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Ilustração de Eduardo Marques a partir do romance Memorial do Convento de José Saramago Novembro 2010 José J osé Saramago nasceu na aldeia ribatejana 1 Q que é ver-se atravessando oTerreiro do Paço para o lado dos açougues, levantando a saia à frente e patinhando numa lama aguada e pegajosa que cheira ao que cheiram os homens quando descarregam... 2 3

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NaturezaNatureza

Ilustração de Eduardo Marques a partir do romance

Memorial do Convento de José Saramago

Novembro 2010

Biografia de Saramago

José Saramago nasceu na aldeia ribatejana

de Azinhaga, concelho de Golegã, no dia 16 deNovembro de 1922, embora o registo oficial

mencione o dia 18. Seus pais emigraram paraLisboa quando ele ainda não perfizera três anos

de idade. Toda a sua vida tem decorrido nacapital, embora até ao princípio da idade

madura tivessem sido numerosas e às vezesprolongadas as suas estadas na aldeia natal.

Fez estudos secundários que não pôde continuarpor dificuldades económicas. Em 1972 e 1973

fez parte da redacção do Jornal "Diário deLisoa" onde foi comentador político.

Romancista por natureza, recebe prémio nobel da literatura em 1998

José

1

Biografia de Saramago

José Saramago nasceu na aldeia ribatejana

de Azinhaga, concelho de Golegã, no dia 16 deNovembro de 1922, embora o registo oficial

mencione o dia 18. Seus pais emigraram paraLisboa quando ele ainda não perfizera três anos

de idade. Toda a sua vida tem decorrido nacapital, embora até ao princípio da idade

madura tivessem sido numerosas e às vezesprolongadas as suas estadas na aldeia natal.

Fez estudos secundários que não pôde continuarpor dificuldades económicas. Em 1972 e 1973

fez parte da redacção do Jornal "Diário deLisoa" onde foi comentador político.

Romancista por natureza, recebe prémio nobel da literatura em 1998

José

1

ÀGUA

Qque é ver-se atravessando oTerreiro

do Paço para o lado dos açougues, levantando a saia à frente e patinhando numa lama aguada e pegajosa que cheira ao que cheiram os homens quando descarregam...

32

ÀGUA

Qque é ver-se atravessando oTerreiro

do Paço para o lado dos açougues, levantando a saia à frente e patinhando numa lama aguada e pegajosa que cheira ao que cheiram os homens quando descarregam...

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FOGO

Vida, maneiras simbólicas de se

entenderem todos quanto àquilo que os espera, se não reparassem no que trazem vestido, e isso sim, é tradução visual dasentença, o sambenito amarelo pereceram a morte,O outro com as chamas viradas para baixo, dito fogo revolto, se confessando as culpas com a cruz...

54

FOGO

Vida, maneiras simbólicas de se

entenderem todos quanto àquilo que os espera, se não reparassem no que trazem vestido, e isso sim, é tradução visual dasentença, o sambenito amarelo pereceram a morte,O outro com as chamas viradas para baixo, dito fogo revolto, se confessando as culpas com a cruz...

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AMOR

Coberto por uma riquíssima tela

encarnada,que também cobre o coche de estado, e atrás do caixão segue o duque de Cadaval velho, por ser mordomo-morda rainha, cuja, se tem entranhas de mãe, estará chorando o seu filho,..

76

AMOR

Coberto por uma riquíssima tela

encarnada,que também cobre o coche de estado, e atrás do caixão segue o duque de Cadaval velho, por ser mordomo-morda rainha, cuja, se tem entranhas de mãe, estará chorando o seu filho,..

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LUZ

Eu venho fugindo aos tombos dos que por

matar-me morrem, que aqui, quando touros correm,também querem correr pombos, porém nem todos,que alguns abrem voos circulares, escapam ao vórticedas mãos e dos gritos, e sobem, sobem, acertam obater das asas, colhem nas alturas a luz do sol, equando se afastam, por cima dos telhados, são comopássaros de ouro.

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LUZ

Eu venho fugindo aos tombos dos que por

matar-me morrem, que aqui, quando touros correm,também querem correr pombos, porém nem todos,que alguns abrem voos circulares, escapam ao vórticedas mãos e dos gritos, e sobem, sobem, acertam obater das asas, colhem nas alturas a luz do sol, equando se afastam, por cima dos telhados, são comopássaros de ouro.

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NOITE

D. João V sonhará esta noite. Verá erguer-se

do seu sexo uma árvorede Jessé, frondosae toda povoada dos ascendentes de Cristo, até aomesmo Cristo, herdeiro de todas as coroas, e depoisdissipar-se a árvore e em seu lugar levantar-se, poderosamente...

1110

NOITE

D. João V sonhará esta noite. Verá erguer-se

do seu sexo uma árvorede Jessé, frondosae toda povoada dos ascendentes de Cristo, até aomesmo Cristo, herdeiro de todas as coroas, e depoisdissipar-se a árvore e em seu lugar levantar-se, poderosamente...

1110

TERRA

O enterraram. Privados da esperança de

cura enquanton ão constasse o passamento doutro bem-aventurado, no mesmo lugar se esbofetearam de desespero e fé lograda mudos e manetas, se a estes lhes sobrava mão,em gritos todos e invocações a quantos santos, até que os padres saíram fora a benzer...

1312

TERRA

O enterraram. Privados da esperança de

cura enquanton ão constasse o passamento doutro bem-aventurado, no mesmo lugar se esbofetearam de desespero e fé lograda mudos e manetas, se a estes lhes sobrava mão,em gritos todos e invocações a quantos santos, até que os padres saíram fora a benzer...

1312

VENTO

Qual, por sua vez, atrairá os ímanes que estarão porbaixo, os quais, por sua vez, atrairão as lamelas deferro de que se compõe o cavername da barca, e entãosubiremos ao ar, com o vento, ou com o sopro dosfoles, se o vento faltar, mas torno a dizer, faltando oéter, falta-nos tudo...

1514

VENTO

Qual, por sua vez, atrairá os ímanes que estarão porbaixo, os quais, por sua vez, atrairão as lamelas deferro de que se compõe o cavername da barca, e entãosubiremos ao ar, com o vento, ou com o sopro dosfoles, se o vento faltar, mas torno a dizer, faltando oéter, falta-nos tudo...

1514

ÌNDICE

Página 1...............................................BiografiaPágina 2 e 3...............................................ÁguaPágina 4 e 5...............................................FogoPágina 6 e 7..............................................AmorPágina 8 e 9.................................................LuzPágina 10 e 11...........................................NoitePágina 12 e 13...........................................TerraPágina 14 e 15..........................................VentoPágina 16..................................................Índice

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ÌNDICE

Página 1...............................................BiografiaPágina 2 e 3...............................................ÁguaPágina 4 e 5...............................................FogoPágina 6 e 7..............................................AmorPágina 8 e 9.................................................LuzPágina 10 e 11...........................................NoitePágina 12 e 13...........................................TerraPágina 14 e 15..........................................VentoPágina 16..................................................Índice

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Era uma vez uma reique fez promessa delevantar um conventoem Mafra. Era umavez a gente quecontruiu esse convento.Era uma vez umsoldado maneta e umamulher que tinhapoderes. Era uma vezum padre que queriavoar e morreudoido.Era um vez.

EDURDOEBOOKNOV2010