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Estudo sobre o Golfe no Algarve – Documento de Trabalho Cenários de Desenvolvimento (Dezembro 2003) Coordenador geral do estudo: Manuel Victor Martins – Universidade do Algarve
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Golfe no AlgarveEstudo sobre o
Universidade do AlgarveUniversidade do Algarve
Cenários de Desenvolvimento
Dezembro de 2003
Documento de Trabalho
Universidade do Algarve
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COORDENADOR GERAL DO ESTUDO
Manuel Victor Martins
COORDENAÇÃO DAS ÁREAS
Economia Regional Antónia Correia
Fernando Perna
Ambiente Nuno Videira
Gestão Agro-ambiental José Beltrão
Eugénio Faria
Negócio Antónia Correia
Recursos Hídricos José Paulo Monteiro
COLABORADORES
Ambiente Inês Alves
Renato Martins Catarina Ramires
Rui Subtil
Gestão Agro-ambiental Manuel Costa
Diamantino Trindade
Negócio José Alberto Mendes
Pedro Pintassilgo Paulo Rodrigues
Edição Gráfica Ricardo Baptista
COMISSÃO DE ACOMPANHAMENTO
AHETA - Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve Algarve Golfe - Associação Regional de Golfe do Sul Almargem - Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental AMAL - Associação de Municípios do Algarve APPEV - F. Sousa Neto, Ldª. AREAL - Agência Regional de Energia e Ambiente do Algarve CCDR Algarve - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve CEAM - Centro de Educação Ambiental de Marim DRAA - Direcção Regional de Agricultura do Algarve DRAOT - Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território do Algarve DREA - Direcção Regional de Economia do Algarve DREAlg - Direcção Regional de Educação do Algarve FETESE - Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços FPG - Federação Portuguesa de Golfe Globalgarve - Cooperação e Desenvolvimento SA ICN - Instituto de Conservação da Natureza IEFP - Instituto de Emprego e Formação Profissional PNCV - Parque Natural da Costa Vicentina QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza RTA - Região de Turismo do Algarve Ualg - Universidade do Algarve
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
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AGRADECIMENTOS
A Universidade do Algarve e a Equipa de Projecto reconhecem e agradecem a colaboração
das várias entidades que tornaram possível a realização do Estudo, em particular à Comis-
são de Coordenação da Região do Algarve; Associação dos Hotéis e Empreendimentos
Turísticos do Algarve; Região de Turismo do Algarve; Algarve Golfe - Associação Regional
de Golfe do Sul.
Igualmente, reconhecem o papel que a Comissão de Acompanhamento desempenhou
como interlocutora e crítica dos relatórios que vão sendo produzidos.
Finalmente agradecem às pessoas que se prestaram a responder aos longos questionários
e a participar nas entrevistas com membros ou colaboradores da Equipa.
Universidade do Algarve
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GLOSSÁRIO
AAT Área de Aptidão Turística
AHETA Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve
AMAL Associação de Municípios do Algarve
AutoCADMap Programa informático de desenho
BENCHMARKING Análise comparada de vários destinos em termos competitivos
BUGGIES Veículos de transporte de dois jogadores de golfe e respectivo equipamento
CAD Computer Aided Drawing
CAMPO EQUIVALENTE Campo de 18 buracos, um campo de 9 buracos representa 0,5 campos equivalentes e um campo com 27 buracos representa 1,5 campos
CASH FLOW Excedente líquido gerado pela actividade da empresa
CCRA Comissão de Coordenação da Região do Algarve
CCDR Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional
CEE Comunidade Económica Europeia
CLUSTER Método de classificação de objectos e pessoas
COI Comité Olímpico Internacional
DGA Direcção Geral do Ambiente
DGT Direcção Geral de Turismo
DIA Declaração de Impacte Ambiental
DRAOT Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território
EGA European Golf Association
EIA Estudo de Impacte Ambiental
ETAR Estação de tratamento de águas residuais
EUA Estados Unidos da América
FAIRWAYS Espaço do campo de golfe que liga o local de saída (tee) ao buraco (green)
GOLFISTA Jogador de golfe que viajou em férias ou em negócios e que jogou pelo me-nos uma vez durante essa deslocação
GREEN Zona do campo onde estão implantados os buracos
GREEN KEEPERS Responsáveis pela manutenção das condições do terreno de jogo (relva)
ICEP Instituto Comércio Externo Português
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
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INE Instituto Nacional de Estatística
INDICADOR Parâmetro seleccionado com o objectivo de reflectir determinadas condições do sistema em análise. Os indicadores são normalmente definidos com recur-so a um tratamento dos dados (parâmetros) originais, tais como médias, per-centis, medianas, máximos, mínimos, entre outros. Neste estudo definiram-se indicadores para as áreas do negócio, sócio-economia regional, agro-ambiental e ambiental
INPUTS Dados originais que entram num processo de transformação
LAYOUT Desenho do campo
MERCHANDISING Forma de comercialização
MIX Conjunto
NORMA ISO 14001 Norma da série ISO 14000, publicada pela International Standardization Organization, relativa à implementação e certificação de Sistemas de Gestão Ambiental. Tem por finalidade a prevenção da poluição e a melhoria contínua do desempenho ambiental das organizações
NUTS Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatísticos equivalentes às 7 regiões: Norte, Centro, Lisboa e Vale Tejo, Alentejo, Algarve, RA Madeira e RA Açores
OPPORTUNITIES Oportunidades
OVERBOOKING Sobre ocupação
PACKAGE Combinação de dois ou mais elementos de serviços turísticos, vendidos como um único produto por um único preço, não sendo identificáveis os preços indi-viduais dos componentes
PDM Plano Director Municipal
PGA Professional Golfers Association
PIB Produto Interno Bruto
PP Plano de Pormenor
PRAXIS Actividade ordenada para um resultado
PRIME Programa de Incentivos e Modernização à Economia
PROTAL Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve
PRTA Plano Regional de Turismo do Algarve
PU Plano de Urbanização
RAN Reserva Agrícola Nacional
REN Reserva Ecológica Nacional
RESORTS Locais de férias
Universidade do Algarve
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ROUGHS Zona de relva mais comprida que a do fairway
RTA Região de Turismo do Algarve
SCE Sistema Cartográfico do Exército
SHAPE FILE Formato dos ficheiros cartográficos
SIG Sistema de Informação Geográfica
SIVETUR Sistemas de Incentivos a Produtos Turísticos de Vocação Estratégica
STAKEHOLDERS Grupo de entidades com interesse, envolvimento ou tendo investido directa-mente em determinada actividade, por exemplo, empregados, accionistas, fornecedores e clientes
STRENGHTS Forças
SWOT Técnica de estudo da competitividade de uma organização segundo quatro variáveis: strengths (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportu-nidades) e threats (ameaças)
SHORT HAUL Viagens de curto curso
TEE Zona onde se inicia o jogo em cada um dos 18 buracos
TIR Taxa Interna de Rendibilidade
THREATS Ameaças
UALG Universidade do Algarve
UNEP United Nations Environment Program
UOPG Unidade Operativa de Planeamento e Gestão
USGA United States Golf Association
VAB Valor Acrescentado Bruto
VAL Valor Actual Líquido
VRSA Vila Real de Santo António
WEAKNESSES Fraquezas
WTTC World Travel Tourism Council
WWF World Wide Fund for Nature International
ZOT Zonas de Ocupação Turística
ZEC Zona Especial de Conservação
ZPE Zona de Protecção Especial
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
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ÍNDICE
AGRADECIMENTOS 5
Glossário 6
Índice de Quadros, Gráficos e Figuras 11
Capítulo I Introdução 13
Capítulo II Breve Caracterização da Situação de Partida 17 II.1 O Golfe e a Economia Regional 17 II.2 O Negócio 21
II.3 As Condições Ambientais 24 II.4 As Expectativas dos Stakeholders quanto ao Futuro do Golfe no
Algarve 26 II.5 A Competitividade do Golfe no Algarve 29
II.5.1 Matriz SWOT 30
II.5.2 Vantagens Competitivas 32
Capítulo III Metodologia Geral 35 III.1 A Construção dos Cenários 36
III.2 A Análise Estratégica da Sustentabilidade 37
Capítulo IV As Variáveis dos Cenários 43
IV.1 Análise e Projecção da Procura 44 IV.1.1 Análise da Procura 44 IV.1.2 Projecção da Procura 2003-2020 53
IV.2 O Quadro Institucional e Legal 55 IV.2.1 Enquadramento 55
IV.2.2 Metodologia 56 IV.2.3 Mapa Síntese de Condicionantes ao Licenciamento 58
IV.3 Oferta de Novos Campos 59
Capítulo V Elaboração dos Cenários e Variantes 65 V.1 Cenário de Referência 65
V.2 Cenário Moderado 71 V.3 Cenário de Massificação 74
Universidade do Algarve
10
Capítulo VI Avaliação dos Cenários Ensaiados 81 VI.1 Impactes Sobre a Competitividade Empresarial 82
VI.1.1 O Plano de Exploração do Campo Tipo 83
VI.2 Impactos Económicos e Sociais 88 Vi.2.1 Gastos Atribuídos ao Golfe 88
VI.2.2 Investimentos Directos 93 VI.2.3 Conta Económica do Sector 96
Vi.2.4 Emprego Gerado Pelo Golfe 99 VI.2.5 Indicadores de Impacto Social 100 VI.2.6 Estimação das Necessidades de Alojamento 102
VI.3 Impactes Sobre o Ambiente 104 VI.4 Comparação dos Cenários 111
Capítulo VII O Golfe e os Recursos da Região 119 VII.1 Desenvolvimento do Golfe e Recursos Hídricos do Algarve 120
VII.1.1 Potencialidades e Limitações Associadas às Diferentes Origens da Água 121
VII.1.2 Impactes no Balanço Hídrico à Escala Individual dos Sistemas Aquíferos 124
VII.1.3 Síntese dos Resultados 130 VII.2 A Actividade do Golfe no Contexto do Desenvolvimento Regional 136
Capítulo VIII Conclusão e Perspectivas de Desenvolvimento Futuro 147 VIII.1 Conclusões Gerais 147 VIII.2 Conclusões Sobre as Áreas de Sustentabilidade 149
VIII.3 Considerações Finais 152
Referências Bibliográficas 159
Bibliografia 163
Anexo I Quadros de Apoio 171
Anexo II Indicadores 185
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
11
ÍNDICE DE QUADROS, GRÁFICOS E FIGURAS
Quadro II.1 Dados Gerais de Partida 19 Quadro II.2 Gastos de Golfe versus Gastos Atribuídos ao Turismo na NUT II Algarve 19 Quadro II.3 Matriz SWOT (Strenghs, Weaknesses, Opportunities and Threats) 31 Quadro II.4 Vantagens Competitivas e Estratégias Concorrenciais 33 Quadro IV.1 Evolução dos Preços do Golfe e das Dormidas na Hotelaria 45 Quadro V.1 Distribuição da Oferta e da Procura de Golfe, no Cenário de Referência por
Zonas 68 Quadro V.2 Oferta e Procura de Golfe no Cenário Moderado por Zonas 72 Quadro V.3 Oferta e Procura de Golfe no Cenário Massificado por Zonas 77 Quadro VI.1 Indicadores de Caracterização 85 Quadro VI.2 Indicadores Económicos e Financeiros 87 Quadro VI.3 Confronto de Indicadores por Cenário no Horizonte 2020 90 Quadro VI.4 Principais Rubricas de Investimento 94 Quadro VI.5 Investimento Directo e Induzido 95 Quadro VI.6 Investimento Directo e Induzido em 2020 a preços de 2003 96 Quadro VI.7 Indicadores de Emprego Directo 100 Quadro VI.8 Indicadores de Impacto social 101 Quadro VI.9 Necessidades de Alojamento 103 Quadro VI.10 Área Ocupada por Empreendimentos com Campos de Golfe, nas 3 Zonas do
Algarve, em cada Cenário 105 Quadro VI.11 Distribuição da Área Total de Campos de Golfe pelas três Classes do Mapa
Síntese de Condicionantes 106 Quadro VI.12 Simulação dos Consumos de Água (por Origem) e Custos Associados 107 Quadro VI.13 Simulação dos Indicadores de Gestão Ambiental e Agro-ambiental 108 Quadro VI.14 Posicionamento de cada cenário em relação à sustentabilidade 112 Quadro VII.1 Actualização do Balanço Hídrico II 128 Quadro VII.2 Actualização do Balanço Hídrico II 129 Quadro VII.3 Extracções e Recarga I 132 Quadro VII.4 Extracções e Recarga II 133 Quadro VII.5 Matriz de Cooperação Institucional para a Competitividade 143
-/- Gráfico II.1 Gasto Médio Diário por Turista em Portugal e no Algarve Motivo Golfe, 2001 20 Gráfico IV.1 Evolução da Procura (Voltas/Ano) 45 Gráfico IV.2 Preço Médio por Volta no Algarve e nos Destinos Concorrentes, 2002 46 Gráfico IV.3 Índice de Sazonalidade 50 Gráfico IV.4 Evolução Mensal da Procura em 2002 51 Gráfico IV.5 Quantidade de Voltas por Zonas 53 Gráfico IV.6 Distribuição do Número de Campos em Funcionamento por Zonas do
Algarve, para a Primeira Hipótese Extrema 61 Gráfico IV.7 Distribuição do Número de Campos em Funcionamento por zonas do
Algarve, para a Segunda Hipótese Extrema 62 Gráfico IV.8 Distribuição do Número de Campos em Funcionamento por Zonas do
Algarve, para a Hipótese Intermédia 63
Universidade do Algarve
12
Gráfico V.1 Evolução da Oferta e da Procura no Cenário de Referência 67 Gráfico V.2 Distribuição Mensal da Procura em 2020, no Algarve no Cenário de
Referência 69 Gráfico V.3 Evolução do Gasto Médio, no Cenário de Referência 70 Gráfico V.4 Evolução da Oferta e da Procura no Cenário Moderado 71 Gráfico V.5 Distribuição Mensal da Procura em 2020, no Algarve, no Cenário Moderado 73 Gráfico V.6 Evolução dos Gastos Médios, no Cenário Moderado 74 Gráfico V.7 Evolução da Oferta e da Procura no Cenário de Massificação 76 Gráfico V.8 Distribuição Mensal da Procura em 2020, no Algarve, no Cenário de
Massificação 78 Gráfico V.9 Evolução dos Gastos Médios, no Cenário de Massificação 79 Gráfico VI.1 Estrutura do Plano de Exploração 84 Gráfico VI.2 Limiar de Rendibilidade e Encerramento para os Diferentes Cenários, 2020 86 Gráfico VI.3 Défice de Jogadores por Cenário 91 Gráfico VI.4 Gastos Totais do Golfe (directos e indirectos) por Cenário 92 Gráfico VI.5 Despesa Total por Jogador/Dia por Cenário 93 Gráfico VI.6 Evolução do VAB Gerado pela Actividade de Golfe nos três Cenários 97 Gráfico VI.7 Conta Económica do Sector 98
-/- Figura III.1 Diagrama de Construção e Avaliação de Cenários 37 Figura III.2 Diagrama de Impactos 40 Figura III.3 O "Triângulo" da Sustentabilidade 41 Figura IV.1 Localização do Alojamento dos Golfistas relativamente aos Campos de Golfe 49 Figura IV.2 Distribuição dos Campos por Zonas, 1996 e 2002 52 Figura IV.3 Classes Genéricas do Mapa de Condicionantes ao Licenciamento de Campos
de Golfe no Algarve 56 Figura IV.4 Localização dos Campos de Golfe Existentes e das Pretensões no Mapa
Síntese de Condicionantes ao Licenciamento de Campos de Golfe no Algarve 59 Figura VI.1 Pirâmide de Sustentabilidade 112 Figura VI.2 Posicionamento dos Cenários na Pirâmide de Sustentabilidade - Variante 1 113 Figura VI.3 Posicionamento dos Cenários na Pirâmide de Sustentabilidade - Variante 2 114 Figura VI.4 Área de Expansão Sustentável do Golfe, na Óptica da Empresa, da Economia
Regional e do Ambiente 115 Figura VI.5 Área de Expansão Sustentável do Golfe – Variantes 1 e 2 117 Figura VII.1 Localização de Furos e Poços Cartografados no Algarve. 126 Figura VII.2 Identificação dos 17 Sistemas Aquíferos com Expressão Regional. 126 Figura VII.3 Localização dos Campos de Golfe Existentes e Previstos Relativamente aos
Sistemas Aquíferos 127 Figura VII.4 Classificação dos Sistemas Aquíferos em Termos de Risco I (*) 134 Figura VII.5 Classificação dos Sistemas Aquíferos em Termos de Risco II (*) 135 Figura VII.6 Sub-Sistemas Territoriais do Algarve 140
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
13
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
O Relatório Preliminar do Estudo sobre o Golfe no Algarve - Diagnóstico e Áreas Pro-
blema - apresentado em sessão pública na Universidade do Algarve em Abril de 2003,
teve como objectivo elaborar um diagnóstico sobre a actividade do golfe na Região inci-
dindo sobre três aspectos essenciais:
§ Por um lado, avaliar, sob diferentes ópticas, os benefícios que a actividade pro-
duz para as empresas e para a Região;
§ Por outro lado, avaliar o desempenho ambiental da actividade bem como as in-
cidências sobre o uso dos recursos;
§ Finalmente, detectar áreas críticas existentes, em particular, as condições de
exploração dos campos que podem trazer conflitos ao uso inadequado dos re-
cursos naturais e à protecção do ambiente.
Uma tarefa importante, cometida à Equipa, consistia na proposta de um conjunto de indi-
cadores cobrindo os principais aspectos da actividade nas suas diferentes perspectivas.
Esse trabalho foi executado e já utilizado na elaboração do Relatório Preliminar e, sobre-
tudo, no presente Relatório.
As principais conclusões do Estudo Preliminar apontavam para o seguinte:
§ Em primeiro lugar, é reconhecido um impacto muito importante da actividade do
golfe sobre a Economia Regional, afirmando-se como um sub-sector do turismo
com nível de qualidade elevado e com condições de competitividade muito
favoráveis;
§ Em segundo lugar, foram identificadas as áreas problema em todos os domíni-
os: desde a gestão da procura ao ordenamento do território, passando pela le-
gislação que enquadra a actividade até aos problemas de gestão dos recursos
naturais, reconhecendo-se que todos os intervenientes podem melhorar signifi-
cativamente o seu desempenho nas diferentes áreas com benefício para a acti-
vidade;
Universidade do Algarve
14
§ Finalmente, dado que é reconhecido um elevado potencial de desenvolvimento
para a actividade do golfe no Algarve, seria de todo oportuno elaborar um qua-
dro estratégico que permitisse aos stakeholders reflectir sobre os cenários de
expansão possíveis do golfe e comparar os benefícios e os custos sociais, cor-
respondentes a cada um desses cenários.
Este último ponto passou a constituir o objectivo principal deste Relatório.
Para a realização de uma tarefa tão exigente, a Equipa de Projecto teve de recorrer a con-
ceitos e a metodologias que são novas e ainda pouco utilizadas em situações similares,
tanto em Portugal como no Estrangeiro. A opção foi de situar o Estudo no contexto do
desenvolvimento sustentável da actividade e utilizar uma abordagem multidisciplinar.
Esta opção encontra a sua plena justificação nos Termos de Referência do Estudo, mas
corresponde, igualmente, a um esforço conducente a uma praxis do planeamento estraté-
gico para actividades que, pela sua natureza, se baseiam no uso extensivo do território e
no consumo de bens ambientais. O golfe é um exemplo paradigmático de uma actividade
cujo capital mais valioso é o capital natural, por consequência a conservação e a gestão
desse activo devem constituir a base da sua exploração e crescimento. Neste sentido, a
análise prospectiva que é feita neste Estudo inspira-se no conceito de sustentabilidade
que, no momento actual, é reivindicada pelas mais importantes associações internacionais
da modalidade.
Em 8 de Novembro de 1999 os dirigentes das mais importantes Associações de Golfe dos
Estados Unidos (USGA) e da Europa (EGA) em conjunto com Representantes do Comité
Olímpico Internacional ( COI) da Comissão Europeia (DG do Ambiente), do Programa das
Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) e da WWF (World Wide Fund for Nature Interna-
cional) assinaram um importante documento, conhecido por Declaração de Valderrama
(EGA, 1999).
Nessa Declaração são definidos os princípios e o compromisso da comunidade do Golfe
para com a sustentabilidade. Os princípios consistem em desenvolver a actividade do golfe
com base na responsabilidade social, na protecção ambiental e na eficiência económica,
subscrevendo o conteúdo e as práticas que são recomendadas pelos programas “Audubon
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
15
Cooperative Sanctuary Program (EUA)” e por “Commited to Green” (Europa). Como com-
promissos operacionais, a declaração recomenda a adopção de procedimentos, baseados
no conhecimento científico e na educação, favoráveis à conservação dos habitats naturais,
à racionalização dos consumos de água e ao uso adequado de pesticidas e de fertilizantes.
Além disso, exorta a comunidade do golfe a desenvolver o diálogo com as organizações de
defesa do ambiente com a finalidade de encontrar formas de cooperação e de partenaria-
do favoráveis aos objectivos da sustentabilidade.
O problema da sustentabilidade coloca o desafio da abordagem multidisciplinar, isto é, os
problemas da actividade do golfe não são analisados numa só perspectiva científica, por
exemplo, a óptica de negócio, mas também e, no mesmo plano, do ponto de vista da ci-
ência regional, da engenharia dos recursos naturais e do ambiente e, evidentemente, da
economia.
Os resultados desta abordagem são ponderados por diferentes ópticas disciplinares que
têm conteúdos normativos diferentes, permitindo, assim, chegar a conclusões mais com-
patíveis e mais próximas da convergência de interesses. Por isso, o conteúdo do relatório
foi orientado, no essencial, para alimentar um debate sobre o futuro do golfe no Algarve,
que seja iniciado e seguidamente encerrado, se possível com posições consensuais do
conjunto dos stakeholders.
No plano concreto, a utilidade do relatório exprimir-se-á nas seguintes funções:
§ Fornecer aos agentes económicos, aos decisores públicos, às instituições e às
organizações de defesa do ambiente e do património, um quadro da situação da
actividade do golfe na Região onde podem ver-se confrontados com as suas e
outras ideias e opiniões sobre a matéria;
§ Contribuir para a medição dos efeitos da actividade em várias áreas, empresari-
al, económica e social e ambiental, através de indicadores quantificados, por
forma a avaliar desempenhos, monitorar processos e estabelecer metas;
Universidade do Algarve
16
§ Desmistificar ideias pré-concebidas sobre a actividade, tanto no que concerne os
seus aspectos invariavelmente positivos, como também os seus aspectos invari-
avelmente negativos;
§ Fornecer um conjunto de cenários alternativos para a discussão e definição de
uma estratégia de desenvolvimento para o golfe no Algarve onde os critérios de
sustentabilidade possam ser aplicados às empresas, ao ambiente e à economia
da Região.
O relatório contém, além da Introdução e das Conclusões, os seguintes capítulos:
O Capítulo II - Breve Caracterização da Situação de Partida - apresenta uma análise resu-
mida do diagnóstico elaborado no Relatório Preliminar;
O Capítulo III - Metodologia Geral - descreve a abordagem metodológica para a constru-
ção dos cenários;
O Capítulo IV - As Variáveis dos Cenários - apresenta as projecções da procura e as pers-
pectivas de expansão da oferta de campos de golfe na Região;
O Capítulo V - Elaboração dos Cenários e Variantes - é dedicado à apresentação dos cená-
rios propostos para o futuro do golfe no Algarve;
O Capítulo VI - Avaliação dos Cenários Ensaiados - discute as vantagens e desvantagens
de cada cenário, numa perspectiva de análise estratégica da sustentabilidade;
O Capítulo VII - O Golfe e os Recursos da Região - aborda dois temas de importância fun-
damental para a análise estratégica da sustentabilidade do golfe: os recursos hídricos no
contexto dos cenários propostos e as relações do golfe com o desenvolvimento regional.
As Conclusões do Relatório são seguidas de Considerações Finais sobre algumas das áreas
de impacte, podendo ser entendidas como recomendações para promover, desde já, ele-
mentos de sustentabilidade na exploração da actividade.
Os vários pontos do relatório são apoiados por ANEXOS, onde são desenvolvidos os temas
de forma mais detalhada e justificadas algumas das opções retidas no texto do Relatório.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
17
CAPÍTULO II BREVE CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE PARTIDA
O diagnóstico da actividade do golfe no Algarve foi feito de forma aprofundada no Relató-
rio Preliminar do Estudo. Neste capítulo, são abordados, de forma muito breve, os princi-
pais traços que caracterizam a situação actual nas diferentes ópticas que foram objecto de
análise: os impactos económicos e sociais na economia regional, a competitividade do ne-
gócio e, por fim, as incidências ambientais da actividade. Em relação ao Relatório Prelimi-
nar esta síntese procura actualizar alguma informação, que na altura da sua redacção es-
tava a ser coligida, em especial, os inquéritos, e também os dados definitivos, relativos ao
ano 2002. Destaca-se a análise de benchmarking que, embora limitada, permite posicionar
os campos algarvios em termos competitivos.
Foi inserido um ponto específico contendo os resultados de uma consulta feita aos vários
stakeholders em que se auscultaram opiniões não só sobre a situação actual do golfe no
Algarve, mas também sobre a sua eventual expansão. A partir do diagnóstico realizado
pela Equipa e da consulta aos stakeholders foi elaborado o quadro competitivo da indús-
tria do golfe no Algarve, sintetizado na conhecida matriz SWOT, apresentada e comentada
no último ponto.
II.1 O GOLFE E A ECONOMIA REGIONAL
O turismo representa hoje o quarto maior sector à escala mundial quando quantificado
através do indicador exportações (receitas por chegadas internacionais), sendo apenas
ultrapassado pelas indústrias automóvel, química e agroalimentar. De acordo com a Orga-
nização Mundial de Turismo (WTO, 2002), as chegadas internacionais de turistas geraram
em 2002 receitas totais no valor de 501,5 milhões de dólares norte-americanos.
Neste universo, Portugal assegura 1,8% da quota de mercado em volume de chegadas
mas apenas 1,1% em volume de receitas, não surgindo entre a tabela dos 15 maiores
destinos mundiais. No entanto, focando a análise no produto golfe turístico no âmbito do
mercado europeu, verifica-se que entre os países com maior procura potencial aferida
pelo número de jogadores residentes (Inglaterra, Suécia e Alemanha), o destino Portugal
Universidade do Algarve
18
surge sempre entre os primeiros 8 locais de preferência, demonstrando a importância des-
te produto para o turismo em Portugal, quer em termos absolutos quer em termos de di-
ferenciação do destino. No caso específico do Algarve, esta atractividade é ainda mais evi-
dente, dado que os 27,5 campos de golfe equivalentes que a região possuía em Dezembro
de 2002 representam cerca de 42% do total da oferta de campos em Portugal, acrescendo
que, com regularidade, posiciona 6 campos entre os 50 melhores do mundo. De fenómeno
relativamente recente na economia regional (o campo de golfe da Penina foi inaugurado
em 1966), tem hoje uma importância reconhecida pela generalidade dos planos estratégi-
cos de desenvolvimento da região, quer de âmbito global (CCRA 2000, AMAL 1999) quer
sectoriais como o Plano Regional de Turismo do Algarve (PRTA 2001).
Em termos estratégicos, o golfe é consensualmente apresentado como um produto de
atenuação do efeito de sazonalidade do turismo no Algarve, ao qual as unidades ho-
teleiras têm prestado uma atenção particular na rentabilização das suas infra-estruturas
fora da época balnear. Os 27,5 campos de golfe existentes (Dezembro de 2002) e as mais
de 900.000 voltas vendidas nesse mesmo ano, reflectem um significativo valor económico
quantificado no presente estudo e traduzem um ritmo de contraciclo face à sazonalidade
do produto sol e praia. Por exemplo, no ano de 2002, enquanto nos estabelecimentos ho-
teleiros classificados 42% das cerca de 13,2 milhões de dormidas no Algarve são vendidas
durante os meses de Junho, Julho e Agosto (INE 2003), regista-se, em clara oposição
temporal, que 43% das voltas vendidas nos campos de golfe do Algarve são realizadas
nos meses de Fevereiro, Março, Outubro e Novembro (AHETA 2002).
Os dados e conclusões sobre a caracterização do turista de golfe no Algarve, permi-
tem disponibilizar informação de base para as posteriores agregações económicas, nome-
adamente em termos do total de gastos directos e indirectos gerados por este produto
turístico na região.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
19
Quadro II.1 Dados Gerais de Partida
1999 2000 2001 2002 Fonte
Nº total de campos (equiv. 18 buracos em 01/01)
19,5 21 21 24 (a)
Nº potencial de voltas 780.000 840.000 840.000 960.000 (b)
Nº desejado de voltas 585.000 630.000 630.000 720.000 (c)
Nº de voltas efectuadas 834.810 898.904 904.769 913.090 (a)
Nº médio de voltas por jogador 4,5 4,5 4,5 4,5 (d)
Nº total de jogadores 185.513 199.756 201.060 202.909 (b)/(d)
Nº de dias de estada média do golfista 9,5 (d)
Fontes: (a) Algarve Golfe, campos equivalentes a 18 buracos em funcionamento desde o início do ano; (b) Potencial máximo teórico de voltas = nº de campos x 40.000 voltas/ano; (c) Número desejado de voltas = nº de campos x 30.000 voltas/ano; (d) Universidade do Algarve, 2003 qp. 13. Em itálico: dados estimados.
A monitorização e agregação do conjunto dos gastos dos cerca de 200.000 turis-
tas de golfe no Algarve, quer os realizados dentro do campo de golfe (directos), quer
os gastos fora do campo do golfe (indirectos) mas essenciais para a composição da estada
como é o caso da alimentação e transportes internos, entre outros, conduzem a valores
que de uma forma objectiva demonstram a importância que o golfe turístico tem para a
economia regional e para o sector do turismo em particular.
Quadro II.2 Gastos de Golfe versus Gastos Atribuídos ao Turismo na NUT II Algarve
2001 2002 euros % euros %
Gastos Totais Atribuídos ao Turismo (a) 3.739.000.000 100,0% 3.949.718.081 100,0%
Gastos Golfe Directos 79.344.450 2,1% 86.706.144 2,2%
Gastos Golfe Indirectos 234.529.109 6,3% 250.576.237 6,3%
Total Gastos Golfe (directos + indirectos) 313.873.559 8,4% 337.282.381 8,5%
Fontes: (a) DGT, Boletim de Conjuntura nº54, Dezembro 2002 para os Gastos Totais dos Turistas em 2001 de acordo com a metodologia da DGT, os Gastos Totais de 2002 são estimados pela Universidade do Algar-ve, 2003.
A indústria do golfe, em conjunto com a fileira do consumo turístico associada à presença
destes turistas na região, representa cerca de 8,5% dos gastos totais atribuídos ao turis-
mo no Algarve, isto é 337 milhões de euros em 2002. Não presente no quadro, mas mere-
cedor de destaque pelos efeitos multiplicadores que induz na economia regional, é o facto
Universidade do Algarve
20
de apenas cerca de 25% desta despesa ser realizada dentro dos campos de golfe, logo as
restantes 75% são efectuadas fora e direccionadas para actividades como o alojamento,
restauração, transportes internos, entre outros.
Em termos unitários, é também importante realçar a componente do gasto médio diário
do turista de golfe versus o turista genérico que visita o Algarve. Tomando como referên-
cia o ano de 2001 (uma vez que ainda não existem dados publicados pela Direcção-Geral
do Turismo por NUT II para 2002 sobre este indicador) verifica-se que na NUT II Algarve
o gasto médio por turista/dia se situa nos 91,78 euros, abaixo da média nacional que é de
98,76 euros no mesmo ano. Tendo presente os valores obtidos pela Universidade do Al-
garve para o turista de golfe, verifica-se que em 2001 o gasto médio diário total (directo e
indirecto) atinge os 164,13 euros (175,36 euros para as estimativas de 2002), logo cerca
de 1,7 vezes superior ao gasto médio do turista genérico no Algarve e sempre superior à
média nacional. A importância destes números para a economia do turismo regional é por
demais evidente.
Gráfico II.1 Gasto Médio Diário por Turista em Portugal e no Algarve Motivo Golfe, 2001
98,76 91,78
164,13
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Portugal Algarve Algarve (golfe)
euro
s
Fonte: DGT, Universidade do Algarve 2003
Resumindo, tem-se que a indústria do golfe contribui com 8,5% dos gastos totais do tu-
rismo na região, sendo que estes gastos ocorrem maioritariamente fora da época alta de
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
21
veraneio e através de um segmento de turistas cujo gasto diário é pelo menos 1,7 vezes
superior à média regional. Trata-se de um produto cujos efeitos de comercialização não
são fechados sobre si próprio, pois apenas cerca de 1/4 das despesas são directamente
afectas ao campo de golfe, resultando os restantes 3/4 em despesas indirectas sobre os
restantes domínios da actividade turística. O peso económico do produto golfe é claramen-
te demonstrado por estes números, cuja importância para o Algarve importa preservar e
potenciar de forma sustentável.
II.2 O NEGÓCIO
A análise do negócio do golfe no Algarve constituiu uma parte significativa do diagnóstico
realizado no Relatório Preliminar. Esta dimensão do estudo pretende definir uma matriz de
avaliação do golfe enquanto actividade produtiva geradora de riqueza. No primeiro relató-
rio apresentava-se um conjunto de evidências sobre a situação de referência da actividade
na região, identificando-se, ainda, as áreas problema da actividade sinalizadas pelos em-
presários e pelos próprios golfistas. Neste documento completa-se o diagnóstico com da-
dos suplementares recolhidos em fases subsequentes de inquéritos e entrevistas, tratados
nos Anexos IV - Procura e V - Oferta.
A análise do negócio do golfe pretende identificar e avaliar a actividade numa dupla pers-
pectiva: na óptica do consumidor, enquanto praticante e na do empresário, enquanto in-
vestidor e gestor. A análise do golfista é conduzida de forma suficientemente lata para se
tentar definir no universo dos 200 mil jogadores perfis-tipo de consumidor.
Dum modo geral, o turista do golfe tem um perfil característico. Trata-se de um turismo
de nível socio-económico superior à média. A proporção do montante do rendimento fami-
liar gasto em actividades desportivas ronda 7,13% /ano, contra 6,45% para o turista em
geral. Outra das características relevantes desta actividade é o facto dos turistas de golfe
se hospedarem maioritariamente em hotéis, aparthotéis e aldeamentos turísticos de 4 e 5
estrelas. Em função das motivações/atributos percebidos pelo visitante identificaram-se
três segmentos de mercado: o turista de golfe (cluster 1), cujas preocupações se centram,
em termos comparativos, nas condições do campo e do jogo; o turista familiar (cluster 2)
que valoriza o alojamento, a gastronomia, a paisagem, o clima, o preço e as acessibilida-
Universidade do Algarve
22
des; e, finalmente, o turista sol e praia (cluster 3) que, naturalmente, se preocupa com a
animação turística (eventos, animação e praias). Em termos de proveniência, o maior flu-
xo é europeu, sendo que os residentes no Reino Unido e na Irlanda originam mais de 74%
da procura, seguidos da Alemanha que, apesar do forte decréscimo de turistas desta naci-
onalidade registado na região, ainda é responsável por 7,3% dos jogadores.
O golfe no Algarve sendo uma actividade predominantemente masculina (77% dos joga-
dores) constitui uma prática corrente para os golfistas que utilizam os campos de golfe
algarvios – praticam-no em média há cerca de 16 anos e jogam pelo menos, cinco vezes
por mês.
Em média o jogador de golfe permanece no Algarve 9,5 dias, joga 4,5 voltas e faz-se
acompanhar no jogo por 3 pessoas.
O golfista manifesta-se satisfeito com os serviços prestados, na medida em que 79% pre-
tendem voltar e na sua esmagadora maioria recomendam os campos de golfe algarvios
aos seus amigos e família (85%).
Enquanto negócio, o golfe surge como uma actividade rentável, quer como âncora do
desenvolvimento turístico, quer como actividade desportiva de per si. De facto, o golfe
iniciou o seu desenvolvimento na região ancorado nos resorts turísticos, mas rapidamente
provou ser uma actividade, cujo potencial económico justificava a sua exploração dissoci-
ada do turismo.
A empresa que se propõe iniciar um negócio deste género necessita de uma situação fi-
nanceira consolidada quer pelo avultado investimento, quer pelo prazo elevado de recupe-
ração do investimento. Esta situação pode constituir uma barreira à entrada no mercado e
tendencialmente conduzir à concentração, que poderá derivar numa situação de monopó-
lio em algumas zonas do Algarve.
No Algarve, o golfe organiza-se quer à volta de clusters de campos, quer de campos isola-
dos. A geografia do desenvolvimento da actividade tem sido a de crescer por zona. Consi-
deraram-se três zonas: ocidental, central e oriental, cada uma delas, assumindo, desde o
início, um modelo de desenvolvimento diferente. Enquanto na zona Ocidental o golfe sur-
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
23
ge como actividade complementar à hotelaria, na zona central o golfe assume-se já como
uma actividade consolidada onde a procura é muito superior à capacidade instalada, cri-
ando uma pressão da procura que conduz necessariamente a um aumento dos preços.
A zona Oriental é um destino que se pode caracterizar como emergente onde a procura
fica muito aquém da oferta instalada.
Um mercado onde as condições determinantes da escolha assentam nas condições da re-
gião e dos campos justifica que as estratégias competitivas adoptadas pelos empresários
se centrem no binómio qualidade/economias de escala. A proximidade do golfista com o
turista tradicional reforça a necessidade de desenvolver sinergias entre as duas activida-
des que se propõem complementares, o turismo e o golfe.
O diagnóstico realizado identifica os principais eixos estratégicos para a dinamização da
actividade na região mantendo a sua competitividade e qualidade. Avalia-se o modelo de
desenvolvimento do golfe na perspectiva da procura, do empresário, da concorrência e
das entidades reguladoras do turismo no Algarve. Conclui-se que muito há a fazer ao nível
das infra-estruturas de apoio regionais, em particular, nos transportes, na promoção e no
processo de licenciamento dos campos.
Adoptando um modelo de avaliação, sustentado nos impactos da actividade na procura,
na oferta, no mercado, na região e na concorrência estruturou-se uma matriz de indicado-
res que simultaneamente caracterizam o equilíbrio do mercado e permitem medir a viabili-
dade e a sensibilidade do negócio a variações da oferta e da procura. De acordo com a
informação recolhida calcularam-se indicadores, organizados por área de impacto.
Do diagnóstico surgem um conjunto de áreas críticas relacionadas com a procura e com a
oferta, nomeadamente, a saturação dos campos, a dependência do mercado britânico
alemão, o binómio preço/qualidade e a localização/acessibilidades.
Os problemas identificados constituem uma base de reflexão para o desenvolvimento de
um modelo em que a consideração de medidas mitigadoras destes efeitos concorra para o
desenvolvimento sustentável do golfe no Algarve.
Universidade do Algarve
24
II.3 AS CONDIÇÕES AMBIENTAIS
A análise das incidências ambientais do golfe constituiu uma das áreas mais relevantes de
avaliação do “Estudo Sobre o Golfe no Algarve”. Durante a primeira fase do Estudo reali-
zou-se um diagnóstico ambiental da situação de referência do golfe no Algarve, identifi-
cando-se as principais áreas problema. Nesta análise procurou-se identificar e avaliar, de
forma integrada, as interacções entre o ambiente e o golfe, enquanto que a avaliação sec-
torial de aspectos ambientais específicos, tais como a hidrogeologia ou a gestão das práti-
cas agro-ambientais, foram alvo de análise complementar por outras equipas envolvidas
no Estudo.
O reconhecimento inequívoco da existência de impactes potenciais da actividade no ambi-
ente tem motivado, nos últimos anos, uma resposta das entidades reguladoras e dos em-
presários do golfe. O diagnóstico realizado permitiu identificar as principais categorias de
impacte ambiental associadas às fases de construção, exploração e desactivação dos
campos de golfe, cujos projectos estão em regra sujeitos a um processo de Avaliação de
Impacte Ambiental no contexto actual da legislação nacional. Verificou-se que a tipologia
de impactes ambientais considerada, em regra geral, nos Estudos de Impacte Ambiental
de um campo de golfe inclui os seguintes descritores: clima, geologia, solos, topografia,
hidrogeologia, recursos hídricos superficiais, resíduos, qualidade do ar, ruído, ecologia,
paisagem, património construído e arqueológico, ordenamento do território e uso do solo
e sócio-economia.
Com base no reconhecimento da tipologia de impactes ambientais de um campo de golfe,
procedeu-se à identificação das actividades que durante o seu funcionamento podem in-
teragir com o ambiente. Esta tarefa está intimamente ligada com o reconhecimento dos
denominados “aspectos ambientais” da gestão do golfe. Uma vez que nem todos os as-
pectos possuem a mesma significância, desenvolveu-se uma matriz de indicadores ambi-
entais, por forma a avaliar a situação dos campos actualmente em funcionamento no Al-
garve. De acordo com a informação fornecida pelos inquéritos realizados junto dos gesto-
res dos campos, e utilizando o modelo Pressão-Estado-Resposta, o sistema de indicadores
ambientais que foi desenvolvido considera diferentes factores de normalização (área de
empreendimento, área de campo e números de voltas) e funções de tratamento dos valo-
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
25
res (mínimo, média, máximo, mediana). Alguns dos principais indicadores desenvolvidos
incluem:
§ Indicadores de Pressão (Consumo de fitofármacos; Consumo de fertilizantes;
Consumo de combustíveis; Consumo de electricidade; Consumo total de água
superficial para rega dos campos de golfe; Consumo total de água subterrânea
para rega dos campos de golfe; Consumo total de água de abastecimento públi-
co para rega dos campos de golfe; Consumo total de água residual tratada para
rega dos campos de golfe; Produção total de resíduos; Produção de resíduos
verdes; Área dos concelhos do Algarve a ocupar por empreendimentos com
campos de golfe);
§ Indicadores de Estado (Campos de golfe com buggies eléctricos; Campos de
golfe com buggies a combustível; Campos de golfe com captação própria; Cam-
pos que utilizam água residual para rega; Área dos concelhos do Algarve ocupa-
da por empreendimentos com campo de golfe; Situação dos campos face aos
instrumentos de gestão territorial);
§ Indicadores de Resposta (Campos de golfe com sistema de gestão ambiental
certificado; Campos de golfe com política ambiental; Campos de golfe com pro-
gramas ambientais; Campos de golfe que implementaram medidas de gestão
ambiental).
Os resultados obtidos indicam que os aspectos ambientais significativos directos que deve-
rão ser alvo de uma gestão efectiva por parte dos campos de golfe do Algarve incluem: o
consumo de água para rega, o consumo de energia, o consumo de fertilizantes e fitofár-
macos e a produção de resíduos. Deverão considerar-se ainda os aspectos indirectos, que
incluem, de uma forma genérica, a contaminação do solo, a contaminação das águas su-
perficiais e subterrâneas, a alteração da paisagem, fauna e flora e o tratamento de resí-
duos.
Nesta análise, procedeu-se também a um diagnóstico da localização dos campos existen-
tes e das pretensões conhecidas de novos campos, face a um conjunto de condicionantes
de ordenamento do território e uso do solo. Nesta análise, o levantamento da cartografia
Universidade do Algarve
26
disponível permitiu construir 5 mapas temáticos através da sobreposição dos campos com
as áreas de aptidão turística, sistemas aquíferos, áreas críticas à extracção de águas sub-
terrâneas, reserva ecológica nacional e áreas de conservação da natureza. Através da re-
visão dos critérios de localização que suportam o processo de licenciamento de campos de
golfe no Algarve (cf. Anexo III – Ambiente), foi também produzido um mapa síntese das
condicionantes à sua localização. O tratamento desta informação utilizando um Sistema de
Informação Geográfica, permitiu desenvolver um conjunto de indicadores ambientais, de
natureza estruturante, que mede a sobreposição dos campos existentes e previstos com
as referidas condicionantes.
Os resultados obtidos, avaliados para o conjunto dos campos existentes no Algarve, foram
complementados com a opinião recolhida junto de empresários do sector e outros
stakeholders.
As áreas-problema identificadas dividem-se em áreas críticas relacionadas com a gestão
interna dos aspectos ambientais (e.g. consumo de água para rega, consumo de fertilizan-
tes, produção de resíduos e monitorização dos solos, ar, água e ruído) e problemas estru-
turantes relacionados com o posicionamento externo do golfe em relação aos instrumen-
tos de gestão do território (e.g. licenciamento da actividade, localização dos campos em
zonas de protecção e conservação dos recursos e integração dos aspectos ambientais
desde a fase de concepção dos campos).
No sentido de contribuir para a mitigação dos problemas identificados, nomeadamente ao
nível do desempenho ambiental, recomendou-se a implementação de algumas medidas de
gestão ambiental, cuja eficácia poderá ser continuamente melhorada, através da adesão
dos campos de golfe a sistemas e programas de gestão ambiental.
II.4 AS EXPECTATIVAS DOS STAKEHOLDERS QUANTO AO FUTURO
DO GOLFE NO ALGARVE
No sentido de introduzir neste Estudo um dos pilares da governação sustentável - a con-
sulta e participação dos interessados nos processos de planeamento e gestão – realizou-se
um conjunto de entrevistas junto dos empresários do sector e outros agentes relaciona-
dos, de alguma forma, com a actividade do golfe.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
27
Foram contactadas cerca de 50 entidades, incluindo empresas nacionais e internacionais
do sector, administração regional, autarquias, agências de desenvolvimento local, associa-
ções de defesa do ambiente e associações nacionais ligadas ao golfe. Apresentam-se em
seguida, uma síntese das ideias-chave recolhidas, na perspectiva da economia regional, do
negócio e do ambiente.
O número de campos de golfe passíveis de instalação na região, na óptica dos stakehol-
ders, seria de 20 sem restrições ambientais e de 40 com restrições ambientais. Como jus-
tificações principais, são apontadas razões de ordem comercial, reforço do posicionamento
internacional da região e de ordem promocional da modalidade. Os novos empreendimen-
tos necessitariam de manter elevados níveis de qualidade bem como de hotéis de 4 e 5
estrelas associados, em média seriam necessários mais 20 hotéis.
Quanto à perspectiva de instalação de campos municipais, existe uma clara divisão de
opiniões entre os entrevistados. Os defensores desta opção defendem que este seria um
veículo para promover a prática da modalidade junto das populações. Para tal, sugerem a
criação de campos essencialmente de treino, distribuídos pelas zonas ocidental, central e
oriental do Algarve, que não impliquem custos elevados para as autarquias nem criem
situações de desvantagem competitiva face às restantes empresas do sector.
Os entrevistados com opinião contrária à implementação de campos municipais referiram
que não cabe às autarquias a criação e gestão deste tipo de infra-estruturas, que existem
outras carências prioritárias de equipamentos desportivos na região, que poder-se-ia ob-
servar um decréscimo da qualidade da oferta e que o mercado do golfe é suficientemente
competitivo para que seja necessária uma intervenção do Estado e das autarquias na dis-
seminação e desenvolvimento da actividade.
A análise das respostas obtidas junto da concorrência espanhola permitem concluir que é
expectável uma tendência expansionista na região da Andaluzia. No entanto, é interessan-
te realçar que o mercado de golfe Algarvio é entendido como sendo de elevada qualidade,
situação que já não se verifica na globalidade desta região vizinha. Esta situação foi consi-
derada como uma vantagem competitiva para o Algarve. Foi ainda referido que é espera-
do um contínuo aumento da procura, motivado pelo aumento de jogadores dos mercados
emissores, em especial do Norte da Europa. No que respeita ao processo de licenciamento
Universidade do Algarve
28
em Espanha, este é considerado excessivamente burocrático, segue a reboque do desen-
volvimento urbanístico, registando-se uma forte necessidade de um planeamento integra-
do para a região.
Na opinião de metade dos empresários entrevistados no Algarve, o consumo elevado de
água e as más práticas de gestão associadas ao uso excessivo de fertilizantes e fitofárma-
cos, são apontados como os principais impactes ambientais negativos de um campo de
golfe. Em termos de impactes positivos, todos os empresários referiram a criação de no-
vos ecossistemas e a conservação de espécies.
Dos restantes stakeholders entrevistados, cerca de 10% refere que as actividades associ-
adas aos campos de golfe só representam impactes positivos no ambiente (e.g. requalifi-
cação de zonas degradadas, menores necessidades de água, pesticidas e fertilizantes
comparativamente à agricultura), enquanto que 90% considera que a sua implementação
e exploração, gera impactes negativos (e.g. o elevado consumo de água, a localização
geográfica dos campos e os aspectos estruturantes associados à sua implementação, a
alteração e artificialização da paisagem e a transformação do uso do solo).
Quanto a um possível efeito cumulativo destes impactes ambientais negativos com a im-
plementação de novos campos de golfe, 20% dos stakeholders considerou que existirá um
agravamento da qualidade ambiental, nomeadamente no que se refere à exploração dos
recursos naturais (e.g. pressão sobre os recursos hídricos), sendo que 15 % considerou
que esse agravamento será dependente do número de campos a implementar. Os restan-
tes inquiridos consideraram que a qualidade ambiental não diminuirá se for considerado
um conjunto de pressupostos, nomeadamente, o uso conjunto de diferentes fontes de
água, nomeadamente residual e superficial, a distribuição uniforme dos campos por todos
os concelhos da região e a realização de estudos de carácter ambiental que possibilitem o
conhecimento dos impactes, a implementação de medidas de monitorização e a existência
de entidades fiscalizadoras do cumprimento dessas medidas.
Relativamente aos processos de implantação e licenciamento dos campos, os empresários
referiram como principais dificuldades sentidas, a burocracia associada ao elevado número
de entidades envolvidas, a falta de informação destas entidades sobre o modo de estrutu-
rar todo o processo, emitindo muitas vezes informações contraditórias e os períodos de
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
29
tempo muito alargados para emissão de pareceres. Neste sentido, reforçaram a necessi-
dade de criar uma entidade coordenadora, que facilite o controlo e acompanhamento dos
processos, desde a fase de projecto à fase de implementação e exploração de um campo
de golfe.
Em contrapartida, a maioria dos restantes stakeholders entrevistados considerou que os
recursos ambientais são actualmente salvaguardados pela existência de várias entidades
responsáveis pela emissão de pareceres e pela existência de legislação rigorosa. Alguns
referiram no entanto que as pressões económicas bem como a ausência de monitorização
e de alternativas de localização nos projectos sujeitos a Estudo de Impacte Ambiental con-
tribuem para a não salvaguarda dos recursos.
Refira-se ainda que dois dos empresários inquiridos sugeriram a definição de zonas espe-
cíficas para implementação de campos de golfe nos diferentes instrumentos de ordena-
mento do território, de modo a possibilitar um conhecimento prévio das zonas possíveis de
implementação, por parte dos investidores e facilitar a emissão dos pareceres, por parte
das entidades envolvidas. A este respeito, a opinião dos restantes stakeholders permite
acrescentar que os critérios ambientais condicionantes à implementação de um campo de
golfe deveriam incluir, essencialmente, a localização dos campos, o consumo de água e a
conservação da natureza. A implementação preferencial dos campos de golfe deveria ser
próxima de áreas urbanas (de modo a expandir o “verde urbano” e a valorizar áreas sub-
urbanas) e deveria permitir a descentralização dos campos para o sotavento e barlavento
algarvio. Acrescentou-se ainda que a revisão do Plano Regional de Ordenamento do Terri-
tório do Algarve (PROTAL) e dos Planos Directores Municipais (PDM) deveriam estabelecer
critérios de localização das Áreas de Aptidão Turística (AAT) de modo a salvaguardar os
interesses económicos, sociais e ambientais e a minimizar as assimetrias entre o litoral e o
interior.
II.5 A COMPETITIVIDADE DO GOLFE NO ALGARVE
A competitividade do produto golfe resulta das suas vantagens e desvantagens competiti-
vas no ambiente externo e interno. No sentido de identificar claramente, o posicionamento
competitivo do Algarve, enquanto destino de golfe apresenta-se neste ponto a já conheci-
Universidade do Algarve
30
da matriz SWOT, seguida de uma análise de benchmarking que, ainda que limitada permi-
tiu concluir sobre as vantagens competitivas do destino.
II.5.1 MATRIZ SWOT
A partir da informação acima apresentada, que sintetiza os principais resultados do dia-
gnóstico realizado na primeira fase do Estudo, bem como as opiniões dos empresários e
outros stakeholders sobre os principais problemas e desafios para o futuro, foi possível
elaborar uma “Matriz SWOT” que integra as forças (Strengths), fraquezas (Weakenesses),
oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats) para o golfe no Algarve, sob a pers-
pectiva da oferta, procura, enquadramento regional e ambiente.
Nesta análise, as “forças” e as “fraquezas” são entendidas como atributos internos da ac-
tividade que podem contribuir, respectivamente, para o reforço ou enfraquecimento da
vantagem competitiva sustentável do golfe. As “ameaças” e as “oportunidades” constitu-
em características com implicações externas que, no primeiro caso, ameaçam o desenvol-
vimento sustentável desta actividade e, no segundo, apresentam uma janela de oportuni-
dade para incrementar a vantagem competitiva do golfe.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
31
Quadro II.3 Matriz SWOT (Strenghs, Weaknesses, Opportunities and Threats)
Oferta Procura Região Ambiente
Forç
as
§ Qualidade dos campos § Atendimento § Diversidade § Gastronomia
§ Sazonalidade § Notoriedade § Short haul
§ Acessibilidades § Clima § Hospitalidade § Estabilidade político/social § Localização
§ Desporto de contacto com a natureza § Reflorestação das áreas dos campos § Criação de lagos
§ Criação de zonas corta-fogos § Protecção da fauna e flora
§ Requalificação das áreas envolventes
Fraq
uez
as § Alojamento
§ Formação § Animação § Massificação da oferta
§ Concentração nos mercados ingleses e alemães § Mercado Nacional § Preços
§ Ligações aéreas § Ordenamento § Sinalética § Comércio § Promoção
§ Consumo de água § Consumo de fertilizantes e fitofármacos
§ Alteração do uso do solo § Alteração dos habitats § Produção de resíduos
§ Planeamento ambiental
Am
eaça
s
§ Crescimento da oferta em destinos alternativos § Deterioração da qualidade
§ Dependência do mercado Europeu § Concorrência Espanhola
§ Pressão urbanística
§ Localização em áreas protegidas e/ou sensíveis § Risco de contaminação de aquíferos e solos
§ Depleção dos recursos § Escassez de água
§ Degradação da qualidade ambiental § Pressão urbanística
Op
ort
un
idad
es
§ Desenvolver no Algarve a “Florida” europeia
§ Procura de destinos integrados § Emergência do mercado do Norte da Europa § Redução progressiva da duração das viagens § Penetração no mercado nacional
§ Facilidade de acesso § Complementarida-de com o produto sol e praia
§ Localização em zonas ambientalmente degradadas
§ Uso de águas residuais tratadas § Reciclagem e compostagem de resíduos
§ Monitorização ambiental § Certificação ambiental § Desenvolvimento urbanístico controlado
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
A leitura da matriz SWOT permite tirar ilações importantes sobre a forma como deve ser
encarado o desenvolvimento do golfe no Algarve e perspectivado o seu futuro. Com efei-
to:
As “forças”, entendidas como condições vantajosas para o incremento da actividade do
golfe, residem fundamentalmente nos recursos naturais e ambientais e humanos da Regi-
ão e no seu adequado aproveitamento como factor de qualidade e de diferenciação;
Universidade do Algarve
32
As “fraquezas”, entendidas como factores que podem degradar a qualidade do produto,
residem fundamentalmente na falta de capacidade organizativa dos vários agentes envol-
vidos, na ausência de planeamento e ordenamento do espaço e em comportamentos me-
nos sustentáveis de curto prazo;
As “ameaças” são de dois tipos: por um lado, a possibilidade de uma gestão inadequada
dos recursos naturais com consequências muito graves para o futuro da actividade e, por
outro lado, a concentração da procura num reduzido número de Países o que a torna mui-
to vulnerável dificultando um crescimento sustentável da actividade;
As “oportunidades” traduzem a capacidade de transformar as ameaças e as fraquezas em
factores competitivos da actividade do golfe na Região, através de políticas sustentáveis
aos vários níveis: de desenvolvimento regional, de ordenamento do espaço e de eficácia
nas decisões sobre o futuro do golfe que são tarefas dos poderes públicos, enquanto do
lado das empresas se esperam estratégias voltadas para a sustentabilidade ambiental,
para a qualidade do produto e para a afirmação da Região como destino de golfe.
A análise que se segue inspira-se também na leitura desta matriz.
II.5.2 VANTAGENS COMPETITIVAS
As comparações estabelecidas entre o Algarve e as Ilhas Baleares, (cf. Relatório Prelimi-
nar, pág. 59) mostram um crescimento quase homogéneo ao nível da oferta. Embora o
ritmo de aumento do número de voltas vendidas (procura) seja superior nas Ilhas Balea-
res, o número médio de voltas por campo estabiliza nas 28 800 voltas, enquanto que no
Algarve a pressão da procura permite vender, em média, mais 10 000 voltas por campo.
Se esta situação for sinónimo de capacidade de instalação de mais campos, então a ques-
tão que se coloca é de saber se os outros destinos concorrentes vão acompanhar este
crescimento.
Um indicador da qualidade dos campos é o número de voltas/ano realizadas. Tomando
como base a média de voltas no mercado relevante para o Algarve, fixámos um valor de
30.000 voltas/ano. Este indicador sugere, de forma indirecta, a capacidade económica do
turista traduzida nos gastos: o gasto médio diário do turista de golfe, nas Ilhas Baleares, é
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
33
superior ao verificado no Algarve, respectivamente 200,20 euros/dia e 164,13 euros/dia,
enquanto o número médio de voltas é muito superior na Região do Algarve ao das Ilhas
Baleares.
Quadro II.4 Vantagens Competitivas e Estratégias Concorrenciais
Vantagens Competitivas da concorrência Acessibilidades Comércio e Serviços Preços
Estratégias da Concorrência Economias de escala
Estratégias dos Campos de golfe do Algarve Qualidade Redução de custos Imagem
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Os principais concorrentes dos campos da Região localizam-se no próprio Distrito e no
estrangeiro. A concorrência de outros países provém principalmente da Espanha e em
menor escala da Turquia. As estratégias da concorrência e as vantagens competitivas são
essencialmente factores alheios à exploração do próprio campo: Acessibilidades e Comér-
cio e Serviços. O preço e as instalações constituem também factores de atracção relevan-
tes para a concorrência.
As vantagens competitivas no mercado, recaem sobre as economias de escala – redução
de custos � e a imagem que já possuem no mercado.
As estratégias prosseguidas pelos directores dos empreendimentos algarvios centram-se
na manutenção da qualidade do campo e na redução de custos. Note-se que apesar de
uma das vantagens competitivas da concorrência ser o preço, não parece ser essa a políti-
ca no Algarve. O facto da qualidade surgir como primeira prioridade indicia uma vontade
de competir não pelo preço, mas pela diferenciação do produto.
As vantagens competitivas dos campos não dependem apenas das estratégias prossegui-
das pelos gestores, mas também da sua localização. Inerente à localização surgem como
principais factores de atractividade a Envolvente do Campo, a Proximidade da Praia e as
Acessibilidades.
Universidade do Algarve
34
Os principais eixos estratégicos onde o Algarve surge numa posição de vantagem em rela-
ção à concorrência estão relacionados com a qualidade e a fidelização de clientes, nomea-
damente: - Diversificação de produtos, Controlo de qualidade, Controlo de custos, Capaci-
dade de inovação, Qualidade de atendimento dos clientes, Taxa de ocupação e fidelização.
Uma posição menos favorável surge relacionada com a promoção, formação profissional,
estratégia de comunicação e promoção conjunta, acessibilidades e infra-estrutura hotelei-
ra e turística.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
35
CAPÍTULO III METODOLOGIA GERAL
O exercício de análise prospectiva sobre a indústria do Golfe no Algarve, para um período
longo (2003-2020), requer um método de abordagem transparente e que possa ser apre-
endido por um público não especializado. Esse método baseia-se na construção de cenári-
os que permitam apresentar várias evoluções coerentes para a actividade do golfe, num
horizonte futuro, evoluções que resultam não só da aplicação de técnicas de projecção de
variáveis económicas mas também das intenções/expectativas dos vários stakeholders.
A construção de cenários não constitui um fim em si, o que interessa conhecer são as
consequências particulares de cada um, os seus efeitos diferenciados no tecido económi-
co, empresarial e regional e, também, na conservação dos recursos naturais e na qualida-
de de vida.
O horizonte escolhido é o ano de 2020. Pode parecer exagerado fixar um período tão
longo, mais de 15 anos, para estudar cenários de desenvolvimento do golfe, quando é
notório que, para a maioria dos sectores da economia regional, não existem quaisquer
estudos de prospectiva, nem tão pouco previsões de médio prazo. No entanto, o longo
prazo justifica-se quer pela natureza estruturante da actividade, quer pelo prazo que me-
deia entre a decisão de investimento e a sua realização que pode ser de 6 a 8 anos, de-
pendendo do processo de licenciamento.
O exercício de cenarização mais não é do que a apresentação de um conjunto de escolhas
possíveis para o futuro do Golfe, baseadas em pressupostos sobre os factores do seu des-
envolvimento: uns tendenciais com grande probabilidade de acontecerem, enquanto ou-
tros eventualmente mais sujeitos à relação de forças entre os vários stakeholders.
A ideia-chave deste exercício é apresentar o desenvolvimento da actividade do golfe en-
quadrada por vários domínios (cf. Relatório Preliminar, pág. 41 a 119): a rendibilidade do
negócio, o impacto económico e social na região e, finalmente, as incidências ambientais
resultantes da implantação de novos campos e da prática do golfe.
Universidade do Algarve
36
A comparação dos resultados esperados de cada um dos cenários é feita através da análi-
se estratégica da sustentabilidade, isto é, da avaliação dos impactos (positivos e negati-
vos) que o aumento de actividade poderá ter nos domínios já referidos.
A apresentação da metodologia consistirá, por conseguinte, de dois pontos: a construção
de cenários e a avaliação estratégica da sustentabilidade de cada um dos cenários.
III.1 A CONSTRUÇÃO DOS CENÁRIOS
O cenário, tal como foi acima definido, constitui uma evolução provável da actividade do
Golfe no Algarve, condicionada por três tipos de dados de entrada:
§ Uma evolução da procura por parte de praticantes da modalidade;
§ Um perfil de oferta de novos campos, ao longo do período em análise;
§ Um quadro legal de partida, constituído por regulamentos que condicionam a lo-
calização dos campos e as condições de exercício da actividade.
O conjunto destes dados fornece várias evoluções possíveis para o golfe, dependendo das
projecções das variáveis económicas, procura e oferta, e também da evolução do quadro
legal.
A principal tendência "pesada" que, neste momento, se detecta como invariante é a per-
manência do quadro legal para todo o período, não só porque alguns dos regulamentos
têm uma abrangência europeia, mas também porque se considera que, em domínios
como o ambiente, a tendência aponta para regulamentos ainda mais restritivos. A análise
da procura, entendida como a quantidade de voltas, e a justificação para a evolução da
oferta, entendida como o número de campos, são apresentadas no capítulo seguinte.
O exercício foi concebido para reduzir ao mínimo os julgamentos de valor que pudessem
retirar transparência aos resultados: assim os indicadores que foram utilizados na avalia-
ção da sustentabilidade são os indicadores calculados a partir do diagnóstico (cf. Relatório
Preliminar, pág. 80) enquanto as hipóteses sobre a evolução da oferta e localização dos
futuros campos resultam da consulta dos processos, que se encontram em fase de licenci-
amento, quando existentes nos organismos oficiais.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
37
O esquema que se apresenta na Figura III.1 procura ilustrar as duas etapas de construção
e de avaliação estratégica dos cenários.
Figura III.1 Diagrama de Construção e Avaliação de Cenários
Oferta
Regulamentação
Procura
Custo do Capital
Políticas Públicas
Cenários IndicadoresMatriz
de Impactos
Construção deCenários
Análise Estratégicada Sustentabilidade
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
A primeira etapa "construção dos cenários" combina três factores essenciais ao crescimen-
to da actividade no período em análise: a evolução da procura de jogadores, a oferta de
novos campos e de infra-estruturas e o enquadramento legal que condiciona a sua im-
plantação.
A análise detalhada das variáveis económicas e do enquadramento legal será feita em de-
talhe no capítulo seguinte.
A análise da sustentabilidade dos cenários que inclui a avaliação dos impactos e a compa-
ração dos resultados será desenvolvida no ponto seguinte.
III.2 A ANÁLISE ESTRATÉGICA DA SUSTENTABILIDADE
A análise estratégica da sustentabilidade do golfe na Região do Algarve implica, antes de
mais, que se defina o conceito de "indústria sustentável".
Universidade do Algarve
38
Uma indústria é sustentável se, simultaneamente, for:
§ Competitiva
A capacidade competitiva de uma indústria, neste caso do golfe, é medida pela sua capa-
cidade de se manter num mercado, gerando lucros no médio e longo prazo, oferecendo
serviços e produtos de elevada qualidade.
§ Ambientalmente responsável
O golfe é uma indústria consumidora de recursos naturais, quer sob a forma de terrenos
quer sobre a forma de bens como a água, quer ainda como serviços intangíveis tais como
a paisagem, a biodiversidade e o clima. A protecção destes recursos é vital para o golfe
uma vez que a sua qualidade e quantidade constituem vantagens competitivas insubstituí-
veis.
§ Geradora de impactos sociais e económicos positivos
O golfe é turismo e como tal insere-se no principal sector de actividade da região do Al-
garve. Nesse sentido o seu desenvolvimento equilibrado pode contribuir para gerar impac-
tos significativos no Produto regional, no emprego e nas actividades de hotelaria, restau-
ração e cultura, tanto mais que o período de mais intensa actividade se situa na época
baixa dos fluxos turísticos.
§ Integrada no desenvolvimento regional
A actividade do golfe é consumidora extensiva de solo, por conseguinte a localização dos
campos condiciona e é condicionada pelo ordenamento físico do território, pelos seus usos
e aptidões. Acresce ainda o facto da actividade induzir investimentos no sector imobiliário
e necessitar de acessibilidades compatíveis.
A definição de sustentabilidade de um sector económico não é suficiente para efeitos prá-
ticos. Por isso, há que construir uma abordagem que permita avaliar e, se possível, medir,
através dos seus impactos, a contribuição para cada um dos domínios acima referidos:
negócio, economia regional e ambiente. Quando uma indústria tem efeitos positivos
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
39
(não-negativos) sobre todos os domínios, então pode afirmar-se que o seu desenvolvi-
mento é sustentável.
Os objectivos gerais da análise estratégica da sustentabilidade são pois os seguintes:
§ Proporcionar um quadro de decisão estratégico mais amplo para as entidades
públicas que o actualmente existente, já que todas as dimensões do desenvol-
vimento sustentável são tomadas em conta;
§ Fornecer informação para outras políticas de desenvolvimento regional, em par-
ticular as que se dirigem para os recursos naturais e para os recursos humanos;
§ Criar uma plataforma de discussão para todos os stakeholders acerca das alter-
nativas de desenvolvimento da indústria do golfe tendo em conta as diferentes
implicações de cada uma.
Do ponto de vista metodológico torna-se necessário medir os efeitos de cada cenário nos
diversos domínios, em termos práticos:
§ Construir a cadeia de impactos da actividade no médio e longo prazos,
§ Estimar com base em indicadores a dimensão potencial dos impactos quer de
forma quantitativa, quer de forma qualitativa.
A análise e a quantificação dos impactos supõe uma cadeia de relações que, simplificada-
mente, se apresenta na Figura III.2.
Universidade do Algarve
40
Figura III.2 Diagrama de Impactos
Decisões deInvestimento
Cenário de ReferênciaCenário Moderado
Cenário Massificado
PolíticaPública
Condições da Indústria(procura, oferta, rendibilidade, externalidades)
Indicadores
Impactos de curto/médio prazo
Indicadores
Impactos de longo prazo
CompetitividadeEmpresarial
Económico-sociais Ambientais DesenvolvimentoRegional
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Os objectivos gerais da análise estratégica da sustentabilidade são orientados para produ-
zirem efeitos práticos. Assim, do ponto de vista metodológico torna-se necessário medir os
efeitos de cada cenário nos diversos domínios, mediante os seguintes passos:
§ Construir a cadeia de impactos associada a cada cenário,
§ Estimar com base em indicadores a dimensão potencial desses impactos quer de
forma quantitativa, quer de forma qualitativa,
§ Estabelecer comparações entre resultados de cenários.
A construção da cadeia de impactos potenciais da indústria obedece ao esquema geral
acima apresentado e será feita para as diversas áreas: da competitividade empresarial,
área económica e social e áreas regional e ambiental.
Os indicadores a aplicar irão medir a magnitude desses impactos através de multiplicado-
res de consumo e de emprego para as áreas económica e regional e através da análise da
rendibilidade média empresarial e dos indicadores ambientais para as respectivas áreas.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
41
A comparação dos cenários será feita de forma qualitativa, já que a agregação dos efeitos
se torna inviável pela natureza diferenciada das variáveis. Uma vez que o indicador sintéti-
co que se pretende é o grau de sustentabilidade de cada cenário, a forma mais simples,
mas também a mais elucidativa, é situar cada cenário no chamado "triângulo" da susten-
tabilidade, apresentado no esquema seguinte:
Figura III.3 O "Triângulo" da Sustentabilidade
EconomiaRegional
EmpresasAmbiente
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Um cenário é considerado mais sustentável na medida em que se situar mais no centro do
triângulo o que significa um maior grau de complementaridade e não de conflitualidade
entre a competitividade empresarial, a protecção do ambiente e o desenvolvimento regio-
nal.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
43
CAPÍTULO IV AS VARIÁVEIS DOS CENÁRIOS
A construção dos cenários para o golfe fundamenta-se na lógica económica de funciona-
mento da actividade que, tal como qualquer indústria, se insere num mercado competitivo
que se caracteriza por uma procura e uma oferta. Dadas as condições específicas desta
actividade os Anexos IV - Procura e V - Oferta apresentam o modelo económico que expli-
ca de forma detalhada o funcionamento do mercado do golfe.
A variável que permite caracterizar tanto a procura como a oferta é o número de vol-
tas/ano, entendido tanto ao nível da região, ou sub-região, como ao nível de um campo.
O número de voltas pode ser transformado em número de jogadores se admitirmos que
cada jogador, em média, joga um determinado número de voltas por cada período de es-
tadia na Região.
A procura dirigida à Região não é uniforme, pelo que se considerou mais correcto realizar
uma partição em três sub-regiões que tivesse em conta a especificidade própria de cada
uma.
O preço que caracteriza este mercado é o preço médio por volta. No entanto, dadas as
condições em que se realiza a actividade esse preço não corresponde ao preço no balcão,
diferente de campo para campo, mas a uma média ponderada em que são tidos em conta
esses preços e os preços implícitos nos packages.
Uma outra variável relacionada com o preço, determinante para a explicação do funcio-
namento do mercado, é o gasto médio do golfista dentro do campo. Para a formação des-
ta variável concorrem os preços médios por volta, os gastos em aluguer de equipamento,
merchadising e alimentação e bebidas.
A oferta de voltas/anos depende do número de campos - a capacidade instalada - e de um
certo número de parâmetros que permitem definir uma oferta máxima de voltas/ano.
A oferta máxima de voltas/ano depende da ponderação da capacidade teórica estimada
(cf. Anexo V - Oferta) com a capacidade económica dos campos. Por capacidade económi-
ca do campo entende-se o número máximo de voltas que é possível oferecer sem pôr em
Universidade do Algarve
44
causa critérios de qualidade do campo e congestionamento dos mesmos, garantido a ren-
dibilidade do negócio. O valor obtido, denominado oferta económica potencial, está de
acordo com a análise de benchmarking realizada junto da concorrência.
O crescimento da oferta depende do preço que pode ser praticado no mercado, da pres-
são da procura, mas também e, em grande medida, das condições legais de implantação e
localização de novos campos.
Esta restrição é suficientemente importante para podermos entender a oferta como condi-
cionada, sendo por isso decisivo para a construção dos cenários a sua consideração devi-
damente enquadrada no contexto legal como elemento tendencial "pesado".
IV.1 ANÁLISE E PROJECÇÃO DA PROCURA
A evolução prevista da procura efectiva de voltas/ano para o período 2003-2020 base-
ou-se num modelo econométrico (cf. Anexo IV - Procura). Antes de apresentar essa evo-
lução convém analisar algumas das características que vão permitir tornar mais consisten-
te a projecção. São essas: a evolução da procura nos últimos anos, o preço médio por
volta, a origem e o perfil dos jogadores, a sazonalidade da actividade e a distribuição das
voltas/ano, efectivamente vendidas na Região e nas suas sub-regiões.
IV.1.1 ANÁLISE DA PROCURA
I. EVOLUÇÃO DA PROCURA NO PERÍODO 1996-2002
Portugal pela localização e pelas suas condições climatéricas apresenta-se como um desti-
no de golfe privilegiado na Europa. No final de 2002 existiam em Portugal 59 campos, com
uma média de 18 buracos cada, dos quais 27,5 localizam-se no Algarve. Os 27,5 campos
existentes foram responsáveis, em 2002, por mais de 900 mil voltas o que corresponde a
um número de jogadores superior a 200 000.
A procura de voltas/ano revelou a seguinte evolução nos últimos sete anos:
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
45
Gráfico IV.1 Evolução da Procura (Voltas/Ano)
400
500
600
700
800
900
1000
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
(x1000)
Fonte: Algarve Golfe, 2003
O crescimento médio do número de voltas/ano, ao longo deste período é de cerca de
4,1% ao ano, podendo ser distinguidos três períodos com ritmos de crescimento clara-
mente distintos. Entre 1996 e 1998, a procura cresce a uma taxa média de 6,3%. Entre
1998 e 2000 o mercado cresce a uma taxa de 1,9% e estabiliza num crescimento médio
de 1,4% até 2002.
II. O PREÇO MÉDIO
Os preços médios por volta, praticados nos últimos anos são apresentados no Quadro IV.1.
Também e para efeitos de comparação são apresentados os preços médios por dormida
na hotelaria.
Quadro IV.1 Evolução dos Preços do Golfe e das Dormidas na Hotelaria
valores em euros 1999 2000 2001 2002
Preço médio de uma volta 37,50 41,18 44,12 47,94
Preço médio por dormida na hotelaria1 24,77 26,95 28,63 33,58
Fonte: INE - Estatísticas do turismo, Universidade do Algarve, 2003 1 Calculado com base no rácio entre os proveitos totais e o total de dormidas na região.
O crescimento médio entre 1999 e 2002 foi de 6,3% ao ano, a preços correntes. Admitin-
do uma taxa de inflação média de 3% ao ano, estima-se que este crescimento se situe em
Universidade do Algarve
46
termos reais nos 3,2%, abaixo do crescimento dos preços na hotelaria que se situaram em
igual período nos 4,8% em termos reais. A tabela permite ainda concluir que custa mais
jogar uma partida de golfe do que dormir uma noite no Algarve. De facto, o custo médio
de uma volta situa-se 40% acima do preço médio por dormida.
O preço médio de uma volta no Algarve comparada com o preço médio em regiões con-
correntes, no ano 2002 surge no gráfico seguinte:
Gráfico IV.2 Preço Médio por Volta no Algarve e nos Destinos Concorrentes, 2002
55,29€ €
45,86€ €
46,12€ €
47,94€ €
Baleares Canárias Andaluzia Algarve
Fonte: Internet, Universidade do Algarve, 2003
Nas regiões referidas o preço médio de uma volta é muito semelhante, pelo que se pode
considerar que todos estes destinos são substitutos próximos.
III. PERFIL DO TURISTA
A análise do perfil do golfista (cf. Anexo IV - Procura) resultou de uma análise em que
foram privilegiados: a segmentação do mercado, a identificação dos factores de escolha
do destino, a que se seguiu uma caracterização geográfica, demográfica e económica.
Dum modo geral, o turista do golfe tem um perfil característico. Trata-se de um turismo
de nível socio-económico superior à média. A proporção do montante do rendimento fami-
liar gasto em actividades desportivas ronda 7,13% /ano, contra 6,45% para o turista em
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
47
geral. Outra das suas características relevantes é que se hospedam maioritariamente em
hotéis, aparthotéis e aldeamentos turísticos de 4 e 5 estrelas.
Os dados amostrais revelam que os residentes no Reino Unido e na Irlanda originam mais
de 74% da procura, seguidos da Alemanha que, apesar do forte decréscimo de turistas
desta nacionalidade registado na região, ainda é responsável por 7,3% dos jogadores.
Em relação aos dados demográficos, os resultados amostrais permitem-nos concluir que o
golfe no Algarve é, predominantemente, uma actividade masculina (77% dos jogadores) e
que a idade média dos jogadores é elevada (a proporção de inquiridos com mais de 45
anos de idade é de cerca de 63%). Importa, ainda, destacar que a idade média dos joga-
dores do segmento turista de golfe é inferior à dos outros segmentos.
O golfista pertence maioritariamente (68%) às classes média (B) e alta (A). De salientar
que o segmento turista de golfe apresenta, em termos relativos, uma menor proporção de
indivíduos da classe operária (C).
O golfe constitui uma prática corrente para os golfistas que utilizam os campos de golfe
algarvios – praticam-no em média há cerca de 16 anos e jogam pelo menos, cinco vezes
por mês.
Em média o jogador de golfe permanece no Algarve 9,5 dias, joga 4,5 voltas e faz-se
acompanhar no jogo por 3 pessoas.
Relativamente aos segmentos de mercado, é de salientar que, tal como seria de esperar,
o turista de golfe joga um número superior de voltas. Quanto aos dias de permanência no
Algarve, o valor máximo corresponde ao turista sol e praia. No que se refere ao número
de anos de prática de golfe, o valor mínimo é assumido pelo segmento turista de golfe - o
que, certamente, está associado ao facto deste segmento apresentar uma idade média
inferior aos restantes.
No que se refere ao alojamento os turistas que nos visitam para jogar golfe instalam-se,
sobretudo, em hotéis (41%), vilas (23%), apartamentos (21%) e em casas próprias
(10%). É de destacar que cerca de 21% dos jogadores de golfe com residência na Alema-
Universidade do Algarve
48
nha utilizam casa própria, proporção apenas superada pelos jogadores de nacionalidade
portuguesa (50%).
Em termos de segmentos de mercado, é de realçar que o turista de golfe utiliza menos os
hotéis e mais apartamentos e vilas que os outros dois segmentos. Em termos comparati-
vos realce, ainda, para o facto do turista familiar apresentar a maior proporção de utiliza-
ção de casa própria e o turista sol e praia apresentar a maior proporção de alojamento em
casas de familiares e amigos.
O regime de alojamento que inclui apenas o pequeno almoço é o mais frequente para os
praticantes de golfe no Algarve. Segue-se, a grande distância, o regime de meia-pensão,
pequeno-almoço e uma refeição (habitualmente o jantar), utilizado, sobretudo, por joga-
dores provenientes do Reino Unido. O regime de pensão completa é muito pouco utiliza-
do.
Os golfistas instalam-se, maioritariamente, no Concelho de Loulé, nas suas zonas de exce-
lência para esta actividade: Vale do Lobo, Vilamoura e Quinta do Lago.
Apesar da existência de 4 campos em funcionamento na zona ocidental da região, regis-
ta-se que apenas 6 jogadores declararam estar alojados nesta zona - Olhão e Manta Rota.
De um modo geral os golfistas utilizam mais do que um campo durante a sua estada - a
uma distância média de 12,3 km do alojamento.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
49
Figura IV.1 Localização do Alojamento dos Golfistas relativamente aos Campos de Golfe
ConcelhosLocalização dos campos de golfe em funcionamentoLocalização do Alojamento
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O conhecimento pessoal, as brochuras e as referências de familiares e amigos constituem
as fontes privilegiadas na recolha de informação. No que se refere aos segmentos de mer-
cado, não existem diferenças significativas entre os mesmos. No entanto, há a realçar que
o turista familiar é aquele para o qual a obtenção de informação através de familiares e
amigos assume maior relevo.
As reservas de alojamento e do campo são, maioritariamente, realizadas em agências de
viagens ou directamente. Esta característica verifica-se nos três segmentos de mercado.
Os turistas para além do golfe preferem a gastronomia e actividades ao ar livre e despor-
tos. A animação nocturna não surge no quadro de prioridades deste tipo de mercado.
IV. A SAZONALIDADE
A sazonalidade é uma das características do golfe e assume especial relevância no Algar-
ve, onde o factor climático introduz variações significativas que inviabilizam o jogo nos
meses de Verão, a partir de uma determinada hora.
No Algarve, a prática de golfe estrutura-se em duas temporadas: a alta, que vai de Outu-
bro a Abril e a baixa, que vai de Novembro a Dezembro e de Maio a Setembro. O padrão
sazonal do golfe é, pois, oposto ao turismo de verão tradicional. Desta forma, o golfe
Universidade do Algarve
50
compensa a sazonalidade do turismo "sol-praia", contribuindo para maiores níveis de ocu-
pação do alojamento turístico, dado que origina um aumento da procura nas estações em
que a percentagem de ocupação é, habitualmente, mais baixa.
Com base na estatística das voltas vendidas por meses, no período de 1996 a 2002, calcu-
lou-se o índice de sazonalidade da procura de golfe. Para o efeito utilizou-se o método das
médias móveis com um desfasamento bi-mensal, apresentado no Gráfico IV.3.
Gráfico IV.3 Índice de Sazonalidade
58,6
77,3
47,3
150,6 145,7
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O Gráfico IV.3 revela que o maior padrão sazonal ocorre nos meses de Fevereiro a Maio e
Outubro a Novembro. Este padrão de consumo pode ser explicado pela forte competição
dos países europeus do norte durante os meses de Verão, altura em que os seus campos
de golfe detêm taxas de utilização elevadas. Os preços mais elevados dos pacotes turísti-
cos durante o Verão, aliados às condições atmosféricas, resultam numa perda de atractivi-
dade pelo golfe no Algarve.
A sazonalidade é importante para definir a oferta potencial de voltas/ano do campo de
golfe, que não poderá corresponder à utilização a 100%, durante todo o seu período de
funcionamento, pois nem todas as horas são desejáveis. Um campo saturado, em qual-
quer dos ciclos, determina condições de jogo menos desejáveis para o turista e, necessa-
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
51
riamente, um produto pior. Dum modo geral, o golfista prefere começar a jogar o mais
cedo possível.
A sazonalidade constitui um problema na medida em que a capacidade instalada não po-
derá ser efectivamente utilizada durante todo o ano, o que se traduz em dificuldades para
a rentabilização máxima do investimento.
O gráfico seguinte identifica, claramente, o excesso de capacidade fora dos designados
meses de grande procura, no Algarve, no ano 2002.
Gráfico IV.4 Evolução Mensal da Procura em 2002
0
20
40
60
80
100
120
140
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
(x1000)
Fonte: Algarve Golfe, Universidade do Algarve, 2003
O "sobredimensionamento" dos campos, em particular, nos meses de Verão (Junho a Se-
tembro) constitui um problema incontornável nas actuais condições do mercado. A mitiga-
ção dos efeitos menos positivos desta sub-utilização não é fácil e só pode ser atenuada
com esforço conjugado das empresas e das autoridades públicas no sentido de aumentar
a procura nas épocas baixas.
No entanto, como alguns autores referem, a diminuição progressiva do período morto as-
sociado à excessiva capacidade de carga da época alta, constitui um grave custo ecológi-
co, pois o período morto não é suficiente para a recuperação dos efeitos da sobrecarga
dos campos.
Universidade do Algarve
52
V. A DISTRIBUIÇÃO DA PROCURA PELAS ZONAS (CENTRAL, OCIDENTAL E ORIENTAL)
Uma região pode ser considerada um destino de golfe se reunir na sua superfície um nú-
mero mínimo entre 5 e 10 campos, designado como massa crítica. A capacidade de atrac-
ção de um volume significativo de golfistas resulta da existência desse quantitativo num
raio de distância relativamente curto. O interesse do jogador em utilizar campos diferentes
durante a sua estadia aliado ao número médio de voltas por estada estimado em 4,5 vol-
tas, permite identificar claramente 3 zonas como potenciais sub-destinos de golfe, ainda
que com níveis de desenvolvimento diferentes. As zonas identificadas são: A zona Ociden-
tal que compreende toda a linha litoral entre Loulé e Vila do Bispo; a zona central com-
preende o concelho de Loulé e a zona Oriental que vai de Faro a Vila Real de Santo Antó-
nio.
Figura IV.2 Distribuição dos Campos por Zonas, 1996 e 2002
10km
A BC
D
EF
G HI
JL M
NO
P
8
10,59,5
11,5
4
n.º de campos* em 1996n.º de campos* em 2002*Campos equivalentes a 18 buracos
Zona Ocidental: A – Parque da Floresta; B - Boavista; C – Penina (Resort, Academy e Championship); D - Morgado do Reguengo I; E – Quinta do Gramacho; F - Vale da Pinta; G – Salgados; H – Pine Cliffs;
Zona Central: I – Lusotur Golfes (Old Course, Millenium; Laguna e Pinhal); J – Vila Sol; L – Vale de Lobo (Royal e Ocean); M – Quinta do Lago (Quinta do Lago, Ria Formosa, Pinheiros Altos e San Lorenzo); Zona Oriental: N – Benamor; O – Quinta da Ria e Quinta de Cima; P – Castro Marim
Fonte: DRAOT, Universidade do Algarve, 2003
A concentração de campos por zonas determina a formação de clusters de campos fecha-
dos, que se desenvolvem em torno de um conceito de concentração do negó-
cio/diversificação dos campos. A afirmação de cada zona como sub-destino de golfe cons-
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
53
titui, nesta lógica de clusters, uma barreira à entrada no mercado e tendencialmente a
uma situação de monopólio presumido.
O número de voltas vendidas distribui-se da seguinte forma, no espaço:
Gráfico IV.5 Quantidade de Voltas por Zonas
0
100
200
300
400
500
600
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
(x1000)
Zona Ocidental Zona Central Zona Oriental
Fonte: Algarve Golfe, 2003
A zona Ocidental registou um crescimento médio anual de 7,3% no período considerado,
enquanto que a zona Central ficou-se pelos 1,0%. A afirmação da zona Oriental enquanto
destino turístico é notória entre 2000 e 2002, a procura cresce a uma taxa média anual de
48,7% enquanto que em período homólogo a zona ocidental estabiliza num crescimento
médio de 1,5% e a central regista um decréscimo da procura de 1%.
IV.1.2 PROJECÇÃO DA PROCURA 2003-2020
A projecção da procura para um período tão longo não pode abstrair da consideração dos
factores mais relevantes e que são:
§ o efeito de tendência que incorpora elementos de inércia e de fidelização dos
jogadores;
§ o efeito oferta de novos campos que permite a diversificação do mercado, indu-
zindo novos consumidores;
Universidade do Algarve
54
§ o efeito preço que resulta do aumento da oferta induzindo a atracção de novos
jogadores e também o desvio de jogadores, habituais consumidores de campos
próximos.
Para além destes factores foram assumidos pressupostos de natureza qualitativa e que se
traduzem nos seguintes:
§ a qualidade da oferta (campos actuais e futuros) continuará a exibir um padrão
médio de qualidade equivalente à actual;
§ o perfil de novos jogadores continuará a ser aquele que foi definido a partir do
Inquérito, isto é: as mesmas exigências de qualidade e também o mesmo poder
de compra.
Tendo em conta estes factores foi estimada uma evolução da procura (número de vol-
tas/ano) através do modelo econométrico (cf. Anexo IV - Procura) que conduziu aos se-
guintes resultados:
Projecção sem efeito significativo da oferta
§ Crescimento da procura a uma taxa média de 1,55% ao ano entre 2003 e 2020
Projecção com aumento de oferta
§ Crescimento da procura a uma taxa média de 1,77% ao ano entre 2003 e 2020
O perfil de sazonalidade estimado para o período não sofrerá alteração significativa.
A evolução do preço médio por volta resulta da interacção da procura e da oferta, espe-
rando-se, como é óbvio, que o aumento da oferta não seja favorável a um crescimento
real do preço. De qualquer forma, a manutenção da qualidade permitirá a manutenção de
um preço elevado em alguns dos segmentos do mercado, sempre sensível à diferenciação
e à permanência de características únicas em alguns dos campos da Região.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
55
IV.2 O QUADRO INSTITUCIONAL E LEGAL
Um dos elementos base dos cenários de sustentabilidade para o Golfe no Algarve consiste
no quadro institucional e legal que regulamenta a actividade, nomeadamente a sua inte-
gração nos instrumentos de ordenamento do território. A identificação, à escala regional,
de algumas das principais condicionantes ao licenciamento da actividade foi realizada com
o objectivo de complementar as variáveis ligadas com a oferta e procura.
IV.2.1 ENQUADRAMENTO
De acordo com o Decreto-Lei n.º 317/97, de 25 de Novembro, é da responsabilidade da
Direcção Regional do Ambiente e do Ordenamento do Território do Algarve
(DRAOT-Algarve) a emissão de pareceres relativos à autorização prévia de localização de
campos de golfe nesta região do país. Neste contexto, a emissão actual dos pareceres,
enquanto se aguarda que a revisão do Plano Regional de Ordenamento do Território do
Algarve (PROTAL) possa contribuir para a definição de uma visão estratégica e integrada
para a região, baseia-se nos seguintes critérios de localização (DRAOT, 2003):
§ Enquadramento das pretensões de novos campos em áreas específicas, previs-
tas nos Planos Directores Municipais (PDM);
§ Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável.
A análise dos processos mais recentes avaliados pela DRAOT – Algarve permitiu concluir
que a emissão de parecer favorável está fortemente condicionada, sem prejuízo de outros
critérios ambientais, à:
§ Localização das pretensões em áreas destinadas à conservação da natureza,
nomeadamente Áreas Protegidas e sítios da Rede Natura 2000;
§ Localização das pretensões em zonas de protecção dos recursos naturais, no-
meadamente áreas de protecção de aquíferos e áreas da Reserva Ecológica Na-
cional (REN).
Universidade do Algarve
56
IV.2.2 METODOLOGIA
Considerando os critérios acima expostos, procedeu-se à definição de uma classificação de
restrições ao licenciamento, que permitisse visualizar de forma expedita, os diferentes ní-
veis de condicionantes à localização de novos campos de golfe no Algarve.
A metodologia utilizada para a elaboração do mapa de condicionantes baseou-se na so-
breposição da informação cartográfica disponível para cada um dos temas (Figura IV.3). A
informação cartográfica utilizada, foi fornecida pela DRAOT-Algarve, em formato digital,
georefenciada no Sistema Cartográfico do Exército (SCE), e continha bases de dados inde-
xadas (*.dbf). Estes ficheiros cartográficos, Shape File (*.shp), foram importados para o
programa informático AutoCAD Map que possui um poderoso grupo de ferramentas CAD
(Computer Aided Drawing) e adicionais capacidades dos Sistemas de Informação Geográ-
fica (SIG). Este software permitiu relacionar a informação espacial disponível, de forma
quantitativa e qualitativa.
Figura IV.3 Classes Genéricas do Mapa de Condicionantes ao Licenciamento
de Campos de Golfe no Algarve
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Classe A – As pretensões de campos de golfe inseridas nesta classe sobrepõem-se com
áreas dos sítios classificados na Rede Natura 2000 e/ou na Rede Nacional de Áreas Prote-
gidas (10 Sítios da Rede Natura 2000, 5 Áreas Protegidas e 4 Zonas de Protecção Especi-
al). Esta localização, por si só, constitui uma forte restrição que tem suportado a emissão
Classe A - Conservação da natureza: e.g. Áreas protegidas, Rede Natura 2000
Classe B - Protecção de recursos : e.g. Áreas de protecção de águas sub-terrâneas; REN; RAN
Classe C - Enquadramento nos PDM: e.g. Áreas de Aptidão Turística; PP, PU
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
57
de um parecer negativo, sem prejuízo da necessidade de considerar outras condicionantes
tais como o enquadramento da proposta nos PDM.
De acordo com Decreto-Lei n.° 226/97 de 27 de Agosto, que transpõe para o direito inter-
no a Directiva n.° 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de Maio, relativa à conservação dos ha-
bitats naturais e da flora e fauna selvagens (prevendo a criação da Rede Natura 2000),
quaisquer acções, planos ou projectos, individualmente ou em conjunto com outras ac-
ções, planos ou projectos, susceptíveis de afectar significativamente um sítio de importân-
cia comunitária - Zonas Especiais de Conservação (ZEC) e Zonas de Protecção Especial
(ZPE) - podem estar sujeitos a uma formalidade de autorização que passa pela avaliação
dos impactes e incidências ambientais, sendo que:
“(...) Quando, através da realização da avaliação de impacte ambiental ou análise de inci-
dências ambientais, se conclua que a acção ou projecto implica impactes negativos para
um sitio de importância comunitária para uma ZEC ou para uma ZPE, o mesmo só pode
ser autorizado quando se verifica a ausência de solução alternativa e ocorram razões im-
perativas de interesse público, reconhecidas mediante despacho conjunto do Ministro do
Ambiente e do Ministro competente em razão da matéria...Verificando-se que os impactes
negativos da acção do projecto incidem sobre um tipo de habitat prioritário ou sobre uma
espécie prioritária, o reconhecimento a que se refere o número anterior só poderá ocorrer
quando: a) estejam em causa razões de saúde ou segurança pública; b) a realização da
acção do projecto implique consequências benéficas para o ambiente; c) ocorram outras
razões de interesse público, reconhecidas pelas instâncias competentes nacionais e da
União Europeia… (Artigo 7º)”.
Classe B – As pretensões de campos de golfe inseridas nesta classe sobrepõem-se com
áreas de REN e/ou áreas críticas à extracção de águas subterrâneas (definida pela
DRAOT-Algarve). Esta localização, por si só, constitui uma forte restrição que tem supor-
tado a emissão de um parecer negativo (especialmente se ocorrer em zonas de infiltração
máxima), sem prejuízo da necessidade de considerar outras condicionantes tais como o
enquadramento da proposta nos PDM.
Universidade do Algarve
58
Classe C – As pretensões de campos de golfe inseridas nesta classe estão sujeitas essen-
cialmente a um enquadramento com os PDM. Não se sobrepõem com áreas de conserva-
ção da natureza incluídas na Rede Natura 2000 e Rede Nacional de Áreas Protegidas, nem
com áreas de REN e áreas críticas à extracção de águas subterrâneas. Relativamente ao
seu enquadramento nos PDM, se estiverem sobrepostas com áreas previstas em Planos de
Urbanização (PU), Planos de Pormenor (PP) ou alvará de loteamento, dispensam autoriza-
ção prévia de localização por parte da DRAOT-Algarve. Nos restantes casos a pretensão
poderá obter parecer favorável se a sua localização ocorrer em áreas destinadas a equi-
pamentos desportivos ou de lazer, Zonas de Ocupação Turística (ZOT), Áreas de Aptidão
Turística (AAT), ou Unidades Operativas de Planeamento e Gestão (UOPG) para fins turís-
ticos (DRAOT, 2003).
IV.2.3 MAPA SÍNTESE DE CONDICIONANTES AO LICENCIAMENTO
Considerando a metodologia proposta, a informação cartográfica disponível, a localização
dos campos de golfe existentes e das pretensões de novos campos, apresenta-se na
Figura IV.4 o mapa síntese de condicionantes ao licenciamento desta actividade no Algar-
ve.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
59
Figura IV.4 Localização dos Campos de Golfe Existentes e das Pretensões no Mapa Síntese de Condicionantes ao Licenciamento de Campos de Golfe no Algarve
Empreendimentos de golfe previstos
Empreendimentos de golfe em funcionamento
Classe C
Classe B
Classe A
Sobreposição de B com C
Sobreposição de A com C
Sobreposição de A com B
10km
Campos de golfe existentes: A – Parque da Floresta; B - Boavista; C – Penina (Resort, Academy e Champi-onship); D – Morgado do Reguengo I; E – Quinta do Gramacho; F - Vale da Pinta; G – Salgados; H – Pine Cliffs; I – Lusotur Golfes (Old Course, Millenium; Laguna e Pinhal); J – Vila Sol; L – Vale de Lobo (Royal e Ocean); M – Quinta do Lago (Quinta do Lago, Ria Formosa, Pinheiros Altos e San Lorenzo); N – Benamor; O – Quinta da Ria e Quinta de Cima; P – Castro Marim
Campos de golfe previstos: KA – Sinceira; KB – Espiche; KC - Montinhos da Luz; KD - Mexilhoeira Grande; KE - Morgado do Reguengo; KF - Quinta da Lameira; KG - Praia Grande; KH - Dunas Douradas; KI – Garrão; KJ - Quinta da Ombria; KL – Muro do Ludo - Pinheiros Altos; KM – Laranjal; KN - Muro do Ludo; KO - Parque das Cidades; KP - Quinta das Navalhas; KQ – Pontal I- UOP 6; KR - Pontal II- UOP 8; KS - Colina da Rosa; KT - Herdade Finca Rodilhas; KU – Sesmarias; KV - Ponta da Areia; KX – Verdelago; KZ - Almada de Ouro; KW - Quinta do Vale
Fonte: DRAOT-Algarve, Direcção Regional de Ordenamento do Território do Algarve, 1992-2003
IV.3 OFERTA DE NOVOS CAMPOS
A projecção da variável oferta em termos de voltas/ano, ou em termos de novos campos,
não pode ser desligada da condicionante ambiental, tal como foi demonstrado no ponto
anterior.
Por isso, face às manifestações de intenção para a construção de novos campos, em que
alguns processos de licenciamento se encontram em fase adiantada de avaliação por parte
das entidades públicas, a projecção da oferta obedeceu ao seguinte procedimento:
Universidade do Algarve
60
a) Consideração dos casos extremos: por um lado projectar uma oferta com o nú-
mero de campos licenciados até ao fim de 2003, por outro lado prever a possibilida-
de de todos os pedidos efectuados e pretensões conhecidas serem aprovados a tem-
po de entrarem em funcionamento até 2020;
b) Consideração de uma situação intermédia que consiste em admitir o licencia-
mento de um número de pedidos que ainda estão em apreciação e que poderiam
constituir uma solução sustentável do ponto de vista ambiental, económico e finan-
ceiro.
Face às localizações existentes e aos pedidos para os quais existe uma localização concre-
ta (Ver Figura IV.4 acima) elaboraram-se três hipóteses de trabalho que constituem outras
tantas projecções da oferta. A oferta é medida em campos equivalentes (18 buracos). O
período médio considerado desde o pedido inicial de licenciamento de um campo de golfe
até à sua entrada em pleno funcionamento, situa-se entre os três e os quatro anos, numa
situação processual típica.
PRIMEIRA HIPÓTESE EXTREMA:
Total de 32 campos (equivalente a 29 campos de 18 buracos) – Inclui os campos actual-
mente em funcionamento, os campos em construção e aqueles cujo processo de licencia-
mento se prevê concluído com parecer positivo até ao final de 2003. Constitui uma hipóte-
se extrema que considera um limite de expansão da actividade.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
61
No Gráfico IV.6, apresenta-se a distribuição da oferta de campos considerada nesta hipó-
tese pelas três zonas definidas anteriormente.
Gráfico IV.6 Distribuição do Número de Campos em Funcionamento por Zonas do Algarve, para a Primeira Hipótese Extrema
11,5 11,5 11,5 11,5 11,5
11,5 11,5 13 13 13
4,5 4,54,5 4,5 4,5
0
5
10
15
20
25
30
35
2003 2005 2010 2015 2020Nº
de c
ampo
s (e
quiv
alen
tes
de 1
8 bu
raco
s)
Zona Ocidental Zona Central Zona Oriental
Fonte: DRAOT, Universidade do Algarve 2003
SEGUNDA HIPÓTESE EXTREMA:
Total de 91 campos (equivalentes a 88 campos de 18 buracos) � neste cenário conside-
ra-se que, para além dos campos em funcionamento, todas as pretensões conhecidas se-
rão aprovadas e entrarão em funcionamento até 2020. Constitui uma hipótese extrema
para a liberalização total da implantação de campos de golfe.
Universidade do Algarve
62
No Gráfico IV. 7 apresenta-se a distribuição da oferta de campos considerada nesta hipó-
tese pelas zonas Ocidental, Central e Oriental do Algarve.
Gráfico IV.7 Distribuição do Número de Campos em Funcionamento por zonas do Algarve, para a Segunda Hipótese Extrema
11,5 11,5 15,524,5
38,511,5 11,515
21
27
8,5
13,5
22,5
4,54,5
0102030405060708090
100
2003 2005 2010 2015 2020Nº
de c
ampo
s (e
quiv
alen
tes
de 1
8 bu
raco
s)
Zona Ocidental Zona Central Zona Oriental
Fonte: DRAOT, Universidade do Algarve, 2003
TERCEIRA HIPÓTESE:
Máximo de 44 campos (equivalente a 41 campos de 18 buracos) – Inclui os campos actu-
almente em funcionamento, os campos em construção, aqueles cuja consulta do processo
de licenciamento revela elevada probabilidade de aprovação da localização e ainda as pre-
tensões com localização conhecida que respeitam as classes de condicionantes apresenta-
das no mapa síntese (Figura IV.4).
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
63
No Gráfico IV. 8 apresenta-se a distribuição da oferta de campos considerada nesta hipó-
tese pelas três zonas consideradas.
Gráfico IV.8 Distribuição do Número de Campos em Funcionamento por Zonas do Algarve, para a Hipótese Intermédia
11,5 11,5 12,5 14,5 14,5
11,5 11,515
17 18
7,58,5 8,5
4,5 4,5
05
1015202530354045
2003 2005 2010 2015 2020Nº
deca
mpo
s(e
quiv
alen
tes
de18
bura
cos)
Zona Ocidental Zona Central Zona Oriental
Fonte: DRAOT, Universidade do Algarve, 2003
Registe-se que esta hipótese não define um número óptimo de campos para a Região do
Algarve, mas tão somente o número máximo de campos que, do ponto de vista da
regulamentação existente, poderia ser construído tendo em conta determinadas condicio-
nantes.
O número óptimo de campos tem a ver com um conjunto de critérios em que se incluem,
para além da minimização das externalidades ambientais negativas, a rentabilidade em-
presarial, o benefício para a região e as condições do mercado internacional. Será, por
conseguinte, uma solução que se situará entre a hipótese extrema mais conservadora e a
hipótese intermédia.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
65
CAPÍTULO V ELABORAÇÃO DOS CENÁRIOS E VARIANTES
O exercício de projecção da procura e da oferta realizado no capítulo anterior possibilita
construir cenários para o futuro do Golfe no Algarve. Optou-se por construir somente três
cenários : um cenário de referência, um cenário de massificação e um cenário moderado.
Para cada cenário vai ser possível analisar as seguintes variáveis:
§ A oferta económica potencial que resulta da aplicação de uma taxa de utilização
máxima do campo em condições de jogo com qualidade e sem congestionamen-
to. O número de voltas/ano resultante traduz as expectativas dos empresários e
já foi objecto de definição no Capítulo anterior. Neste sentido, a oferta económi-
ca potencial confunde-se com a procura desejada;
§ A procura efectiva em número de voltas/ano que é a procura projectada para
2003-2020 e que, como anteriormente se disse, resulta da tendência do passa-
do e das condições de oferta e preço vigentes num determinado momento.
A oferta económica potencial varia com o tipo de campo, com a época do ano e com pa-
râmetros de qualidade do serviço como, por exemplo, o intervalo de tempo entre saídas.
Do ponto de vista do empresário a rentabilização do negócio é maior quando a procura
realizada é igual ou excede a oferta económica. Dada a diversidade de situações existen-
tes no Algarve, admitiu-se que, em média, a oferta económica potencial de um campo de
18 buracos equivaleria a 30.000 voltas/ano (cf. Anexo V - Oferta).
A afectação da procura efectiva é feita pelas três zonas da Região e é apresentado o perfil
da sazonalidade, calculado pelo modelo econométrico e feita a avaliação em termos de
equilíbrio de mercado.
V.1 CENÁRIO DE REFERÊNCIA
O cenário de referência combina um crescimento tendencial simples da procura (taxa de
crescimento anual de 1,55%/ano), que constituirá a procura efectiva e um crescimento da
oferta, correspondente à primeira hipótese extrema, isto é, ao aumento da oferta associa-
Universidade do Algarve
66
da à implantação dos campos que estão autorizados, neste caso, à entrada em funciona-
mento do campo em construção na zona central e na manutenção dos existentes.
A) EVOLUÇÃO DA PROCURA
Neste ponto e para cada cenário, convém confrontar a evolução de duas grandezas: por
um lado a oferta económica do conjunto dos campos que traduz, naturalmente, a procura
desejada pelas empresas e, por outro lado, a procura efectiva que é equivalente às pro-
jecções realizadas.
Neste cenário de referência, um total de 29 campos vai gerar uma oferta económica de
870 mil voltas/ano, a partir de 2010 a que corresponderiam 193 mil jogadores. No entan-
to, as projecções da procura efectiva indicam que seria possível vender 1 043 mil voltas/
ano, a partir dessa data, o que equivale, aproximadamente, a 232 mil jogadores.
Em 2020 a oferta terá aumentado a uma taxa de crescimento médio anual de 0,31% e a
procura 1,55%. O Gráfico V.1 demonstra a existência de um excesso de procura efectiva,
já observado em 2003, mas que se vai agravando durante todo o período até atingir cerca
de 75 mil jogadores em 2020.
Do ponto de vista económico uma situação deste tipo não é susceptível de se manter por
um período longo. Várias estratégias são possíveis por parte das empresas: ou aumentam
os preços para equilibrar a procura com a oferta ou aplicam esquemas de racionamento
da procura ou, ainda, combinam estes dois processos. Estas estratégias poderão ter êxito
a curto prazo para algumas das empresas, mas não constituem uma solução favorável à
manutenção e desenvolvimento da actividade.
Um diferencial de 337 mil voltas/ano face à oferta económica potencial em 2020 resultaria
numa situação insustentável de sobreocupação dos campos em aproximadamente 11 600
voltas/ano por campo, em termos médios. Se analisarmos o Gráfico V.1 verificamos que
em 2003 existe já um excesso de procura efectiva face à "norma" das 30.000 voltas/ano,
o que significa que, neste momento, existem campos que vendem um número de voltas
muito acima da oferta económica, estabelecida e compatível com o benchmarking.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
67
A situação de desequilíbrio que se verifica à partida só é explicável porque o produto que
é oferecido é altamente diferenciado e a diferença de preços praticados nos vários campos
não é ainda suficientemente importante para provocar desvios de procura.
Gráfico V.1 Evolução da Oferta e da Procura no Cenário de Referência
600
700
800
900
1.000
1.100
1.200
1.300
2003 2005 2010 2015 2020
(x1000)
Procura desejada Procura efectiva
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
A análise pode ser ainda refinada a nível das três sub-zonas que foram consideradas e
que, pela sua heterogeneidade, pode ajudar a melhor compreender o fenómeno da exis-
tência consolidada de clusters de campos em algumas dessas sub-zonas.
As características da oferta e a forma como se distribui não são aspectos isolados e, con-
juntamente com as dinâmicas próprias de uma procura estabilizada, exercem efeitos de-
terminantes/estruturantes no mercado.
A distribuição da oferta e da procura pelas diferentes zonas no cenário de referência surge
no Quadro V.1.
Universidade do Algarve
68
Quadro V.1 Distribuição da Oferta e da Procura de Golfe, no Cenário de Referência por Zonas
2003 2005 2010 2015 2020
Procura desejada 824.993 824.993 869.993 869.993 869.993
Ocidental 344.997 344.997 344.997 344.997 344.997
Central 344.997 344.997 389.997 389.997 389.997
Oriental 134.999 134.999 134.999 134.999 134.999
Procura efectiva 929.375 961.944 1.043.368 1.124.792 1.206.216
Ocidental 364.315 377.082 409.000 440.919 472.837
Central 500.004 517.526 561.332 605.138 648.944
Oriental 65.056 67.336 73.036 78.735 84.435
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Para as zonas Ocidental e Central é possível identificar um padrão de evolução semelhan-
te. A tendência de pressão da procura mantém-se nas duas zonas ainda que a ritmos dife-
rentes, interessante é o facto de que com o mesmo número de campos estas duas áreas
de desenvolvimento gerarem excedentes de procura, que forçam a uma utilização do
campo com ordens de grandeza completamente diferentes. Na zona Ocidental o nível de
utilização médio dos campos é de 41 mil voltas/ano enquanto que a zona Central regista
50 mil voltas/ano.
A zona oriental encontra-se ainda numa fase de introdução no mercado, mantendo-se a
procura efectiva em quantitativos muito inferiores aos valores esperados.
B) SAZONALIDADE
O modelo econométrico que permitiu prever a procura assentava nas variações inter anu-
ais para cada um dos meses do ano. Mantendo o padrão de sazonalidade identificado (cf.
Cap. IV ponto IV.1.1.III, pág. 50) obtém-se a seguinte distribuição da procura pelos me-
ses do ano.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
69
Gráfico V.2 Distribuição Mensal da Procura em 2020, no Algarve no Cenário de Referência
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
No Algarve a manterem-se as actuais condições, em 2020, os campos existentes estarão a
trabalhar acima da sua capacidade nos meses de pico e muito próximos da taxa de ocupa-
ção de 100% nos meses restantes. Identificam-se claramente três estações no golfe, uma
primeira entre Fevereiro e Maio, a que corresponde o maior fluxo de jogadores (em 2020
a região albergaria nestes meses 114 mil jogadores), uma segunda também considerada
época alta mas com uma menor intensidade entre Setembro e Novembro (com um quanti-
tativo de jogadores estimados para 2020 de 77 mil), a terceira designada como época bai-
xa, regista-se nos extremos do ano civil (Dezembro e Janeiro) e nos meses de Verão, fun-
cionando como contraciclo do turismo sol e praia, confirma a não complementariedade
dos produtos, sol e praia e golfe.
C) ANÁLISE DO EQUILÍBRIO
O diferencial entre a oferta e a procura que se verifica neste cenário - uma situação de
mercado onde a procura cresce a uma taxa média anual de 1,55% e a oferta a uma taxa
de 0,31% - pode conduzir a dois tipos de ajustamento: um aumento significativo dos pre-
ços para a prática de golfe, ainda que a ritmos diferentes nas diferentes zonas identifica-
das, ou a situações de congestionamento, já perceptíveis pelos números, que conduzem a
perdas de qualidade do serviço.
Universidade do Algarve
70
Admitindo que o segundo tipo de ajustamento não é desejável numa perspectiva de médio
prazo, o cenário de ajustamento real dos preços (entendidos como gastos médios) poderia
apresentar o perfil que é apresentado no Gráfico V.3.
Gráfico V.3 Evolução do Gasto Médio, no Cenário de Referência
97108
215
213
101
259
139
46
0
50
100
150
200
250
300
2003 2005 2010 2015 2020
Algarve Ocidental Central Oriental
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Para as três zonas é possível identificar um padrão de evolução bastante nítido (cf. Gráfico
V.3). O sentido geral é o do aumento dos preços. Nas duas zonas onde a pressão da pro-
cura determina níveis de utilização dos campos acima da capacidade máxima instalada,
este aumento é mais proeminente. A persistência de excedentes de procura ao longo de
todo o período é responsável pelo aumento muito rápido dos preços (leia-se gastos), so-
bretudo se nos abstrairmos de critérios de valorização do produto golfe que não depen-
dem exclusivamente do preço.
A manterem-se as actuais condições de exploração dos campos, uma volta de golfe no
Algarve pode custar, no máximo 259 euros (156 euros a preços constantes) e no mínimo
97 (59 euros a preços constantes). O que comparativamente a 2003 significa um cresci-
mento de 4,5%, na hipótese máxima e 3,8% na hipótese mínima. A importância deste
intervalo é ainda sublinhada pela inevitável concorrência entre zonas, no mesmo espaço
regional – o Algarve.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
71
V.2 CENÁRIO MODERADO
O cenário moderado assume uma oferta correspondente à terceira hipótese extrema, isto
é que inclui os campos em funcionamento, os aprovados e aqueles que respeitam as clas-
ses de condicionantes ambientais, num total de 41 campos de 18 buracos, e uma procura
efectiva que associa o crescimento tendencial simples da procura com o efeito aumento
do número de campos (taxa de crescimento anual de 1,77%/ano).
A) EVOLUÇÃO DA PROCURA
Neste cenário foram estimados os efeitos no mercado de uma oferta de 41 campos em
2020, que comparativamente a 2003 significa uma variação média anual de 2,38%. Com-
binando este efeito com uma cadência de crescimento da procura (1,77% ao ano), mais
elevado que no cenário de referência, verifica-se a convergência para uma situação de
equilíbrio do mercado golfista no Algarve em 2020, respeitando os padrões de excelência
definidos (uma média de 30 000 voltas/ano por campo). (cf. Gráfico V.4).
Gráfico V.4 Evolução da Oferta e da Procura no Cenário Moderado
600
700
800
900
1.000
1.100
1.200
1.300
2003 2005 2010 2015 2020
(x1000)
Procura desejada Procura efectiva
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Outro aspecto a realçar é a forma como o excesso de procura verificado no cenário de
referência se dilui neste cenário. O ajustamento ocorre em função de dois movimentos
simultâneos: a implantação de novos campos nas sub-regiões menos congestionadas, o
Universidade do Algarve
72
que permite um aumento da oferta mais distribuído por todo o espaço regional e um se-
gundo movimento, induzido pela deslocação da procura para esses novos campos, em
função quer do grau de atractividade que cada zona exerce, quer também do preço, natu-
ralmente menos elevado que nos novos campos.
A ilustração da distribuição da procura pelas diferentes zonas no cenário moderado é feita
no Quadro V.2
Quadro V.2 Oferta e Procura de Golfe no Cenário Moderado por Zonas
2003 2005 2010 2015 2020
Procura desejada 824.993 824.993 1.049.991 1.199.990 1.229.990
Ocidental 344.997 344.997 374.997 434.996 434.996
Central 344.997 344.997 449.996 509.996 539.996
Oriental 134.999 134.999 224.998 254.998 254.998
Procura efectiva 929.375 962.527 1.050.675 1.146.895 1.251.926
Ocidental 364.315 377.311 367.736 401.413 438.174
Central 500.004 452.388 462.297 504.634 550.848
Oriental 65.056 132.829 220.642 240.848 262.905
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Na zona Ocidental, o crescimento da oferta até aos 15 campos, elimina o excedente de
procura verificado pela deslocação da procura para os novos campos, resultando numa
situação de equilíbrio entre a oferta e a procura.
Na zona Central a instalação de mais 6 campos permitiria absorver o excesso de jogadores
que pressionavam a oferta existente, resultando igualmente numa situação de equilíbrio.
Na zona Oriental um aumento significativo da oferta quase duplicaria os campos existen-
tes. Contudo, não se verificando nessa zona, neste momento, uma pressão de procura, o
equilíbrio resultaria quer do desvio do excesso de jogadores verificado nas zonas central e
ocidental, quer do crescimento admitido de novos golfistas.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
73
B) SAZONALIDADE
Mantendo o padrão sazonal estimado através do modelo autoregressivo, verifica-se a se-
guinte distribuição da procura pelos meses do ano.
Gráfico V.5 Distribuição Mensal da Procura em 2020, no Algarve, no Cenário Moderado
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O padrão sazonal mantêm uma ocupação dos campos nos meses de Março e Novembro,
próximo dos 100% e na ordem dos 50 % nos meses restantes. Uma melhor repartição
mensal da procura poderá ser conseguida através da penetração no mercado nacional.
Neste caso para equilibrar a procura com a oferta nos meses, designados como época
baixa, seriam necessários mais 31 000 jogadores.
C) EQUILÍBRIO ENTRE OFERTA E A PROCURA
Conhecer como as expectativas dos empresários se ajustam à procura efectiva pretende
ser uma forma possível para descrever e indirectamente determinar a elasticidade preço.
Esta sistematização fornece indicações interessantes, na ausência de outros indicadores,
para a estruturação da oferta comercial, promovendo a sua segmentação espacial ajusta-
da ao tipo de procura identificada.
Universidade do Algarve
74
Gráfico V.6 Evolução dos Gastos Médios, no Cenário Moderado
161
108
101
157139 158
160
46
020406080
100120140160180
2003 2005 2010 2015 2020
Algarve Ocidental Central Oriental
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O destaque vai para a convergência de preços em todas as zonas, em 2020 o gasto médio
por volta situar-se-á nos 160 euros (96,8 euros a preços constantes). É interessante ainda
notar o diferencial entre o preço médio praticado no Algarve em 2003 (108 euros) face
aos preços verificados nas zonas Oriental e Central: o primeiro é metade do preço de refe-
rência, enquanto que o segundo se situa 40% acima do preço algarvio. Em termos de
evolução, o gasto médio cresce a uma taxa média de 2,4% (-0,6% em termos reais) na
região, o que indica a tendência para a estabilização do mercado do golfe. Ainda que a
ritmos diferentes todas as zonas convergem para o equilíbrio: na zona Ocidental pode es-
perar-se um crescimento idêntico ao registado para o Algarve, já a zona Central cresce a
uma taxa de 0,8% e a zona Oriental 7,6%, reflexo do seu posicionamento actual no mer-
cado.
V.3 CENÁRIO DE MASSIFICAÇÃO
O cenário de massificação assume a implantação de todos os campos que se encontram
propostos ou identificados como intenção, combinando-a com a hipótese de um cresci-
mento máximo da procura (1,77% ao ano).
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
75
A) EVOLUÇÃO DA PROCURA
Um cenário de liberalização total (88 campos equivalente 18 buracos) significaria a oferta
de 2 milhões e 600 mil voltas/ano em 2020 o que corresponderia a um fluxo esperado de
586 mil jogadores. Perante este quadro, admitindo que a questão ambiental poderia ser
ultrapassada, há tentar responder naturalmente a algumas questões de natureza econó-
mica. Assim:
§ Face à projecção da procura, mesmo a mais favorável, como se distribuiria a
procura efectiva pelas sub-regiões?
§ Como se verificaria a evolução dos preços médios a praticar?
§ Como se estabeleceria a rentabilidade média das empresas ?
§ Que processos de ajustamento seriam previsíveis e qual o efeito global para a
indústria do golfe no Algarve em termos estritamente económico-financeiros?
Uma primeira análise, de natureza global, resulta dos pressupostos que foram admitidos
para os restantes cenários e que permitem uma resposta à primeira interrogação. Admi-
tindo que o crescimento da procura, mesmo o mais favorável, seja de 1,77%/ano atingin-
do um número de 278 mil jogadores no ano de 2020, resulta um excesso de oferta que
inevitavelmente se irá reflectir nos preços e na quota de mercado de cada campo.
Observando no Gráfico V.7 a evolução no período 2003-2020 das curvas de procura e de
oferta, verifica-se que a partir de 2010 o diferencial entre a capacidade instalada e as
vendas de voltas aumentaria por forma a tornar economicamente insustentável a activida-
de.
Universidade do Algarve
76
Gráfico V.7 Evolução da Oferta e da Procura no Cenário de Massificação
600
1.100
1.600
2.100
2.600
3.100
2003 2005 2010 2015 2020
(x1000)
Procura desejada Procura efectiva
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Como elementos caracterizadores deste cenário destaca-se: O equilíbrio provisório em
2005, com 39 campos em funcionamento, o aumento progressivo do excesso de oferta,
que em 2020 será de um milhão e oitocentas mil voltas, motivado por uma taxa de cres-
cimento médio anual de 7,4%, quedando-se a procura nos 1,77%.
A distribuição da oferta e da procura de golfe, no cenário de massificação, por zonas, ilus-
tra um fenómeno esperado: as zonas que hoje gozam de uma situação privilegiada perde-
riam o seu estatuto, enquanto as novas zonas não sairiam, a prazo, beneficiadas.
Como adiante se verá a repercussão na baixa de preços/gastos seria fatal para a susten-
tabilidade financeira das empresas.
O resultado da implantação dos 88 campos, em termos de procura numa lógica de distri-
buição espacial surgem no Quadro V.3.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
77
Quadro V.3 Oferta e Procura de Golfe no Cenário Massificado por Zonas
2003 2005 2010 2015 2020
Procura desejada 824.993 824.993 1.169.990 1.769.985 2.639.978
Ocidental 344.997 344.997 434.996 734.994 1.154.990
Central 344.997 344.997 479.996 629.995 809.993
Oriental 134.999 134.999 254.998 404.997 674.994
Procura efectiva 929.375 962.527 1.050.675 1.146.895 1.251.926
Ocidental 364.315 377.311 367.736 401.413 438.174
Central 500.004 452.388 462.297 504.634 550.848
Oriental 65.056 132.829 220.642 240.848 262.905
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Na zona Ocidental um crescimento médio anual da oferta de 7,2%, sem equivalente do
lado da procura ocasiona um excesso de oferta da ordem das 716 mil voltas ano, aproxi-
madamente 159 mil jogadores.
Na zona Central a oferta cresce a um ritmo de 4,88% ao ano. Esta zona onde o golfe sur-
ge numa situação de estabilidade e consolidação, chega a 2020 com um excedente de
oferta muito próximo dos 60 000 jogadores/ano.
A zona Oriental será aquela que registará um maior crescimento da oferta, 9,4%. O exce-
dente de oferta resultante do crescimento do número de campos cifra-se nos 92 mil joga-
dores.
B) INCIDÊNCIA MENSAL
O elevado crescimento da oferta verificado não permite que a procura se aproxime da ca-
pacidade instalada nem nos meses considerados época alta.
Universidade do Algarve
78
Gráfico V.8 Distribuição Mensal da Procura em 2020, no Algarve, no Cenário de Massificação
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
140.000
160.000
180.000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
C) EQUILÍBRIO ENTRE A OFERTA E A PROCURA
O elevado aumento da oferta e a estabilização da procura têm efeitos nefastos no preço e
na quota de mercado de cada um dos campos. Ao nível da quota de mercado vender
14 226 voltas significa trabalhar no limiar de encerramento e, a muito curto prazo, o en-
cerramento de empresas.
No gráfico V. 9 analisa-se o ajustamento dos gastos médios nos campos face ao aumento
da oferta.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
79
Gráfico V.9 Evolução dos Gastos Médios, no Cenário de Massificação
108
74
59
101106
139
46
61
0
20
40
60
80
100
120
140
160
2003 2005 2010 2015 2020
Algarve Ocidental Central Oriental
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
A quebra generalizada dos preços é mais acentuada na zona Ocidental e na Região do
Algarve. Na zona Oriental assiste-se a uma subida dos preços até 2005, secundado por
um período de estabilização até 2010, decorrente da absorção dos excessos de procura
verificados na zona Central. A zona Central confirma a situação de consolidação e estabili-
dade do mercado pelas quebras muito pouco acentuadas de preços. Dum modo geral nes-
te cenário os preços caem a uma taxa média de 2,22% (0,17% em termos reais).
Este cenário caracteriza-se por um funcionamento no limiar de encerramento com preços
muito baixos.
As estimativas realizadas para cada uma das zonas foram remetidas para o Anexo I -
Quadros de Apoio, (cf. Anexo I, quadro I.18).
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
81
CAPÍTULO VI AVALIAÇÃO DOS CENÁRIOS ENSAIADOS
Os cenários elaborados no Capítulo anterior apresentam configurações para o desenvolvi-
mento do golfe muito diversas pelo que seus impactes também serão muito diferentes.
Tendo em conta a metodologia que foi proposta no Capítulo III a avaliação de cada cená-
rio será feita com base em indicadores, propostos para cada domínio de avaliação enquan-
to que, para a comparação qualitativa dos três cenários, recorrer-se-á à "pirâmide" de
sustentabilidade, igualmente proposta como instrumento metodológico.
Na sequência da primeira fase do “Estudo sobre o Golfe no Algarve" foram calculados vá-
rios tipos de indicadores por domínio de avaliação que reflectem as relações observadas
entre as variáveis em presença. Os indicadores caracterizam situações médias, resultantes
da agregação dos dados de cada empreendimento de golfe.
Estes indicadores, calculados com base na observação de dados reais, assumem um ca-
rácter positivo, informando-nos da intensidade e direcção do impacte entre duas variáveis
com base numa relação causa-efeito.
A aplicação directa destes indicadores aos resultados dos cenários permite estimar os im-
pactes empresariais, económicos, sociais e ambientais de cada cenário para períodos con-
cretos do horizonte de cenarização. É esta a tradução prática do esquema da Figura III.2
do Capítulo III.
Podemos, no entanto, entender alguns desses indicadores, não como o resultado de rela-
ções agora observadas, mas numa óptica normativa, isto é: como poderiam ou deveri-
am ser essas relações. Neste sentido, podemos simular alguns dos impactes substituindo
o indicador médio observado por um indicador associado a uma situação onde o desem-
penho possa ser considerado mais eficiente ou eficaz.
Como exemplo, podemos considerar que os futuros campos de golfe e também os actual-
mente existentes não irão ter um consumo anual médio de água para rega igual a 11 000
m³/ha que foi o resultado observado, mas sim um consumo futuro de 4 210 m³/ha que é
Universidade do Algarve
82
equivalente à media observada para os 5 campos com menores consumos, por conseguin-
te verificar-se-ía uma poupança anual de 6 750 m³/ha por campo.
Este procedimento será aplicado ao domínio das incidências ambientais já que se conside-
rou no Relatório Preliminar que existia uma ampla margem de melhoria do desempe-
nho ambiental das operações e actividades de gestão dos campos de golfe, recorrendo à
adopção de boas práticas e das melhores tecnologias disponíveis (cf. Relatório Preliminar,
pág. 122 e ss.).
Para além deste aspecto que permite criar situações em que os impactes do mesmo cená-
rio podem ser diferentes, também será feita, na medida do possível, a distinção entre in-
dicadores de gestão e indicadores estruturais, a que podemos associar impactes de médio
prazo e de longo prazo, respectivamente. Como exemplo desta distinção podemos classifi-
car o indicador relativo à “área ocupada por campos de golfe” como um indicador estrutu-
rante do espaço da região, e o indicador “consumo de água para rega” (medido em
m³/ha) como um indicador de gestão.
VI.1 IMPACTES SOBRE A COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL
O desenvolvimento do golfe tem sido entendido pelas autoridades locais e regionais como
uma das estratégias de posicionamento da região, enquanto destino de qualidade, procu-
rando realizar esforços para a captação de segmentos de turistas com maior valor acres-
centado que os consignados ao tradicional produto sol e praia. O objectivo de complemen-
tar e diversificar a actividade turística, com uma especial incidência na atenuação da sazo-
nalidade e dos respectivos efeitos negativos, lidera a actuação de todas as regiões turísti-
cas onde existe golfe, no entanto, as estratégias regionais surgem, quase sempre, na con-
tinuidade da actividade empresarial.
Os indicadores de impacte empresarial foram calculados em função dos custos e proveitos
determinados no plano de exploração estimado para um campo de golfe médio de 18 bu-
racos, com padrões de alta qualidade.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
83
VI.1.1 O PLANO DE EXPLORAÇÃO DO CAMPO TIPO
O plano de exploração da actividade consolida a informação recolhida nas demonstrações
de resultados de 14 campos de golfe, com os indicadores apurados nos inquéritos à ofer-
ta, à procura e aos stakeholders.
O plano refere-se a um campo de 18 buracos, chamado campo-tipo, com padrões de ele-
vada qualidade na manutenção e nos serviços.
A) PREMISSAS GERAIS
A avaliação da propriedade foi realizada admitindo que serão as empresas existentes a
desenvolverem os novos projectos, não sendo considerados, encargos financeiros. Admi-
tiu-se que os meios libertos gerados pela operação são suficientes para garantir o seu au-
tofinanciamento.
Os valores são considerados a preços correntes (com uma taxa de actualização de 3%),
os custos foram calculados com base em elementos históricos e tendo em conta uma evo-
lução normal.
Os fluxos financeiros foram faseados ao longo de 10 anos, tempo assumido como suficien-
te para recuperar o investimento.
A taxa de utilização do campo foi determinada pela análise da procura realizada no ponto
IV.1.2 (Pág. 53).
As amortizações foram calculadas assumindo um custo de 2% sobre o investimento.
A estrutura de custos e proveitos derivada do Plano de exploração surgem no Gráfico VI.1.
Universidade do Algarve
84
Gráfico VI.1 Estrutura do Plano de Exploração
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Proveitos Cash-flow deExploração
Custos
GreenfeesAluguerMerchandisingA&BebidasOutros
FSEPessoalOutros Enc.Estrutura
Amortizações
Resultados Antesde Impostos
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Expressas as principais variáveis do plano de exploração, no Gráfico VI.1, é possível identi-
ficar as principais fontes de receita (50% green fees, 23% aluguer e 12% compras) e os
principais custos (95% são fornecimento e serviços externos e pessoal). Os custos de ex-
ploração representam 60% dos proveitos. Com uma margem de 40%, o Estado absorve
12% dos resultados em impostos sobre lucros, quedando-se os dividendos da empresa
pelos 28%, dividendos estes que lhe permitem gerar um excedente financeiro igual a 43%
dos proveitos.
INDICADORES DE CARACTERIZAÇÃO
No Quadro VI.1 apresentam-se os valores para o ano 2020, resultantes da simulação dos
indicadores de caracterização da actividade de golfe no Algarve, para os diferentes cenári-
os.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
85
Quadro VI.1 Indicadores de Caracterização
Designação Unidades
Indicadores médios para um campo de 18 buracos
Cenário de referência
Cenário moderado
Cenário de massificação
Nº de campos Unidades 1 29,00 41,00 88,00
Gasto médio por volta Euros 121 120 101 87
Preço médio por volta Euros 61 60 51 43
Receita média directa ano por campo de golfe
Euros 3.721.521 4.432.845 2.661.617 1.047.639
Custo variável médio por campo de golfe
Euros 722.626 886.569 798.485 523.860
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O crescimento da oferta, não sendo acompanhado em igual proporção pela procura, re-
flecte-se negativamente no preço e consequentemente nas receitas. A tentativa de manter
os actuais padrões de qualidade conduzirá a uma quebra substancial nas receitas que, no
cenário massificado, descem para menos de metade.
INDICADORES ECONÓMICO FINANCEIROS
A análise da rendibilidade económica e financeira consubstancia-se em dois pontos fun-
damentais: a sustentabilidade da rendibilidade económica e financeira e a rendibilidade do
cenário.
A sustentabilidade do negócio resulta da margem de segurança que as empresas dispõem
para permanecer no mercado. Uma análise comparada do limiar de rendibilidade e encer-
ramento com o ponto de venda obtido para cada campo, permite verificar qual o cenário
onde a saída de empresas do mercado é mais provável.
Universidade do Algarve
86
Gráfico VI.2 Limiar de Rendibilidade e Encerramento para os Diferentes Cenários, 2020
Vendas
Vendas
Vendas
Limiar de encerramento
Limiar de rendibilidade
0
5
10
15
20
25
30
30
40
45
Volta
s
Cenário de Referência
Cenário Moderado
Cenário de Massificação
(x1000)
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O cenário de referência naturalmente é aquele que, teoricamente, apresenta maior
margem de segurança. Os campos vendem em média 41 mil voltas e poderiam vender
somente 17 mil voltas. No entanto esta margem de segurança é baseada numa sobreutili-
zação dos campos existentes, embora não conduzindo à saída de empresas do mercado,
pode significar a saída de clientes por insatisfação.
No cenário moderado as empresas venderão em média 30 535 voltas/ano e o limiar de
rendibilidade situa-se nas 17 609 voltas, o que significa que mesmo diminuindo a taxa de
utilização dos campos, estas estão a trabalhar 73% acima do ponto onde o lucro é nulo.
No cenário de massificação as empresas trabalharão no limiar de encerramento, situa-
ção que é economicamente insustentável a menos que, o golfe surja como uma actividade
subsidiária de outra como, por exemplo, o alojamento.
No quadro seguinte sistematiza-se um conjunto de indicadores económicos e financeiros
em que são comparados os campos médios de cada cenário com o campo-tipo. O objecti-
vo desta análise é caracterizar, de forma numérica, os diferenciais de valor e de sugerir
uma análise da rentabilidade do negócio baseada em função de quatro indicadores: Valor
Actual Líquido (VAL), Taxa Interna de Rendibilidade (TIR), Prazo Médio de Recuperação
do Investimento e Rácio Custo Benefício.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
87
Quadro VI.2 Indicadores Económicos e Financeiros
Designação Unidades
Indicadores médios para um campo de 18 buracos
Cenário de referência
Cenário moderado
Cenário de massificação
Limiar de rendibilidade nº de voltas 17.502 17.332 17.609 17.344
Gasto médio mínimo Euros 42 44 52 57
Limiar de encerramento nº de voltas 7.796 10.398 13.086 14.226
TIR ( Taxa Interna de Rendibilidade)
% 12% 33% 14% -
VAL ( Valor Actual Líquido) Euros 652.446 1.622.868 138.989 -584.176
Prazo Médio Recuperação do Investimento
Anos 8 anos e 3 meses
8 anos e 5 meses
12 anos e 4 meses
30 anos e 1 mês
Rácio Custo Benefício Unidades 0,92 0,99 1,00 1,00
Rendibilidade das vendas % 37% 44% 18% -20%
Investimento médio por campo de golfe
Euros 7.500.000 7.500.000 7.500.000 7.500.000
Cash flow de exploração médio por campo
Euros 1.380.602 2.064.045 580.165 -147.234
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O cash flow líquido de exploração mostra que as empresas obtêm, em todos os cenários,
excedentes de meios líquidos sobre os gastos inerentes à sua actividade, com excepção
do cenário de massificação.
Verifica-se que o cash flow gerado atinge os 2 milhões de euros/ano, valor equivalente a
47% das receitas no cenário de referência. A capacidade das empresas em operação gera-
rem excedentes financeiros diminui com o aumento do número de campos.
A análise da viabilidade económica revela uma situação francamente favorável, no cenário
de referência, com uma taxa interna de rendibilidade de 33%, líquida de impostos e um
valor actual ao custo de oportunidade de 5%, aproximadamente de 1,6 milhões de euros.
Na óptica da rentabilidade empresarial a manutenção da situação de excesso de procura é
favorável no curto prazo. No entanto, se o objectivo for de manter o nível de qualidade da
procura, diminuindo o índice de utilização dos campos, isso implicará, naturalmente, que
as receitas diminuam e, consequentemente, que a rendibilidade económica se altere. Mas
este é o preço de um negócio sustentável.
Universidade do Algarve
88
O cenário moderado gera um cash flow de exploração da ordem dos 500 mil euros ano,
aproximadamente 22% da receita média gerada. Com uma taxa interna de rendibilidade
de 14%, líquida de impostos e um VAL de 138 mil euros à taxa de 5%, continua a ser um
projecto economicamente viável e mais sustentável. Não gerando ganhos tão elevados o
cenário moderado aponta para uma utilização dos campos em torno das 30 000 vol-
tas/ano, que permite uma maior satisfação da procura, na medida em que o campo não
entra em saturação.
O cenário de massificação no prazo de 17 anos é economicamente inviável, seriam neces-
sários 30 anos para que as receitas geradas pelo projecto permitissem recuperar o inves-
timento. Só a partir dos 30 anos poder-se-ía esperar alguma rentabilidade dos 88 campos.
VI.2 IMPACTOS ECONÓMICOS E SOCIAIS
A análise dos impactos económicos e sociais do projecto é efectuada através do Valor
Acrescentado Bruto (VAB), gerado pela actividade, e tem por finalidade medir o impacte
do projecto sobre o crescimento do PIB, sobre o emprego e sobre o investimento. Os
principais critérios primários de avaliação económica e social dos efeitos seleccionados
pretendem medir:
§ O efeito económico => Gastos e Investimentos
§ O efeito em termos de valor acrescentado => Conta económica do sector
§ O efeito em termos de emprego => Emprego
§ O efeito social => avaliação custo - benefício
§ O efeito no desenvolvimento regional => Necessidades de alojamento.
VI.2.1 GASTOS ATRIBUÍDOS AO GOLFE
A análise dos impactes dos gastos atribuídos ao golfe sobre a economia do turismo no
Algarve, assume como ponto de partida os desafios e problemas económicos com que o
produto é hoje confrontado na região, nomeadamente em termos de preços, volume de
oferta e procura.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
89
Relativamente aos preços por volta verifica-se uma evolução positiva nos preços médios
praticados nos anos mais recentes (1999 a 2002), com um crescimento nominal na ordem
dos 7% a 9% ao ano para os preços médios por volta ao balcão e operadores. Claramente
acima da taxa de inflação e num período que já incorpora a tendência de valorização do
euro face à libra (moeda dominante da procura), esta evolução positiva traduz uma valori-
zação económica do recurso golfe que importa ter presente nos cenários de desenvolvi-
mento futuro.
Simultaneamente, deve-se questionar a tendência dos últimos anos de forte acréscimo da
oferta instalada, onde por exemplo em 2002 face a 2001 o crescimento do número de vol-
tas potenciais no Algarve atinge valores acima dos 14% de variação. Nesse mesmo perío-
do, embora a procura em valores absolutos continue a crescer, esta regista uma taxa de
crescimento anual claramente inferior, apenas cerca de 3%. Contrapondo com uma estru-
turação assente numa base de compromisso com a qualidade, quantificada através de um
número médio de voltas anuais por campo que não ultrapasse as 30.000, tal significa que
o Algarve está, em média, numa fase onde existe pressão pelo lado da procura (a evolu-
ção dos preços é disso indicador), o que tem motivado a devida resposta pelo lado da
oferta. Até onde este comportamento se manterá é a questão de sustentabilidade econó-
mica que se coloca.
O contributo para a resposta a esta área problema é agora explicitado pelo confronto dos
diferentes cenários em termos do seu desempenho económico regional, aferido através
dos indicadores expressos das despesas directas e indirectas geradas pela presença do
turista de golfe no Algarve, bem como da respectiva interpretação em termos de mercado,
qualidade e níveis de optimização económica.
Neste domínio assume-se o confronto com base nos valores globais dos indicadores no
horizonte do ano 2020, sendo que o Anexo I reflecte detalhadamente o comportamento
destes indicadores e dos respectivos valores intermédios nos anos de 2003, 2005, 2010,
2015 e 2020, (cf. Anexo I, Quadros I.21,I.22,I.23)
Universidade do Algarve
90
Quadro VI.3 Confronto de Indicadores por Cenário no Horizonte 2020
Indicadores: 2020 Referência Moderado Massificado
Procura estimada de golfistas (nº de jogadores) 268.048 278.206 278.206
Variação necessária de golfistas face à capacidade óptima instalada (30.000 voltas) -74.715 5.285 318.619
Despesa total dos golfistas no campo de golfe (directa) 196.364.499 199.238.592 130.434.480
Despesa total dos golfistas fora do campo de golfe (indirecta) 576.515.448 579.695.751 365.846.645
Despesa total com origem na estada de golfe (directa + indirecta) 772.879.947 778.934.343 496.281.126
Despesa média por golfista/dia no campo de golfe 76,55 74,83 48,99
Despesa média por golfista/dia fora do campo de golfe 224,74 217,73 137,41
Despesa média por golfista/dia durante a estada 301,29 292,57 186,40
Percentagem da despesa total de golfe face ao PIB atribuído ao turismo (WTTC) [2013] 11,1% 11,1% 7,9%
n.º de jogadores, euros a preços correntes
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Destacando alguns dos principais resultados, note-se que em termos do número de joga-
dores necessários para optimizar uma ocupação de 30.000 voltas anuais por campo, os
cenários revelam comportamentos claramente diferenciados. De facto, em 2020 o cenário
de referência apresenta um excesso de procura face à oferta disponibilizada dentro dos
parâmetros de qualidade assumidos pelo estudo, o cenário moderado está próximo de
uma situação de equilíbrio (ligeira pressão da procura) e o massificado revela um preocu-
pante défice de procura face à oferta.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
91
Gráfico VI.3 Défice de Jogadores por Cenário
2006 2010 2020
Cenário de Referência
Cenário Moderado
Cenário de Massificação
-350.000
-300.000
-250.000
-200.000
-150.000
-100.000
-50.000
0
50.000
100.000
Joga
dore
s
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Desta situação decorre imediatamente que os três cenários têm impactes distintos sobre o
equilíbrio do mercado e perfil do turista de golfe. No primeiro (referência) a pressão está
do lado da procura, o que motiva preços elevados mas abre espaço à saturação dos cam-
pos e consequente risco de degradação do produto; no segundo (referência) encontrar-se-
á uma situação próxima do ideal, isto é, existe praticamente um equilíbrio entre procura e
oferta para os parâmetros exigidos, o perfil de qualidade da oferta é preenchido com igual
representação qualitativa pelos turistas de golfe; o terceiro (massificação) é neste domínio
um cenário delicado em termos de rentabilidade económica e social, dada a perspectiva
de uma enorme pressão pelo lado da oferta em níveis onde a taxa ocupação já se encon-
tra muito reduzida, com a consequente quebra de preços e menor capacidade de investir
em padrões de oferta de qualidade.
A análise do indicador referente aos gastos totais gerados pela estada dos turistas de gol-
fe na região (gastos directos no campo mais indirectos fora deste), revela que os compor-
tamentos entre os cenários de referência e moderado são semelhantes, com alguma van-
tagem para o segundo no horizonte 2020, fruto de um ligeiro acréscimo da quantidade de
jogadores mas suficiente para compensar o ligeiro desacelerar dos preços que este cená-
rio compreende. Este cenário moderado consegue traduzir uma situação de mais jogado-
res e crescimento da despesa agregada, situação que é extremamente importante para
Universidade do Algarve
92
garantir a sustentabilidade dos multiplicadores económicos gerados pela presença destes
turistas no Algarve, isto é, deve-se ter presente que cerca de 3/4 da despesa destes turis-
tas no Algarve é realizada fora do campo, em gastos de estada complementares à activi-
dade do golfe.
Gráfico VI.4 Gastos Totais do Golfe (directos e indirectos) por Cenário
02040
6080
100120140160180200
2006 2010 2020
Cenário de Referência
Cenário Moderado
Cenário de Massificação
milh
ões
de e
uros
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Já o cenário de massificação traduz uma situação onde mais jogadores não significa em
termos proporcionais mais receitas para a região. A já referida pressão pelo lado da oferta
resultante da disponibilização de 88 campos assim implica, isto é, será esperada forte con-
corrência intra-regional, degradação dos preços do golfe que em limite poderão não cobrir
os custos, alteração do perfil de oferta e correspondente da procura, degradação das des-
pesas em alojamento e outras complementares à estada. A efectuar-se este é um ciclo
crítico para a economia regional.
Por último, a análise do indicador referente à despesa diária por jogador/dia durante a sua
estada no Algarve, permite reforçar a ideia da maior valência dos dois primeiros cenários
face à hipótese de massificação. No ano de 2020 quer no cenário de referência quer no de
crescimento moderado, este indicador ultrapassa os 300 euros/dia, facto assinalável pe-
rante as limitações de qualidade impostas à ocupação dos campos. No cenário de massifi-
cação, as tendências anteriormente descritas implicam uma forte alteração do perfil eco-
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
93
nómico da procura, situando-se este indicador em apenas 208 euros/dia no horizonte de
2020, colocando assim nessa data o turista de golfe em padrões tipo de consumidores de
produtos turísticos já massificados e de menor valor acrescentado.
Gráfico VI.5 Despesa Total por Jogador/Dia por Cenário
2006 2010 2020
Cenário de Referência
Cenário Moderado
Cenário de Massificação
0
50
100
150
200
250
300
350
euro
s
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Refira-se a terminar que também nos dois primeiros cenários se prevê que o golfe aumen-
te o seu peso relativo na economia do turismo da região, sendo que em ambos esta acti-
vidade e despesas complementares assumirem um valor equivalente a cerca de 12,1% do
PIB turístico de 2013 estimado para a região pelo WTTC (2003), enquanto na massificação
este crescimento relativo é reduzido em 3.9 pontos percentuais face aos primeiros cenári-
os. O desenvolvimento do golfe turístico no Algarve passa desta forma por uma situação
de compromisso de sustentabilidade entre os cenários de referência e moderado, com
maior ponderação para este último, elegendo-se o número de 41 campos como o limite
por excesso e não por defeito, sendo que na optimização da melhor situação económica
esta deve ter ainda em consideração os desempenhos ambientais, sociais e institucionais
do golfe.
VI.2.2 INVESTIMENTOS DIRECTOS
O investimento para a construção de um campo de golfe é proporcionalmente pequeno
face ao investimento necessário em urbanizações e hotéis.
Universidade do Algarve
94
Um campo de 18 buracos necessita para a sua construção de um mínimo de 50 ha. O pre-
ço do solo é normalmente a parte principal do custo. Partes também significativas são o
desenho e a construção do campo, que habitualmente requerem um mínimo de 2,5 mi-
lhões de euros, custo que varia em função das características do solo e custo dos dese-
nhadores e construtores.
O custo do solo, a construção bem como todos os gastos necessários em licenças, infra-
estruturas, edificação, equipamento e instalações complementares determina um investi-
mento mínimo de 7,5 milhões de euros.
No caso dos campos instalados no Algarve pode estimar-se que o investimento realizado
cifra-se já em 195 milhões de euros, do qual os terrenos e o desenho e construção do
campo representam mais de 83%.
Quadro VI.4 Principais Rubricas de Investimento
%
Terreno Campo 11,17
Terreno Instalações 0,31
Licenças 0,04
Alteração e Consolidação de Solos 0,80
Infra-Estruturas de Rega 6,96
Acessos 0,44
Edificações 4,41
Maquinaria 3,37
Desenho e Construção do Campo 72,18
Outros Investimentos 0,33
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Este investimento tem um efeito induzido nos sectores a montante e a jusante, sendo de
particular relevo a construção e obras públicas, em particular, nas infraestruturas e na
componente urbanística.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
95
O efeito urbanístico que nos interessa é o alojamento em hotéis por ser o alojamento tipo
que a maioria dos jogadores que se deslocam ao Algarve utiliza. Este ponto será desen-
volvido mais à frente.
Os investimentos induzidos de maior relevância são os custos associados à construção
turística e às infraestruturas. Admitindo que um campo de golfe pode gerar em média 150
novas camas, num hotel de cinco estrelas. Estima-se que o valor do investimento directo
possa ascender a 11 milhões de euros.
Quadro VI.5 Investimento Directo e Induzido
Investimentos Fórmula de cálculo Valor final
Campo de golfe 7.500.000
Infraestruturas/arranjos exteriores 10 000m² x 10 euros 100.000
Hotel 150 camas x 35m²/cama x 600 euros/m² 3.150.000
Encargos administrativos e com projecto 18% x (infraestruturas + hotel) 585.000
Total 11.335.000
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Admitindo que em torno do campo o investimento se resume a um hotel de 5 estrelas de
150 camas, o hotel e as infraestruturas associadas significam 34% do investimento direc-
to.
No quadro seguinte apresenta-se o investimento directo no campo de golfe e induzido,
admitindo o número de campos previstos em cada cenário com padrões de qualidade ele-
vados.
Universidade do Algarve
96
Quadro VI.6 Investimento Directo e Induzido em 2020 a preços de 2003
2020 Cenário de Referência
Cenário Moderado
Cenário de Massificação
N.º de hotéis n.º 3 13 21
N.º de campos n.º 29 41 88
Investimento directo 10³ Euros
Campos de golfe 11.250 101.250 453.750
Investimento Induzido 10³ Euros
Infraestruturas/ arranjos exteriores 300 1.300 2.100
Hotel 5 estrelas 10.711 40.950 66.150
Encargos administrativos e com projecto 1.982 7.605 12.285
Total 12.993 49.855 80.535
Inv. Directo + Induzido 10³ Euros 24.243 151.105 534.285
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O investimento marginal decorrente da instalação de mais um campo de golfe situa-se
entre os 10 571 mil euros (do cenário de referência para o moderado) e de 8 152 mil eu-
ros (do cenário moderado para o massificado). Um cenário de 88 campos pode gerar uma
receita de 534 milhões de euros na região, em termos de edificado e a manterem-se os
actuais padrões significaria uma área de construção de aproximadamente 110 ha, excluin-
do a área ocupada pelos campos que poderá ascender a 4400 ha.
VI.2.3 CONTA ECONÓMICA DO SECTOR
O VAB gerado pela actividade permite medir a importância relativa dos campos no cresci-
mento económico da região. Na medida em que o crescimento potencial do sector do gol-
fe é equivalente à taxa de crescimento do VAB.
O valor acrescentado previsional calcula-se pela diferença entre o valor da produção das
empresas e o valor dos bens e serviços recebidos de outras entidades exteriores ao sec-
tor. O gráfico seguinte mostra a evolução do VAB nos três cenários.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
97
Gráfico VI.6 Evolução do VAB Gerado pela Actividade de Golfe nos três Cenários
-100
-50
0
50
100
150
200
250
2003 2005 2010 2015 2020
milh
ões
de e
uros
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O VAB cresce a uma taxa de 4,5% no cenário de referência, muito superior ao crescimen-
to previsto para a procura e a uma taxa de 1,18% no cenário moderado, abaixo da taxa
de crescimento da procura. No cenário massificado o valor acrescentado é nulo em 2010,
data a partir da qual o VAB assume valores negativos crescentes até 2020.
O VAB traduz-se no somatório das remunerações aos factores de produção, trabalho, capi-
tal, empresário e fiscalidade. A distribuição do VAB pelos principais agentes económicos,
em termos brutos reflecte a conta económica do sector. A Conta Económica apresentada
desagregada por agentes económicos, apenas se refere aos efeitos primários directos, isto
é àqueles que têm expressão imediata na contabilidade do sector.
Universidade do Algarve
98
Gráfico VI.7 Conta Económica do Sector
-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
Cenário de Referência Cenário Moderado Cenário de Massificação
Fam
ílias
Esta
do
Empr
esas
VAB
Fam
ílias
Esta
do
Empr
esas
VAB
Fam
ílias
Esta
do
Empr
esas
VAB
2003 21 26 48 95 21 25 48 94 21 25 48 94 2005 23 20 34 76 22 20 35 77 22 20 34 75 2010 28 24 41 93 33 14 14 61 36 11 -9 39 2015 32 37 67 136 43 15 10 68 64 20 -105 -21 2020 36 55 107 198 51 29 36 116 107 34 -235 -94
2003
2005
2010
2015
2020
2003
2005
2010
2015
2020
2003
2005
2010
2015
2020
Estado
Famílias
Empresas
milh
ões
de e
uros
unidade: milhões de euros
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Uma análise por cenário permite identificar os seguintes traços:
No cenário de referência:
§ Pode observar-se que mais de 50% do VAB gerado pelo golfe será absorvido
pelas empresas. As famílias e o Estado absorvem respectivamente 18 e 28%;
§ É interessante notar que as famílias perdem peso ao longo do período, funda-
mentalmente porque os lucros das empresas crescem a uma taxa de 4,8%, dilu-
indo assim o efeito dos custos com o pessoal na estrutura de custos da empre-
sa.
No cenário moderado:
§ A distribuição do VAB por agentes inverte em 2020, fruto da diminuição gradual
de lucros gerados pelas empresas, à medida que aumenta o número de campos
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
99
(em 2003 as empresas existentes absorvem 51% do VAB e em 2020 absorverão
31%);
§ O Estado mantêm a sua posição em torno dos 25%, são claramente as famílias
as grandes responsáveis pela absorção do VAB no ano 2020 (44% em 2020,
contra 22% em 2003), facto a que não é alheio a premissa de manutenção dos
actuais padrões de qualidade.
No cenário de massificação
§ O VAB em 2020 é negativo, reflexo duma política de funcionamento das empre-
sas no limiar de encerramento com prejuízos iguais aos custos fixos;
§ Manter padrões de qualidade elevados significa distribuir às famílias, um Valor
Acrescentado de 107 milhões de euros, quando o VAB gerado é -94 milhões de
euros;
§ As receitas do Estado referem-se apenas às retenções referentes à Segurança
Social dos funcionários;
§ Em termos de empresas, aquilo que podemos designar por “sinal vermelho”
(ponto em que o VAB passa a negativo) surge no ano 2010 (com 39 campos).
VI.2.4 EMPREGO GERADO PELO GOLFE
A criação de emprego directo pelo golfe surge das seguintes actividades: instalações pró-
prias, restaurantes e bares anexos ao golfe, comercialização de equipamento desportivo,
dormidas dos turistas de golfe nos resorts turísticos e manutenção do campo de golfe.
Um campo médio de 18 buracos emprega 30 pessoas. Ao nível regional o golfe representa
cerca de 6% do volume de emprego gerado no sector turístico. Ao nível do emprego e, a
manterem-se as actuais condições de exploração, com o mesmo padrão de qualidade,
quanto maior for o número de campos maior é o impacto do golfe na geração de empre-
go.
Universidade do Algarve
100
Quadro VI.7 Indicadores de Emprego Directo
Designação Unidades
Indicadores médios para um campo de 18 buracos
Cenário de referência
Cenário moderado
Cenário de massificação
Emprego Nº 30 870 1230 2640
Participação do emprego na região
% 0,22% 6,5% 9,1% 19,6%
Custo médio empregado/campo/mês
Euros 1.532 1.557 1.541 1.544
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Para além destas actividades, o golfe gera emprego directo e indirecto de mais difícil
quantificação em outras actividades, como sejam: agências imobiliárias, actividades turís-
ticas não hoteleiras, tais como intermediários turísticos, restaurantes e bares, táxis, agên-
cias de aluguer de automóveis sem condutor e comércio, construção de urbanizações e
hotéis. O emprego gerado por outras actividades é de valor superior, na medida em que
movimenta quase toda a estrutura económica da região.
Devido às boas condições atmosféricas é possível manter abertos os campos durante todo
o ano, garante da estabilidade dos empregos gerados.
A criação de emprego associada à relativa estabilidade do mesmo, constituem valor acres-
centado do golfe para o desenvolvimento económico e social da região.
No Algarve o custo médio por empregado, no turismo de golfe é de 900 euros/mês. Na
actividade de golfe um empregado custa em média 1500 euros, o que significa uma re-
muneração superior à média em cerca de 50%. Facto que indicia melhores condições de
exploração e menor rotatividade dos funcionários.
VI.2.5 INDICADORES DE IMPACTO SOCIAL
A grandeza absoluta do valor acrescentado constitui uma medida da importância deste. No
entanto é possível relacionar-se o valor acrescentado com outras grandezas, como medi-
das de impacto económico, nomeadamente: intensidade de capital, intensidade de mão-
de-obra e efeito distributivo do rendimento.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
101
Quadro VI.8 Indicadores de Impacto social
Designação Unidades
Indicadores médios para um campo de 18 buracos
Cenário de referência
Cenário moderado
Cenário de massificação
Peso dos campos no VAB da região1
% 0,07% 2,8% 1,9% 1,1%
Coeficiente capital/produto Nº 0,3 0,41 0,2 0,05
Taxa Interna Social % 22% 63% 58% 6%
Coeficiente capital/emprego
Euros 250.000 250.000 250.000 250.000
Produtividade Média Euros 75.318 103.206 83.036 47.045
Efeito Distributivo % 44% 32% 59% 27%
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O cenário de referência é o que origina maior crescimento regional, com um VAB anual de
3 milhões de euros, contribui para a formação do produto regional em 2,8%.
O coeficiente médio capital produto mostra que por cada unidade de capital investida o
produto social associado ao projecto cresce 41% no cenário de referência e 20% no mo-
derado. No cenário massificado este crescimento fica-se pelos 5%. O que significa que o
beneficio social é 0,41 vezes superior ao custo social, no caso da implantação de 29 cam-
pos; 0,2 vezes superior no caso de serem 41 campos e 0,05 vezes para os 88 campos.
A produtividade social do investimento no projecto é medida pela taxa interna social e
permite aferir uma rendibilidade social do projecto da ordem dos 63% no cenário de refe-
rência, 58% no moderado e muito próximo de zero (6%) no cenário massificado. Em ter-
mos sociais a implantação de 29 ou 41 campos é relativamente indiferente, nos dois casos
os benefícios sociais são bastante superiores aos custos sociais. No caso dos 88 campos, o
custo social está muito próximo do proveito social.
A produtividade média situa-se entre os 83 mil euros e 100 mil euros, com um número de
campos que varia entre 29 e 41, caindo para mais de metade quando o número de cam-
pos sobe para 88.
1 PIB gerado por turismo (WTTC - 103 euros) 3.190.380
Universidade do Algarve
102
Dum modo geral o capital investido em qualquer dos cenários gera 250 mil euros de mão-
de-obra necessária, revelando o interesse social do investimento golfe na região.
O efeito distributivo do rendimento revela-nos o impacto de distribuição do rendimento
gerado pelas famílias, Estado e empresas. O cenário moderado apresenta um efeito distri-
butivo de 59%, quase o dobro do efeito difusor verificado no cenário de referência.
VI.2.6 ESTIMAÇÃO DAS NECESSIDADES DE ALOJAMENTO
A falta de alojamento em hotéis de qualidade pode constituir-se como um dos principais
obstáculos ao desenvolvimento do golfe na região. Por esta razão, entendeu-se que, a
cada cenário, deveria ser associado uma componente de desenvolvimento hoteleiro.
A metodologia adoptada permitiu quantificar as necessidades efectivas deste tipo de alo-
jamento. Não foram estimadas outras variantes de alojamento, porque implicariam a con-
sideração de hipóteses muito pouco realistas quanto à localização.
No quadro seguinte resumem-se as necessidades de alojamento estimadas na região por
cenário, particularizando cada uma das zonas de per si.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
103
Quadro VI.9 Necessidades de Alojamento
2003 2005 2010 2015 2020
camas hotéis camas hotéis camas hotéis camas hotéis camas hotéis
Cenário de referência
Ocidental 90 1 90 1 90 1 90 1 90 1
Central 0 0 0 0 179 1 179 1 179 1
Oriental 186 1 192 1 208 1 225 1 241 2
Algarve 276 2 282 2 478 3 494 3 510 3
Cenário moderado
Ocidental 90 1 90 1 171 1 489 3 489 3
Central 0 0 0 0 329 2 668 4 752 5
Oriental 186 1 379 3 629 4 687 5 750 5
Algarve 276 2 469 3 1130 8 1844 12 1990 13
Cenário de massificação
Ocidental 90 1 90 1 314 2 781 5 1236 8
Central 0 0 0 0 399 3 742 5 1091 7
Oriental 186 1 379 3 629 4 687 5 750 5
Algarve 276 2 469 3 1342 9 2210 15 3077 21
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O resultado obtido indica um défice de alojamento em hotéis em todas as zonas, muito
embora seja a zona Oriental que concentra a maior necessidade de infraestruturas deste
tipo.
Dos resultados obtidos consegue estimar-se o efeito multiplicador do aumento da oferta
face às necessidades de aumento do número de camas. Um novo campo de golfe médio
de 18 buracos necessita de um mínimo de 150 “camas” novas.
O cenário moderado prevê um crescimento médio anual da oferta que se cifra em 2,7%,
que conduz a uma situação de sobreutilização dos hotéis existentes na zona Central e à
carência de infraestruturas de 4 e 5 estrelas na zona Oriental.
No cenário de massificação, um crescimento da oferta de 7,4% ao ano, significa a instala-
ção de mais 60,5 campos equivalentes a 18 buracos e 21 hotéis com uma dimensão média
de 150 camas por hotel. Curiosamente é a zona Ocidental que concentra a maior necessi-
dade de infraestruturas hoteleiras.
Universidade do Algarve
104
VI.3 IMPACTES SOBRE O AMBIENTE
Neste capítulo serão apresentados os resultados da simulação dos indicadores ambien-
tais e agro-ambientais desenvolvidos no Relatório Preliminar, para os três cenários
apresentados anteriormente, para o final do horizonte de estudo (ano 2020). Nesta análi-
se considerou-se uma selecção actualizada dos indicadores mais relevantes à escala regi-
onal (Anexo III - Ambiente), tendo sido utilizados os valores médios do leque de indicado-
res desenvolvidos, normalizados, na maioria dos casos, por área de campo. Tal como foi
anteriormente referido, procurou-se determinar, para cada um destes indicadores, o valor
correspondente a uma variante alternativa, que considerasse uma melhoria dos níveis
médios de desempenho ambiental e agro-ambiental dos campos de golfe no Algarve.
Deste modo, sempre que possível, os impactes de cada cenário sobre o ambiente serão
analisados face a duas variantes:
Variante 1 – Gestão ambiental e agro-ambiental correspondente à média dos valores dos
indicadores detectados no Relatório Preliminar (cf. Relatório Preliminar, pág. 80 e seguin-
tes);
Variante 2 – Gestão ambiental e agro-ambiental de elevada qualidade, equivalente a va-
lores normativos (quando aplicável) ou à média dos indicadores para os 5 campos com
melhor desempenho ambiental de acordo com a informação do Relatório Preliminar.
A) SIMULAÇÃO DOS INDICADORES ESTRUTURANTES
Os indicadores ambientais e agro-ambientais de natureza estruturante que foi possível
analisar nesta fase prendem-se com duas questões essenciais que foram previamente
identificadas como problemas estruturantes do golfe: a integração dos campos nos ins-
trumentos de gestão do território e a existência/custos das infra-estruturas associadas ao
consumo de água para rega dos campos.
No Quadro VI.10 apresentam-se os valores da simulação dos indicadores relativos à área
ocupada por empreendimentos com campo de golfe associado, em cada uma das 3 zonas
consideradas.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
105
Quadro VI.10 Área Ocupada por Empreendimentos com Campos de Golfe, nas 3 Zonas do Algarve, em cada Cenário
Indicador Unidade Cenário de referência
Cenário moderado
Cenário de massificação
Área ocupada por campos de golfe – Zona Ocidental % 0,78 0,99 2,62
Área ocupada por campos de golfe – Zona Central % 2,25 3,53 5,29
Área ocupada por campos de golfe – Zona Oriental % 0,33 0,63 1,66
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O objectivo desta análise da ocupação “física” do território por empreendimentos com
campos de golfe, seria constituir o ponto de partida para a avaliação das implicações de
cada cenário sobre a área ocupada em cada uma das classes do mapa síntese de condici-
onantes de ordenamento do território, apresentado no Capítulo IV. No entanto, tal não foi
possível uma vez que não existe informação cartográfica disponível para todos os campos
existentes nem para todas as pretensões conhecidas. Ainda assim, é apresentada no
Quadro VI.11, a título ilustrativo, uma simulação que compara uma situação próxima do
cenário de referência (29 campos equivalentes) com uma situação intermédia entre os
cenários moderado (41 campos equivalentes) e de massificação (88 campos equivalentes).
Para este efeito considerou-se a informação relativa à área das classes A, B e C do mapa
de condicionantes, e a sua sobreposição com a informação cartográfica disponível para 24
campos equivalentes em funcionamento e para 24 campos equivalentes de pretensões
conhecidas.
Universidade do Algarve
106
Quadro VI.11 Distribuição da Área Total de Campos de Golfe pelas três Classes do Mapa Síntese de Condicionantes
Indicador Unidade 24 campos
equivalentes 48 campos
equivalentes
Área de campos de golfe situada na classe A % 22,9 22,1
Área de campos de golfe situada na classe B % 96,9 73,8
Área de campos de golfe situada na classe C % 24 34
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Pode observar-se que 22,9 % da área de 24 campos equivalentes em funcionamento se
situa em áreas de interesse para a conservação da natureza (Classe A), sendo que cerca
de 97% da área total desses campos se sobrepõe igualmente com áreas de protecção de
recursos (Classe B; e.g. Reserva Ecológica Nacional).
Esta situação, que se pode considerar próxima da do cenário de referência, poderá ser
alterada com a hipotética aprovação das referidas pretensões de campos de golfe. Em
particular, seria expectável uma diminuição da área relativa de campos situados na Classe
B e uma ligeira diminuição dos campos que se sobrepõem com a Classe A. No entanto,
deve realçar-se que, podendo um mesmo campo sobrepor-se com mais do que uma das
classes de condicionantes, esta análise não pretende inferir sobre os aspectos ligados ao
licenciamento dos campos, mas sim reflectir uma tendência necessária a qualquer cenário
de expansão da actividade.
No que respeita à simulação dos consumos de água por origem e custos associados, obti-
veram-se os resultados expressos no Quadro VI.12. Os valores considerados dependem
naturalmente das medidas de gestão adoptadas pelos campos de golfe, mas são aqui con-
siderados uma vez que se encontram intimamente ligados com a criação de opções estru-
turais de longo prazo. Neste sentido, refira-se como exemplo a necessidade de viabilizar
infra-estruturas e soluções técnicas que permitam o aumento efectivo do consumo de
água residual tratada, tal como sugere a variante 2 dos cenários apresentados.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
107
É de salientar que os custos totais do consumo de água em cada cenário/variante, são o
resultado do produto dos custos unitários pelos valores da simulação dos consumos de
água de cada origem (Anexo III - Ambiente).
Quadro VI.12 Simulação dos Consumos de Água (por Origem) e Custos Associados
Cenário de Referência Cenário Moderado
Cenário de Massificação
Simulação dos Indicadores
Ambientais e Agro-ambientais Unidades Variante 1 Variante 2 Variante 1 Variante 2 Variante 1 Variante 2
Consumo de água superficial para rega dos campos de golfe
hm³ 1,54 0,24 2,18 0,33 4,69 0,72
Consumo de água subterrânea para rega dos campos de golfe
hm³ 9,99 3,65 14,1 5,17 30,3 11,10
Consumo de água residual tratada para rega dos campos de golfe
hm³ 0,48 0,99 0,67 1,40 1,45 3,00
Consumo de água de abastecimento público para rega dos campos de golfe
hm³ 0,69 0 0,98 0 2,10 0
Custo da água de origem subterrânea
10³ € 2400 877 3390 1240 7280 2660
Custo da água de origem superficial
10³ € 309 47,10 437 66,60 937 143
Custo da água de abastecimento público
10³ € 152 0 216 0 463 0
Custo da água residual tratada
10³ € 95,30 198 135 280 289 600
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
B) SIMULAÇÃO DOS INDICADORES DE GESTÃO
Na simulação dos indicadores ambientais e agro-ambientais apresentados no Quadro
VI.13, para além dos dados de base associados aos indicadores de cada variante, conside-
rou-se uma área média de 40 hectares para um campo de golfe no Algarve (resultado do
Universidade do Algarve
108
inquérito realizado aos campos de golfe), sendo que, em média, 5 % deste valor corres-
ponde a greens, 10 % a tees, 60 % a fairways e 25 % a roughs.
Quadro VI.13 Simulação dos Indicadores de Gestão Ambiental e Agro-ambiental
Cenário de Referência Cenário Moderado
Cenário de Massificação
Simulação dos Indicadores
Ambientais e Agro-ambientais Unidades Variante 1 Variante 2 Variante 1 Variante 2 Variante 1 Variante 2
Consumo total de água para rega dos campos de golfe
hm³ 12,7 4,88 18,0 6,90 38,60 14,80
Consumo de electricidade GWh 6,66 1,61 9,41 2,28 20,20 4,89
Consumo de Fitofármacos t 9 3,62 12,70 5,11 27,30 11
Consumo total de Fertilizantes t 711 185 1000 261 2160 560
Consumo de adubos nos Greens/Tees:
Azoto (N) t 41,80 43,50 59 61,50 127 132
Fósforo (P2O5) t 13,90 17,40 19,70 24,60 42,20 52,80
Potássio (K2O) t 43,50 34,80 61,50 49,20 132 106
Consumo de adubos nos Fairways/Roughs:
Azoto (N) t 197 148 279 209 598 449
Fósforo (P2O5) t 59,20 98,60 83,60 139 180 299
Potássio (K2O) t 128 148 181 209 389 449
Produção total de resíduos t 2640 1310 3730 1860 8010 3990
Produção de resíduos verdes t 2100 633 2970 894 6370 1920
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
109
A análise dos resultados apresentados no Quadro VI.13. pode ser efectuada através da
comparação das duas variantes dentro do mesmo cenário, ou entre cenários distintos.
Neste sentido, será importante salientar que:
§ Em cada um dos cenários, a variante 2 representa, face à respectiva variante 1,
um potencial de poupança de cerca de 60 % de água para rega, 75 % de elec-
tricidade consumida, 60 % do consumo de fitofármacos, 74 % do consumo total
de fertilizantes, 50 % da produção total de resíduos e 70 % da produção de re-
síduos verdes;
§ Para os indicadores “Consumo total de água para rega dos campos de golfe”,
“Consumo de electricidade”, “Consumo de fitofármacos”, “Consumo total de fer-
tilizantes”, “Produção total de resíduos” e “Produção de resíduos verdes”, a vari-
ante 2 do cenário de referência constitui a situação que reflecte o melhor de-
sempenho ambiental de todas as opções analisadas;
§ Para os indicadores “Consumo total de água para rega dos campos de golfe”,
“Consumo de electricidade”, “Consumo de fitofármacos”, “Consumo total de fer-
tilizantes”, “Produção total de resíduos” e “Produção de resíduos verdes”, a vari-
ante 2 do cenário moderado reflecte uma situação mais favorável do que a vari-
ante 1 do cenário de referência;
§ Para os indicadores “Consumo de electricidade”, “Consumo total de fertilizan-
tes”, e “Produção de resíduos verdes”, a variante 2 do cenário de massificação
ainda reflecte uma situação preferencial face à variante 1 do cenário de referên-
cia.
Os resultados apresentados permitem concluir que a variante 2 do cenário de referência
configura a melhor situação possível em termos da análise regional das pressões ambien-
tais geradas pelo conjunto dos campos de golfe do Algarve. Isto significa que, nesta pers-
pectiva, a situação ideal implica estabilizar o número de campos existentes na região pró-
ximo dos 29 campos equivalentes e implementar um conjunto de medidas que visem
aproximar a média do desempenho ambiental dos campos aos valores obtidos para a vari-
ante 2 neste cenário.
Universidade do Algarve
110
Por outro lado, a análise efectuada revelou que é possível, em termos teóricos, aumentar
o número de campos em funcionamento sem que as pressões induzidas sobre o sistema
ambiental se agravem face à situação actual (que é próxima da verificada na variante 1 do
cenário de referência). Para tal, é imperativo que se proceda a um investimento na melho-
ria do desempenho ambiental da generalidade dos campos. Por exemplo, com 41 campos
equivalentes a funcionar com elevada qualidade seria possível obter um desempenho am-
biental superior ao de 29 campos equivalentes que produzissem resíduos e consumissem
água, electricidade, fertilizantes e fitofármacos à taxa média actual.
É importante realçar que a variante 2 que foi apresentada deve ser encarada numa pers-
pectiva proactiva. Uma vez que a sua definição é suportada por valores de indicadores
relativos a consumos e produções revelados num inquérito aos próprios campos e não em
valores normativos, a sua aceitação tem um carácter voluntário que é, no entanto, uma
premissa base de qualquer filosofia integrada de abordagem aos problemas ambientais.
Para além disso, verifica-se ainda que nalguns casos as soluções preconizadas por esta
variante (tal como o aumento do consumo de água residual tratada) implicam o suporte
de infra-estruturas adequadas que necessitam ser analisadas à escala local (tal como será
descrito no Capítulo VII).
Verificou-se também que alguns dos indicadores que estão na base da simulação da vari-
ante 2, se aproximam do desempenho ambiental de campos que implementaram sistemas
ou programas de gestão ambiental. Neste sentido, os valores obtidos para a simulação
dos indicadores nesta variante (em qualquer dos cenários) representam elevados benefíci-
os face à variante 1. Este facto deve oferecer um incentivo à melhoria contínua do de-
sempenho ambiental dos campos em funcionamento, tanto mais que à redução dos con-
sumos estão normalmente associadas vantagens económicas.
De acordo com o acima exposto, considera-se que os resultados da simulação dos cenári-
os em estudo permitem alertar para a necessidade de estabelecer uma política integrada
para a região, através da qual se estabeleçam objectivos e metas quantitativas que visem
uma progressiva redução das pressões ambientais geradas pela actividade global dos
campos de golfe no Algarve.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
111
Finalmente, refira-se ainda que é estritamente necessário enquadrar esta análise num
contexto local, em conformidade com os instrumentos de protecção e ordenamento do
território. A análise global para a região que aqui foi apresentada encontra-se, necessari-
amente, a jusante da avaliação dos aspectos de localização e licenciamento dos campos.
Por outro lado, tal como descrito no Capítulo IV, na elaboração dos cenários em estudo
procurou-se incluir a informação disponível para as pretensões conhecidas. Este facto
permite concluir que um cenário de massificação, onde se incluam todas as pretensões
actualmente conhecidas, implicaria elevados custos ambientais em termos de
(des)afectação de áreas de conservação da natureza e protecção dos recursos.
VI.4 COMPARAÇÃO DOS CENÁRIOS
O conceito de sustentabilidade assenta na compatibilização de 3 vectores do desenvolvi-
mento: o ambiente, ambiente (variante 2), a empresa e a economia regional.
Tal como apresentado no Capítulo III (Metodologia Geral), o exercício de análise prospec-
tiva sobre o futuro da indústria do Golfe no Algarve, baseou-se na denominada “pirâmide”
de sustentabilidade (Figura III.3). A cadeia de impactes potenciais do Golfe nas áreas em-
presarial, socio-económica e ambiental, determinada a partir dos indicadores desenvolvi-
dos, permitiu situar cada um dos cenários em estudo nesta pirâmide.
De forma qualitativa, pode analisar-se a distância de cada cenário (triângulo a cinzento na
Figura III.3) ao vértice superior da pirâmide (ou centro do triângulo na vista de topo), que
representa a situação ideal em termos de sustentabilidade.
No quadro seguinte apresentam-se as ponderações atribuídas por domínio de análise que
permitiram localizar cada cenário na pirâmide.
Universidade do Algarve
112
Quadro VI.14 Posicionamento de cada cenário em relação à sustentabilidade
Domínios de análise Cenário de referência Cenário moderado
Cenário de massificação
Ambiente ⊗⊗⊗ ⊗⊗ ⊗
Empresa ⊗⊗⊗ ⊗⊗ ⊗
Economia Regional ⊗ ⊗⊗⊗ ⊗⊗
Escala: ⊗ afastado; ⊗⊗ próximo; ⊗⊗⊗ muito próximo
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
A ponderação qualitativa da sustentabilidade identificada no quadro anterior surge repre-
sentada na pirâmide de sustentabilidade (cf. figura VI.2).
Figura VI.1 Pirâmide de Sustentabilidade
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Um cenário é considerado mais sustentável à medida em que se situar mais próximo do
centro do triângulo o que equivale ao nível qualitativo máximo de complementaridade en-
tre a competitividade empresarial, a protecção do ambiente e o desenvolvimento regional.
Na Figura VI.2 apresenta-se o posicionamento dos cenários analisados: cenário de refe-
rência, moderado e de massificação. Nesta primeira análise, consideraram-se apenas os
impactes ambientais da variante 1 (desempenho ambiental dos campos igual à média dos
indicadores calculados). Pode observar-se que as áreas correspondentes aos triângulos
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
113
desenhados para o cenário de referência e moderado são bastante inferiores à área do
cenário de massificação. Nesta análise figurativa, isto significa que o cenário de massifica-
ção é o que se distancia mais do ponto central de sustentabilidade. No confronto directo
entre o cenário de referência e moderado, pode constatar-se que existe um trade-off en-
tre os vértices de impacte. O cenário de referência possui um menor impacte ambiental
negativo, no entanto, embora seja o cenário que gera maiores ganhos na competitividade
empresarial, estes surgem associados a uma situação de sobrelotação dos campos. Uma
análise comparada com o cenário moderado revela que a amplitude do intervalo de varia-
ção dos ganhos empresariais não são significativos se comparados com a situação de ex-
celência conseguida ao nível da ocupação dos campos.
O cenário de massificação obtém o pior desempenho (afastamento do centro) em termos
dos impactes ambiental e empresarial. A nível da economia regional os ganhos decorren-
tes deste cenário crescem a uma taxa decrescente, colocando-o numa situação de quase
indiferença com o cenário moderado.
Figura VI.2 Posicionamento dos Cenários na Pirâmide de Sustentabilidade - Variante 1
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Universidade do Algarve
114
Ao considerar a representação da variante ambiental de melhor qualidade, pode observar-
se na Figura VI.3 que as áreas de impacte de cada triângulo/cenário, se reduzem substan-
cialmente.
A situação ambiental ideal, de entre todas as opções analisadas, é verificada no cenário de
referência através da variante 2.
Por outro lado, a variante 2 do cenário moderado, representaria uma melhoria em termos
de desempenho ambiental global dos campos de golfe do Algarve, não apenas relativa-
mente à variante 1 do cenário moderado, mas também face à variante 1 do cenário de
referência. Para tal, seria necessário implementar um conjunto de medidas que aproxi-
massem a média do desempenho ambiental dos campos aos valores obtidos para a vari-
ante 2, sem esquecer a necessidade prévia de acautelar a localização e a avaliação de im-
pacte ambiental dos novos campos previstos neste cenário.
Figura VI.3 Posicionamento dos Cenários na Pirâmide de Sustentabilidade - Variante 2
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
A Figura VI.4 combina as diferentes fronteiras de possibilidades de expansão sustentável
do golfe, na óptica da empresa, da economia regional e do ambiente.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
115
Figura VI.4 Área de Expansão Sustentável do Golfe, na Óptica da Empresa, da Economia Regional e do Ambiente
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Conclui-se que as primeiras opções de planeamento e desenvolvimento sustentável do
golfe no Algarve devem recair sobre os cenários de referência e moderado (respectiva-
mente 29 e 41 campos de golfe equivalentes a 18 buracos em 2020).
O cenário moderado apresenta um maior benefício económico agregado (despesas totais),
facto que não deve ser negligenciado dados os efeitos multiplicadores que o golfe gera
sobre os restantes sectores integrados na fileira de produção turística. Ao nível da empre-
sa é também o cenário moderado que se afigura como o mais sustentável. Embora o ce-
nário de referência permita obter lucros maiores no curto prazo, estes dividendos resultam
de uma situação de excesso de procura, situação que não pode ser mantida no longo pra-
zo. Por sua vez, a amplitude de variação dos ganhos resultantes da situação de referência
quando comparados com os ganhos decorrentes duma situação de excelência ao nível da
procura (cenário moderado), não justificam o risco.
Cumulativamente, como é o cenário moderado que permite em termos físicos uma maior
proximidade entre procura e oferta para os níveis de ocupação eleitos, sugerindo uma re-
lação de preços óptima para ambos os lados da equação, garante a não existência de um
excesso de pressão pelo lado da procura (logo a não indução da oferta em ultrapassar
níveis óptimos de ocupação) e garante também o não excesso de pressão pelo lado da
oferta (perigo de degradação de preços e qualidade).
Universidade do Algarve
116
Daqui resulta que face ao superior desempenho económico e tendência de convergência
para o equilíbrio em níveis de qualidade optimizados, o cenário moderado é aquele que
deve constar na economia como primeira opção no desenvolvimento do produto turístico
golfe no Algarve.
Por último, face aos aspectos críticos evidenciados no cenário de massificação, defende-se
que a existirem desvios na evolução sugerida para 41 campos em 2020, é preferível no
domínio dos resultados económicos de âmbito regional que estes desvios de percurso se-
jam sempre balizados pelo cenário de referência, isto é, o planeamento e desenvolvimento
económico do golfe no Algarve deve assumir o número de 41 campos como o limite por
excesso e não por defeito.
Num quadro de expansão do número de campos até este limite, tal como foi referido an-
teriormente, seria necessário adoptar um conjunto de medidas que permitissem aproximar
a média do desempenho ambiental dos campos aos valores obtidos para a variante 2, de
modo a que o cenário moderado não implicasse um aumento das pressões ambientais
geradas pelo funcionamento dos novos campos de golfe que, por sua vez, produzem im-
pactes no capital natural da região.
Na Figura VI.5 apresenta-se a área de expansão sustentável do golfe, destacando a im-
portância que o desempenho ambiental tem na expansão do golfe. As implicações das
duas variantes analisadas traduzem-se no facto de a variante 2 permitir aumentar a área
de expansão sustentável da actividade, o que se traduz num posicionamento global de
cada cenário a um nível mais próximo do vértice superior da pirâmide de sustentabilidade
considerada.
Pode verificar-se ainda que a partir dos 41 campos equivalentes, pelo menos uma das
áreas de impacte não permite a expansão sustentável do golfe no Algarve.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
117
Figura VI.5 Área de Expansão Sustentável do Golfe – Variantes 1 e 2
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Conclui-se que o número de campos económica, empresarial e ambientalmente sustentá-
vel deve situar-se entre os 29 e os 41 campos.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
119
CAPÍTULO VII O GOLFE E OS RECURSOS DA REGIÃO
O desenvolvimento de uma Região depende de um conjunto de actividades que usam re-
cursos naturais, recursos humanos e tecnologias. O desenvolvimento será tanto mais ele-
vado e tanto mais sustentável quanto maior for o grau de competitividade das suas activi-
dades e das suas indústrias, quanto maior for o valor criado para a região e quanto mais
compatível for a actividade com o uso adequado dos recursos naturais.
A actividade do golfe desenvolvida em grande escala, tal como é o caso na Região, impli-
ca, como resulta dos cenários estudados no Capítulo anterior, grandes impactes económi-
cos, sociais e ambientais. Considerar que o Golfe deve ser e afirmar-se como uma activi-
dade estratégica para o Algarve implica ir mais além do que a discussão sobre cenários
alternativos de desenvolvimento da actividade e questionar a lógica económica e territorial
que sustenta actividade, o que equivale a responder a algumas das seguintes questões:
§ Como é perspectivado o uso dos recursos escassos da região como a água?
§ Qual o impacto concreto da localização de novos campos sobre as acessibilida-
des e sobre o ordenamento físico do território?
§ Que efeito de arrastamento tem a construção de novos campos sobre o sector
imobiliário, para além do que foi considerado no capítulo anterior?
§ Qual o grau de complementaridade com outras actividades estratégicas da Re-
gião?
O capítulo anterior procurou dar algumas das respostas que são necessárias para se afir-
mar que o desenvolvimento gradual e controlado da actividade pode trazer benefícios lí-
quidos à Região.
Neste capítulo e num primeiro ponto, será abordada a questão da água, que é provavel-
mente um dos pontos mais sensíveis do desenvolvimento da actividade enquanto, num
segundo ponto, se irá colocar o problema do desenvolvimento do golfe, enquanto sector
económico e estratégico para a economia da Região.
Universidade do Algarve
120
VII.1 DESENVOLVIMENTO DO GOLFE E RECURSOS HÍDRICOS DO
ALGARVE
Neste capítulo do relatório são sintetizados os resultados dos trabalhos efectuados com o
objectivo de caracterizar o impacte do desenvolvimento da actividade do golfe nos recur-
sos hídricos do Algarve. De forma a não tornar o texto demasiado extenso, não são aqui
discutidos em detalhe todos os dados tratados nem as metodologias empregues para a
sua análise. Deste modo, remetemos o leitor interessado em aprofundar a informação
aqui fornecida para o Anexo VI – Recursos Hídricos, no qual são facultados os elementos
necessários para chegar aos resultados apresentados neste capítulo e, adicionalmente, as
referências bibliográficas respeitantes a esta temática. Neste anexo mostra-se que os vo-
lumes de água envolvidos nas diferentes componentes do ramo terrestre do ciclo hidroló-
gico (superficial e subterrânea) são razoavelmente conhecidos, tanto para a totalidade da
região como individualmente, considerando cada um dos sistemas aquíferos com expres-
são regional actualmente identificados no Algarve.
A análise efectuada para o desenvolvimento do golfe baseia-se em três cenários: (1) um
cenário de referência baseado em 32 campos de golfe em actividade, cujo impacto ambi-
ental é analisado em termos da carga produzida por 29 campos equivalentes (com 18 bu-
racos); (2) um cenário moderado, que pressupõe a futura existência de 44 campos (41
campos equivalentes) e, finalmente, (3) um cenário de massificação, para o qual se admi-
te a futura existência de 91 campos (88 campos equivalentes).
A possibilidade de analisar o impacte dos cenários 2 e 3 nos recursos hídricos do Algarve é
muito limitada pois depende fortemente das origens da água a utilizar pelos golfes que
venham a ser construídos o que por sua vez, está condicionado, entre outros factores,
pela sua localização. Deste modo, a análise cruzada da informação existente ao nível dos
balanços hídricos, juntamente com os consumos de água associados a cada um dos cená-
rios referenciados, permite uma primeira análise dos impactos qualitativos que são de
prever para cada uma destas situações, apenas nos casos em que existe informação acer-
ca da localização geográfica dos novos golfes a implantar. Por consequência, a caracteri-
zação dos impactos nos recursos hídricos que pode ser efectuada, tendo em conta hipoté-
ticos cenários futuros, é muito genérica e limitada. A possibilidade de aprofundar a previ-
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
121
são destes impactos passa necessariamente, como veremos mais adiante, pela análise de
projecções que, por vezes se afastam consideravelmente dos cenários definidos.
No entanto, antes de efectuar esta análise torna-se necessário decidir como
estimar a carga destes campos de golfe, em termos das previsíveis origens da
água que poderão suportar a sua actividade. Como veremos na secção seguin-
te, tudo indica que, à semelhança do que se passa com os actuais golfes, o des-
envolvimento futuro desta actividade seja sustentado predominantemente pe-
los recursos hídricos subterrâneos existentes nos aquíferos do Algarve.
VII.1.1 POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES ASSOCIADAS ÀS DIFERENTES
ORIGENS DA ÁGUA
No Relatório Preliminar do presente projecto foi efectuada uma caracterização geral dos
padrões de consumo de água nos campos de golfe actualmente existentes no Algarve. De
acordo com as estimativas apresentadas naquele relatório (cf. Relatório preliminar, pág.
91, Quadro 2.17) as águas subterrâneas suportam cerca de 90% do volume anual médio
dos consumos. Adicionalmente, os campos de golfe são abastecidos por águas de superfí-
cie (cerca de 7%) e por águas residuais provenientes de uso doméstico (cerca de 3%),
após tratadas numa Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).
O valor de base usado na presente secção do relatório para estimar o impacte dos diferen-
tes cenários estabelecidos considera que o consumo anual médio para um campo de golfe
equivalente é de meio milhão de metros cúbicos (0.5×106 m3/ano). Este valor baseia-se
nas estimativas apontadas no Anexo VI – Recursos Hídricos e é ligeiramente superior ao
resultante do tratamento de dados provenientes de um inquérito efectuado a 22 campos
de golfe (cf. Anexo III – Ambiente). Os valores apontados neste segundo caso conduziram
à inferência de uma estimativa de 0.45×106 m3/ano, também para um campo de golfe
equivalente. De acordo com estes valores e os cenários definidos para a situação actual e
futuro desenvolvimento do golfe, efectuou-se a seguinte estimativa global dos consumos
de água:
§ Cenário de referência, 29x0.5×106 m3/ano = 14.5×106 m3/ano que corresponde
ao consumo actual dos golfes existentes;
Universidade do Algarve
122
§ Cenário de desenvolvimento moderado, 41x0.5×106 m3/ano = 20.5×106m3/ano;
§ Cenário de massificação 88x0.5×106 m3/ano = 44.0×106 m3/ano
A primeira questão que se coloca ao nível da análise destes valores é a definição das pos-
síveis origens da água que poderá satisfazer estes consumos.
Sob o ponto de vista ambiental seria desejável que se incrementasse a proporção do vo-
lume de água utilizado com origem em ETAR’s. Tendo em conta o caudal máximo teórico
disponível de água residual no Algarve (cerca de 18x106 m3/ano) e os cerca de 15x106 m3
anuais consumidos pelos campos de golfe actualmente em actividade, seria tentador di-
mensionar objectivos muito ambiciosos a este nível. No entanto, tal como acontece para
as águas de superfície, a possibilidade de usar águas residuais para suportar os consumos
associados aos actuais ou futuros campos de golfe, depende fortemente da sua proximi-
dade geográfica às infraestruturas instaladas. De facto, não é realista prever consumos de
água com este tipo de origens, a não ser nas proximidades de ETAR’s ou de áreas cober-
tas por perímetros de rega e/ou das redes primárias de abastecimento urbano de água
actualmente existentes. Por outro lado, tendo em conta os volumes de armazenamento
das grandes barragens do Algarve, de acordo com os valores apontados no relatório pre-
liminar do presente projecto, os excedentes médios anuais são da ordem dos 27x106
m3/ano. Tendo em conta a variabilidade climática característica do Algarve este valor é
demasiado baixo para suportar consumos muito maiores do que os actuais.
No caso das águas subterrâneas existem actualmente diferenças entre a recarga e o vo-
lume de exploração actual na ordem dos 138x106 m3/ano para os 17 sistemas aquíferos
com importância à escala regional para os quais existem balanços mais detalhados (cuja
área é de cerca de 1074 km2). Se adicionalmente considerarmos o volume máximo de re-
carga admitido para os 1700 km2 ocupados pelas rochas mesocenozóicas no Algarve
(340×106 m3/ano) e o volume total de consumo de águas subterrâneas no Algarve
(182×106 m3/ano), pode considerar-se inevitável que a concretização de qualquer dos ce-
nários delineados para o desenvolvimento do golfe terá de passar por uma forte depen-
dência das águas subterrâneas.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
123
Para além dos problemas práticos que condicionam a exequibilidade do uso das águas, de
acordo com as suas origens (sistemas aquíferos, albufeiras ou ETAR), é ainda necessário
ter em consideração a existência dos aspectos normativos relacionado com o licenciamen-
to necessário para a sua captação e uso.
Em termos do licenciamento do domínio hídrico e dependendo das especificidades de cada
campo de golfe, terão que ser requeridas licenças de pesquisa e captação de águas sub-
terrâneas e/ou licenças de captação de águas superficiais, de acordo com o estipulado no
Decreto-Lei n.º 46/94, de 22 de Fevereiro. No caso de existirem condições para utilizar
água residual tratada proveniente de uma ETAR é necessário estabelecer um contrato
prévio entre os responsáveis pela sua gestão e a empresa que gere o golfe. Neste caso, a
qualidade da água a utilizar será da responsabilidade dos campos de golfe, tendo esta que
cumprir os requisitos necessários para o seu uso (Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de Agos-
to).
Por outro lado, a legislação actual das albufeiras de águas públicas considera como usos
prioritários para a água o consumo humano, a rega e a produção hidroeléctrica. Os res-
tantes usos da água têm carácter secundário, nomeadamente, a pesca, a navegação re-
creativa, banhos e natação, e competições desportivas com barcos a motor (Decreto Re-
gulamentar nº 2/88, de 20 de Janeiro, alterado pelo Decreto Regulamentar nº 33/92, de 2
de Dezembro). Note-se que na listagem das actividades desportivas mencionadas não é
feita referência explícita à actividade do golfe.
No que respeita às condicionantes relativas às origens de abastecimento, é referido no
Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve que, face às características morfológi-
cas e hidrodinâmicas e de menor vulnerabilidade dos aquíferos, os recursos subterrâneos
são considerados como estratégicos em situações de acidentes de poluição de origens su-
perficiais ou de seca anormal, devendo ser utilizados preferencialmente no abastecimento
de pequenos sistemas e como reserva em situações de emergência. Por consequência, o
dimensionamento dos sistemas de abastecimento de águas para suprir as necessidades
das redes de abastecimento público urbano é actualmente sustentado preferencialmente
(e quando possível exclusivamente) a partir de águas de superfície, captadas em albufei-
ras. Deste modo, o uso de águas subterrâneas para outros fins (como a sustentação do
Universidade do Algarve
124
golfe) não é concorrencial com o dimensionamento dos sistemas de abastecimento das
actuais redes públicas de abastecimento urbano.
Tendo em conta os aspectos práticos e normativos atrás enunciados, é de prever que o
desenvolvimento do Golfe no Algarve seja no futuro, tal como actualmente, sustentado
predominantemente pela exploração dos aquíferos da região. Naturalmente que também
neste caso existem restrições, sendo a mais importante, à escala regional, a existência de
zonas críticas sob o ponto de vista da qualidade dos recursos hídricos subterrâneos que
condicionam a possibilidade da sua exploração em áreas mais sensíveis. Os problemas
conhecidos neste domínio dizem respeito a situações identificadas em que se verifica a
ocorrência de contaminação com origem agrícola, associada à rega, e a situações em que
os volumes de extracção, junto à costa, provocam o recuo da interface entre a água do
mar e a água doce para o interior com a consequente degradação da qualidade da água.
VII.1.2 IMPACTES NO BALANÇO HÍDRICO À ESCALA INDIVIDUAL DOS
SISTEMAS AQUÍFEROS
A avaliação dos impactos previsíveis nos recursos hídricos subterrâneos dos futuros cam-
pos de golfe, não pode ser feito de forma rigorosa sem que se conheçam as origens da
água e os locais onde serão efectuadas as extracções. De facto, os efeitos indesejáveis de
degradação da quantidade e qualidade da água associados a uma incorrecta exploração
dos recursos hídricos subterrâneos é fortemente dependente das condições hidrogeológi-
cas locais e não apenas ao balanço de entradas e saídas à escala de todo o sistema aquí-
fero em causa.
A visualização das figuras VII.1, VII.2 e VII.3 permite uma análise geral da distribuição
espacial dos factores mais relevantes para a análise do impacto dos cenários definidos nos
recursos hídricos subterrâneos do Algarve. A densidade de captações de água subterrânea
inventariadas pela DRAOT, mostrada na Figura VII.1, permite que se avalie a intensidade
de exploração de cada um dos 17 sistemas aquíferos, cuja denominação é fornecida na
Figura VII.2. Por seu lado, o balanço para cada um destes sistemas aquíferos, registado
no Quadro VII.1, permite que se avalie a relação entre as entradas naturais por recarga e
os consumos verificados à data da análise efectuada neste trabalho. Finalmente, na Figura
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
125
VII.3 é mostrada a posição dos actuais golfes e pode verificar-se em que sistemas aquífe-
ros existem intenções manifestadas de implantar novos campos. Por consequência, é pos-
sível recalcular os balanços tendo em conta os volumes de extracção efectuados pelos gol-
fes e assim avaliar a sua influência no balanço de entradas e saídas. Obtém-se assim um
novo balanço para cada sistema aquífero que pode ser calculado tendo em conta a influ-
ência do número de campos equivalentes actuais ou o número de campos equivalentes
que corresponde às intenções manifestadas de construção nesse mesmo sistema aquífero.
Deste modo, a possibilidade de realizar este exercício é dependente do conhecimento da
localização dos futuros campos de golfe, o que inviabiliza a avaliação dos cenários 2 e 3
usando esta metodologia. Naturalmente que, para o cenário de referência esta limitação
não existe. No entanto apenas existe informação cartográfica digital para 22 golfes
equivalentes dos 29 existentes. Como 4 destes estão implantados fora da área destes
sistemas aquíferos (sendo no entanto maioritariamente abastecidos a partir de águas
subterrâneas), restam apenas 18. Uma vez que deste último número se tem ainda de
subtrair 2,5 golfes equivalentes, abastecidos por águas residuais e de superfície, chega-se
aos 15,5 campos equivalentes para os quais esta análise pode ser efectuada.
As considerações tecidas acerca da distribuição dos campos de golfe existentes no Algarve
revelam uma realidade algo surpreendente: apesar da grande predominância do uso da
água subterrânea para suportar esta actividade, apenas 15,5 dos 22 golfes equivalentes
actualmente em actividade usados nesta análise utilizam águas captadas nos 17 sistemas
aquíferos mais importantes da região. Por outro lado, é igualmente interessante notar que
os valores registados no Quadro VII.1 apontam para excedentes na ordem dos 154x106
m3/ano para o conjunto dos 17 sistemas aquíferos analisados. A desagregação deste valor
por sistema aquífero mostra que a paragem das extracções associadas ao consumo das
redes de abastecimento público, juntamente com as estimativas de recarga calculadas por
Vieira & Monteiro (2003) apontam para a existência de apenas um sistema aquífero em
situação actual de défice hídrico. Trata-se da Campina de Faro que, para além de tudo
indica ter um balanço de recarga directa deficitário, é também um sistema aquífero afec-
tado por graves problemas de contaminação. Por outro lado, o problema anteriormente
detectado de défice para o sistema aquífero de Ferragudo-Albufeira parece, segundo estes
dados, ter deixado de existir (ver Anexo VI – Recursos Hídricos). No entanto, dada a in-
Universidade do Algarve
126
certeza associada a estes valores só uma monitorização detalhada destes sistemas pode
confirmar as tendências reveladas por estes balanços.
Figura VII.1 Localização de Furos e Poços Cartografados no Algarve.
10km
Fonte: Base de dados de águas subterrâneas da DRAOT, 2003.
Figura VII.2 Identificação dos 17 Sistemas Aquíferos com Expressão Regional.
Fonte: Almeida et al., 2000 (adaptado)
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
127
Figura VII.3 Localização dos Campos de Golfe Existentes e Previstos Relativamente aos Sistemas Aquíferos
10km
A
BC
D
EF
G HI
JL
M
NO
P
Sistemas aquíferos
Empreendimentos de golfe previstos
KAKB
KC
KD
KF
KG
KHKI
KZ
KJ
KLKM
KN
KO
KP
KQKR
KS
KT
KU
KVKX
KW
Empreendimentos de golfe em funcionamento
Campos de golfe existentes: A - Parque da Floresta; B - Boavista; C - Penina (Resort, Academy e Cham-pionship); D - Morgado do Reguengo I; E - Quinta do Gramacho; F - Vale da Pinta; G - Salgados; H - Pine Cliffs; I - Lusotur Golfes (Old Course, Millenium; Laguna e Pinhal); J - Vila Sol; L - Vale de Lobo (Royal e Ocean); M - Quinta do Lago (Quinta do Lago, Ria Formosa, Pinheiros Altos e San Lorenzo); N - Benamor; O - Quinta da Ria e Quinta de Cima; P - Castro Marim. Campos de golfe previstos: KA - Sinceira; KB - Espiche; KC - Montinhos da Luz; KD - Mexilhoeira Grande; KF - Quinta da Lameira; KG - Praia Grande; KH - Dunas Douradas; KI - Garrão; KJ - Quinta da Ombria; KL - Muro do Ludo - Pinheiros Altos; KM - Laranjal; KN - Muro do Ludo; KO - Parque das Cidades; KP - Quin-ta das Navalhas; KQ - Pontal I- UOP 6; KR - Pontal II- UOP 8; KS - Colina da Rosa; KT - Herdade Finca Rodi-lhas; KU - Sesmarias; KV - Ponta da Areia; KX - Verdelago; KZ - Almada de Ouro; KW - Quinta do Vale. Fonte: DRAOT, 2003
Universidade do Algarve
128
Quadro VII.1 Actualização do Balanço Hídrico II (*)
Sistema Aquífero Área Recarga Rega Golfe Equiv. Golfe Balanço
(km2) (106 m3/ano) (106 m3/ano) (nº) (106 m3/ano) (106 m3/ano)
Covões 23 6,0 1,0 - 5,0
Almádena - Odeáxere 64 17 2,6 - 14
Mexilhoeira Grande - Portimão 52 10 2,5 1,0 0,5 7,5
Ferragudo - Albufeira 117 10 7,3 2,0 1,0 2,8
Querença - Silves 317 93 12 - 81
Albufeira - Ribeira de Quarteira 55 10 3,5 1,0 0,5 6,9
Quarteira 81 15 9,5 5,5 2,8 5,8
S. Brás de Alportel 34 5,5 1,0 - 4,5
Almansil - Medronhal 23 6,5 1,0 - 5,5
S. João da Venda - Quelfes 113 9,0 3,0 - 6,0
C. Cevada - Qtª J. de Ourém 5 2,0 1,0 - 1,0
Campina de Faro 86 8,3 12 6,0 3,0 -3,7
Peral - Moncarapacho 44 10 1,5 - 8,5
Malhão 12 3,0 0,5 - 2,5
Luz - Tavira 28 4,8 3,0 - 1,8
S. Bartolomeu de Messines 11 3,0 1,0 - 2,0
Monte Gordo 10 3,0 - - 3,0
Totais 1074 220 63 15,5 7,8 154
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
(*)Apresentado por Almeida et al.(2000), para 17 sistemas aquíferos do Algarve, tendo em conta a actuali-zação dos valores de recarga de Vieira & Monteiro (2003) e as extracções efectuadas para abastecimento de 15.5 campos de golfe equivalentes que usam estas águas subterrâneas.
Os balanços apresentados no Quadro VII.1 podem ser ainda efectuados, tendo em conta a
localização de parte dos campos de golfe que poderão vir a existir, caso se concretizem as
intenções de instalação para as quais já é conhecida a respectiva localização geográfica.
Este exercício foi igualmente efectuado e apresenta-se no Quadro VII.2.
As intenções de construir novos campos de golfe, contando apenas com os casos em que
a respectiva localização já é conhecida correspondem a 25 golfes equivalentes. No entan-
to, como pode verificar-se no Quadro VII.2 apenas foram adicionados 16 aos que já exis-
tiam na área dos sistemas aquíferos mais importantes. A diferença entre estes valores,
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
129
correspondente a 9 golfes equivalentes, deve-se mais uma vez ao facto dos locais defini-
dos destes não estarem na área dos sistemas aquíferos mais importantes.
Quadro VII.2 Actualização do Balanço Hídrico II (*)
Sistema Aquífero Área Recarga Rega Golfe Equiv. Golfe Balanço
(km2) (106 m3/ano) (106 m3/ano) (nº) (106 m3/ano) (106 m3/ano)
Covões 23 6,0 1,0 - 5,0
Almádena – Odeáxere 64 17 3,1 1 0,5 14
Mexilhoeira Grande - Portimão 52 10 2,5 1 0,5 7,5
Ferragudo – Albufeira 117 10 8,3 4 2,0 1,7
Querença – Silves 317 93 13 1 0,5 81
Albufeira - Ribeira de Quarteira 55 10 3,5 1 0,5 6,5
Quarteira 81 15 9,5 5,5 2,8 5,5
S. Brás de Alportel 34 5,5 1,0 - 4,5
Almansil – Medronhal 23 6,5 1,0 - 5,5
S. João da Venda - Quelfes 113 9,0 3,5 1 0,5 5,5
C. Cevada – Qtª J. De Ourém 5 2,0 1,0 - 1,0
Campina de Faro 86 8,3 16 14 7,0 -7,7
Peral – Moncarapacho 44 10 2,0 1 0,5 8,0
Malhão 12 3,0 0,5 - 2,5
Luz – Tavira 28 4,8 3,0 - 1,8
S. Bartolomeu de Messines 11 3,0 1,5 1 0,5 1,5
Monte Gordo 10 3,0 0,5 1 0,5 2,5
Totais 1075 220 710 31,5 16 145
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
(*) Apresentado por Almeida et al.(2000), para 17 sistemas aquíferos do Algarve, tendo em conta a actuali-zação dos valores de recarga de Vieira & Monteiro (2003) e as extracções efectuadas para abastecimento de 31.5 campos de golfe equivalentes, correspondentes aos 15.5 actualmente existentes que usam água destes aquíferos acrescidos de 16 correspondentes às intenções de implantação com localização geográfica conhe-cida.
O facto de alguns dos campos de golfe previstos não se encontrarem na área dos 17 sis-
temas aquíferos com maior importância à escala regional não significa que seja inviável
dimensionar um abastecimento sustentado por águas subterrâneas nestes casos. A obser-
vação da Figura VII.1 mostra que existe um número elevadíssimo de captações de água
subterrânea exteriormente à área destes aquíferos mais importantes. Como já foi referido,
Universidade do Algarve
130
existem vários golfes em funcionamento integralmente sustentados por águas subterrâ-
neas na zona que actualmente é denominada por “aquíferos indiferenciados”. Faz-se notar
no entanto que esses casos correspondem a golfes cujas captações de água subterrânea
estão implantadas em rochas sedimentares mesocenozóicas que correspondem ao Litoral
e Barrocal. Por outro lado, os caudais de exploração que podem ser obtidos nas rochas
paleozóicas que constituem o subsolo da Serra Algarvia são muito provavelmente insufi-
cientes para suportar os consumos associados à sustentação de um campo de golfe. De
facto, o caudal de extracção necessário para suportar um campo de golfe equivalente
(cerca de 0.5 milhões de metros cúbicos por ano) corresponde a um caudal instantâneo
de cerca de 16 litros por segundo. É sabido no entanto que, no tipo de rochas existentes
na Serra Algarvia os caudais que podem obter-se a partir de um poço ou furo são quase
sempre inferiores a menos de um terço deste valor. Além disso, estes 16 litros por segun-
do são um caudal instantâneo médio, calculado com base nas necessidades anuais de
água. Sendo assim, os caudais instantâneos necessários nos meses em que a rega é ne-
cessária são muito superiores aos indicados por aquele número. Por outro lado, apenas a
título ilustrativo refere-se que existem numerosos casos de captações nos aquíferos sedi-
mentares da zona costeira onde são ou foram extraídos caudais muito superiores a 50
litros por segundo, sendo muito frequentes as captações das quais é possível obter cau-
dais de extracção superiores a 10 litros por segundo. Muito provavelmente os investidores
interessados em implantar campos de golfe na área da serra algarvia estão conscientes
deste problema e, por consequência é natural que nestes casos esteja prevista a utilização
de águas de superfície ou residuais o que, no entanto terá de obedecer a restrições de
ordem prática e normativa que já foram referidas neste capítulo do relatório.
VII.1.3 SÍNTESE DOS RESULTADOS
A análise quantitativa do impacto golfes no balanço hídrico à escala individual dos siste-
mas aquíferos que acabou de apresentar-se exigiu que se analisassem cenários algo afas-
tados dos que podem ser feitos para avaliar outras vertentes dos problemas relacionados
com a actividade do golfe. No entanto pôde fazer-se este exercício para os casos em que
toda a informação necessária existe ou está disponível. Salvaguarda-se desde já o facto
desta análise poder identificar, com grande probabilidade de sucesso, algumas áreas onde
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
131
haverá problemas, caso se venham a instalar novos campos de golfe sustentados pelos
sistemas aquíferos subjacentes. No entanto, o contrário, infelizmente, não é verdade. Ou
seja, não é pelo facto de eventuais novos campos de golfe se situarem sobre sistemas
aquíferos com balanços excedentários que se pode garantir, com base numa análise deste
tipo, que não venham a causar-se graves problemas quantitativos e/ ou qualitativos nos
recursos hídricos subterrâneos como consequência dos volumes de extracção associados à
sua sustentação. Em alguns casos poderá mesmo ser impossível obter caudais da ordem
de grandeza dos necessários, devido às propriedades hidrogeológicas locais das rochas
que suportam alguns sectores menos produtivos que podem existir, mesmo nos sistemas
aquíferos mais importantes.
As relações entre os usos e a recarga dos 17 sistemas aquíferos mais importantes do Al-
garve, expressas em percentagem, estão registadas nos Quadro VII.3 e Quadro VII.4
Como se pode verificar a partir destes valores, existem cargas muito variáveis para os di-
ferentes aquíferos. A apreciação destes números deve ser feita tendo presente que aos
consumos tratados nestes quadros se acrescentam os abastecimentos urbanos domésticos
e colectivos existentes nos locais de habitação essencialmente dispersa onde não existe
rede pública de abastecimento de água. No entanto, como já foi referido anteriormente,
este tipo de uso é pouco importante, relativamente aos considerados na presente análise.
Universidade do Algarve
132
Quadro VII.3 Extracções e Recarga I (*)
Sistema Aquífero Área Recarga Extracções (rega+golfe) Balanço
Extracções/ Recarga
(km2) (106 m3/ano) (106 m3/ano) (106 m3/ano) (%)
Covões 23 6,0 1,0 5,0 16,7
Almádena - Odeáxere 64 17 2,6 14 15,3
Mexilhoeira Grande - Portimão 52 10 2,5 7,5 25,0
Ferragudo - Albufeira 117 10 7,3 2,8 73,0
Querença - Silves 317 93 12 81 12,9
Albufeira - Ribeira de Quarteira 55 10 3,5 6,9 35,0
Quarteira 81 15 9,5 5,8 63,3
S. Brás de Alportel 34 5,5 1,0 4,5 18,2
Almansil - Medronhal 23 6,5 1,0 5,5 15,4
S. João da Venda - Quelfes 113 9,0 3,0 6,0 33,3
C. Cevada - Qtª J. de Ourém 5 2,0 1,0 1,0 50,0
Campina de Faro 86 8,3 12 -3,7 144,6
Peral - Moncarapacho 44 10 1,5 8,5 15,0
Malhão 12 3,0 0,5 2,5 16,7
Luz - Tavira 28 4,8 3,0 1,8 62,5
S. Bartolomeu de Messines 11 3,0 1,0 2,0 33,3
Monte Gordo 10 3,0 - 3,0 0
Totais 1075 220 63 154 28,6
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
(*) Expressão da relação entre a recarga anual média e o actual volume de exploração dos sistemas aquífe-ros mais importantes do Algarve para uma carga correspondente ao número de golfes equivalentes actual-mente em actividade que usam as suas águas.
Os balanços calculados para estes dois cenários mostram que a diferença entre os balan-
ços somados para todos os aquíferos é inferior a 4%. Estes resultados ilustram de forma
muito clara a relevância quase nula de se avaliarem cenários globais para campos de golfe
equivalentes para os quais não é conhecido o local de implantação. Tal facto deve-se a
que, no caso destas solicitações se concentrarem num sistema aquífero particular se pode-
rem verificar alterações muito significativas que não podem ser reveladas pelas estimati-
vas globais de balanço à escala regional.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
133
Quadro VII.4 Extracções e Recarga II (*)
Sistema Aquífero Área Recarga Extracções (rega+golfe) Balanço
Extracções/ Recarga
(km2) (106 m3/ano) (106 m3/ano) (106 m3/ano) (%)
Covões 23 6,0 1,0 5,0 16,7
Almádena - Odeáxere 64 17 3,1 14 18,2
Mexilhoeira Grande - Portimão 52 10 2,5 7,5 25,0
Ferragudo - Albufeira 117 10 8,3 1,7 83,0
Querença - Silves 317 93 13 81 14,0
Albufeira - Ribeira de Quarteira 55 10 3,5 6,5 35,0
Quarteira 81 15 9,5 5,5 63,3
S. Brás de Alportel 34 5,5 1,0 4,5 18,2
Almansil - Medronhal 23 6,5 1,0 5,5 15,4
S. João da Venda - Quelfes 113 9,0 3,5 5,5 38,9
C. Cevada - Qtª J. de Ourém 5 2,0 1,0 1,0 50,0
Campina de Faro 86 8,3 16 -7,7 192,8
Peral - Moncarapacho 44 10 2,0 8,0 20,0
Malhão 12 3,0 0,5 2,5 16,7
Luz – Tavira 28 4,8 3,0 1,8 62,5
S. Bartolomeu de Messines 11 3,0 1,5 1,5 50,0
Monte Gordo 10 3,0 0,5 2,5 16,7
Totais 1075 220 71 145 32,3
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
(*)Expressão da relação entre a recarga anual média e o actual volume de exploração dos sistemas aquífe-ros mais importantes do Algarve para uma carga correspondente a 31.5 campos de golfe equivalentes, cor-respondentes aos 15.5 actualmente existentes que usam água destes aquíferos, acrescidos de 16 corres-pondentes às intenções de implantação com localização geográfica conhecida.
Por outro lado, verifica-se que alguns sistemas aquíferos são actualmente sujeitos a car-
gas muito elevadas, mesmo para as condições actualmente vigentes. São marcados a ne-
grito nos Quadro VII.3 e Quadro VII.4 as situações em que o volume de exploração ultra-
passa 80% da recarga. Para o caso da Campina de Faro, mesmo tendo em conta o facto
de serem conhecidas transferências a partir de outras unidades hidrogeológicas que con-
tribuem para alimentação deste sistema aquífero (que não foram ainda quantificadas de
forma rigorosa), o cenário de desenvolvimento analisado aponta para valores que suge-
rem fortemente uma situação insustentável, caso os golfes a implantar nesta área não
Universidade do Algarve
134
tenham alternativas à exploração deste sistema aquífero. Apresenta-se uma síntese gráfi-
ca dos resultados apresentados nos Quadro VII.3 e Quadro VII.4 e nas Figura VII.4 e
Figura VII.5.
Figura VII.4 Classificação dos Sistemas Aquíferos em Termos de Risco I (*)
Alto
Médio
Baixo
10km
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
(*) Grau de ocorrência de riscos de degradação quantitativa e qualitativa da água tendo em conta o actual regime de exploração dos aquíferos (correspondente ao cenário expresso no Quadro VII.3).
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
135
Figura VII.5 Classificação dos Sistemas Aquíferos em Termos de Risco II (*)
Alto
Médio
Baixo
10km
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
(*) Grau de ocorrência de riscos de degradação quantitativa e qualitativa da água tendo em conta o regime de exploração dos aquíferos associado ao cenário estabelecido no Quadro VII.4.
A síntese dos resultados ilustrada nas Figura VII.4 e Figura VII.5 é uma forma simplista de
representar a análise efectuada mas permite sintetizar de forma qualitativa alguns aspec-
tos que foram discutidos no texto. O critério na base da definição das três classes é o se-
guinte: os sistemas cujo volume de exploração anual médio ultrapasse 80% da renovação
anual média por recarga consideram-se em risco por razões óbvias relacionadas com as
variações climáticas características do Algarve. Os sistemas aquíferos junto à costa estão
em conexão hidráulica com o mar. Sendo assim, os riscos de sobre exploração podem
existir para volumes de bombagem muito inferiores aos do balanço de entradas anuais
médias, pois devem-se às condições locais de bombagem junto à costa e não a um sim-
ples balanço de entradas e saídas à escala de todo o sistema. Note-se que, mesmo tendo
em conta este facto se considera que os riscos deste tipo associados ao cenário expresso
na Figura VII.4 e no Quadro VII.3 são baixos para o aquífero de Monte Gordo. Tal facto
deve-se a que, apesar deste sistema aquífero estar na faixa costeira não ter neste cenário
qualquer extracção para uso em golfes. Como esta situação se altera para o cenário da
Figura VII.5, este passa a ser considerado sujeito a um risco intermédio. O sistema aquífe-
ro de Ferragudo Albufeira muda de classificação nos dois cenários pois, para a segunda
Universidade do Algarve
136
análise efectuada são ultrapassados os 80% de relação entre volume de bombagens e
entradas por recarga.
A análise dos resultados apresentados e sintetizados correspondentes aos cenários discu-
tidos deve efectuar-se tendo presente, pelas numerosas razões apontadas, que as estima-
tivas referenciadas só têm validade à escala sub-regional dos sistemas aquíferos indicados
e não podem, em nenhum caso, ser consideradas válidas para um golfe em particular. O
aumento de detalhe requerido para uma análise à escala local só pode ser efectuada a
partir de estudos hidrogeológicos de detalhe, conduzidos especificamente com esse fim.
VII.2 A ACTIVIDADE DO GOLFE NO CONTEXTO DO
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
O Estudo sobre o Golfe no Algarve não se esgota na análise da situação actual da activi-
dade nem na construção dos cenários. A sua inserção na dinâmica das transformações da
economia da Região é fundamental para podermos responder a algumas das questões que
foram colocadas na introdução a este capítulo. Para isso, o desenvolvimento do golfe foi
confrontado com alguns dos critérios que devem presidir a uma política de desenvolvimen-
to sustentável da actividade nas suas múltiplas dimensões: integração sectorial, acessibili-
dades, recursos naturais, coesão espacial, empreendedorismo, cooperação institucional e,
finalmente, como síntese de todos estes atributos, a sustentabilidade.
INTEGRAÇÃO SECTORIAL
A gestão do desenvolvimento do produto golfe no Algarve exige uma óptica de integração
entre as diferentes políticas de desenvolvimento sectorial com incidência sobre a ocupação
do território. O Relatório Preliminar de Caracterização e Diagnóstico elaborado no âmbito
do processo de revisão do Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve
(DRAOT, 2003) é explicito ao situar, como objectivo estratégico para a região (entre ou-
tros), a articulação entre as políticas de desenvolvimento sectorial com incidência espacial,
com destaque para as políticas do turismo, da agricultura, das acessibilidades e transpor-
tes, das cidades, da salvaguarda e valorização do património arquitectónico e arqueológico
e do ambiente.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
137
O golfe é uma actividade com incidências espaciais muito significativas:
Em primeiro lugar, a localização de um campo ou de um cluster de campos corresponde à
ocupação, a longo prazo, de uma parcela do território, inibindo a sua função actual, embo-
ra não de forma irreversível.
Em segundo lugar, à actividade do golfe estão associadas outras actividades com implica-
ções espaciais: uma componente imobiliária sob a forma de hotéis ou de área urbanizada
de apartamentos ou vivendas e uma área comercial e de serviços.
Em terceiro lugar esta actividade tem interfaces importantes com as acessibilidades à Re-
gião e, no seu interior, com as ligações a aglomerados urbanos localizados nas proximida-
des.
Em quarto lugar a implantação do campo tem incidências ambientais quer na sua fase de
construção, quer na sua fase de exploração.
Em matéria de ordenamento do território, uma das consequências da implantação de no-
vos campos de golfe manifesta-se, em regra, na criação de novos espaços urbanos. As
características que estes espaços adquiriram não são diferentes do padrão que é habitual
na Região, no entanto, nada impede que o "plano de pormenor" seja mais inovador que
no passado.
ACESSIBILIDADES
No domínio das acessibilidades à Região, a oferta das infra-estruturas existentes, aeropor-
to e estrutura viária, não só satisfaz a actual procura, como a sua dimensão encerra um
potencial de crescimento não negligenciável. Com efeito, para os visitantes que utilizam o
meio aéreo, as alterações recentemente introduzidas nas infra-estruturas aeroportuárias
de Faro permitem acolher, em termos globais, o dobro das actuais chegadas. Sabendo
que a distribuição das chegadas ao longo do ano tem um comportamento desigual, acu-
sando uma forte concentração nos meses de Junho a Setembro, pode admitir-se que, na
época alta do golfe, o Aeroporto de Faro pode proporcionar uma oferta potencial muito
acima dos actuais fluxos, sem saturação na próxima década.
Universidade do Algarve
138
Para os turistas que se deslocam de outras regiões as principais acessibilidades rodoviárias
existem e, no interior da Região, estão lançadas outras, aproveitando a ligação da Via
Longitudinal do Algarve. No entanto, existem deficiências nos acessos a Faro e Quarteira-
Vilamoura que serão solucionadas com prazos variáveis.
RECURSOS NATURAIS
A dimensão espacial da actividade tem implicações também no ambiente, quer na fase de
construção dos novos campos quer na sua futura utilização. Em termos de conclusão o
Relatório Preliminar do Estudo sobre o Golfe no Algarve demonstra que existe um po-
tencial de melhoria não negligenciável entre o campo de golfe e os impactes ambientais
associados à sua produção. Cumulativamente, idêntica conclusão é demonstrada em ter-
mos da relação do campo de golfe com os seus inputs de produção, não só para os de
função clássica como recursos humanos, capitais e tecnologia, mas sobretudo para os ter-
ritorialmente localizados e partilhados, como é o caso particular da água nas suas utiliza-
ções entre os diferentes sectores de actividade concorrentes num mesmo espaço limitado
em área e recursos.
Para um território que tem na competitividade uma das suas ideias mobilizadoras, a explo-
ração de um dos principais recursos naturais - a água - implica um esforço de desenvolvi-
mento e parcerias de actuação entre as instituições de domínio público com responsabili-
dades na gestão do recurso e equilíbrio do território versus a missão dos agentes econó-
micos privados de gerar produto, emprego e mais valias para e na região.
No ponto anterior deste Capítulo demonstra-se que para um cenário moderado de desen-
volvimento do golfe no Algarve, a água pode não constituir, no horizonte 2020, uma res-
trição quantitativa se as fontes de abastecimento para consumo doméstico e de serviços
continuarem a ser asseguradas por águas superficiais.
Mas a água continuará a ser um recurso escasso, embora renovável, e como tal o seu
consumo deve ter um preço, reflectindo o seu custo de oportunidade social, qualquer
que seja a sua origem: superficial ou subterrânea, tal como é recomendado pela Directiva
Quadro da Água. Só, desta forma, é possível optimizar o uso dos recursos, cumprir a legis-
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
139
lação e manter níveis de gestão dos negócios que sejam compatíveis, simultaneamente,
com o lucro individual e com o benefício social.
COESÃO ESPACIAL
Aumentar as potencialidades territoriais em termos do produto golfe implica a utilização
acrescida dos recursos naturais de input à sua produção (não só a água mas também o
próprio espaço por exemplo). No entanto, a produção destas potencialidades económicas
(para todos) só serão sustentadas no tempo se enquadradas numa política de ordenamen-
to do território consciente da necessidade de equilíbrio e coesão entre os espaços. Ao in-
vés de uma situação de conflito, esta perspectiva integradora constitui um verdadeiro pa-
radigma para o desenvolvimento do golfe no Algarve, onde a eficiência da produção (eco-
nómica e ambiental) é a chave para a prossecução do sucesso do golfe na óptica da ofer-
ta.
A título de exemplo, note-se a habitual referência como ponto forte do Algarve a sua pro-
jecção externa de destino turístico, ponto forte este onde o golfe assume progressivamen-
te uma imagem de excelência, a qual na perspectiva desenvolvida pelo Relatório da UAlg
não é compatível com a massificação da oferta. Porém, a manutenção deste ponto forte
(mesmo para o turismo), tem a sua função inversa no risco de especialização sectorial
excessiva no produto turístico e mercados, situação hoje bem visível nos efeitos de um
modelo de desenvolvimento regional muito centrado no aproveitamento dos recursos da
faixa litoral.
Na análise da organização territorial do Algarve, expressa no referido documento prelimi-
nar de revisão do PROTAL DRAOT (2003), são identificados quatro sub-sistemas regionais
de acordo com as respectivas qualificações e especializações. Destes, o sub-sistema Lito-
ral, entre Lagos e Tavira, intensamente urbanizado, é aquele onde se considera que os
limiares de sustentabilidade se encontram mais ameaçados pela pressão demográfica,
imobiliária e turística. Cumulativamente, é também neste espaço litoral que a actividade
golfe se localiza preferencialmente, quer na situação actual (25,5 campos equivalentes a
18 buracos, ou 28 reais) quer em termos de desenvolvimento do próprio cenário modera-
do (35 campos equivalentes em 2020, 38 em termos reais).
Universidade do Algarve
140
Figura VII.6 Sub-Sistemas Territoriais do Algarve
Fonte: Direcção Regional do Ordenamento e Planeamento do Território (2002)
Sendo este espaço limitado e as actividades económicas concorrenciais na sua ocupação,
o desenvolvimento do golfe será tanto mais competitivo e eficiente em termos territoriais
quanto mais se assumir não como um “predador” de território, mas sim como uma activi-
dade económica geradora de economias externas e efeitos multiplicadores positivos para o
território onde se insere.
O golfe é territorialmente uma indústria competitiva se garantir a expansão da sua cadeia
de valor, articular as suas actividades com os restantes sectores de implantação regional
(agricultura, pesca, indústria e serviços, património, todo o cluster do turismo e lazer) e
assumir uma acção global de promoção baseada na capacidade empresarial, qualidade
global da oferta e suporte ao valor acrescentado. Nesta óptica, a qualidade de construção
dos campos, a qualidade da componente urbanística associada e a política de promoção
do produto têm um papel central no desenvolvimento e nos benefícios sobre o território,
sendo necessário garantir a colocação, nos mercados e segmentos alvo, de um produto
que se deseja identificado com padrões de excelência.
Sub-sistema Litoral 1 - Sub-sistema Costa Vicentina 2 - Sub-sistema Guadiana Sub-sistema Serra / Barrocal Áreas Protegidas
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
141
EMPREENDEDORISMO
O esforço de investimento efectuado nos últimos anos tem beneficiado de uma significati-
va componente de apoio público. Note-se que, por exemplo, no âmbito do actual Progra-
ma de Incentivos e Modernização à Economia - PRIME (ex-Programa Operacional da Eco-
nomia), o turismo representou no período 2000-2003 a título nacional 12,4% do esforço
de investimento global dos oito sectores envolvidos no Programa. Dentro do sector cerca
de 39% do investimento apoiado até Outubro de 2003 está concentrado na Acção
2.1.A - Sistemas de Incentivos a Produtos Turísticos de Vocação Estratégica - SIVETUR e,
por sua vez, no interior deste sistema de incentivo, as acções sobre a tipologia de projecto
“estabelecimentos de animação turística”, na qual se enquadram os campos de golfe (De-
creto-Lei nº 108/02 de 16 de Abril), representam 10,3% (195,8 milhões de euros de in-
vestimento e 45,9 milhões de incentivo). Nesta tipologia de projecto, exceptuando as ma-
rinas e parques temáticos, a construção e requalificação dos campos de golfe assumem
uma parcela largamente maioritária do investimento efectuado (Ministério da Economia,
2003).
A existência de um quadro de incentivos financeiros à indústria do golfe pode ser conside-
rada uma questão polémica. Com efeito, o Relatório Preliminar do Estudo sobre o Golfe
no Algarve concluiu, pela análise às contas que foram disponibilizadas à Equipa, que a
viabilidade empresarial da actividade do Golfe no Algarve é muito positiva na medida em
que o negócio considerado na sua forma mais estrita - só o campo - se revelou mais ren-
tável que outras actividades da área do turismo. Também, neste Relatório, a análise da
rendibilidade de um projecto, baseado no campo-tipo, com as características médias do
conjunto de nove campos, se revelou francamente rentável, sem qualquer incentivo públi-
co. Neste contexto, a política de ajuda pública à actividade do golfe não encontra uma
justificação clara, pelo que a afectação dos fundos públicos encontraria uma maior rendibi-
lidade social nas áreas de promoção externa e interna da actividade, no uso de recursos
ainda não competitivos (águas residuais) e na requalificação do seu enquadramento com-
petitivo: acessibilidades e oferta de serviços públicos. A análise dos inquéritos feita à pro-
cura e às entrevistas realizadas junto dos stakeholders demonstra que há espaço para
melhorias do contexto competitivo do golfe.
Universidade do Algarve
142
COOPERAÇÃO INSTITUCIONAL
Garantida a qualidade do território receptor e do produto a oferecer, é necessário congre-
gar esforços em torno da marca Golfe no Algarve, como produto de diferenciação do Al-
garve pela excelência, numa óptica de complementaridade com a oferta instalada (diversi-
ficação de produtos, atenuação da sazonalidade) e numa óptica de substituição com os
principais destinos concorrentes (privilégio da aposta na identidade e qualidade). O suces-
so da gestão da procura do território na óptica da comercialização do produto golfe des-
portivo passa, sem dúvida, por esta convergência de interesses.
Neste quadro, coloca-se uma dimensão de natureza institucional que o Estudo sobre o
Golfe no Algarve procurou introduzir: a participação dos vários actores do desenvolvi-
mento regional na discussão e definição do desenvolvimento da actividade do golfe. Este
processo não tem por finalidade eliminar a concorrência entre as empresas do golfe que é
absolutamente necessária ao mercado, nem concorrenciar outras actividades, também
indispensáveis à economia regional, mas tão somente racionalizar um esforço que deve
incidir, em diferentes momentos, sobre os vários aspectos da actividade: o quadro estra-
tégico de desenvolvimento, a regulamentação, a promoção comercial, etc..
No caso concreto do golfe, este esforço implica explorar o potencial duma matriz de actu-
ação institucional na região do Algarve (Quadro VII.5). Esta matriz, por exemplo na di-
mensão comercial da actividade, deveria garantir a articulação e concertação de acções
entre as empresas de golfe proprietárias e/ou gestoras dos campos de golfe, a associação
Algarve Golfe, a Região de Turismo do Algarve, a Associação de Hotéis e Empreendimen-
tos Turísticos do Algarve (AHETA), o ICEP e a Direcção-Geral do Turismo, nomeadamente
pela execução de Planos de Acção Específica no âmbito da promoção do golfe que garan-
tam o seguimento do Plano de Promoção Conjunta do Golfe que se encerra no final do
corrente ano de 2003. Simultaneamente, uma segunda dimensão da matriz, ordenamento
e planeamento, garantiria a participação de um outro conjunto de agentes, designada-
mente, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, o Instituto
da Conservação da Natureza, as Comissões de Reserva Agrícola, as Câmaras Municipais e
demais entidades intervenientes na gestão do território.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
143
Quadro VII.5 Matriz de Cooperação Institucional para a Competitividade
Empresas e Sector (produção / promoção)
Associação
Algarve Golfe
Região de Turismo do
Algarve
Associação de Turismo do Algarve
ICEP Dir. Geral
do Turismo (...)
CCDR
Instituto de Conservação da Natureza
Comissões de Reserva Agrícola
Câmaras Municipais do Algarve
Ord
enam
ento
do
Ter
ritó
rio
(...)
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
A garantia de existência de um denominador comum de entendimento nesta matriz e o
potencial de competitividade que a sua articulação permite, constitui um instrumento regi-
onal de gestão do produto golfe, territorial e sectorialmente integrado, onde o sucesso da
comercialização do produto depende da garantia de valorização e conservação do territó-
rio receptor e, simultaneamente, da existência de um produto competitivo e gerador de
efeitos multiplicadores positivos.
Esta articulação institucional deve também promover a permanente monitorização do pro-
duto nas diferentes fases de planeamento, construção, oferta, promoção e procura, cons-
tituindo um elemento crítico para criar e aproveitar as oportunidades inerentes ao golfe. A
multiplicidade de agentes envolvidos beneficia de um potencial proveniente de uma ima-
gem de identidade regional, cuja sinergia de esforços é condição necessária para a com-
petitividade do produto e do território, num cenário de desenvolvimento onde a qualidade
e cadeias de valor geradas pelo golfe são elas próprias dependentes de uma política de
ordenamento do território consciente da necessidade de equilíbrio e coesão entre os espa-
ços.
COOPERAÇÃO
Universidade do Algarve
144
SUSTENTABILIDADE
O desenvolvimento da actividade do golfe tem implicações com outras actividades econó-
micas que usam o território como base produtiva ou como factor de localização privilegia-
do. Mesmo num cenário moderado, o crescimento da actividade utiliza recursos naturais e
humanos que devem ser valorizados ao seu custo de oportunidade social, face a activida-
des alternativas que disputam o mesmo território, como sejam as culturas, extensivas ou
intensivas, do sector agrícola ou as actividades industriais ou de serviços. Neste sentido, o
critério a reter deve ser o da sustentabilidade, na medida em que incorpora todos as inci-
dências económicas, sociais e ambientais, numa perspectiva de longo prazo.
A actividade do golfe gera efeitos multiplicadores muito importantes, tal como foi ampla-
mente demonstrado neste Estudo, com repercussões positivas directas nos tradicionais
sub-sectores do turismo: hotelaria, restauração, aluguer de viaturas e agência de viagens.
Outros domínios podem beneficiar potencialmente com o desenvolvimento do golfe: servi-
ços especializados de apoio ao golfe, serviços pessoais, instalações desportivas e oferta
em áreas relacionadas com o património, com a natureza e com a cultura. No domínio do
saber, é já significativa a participação da Universidade do Algarve como centro de compe-
tências dedicadas à formação de técnicos de gestão e de Green Keepers, para além da
investigação em curso sobre a actividade do golfe. A economia do golfe deve ser conside-
rada para além do seu aspecto estrito de turismo de golfe por forma a constituir-se como
um dos elementos estruturantes, a par de outros, no desenvolvimento regional.
A participação das populações locais na modalidade não deve limitar-se à mera “ explora-
ção” da actividade de tal forma que esta possa ser entendida como exclusivamente desti-
nada ao consumo da população visitante estrangeira. O dualismo na oferta, que existiu no
Algarve nos finais dos anos 70 e início dos anos 80, não é um factor de desenvolvimento
no sentido territorial deste conceito. Por isso, o fomento da prática do golfe, no País, atra-
vés de clubes nacionais de jogadores, a promoção de campos com vocação pública, onde
se verificar ser mais apropriado, e a organização de campeonatos são importantes para
esbater eventuais diferenciações e para associar à dinâmica da actividade uma participa-
ção nacional e regional.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
145
Os primeiros campos de golfe eram formados unicamente por elementos naturais. Hoje,
como em muitos outros desportos, o golfe evoluiu e defronta-se com desafios em vários
domínios: localização, desenho e construção dos campos, gestão das relvas e dos recursos
naturais. A paisagem natural já não é nem pode ser o local de prática do golfe. A sua
transformação numa paisagem humanizada pode ter impactes negativos sobre os bens
ambientais, nos quais se inclui o território, no caso de não existir um enquadramento re-
gulamentar adequado e, sobretudo, se os vários participantes na actividade não forem
movidos por um sentido de responsabilidade e uma atitude ética face ao património natu-
ral. Desenvolver o golfe no Algarve implica transformar paisagens, das quais uma parte,
senão todas, já não podem ser consideradas naturais, porque sofreram ao longo dos tem-
pos transformações culturais várias. O problema é saber se a implantação da actividade
cria efeitos irreversíveis nos ecossistemas e se não consegue assegurar a sustentabilidade
ambiental do território em que se localiza.
As conclusões do Relatório Preliminar sobre os impactes ambientais da actividade do golfe
em termos absolutos - não foram considerados em termos relativos a outras actividades
da Região - apontam, no geral, para a existência de procedimentos e de consumo de re-
cursos naturais que não põem em causa o equilíbrio ecológico. No entanto, verificou-se
que é possível atingir, nesses domínios, patamares mais sustentáveis, em particular, no
consumo de água e na gestão ambiental dos campos.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
147
CAPÍTULO VIII CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO FUTURO
O objectivo geral do Estudo sobre o Golfe no Algarve consistiu na definição de um
conjunto de critérios e de indicadores de avaliação que servissem como instrumento para
elaborar um diagnóstico integrado dos vectores de sustentabilidade do golfe na Região e
que pudesse servir, também, para a análise estratégica da actividade.
Os indicadores que foram definidos e que constam do Anexo II devem constituir uma fer-
ramenta de análise e um instrumento de ajuda à monitorização da actividade do golfe,
bem como um quadro de referência para a definição do futuro da actividade na Região. A
utilização que deles foi feita na primeira fase do Estudo na construção e avaliação dos ce-
nários é um exemplo da sua viabilidade prática.
Na primeira fase do Estudo, efectuou-se uma caracterização da situação actual e foram
identificadas as principais áreas-problema numa perspectiva sócio-económica, ambiental e
agro-ambiental e do negócio do golfe. No presente relatório, os resultados do diagnóstico
constituíram o ponto de partida para uma avaliação integrada de cenários de desenvolvi-
mento futuro da actividade.
Na sequência do exercício de cenarização é possível tirar duas ordens de conclusões: mais
gerais, sobre as várias configurações de desenvolvimento estudadas e mais específicas,
sobre cada uma das áreas da sustentabilidade. Para além disso são feitas algumas consi-
derações finais com o objectivo de contribuir para a promoção de práticas sustentáveis.
VIII.1 CONCLUSÕES GERAIS
Dos cenários de desenvolvimento estudados: cenário de referência, cenário moderado e
cenário de massificação, pode concluir-se que a estratégia de desenvolvimento sustentá-
vel para o golfe no Algarve, nos próximos 15 anos, deve pautar-se por um crescimento
moderado da oferta em que o número de campos se poderá situar num intervalo entre 29
e 41 campos ( equivalente 18 buracos).
Universidade do Algarve
148
O número de 41 campos deve ser entendido como o limite máximo da oferta, o que não
significa que seja o mais favorável quer para as empresas, quer para o ambiente. Com
efeito os índices de rentabilidade média observados na proximidade deste número come-
çam a ter valores muito próximos de zero.
Na óptica de um desenvolvimento sustentável da actividade, este intervalo sugere que é
possível compatibilizar as ópticas empresarial, sócio-económica e ambiental num sentido
positivo e que será nesse intervalo que serão maximizados os benefícios: o crescimento de
uma procura de qualidade será satisfeito, o nível médio de preços praticados poderá ser
mantido, a rendibilidade das empresas assegurada enquanto os efeitos sobre a economia
da Região crescerão proporcionalmente à actividade.
Também, neste intervalo, os impactes ambientais da gestão da actividade não constituirão
uma área problema, se houver uma introdução sistemática de boas práticas e de sistemas
adequados de gestão dos recursos naturais, capazes de melhorar os níveis de incidência
equivalentes aos que foram calculados para o ano de 2002.
O crescimento da oferta deverá obedecer aos parâmetros de qualidade de serviço que
corresponde, no momento actual, a um padrão mais elevado do que os concorrentes na-
turais (Andaluzia e Baleares) o que implica estratégias de diferenciação do produto, acom-
panhadas da manutenção de um nível de preços mais elevado.
Em termos de uso dos recursos naturais, em particular, a água, não foram detectadas,
para este intervalo, futuras restrições de natureza quantitativa, face ao actual padrão das
origens do abastecimento. No entanto, tem de haver consciência que a política da água na
Região pode sofrer alterações significativas no sentido de maior racionalização nos con-
sumos não domésticos e de diversificação das origens de abastecimento para os vários
usos. A introdução de elementos desta natureza pode levar os campos de golfe a optar
por um mix de origens que optimize a factura da água.
O Estudo não considerou um custo para o consumo de água superior à média actual o
que pode não ser muito realista, nem economicamente justificável, mas dado o momento
em que se encontra a discussão sobre o preço da água, optou-se por não introduzir hipó-
teses que poderiam ser mal interpretadas. É, no entanto, altamente provável que, num
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
149
futuro próximo, a parte do custo da água na estrutura de custos do campo de golfe possa
sofrer alterações no sentido do aumento.
A localização de novos campos de golfe é uma questão crucial para o desenvolvimento do
golfe, dadas as restrições legais existentes, mas também o modelo de ordenamento ainda
insuficientemente estabilizado. Ao intervalo 29-41 campos estão subjacentes localizações,
que foram inspiradas dos processos em análise e condicionadas aos critérios ambientais
resultantes da regulamentação existente. Este exercício de cenarização é meramente ilus-
trativo e não constitui um estudo de impacte ambiental focalizado nos diferentes projec-
tos, pelo que a identificação que possa ser feita não constitui uma referência com implica-
ções legais.
Do ponto de vista do desenvolvimento regional, o golfe pode constituir um segmento da
actividade turística com implicações positivas em diversas áreas da economia regional. Os
dados da situação actual, como também as incidências do cenário moderado, demonstram
o potencial de efeitos externos pecuniários e outros que podem advir do crescimento gra-
dual da oferta, dentro de limites de sustentabilidade empresarial, económica e ambiental.
VIII.2 CONCLUSÕES SOBRE AS ÁREAS DE SUSTENTABILIDADE
DO PONTO DE VISTA EMPRESARIAL:
Um elemento importante que ressalta do exercício de cenarização é a existência de uma
procura de qualidade sustentada. No entanto, a sua concentração geográfica pode consti-
tuir um elemento com variações conjunturais significativas, cujos efeitos se farão sentir
nos campos onde o nível de fidelização é mais baixo.
O negócio do golfe no Algarve apresenta-se como uma actividade rentável, com níveis
superiores a outras actividades do sector turístico. Essa rentabilidade é considerada no
sentido estrito e não resulta da componente urbanística associada. Contudo, este aspecto
não deve ser escamoteado na medida em que o turista de golfe "compra" um produto
compósito que engloba o alojamento e a possibilidade de jogar em vários campos de pro-
ximidade.
Universidade do Algarve
150
A óptica empresarial da actividade económica do golfe não pode ser, na maioria dos ca-
sos, dissociada dessa realidade complementar, a componente urbanística, o que pode
condicionar decisivamente a localização dos campos. Nesse sentido , é realista associar ao
cenário moderado o desenvolvimento de uma área de construção adjacente ao campo sob
a forma de um hotel - versão minimalista - eventualmente sob a forma de um conjunto
imobiliário com dimensões e importância muito variáveis. Este aspecto não deve, contudo,
colidir com as condições suficientes para a afirmação do golfe como sub-sector importante
e com qualidade da indústria turística da Região.
Existe um potencial de turistas-jogadores no mercado nacional que necessita de ser explo-
rado e, por razões que foram desenvolvidas no Estudo, poderá constituir uma procura
para atenuar a sazonalidade, nas épocas do ano em que a procura estrangeira não se di-
rige para fora dos Países de origem. Não será possível, contudo, por razões que são ób-
vias, manter a actividade durante todo o ano próxima da oferta potencial.
Os campos municipais constituem uma condição importante para a formação de uma pro-
cura de origem nacional, mas seguindo uma lógica económica e uma localização regional
diferentes das que estiveram presentes neste Estudo. Aqui, tem todo o sentido usar fun-
dos públicos para criar infra-estruturas e actividades que desempenham uma função social
e que não colidam com o mercado do golfe, que foi objecto deste Estudo.
Os cenários estudados pressupõem que as empresas vão assumir uma atitude ambiental
responsável quer para o momento actual, quer para o futuro. Os indicadores ambientais
que foram calculados indicam que o panorama actual no que concerne a gestão ambiental
não é homogéneo: existe um grupo de campos com níveis de gestão muito apurada, exis-
te outro grupo com níveis médios, enquanto um terceiro grupo apresenta deficiências si-
gnificativas. É importante que as empresas tenham consciência que a protecção do ambi-
ente é a primeira condição de qualidade e que essa protecção é economicamente custo-
eficaz.
DO PONTO DE VISTA AMBIENTAL:
A avaliação dos impactes dos cenários sobre o ambiente considerou a simulação global
para a região de indicadores estruturais e de gestão. A avaliação destas duas vertentes é
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
151
complementar, ainda que a primeira se revista de maior complexidade e incerteza, não só
pela dependência das decisões das autoridades competentes relativamente à localização e
licenciamento dos campos, como também pela necessidade de aprofundar esta análise a
escalas sub-regionais ou locais. Neste sentido, os resultados obtidos revelaram que:
§ Numa perspectiva estrutural, a hipótese extrema que considera a implementa-
ção de 88 campos equivalentes (cenário de massificação) implicará fortes pres-
sões sobre os valores naturais da região, a serem aprovadas algumas das pre-
tensões conhecidas, ou quaisquer novas pretensões que se localizem sobre áre-
as de conservação da natureza e protecção dos recursos;
§ Numa perspectiva de gestão ambiental, qualquer dos cenários simulados a partir
da média das condições actuais (isto é, a variante 1 de cada cenário) implicará
um agravamento proporcional das pressões ambientais geradas pelos consumos
e emissões ambientais associadas ao golfe, que poderá conduzir a impactes cu-
mulativos sobre o sistema ambiental;
§ No entanto, ao proceder-se à simulação de cada cenário para uma variante al-
ternativa (que considera a média dos cinco campos com melhor desempenho
ambiental à luz dos indicadores calculados), pôde constatar-se que existe uma
ampla margem de melhoria da gestão ambiental global dos campos. Esta situa-
ção permitiu projectar, sobretudo para os cenários de referência e moderado,
uma “imagem futura” alternativa (sendo 2020 o extremo superior do horizonte
de análise), em que é possível aumentar o número de campos actual sem que
isso implique, necessariamente, um aumento das pressões ambientais geradas
pela sua gestão. Para tal seria preciso que os campos implementassem boas
práticas e as melhores tecnologias disponíveis no sentido de aproximarem o seu
desempenho à média dos valores produzidos pela variante 2.
Este resultado vem reforçar a necessidade de uma gestão ambiental estratégica do golfe,
suportada por políticas, objectivos e metas operacionais, que visem a melhoria progressiva
das áreas ambientais críticas identificadas ao longo do Estudo. Neste sentido, a adopção
dos indicadores propostos afigura-se como um instrumento fundamental para a avaliação
e comunicação do desempenho ambiental dos campos de golfe.
Universidade do Algarve
152
NA ÓPTICA DA ECONOMIA REGIONAL:
As primeiras opções de planeamento e desenvolvimento económico do golfe no Algarve
devem recair sobre os cenários de referência e moderado (respectivamente 29 e 41 cam-
pos de golfe equivalentes a 18 buracos em 2020). Por sua vez, entre estes, o cenário mo-
derado apresenta um maior benefício económico agregado (despesas totais), facto que
não deve ser negligenciado dados os efeitos multiplicadores que o golfe gera sobre os res-
tantes sectores integrados na fileira de produção turística.
Cumulativamente, como é o cenário moderado que permite em termos físicos uma maior
proximidade entre procura e oferta, sugerindo uma relação de preços óptima para ambos
os lados da equação, garante a não existência de um excesso de pressão pelo lado da
procura (logo a não indução da oferta em ultrapassar níveis óptimos de ocupação) e ga-
rante também o não excesso de pressão pelo lado da procura (perigo de degradação de
preços e qualidade).
Daqui resulta que face ao superior desempenho económico e tendência de convergência
para o equilíbrio em níveis de qualidade optimizados, o cenário moderado é aquele que
deve constar na economia como primeira opção no desenvolvimento do produto turístico
golfe no Algarve.
Por último, face aos aspectos críticos evidenciados no cenário de massificação, defen-
de-se que a existirem desvios na evolução sugerida para 41 campos em 2020, é preferível
no domínio dos resultados económicos de âmbito regional que estes desvios de percurso
sejam sempre balizados pelo cenário de referência, isto é, o planeamento e desenvolvi-
mento económico do golfe no Algarve deve assumir o número de 41 campos como o limite
por excesso e não por defeito.
VIII.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em face do acima exposto, são apresentadas algumas medidas prospectivas que visam
mitigar os problemas identificados e potenciar as oportunidades que foram apresentadas
ao longo da apresentação e discussão dos cenários de desenvolvimento da actividade.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
153
DE NATUREZA ECONÓMICA E SOCIAL
Na óptica da procura podem identificar-se claramente três áreas críticas: a saturação dos
campos; o binómio preço/qualidade e a diversificação e promoção.
A preocupação existente com o preço e com o overbooking dos campos existentes, sugere
a necessidade de mais campos, quer para forçar a diminuição do preço, quer para aliviar a
sobrecarga dos existentes.
As grandes áreas problema percebidas pelos empresários centram-se em três grandes
domínios: localização e acessibilidades (estradas); problemas de rentabilização do negó-
cio, (a imobiliária associada e o seu impacto em termos de paisagem) e o design dos
campos, dum modo geral os campos de golfe apresentam um layout conivente com cam-
pos de alta competição, afastando assim, o turista comum que utiliza o golfe como activi-
dade complementar ao lazer.
Os principais obstáculos ao investimento surgem relacionados com a legislação ambiental
portuguesa e os planos de ordenamento do território. Nas preocupações dos investidores
surgem ainda os sistemas de incentivo, que se encontram desadequados, o elevado perío-
do de recuperação do investimento e a estratégia promocional do país e em particular da
região.
A dinamização da actividade do golfe na região pressupõe:
§ Uma maior dinâmica ao nível das infraestruturas de apoio regionais e, em parti-
cular, dos transportes internos;
§ Programas de promoção conjunta do Algarve em mercados diversificados, por
forma a aligeirar a concentração da quota de mercado nos países habituais;
§ A flexibilização burocrática dos programas de incentivos e dos processos de
licenciamento dos campos;
§ A diversificação de mercados para captar novos segmentos que, de alguma for-
ma, aliviem a sazonalidade do golfe e permitam utilizar o campo nas horas e di-
as de menor saturação;
Universidade do Algarve
154
§ Manter o binómio qualidade/preço;
§ Rentabilizar o negócio do golfe de per si, o golfe pode sobreviver enquanto ne-
gócio sem se ancorar no alojamento.
DE NATUREZA AGRO-AMBIENTAL
Para os aspectos relacionados com a gestão agro-ambiental dos campos, sugerem-se as
seguintes medidas:
§ Utilização de águas superficiais nomeadamente das barragens preferencialmente
às águas subterrâneas;
§ Utilização de águas residuais depuradas na rega, como fonte de água e fertili-
zantes. Nestas condições, os campos de golfe poderiam contribuir para a melho-
ria das condições ambientais, através de depuração adicional de infiltra-
ção-percolação na zona radicular, contribuindo ainda para a produção da bio-
massa;
§ Utilização de relvas menos exigentes no consumo de água – menos água de
rega – menor quantidade de sal adicionada ao solo; Utilização de relvas com po-
tencial capacidade de absorção de iões em solos salinos;
§ Utilização de quantidades mínimas de água de rega para que seja atingida a
qualidade necessária – menos água, menos produção, menos energia menos
adubos e menos sal;
§ Só será conveniente aumentar as áreas regadas a partir das águas superficiais
(incluindo as residuais tratadas) de preferência a águas subterrâneas, nas con-
dições em que o consumo destas não colocar em causa a sua produtividade;
§ Através da rega gota a gota subterrânea poderá haver a poupança de 50 % de
água e de 30 % de adubo em relação à convencional rega por aspersão;
§ Aplicação preferencial da fertilização através da fertirrega em alternativa à ferti-
lização convencional;
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
155
§ Caso se aplique a fertilização convencional, para que não haja contaminação
ambiental, aplicação da fertilização distribuída por um mínimo 45 práticas ao
longo do ano, sendo os adubos de libertação lenta não inferior a 30 %;
§ Reforço do conhecimento sobre as pragas e patogéneos presentes recorrendo a
serviços de diagnóstico adequados;
§ Manutenção de registos de pragas e patogéneos identificados;
§ O emprego de medidas culturais e produtos fitofarmacêuticos homologados
adequados ao controlo das espécies de pragas e patogéneos identificados;
§ A solicitação à Direcção Geral de Protecção de Culturas o alargamento do espec-
tro de utilização daquelas substâncias para culturas menores nos termos dos
n.ºs 2 e 3 do Art.º 9 do Dec. Lei 94/98.
DE NATUREZA AMBIENTAL (GESTÃO INTEGRADA)
Para além das medidas relacionadas com o consumo de água, fertilizantes e fitofármacos
acima apresentadas, uma gestão ambiental integrada da actividade do golfe não deve
descurar as oportunidades de controlo dos outros consumos e emissões ambientais anali-
sados, tais como:
§ A redução dos consumos energéticos verificados, nomeadamente, através da
utilização de sistemas de iluminação de baixo consumo energético (Commited to
Green Foundation & PGA European Tour and Ryder Cup, 2002), do carregamen-
to dos buggies nas “horas vazias” de consumo, do recurso a outras fontes de
energia, nomeadamente a solar (e.g. no carregamento dos buggies) e da manu-
tenção e verificação regular de equipamento e das máquinas, de modo a permi-
tir um consumo energético mais eficiente (Stubbs, 1997);
§ A optimização da gestão dos resíduos e a minimização da sua produção, através
da definição de um plano de acção de redução de resíduos na fonte (Commited
to Green Foundation & PGA European Tour and Ryder Cup, 2002), da
implementação de uma política de reciclagem na gestão do campo (Stubbs,
1997) e de separação de resíduos de embalagem e outros resíduos valorizáveis
Universidade do Algarve
156
de separação de resíduos de embalagem e outros resíduos valorizáveis pelas ca-
racterísticas dos materiais (USGA, 1996; ECOSSISTEMA, 2001), da manutenção
de um registo de todos os resíduos perigosos produzidos (Commited to Green
Foundation & PGA European Tour and Ryder Cup, 2002), da criação de áreas de
armazenamento de resíduos e respectivo acondicionamento em zonas imperme-
abilizadas, isoladas e seladas e da compostagem das aparas de relva, que cons-
tituem o tipo de resíduos produzido em maior quantidade nos campos de golfe.
Através do diagnóstico efectuado, constatou-se que para muitos dos indicadores calcula-
dos o valor mínimo corresponde a campos com sistemas ou programas de gestão ambien-
tal implementados. Desta forma, existe ainda um elevado potencial de melhoria para os
campos de golfe do Algarve que não aderiram a estes sistemas e programas. Desde que
encarados como um ponto de partida para um processo de melhoria contínua, a adesão a
estes instrumentos por parte da totalidade dos campos de golfe existentes poderá favore-
cer a colmatação de diversas áreas-problema identificadas. Sugere-se ainda que os gesto-
res dos campos de golfe procedam à elaboração de relatórios ambientais anuais que per-
mitam a actualização dos indicadores propostos e a sua comunicação ao público e restan-
tes stakeholders.
Devem ser igualmente equacionadas medidas que visem a conservação da fauna e da flo-
ra, a sensibilização e a educação ambiental e a integração dos aspectos ambientais desde
a fase de concepção dos campos (cf. Anexo III - Ambiente).
Importa ainda referir que muitas destas medidas vão de encontro às recomendações su-
geridas pelos empresários e stakeholders entrevistados. De facto, todas as entidades con-
tactadas consideraram que a existência de boas práticas e medidas ambientais, comple-
mentadas com o uso de tecnologias adequadas, garantem a melhoria efectiva do desem-
penho ambiental dos campos de golfe e mitigam os impactes ambientais negativos resul-
tantes da sua actividade. Foram referidas como medidas prioritárias a gestão dos relvados
(em função da maior resistência ao clima), a poupança de água, a utilização de águas re-
siduais, a manutenção do sistema de drenagem superficial dos terrenos, o uso de produ-
tos menos nocivos para o ambiente e a existência de bacias de retenção das águas de
drenagem. Foi também mencionado que a integração da componente ambiental na fase
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
157
de projecto, facilitaria a gestão dos campos, assegurando um melhor desempenho ambi-
ental. Finalmente, foi sugerido que deveria haver um envolvimento de todas as entidades
competentes no sentido de exercer um acompanhamento e fiscalização eficazes da execu-
ção dos trabalhos associados à construção do campo e das infra-estruturas associadas.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
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Welch, T.G.; Knight, R.W.; Caude, D.; Garza, A.; Sweeten, J.M. (1991) Grazing Managent, Publication 1-5041.tx. [On-line] Texas Agricultural Extension Service, Disponível através do site: http://hermes.ecn.purdue.edu.8001/cgi/convertwq6533.
White, B. (2000) Turf Managers’ Handbook for Golf Course Construction, Renovation, and Grow, In Library of Congress Cataloging-in-Publication Data, U.S.A.
WTO (2001) Tourism Market Trends, World Overview & Tourism Topics, WTO.
Zamnski; S, E. e Arthur, A. (1996) Photoassimilate distribution in Plants and crops: source-sink relationships, New York: Marcel Dekker.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
171
ANEXO I QUADROS DE APOIO
Quadro I.1 Gasto Médio Diário por Turista em Portugal e no Algarve Motivo Golfe, 2001
Euros (1)
Portugal 98,76€
Algarve 91,78€
Algarve (golfe) 164,13€
Fonte: DGT, Universidade do Algarve, 2003
(1) Gráfico II.1
Quadro I.2 Evolução da Procura (Voltas/Ano)
Nº de Voltas (1)
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Voltas vendidas 690.461 670.725 828.287 837.853 877.007 904.623 913.090
Fonte: Associação de Golfe, 2003 (1) Gráfico IV.1
Quadro I.3 Preço Médio por Volta no Algarve e nos Destinos Concorrentes, 2002
Euros (1)
Baleares 55,29€
Canárias 45,86€
Andaluzia 46,12€
Algarve 47,94€
Fonte: Internet, Universidade do Algarve, 2003 (1) Gráfico IV.2
Quadro I.4 Índice de Sazonalidade
Índice de Sazonalidade (1)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
58,62 103,28 150,56 119,29 118,87 86,12 77,26 84,48 104,07 145,72 104,43 47,32
Fonte: Universidade do Algarve, 2003 (1) Gráfico IV.3
Universidade do Algarve
172
Quadro I.5 Evolução Mensal da Procura em 2002
Nº de Voltas (1)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
44 602 78 588 114 559 90 768 90 452 65 526 58 788 64 278 79 186 110 880 79 459 36 004
Fonte: Associação de Golfe, Universidade do Algarve, 2003 (1) Gráfico IV.4
Quadro I.6 Quantidade de Voltas por Zonas
Nº de Voltas (1)
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Zona Ocidental 218 919 246 876 337 804 334 819 342 597 350 237 358 255
Zona Central 471 542 423 849 490 483 503 034 518 887 534 757 503 822
Zona Oriental - - 51 013
Total 690 461 670 725 828 287 837 853 877 007 904 623 913 090
Fonte: Algarve Golfe, 2003
(1) Gráfico IV.5 ; - Segredo estatístico
Quadro I.7 Distribuição do Número de Campos em Funcionamento por Zonas do Algarve Primeira Hipótese Extrema
Número de Campos Equivalentes (1)
2003 2005 2010 2015 2020
Zona Ocidental 11,5 11,5 11,5 11,5 11,5
Zona Central 11,5 11,5 13,0 13,0 13,0
Zona Oriental 4,5 4,5 4,5 4,5 4,5
Fonte: DRAOT, Universidade do Algarve, 2003
(1) Gráfico IV.6
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
173
Quadro I.8 Distribuição do Número de Campos em Funcionamento por Zonas do Algarve Segunda Hipótese Extrema
Número de Campos Equivalentes (1)
2003 2005 2010 2015 2020
Zona Ocidental 11,5 11,5 15,5 24,5 38,5
Zona Central 11,5 11,5 15,0 21,0 27,0
Zona Oriental 4,5 4,5 8,5 13,5 22,5
Fonte: DRAOT, Universidade do Algarve, 2003
(1) Gráfico IV.7
Quadro I.9 Distribuição do Número de Campos em Funcionamento por Zonas do Algarve Hipótese Intermédia
Número de Campos Equivalentes (1)
2003 2005 2010 2015 2020
Zona Ocidental 11,5 11,5 12,5 14,5 14,5
Zona Central 11,5 11,5 15,0 17,0 18,0
Zona Oriental 4,5 4,5 7,5 8,5 8,5
Fonte: DRAOT, Universidade do Algarve, 2003
(1) Gráfico IV.8
Quadro I.10 Evolução da Oferta e da Procura no Cenário de Referência
Nº de Voltas (1)
2003 2005 2010 2015 2020
Procura desejada 824 993 824 993 869 993 869 993 869 993
Procura efectiva 929 375 961 944 1 043 368 1 124 792 1 206 216
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
(1) Gráfico V.1
Quadro I.11 Distribuição Mensal da Procura em 2020, no Algarve no Cenário de Referência
Nº de Voltas (1)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
74 246 121 436 164 102 115 682 111 568 82 998 75 134 72 215 99 823 143 558 105 045 40 408
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
(1) Gráfico V.2
Universidade do Algarve
174
Quadro I.12 Evolução do Gasto Médio, no Cenário de Referência
Euros (1)
2003 2005 2010 2015 2020
Zona Ocidental 101,2 109,0 137,1 171,3 212,9
Zona Central 138,9 149,6 166,4 208,0 258,5
Zona Oriental 46,2 49,7 62,5 78,2 97,2
Algarve 108,0 116,3 138,6 173,3 215,4
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
(1) Gráfico V.3
Quadro I.13 Evolução da Oferta e da Procura no Cenário Moderado
Nº de Voltas (1)
2003 2005 2010 2015 2020
Procura desejada 824 993 824 993 1 049 991 1 199 990 1 229 990
Procura efectiva 929 375 962 527 1 050 675 1 146 895 1 251 926
Fonte: Universidade do Algarve, 2003 (1) Gráfico V.4
Quadro I.14 Distribuição Mensal da Procura em 2020, no Algarve no Cenário Moderado
Nº de voltas (1)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
77 059 126 038 170 320 120 066 115 796 86 143 77 982 74 952 103 606 148 998 109 026 41 940
Fonte: Universidade do Algarve, 2003 (1) Gráfico V.5
Quadro I.15 Evolução do Gasto Médio, no Cenário Moderado
Euros (1)
2003 2005 2010 2015 2020
Zona Ocidental 101,2 109,1 113,4 123,7 156,5
Zona Central 138,9 130,8 118,8 132,6 158,5
Zona Oriental 46,2 98,1 113,4 126,6 160,2
Algarve 108,0 118,7 118,0 130,6 161,3
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
(1) Gráfico V.6
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
175
Quadro I.16 Evolução da Oferta e da Procura no Cenário de Massificação
Nº de Voltas (1)
2003 2005 2010 2015 2020
Procura desejada 824 993 824 993 1 169 990 1 769 985 2 639 978
Procura efectiva 929 375 962 527 1 050 675 1 146 895 1 251 926
Fonte: Universidade do Algarve, 2003 (1) Gráfico V.7
Quadro I.17 Distribuição Mensal da Procura em 2020, no Algarve no Cenário de Massificação
Distribuição Mensal da Procura em 2020, no Algarve no Cenário de Massificação
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
77 059 126 038 170 320 120 066 115 796 86 143 77 982 74 958 10 3606 148 998 109 026 41 940
Fonte: Universidade do Algarve, 2003 (1) Gráfico V.8
Quadro I.19 Evolução do Gasto Médio, no Cenário de Massificação
Euros (1)
2003 2005 2010 2015 2020
Zona Ocidental 101,2 109,1 97,7 73,2 58,9
Zona Central 138,9 130,8 111,3 107,4 105,7
Zona Oriental 46,2 98,1 100,0 79,7 60,5
Algarve 108,0 116,3 103,8 86,8 73,7
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
(1) Gráfico V.9
Universidade do Algarve
176
Quadro I.20 Estimativas da Oferta, da Procura e do Gasto Médio por Zonas
Cenário de Referência
2003 2005 2010 2015 2020
Nº de campos 28 28 29 29 29
Ocidental 12 12 12 12 12 Central 12 12 13 13 13 Oriental 5 5 5 5 5
Oferta 1 512 500 1 512 500 1 595 000 1 595 000 1 595 000
Ocidental 632 500 632 500 632 500 632 500 632 500 Central 632 500 632 500 715 000 715 000 715 000 Oriental 247 500 247 500 247 500 247 500 247 500
Ocupação por Campo 30 000 30 000 30 000 30 000 30 000
Procura desejada 824 993 824 993 869 993 869 993 869 993
Ocidental 344 997 344 997 344 997 344 997 344 997 Central 344 997 344 997 389 997 389 997 389 997 Oriental 134 999 134 999 134 999 134 999 134 999
Procura efectiva 929 375 961 944 1 043 368 1 124 792 1 206 216
Ocidental 364 315 377 082 409 000 440 919 472 837 Central 512 736 530 705 575 626 620 548 665 469 Oriental 52 324 54 157 58 742 63 326 67 910
Potencial por campo 33 795 34 388 34 980 34 324 34 294
Ocidental 31 680 32 790 35 565 38 341 41 116 Central 44 586 46 148 44 279 47 734 51 190 Oriental 11 628 12 035 13 054 14 072 15 091
Gasto Médio Corrigido 108 111 116 118 121
Ocidental 101 109 137 171 213 Central 142 153 171 213 265 Oriental 37 40 50 63 78
Excesso de Oferta (nº de Voltas) -104 382 -136 951 -173 376 -254 799 -336 223
Ocidental -19 318 -32 085 -64 003 -95 921 -127 840 Central -167 739 -185 708 -185 630 -230 551 -275 473 Oriental 82 675 80 841 76 257 71 673 67 089
Excesso de Oferta (nº de Jogadores) -23 196 -30 434 -38 528 -56 622 -74 716
Ocidental -4 293 -7 130 -14 223 -21 316 -28 409 Central -37 275 -41 268 -41 251 -51 234 -61 216 Oriental 18 372 17 965 16 946 15 927 14 909
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
177
Quadro I.20 Estimativas da Oferta, da Procura e do Gasto Médio por Zonas (continuação)
Cenário Moderado
2003 2005 2010 2015 2020
Nº de Campos 28 28 35 40 41
Ocidental 12 12 13 15 15 Central 12 12 15 17 18 Oriental 5 5 8 9 9
Oferta 1 512 500 1 512 500 1 925 000 2 200 000 2 255 000
Ocidental 632 500 632 500 687 500 797 500 797 500 Central 632 500 632 500 825 000 935 000 990 000 Oriental 247 500 247 500 412 500 467 500 467 500
Ocupação por Campo 30 000 30 000 30 000 30 000 30 000
Procura Desejada 824 993 824 993 1 049 991 1 199 990 1 229 990
Ocidental 344 997 344 997 374 997 434 996 434 996 Central 344 997 344 997 449 996 509 996 539 996 Oriental 134 999 134 999 224 998 254 998 254 998
Procura Efectiva 929 375 962 527 1 050 675 1 146 895 1 251 926
Ocidental 364 315 377 311 367 736 401 413 438 174 Central 512 736 452 388 462 297 504 634 550 848 Oriental 52 324 132 829 220 642 240 848 262 905
Potencial por Campo 33 795 35 001 30 019 28 672 30 535
Ocidental 31 680 32 810 29 419 27 684 30 219 Central 44 586 39 338 30 820 29 684 30 603 Oriental 11 628 29 517 29 419 28 335 30 930
Gasto Médio Corrigido 108 119 118 131 161
Ocidental 101 109 113 124 157 Central 142 131 119 133 158 Oriental 37 98 113 127 160
Excesso de Oferta (nº de Voltas) -104 382 -137 534 -683 53 095 -21 937
Ocidental -19 318 -32 314 7 261 33 583 -3 178 Central -167 739 -107 391 -12 301 5 362 -10 852 Oriental 82 675 2 170 4 356 14 150 -7 907
Excesso de Oferta (nº de Jogadores) -23 196 -30 563 -152 11 799 -4 875
Ocidental -4 293 -7 181 1 613 7 463 -706 Central -37 275 -23 865 -2 733 1 192 -2 412 Oriental 18 372 482 968 3 144 -1 757
Universidade do Algarve
178
Quadro I.20 Estimativas da Oferta, da Procura e do Gasto Médio por Zonas (continuação)
Cenário de Massificação
2003 2005 2010 2015 2020
Nº de campos 28 28 39 59 88
Ocidental 12 12 15 25 39 Central 12 12 16 21 27 Oriental 5 5 9 14 23
Oferta 1 512 500 1 512 500 2 145 000 3 245 000 4 840 000
Ocidental 632 500 632 500 797 500 1 347 500 2 117 500 Central 632 500 632 500 880 000 1 155 000 1 485 000 Oriental 247 500 247 500 467 500 742 500 1 237 500
Ocupação por Campo 30 000 30 000 30 000 30 000 30 000
Procura Desejada 824 993 824 993 1 169 990 1 769 985 2 639 978
Ocidental 344 997 344 997 434 996 734 994 1 154 990 Central 344 997 344 997 479 996 629 995 809 993 Oriental 134 999 134 999 254 998 404 997 674 994
Procura Efectiva 929 375 962 527 1 050 675 1 146 895 1 251 926
Ocidental 364 315 377 311 367 736 401 413 438 174 Central 512 736 452 388 462 297 504 634 550 848 Oriental 52 324 132 829 220 642 240 848 262 905
Potencial por Campo 33 795 35 001 26 940 19 439 14 226
Ocidental 31 680 32 810 25 361 16 384 11 381 Central 44 586 39 338 28 894 24 030 20 402 Oriental 11 628 29 517 25 958 17 841 11 685
Gasto Médio Corrigido 108 116 104 87 74
Ocidental 101 109 98 73 59 Central 142 131 111 107 106 Oriental 37 98 100 80 61
Excesso de Oferta (nº de Voltas) -104 382 -137 534 119 316 623 091 1 388 052
Ocidental -19 318 -32 314 67 260 333 581 716 816 Central -167 739 -107 391 17 699 125 361 259 146 Oriental 82 675 2 170 34 356 164 149 412 090
Excesso de Oferta (nº de Jogadores) -23 196 -30 563 26 515 138 465 308 456
Ocidental -4 293 -7 181 14 947 74 129 159 292 Central -37 275 -23 865 3 933 27 858 57 588 Oriental 18 372 482 7 635 36 478 91 576
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
179
Quadro I.21 Estrutura do Plano de Exploração
Percentagem (1)
PROVEITOS 100% Greenfees 50% Aluguer 23% Merchandising 12% A&Bebidas 7% Outros 8%
CUSTOS 60% FSE 32% Pessoal 25% Outros Encargos de Estrutura 3%
Amortizações 3% Resultados Antes de Impostos 40% Prov. p/ impostos 12% RESULTADO LÍQUIDO 28%
CASH-FLOW DE EXPLORAÇÃO 43%
Fonte: Universidade do Algarve, 2003 (1) Gráfico VI.1
Quadro I.22 Limiar de Rendibilidade e Encerramento para os Diferentes Cenários, 2020
Nº de Voltas (1)
Referência Moderado Massificação
Limiar de rendibilidade 17 332 17 609 17 344
Limiar de encerramento 10 398 13 086 14 226
Vendas 41 594 30 535 14 226
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
(1) Gráfico VI.2
Universidade do Algarve
180
Quadro I.23 Indicadores de Impacte Económico Vertente Gastos, Cenário de Referência
Indicadores 2003 2005 2010 2015 2020
Procura estimada de golfistas (nº de jogadores)
206.528 213.765 231.860 249.954 268.048
Variação necessária de golfistas face à capacidade óptima instalada (30.000 voltas)
-23.194 -30.432 -38.526 -56.620 -74.715
Despesa total dos golfistas no campo de golfe (directa) (1)
86.977.842 96.084.296 122.645.579 155.595.954 196.364.499
Despesa total dos golfistas fora do campo de golfe (indirecta) (1)
255.362.195 282.098.248 360.080.723 456.821.226 576.515.448
Despesa total com origem na estada de golfe (directa + indirecta) (1)
342.340.036 378.182.544 482.726.302 612.417.180 772.879.947
Despesa média por golfista/dia no campo de golfe (1)
44,01 46,97 55,27 65,05 76,55
Despesa média por golfista/dia fora do campo de golfe (1)
129,20 137,90 162,28 190,97 224,74
Despesa média por golfista/dia durante a estada (1)
173,21 184,86 217,55 256,02 301,29
Percentagem da despesa total de golfe face ao PIB atribuído ao turismo (WTTC) [2013]
5,7% 11,1%
(1) euros a preços correntes
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
181
Quadro I.24 Indicadores de Impacte Económico Vertente Gastos, Cenário Moderado
Indicadores 2003 2005 2010 2015 2020
Procura estimada de golfistas (nº de jogadores)
206.528 213.895 233.483 254.866 278.206
Variação necessária de golfistas face à capacidade óptima instalada (30.000 voltas)
-23.194 -30.432 1.474 16.713 5.285
Despesa total dos golfistas no campo de golfe (directa) (1)
86.868.393 95.780.024 122.266.598 156.077.696 199.238.592
Despesa total dos golfistas fora do campo de golfe (indirecta) (1)
251.497.007 277.297.513 355.741.458 454.116.728 579.695.751
Despesa total com origem na estada de golfe (directa + indirecta) (1)
338.365.400 373.077.537 478.008.056 610.194.425 778.934.343
Despesa média por golfista/dia no campo de golfe (1)
43,95 46,79 54,72 63,99 74,83
Despesa média por golfista/dia fora do campo de golfe (1)
127,25 135,47 159,21 186,18 217,73
Despesa média por golfista/dia durante a estada (1)
171,20 182,26 213,93 250,18 292,57
Percentagem da despesa total de golfe face ao PIB atribuído ao turismo (WTTC) [2013]
5,7% 11,1%
(1) euros a preços correntes
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Universidade do Algarve
182
Quadro I.23 Indicadores de Impacte Económico Vertente Gastos, Cenário de Massificação
Indicadores 2003 2005 2010 2015 2020
Procura estimada de golfistas (nº de jogadores)
206.528 213.895 233.483 254.866 278.206
Variação necessária de golfistas face à capacidade óptima instalada (30.000 voltas)
-23.194 -30.432 28.140 143.380 318.619
Despesa total dos golfistas no campo de golfe (directa) (1)
84.847.807 89.250.660 101.283.446 114.938.531 130.434.480
Despesa total dos golfistas fora do campo de golfe (indirecta) (1)
239.762.168 252.203.710 287.412.025 322.383.130 365.846.645
Despesa total com origem na estada de golfe (directa + indirecta) (1)
324.609.974 341.454.370 388.695.471 437.321.661 496.281.126
Despesa média por golfista/dia no campo de golfe (1)
42,93 43,60 45,33 47,12 48,99
Despesa média por golfista/dia fora do campo de golfe (1)
121,31 123,21 128,63 132,17 137,41
Despesa média por golfista/dia durante a estada (1)
164,24 166,81 173,96 179,30 186,40
Percentagem da despesa total de golfe face ao PIB atribuído ao turismo (WTTC) [2013]
5,7% 7,9%
(1) euros a preços correntes
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Quadro I.24 Défice de Jogadores por Cenário
Nº de Jogadores (1)
2005 2010 2020
Cenário de Referência 27.384 27.384 27.384
Cenário Moderado 38.526 -1.474 -28.140
Cenário de Massificação 74.715 -5.285 -318.619
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
(1) Gráfico VI.3
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
183
Quadro I.25 Gastos Totais do Golfe (directos e indirectos) por Cenário
Milhões de euros (1)
2005 2010 2020
Cenário de Referência 397.314.564 391.746.998 350.201.565
Cenário Moderado 482.726.302 478.008.056 388.695.471
Cenário de Massificação 772.879.947 778.934.343 496.281.126
Fonte: Universidade do Algarve, 2003 (1) Gráfico VI.4
Quadro I.26 Despesa Total por Jogador/Dia por Cenário
Euros (1)
(euros) 2005 2010 2020
Cenário de Referência 190,98 188,05 168,11
Cenário Moderado 217,55 213,93 179,30
Cenário de Massificação 301,29 292,57 186,40
Fonte: Universidade do Algarve, 2003 (1) Gráfico VI.5
Quadro I.27 Evolução do VAB Gerado pela Actividade do Golfe nos três Cenários
Milhões de Euros (1)
2003 2005 2010 2015 2020
Cenário de Referência 95,0 75,7 92,9 135,8 198,0
Cenário Moderado 94,4 77,4 60,7 67,5 115,6
Cenário de Massificação 94,4 75,2 38,7 -20,9 -94,1
Fonte: Universidade do Algarve, 2003 (1) Gráfico VI.6
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
185
ANEXO II INDICADORES
Domínio de Análise Indicadores Designação
Unidade de medida
N.º de campos Unidades
Gasto médio por volta Euros
Preço médio por volta Euros
Receita média directa ano por campo de golfe Euros
Caracterização
Custo variável médio por campo de golfe Euros
Limiar de rendibilidade nº de voltas
Gasto médio mínimo Euros
Limiar de encerramento nº de voltas
TIR (Taxa Interna de Rendibilidade) %
VAL (Valor Actual Líquido) Euros
Prazo Médio Recuperação do Investimento Anos
Rácio Custo Benefício Unidades
Competitividade Empresarial
Económico- Financeiros
Rendibilidade das vendas %
Universidade do Algarve
186
Domínio de Análise Indicadores Designação
Unidade de medida
Procura estimada de golfistas (nº de jogadores)
Nº de jogadores
Variação necessária de golfistas face à capacidade óptima instalada
Nº de jogadores
Despesa total dos golfistas no campo de golfe (directa)
Euros
Despesa total dos golfistas fora do campo de golfe (indirecta)
Euros
Despesa total com origem na estada de golfe (directa + indirecta)
Euros
Despesa média por golfista/dia no campo de golfe
Euros
Despesa média por golfista/dia fora do campo de golfe
Euros
Despesa média por golfista/dia durante a estada
Euros
Efeito económico - Gastos
Percentagem da despesa total de golfe face ao PIB atribuído ao turismo (WTTC) [2013]
Euros
Investimentos directos Euros Efeitos económicos - Investimento
Investimentos Induzidos Euros
VAB 106 Euros Efeitos em termos de valor acrescentado VAB por agentes 106 Euros
Emprego Nº
Participação do emprego na região %
Efeito em termos de emprego
Custo médio empregado/campo/mês Euros
Peso dos campos no VAB da região %
Coeficiente capital/produto Nº
Taxa Interna Social %
Coeficiente capital/emprego Euros
Produtividade Média Euros
Efeito Social
Efeito Distributivo %
Económico- Social
Efeito no desenvol-vimento regional Necessidades de alojamento
Camas
Hotéis
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
187
Domínio de Análise Indicadores Designação
Unidade de medida
Área ocupada por campos de golfe – Zona Ocidental %
Área ocupada por campos de golfe – Zona Central %
Área ocupada por campos de golfe – Zona Oriental %
Área de campos de golfe situada na classe A do mapa de condicionantes %
Área de campos de golfe situada na classe B do mapa de condicionantes %
Área de campos de golfe situada na classe C do mapa de condicionantes %
Consumo de água superficial para rega dos campos de golfe
m³/ ha
Consumo de água subterrânea para rega dos campos de golfe
m³/ ha
Consumo de água residual tratada para rega dos campos de golfe
m³/ ha
Consumo de água de abastecimento público para rega dos campos de golfe
m³/ ha
Custo da água de origem subterrânea Euros / m³
Custo da água de origem superficial Euros / m³
Custo da água de abastecimento público Euros / m³
Ambientais e Agro- Ambientais
Estruturantes
Custo da água residual tratada Euros / m³
Universidade do Algarve
188
Domínio de Análise Indicadores Designação
Unidade de medida
Consumo total de água para rega dos campos de golfe m³/ ha
Consumo de electricidade kWh / ha
Consumo de Fitofármacos kg / ha
Consumo total de Fertilizantes kg / ha
Consumo de adubos nos Greens/Tees:
Azoto (N) kg / ha
Fósforo (P2O5) kg / ha
Potássio (K2O) kg / ha
Consumo de adubos nos Fairways/Roughs:
Azoto (N) kg / ha
Fósforo (P2O5) kg / ha
Potássio (K2O) kg / ha
Produção total de resíduos t / ha
Ambientais e Agro- Ambientais
Gestão
Produção de resíduos verdes t / ha
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
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