência universitária; ou sobre os casos de violação de direitos humanos nos chamados
“trotes” e também ao longo da permanência na universidade. A articulação conjunta
nos fortalece para alcançarmos nossos objetivos.
Compor e ouvir para além da USP
Entendemos também a importância do DCE da USP para realizar ações com
outras entidades e movimentos, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União
Estadual dos Estudantes (UEE). Sobretudo para fazer com que retomem sua
legitimidade com o conjunto dos estudantes e retomem sua tradição de organização e
mobilização da juventude.
A UNE, nascida durante a década de 30, foi protagonista em vários momentos de
nossa história: na luta contra a ameaça nazifascista, em defesa dos recursos naturais
e da soberania nacional com a campanha “O petróleo é nosso”, pelas “Reformas de
base”, contra a Ditadura Militar, pela redemocratização da sociedade, dentre outros.
Atualmente não a vemos mais protagonizando as lutas da juventude. Os estudantes,
em grande parte, enxergam a UNE como algo distante da sua realidade concreta e não
se sentem representados por ela. A lógica da disputa interna muitas vezes toma mais
espaço que o debate político e a organização da juventude em si.
Por outro lado, além de seu peso histórico, ainda hoje a UNE tem uma
grande representatividade: o último congresso (CONUNE) teve representações de
aproximadamente 97% das Universidades brasileiras, públicas e particulares; e contou
com a participação de praticamente todas organizações nacionais de juventude, com
opiniões das mais diversas, debatendo a situação da educação em nosso país. A UEE-
SP também teve papel preponderante nas lutas do povo brasileiro e tem representações
da maioria das universidades do Estado.
Avaliamos que o único modo de alterar esse panorama seja construindo a UNE
e a UEE no cotidiano dos estudantes, trazendo-as para dentro das universidades,
fortalecendo sua referência junto aos estudantes e em conjunto com as demais
entidades estudantis. Nesse sentido, enquanto DCE, nos propomos a participar de
todos os fóruns da UNE e UEE-SP, e nos articularmos com essas entidades, como
também com os DCEs da UNICAMP, UNESP e FATEC, para a construção de ações
conjuntas.
Acreditamos que, embora atualmente estas entidades não tenham o
protagonismo dos tempos de outrora, ainda possuem representatividade, legitimidade
e potencial para cumprir seu papel social: a organização e mobilização dos estudantes
em nível nacional, construindo um Movimento Estudantil ativo, articulado e capacitado.
Precisamos alterar a lógica e o funcionamento do Movimento Estudantil e seus fóruns,
se quisermos alcançar vitórias concretas e transformar a Universidade!
Abaixo estão organizadas nossas principais propostas:
● Reuniões Ordinárias abertas em todos os Campi, com pauta divulgada
com antecedência e atas publicadas;
● Realizar debates de forma constante. É necessário criarmos espaços
constantes para a discussão política e proporcionar um ambiente politizado ao
longo de todo ano.
● Promover debates e intensificar a luta por uma nova política de
segurança na USP, para pensar alternativas, em fóruns estudantis e em debate
com a universidade, com a participação atuante e diálogo com os conselhos
gestores dos campi;
● Promover debates e intensificar a luta em prol de espaços físicos
para entidades de base e núcleo de extensão. Defender junto a Reitoria a
necessidade de espaços como o Núcleo de Consciência Negra e o Palco do Lago,
palquinho de São Carlos, CV de Piracicaba, CA na EACH, dentre outros;
● Mais reuniões do Conselho de Centros Acadêmicos enquanto espaço
de troca e articulação das entidades de base para tirar ações conjuntas;
● Realização do ENCA (Encontro de Centros Acadêmicos da USP)
também nos campi do interior.
● Construção do XII Congresso de Estudantes da USP de forma
conjunta com CAs;
● Melhorar a Assembleia como espaço de construção política ampla.
Enquanto DCE cabe à gestão melhorar a divulgação das pautas prioritárias, assim
como ampliar os locais em que ela é realizada, além de respeitar o teto decidido
pelos presentes no início das discussões;
● Retomar uma comunicação periódica e abrangente. Nossa entidade
deve manter um jornal para informar continuamente os principais fatos
relevantes ao ME, assim como expor posicionamentos sobre tais questões;
Só muda quem pode ouvir o som dessas vozes!
Convidamos a todas e todos a construírem conosco um movimento estudantil diferente,
capaz de atuar no cotidiano da universidade e mudar, concretamente, a USP, fazendo
desta um espaço mais democrático, participativo e popular!
Participe das eleições para Diretório Central dos Estudantes e Representantes
Discentes, nos dias 8, 9 e 10 de abril de 2015.
QUEREM COMPOR E OUVIR UM DCE MAIS PARTICIPATIVO:
BUTANTÃ: || LETRAS: Kyo Kobayashi, Luiza Troccoli, Yandra Menezes, Bruna Faleiros, Milena Varallo,
Ana Beatriz Cursino, Jéssica Policastri, Olga Roschel (Lola), Maria Eugênia Forigo, Jenifer Quinalha, Caio
Greve, Igor Lima | HISTÓRIA: João Capusso, Gabriel Alves Batista, João Luis Lemos, Thiago Martinez,
Branca Zilberleib, Pedro Giovanetti, Rafael Costa, Laiza Santana, Guilherme Chorro | SOCIAIS:
Guilherme Nishio, Mônica Lacerda, Luna Zarattini, Pedro de Freitas*, Taís Chatourni, Rafael Lima
(Piquete) | FILOSOFIA: Marcelo Soares, Paolo Colosso* | GEOGRAFIA: Maiara Santana, Rafael Senise
| R.I.: Gabriel Siracusa, Natália Lima de Araújo (Welma), Felipe Augusto Ferreira | ECA: Beatriz Cassar
| ECONOMIA: Matias Rebello, Rodrigo Toneto, Vinícius Orellano | QUÍMICA: Samuel Vanique, Marcela
Baena || SÃO CARLOS: || ENG. AMBIENTAL: Letícia Alencar, Larissa Avelino, Thaís Rosenthal
(Cebola), Aline Velten (Panda), Marina Almeida (Delay), Pedro Ferrão (Abelha), Ana Sarah Lofti, André
Baleeiro (GPS) | ENG. COMPUTAÇÃO: Caíque Honório (Fofura), Marcius Leandro, Marcos Ordonha,
Paulo da Silva | QUÍMICA: Ivan Pinheiro (POV), Jussara Alves | ENG. ELÉTRICA: Gabriel Marchan ||
ESALQ: Felipe Chinen (Paga), Guilherme Gandolfi (Frodo), Maria Luiza Freitas (Leidi), Paulo Efrain
Antonio (Cristina), Eula Raissa de Almeida (Galisteu) || SANFRAN: Mariana Lorenzi, Bruno Kassabian,
Ana Paula Tavassi, Paula Davoglio Goes, Paula Zugab, Danilo Cruz, Laís Goldenstein, Rodrigo Valverde,
Fabio Machado, Marco Riechelmann || EACH: || GPP: Bruna Tamires (Brunata), Sara Saconato, Taiguara
Canindé, Luiz Eduardo Tannus, José Victor da Silva, Priscila Cora Leme, Luiz Antonio Sobrinho |
MARKETING: Nicole Pascuet | Gestão Ambiental: Paulo Jancar Curi, Gabriela Canindé || LORENA: ||
ENG. QUÍMICA: Edson Junior.
“Arte de mudar o nosso chão: É o estudante que produz o show e assina a direção!”
Leia mais: http://comporeouvir2014.wordpress.com http://facebook.com/comporeouvir2015
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