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SANDRO FELIPE OLIVEIRA SOARES
INTERCORRÊNCIAS MÉDICAS NA IMPLANTODONTIA:PREVENÇÃO E TRATAMENTO
RIO DE JANEIRO2004
Monografia apresentada a Universidade doGrande Rio Professor “José de Souza Herdy”,como requisito para a obtenção do título deEspecialista em Implantodontia.
1
SANDRO FELIPE OLIVEIRA SOARES
INTERCORRÊNCIAS MÉDICAS NA IMPLANTODONTIA:PREVENÇÃO E TRATAMENTO
RIO DE J20
Monografia apresentada a Universidade doGrande Rio Professor “José de Souza Herdy”,como requisito para a obtenção do título deEspecialista em Implantodontia.
Área de Concentração: Implantodontia
Orientador: Prof.Glauco Velloso
ANEIRO04
2
FICHA CATALOGRÁFICA
S676i Soares, Sandro Felipe Oliveira. Intercorrências médicas na implantodontia: prevenção
e tratamento/ Sandro Felipe Oliveira Soares. – Rio de Janeiro, 2004.
65 f.: il.; 29 cm.
Orientador: Glauco Rodrigues Velloso. Monografia (especialização) - Universidade do Grande Rio Profº.
José de Souza Herdy, Escola de Odontologia. Bibliografia: f. 63-65.
1. Odontologia. 2. Implante dentário. 3. Emergências. I. Velloso, Glauco Rodrigues. II. Título.
CDD – 617.6
3
FOLHA DE APROVAÇÃO
Apresentação da Monografia em _____/_____/_____ao Curso de Especialização em Implantodontia.
Coordenador:
Orientador: Prof. Glauco Velloso
4
DEDICATÓRIA
Ao Edson Ribeiro Soares,
Meu pai, sinônimo de honra e heroísmo, um amigo fundamental para guiar todos
os passos da minha vida.
À Sônia Isabel Oliveira Soares,
Minha mãe, que me ensinou a vencer todas as batalhas da vida e por conter o mais
puro amor, dedicação, carinho e preocupação, e que acompanha de perto as barreiras da
minha vida.
Aos meus irmãos, André, Bruno e Fábio,
Que sempre unidos, aprendemos perfeitamente o que significa ser irmão. A cada
um em particular, o meu mais pleno amor e gratidão por estarem sempre ao meu lado.
À minha avó Zilda,
Por ser sinônimo de carinho, bondade, dedicação e preocupação. Espero com todo
o meu respeito, ser motivo de alegria e orgulho para ti.
Ao meu avô Joaquim,
Por ser bondoso e um grande amigo.
5
À minha madrinha Cleuza,
Sempre dedicada, amorosa e preocupada com meu sucesso profissional.
Aos meus avós, Armando e Lici,
Cujos atos e pensamentos permanecem vivos, e guiam meus passos todos os dias.
À Sandra Kitamura e Tadashi Kitamura,
Pelo amor, dedicação e companheirismo, além de sogros, são amigos e pais.
6
AGRADECIMENTOS
A Deus,
Pela energia e vida, pela graça de estar fazendo aquilo que mais amo de maneira
plena, cheia de perspectiva e satisfação, e por me conceder essa força para a incansável
busca de crescer.
À Camilla Fanaia Kitamura,
Minha eterna companheira, que ao meu lado, com todo seu amor, carinho e
dedicação foi fundamental para a realização deste trabalho, e agradeço a Deus, por ela
fazer parte de minha vida.
Ao professor e orientador Glauco Velloso,
Sempre disposto a ensinar e ajudar; e por ter ganhado mais um grande amigo.
Aos colegas Eduardo, Gilberto e Sebastião,
Por tudo que passamos, e por termos conseguido superar todas as dificuldades,
com nossa força de vontade de vencer.
7
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 11
RESUMO 12
1. INTRODUÇÃO 13
2. REVISÃO DE LITERATURA 15
2.1. CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O CONHECIMENTO 15
SISTÊMICO DO PACIENTE.
2.1.1. ANAMNESE 15
2.1.2. EXAME FÍSICO 17
2.1.2.1. Avaliação dos Sinais Vitais 17
2.1.2.1.1.Freqüência Cardíaca 17
2.1.2.1.2. Freqüência Respiratória 18
2.1.2.1.3. Pressão Arterial 19
2.1.2.1.4. Temperatura 21
2.1.3. CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO FÍSICO 21
2.2. INTERCORRÊNCIAS ESPECÍFICAS 21
2.2.1. COMPLICAÇÕES ANESTÉSICAS 22
2.2.2. EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES 26
2.2.2.1. Insuficiência Coronariana Aguda 26
2.2.2.2. Angina Pectoris 27
2.2.2.3. Infarto 29
8
2.2.2.4. Crise Hipertensiva 30
2.2.2.4. Arritmias Cardíacas 31
2.2.3. INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA 32
2.2.4. ASMA 33
2.2.5. DIABETES MELLITUS 35
2.2.6. LIPOTÍMIA E SÍNCOPE 36
2.2.7. OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS 37
2.2.8. DISTÚRBIOS CONVULSIVOS 39
2.2.9. MEIOS DE PROMOVER A HEMOSTASIA EM IMPLANTODONTIA 40
2.3. A IMPORTÂNCIA DA REDUÇÃO DA ANSIEDADE 41
NO PRÉ-OPERATÓRIO
2.3.1. SEDAÇÃO ORAL ATRAVÉS DOS BENZODIAZEPÍNICOS 42
2.3.2. SEDAÇÃO CONSCIENTE ATRAVÉS DE ÓXIDO NITROSO 45
2.4. NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS NO ATENDIMENTO 47
ODONTOLÓGICO
3. DISCUSSÃO 56
4. CONCLUSÃO 61
ABSTRACT 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 63
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - Oxímetro de pulso. 19
TABELA 1 -Valores máximos dos níveis tensionais da pressão 20
arterial, para indivíduos acima dos 18 anos.
FIGURA 2 - Tubete com refluxo sangüineo (injeção intravascular). 22
FIGURA 3 – Instalação gradual da placa de ateroma. 27
FIGURA 4 – Angina Pectoris. 28
TABELA 2 – Drogas e doses recomendadas na crise 34
asmática, em adultos.
FIGURA 5 – Obstrução das vias aéreas. 38
FIGURA 6 – Manobra de Heimlich. 39
TABELA 3 – Benzodiazepínicos mais comumente 44
empregados em Odontologia.
FIGURA 7 – Sedação consciente através do óxido nitroso. 46
FIGURA 8 – Glossopitose ( obstrução da traquéia pela epiglote, 48
através da queda da língua).
FIGURA 9 – Hiperextensão da cabeça ( ângulo reto entre o mento e o occipital). 49
FIGURA 10 - Após a manobra de hiperextensão a língua tende a sair, 49
o mínimo possível promovendo a liberação das vias aéreas.
FIGURA 11 - Tracionamento da epiglote ( liberação da traquéia). 50
FIGURA 12 - Boca-a-boca (face shield). 50
10
FIGURA13 – Máscara -Ambú 51
FIGURA 14 – Tubo Orotraqueal + Ventilação (ambú). 51
FIGURA 15 – Cricotireostomia: A- Hiperextensão da cabeça; 52
B e C- Espaço Cricóide (Tireóide e a Cricóide) e
introdução do jelco(14) na traquéia; D- Jelco sem agulha.
FIGURA 16 - Respiração boca a boca. Detalhe da obstrução do nariz 54
para que o ar insuflado na boca não saia pelas narinas.
FIGURA 17 – Compressão dígito palmar da caixa toráxica de 54
encontro ao coração (2 dedos acima da apófise xifóide).
TABELA 4 - Arsenal indispensável nas intercorrências médicas.. 55
TABELA 5 - Incidência das situações de emergência na prática odontológica. 60
11
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AVC – Acidente vascular cerebral.
Bpm – Batimentos por minuto.
GABA – Ácido gama-aminobutírico.
IM – Intramuscular.
IV – intravenoso.
MCE – Massagem cardíaca externa.
mmhg – milímetros de mercúrio.
N2O – Óxido nitroso.
O2 – Oxigênio.
PA – Pressão Arterial.
Rpm – Movimentos respiratórios por minuto.
VO – Via oral.
12
RESUMO
Mesmo não sendo freqüentes, as situações de emergência médica podem ocorrer na
clínica odontológica de modo imprevisível, sem obedecer a regras ou padrões definidos. Este
trabalho tem como objetivo levar aos cirurgiões-dentistas que atuam diretamente com cirurgias
que envolvem a área da implantodontia, informações que os beneficiem e que também sirvam
como alerta as possíveis intercorrências médicas que possam ocorrer durante um procedimento
cirúrgico. Foi realizado um levantamento bibliográfico dos métodos preventivos, como anamnese
e protocolos para redução de ansiedade das principais intercorrências médicas, assim como suas
intervenções para tratamento e as principais manobras de suporte básico de vida.
13
1. INTRODUÇÃO
A odontologia exerce uma atividade da especialidade médica, pois além do
profissional médico, o cirurgião-dentista é o único profissional da área de saúde que se enquadra
perfeitamente na busca da cura, através de métodos terapêuticos invasivos, visando a devolução
do paciente à sociedade em sua bionormalidade (JORGE, 2002).
Na prática odontológica segura e consciente, é de vital importância o conhecimento e
o manejo de pacientes portadores de doenças sistêmicas pré-existentes já diagnosticadas, ou ainda
não diagnosticadas. Assim a anamnese e o exame clínico bem dirigido, são essenciais para o
diagnóstico preciso e para um plano de tratamento adequado, que venha de encontro às
necessidades individuais de cada paciente (JORGE, 2002).
Atualmente, o número de pacientes portadores de doenças sistêmicas que procuram
tratamento odontológico, aumentou consideravelmente, reflexo direto da maior expectativa de
vida (ANDRADE, 2001).
Esta realidade obriga o profissional a adotar certas precauções antes de iniciar o
tratamento odontológico, assim a avaliação do estado geral de saúde e a adoção de simples
medidas preventivas, aumentam a segurança clínica no atendimento de pacientes que requerem
cuidados especiais, diminuindo de forma significativa à incidência das situações de emergência
(ANDRADE & RANALI, 2004).
Portanto, o cirurgião-dentista, deve estar preparado para reconhecer e adotar medidas
de pronto atendimento na ocorrência das situações emergenciais. Em outras palavras, é
imperativo que seja treinado para executar as manobras de Suporte Básico de Vida, bem como
14
manusear certos medicamentos, acessórios e equipamentos empregados nas emergências médicas
(ANDRADE & RANALI, 2004).
Assim, o objetivo do presente trabalho é abordar a importância do conhecimento
sistêmico do paciente, através da anamnese e avaliação dos sinais vitais, além dos protocolos para
redução da ansiedade, assim como relatar os principais quadros de intercorrências em
implantodontia, incluindo também os conceitos e as manobras de suporte básico de vida.
15
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O CONHECIMENTO SISTÊMICO DO PACIENTE
Segundo ANDRADE (2001), nos dias de hoje a maioria dos cirurgiões - dentistas no
Brasil ainda não atribuíram o devido valor à consulta odontológica. Muitas vezes, o tratamento
odontológico tem início na primeira “consulta”, sem que o profissional tenha conhecimento do
perfil do paciente. A consulta odontológica inclui o exame clínico e, eventualmente, exames
complementares. O exame clínico é iniciado pela anamnese e complementado pelo exame físico.
2.1.1. ANAMNESE
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), a anamnese ou exame subjetivo é um
importante pré-requisito de uma consulta odontológica. É durante a anamnese que se obtêm
muitas informações úteis, não somente para o diagnóstico, mas também para identificar
experiências desagradáveis ocorridas em tratamentos odontológicos anteriores, que deverão ser
cuidadosamente analisadas para prevenir sua recorrência. Além disso, permite identificar os
medicamentos que o paciente faz uso, muitas vezes de forma contínua, e que podem interagir de
forma indesejável com as soluções anestésicas locais ou fármacos de uso comum na prática
odontológica, causando reações adversas, algumas delas de caráter emergencial.
PETERSON et al. (2000) consideram as fichas de história da saúde (questionários),
um meio efetivo de coletar inicialmente a história médica do paciente. O profissional de saúde
16
oral deve descobrir a existência ou a história de problemas médicos que possam ter algum
impacto na segurança do tratamento dentário dispensado.
Os questionários de saúde devem ser escritos claramente, em linguagem coloquial, e
não devem ser extensos, porém devem ser abrangentes e completos. Para reduzir as chances dos
pacientes responderem de forma incompleta ou incorreta, deve-se incluir no formulário uma
cláusula que assegure ao paciente que todas as informações ali contidas são confidenciais,
contendo também um local para o paciente assinar seu nome, após compreender as perguntas e
responde-las com precisão (PETERSON et al.2000).
Segundo o mesmo autor, é indispensável a obtenção de certas informações básicas
para a história de saúde, tais como: 1) Hospitalizações passadas, cirurgias, traumatismos e
doenças sérias; 2) Doenças recentes menores ou sintomas; 3) Medicações corrente ou
recentemente em uso e alergias (particularmente medicamentosas); 4) Descrição de hábitos
relacionados a saúde ou vícios, tais como uso de etanol, tabaco, drogas ilícitas, e quantidade e
tipo de exercícios; 5) Data e resultados do último exame médico completo ou última visita ao
médico.
Segundo SONIS et al. (1984), mesmo que a avaliação cuidadosa não revele o
diagnóstico exato, geralmente fornece indicação para investigações complementares tais como,
exames laboratoriais, histopatológicos ou consultas a outros profissionais.
COLLEN et al. (1969); FEINSTEIN (1975) afirmaram que o questionário de saúde
sob a forma escrita não interrompe a rotina do consultório odontológico e de fato exige menos
tempo durante a consulta do que a história obtida simplesmente através de diálogo.
GAGE & RADMAN (1972) afirmam que o cirurgião-dentista deve estar atento para
pesquisa de utilização de medicamentos por parte de seus pacientes, quando está sendo colhida a
história clínica.
17
2.1.2. EXAME FÍSICO
Um exame físico bem conduzido é de extrema importância para se estabelecer o plano
de tratamento odontológico. Consiste, sobretudo, na pesquisa dos sinais da doença que, junto aos
sintomas obtidos na anamnese, completam os elementos necessários ao diagnóstico (ANDRADE,
2001).
Segundo PETERSON et al. (2000), o exame físico do paciente de odontologia
focaliza a cavidade oral e em grau menor toda a região maxilofacial. Este exame deve ser
iniciado pela tomada dos sinais vitais, com o paciente em repouso, incluindo a avaliação da
freqüência cardíaca, da freqüência respiratória, pressão arterial e temperatura, sendo os dados
anotados no prontuário clínico (ANDRADE, 2001; ANDRADE & RANALI, 2004).
Além da justificativa de ordem legal, esta é uma conduta que mostra ao paciente que
as mínimas precauções estão sendo tomadas para sua segurança, aumentando sua confiança no
profissional (ANDRADE & RANALI, 2004).
2.1.2.1. Avaliação dos Sinais Vitais
2.1.2.1.1. Freqüência Cardíaca
Segundo PORTO (1994), é o ritmo do coração e o número de batimentos por minuto.
A freqüência cardíaca ou pulso pode ser medida por meio de qualquer artéria
acessível. As mais comumentes empregadas são a artéria radial, localizada na posição ventral e
distal do pulso e a artéria braquial, que se situa na linha mediana da fossa antecubital. Nas
18
situações emergenciais, recomenda-se que a palpação seja feita na artéria carótida, já que o
objetivo maior nessas situações é o suporte básico de vida (ANDRADE &RANALI, 2004).
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), a técnica recomendada para a avaliação da
freqüência cardíaca é a seguinte:
1. Coloque as extremidades (polpa) dos dedos médio e indicador sobre o local,
pressionando apenas o suficiente para sentir a pulsação, mas não tão firmemente a
ponto de ocluir a artéria e não sentir os batimentos.
2. Conte o número de batimentos por um minuto (ideal) ou no mínimo por 30
segundos, neste caso multiplicando o resultado por dois.
De acordo com PORTO, em 1994, normalmente em pessoas adultas, o número de
batimentos por minuto varia de 60 a 100.
2.1.2.1.2. Freqüência Respiratória
É o processo de renovação do gás inspirado, no qual o oxigênio é fornecido aos
alvéolos e o gás carbônico é eliminado. A freqüência respiratória é o número de movimentos
respiratórios por minuto, que se situa entre 12 a 20 rpm (PORTO, 1994).
Técnica de avaliação, segundo ANDRADE & RANALI (2004):
1. Após a avaliação da freqüência cardíaca, ainda mantenha os dedos sobre o pulso
carotídeo ou radial;
2. Ao invés do número de pulsações, conte agora o número de movimentos
respiratórios, observando a elevação e o abaixamento da caixa torácica.
3. Após um minuto (tempo ideal) ou 30 segundos, anote o número de movimentos
respiratórios, multiplicando por dois no último caso.
19
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), o resultado da aferição é errôneo se o
avaliador disser ao paciente que irá observar sua respiração, pois isso poderá induzi-lo a respirar
de forma mais lenta ou mais rápida. Portanto, recomenda-se que a freqüência respiratória seja
monitorizada imediatamente após a avaliação da freqüência cardíaca.
2.1.2.1.3. Pressão Arterial (PA)
PORTO, em 1994, afirmou que a mensuração da pressão ou tensão arterial é o ato
médico básico que deve ser realizado em toda consulta. Está relacionado com o trabalho do
coração e traduz o sistema de pressão vigente na árvore vascular arterial. Segundo o mesmo
autor, a mensuração clínica da pressão arterial é razoável, e espera-se um erro médio de mais ou
menos oito mm Hg para as pressões sistólica e diastólica.
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), o esfigmomanômetro de coluna de
mercúrio é o ideal para essas medidas. Os aparelhos do tipo aneróide (eletrônicos ou não),
quando empregados, devem ser periodicamente testados e calibrados.
O oxímetro de pulso pode ser considerado o aparelho para mensuração dos sinais
vitais como sendo o mais completo, pois realiza a aferição da freqüência cardíaca, da pressão
arterial e da saturação de 02, onde mensura de maneira indireta a quantidade de O2 ligado à
hemoglobina que chega a periferia (FIG.1).
FIGURA 1 – Oxímetro de pulso
20
Segundo PORTO (1994), o Conselho Brasileiro para tratamento da hipertensão
arterial, definiu como valores máximos para indivíduos acima dos 18 anos, os seguintes níveis
tensionais descritos na TAB. 1.
TABELA 1
Valores máximos dos níveis tensionais da pressão arterial, para indivíduos acima
dos 18 anos.
S
praticou
antes da
N
H
m
H
1
PRESSÃO SISTÓLICA
Normal : até 140 mmHg se a pressão
diastólica estiver menor que 90 mmHg.
Hipertensão sistólica: acima de 140 mmHg.
PRESSÃO DIASTÓLICA
ormal : menor que 90 mm Hg.
ipertensão Arterial Leve : de 90 a 105
mHg.
ipertensão Arterial Moderada : de 106 a
20 mmHg.
FONTE: PORTO ,1994. p.447.
egundo ANDRADE & RANALI (2004), é importante certificar-se de que o paciente não
exercícios físicos, não ingeriu café, bebidas alcoólicas, drogas ou fumou, 30 minutos
avaliação da pressão arterial.
21
2.1.2.1.4.Temperatura
PORTO, em 1994, afirmou que a temperatura do interior do corpo permanece quase
constante, dentro de uma variação de mais ou menos 0,6 ºC, mesmo quando exposto a extremos
de frio ou de calor, graças ao aparelho termorregulador. A temperatura habitualmente é tomada
na axila (35,5 a 37ºC), boca (36 a 37,4ºC) e reto (36 a 37,5 ºC).
2.1.2. CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO FÍSICO
De acordo com PETERSON et al.(2000), os resultados da avaliação médica, somados
a avaliação dos sinais vitais, são usados para atribuir uma classificação do estado físico do
paciente. Em 1962 a Associação Americana de Anestesiologistas desenvolveu um estudo e
passou a classificar o estado de saúde dos pacientes em classe I a IV.
ASA I - Paciente com saúde normal.
ASA II - Paciente com doença sistêmica leve ou fator de risco de saúde insignificante.
ASA III - Paciente com doença sistêmica grave, mas não incapacitante.
ASA IV - Paciente com doença sistêmica grave, incapacitante, que é uma constante
ameaça a vida.
Uma vez determinada a classificação do estado físico da ASA, o cirurgião dentista
estará em condições de decidir se o tratamento proposto poderá ser realizado de forma segura em
ambiente ambulatorial (PETERSON et al.2000).
2.2. INTERCORRÊNCIAS ESPECÍFICAS
22
2.2.1. COMPLICAÇÕES ANESTÉSICAS
O uso dos anestésicos locais em odontologia pode ser considerado um procedimento
bastante seguro, porém as reações adversas podem ocorrer de forma trivial e transitória, tendo
como principal causa a sobredose do sal anestésico ou do vasoconstritor (ANDRADE &
RANALI, 2004).
Segundo FONTOURA (2003), as complicações anestésicas podem ser divididas em
locais ou sistêmicas. As complicações locais são caracterizadas por dor após ou durante a
anestesia, trismo, infecção, hematoma, lesões de tecidos moles, quebra da agulha, parestesia
persistente, necrose tecidual e paralisia facial. E as complicações sistêmicas podem ser
caracterizadas em superdosagem ou toxicidade e reações alérgicas.
A superdosagem ou toxicidade são resultantes de um nível sangüíneo muito elevado
de uma determinada droga em vários órgãos do corpo, que são causados normalmente por injeção
intravascular; biotransformação ou eliminação lenta; dose elevada; e absorção rápida
(FONTOURA, 2003). (FIG.2)
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), a superdosagem do sal anestésico ocorre
quando a concentração plasmática encontra-se acima de 7,5 µg/ml, podendo gerar convulsões
tônico-clônicas, seguida de depressão generalizada do SNC, com queda da pressão arterial,
FIGURA 2- Tubete com refluxo sangüíneo (injeçãointravascular).
23
freqüências cardíaca e respiratória. Nestes casos a conduta emergencial consiste em colocar o
paciente em posição confortável e semi-inclinada; administração de oxigênio; solicitação do
socorro médico de urgência e instituir o suporte básico de vida. Caso ocorra convulsão
prolongada, após cessar o episódio, administrar uma ampola de diazepam 10 mg intravascular
(IV), em injeção lenta.
A superdosagem do vasoconstritor consiste geralmente em reações que são
transitórias e de curta duração, pois sua metabolização pelo organismo é muito rápida, tendo
como principais sinais e sintomas: Dor de cabeça pulsátil, principalmente na região temporal;
tremor e fraqueza; sudorese; elevação abrupta da pressão arterial, principalmente a sistólica;
elevação da freqüência cardíaca e possíveis arritmias cardíacas. Nestes casos a conduta
emergencial a ser realizada limita-se a colocar o paciente sentado, para diminuir a pressão
intracraniana e a sobrecarga cardíaca, monitorar os sinais vitais, administrar oxigênio e caso
necessário instituir o suporte básico de vida (ANDRADE & RANALI, 2004).
Segundo MALAMED (1999), as reações de superdosagem geralmente apresentam um
risco clínico de grau leve a moderado, e raramente evoluem para situações extremamente graves,
inclusive casos de óbito.
Assim, segundo PÉRUSSE et al. (1992) o uso dos vasoconstritores em odontologia
deve ser evitado nos pacientes que apresentem as seguintes condições:
1- Hipertensão severa não tratada ou não controlada;
2- Doença cardiovascular grave:
- Menos de seis meses após o infarto do miocárdio;
- Menos de seis meses após o AVC;
- Cirurgia recente de ponte de artéria coronária;
- Angina pectoris instável;
24
- Arritmias cardíacas refratárias, apesar do tratamento adequado;
- Insuficiência cardíaca congestiva não tratada ou não controlada
3- Diabetes mellitus não controlado;
4- Hipertireoidismo;
5- Feocromocitoma;
6- Sensibilidade aos sulfitos;
7- Pacientes tomando antidepressivos triciclicos, compostos fenotiazínicos ou beta-
bloqueadores não seletivos;
8- Usuários de cocaína ou “crack”.
As reações alérgicas são caracterizadas como uma reação de hipersensibilidade,
adquirida pela exposição prévia ou reexposição a um determinado tipo de alérgeno, produzindo
um aumento da capacidade de reação ( FONTOURA, 2003).
De acordo com ANDRADE & RANALI (2004), quando o antígeno entra em contato
pela primeira vez com o organismo, provoca a formação de anticorpos, porém nos casos onde
ocorre o segundo contato, o organismo libera anticorpos específicos que se ligam ao antígeno,
formando o complexo antígeno-anticorpo, como os anticorpos têm afinidade pelas membranas
dos neutrófilos, basófilos e mastócitos, o complexo antígeno-anticorpo liga-se às membranas
dessas células, provocando sua lise e a liberação de substâncias químicas chamadas autacóides
que, provocam alterações vasculares e celulares de maior ou menor intensidade e gravidade.
Assim, dos autacóides destacam-se a histamina, bradicinina, prostaglandinas e SRS-a (substância
de reação lenta da anafilaxia), entre outras, que, isoladamente ou de forma coletiva, são
responsáveis pelas manifestações clínicas das reações imediatas graves, como choque anafilático,
este, que se caracteriza por uma seqüência de fenômenos patológicos que o tornam ameaçador à
vida.
25
Segundo MALAMED (1987), a evolução do choque anafilático e seus sinais e
sintomas caracteriza-se pela fase um, onde acomete a pele, olhos, nariz e trato gastrintestinal,
através dos sinais e sintomas, como: vermelhidão da pele, coceira, vergões no peito e na face,
conjutivite, coriza, cólicas abdominais, náusea, vômito, diarréia, incontinência urinária e fecal,
evoluindo para a fase dois, onde acomete o sistema respiratório, caracterizada por: Chiado, tosse,
dispnéia, edema de laringe e cianose e em seqüência alcança a fase três, acometendo agora sim o
sistema cardiovascular, caracterizado por: Palidez, taquicardia, hipotensão arterial, arritmia
cardíaca, perda de consciência e parada cardíaca.
ANDRADE & RANALI, em 2004, afirmaram que a droga mais importante para a
reversão do quadro de choque anafilático é a adrenalina por via subcutânea, 0,3 ml 1;1000, e de
acordo com a evolução do quadro, o mesmo volume da solução pode ser repetido a cada 5 a 10
minutos, até a chegada do socorro avançado. Quando o quadro estiver estável, administrar
hidrocortisona (um frasco ampola com 100 mg) e prometazina uma ampola, por via
intramuscular ou intravenosa.
De acordo com FONTOURA (2003), as manifestações podem ser tardias (até mais
de 48 horas após a exposição) ou imediatas (alguns segundos após a exposição). Geralmente,
quanto mais precoce, mais graves são seus sinais e sintomas. Atualmente o metabissulfito de
sódio, antioxidante para vasoconstrictor, e os anestésicos tópicos, à base de ésteres (benzocaína),
tem sido relacionados às reações alérgicas.
As reações alérgicas localizadas envolvem apenas os sistemas respiratório e
tegumentar, enquanto na anafilaxia generalizada ou alergia sistêmica, vários sistemas são
envolvidos, principalmente o tegumentar, o respiratório, o gastrintestinal e o cardiovascular
(FONTOURA, 2003).
26
Segundo NEGREIROS & UNGIER, em 1995, diariamente são aplicadas 55.000
injeções somente de lidocaína na prática odontológica nos EUA e a verdadeira incidência de
reações alérgicas permanece desconhecida. Do total de reações adversas aos anestésicos locais
não mais que 1% corresponde às reações alérgicas.
Segundo MALAMED (2000), o tratamento das complicações anestésicas, assim como
o de qualquer emergência no consultório, devem seguir a conhecida seqüência ABC da vida.
2.2.2. EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES
2.2.2.1) Insuficiência Coronariana Aguda
Pode ser definida como uma forma de apresentação clínica da cardiopatia isquêmica,
causada por uma diminuição aguda do fluxo sangüíneo coronariano, com desenvolvimento de
isquemia miocárdica profunda e/ou necrose, com suas conseqüências elétricas, funcionais e
estruturais (MARTINS & SOUTO, 1999).
Segundo MARTINS & SOUTO (1999), o quadro se inicia a partir instabilização da
placa de ateroma, onde as placas mais suscetíveis à ruptura são ricas em lipídios e possuem uma
capa fibrosa fina, sendo freqüentemente não-obstrutivas ou pouco obstrutivas ( FIG. 3).
27
A per
trombogênico, co
cascata da coag
coronariano. O q
formas clínicas ca
2.2.2.2. Ang
PORT
oferta e o consu
isquemia miocárd
uma pequena áre
auriculares, max
epigástrica ( FIG
A dor
infarto, a dor se i
FIGURA 3 - Instalação gradual da placa de ateroma.
da do revestimento fibroso da placa, leva a uma exposição de material
m adesão, ativação e agregação plaquetária, conseqüentemente ativação da
ulação e formação de trombo, com redução aguda do fluxo sangüíneo
uadro clínico resultante dependerá do grau de obstrução coronariana, sendo as
racterizadas como angina ou infarto (MARTINS & SOUTO, 1999).
ina Pectoris
O, em 1994, afirmou que a angina pectoris é decorrente do desequilíbrio entre a
mo de oxigênio, sendo a aterosclerose coronária a causa mais comum da
ica, causando uma dor predominantemente retroesternal, podendo ser restrita a
a ou ocupar toda a região precordial, podendo irradiar-se para os pavilhões
ilar inferior, nuca, região cervical, membros superiores, ombros e região
. 4).
da angina ocorre quase invariavelmente após esforço físico, pois, nos casos do
nicia com o paciente em repouso. A crise anginosa tem duração curta, em torno
FONTE: REQUENA, 2002
28
de dois a três minutos, onde raramente ultrapassa 10 minutos. Isto porque sua origem é apenas
hipóxia miocárdica, sem alteração necrobiótica. Já no infarto do miocárdio, quando ocorrem
alterações necróticas, a dor dura mais de 20 minutos, podendo chegar a algumas horas (PORTO,
1994).
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), diante de uma crise de angina, devemos
exercer os seguintes procedimentos clínicos: Colocar o paciente em posição confortável, com a
cadeira odontológica semi-reclinada; administração de vasodilatador coronariano (dinitrato de
isossorbina 5 mg ou propatilnitro 10 mg via oral) e administração de oxigênio. Caso os sintomas
persistam, solicitar o socorro avançado e monitorizar os sinais vitais.
FIGURA 4 – Angina Pectoris.
FONTE: REQUENA, 2002
29
2.2.2.3. Infarto
ANDRADE & RANALI, em 2004, afirmaram que o infarto é decorrente da
deficiência do suprimento sangüíneo das artérias coronárias para uma região do miocárdio,
resultando em morte celular e necrose, sendo a causa básica a formação de um trombo agudo que
oclui uma artéria parcialmente obstruída por uma placa aterosclerótica. Clinicamente, a dor é
similar a da angina do peito, porém muito mais severa e prolongada. O índice de complicações
como reinfarto, em pacientes submetidos a tratamento cirúrgico (odontológico ou geral) dentro
dos seis primeiros meses após infarto, é de 30% maior que um paciente normal. Esse índice cai
para 4 a 6 % após os seis primeiros meses. Desta forma, é importante respeitar este prazo de seis
meses para a realização de procedimentos cirúrgicos odontológicos nestes pacientes.
Os sinais e sintomas se caracterizam por: Dor aguda de instalação repentina,
geralmente no terço médio ou superior do epigástrio, podendo estar associada com náusea e
vômito; sudorese aumentada; dispnéia; geralmente o paciente leva uma das mãos ao peito, com o
punho fechado e relata dor profunda; a dor irradia-se para os pavilhões auriculares, maxilar
inferior, nuca, região cervical, membros superiores, ombros e região epigástrica; a dor não é
aliviada pelo repouso ou pelo emprego de drogas vasodilatadoras coronarianas (PORTO, 1994).
Assim, alguns cuidados em implantodontia devem ser tomados, como por exemplo, o
controle da dor, protocolo de redução da ansiedade, atendimento em ambiente ambulatorial,
somente após seis meses da ocorrência do infarto agudo, avaliar os sinais vitais antes e durante o
procedimento, interromper o atendimento se o paciente apresentar sinais de fadiga, utilizar
anestésico local contendo a felipressina como agente vasoconstritor, num volume máximo de dois
tubetes. Os procedimentos clínicos na crise do infarto agudo do miocárdio, geralmente são:
Colocar o paciente em posição confortável; acalmá-lo; providenciar o socorro médico de
30
urgência; administração de dois ou três comprimidos de ácido acetilsalicílico 100 mg para
diminuir a agregação plaquetária e formação de novos coágulos nas artérias coronárias, sedar o
paciente com a mistura de óxido nitroso e oxigênio ou somente oxigênio, monitorar os sinais
vitais enquanto aguarda o socorro. Em caso de parada cardiorespiratória, instituir as manobras de
ressucitação cardiopulmonar (ANDRADE & RANALI, 2004).
2.2.2.4. Crise Hipertensiva
Segundo PORTO (1994), a hipertensão arterial é uma das mais importantes
enfermidades do mundo moderno, pois 10 a 20 % da população adulta mundial são portadoras de
hipertensão arterial, sendo a causa direta ou indireta de elevado número de óbitos.
De acordo com MARTINS & SOUTO (1999), a hipertensão arterial representa
elevação significativa dos níveis tensionais, usualmente com valores de pressão arterial diastólica
acima de 120/130 mmHg.
Na prática, a crise hipertensiva pode se manifestar pelo sangramento gengival
excessivo pós manipulação pelo dentista ou na forma de hemorragia nasal, com sintomas iniciais
de dor de cabeça, tontura e mal-estar, até quadros mais graves que levam a encefalopatia
hipertensiva, caracterizada por confusão mental, agitação ou estado de coma superficial, podendo
atingir o extremo do acidente vascular cerebral e convulsões. Além da ansiedade e da dor, a
injeção intravenosa acidental de anestésicos locais que contêm vasoconstritores adrenérgicos,
pode desencadear a crise hipertensiva. O tratamento das emergências hipertensivas tem como
objetivo cessar o processo de dano vascular para manter a viabilidade dos tecidos, onde as drogas
parenterais não estão indicadas no tratamento das urgências hipertensivas, sendo assim, sua
abordagem inicial consiste no uso de medicações orais de ação rápida, para reduzir a pressão
31
arterial a níveis aceitáveis, com objetivo de normaliza-la em um período de 24 a 48 horas. Uma
série de drogas podem ser utilizadas, porém atualmente a droga de escolha é o Captopril de 6,25
mg administrado por via oral (VO), aumentada em 30 minutos ou mais se não houver resposta,
tendo inicio da ação em 15 a 30 minutos (ANDRADE & RANALI, 2004).
2.2.2.5.Arritmias Cardíacas
As arritmias são divididas de acordo com a freqüência, em taquicardias, acima de 100
bpm e bradicardias, abaixo de 60 bpm (MARTINS & SOUTO, 1999).
Geralmente, as arritmias são acompanhadas por sintomas, podendo muitas vezes
serem detectadas ao exame físico, pela presença de alterações características na freqüência e/ou
ritimo cardíaco, porém o diagnóstico só é alcançado pelo eletrocardiograma ( ANDRADE &
RANALI, 2004).
Segundo MARTINS & SOUTO (1999), as bradiarritmias podem envolver múltiplas
etiologias, como, drogas, distúrbios do sistema nervoso central, doença do sistema de condução,
distúrbios hidreletroliticos, entre outros. A decisão terapêutica depende basicamente da presença
de sintomas de baixo débito e da patologia de base do paciente. A atropina de 0,5 a 2mg
intravenosa (IV) deve ser utilizada em casos de bradicardia sinusal. Nos casos de bradicardia
aguda, menor que 40 bpm, deve-se chamar o socorro avançado e monitorizar os sinais vitais do
paciente.
De acordo com ANDRADE & RANALI (2004), a injeção intravenosa acidental pode
gerar uma bradicardia reflexa, em resposta ao aumento da pressão arterial provocada pelo
vasoconstritor.
32
A taquicardia pode ser conseqüência de mecanismos neurais, que afetam a freqüência
de automatismo nas células marcapasso do nodo sinusal, ou resultante de insuficiência cardíaca
ou infarto do miocárdio, quando se torna clinicamente significante. O aumento do tono simpático
resulta em elevação da freqüência cardíaca, podendo ser provocado por causas extracardíacas
como, o exercício físico, hipóxia, hipotensão arterial, estresse, sangramento e infecções. O
atendimento dos pacientes com taquicardia aguda deve ser interrompido, verifique o pulso, caso
esteja irregular, encaminhar o paciente para avaliação médica imediatamente, porém caso o
mesmo esteja regular, instituir as manobras de estimulação do tônus vagal, onde o paciente expira
o ar de forma forçada, com o nariz e a boca tampados, induza-o a tomar um copo de água gelada,
proporcionando um resfriamento súbito do esôfago, estômago e estruturas vizinhas, caso alcance
resultado, libere-o para avaliação médica, caso contrário, solicite o socorro avançado
(ANDRADE & RANALI, 2004).
2.2.3. INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA
Segundo AGUIAR & SOUZA (2002), o sangue penetra nos rins através da artéria
renal, onde os metabólitos são filtrados para a urina, e o mesmo retorna agora filtrado para o
coração, através da veia renal. O funcionamento inadequado dos rins resulta em acúmulo desses
metabólitos no sangue, caracterizando o quadro de uremia, porém os pacientes apresentam-se
assintomáticos, pois, os sinais e sintomas da uremia, como náuseas, debilidade, fadiga,
desorientação, dispnéia e edema nos braços e pernas, poderão estar presentes, somente quando a
função renal decai em aproximadamente em torno de 75%.
De acordo com MARTINS & SOUTO (1999), a insuficiência renal aguda, em geral é
diagnosticada através do achado laboratorial de elevados níveis de uréia e creatinina.
33
Em 2002, AGUIAR & SOUZA relataram que os pacientes com disfunção renal
requerem modificações na posologia e dosagem de drogas excretadas ou metabilizadas nos rins,
como antiinflamatórios e analgésicos. E afirmaram também, que as principais doenças renais,
são: Pielonefrites (infecção renal); Glomerulopatias (afetam as estruturas que filtram o sangue);
Nefrolitíase (pedra ou cálculo renal); Doenças sistêmicas; Diabetes Mellitus; Hipertensão arterial;
Doenças hereditárias e outros.
2.2.4. ASMA
De acordo com MARTINS & SOUTO, (1999) a asma é a diminuição do calibre das
vias aéreas, em conseqüência a diversos estímulos, sendo reversível espontaneamente ou em
resposta ao tratamento. Sua intensidade pode ser variada de leve e pouco sintomática a severa
insuficiência respiratória. Alguns sinais indicam a gravidade da crise, como cianose, confusão
mental e fala interrompida por dispnéia. Os fatores precipitantes ou agravantes da crise podem
ser: exposição a alergenos ou irritantes inalotórios, infecções, manutenção inadequada da terapia,
retirada súbita de cortiesteróides, exercícios, estresse emocional e outros. No tratamento na crise
asmática, os pacientes deverão utilizar agentes beta-2 adrenérgicos por via inalatória.Quando a
crise é classificada como grave/ muito grave, imediatamente oxigênio é administrado e
corticosteróide sistêmico é indicado.Também deve ser considerado o uso de aminofilina e
brometo de ipratrópio (TAB. 2).
34
TABELA 2
Drogas e doses recomendadas na crise asmática em adultos
Drogas Doses
1)beta-2 agonistas: Nebulizador / Aerossol
- Inalatórios: Fenoteral 0,5% 2,5 mg (0,5 ml)/3 ml salina /1,0 mg (5-10 jatos)
Salbutamol 0,5% 2,5 mg (0,5 ml)/3 ml salina /1,0 mg (10 jatos)
Terbutalina 0,5% 5,0 mg (0,5 ml)/3 ml salina /0,5 mg (3 jatos)
2)Brometo de ipratrópio (inalado) 500µg/dose(2 ml) 100 µm(5 jatos)
3)Aminofilina (IV) Ataque:5-6 mg/kg
4)Corticoesteróides: Metilprednisona (IV) 40-80 mg a cada 6-8 horas
Hidrocortisona (IVou IM) 3-4 mg/kg/dose 6/6 horas
Prednisona (VO) 40-60 mg/dia em dose única
em casa
FONTE: MARTINS & SOUTO,1999.p.85.
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), deve-se administrar salbutamol em
aerossol, oxigenoterapia com fluxo de 5 a 7 litros/minuto e não havendo regressão do quadro,
administrar por via subcutânea, 0,3 ml de adrenalina 1:1000 (ampolas com 1 ml).
Em 30 min, diluídaem soro fisiológico
35
2.2.5. DIABETES MELLITUS
De acordo com AGUIAR & SOUZA (2002), é a insuficiência total ou parcial da
concentração de insulina ou ainda falta de resposta ou resposta inadequada dos tecidos periféricos
a insulina existente. A diabetes pode manifestar-se sob duas formas: Diabetes Tipo I, ou
insulino-dependente, que se caracteriza por iniciar-se antes dos 40 anos, onde os pacientes
apresentam como característica uma grande instabilidade metabólica, com tendência a
cetoacidose. E diabetes Tipo II, ou não Insulino-independente, que geralmente inicia-se após os
40 anos, tendo como principal diferença da diabetes do tipo I, uma maior estabilidade metabólica,
e os pacientes podem ser controlados com dietas e ou hipoglicemiantes orais. O parâmetro
laboratorial é dado através dos valores glicêmicos, onde estes valores devem ser registrados em
jejum: Normal: < 110 mg/dl; Alterada: entre 110 a 128 mg/dl; Diabete: > 128 mg/dl.
O paciente diabético pode desencadear, algumas emergências metabólicas, como a
cetoacidose diabética e a hipoglicemia (AGUIAR & SOUZA, 2002).
A cetoacidose diabética é uma complicação aguda do paciente diabético,
principalmente os insulinodependentes, onde o início do quadro clínico pode preceder o episódio
por alguns dias, com o aparecimento de poliúria, polidipsia, cansaço e, posteriormente, náuseas e
vômitos, podendo levar à desidratação com alteração do nível de consciência, que varia de
confusão mental ao coma. O exame físico revela paciente desidratado, prostrado, com respiração
de Kussmaul, onde os movimentos respiratórios tornam-se profundos e rápidos; e com hálito
cetônico característico. O tratamento consiste na insulinoterapia, com dose de ataque de 0,3 U/kg
de insulina regular, endovenosa, seguida por injeção IM na dose de 0,1 U/kg/hora (MARTINS &
SOUTO, 1999).
36
A hipoglicemia, segundo KAHN & WEIR (1994), pode ser definida como glicemia
inferior a 40 mg/dl em adulto, até mesmo na ausência de sintomas. Clinicamente o paciente com
hipoglicemia pode apresentar hiperatividade autonômica, caracterizada por taquicardia,
palpitação, tremores, náuseas, fome e podendo evoluir para neuroglicopenia, que compreende
confusão mental, estupor, convulsões e coma. Nos casos de indivíduos que utilizam agentes
betabloqueadores e nos diabéticos com neuropatia autonômica, os sinais de hiperatividade
simpática podem estar ausentes, exceto sudorese.
O tratamento em pacientes com níveis de consciência preservados consiste em tabletes
contendo 0,3 g de glicose VO ou balas, açúcares etc. e em pacientes inconscientes preconiza-se
manter perviedade das vias aéreas, administração de 50 ml de glicose a 50% ou glucagon 0,1 mg
IM (MARTINS & SOUTO, 1999).
2.2.6. LIPOTÍMIA E SÍNCOPE
A lipotímia é geralmente definida como um mal-estar passageiro, caracterizado por
uma sensação iminente de desfalecimento, com palidez, sudorese, zumbidos e visão turva, onde
raramente leva à perda total da consciência. A síncope caracteriza-se como a perda repentina e
momentânea da consciência, conseqüente de uma súbita diminuição do fluxo sanguineo e
oxigenação cerebral ou precipitada por causas neurológicas ou metabólicas. Os quadros mais
freqüentes de síncope podem ser divididos em síncope vaso-vagal e em síncope vasodepressora.
A síncope vaso-vagal é desencadeada por fatores emocionais, tais como: ansiedade ao
tratamento, dor inesperada, visão de sangue e outros, podendo também ser desencadeada por
fatores não emocionais, como, fome, exaustão e debilidade física. A síncope vasodepressora
acomete geralmente os indivíduos com pavor a cadeira odontológica, onde a reação ao estresse
37
que o organismo prepara para fugir ou lutar gera um aumento do fluxo sangüíneo para os
músculos esqueléticos e quando essa vasodilatação periférica é acompanhada de uma diminuição
da freqüência cardíaca, o débito cardíaco inadequado resulta na perda da consciência. O
atendimento dos pacientes nos casos de lipotímia e síncope consiste simplesmente em
interromper o tratamento, conversar ativamente com o paciente, colocá-lo em posição supina com
os pés levemente elevados em relação à cabeça, elevando-á para trás, proporcionando assim a
passagem do ar ( ANDRADE & RANALI, 2004).
2.2.7.OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS
O risco de objetos caírem na porção posterior da cavidade oral ou na faringe é grande
durante o procedimento odontológico, o que pode levar a sua ingestão ou aspiração ( FIG.5). A
maior parte dos objetos deglutidos que passam do esôfago para o estômago e intestinos,
geralmente atravessa todo o trato gastrintestinal sem maiores problemas, podendo em alguns
casos produzir complicações como abscessos peritoneais, perfurações e peritonite. Quando tais
objetos são aspirados para o interior dos brônquios, podem produzir infecção, abscesso pulmonar,
pneumonia e atelectasia. Em ambas as situações, o exame médico e radiológico determinará o
plano de tratamento. Porém a obstrução total aguda das vias aéreas deve ser identificada e tratada
imediatamente, onde dependerá se a obstrução é parcial ou total (ANDRADE & RANALI, 2004).
38
Na obstrução parc
estranhos. Ao contrário, na ob
de falar ou emitir qualquer so
por um período que pode de
níveis de oxigênio cerebral. O
costas, inspeção com os dedo
por trás com uma mão fechad
para cima e para trás, concom
traqueostomia de emergênci
introduzida perfurando o lig
tireóide, permitindo assim a p
2004).
FIGURA 5 - Obstrução das vias aéreas
FONTE: JORGE, 2002.p.380.
ial, a tosse forçada é a forma mais efetiva na remoção de corpos
strução total, o paciente precisa de auxílio, pois o mesmo é incapaz
m, respirar ou tossir, onde o tempo da sua consciência permanece
morar de 10 segundos a 2 minutos, enquanto não se esgotam os
s procedimentos indicados nestes casos consistem em: Tapas nas
s e manobra de Heimlich , esta caracterizada por abordar o paciente
a por cima da outra, exercendo pressão abdominal subdiafragmática
itantemente com o ar expelido pelo paciente (FIG.6). E por fim a
a, também chamada de cricotireoideotomia, onde uma cânula é
amento cricotireóideo, localizado entre as cartilagens cricóide e
ermeabilidade das vias aéreas superiores (ANDRADE & RANALI,
39
2.2.8. DISTÚRBIOS C
As convulsões sã
cerebral. A atividade elétric
sendo denominada, convuls
classificar em simples (quan
de consciência). Nas convu
tônico-clônicas, onde tônic
apresenta-se rígido durante a
FIGURA 6 – Manobra de Heimlich.
FONTE: JORGE, 2002.p.380.
ONVULSIVOS
o geradas com ativação de neurônios em uma área restrita do córtex
a pode permanecer localizada ou se estender pelo restante do córtex,
ão parcial com generalização secundária. As convulsões podem se
do a consciência está preservada) ou complexas (quando há alteração
lsões generalizadas primárias são, na maioria das vezes, do tipo
o significa contração muscular sustentada, ou seja, o paciente
fase tônica da convulsão. O termo clônica quer dizer uma contração
40
muscular intermitente, com períodos curtos de relaxamento. A fase clônica é o momento real da
convulsão. As epilepsias são classificadas em idiopáticas (decorrem de um distúrbio funcional
cerebral intrínseco) e sintomáticas (refletem a existência de um processo patológico cerebral).
Os fatores etiológicos na epilepsia sintomática são: Trauma cranioencefálico, tumores
cerebrais, doenças cerebrovasculares, infecções do sistema nervoso central, tóxicos e metabólicos
(MARTINS & SOUTO, 1999).
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), o protocolo para atendimento nas
convulsões deve ser instituído da seguinte maneira: Interrompa o tratamento; afaste qualquer
instrumento perfuro-cortante do raio de ação do paciente; não tente colocar qualquer instrumento
ou mordedor de borracha entre as arcadas, pois o risco de aspiração de fragmentos é grande,
procure apenas conter delicadamente os movimentos do paciente (principalmente os da cabeça),
cessada a convulsão, mantenha o paciente em repouso por 5 a 10 minutos, administre oxigênio (3
L/minuto) e monitorize os sinais vitais.
2.2.9. MEIOS DE PROMOVER A HEMOSTASIA EM IMPLANTODONTIA
Segundo JORGE (2002), hemorragia é a ruptura de um vaso sangüíneo, provocando a
saída de seu conteúdo, até que o sangramento seja bloqueado por algum mecanismo. As
hemorragias podem ser classificadas quanto à ruptura dos vasos sangüineos, sendo venosa (com
característica de fluxo contínuo), arterial (com fluxo pulsátil, com característica de sangue
lançado) e capilar ou em nape (com característica de sangue em lençol). As hemorragias podem
ocorrer como um acidente transoperatório e, caberá ao cirurgião-dentista executar as manobras
cirúrgicas para promover a hemostasia.
41
De acordo com PETERSON et al.(2000), existem cinco meios de obter hemostasia
das feridas. Onde o primeiro consiste em auxiliar os mecanismos hemostáticos naturais, através
da pressão com gaze sob os vasos sangrantes ou colocando-se uma pinça hemostática no vaso.
Alguns vasos pequenos necessitam, em geral, de apenas 20 a 30 segundos de pressão, enquanto
vasos grandes precisam de 5 a 10 minutos. Um segundo meio é através da termocoagulação, onde
o calor causa uma fusão da parte terminal dos vasos cortados.O terceiro meio corresponde
realizar a hemostasia por ligaduras por meio de suturas. E o quarto meio consiste em pressionar
um curativo sobre a ferida e o quinto meio consiste em colocar na ferida substâncias
vasoconstritoras, como a adrenalina, ou aplicar pró-coagulantes como o colágeno ou a trombina
comercial.
2.3. A IMPORTÂNCIA DA REDUÇÃO DA ANSIEDADE NO PRÉ-OPERATÓRIO
Segundo ANDRADE (2001), os fatores psíquicos atuam diretamente sobre o limiar
da percepção dolorosa, onde a auto-sugestão ou mesmo a sugestão de terceiros pode aumentar
significantemente a reação à dor. Em outras palavras, a ansiedade, a sobrecarga emocional e o
desequilíbrio provocado pela tensão, são fatores sempre presentes no quadro psíquico do
fenômeno doloroso, onde o tratamento odontológico geralmente induz um quadro de ansiedade e
apreensão nos pacientes. Alguns são tomados de verdadeiro pânico, muitas vezes sem uma causa
aparente, ao sentarem na cadeira do dentista.
LAUTCH, em 1971, relatou que pacientes muito ansiosos apresentaram um baixo
limiar da dor quando um elemento dental era estimulado eletricamente, comparado ao de
indivíduos sob condições normais.
42
Segundo MALAMED (1993), outra grande vantagem no uso dos ansiolíticos diz
respeito ao seu papel na prevenção das chamadas situações de emergência, como a lipotímia e a
síndrome da hiperventilação, pois parece estar bem estabelecido que a incidência dos quadros
emergenciais é muito maior em pacientes com ansiedade e apreensão mal controladas.
Os estados de ansiedade são classificados em dois grupos: o ataque de pânico e a
ansiedade generalizada. Os ataques de pânico são periódicos, podendo ocorrer inesperadamente,
consistem em um sentimento intenso de apreensão estando vinculados a uma ampla variedade de
sensações físicas perturbadoras como: Palpitações, dores no peito, sensação de asfixia, ondas de
frio e calor, sudorese, tremores, entre outros. A ansiedade generalizada caracteriza-se em
preocupação excessiva sobre questões diversas, como a incapacidade de enfrentar determinado
problema, receio de desempenho ineficiente e vinculados a algumas sensações físicas
perturbadoras, como por exemplo, espasmos e tremores, tensão muscular, fadiga, falta de ar,
taquicardia, sudorese, boca seca, diarréia, tontura, arrepio, entre outros ( GRUPO NITRO, 2002).
2.3.1. SEDAÇÃO ORAL ATRAVÉS DOS BENZODIAZEPÍNICOS
Introduzidos há 30 anos na terapêutica medicamentosa, os benzodiazepínicos têm
sido a medicação mais prescrita no mundo e atualmente são as drogas de primeira escolha para o
controle da ansiedade, pela sua eficácia e segurança clínica (ANDRADE, 2001).
Os benzodiazepínicos agem potencializando o efeito do GABA na inibição das
sinapses neuronais, particularmente no sistema límbico, o GABA (ácido gama-aminobutírico) é
um neurotransmissor endógeno liberado com o objetivo controlar as reações somáticas e
psíquicas aos estímulos geradores de estresse, sendo assim considerado como o “calmante ou
ansiolítico natural do organismo”. Suas vantagens são : diminuição do metabolismo basal,
43
retardando a absorção dos anestésicos locais; redução do fluxo salivar e o refluxo do vômito;
relaxamento da musculatura esquelética; nos pacientes hipertensos ou diabéticos, ajudam a
manter a pressão arterial ou a glicemia, respectivamente, em níveis aceitáveis; podem induzir a
amnésia.
Segundo MALAMED (1993), uma das vantagens dos benzodiazepínicos é a
prevenção da lipotímia e da síndrome de hiperventilação já que a incidência dos quadros
emergenciais é muito maior em pacientes com ansiedade e apreensão mal controladas. Outra
grande vantagem, segundo o mesmo autor, está relacionada a sua ampla segurança clínica, pois,
suas doses tóxicas (250 a 400 mg) são muito maiores que as doses terapêuticas (5 a 10 mg),
tomando-se como exemplo o diazepam.
Segundo ORELAND (1987) a sonolência é o principal efeito colateral dos
benzodiazepínicos, assim como a ataxia, confusão mental, visão dupla, depressão, cefaléia,
aumento ou diminuição da libido, incoordenação motora e, em especial, a farmacodependência,
geralmente em tratamento prolongado.
Diante do uso dos benzodiazepínicos em implantodontia, os mesmos estão contra-
indicados nas seguintes situações: Gestantes (primeiro trimestre e ao fim da gestação); pacientes
portadores de glaucoma ou miastenia grave; alcoólatras crônicos, pois o álcool além de
potencializar o efeito depressor dos ansilolíticos, induz a uma maior metabolização hepática
desses compostos; pacientes com hipersensibilidade aos benzodiazepínicos (ANDRADE, 2001).
Os benzodiazepínicos mais empregados na odontologia estão listados na TAB. 3.
44
TABELA 3
Benzodiazepínicos mais comumente empregados em Odontologia.
Nome Comercial
Nome GenéricoBromazepam Lexotam® 0,0
Diazepam Valium® 0,2
Midazolam Dormonid® 0,0
Lorazepam Lorax ® 0,0
Alprazolam Frontal® 0,0
FONTE: ANDRADE, 2001.p.43 ; ANDRADE
Segundo BARROS & LOPES
benzodiazepínico comercializado nos EUA des
escolhidos para a pré-medicação, por possui
medicamento hidrossolúvel de rápida metaboliz
Segundo REVES et al. (1987
benzodizepínico, o midazolam pode ter uma po
A meia-vida de eliminação do mida
nas pessoas idosas e seu pico de ação entre 30 m
variar de duas a quatro horas (DEF 2002/2003)
Segundo RICHTER (1981), a fun
normal dentro de quatro horas após a administr
Apresentação
5 a 0,1 mg/kg oral c
a 0,5 mg/kg IV e oral c
5 a 0,15 mg/kg IV e oral c
3 a 0,05 mg/kg c
1 a 0,02 mg/kg c
&RANALI, 2004.p.25.
(2003), o maleato de
de 1975, e está entre os age
r propriedades físico-quími
ação.
), por ter grande afin
tência três a cinco vezes ma
zolam é de 1,5 a 2,5 horas,
inutos a uma hora e a dura
.
ção mental do paciente reto
ação.
Dose Usual
omp. 3 e 6 mg
omp. 5 e 10 mg
omp. 7,5 e 15 mg
omp. 1 e 2 mg
omp. 0,25 e 0,5 mg
midazolam é um
ntes mais comumente
cas que o fazem um
idade pelo receptor
ior que o diazepam.
porém pode ser maior
ção do seu efeito pode
rna habitualmente ao
45
CHAIA, em 2001, avaliou as médias aritméticas da saturação de oxigênio, freqüência
cardíaca e pressão arterial de 120 pacientes submetidos à exodontia dos terceiros molares
inclusos. Neste estudo comparativo, foi mantido um grupo de controle (sem medicação) e, em
outros três grupos, foram utilizados por via oral os seguintes medicamentos: diazepam (10 mg),
bromazepam (6 mg) e midazolam (15 mg). Os resultados mostraram uma efetividade maior na
manutenção dos parâmetros analisados no grupo em que se utilizou midazolam e que houve uma
diferença significativa em praticamente todas as médias aritméticas obtidas, em relação ao grupo
controle.
2.3.2. SEDAÇÃO CONSCIENTE ATRAVÉS DE ÓXIDO NITROSO (N2O)
Segundo ORLANDO ( 2003), a sedação consciente com óxido nitroso, ocorre através
da aspiração de uma mistura dos gazes N2O (óxido nitroso) com O2 (oxigênio) onde ao ser
inalado, o N2O é transportado pelo sangue, atuando no nível do córtex cerebral, produzindo
suave depressão. A sedação consciente através do óxido nitroso apresenta como principais
vantagens: não se combina com nenhuma estrutura do sangue ou do corpo humano, fato este por
ser praticamente insolúvel; rápida reversibilidade sedatória e mínima possibilidade de efeitos
colaterais; odor agradável e adocicado, sendo imediatamente eliminado sem ser metabolizado,
com pico de sedação de três a cinco minutos. A proporção média dos gases é de 50 a 70 % de
N2O e 30 % de O2, garantindo que o paciente não receba mais N2O do que suporta e nem O2 do
que precisa. A aparelhagem que a técnica da sedação consciente requer é composta de:
Fluxômetro, oxímetro de pulso, válvulas reguladoras de pressão, máscaras inalatórias,
46
mangueiras, cilindros de O2 (comercialmente apresenta-se no Brasil com a cor verde) e N2O
(este com a cor azul), e por último, aparelho de pressão ( FIG.7).
O protocolo para analgesia consciente com óxido nitroso segundo o grupo Nitro
consiste em iniciar com 6 L / minuto de oxigênio puro, e após dois minutos, instituir o inicio da
mistura com a titulação de 10 % de óxido nitroso, aumentando a cada minuto em 10% a
concentração de óxido nitroso, até atingir o nível ideal de sedação ( GRUPO NITRO, 2002).
Caso o paciente apresente algum sinal clínico de aprofundamento da sedação, a
conduta inicial é reduzir imediatamente a quantidade de óxido nitroso, e na persistência dos
sintomas, abortar a sedação e o procedimento clínico, e manter o paciente por um período de
cinco a oito minutos de oxigênio a 100% (GRUPO NITRO, 2002).
FIGURA 7 - Sedação consciente através de óxido nitroso.
47
A inalação, e conseqüentemente a contra-indicação do uso da técnica da sedação
consciente com óxido nitroso incui: pacientes com obstrução das vias respiratórias; pacientes
portadores de doenças pulmonares obstrutivas crônicas; pacientes psicóticos; pacientes que
utilizam medicação psicotrópica e pacientes com problemas comportamentais severos
(ORLANDO, 2003).
A American Dental Association recomenda enquadrar a sedação consciente como
uma espécie de diminuição mínima do nível de consciência do paciente, incapaz de afetar sua
habilidade de respiração automática e a capacidade de responder apropriadamente à estimulação
física e ao comando verbal. Já a anestesia geral seria um tipo de sedação profunda e se postularia
como um estado controlado de inconsciência, acompanhado pela perda parcial da respiração
independente e resposta voluntária à estimulação física do paciente (ORLANDO, 2003).
2.4. NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS NO ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO
O objetivo dos primeiros socorros na odontologia é proporcionar o suporte básico de vida,
sendo o elemento fundamental para manter o paciente vivo, até a chegada do socorro médico. O cirurgião-
dentista deverá estar preparado para manter a saúde e a vida de seu paciente, tendo assim a necessidade de
se promover um sistema de alerta para que todos do consultório parem o que estejam fazendo e iniciem
um processo de emergência, que deverá seguir a seguinte seqüência: chamar a ambulância; ter em mãos o
kit de emergência , descrito na TAB. 4; observar os sinais vitais; administrar e prescrever as medicações;
auxiliar a respiração com ambú; efetuar o suporte básico de vida e se necessário dar inicio as manobras de
ressucitação cárdio pulmonar (CARVALHO, 2003).
48
Segundo ANDRADE & RANALI (2004), o suporte básico de vida ou o ABC da vida deve
ser usado em todas as urgências e emergências médicas, seguindo as seguintes etapas:
A – Consiste em proporcionar a abertura das vias aéreas superiores, onde se deve remover
qualquer objeto da cavidade oral, que possa obstruir a passagem do ar, realizar em seguida a hiperextensão
da cabeça, pois esta é a principal causa de obstrução das vias aéreas em pessoas inconscientes, por
acarretar na queda da língua (FIG. 8 a 11).
FIGURA 8- Glossopitose (obstrução da traquéia pela epiglote, atravésda queda da língua)
FONTE: JORGE ,2002. p. 376.
49
FIGURA 9 - Hiperextensão da cabeça ( ângulo reto entre o mentoe o occipital)
FIGURA 10 – Após a manobra de hiperextensão a língua tende asair, o mínimo possível promovendo a liberação das vias aéreas.
FONTE : JORGE, 2002. p. 376.
50
B – Sign
através da expansão d
paciente não esteja
Respiração boca-a-bo
pelas narinas (FIG.1
intubação orotraqueal
glote, executar o acess
FIGURA 11 - Tracionamento da epiglote ( liberação datraquéia)
ifica boa ventilação, pois, consiste em ver, ouvir e sentir a respiração do paciente,
o tórax ou encostando o ouvido perto do nariz e da boca do paciente, porém caso o
respirando, executar a ventilação artificial através dos seguintes procedimentos:
ca , onde deverá ocorrer a obstrução nasal para que o ar insuflado na boca não saia
2); máscara-ambú (FIG.13), máscara-boca, máscara-ambú-cilindro de oxigênio,
( FIG. 14) e por último nos casos de obstrução severa das vias aéreas e/ou edema de
o por via cirúrgica, através da cricotireostomia ( FIG.15).
FIGURA 12 - Boca-a-boca (face shield)
51
FIGURA 13 -Máscara-Ambú
FIGURA 14 -Tubo Orotraqueal + Ventilação (ambú).
52
Tubo Orotraqueal +
Ventilação (ambú)
A
B
C
D
FIGURA 15 – Cricotireostomia: A- Hiperextensão da cabeça; B e C- EspaçoCricóide (Tireóide e a Cricóide) e introdução do jelco(14) na traquéia; D- Jelcosem agulha.
53
C - Corresponde a verificação da circulação do paciente, sendo realizada através da
verificação do pulso carotídeo do paciente, este situado entre a traquéia e o músculo
esternocleidomastóideo, porém caso o pulso esteja presente, controle-o atentamente concomitantemente
com a respiração, e aguarde a recuperação completa do paciente e/ou aguarde o socorro avançado. A
ausência do pulso carotídeo pode significar parada cardiorespiratória, significando assim, que temos um
tempo médio de 3 minutos para reanimarmos o paciente e mantê-lo vivo até a chegada do socorro
avançado. Nesta situação temos que abrir mão das manobras de massagem cardíaca externa. Os sinais e
sintomas da parada respiratória são caracterizados por: inconsciência e ou agitação psicomotora; tórax
imóvel; ausência de movimentos respiratórios; cianose de extremidades e queda na oximetria de pulso. O
diagnóstico necessário para se ter como parâmetro se o cirurgião-dentista deverá ou não dar
inicio as manobras de ressucitação cárdio pulmonar será fornecido pela ausência de pulso, e a
reanimação cárdio pulmonar deverá perdurar por um período de tempo máximo de 4 a 6 minutos, para
assim evitar danos cerebrais, tendo como seu maior objetivo fornecer suporte cardíaco e respiratório até a
chegada de socorro avançado. A técnica para execução das manobras de ressucitação cárdio pulmonar
segue o seguinte protocolo: liberação as vias aéreas superiores, com a desobstrução de qualquer corpo
estranho na região de orofaringe; promoção da ventilação às custas da respiração artificial boca a boca,
insuflando o ar por via oral aos pulmões, recomenda-se também a utilização de máscaras oronasofacial,
quando em presença de oxigênio; colocar o paciente sobre uma superfície rígida e horizontal; realizar a
hiperextensão cervical e dar início as manobras de massagem cardíaca externa (MCE). As manobras para
a realização da massagem cardíaca externa deverão seguir as seguintes regras: Inicia-se com a ventilação
(respiração artificial); para cada três MCE (massagem cardíaca externa) uma ventilação, onde após o
término do ciclo de aproximadamente doze manobras, verifica-se o resultado, através do retorno
do pulso ( FIG.16 e 17) (ANDRADE & RANALI, 2004).
54
FIGURA 16 – Respiração boca a boca. Detalhe daobstrução do nariz para que o ar insuflado na bocanão saia pelas narinas.
FONTE: CARDOSO & GONÇALVES,2002. p.377.
FIGURA 17- Compressão dígito palmar da caixa toráxica de encontroao coração (2 dedos acima da apófise xifóide).
55
TABELA 4
Arsenal indispensável nas intercorrências médicas
- Aparelho de pressão;
- Oxímetro de pulso.
- Ambú grande com reservatório;
- Cilindro de oxigênio;
- Tubo de silicone para O2;
- Máscaras faciais para ventilação (4 e 2);
- Cânulas naso-faríngeas;
- Agulhas de insulina (30x7 e 30x8);
- Seringas (insulina 5,10 e 20 ml);
- Equipo para soro;
- Garrote;
- Jelcos (14 e 22);
- Pinça de Maguill.
- Algodão + gaze estéril + band-aid + esparadrapo;
- Álcool 70%.
- Adrenalina 1.1000 – 0,5 mg sc (ampola);
- Água destilada para injeção - 10ml;
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Anti-inflamatórios + Analgésicos;
Allegra 120 mg;
Aminofilina;
Amônia;
Atropina;
Brycanil;
Capoten 12,5 mg;
Dormonid 7,5 mg;
Efortil;
Glicose hipertônica - 25% ampola;
Hidrocortisona-500mg ampola;
Aerolin spray;
Isordil - 5mg;
Lanexate – ampola;
Soro glicosado a 5%;
Soro fisiológico a 0.9%;
Açúcar.
56
3. DISCUSSÃO
Nos EUA, crianças a partir de 10 anos, já começam a receber orientações de como executar
procedimento simples, como a respiração boca-a-boca e massagem cardíaca, e também acionar o serviço
de emergência médica. No Brasil, esta é uma realidade ainda muito distante, pois somente agora, depois
da Resolução do Conselho Regional de Odontologia (CFO – 25/2002), que os cursos de especialização
estão se remodelando, e incluindo nos seus currículos a matéria de emergências médicas. A situação se
agrava quando se constata que grande parte das faculdades de odontologia não tem a disciplina de
emergências médicas e vão formando cada vez mais profissionais que não se atentam para a importância
de saber e prestar um atendimento de primeiros socorros em uma situação de emergência médica durante
um procedimento cirúrgico-odontológico ( CARVALHO, 2003).
Em 1977 a 54ª reunião de Delegados da Associação de Faculdades de Odontologia dos
Estados Unidos, aprovou a inclusão nos currículos odontológicos instruções sobre emergências médicas e
ressuscitação cárdio-pulmonar.
Na maioria dos currículos odontológicos nos Estados Unidos estão incluídas instruções em
emergências médicas que podem ocorrer em consultórios odontológicos (MCCARTHY, 1972; SANGER
et al. 1978).
Em 1979 a Federação Dentária Internacional emite um relatório no qual defende não só
pesquisa da história médica, mas também a importância de um programa de treinamento para emergências
médicas para profissionais de Odontologia.
HAUEB & MIYAZATO (1984), afirmaram que o domínio de uma técnica de avaliação
clínica é de fundamental importância, pois que, na presença de certas enfermidades potencialmente
graves, a inobservância de determinados cuidados pode por em risco a vida do paciente.
57
Assim, preliminarmente, se faz necessário o conhecimento sistêmico do paciente,
através do resultado de uma correta anamnese em conjunto com um detalhado exame físico, onde
o cirurgião-dentista poderá enquadrar o seu paciente na classificação do estado físico de saúde,
ou classificação da ASA, pois, ao se deparar com um paciente classificado em ASA II ou ASA
III, o profissional deverá consultar um médico, e dirigir-se cardiologista através da solicitação do
risco cirúrgico do seu paciente, para um melhor esclarecimento do estado de saúde do mesmo,
onde o profissional da área médica que poderá decidir se este paciente estará ou não apto para ser
operado em ambiente ambulatorial.
Segundo ANDRADE (2001), quando os dentistas solicitam informações aos médicos
responsáveis pelo tratamento de pacientes que requerem cuidados especiais, é muito comum
receberem como resposta uma “cartilha” com os seguintes dizeres: “O (a) paciente encontra-se,
no momento, em condições de receber tratamento odontológico. Obs: Não usar anestésicos locais
com vasoconstritores”.
A maioria dos médicos raramente usa adrenalina em sua prática clínica, com exceção
dos anestesistas, cirurgiões ou os que atuam em serviços de emergências ou centros de terapia
intensiva. Existe um grande engano diante de tal fato, pois a dose de adrenalina usualmente
utilizada na medicina é totalmente diferente daquela empregada na odontologia, e grande parte
dos médicos desconhece tal fato (ANDRADE, 2001).
Segundo MALAMED (1987), a dose média de adrenalina IM ou IV (na concentração
de 1:1000 ou 1:10.000) empregada no tratamento da anafilaxia ou parada cardíaca é de 0,5 a 1
mg, enquanto 1 tubete anestésico com adrenalina a 1:100.000 contém apenas 0,018 mg.
Devemos lembrar a classe médica que, muitas das vezes faz-se necessário o uso de
anestésicos locais com adrenalina, devido ao tempo de duração da intervenção e
58
conseqüentemente a prevenção da dor, fenômeno este extremamente estressante para o
organismo.
Segundo MALAMED (1993), durante o estresse, a liberação endógena de adrenalina e
noradrenalina dos locais de armazenamento para o sistema cardiovascular, aumenta em cerca de
40 vezes quando comparado aos níveis em repouso.
Segundo SUNADA et al. (1996), o volume máximo de 6 ml, correspondente a média
contida em três tubetes anestésicos, deve ser respeitada, em pacientes sistêmicamente
comprometidos.
BENNETT em 1986, afirmou que quanto maior for o risco clínico de um paciente,
mais importante se torna o controle eficaz da dor e da ansiedade.
Diante desta alarmante situação, devemos deixar claro ao profissional da classe
médica sobre a necessidade e a importância do uso dos anestésicos locais com vasoconstritores e
que o próprio médico tome conhecimento através de um protocolo, composto das drogas a serem
utilizadas no procedimento cirúrgico, assim como a quantidade média do anestésico local e
também o tempo médio da intervenção.
O cirurgião-dentista deverá ter em sua mais plena consciência o papel da sua
responsabilidade diante de um paciente sistêmicamente comprometido, tendo o mesmo a
necessidade de estar preparado e equipado para intervir e cuidar do seu paciente caso ocorra
qualquer intercorrência médica, pois CICCARELLI (1974) afirmou que o cirurgião-dentista é
responsável não só pela condição bucal de seu paciente, mas também pelas suas condições
médicas como um todo.
Segundo ANDRADE & RANALI(2004), a administração de medicamentos anti-
hipertensivos, por via oral ou parenteral, para o controle de uma crise hipertensiva arterial é de
competência do médico. Portanto, o cirurgião-dentista não deve empregar tais medicamentos em
59
ambiente ambulatorial, na tentativa de baixar a pressão arterial do paciente e prosseguir o
tratamento.
A Lei 5081, que regulamenta o exercício da Odontologia no Brasil dispõe no item
VIII do artigo 6, que trata das competências do cirurgião-dentista, o seguinte:
VIII – prescrever e aplicar medicação de urgência no caso de acidentes graves que
comprometem a vida e a saúde do paciente.
Diante disso, cabe indagar: será que os cirurgiões-dentistas estão preparados para isto?
(ANDRADE & RANALI ,2004)
MALAMED (1993), relatou a incidência das situações de emergência na prática
odontológica, em um período de 10 anos, ocorridos em consultórios particulares de 4309
cirurgiões-dentistas, nos EUA. Os números expressam a somatória dos episódios relatados em
dois estudos epidemiológicos, descrevendo o tipo de emergência e o número de casos
correspondente à mesma (TAB. 5).
O resultado revelou que em média 50% das intercorrências médicas foram lipotímias
e síncopes, onde mostra que além da capacidade técnica do profissional, do conhecimento e do
manejo diante das situações emergenciais no consultório odontológico, torna-se claro e visível à
extrema importância da redução e controle da ansiedade dos pacientes, principalmente quando os
mesmos serão submetidos a procedimentos cirúrgicos em ambiente ambulatorial.
60
TABELA 5
Incidência das situações de emergência na prática odontológica.
TIPO DE EMERGÊNCIA NÚMERO DE CASOS RELATADOS
Lipotímia e síncope 15407
Reação alérgica moderada 2583
Angina de peito 2552
Hipotensão ortostática 2475
Convulsão 1595
Crise aguda de asma 1392
Hiperventilação 1326
Reação à adrenalina 913
Hipoglicemia aguda 890
Parada cardíaca 331
Reação anafilática 304
Infarto do miocárdio 289
Sobredosagem de anestésico local 204
Edema pulmonar agudo 141
Coma diabético 109
Acidente vascular cerebral 68
Insuficiência adrenal 25
Crise de hipertireoidismo 4
TOTAL 30608
FONTE : MALAMED, 1993.
61
5. CONCLUSÃO
Através do presente trabalho, pode-se concluir que os cirurgiões-dentistas no Brasil
necessitam de mais informações e treinamento sobre como conduzir o paciente nos casos de uma
possível intercorrência médica durante a terapia cirúrgica envolvendo a implantodontia.
Assim torna-se necessário e obrigatório o conhecimento sistêmico do paciente, através
de uma anamnese apurada, somada a avaliação dos sinais vitais do paciente, onde fornecerá as
informações necessárias para que possamos enquadrá-lo e classificá-lo através do seu estado
físico de saúde, tornando-se essencial para uma possível comunicação com o profissional da área
médica, onde o mesmo deverá estar devidamente esclarecido da morbidade do procedimento
cirúrgico, assim como todo o protocolo medicamentoso que será empregado na cirurgia.
A implantodontia obriga o profissional que nela atua, não só a dominar a prática
cirúrgica, mas também estar preparado e devidamente equipado para assim tornar-se possível a
reversão de uma inesperada intercorrência médica.
O tratamento cirúrgico-odontológico geralmente induz a um quadro de ansiedade e
apreensão nos pacientes, onde se deve através de um protocolo para a redução da ansiedade,
evitar o estresse e o medo, pois, são as principais causas de urgência e emergência no consultório
odontológico.
O cirurgião-dentista deverá estar preparado para manter a saúde e a vida de seu
paciente, estando o mesmo treinado e preparado para a realização e execução do suporte básico
de vida, assim como as manobras de ressucitação cárdio pulmonar. Dessa forma, o
implantodontista poderá evitar uma série de eventos indesejáveis durante o tratamento dos
pacientes com potencial de sofrer algum tipo de intercorrência médica durante a terapia cirúrgica.
62
ABSTRACT
Exactly not being frequent, the situations of medical emergency can occur in the
odontological clinic in unexpected way, without obeying to the rules or definite standards. For
this reason, this work has as objective to lead to he dentists who act directly with surgeries that
involve the area of implantology, information that benefit them and that also they serve as alert
the possible medical emergencies that can occur during a surgical procedure. A bibiographical
survey of the preventive methods was carried through, as anamnesis and protocols for reduction
of anxiety of the main medical emergencies, as well as its interventions for treatment and th main
maneuvers of basic support of life.
63
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