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JORNAL DA CONTAG 1Filiada à:
Veículo informativo da
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES RURAIS AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES
CONTAGANO XII • NÚMERO 140 • NOVEMBRO DE 2016
Jornal da
JORNAL DA CONTAG2
EDITORIAL
PRESIDÊNCIA
Alberto Ercílio BrochPresidente da CONTAG
CONTAG contra a PEC do teto dos gastos públicos
A Câmara dos Deputados apro-
vou em dois turnos a Proposta
de Emenda à Constituição (PEC)
241, que agora tramita como PEC 55 no
Senado Federal e deverá ser votada tam-
bém duas vezes até o final de 2016. A pro-
posta impõe o congelamento por 20 anos
dos gastos da União com a justificativa de
estabelecer um novo regime fiscal para
promover austeridade nas contas públicas
e a retomada do crescimento do País.
A Confederação Nacional dos Traba-
lhadores Rurais Agricultores e Agricultoras
Familiares (CONTAG) é contra a alteração
da Constituição Federal para esse fim,
pois ela limitará investimentos urgentes e
necessários nas políticas públicas. Enten-
demos que a PEC 55 trará um retrocesso
gigantesco, com impactos negativos nas
principais políticas estruturantes, como
educação, saúde, moradia, previdência e
assistência social.
Essa medida visa sacrificar ainda mais a
classe trabalhadora e a população mais vul-
nerável para aumentar o caixa do Governo
Federal para pagar os serviços e os juros
da dívida pública, ou seja, engordar ainda
mais o cofre dos banqueiros privados.
É de conhecimento de todos os cida-
dãos e cidadãs brasileiras de que as polí-
ticas de proteção social, tais como saúde
e educação, precisam, no mínimo, dobrar
os recursos públicos para melhor atender
as demandas da população.
Congelar os gastos por 20 anos seria
aprofundar e mergulhar o sistema de saúde
e educação num profundo caos social. A
PEC 55 afetará todas as políticas públicas
e, sobretudo, as populações mais pobres
e marginalizadas do campo e das cida-
des. Antes mesmo de sua aprovação em
definitivo, já percebemos prejuízos com a
redução drástica de orçamento para 2017
em políticas e programas voltados ao de-
senvolvimento rural e ao fortalecimento da
agricultura familiar.
As medidas anunciadas até o momento
trazem à tona a velha lógica do neolibera-
lismo, que defende o Estado mínimo com
a redução do papel do Estado como indu-
tor do desenvolvimento. Não aceitaremos
essa opção do Governo Temer pela reti-
rada ou restrição de direitos, de atingir a
população mais vulnerável do nosso País,
ou seja, quem mais precisa das políticas
de seguridade social e de uma vida digna.
Os trabalhadores e trabalhadoras rurais,
então, estarão entre os mais impactados.
É por isso que estamos denunciando essa
PEC nos nossos meios de comunicação
e nos espaços que integramos, nacional
ou internacionalmente. Não podemos nos
calar diante de tal ameaça às conquistas
que alcançamos a partir de muita luta.
Precisamos avançar e não retroceder.
Lutamos por mais direitos, por uma vida
melhor, mais digna, por mais respeito, por
igualdade, liberdade e justiça. E essa PEC
prega o contrário: as desigualdades sociais
serão ampliadas, o poder de compra será
reduzido, o investimento no campo estará
com os dias contados. Nesta perspecti-
va, teremos ainda mais dificuldades para
implementar o nosso Projeto Alternativo
de Desenvolvimento Rural Sustentável e
Solidário (PADRSS).
Portanto, mais do que nunca, precisa-
mos fortalecer a CONTAG, as Federações
e Sindicatos para termos um sindicalismo
mais combativo e forte. Precisamos arti-
cular as nossas ações com outros movi-
mentos sindicais e sociais, pois só com a
unidade poderemos avançar e evitar pre-
juízos para a classe trabalhadora e para a
população brasileira como um todo.
Vamos para a luta e juntos seremos
mais fortes!
Barack Fernandes
JORNAL DA CONTAG 3
Rovena Rosa/Agência Brasil
A Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) 241, que agora é chamada
de PEC 55 no Senado Federal,
nem foi aprovada ainda, mas já traz muita
preocupação à população brasileira. Nos
últimos 13 anos foi possível presenciar a
redução da pobreza no País com o aper-
feiçoamento das políticas públicas sociais
e melhor distribuição de renda.
Apesar de problemas estruturantes no
Sistema Único de Saúde (SUS), na falta de
recursos para as escolas públicas, do dé-
ficit na política habitacional e de um antigo
debate sobre a realização de uma reforma
da Previdência Social, o Estado brasileiro
avançou muito na criação de políticas e
programas como o Luz para Todos, Água
para Todos, Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA), do Programa Nacional de
Alimentação Escolar (Pnae), Um Milhão de
Cisternas, Bolsa Família, entre outras. E,
às vésperas de aprovar essa PEC, conhe-
cida como PEC da Morte, estamos diante
da possibilidade de retroceder nos direitos
conquistados, afetando a todos(as): crian-
ças, adolescentes, jovens, adultos(as) e
idosos(as). Toda uma geração que depen-
de do Estado e de políticas públicas.
Se aprovada, a PEC abrirá caminho para
a reforma da Previdência Social e para des-
vinculação dos benefícios sociais e previ-
denciários do salário mínimo. A Previdência
POLÍTICAS SOCIAIS DIREITOS SOCIAIS AMEAÇADOS
Impactos da PEC 55 (ex PEC 241) nas políticas sociaisSaúde, educação, habitação, previdência e assistência social sofrerão com redução
de orçamento e de priorização por parte do governo
Social é uma das principais políticas de dis-
tribuição de renda do País e que faz circular
a economia dos municípios, principalmente
as pequenas cidades. Outra possibilidade
anunciada pelo governo ilegítimo é uma
revisão na concessão de benefícios previ-
denciários por incapacidade. “A CONTAG
não é contra essa revisão desde que seja
feita a partir de critérios. O trabalhador(a)
rural desempenha um trabalho que exige
mais esforço e os peritos devem ter isso em
mente ao dar alta a quem não terá condi-
ções de realizar um trabalho mais penoso”,
explicou o secretário de Políticas Sociais da
CONTAG, José Wilson Gonçalves.
Se essa PEC for aprovada, haverá redu-
ção no orçamento do Ministério da Saúde,
nos próximos anos, e o Sistema Único de
Saúde (SUS) será ainda mais sucateado.
Com a redução de recursos, diminui tam-
bém os repasses para os estados e municí-
pios, que somam 2/3 do orçamento do MS.
Segundo o Conselho Nacional de Saúde,
somente em 2017 há estimativa de perda
entre R$ 15 e 20 bilhões, o que se agrava-
rá a cada ano, pois é preciso considerar o
crescimento e o envelhecimento da popula-
ção e, também, os avanços tecnológicos no
setor. O acesso a consultas, exames, medi-
camentos, entre outras necessidades, ficará
mais difícil com a diminuição de recursos no
orçamento. Para o SUS chegar no campo, é
necessário e urgente o aumento de investi-
mentos na saúde pública, e não o contrário!
A educação, que já foi golpeada com a re-
forma do ensino médio, agora será ainda mais
impactada com o corte de verba, que afetará
o pagamento dos professores, na contrata-
ção de merenda escolar, na oferta de vagas,
na estruturação e conservação das escolas,
o funcionamento das escolas rurais, no finan-
ciamento do ensino superior, entre outros.
“Esse é um governo mal intencionado.
Essa PEC vem com um pacote de malda-
de, pois junto vem uma série de medidas
provisórias. Como já vemos a MP da refor-
ma do ensino médio e outra que vai fazer a
reforma dos benefícios da Previdência por
incapacidade. Não se vê uma medida ou
uma reforma justa dos salários e benefícios
do alto escalão dos três poderes. É um
governo que volta aos tempos do Estado
mínimo, que para os pobres é o mínimo do
mínimo e para os ricos sempre mais. É um
governo que volta para a busca das rique-
zas naturais, do patrimônio público brasi-
leiro, do orçamento público da União para
fortalecer cada vez mais o sistema privado,
o sistema financeiro nacional e internacional
e o empresariado”, denuncia José Wilson.
Por isso, é fundamental que dirigentes,
lideranças e toda a base do MSTTR esteja
mobilizada e combativa na luta em defesa
dos direitos sociais.
JORNAL DA CONTAG4
POLÍTICA AGRÁRIA PEC 241 OU PEC 55 – A PEC DA MORTE
Impactos da PEC nas ações de reforma agráriaO congelamento de investimentos públicos por 20 anos poderá levar ao desmonte da estrutura de
Estado responsável pela reforma agrária
A Proposta de Emenda à Constituição
241 (Câmara dos Deputados) ou
PEC 55 (Senado) rompe com o
princípio do desenvolvimento progressivo
do País pactuado na Constituição de 1988,
desmonta as estruturas do Estado que
permitem a efetivação das políticas públi-
cas e sacrifica os direitos, especialmente
dos mais pobres, congelando por 20 anos
a aplicação dos recursos e investimentos
referentes aos serviços públicos e à rede
de proteção social.
Esta proposta do governo ilegítimo e de
seus apoiadores produziu indignação no
MSTTR, que vem refletindo sobre os im-
pactos que poderá produzir na realização
da reforma agrária, considerando que sem
participação do Estado esta política não
se concretizará.
A reforma agrária ampla é uma medida
fundamental para atacar as desigualdades
sociais, de poder e de renda, e para as-
segurar a soberania territorial e alimentar
do povo. Para que a reforma agrária se
efetive, é imprescindível uma forte inter-
venção do Estado para que este cumpra
a determinação constitucional de fiscalizar
o cumprimento da função socioambiental
das propriedades rurais, de agir contra o
latifúndio e contra a violência e a exclusão
que ele produz, além de assegurar a cons-
trução e aplicação de outros instrumentos
destinados à população assentada.
No entanto, a depender das imposi-
ções da PEC, este papel determinante do
Estado, que nunca foi cumprido a con-
tento, estará ainda mais comprometido,
podendo sepultar, de vez, qualquer inicia-
tiva de execução de políticas públicas que
assegurem a democratização da terra e as
condições de desenvolvimento sustentável
do campo produzidas a partir da participa-
ção dos assentados(as) da reforma agrária.
Um dos aspectos que evidenciam este
cenário de desconfiança está na determi-
nação da PEC de impedir a elevação dos
valores orçamentários acima dos índices
da inflação aferidos no ano anterior, con-
siderando como ponto de partida para
este cálculo os valores aplicados em 2017.
O mais grave é que a proposta de Lei
Orçamentária – PLOA/2017, enviada pelo
governo ao Congresso Nacional, prevê
profundos cortes nos valores do orçamen-
to aprovado para 2016, principalmente em
áreas estratégicas como desapropriação,
assistência técnica, Pronera, dentre outras
que já contavam com valores muito inferio-
res ao tamanho da demanda.
A proposta do governo para a reforma
agrária em 2017 reduz em quase R$ 334
milhões o valor de 2016 e, se aprovado,
permitirá o assentamento de menos de
5 mil novas famílias nas áreas desapropria-
das, número muito distante da demanda
emergencial de, pelo menos, 120 mil fa-
mílias que encontram-se acampadas em
todas as regiões do País.
Outra imposição da PEC é o congela-
mento de concursos públicos e de corre-
ção salarial, medida que afetará profunda-
mente a estrutura do Incra que encontra-se
com número de servidores profundamente
defasado, sem contar que o nível salarial
desta autarquia é um dos menores pagos
pelo governo federal.
“Desta forma, se vislumbra uma situa-
ção absolutamente grave para os traba-
lhadores e trabalhadoras que dependem
do desempenho da política de reforma
agrária como alternativa para conquis-
tarem o direito à vida digna, com terra,
trabalho e produção de alimentos. Este é
um projeto reacionário e que foi derrotado
em todas as eleições presidenciais desde
2002, e que quer se impor agora por força
do golpe. Não temos outra saída a não
ser fortalecer nossas lutas para preservar
direitos e assegurar conquistas”, avalia o
secretário de Política Agrária da CONTAG,
Zenildo Xavier.
Arquivo Secretaria de Política Agrária
JORNAL DA CONTAG 5
POLÍTICA AGRÍCOLA PADRSS
Uma nova agenda para o desenvolvimento rural e agricultura familiar
Após 20 anos de conquistas que
mudaram a realidade do rural
brasileiro, em especial com a ins-
titucionalização da categoria Agricultura
Familiar, apoiada por uma série de políti-
cas públicas e programas reconhecidos
nacional e internacionalmente, a CONTAG
retoma o debate sobre os rumos do de-
senvolvimento rural e da agricultura familiar
para as próximas duas ou três décadas.
Para o presidente da CONTAG, Alberto
Broch, “é fundamental o que conquista-
mos por meio das várias políticas públicas,
mas acho que essas conquistas ‘bateram
no teto’: o Pronaf, as compras governa-
mentais, a Anater que não sai do papel...
para onde vamos? Por outro lado, o agro-
negócio ‘dando de braçada’. E agora, o
Governo Temer acabou com o Ministério
do Desenvolvimento Agrário (MDA). Quais
as consequências disso para a Agricultura
Familiar? Como é que podemos trabalhar
o desenvolvimento para fortalecer o nos-
so setor nesse novo cenário? No futuro,
no médio e longo prazos vai ter espaço
para nós da agricultura familiar? Como
trabalhar a organização da produção dian-
te dos grandes conglomerados que vão
se unificando, como Sadia e Perdigão?
Conseguiremos criar um sistema de or-
ganização e agroindustrialização da pro-
dução da agricultura familiar, para agregar
valor e que seja alternativo a esse modelo?
Por onde temos que ir?”
Para tratar dessas temáticas numa con-
juntura política complexa por que passa
o Brasil e pensando na reestruturação da
CONTAG, que no próximo ano realizará
seu 12º Congresso tendo por público so-
mente a Agricultura Familiar, foram convi-
dados quatro dentre os melhores especia-
listas nas temáticas do Desenvolvimento
Rural e Agricultura Familiar para aprofun-
dar o debate e construir referenciais para
o seu futuro. Participaram os professores
Arilson Favareto (UF-ABC), Antônio Márcio
Buainain (Unicamp), Carlos E. Guanzirolli
(UFF) e Sérgio Schneider (UFRGS).
Como resultado dos debates sobre os
grandes desafios apontados para as próxi-
mas décadas, em especial, pensando o futu-
ro da CONTAG, do desenvolvimento rural e o
fortalecimento da Agricultura Familiar, desta-
cam-se as seguintes questões que merecem
atenção especial e urgente aprofundamento:
A TEMÁTICA DO DESENVOLVIMENTO RURAL – o
contexto político; as várias agriculturas; a
inovação e a sucessão rural; uma nova ins-
titucionalidade; tendência à pluriatividade
como nova dinâmica social rural e agroeco-
logia; água, comida, sustentabilidade, segu-
rança alimentar, energia, terra, novo consu-
midor, demografia e inovações tecnológicas.
Nesse sentido, foram diagnosticadas
questões essenciais como o esgotamen-
to dos objetivos do Projeto Alternativo
de Desenvolvimento Rural Sustentável e
Solidário (PADRSS) que precisa ser refor-
mulado para os novos objetivos do futuro
com foco mais preciso em grandes bandei-
ras de luta fundamentais como: o aqueci-
mento global; a construção de um sistema
de organização da agricultura familiar para
acesso aos mercados; e o fortalecimento e
defesa de políticas públicas essenciais para
o desenvolvimento da agricultura familiar.
AS PRINCIPAIS AGENDAS DA CONTAG – construir
uma agenda com a Academia para realizar
estudos e pesquisas sobre a Agricultura
Familiar e Desenvolvimento Rural; o papel
da Agroecologia no futuro da Agricultura
Familiar; e o contraponto à bandeira ideo-
lógica representada pelo agronegócio.
Para o secretário de Política Agrícola da
CONTAG, David Wylkerson, “é necessá-
rio dar continuidade ao aprofundamento
do debate sobre as questões apontadas
como estratégicas para o fortalecimento do
MSTTR e Agricultura Familiar. A CONTAG
levará esses temas nos vários espaços de
formação e em preparação ao 12º CNTTR.
Além disso, serão realizados encontros e
oficinas regionais de planejamento sobre
desenvolvimento rural e agricultura fami-
liar, articulando Universidades, a Embrapa
e outras instituições com influência nas
temáticas do desenvolvimento rural. Da
mesma forma, está articulando uma agen-
da com especialistas para propor estudos
e pesquisas que orientem as ações para o
futuro do desenvolvimento rural”.
César Ramos
Com o cenário de mudan-
ças na organização sindical
dos trabalhadores(as) rurais, a
CONTAG reuniu os(as) contadores(as) da
própria entidade e das Federações filiadas
para que conhecessem a realidade vivida
pelo Movimento Sindical nesse processo
de dissociação e os impactos na susten-
tabilidade político-financeira.
A Oficina Nacional de Aprofundamento
Temático em Contabilidade, realizada de
6 a 8 de outubro, em Brasília, teve a pro-
gramação dividida em duas partes: os dois
primeiros dias foram voltados para esse
olhar interno para o Movimento Sindical
e de que forma a contabilidade contribui
para o MSTTR; o 3º dia já foi dedicado à
prestação de contas, receita federal, entre
outras temáticas mais práticas.
Para contribuir com o olhar mais interno,
foi apresentado o Plano Sustentar, suas es-
tratégias e desdobramentos, a articulação
do setor contábil com o processo de sua
implementação e manutenção. Dentro das
ações estratégicas, foram apresentados o
SisCONTAG e o Seguro Vida. “Identificamos
que em muitas Federações o tema já estava
FINANÇAS E ADMINISTRAÇÃO SUSTENTABILIDADE POLÍTICO-FINANCEIRA
Contadores(as) aprofundam olhar para o MSTTROficina promoveu debates sobre temáticas internas e formação específica para os profissionais de
contabilidade da CONTAG e Federações
sendo discutido, mas boa parte dos con-
tadores não conhecia o Plano”, divulgou
o secretário de Finanças e Administração
da CONTAG, Aristides Santos. Também fo-
ram tratados temas como a situação dos
segurados(as) especiais junto à Previdência
Social, a contribuição previdenciária de diri-
gentes sindicais rurais, Orçamento Sindical
Participativo (OSP), Legislação e Plano de
Contas Padronizado.
No último dia da oficina ocorreu o trei-
namento com consultor externo sobre
Sistema Público de Escrituração Digital
(SPED), com ênfase na Escrituração
Contábil Digital (ECD) e Escrituração
Contábil Fiscal (ECF). No próximo ano, to-
das as entidades que recebem acima de
R$ 1,2 milhão terão que entregar a ECD à
Receita Federal, e as que não alcançarem
essa arrecadação terão que entregar a ECF,
que substitui a Declaração de Imposto de
Renda Pessoa Jurídica (DIPJ). “A CONTAG
convidou os contadores para a oficina no
sentido de que eles compreendessem me-
lhor o processo da dissociação das cate-
gorias (Agricultura Familiar e Assalariados
Rurais), seus desdobramentos e demais
ações que estão sendo executadas pelo
MSTTR, onde eles podem contribuir com o
fortalecimento da sustentabilidade político-
-financeira.”, explicou Aristides.
Para o secretário, a oficina foi bem exi-
tosa. “A nossa avaliação é muito positiva.
Tiramos encaminhamentos de realizar no-
vos encontros de contadores pelo menos
uma vez ao ano ou à medida que tenha
mudança na legislação. Também ficou o
compromisso de que os estados devem
dialogar sobre a implementação do OSP
em 2017. Também ficou definida a criação
de grupos nas mídias sociais, onde essa
comunicação entre o grupo pode agilizar
contato, esclarecer dúvidas, fazer consul-
tas, entre outras.”, avaliou.
A caminho do 12º Congresso da CONTAG
Para fazer a inscrição de delegados(as) para o 12º CNTTR, os Sindicatos e Federações precisam estar em dia com o repasse de 1% para a CONTAG. Qualquer dúvida, acesse o sistema de arrecadação da CONTAG (www.contag.org.br/arrecadacao) ou entre em contato com a Federação.
ENCONTRO DE FUNCIONÁRIOS: A CONTAG parabeniza a iniciativa da FETAEP na rea-lização de Encontro de Funcionários dos STTRs no período de julho e agosto deste ano, que visou capacitá-los em diversos temas: Organização Sindical, Previdência, Plano Sustentar, Comunicação, Automação em Secretariado, Política Agrícola, Arrecadação, Assalariamento Rural, Contabilidade, Cerimonial de Eventos, Tesouraria e Informática. O encontro foi encerrado com o sorteio de brindes, que serviu de incentivo e reconheci-mento pelo bom serviço prestado por todos(as) no atendimento aos trabalhadores(as) rurais. A Secretaria de Finanças e Administração da CONTAG incentiva que outras Federações também usem dessa estratégia para fortalecer o MSTTR.
FIQUE DE OLHO:12º
CONGRESSO
JORNAL DA CONTAG6
Barack Fernandes
JORNAL DA CONTAG 7
A organização do 12º Congresso
Nacional dos Trabalhadores
Rurais Agricultores e Agricultoras
Familiares (12º CNTTR) está a todo vapor.
Com a realização das Plenárias Estaduais
a partir do mês de outubro até janeiro de
2017, já é necessário organizar o processo
de inscrição de delegados(as) e também
de inclusão de emendas ao Texto Base.
Para tornar-se delegado(a) do 12º
CNTTR é preciso cumprir uma série de re-
quisitos: o primeiro é estar em dia com a
mensalidade ou contribuição social e tam-
bém ter pago a contribuição sindical do
exercício de 2015 ou 2016. A partir daí, é
preciso participar da Assembleia convoca-
da pelo STTR, onde serão escolhidos qua-
tro representantes – dois homens e duas
mulheres – para participar da Plenária
Estadual ou Regional, considerando a
cota de 20% de jovens e a participação de
trabalhadores(as) rurais da Terceira Idade.
Mas atenção: somente poderão mandar
representantes para as Plenárias Estaduais
ou Regionais os Sindicatos que cumprirem a
cota de 30% de participação de mulheres na
Diretoria. Além disso, os Sindicatos também
terão que estar em dia com suas obrigações
sindicais até o primeiro dia da Plenária.
Nas Plenárias Estaduais ou Regionais
será eleito(a) um(a) representante de cada
STTR para formar a delegação que par-
ticipará do Congresso. É preciso desta-
car que cada Plenária Estadual deverá
escolher um número igual de homens e
mulheres para formar as delegações, ga-
rantindo também a cota de, no mínimo,
20% de jovens e a participação da Terceira
Idade. Em alguns estados serão realizadas
Plenárias Regionais ou de Polo. Tanto nas
plenárias estaduais, quanto nas regionais
SECRETARIA GERAL PREPARATIVOS PARA O 12º CNTTR
A caminho do 12º Congresso da CONTAGO que você precisa saber para participar do 12º Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais
Agricultores e Agricultoras Familiares
ou de polo, caso haja um número ímpar
de Sindicatos, será necessário eleger
um(a) delegado(a) a mais para assegurar
o cumprimento da paridade na delegação
do estado. No caso das plenárias regionais
ou de polo, só será possível saber se o nú-
mero total de sindicatos habilitados é par
ou ímpar na realização da última plenária,
quando o(a) delegado(a) será eleito(a).
Ou seja, o 12º CNTTR será um momen-
to para a afirmação da paridade de gênero
no Movimento Sindical de Trabalhadores e
Trabalhadoras Rurais.
O processo de organização do Congresso
contou, ainda, com um momento muito im-
portante nos dias 3 e 4 de novembro, quan-
do foi realizado na CONTAG o Coletivo da
Secretaria Geral, tendo como parte de sua
programação a Oficina de Capacitação so-
bre Sistema de Inscrição de Delegados(as)
e Emendas ao Texto Base do 12º CNTTR.
Participaram os(as) secretários(as) e os(as)
responsáveis pelo sistema de inscrição do
12º CNTTR, que discutiram todos os crité-
rios de participação de delegados(as); tira-
ram dúvidas sobre o Regimento Interno do
Congresso e consolidaram o entendimento
de todos os procedimentos para a realiza-
ção do 12º CNTTR.
Para a secretária Geral da CONTAG,
Dorenice Flor da Cruz, a participação das
27 FETAGs demonstra o compromis-
so das mesmas com a realização do 12º
CNTTR. “As Secretarias Gerais ou as pes-
soas que cumprem esse papel dentro de
cada STTR ou Federação têm um papel
muito importante na articulação das infor-
mações, na fluidez do diálogo, no cum-
primento dos prazos, na organização de
documentos e em todo o processo de or-
ganização desse que é um dos principais
momentos políticos do MSTTR. A reunião
do Coletivo deixou ainda mais evidente a
importância da atuação das Secretarias
Gerais de forma articulada para o sucesso
do 12º CNTTR”, afirmou.
César Ramos
JORNAL DA CONTAG8 JORNAL DA CONTAG8
JUVENTUDE RURAL PREPARAÇÃO PARA O 12º CNTTR
Protagonismo da Juventude RuralPlenária Nacional de Jovens promoverá participação, troca de experiências da organização juvenil do campo e
contribuições ao documento base do Congresso da CONTAG
Juventude na luta por sucessão
rural: nenhum direito a menos!
Esse é o lema da 3ª Plenária
Nacional de Jovens Trabalhadores e
Trabalhadoras Rurais, a ser realizada
de 29 de novembro a 2 de dezembro de
2016, em Brasília, reunindo mais de 400
jovens, entre eles(as) dirigentes sindi-
cais, membros das Comissões Estaduais
de Jovens, sócios(as), participantes do
Programa Jovem Saber e dos itinerá-
rios formativos da Escola Nacional de
Formação da CONTAG (ENFOC).
A plenária tem um caráter propositivo,
avaliativo, formativo e organizativo, bem
como visa organizar a participação da ju-
ventude nas etapas preparatórias para o
12º Congresso Nacional de Trabalhadores
Rurais Agricultores e Agricultoras Fami-
liares (12º CNTTR), que acontecerá em
março de 2017. Portanto, durante
quatro dias, a Plenária terá como
objetivos centrais fazer com que
os(as) jovens debatam temas
estratégicos, diante da conjun-
tura nacional e dos desafios
para a agricultura familiar, a
partir da perspectiva da juven-
tude trabalhadora rural brasilei-
ra e do fortalecimento das lutas
do MSTTR; orientar e qualificar a
participação dos(as) jovens nos pro-
cessos de preparação e realização do
12º CNTTR; propor estratégias de for-
talecimento da organização juvenil no
MSTTR e das lutas sindicais; e definir
agenda estratégica em defesa das
políticas públicas para a juventude e
sucessão rural.
Além disso, a programação conta com
momentos de análise de conjuntura,
apresentação de experiências protagoni-
zadas pela juventude rural nos estados, e
painéis sobre sucessão rural, trajetória e
novos desafios na organização juvenil no
sindicalismo. Todos esses debates con-
vergem para fortalecer a organização e
luta da juventude rural em defesa dos di-
reitos conquistados pela classe trabalha-
dora. Como afirma a secretária de Jovens
da CONTAG, Mazé Morais: “defendemos
um campo com jovens, com qualidade
de vida para a promoção de sucessão
rural. Repudiamos o atual cenário de re-
trocessos que vem sendo imposto pelo
Executivo e Legislativo nacional, que afe-
tará as camadas populares, em especial
das populações do campo. Por isso, a
nossa Plenária lança o grito de: nenhum
direito a menos!” Estão previstos o lan-
çamento do livro “Juventude rural e sua
caminhada na CONTAG” -que traz a tra-
jetória de lutas e conquistas dos jovens
trabalhadores e trabalhadoras rurais do
MSTTR-, e uma exposição fotográfica
para celebrar os 15 anos da Comissão
Nacional de Jovens Trabalhadores e
Trabalhadoras Rurais (CNJTTR).
A realização da Plenária Nacional de
Jovens está sendo antecedida pelas eta-
pas estaduais, que já estão dando o tom
do que a juventude irá propor e lutar no
Congresso da CONTAG, que ocorre-
rá em março de 2017.
“A 3ª Plenária Nacional
de Jovens é um momento
muito importante para o
MSTTR de preparação
para o 12º Congresso
da CONTAG. A juven-
tude presente terá a
oportunidade de pautar
as demandas e rumos
estratégicos para as lu-
tas sindicais do próximo
período. Sem dúvida algu-
ma, será um momento rico,
de fortalecimento da juven-
tude rural e do Movimento
Sindical, de entusiasmo
e disposição para a luta”,
disse, com bastante expec-
tativa, Mazé Morais.
JORNAL DA CONTAG 9
PREPARAÇÃO PARA O 12º CNTTR
MULHERES RURAIS
Margaridas trabalhadoras rurais por Paridade rumo à IgualdadeMargaridas realizam debates para fortalecimento de sua organização e luta no MSTTR e na sociedade
durante a 6ª Plenária Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais
Com o principal objetivo de for-
talecer a luta e a organização
das mulheres trabalhadoras ru-
rais no MSTTR, contribuindo para a sua
participação qualificada no processo de
construção do 12º Congresso Nacional
de Trabalhadores Rurais Agricultores e
Agricultoras Familiares (12º CNTTR), mais
de 400 mulheres de todo o País esta-
rão em Brasília, de 8 a 11 de novembro,
para participar da 6ª Plenária Nacional de
Mulheres Trabalhadoras Rurais.
A plenária terá como público prioritário
as mulheres dirigentes das Federações
filiadas à CONTAG, em especial aquelas
que compõem as Comissões Estaduais
de Mulheres ou as coordenações de polo.
Reafirma-se, ainda, o compromisso com a
efetiva participação em todas as delega-
ções de mulheres jovens, da terceira idade
e assalariadas rurais.
“O lema ‘Margaridas trabalhadoras ru-
rais por paridade rumo à igualdade: a
luta é todo dia!’ demonstra a luta unitária
e permanente das mulheres do MSTTR
para avançar na construção da igualdade,
que tem como um de seus instrumentos
a implementação da paridade de gêne-
ro nas instâncias do Movimento Sindical.
Garantir a paridade para além dos núme-
ros demonstra o compromisso político das
organizações de agricultoras e agriculto-
res familiares na luta permanente pela su-
peração dos impactos do patriarcado na
vida das mulheres, na busca por superar
o desafio da construção de relações mais
democráticas no cotidiano sindical e, con-
sequentemente, na sociedade”, afirma
Alessandra Lunas, secretária de Mulheres
da CONTAG.
MARGARIDAS TRABALHADORAS RURAIS POR PARIDADADE RUMO À IGUALDADE: A LUTA É TODO DIA!
6ª PLENÁRIA NACIONAL DE MULHERES TRABALHADORAS RURAIS
A preparação das mulheres para o 12º
CNTTR foi iniciada em meados desse ano
com a realização das Plenárias Regionais
de Mulheres, onde foram realizados balan-
ços políticos da participação das mulheres
no MSTTR com base na trajetória “de onde
viemos”, “onde estamos” e “para onde va-
mos”. Em uma segunda etapa estão sendo
realizadas as Plenárias Estaduais específi-
cas que devem multiplicar este processo
avaliativo de participação das mulheres e
discutir propostas para qualificar sua in-
cidência estratégica nas Plenárias mistas,
onde serão retiradas(os) delegadas e de-
legados para o Congresso, como previsto
no Regimento Interno.
A Plenária Nacional de Mulheres
Trabalhadoras Rurais tem como objeti-
vo analisar e compreender a conjuntura
atual do País, considerando o impac-
to do processo de avanço do conser-
vadorismo, do ataque à democracia e
da retirada de direitos conquistados na
vida das mulheres; refletir sobre os de-
safios para o avanço da luta feminista
na construção de estratégias políticas e
incidência no processo do 12º CNTTR;
fortalecer a organização e a unidade de
luta das mulheres em um debate políti-
co que nos possibilite intervir de forma
qualificada no processo de construção
do Congresso da CONTAG; aprofundar
debates e temas programados para o
12º CNTTR para que as mulheres se em-
poderem e possam contribuir a partir de
suas realidades, perspectivas e anseios;
e reafirmar a estratégia política coletiva
de incidência das trabalhadoras rurais no
MSTTR e na sociedade; entre outros.
Além dos debates, estudo dos textos e
trabalhos em grupos, estão sendo planeja-
dos momentos culturais, oficinas, troca de
sementes, ato público e lançamento do ví-
deo documentário sobre Margarida Alves,
com depoimentos de familiares, amigas(os)
e sócias(os) do STTR de Alagoa Grande.
JORNAL DA CONTAG10
VICE-PRESIDÊNCIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Sociedade civil avança nos debates mundiaisInclusão das temáticas de gênero e juventude e monitoramento da
implementação das DVGT avançam no CSA/FAO
O Mecanismo da Sociedade
Civil do Comitê de Segurança
Alimentar da FAO definiu como
um dos principais desafios a melhoria do
funcionamento e da estrutura da partici-
pação social no CSA/FAO. Essa declara-
ção é do secretário geral da COPROFAM,
Fernando López, que participou do 43º
CSA/FAO em Roma, Itália, de 12 a 23 de
outubro de 2016.
Alguns momentos importantes foram
a abertura da Sessão Plenária do Fórum
do MSC, que aconteceu no dia 15 de
outubro, com a presença do diretor ge-
ral da FAO, José Graziano da Silva; e
reunião no dia 18, com o Fórum Rural
Mundial (FRM), para trabalhar uma nota
sobre o Ano Internacional da Agricultura
Familiar (AIAF + 10) e as ações a serem
realizadas. Essa reunião contou com a
presença do coordenador do FRM, da
COPROFAM, do Roppa e AFA. No últi-
mo dia do encontro, o secretário geral
da COPROFAM fez uma intervenção em
plenário como parte do MSC sobre a im-
portância do desenvolvimento sustentá-
vel nas dimensões econômica, social e
ambiental, bem como o seu impacto na
concentração de cadeias alimentares, de
criação de oportunidades para a juven-
tude rural e a importância de parcerias,
reconhecendo o MSC como espaço de
participação equilibrada e de interlocu-
ção válida em todo o mundo.
“Conquistamos a inclusão de Gênero e
Juventude, bem como a criação de gado
nos relatórios do CSA. Também defen-
demos as parcerias na luta pelo acesso
e defesa dos mercados locais para os
PROTOCOLO SANITÁRIO: A FAO, Reaf e Senasa/Argentina realizaram o Seminário Regional sobre Saúde e Segurança da Produção Alimentar e Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena, em Buenos Aires, Argentina, nos dias 4 e 5 de outubro, para discutir uma série de políticas públicas de saúde e segurança na produção de ali-mentos, visando a construção de uma proposta de protocolo sanitário a ser seguido pelos agricultores e agricultoras familiares.
DIRETRIZES VOLUNTÁRIAS: A CONTAG e movimentos da América Latina e Caribe participaram do Encontro Regional sobre as Diretrizes Voluntárias de Governança Responsável da Terra, a Pesca e os Bosques (DVGT), organizada pela FAO Chile e Reaf Mercosul em Santiago, Chile, realizado nos dias 6 e 7 de outubro. O objetivo foi capacitar técnicos dos governos da região, representantes de agências internacio-nais e movimentos sociais para a avaliação e monitoramento da implementação das DVGT nos seus países.De acordo com o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Willian Clementino, “as DVGT são um importante instrumento apresenta-do pelo Brasil na 40ª Sessão do CSA e representam um acordo internacional sobre princípios e práticas que os países devem usar como referência na administração dos direitos sobre a terra. Os governos, em especial o do Brasil, devem implementar esse compromisso assumido internacionalmente e garantir às populações do campo o acesso e o uso dos bens naturais.”
pequenos produtores, a importância do
monitoramento da implementação das
Diretrizes Voluntárias de Governança
Responsável da Terra, a Pesca e os
Bosques (DVGT) em cada país signatário
e a sua vinculação ao desenvolvimento
agrícola sustentável com a agenda 2030
(ODS), tendo como foco a agroecologia.
Para a COPROFAM, é de suma importân-
cia a participação ativa sobre esses temas
no maior âmbito de debate intercontinen-
tal sobre SAN”, avaliou López.
Arquivo Coprofam
11JORNAL DA CONTAG
Até quando teremos água?
Nos últimos anos ouvimos muito falar em mudanças cli-
máticas ou em aquecimento global. O que isso significa?
De maneira simples, é o aumento de temperatura média
global, causada pela ampliação das emissões de gases de efeito
estufa, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), que
acabam prendendo o calor na atmosfera da Terra.
A emissão excessiva desses gases é causada por desmata-
mento, queima de combustíveis fósseis para geração de energia
(petróleo, carvão mineral e gás natural), atividades industriais e
transportes, descarte de resíduos sólidos, ou por práticas ou, ain-
da, pelo uso de adubos nitrogenados na agricultura.
E os principais reflexos das mudanças climáticas já podem
ser sentidos por todos(as) nós! Haverá uma frequência maior
de fenômenos naturais como seca, ondas de calor, enchentes,
furacões, tempestades tropicais, entre outros. O aumento da
temperatura média do planeta também tem elevado o nível do
mar devido ao derretimento das calotas polares, podendo
ocasionar o desaparecimento de ilhas e cidades de litoral.
E todos os eventos climáticos citados, entre outros, podem
ocasionar a extinção de espécies animais e vegetais.
Devido à importância do tema, da necessidade de se
ampliar o debate sobre o que vem ocorrendo no planeta
e o que cada um(a) pode fazer para minimizar os impac-
tos, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO) escolheu o lema “O clima está mudando.
A alimentação e a agricultura também devem mudar” para
a celebração do Dia Mundial da Alimentação desse ano. A
CONTAG também entende que essa relação entre a agricul-
tura e o meio ambiente precisa ser internalizada no MSTTR e
com os próprios agricultores(as) familiares.
Um dos bens naturais mais impactados pelas mudanças cli-
máticas é a água, que é um bem finito e que possui grande va-
lor econômico. Segundo dados da Agência Nacional de Águas
(ANA), 72% das águas no território brasileiro são utilizadas na
agricultura. Com a persistência da seca nos últimos cinco anos
na Região Nordeste, expandindo para a Região Sudeste, e longo
período de estiagem na Região Sul, convivemos com um proces-
so de escassez de água cada vez mais grave. Por outro lado, en-
frentamos problemas com enchentes no sul do País. O que está
acontecendo é uma exacerbação dos fenômenos e uma desca-
racterização das estações do ano.
Um dos nossos principais bens, essencial para o consumo humano e produção agrícola, está cada vez mais escasso
MEIO AMBIENTE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Até quando teremos água?
os últimos anos ouvimos muito falar em mudanças cli-
máticas ou em aquecimento global. O que isso significa?
De maneira simples, é o aumento de temperatura média
global, causada pela ampliação das emissões de gases de efeito
estufa, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), que
A emissão excessiva desses gases é causada por desmata-
mento, queima de combustíveis fósseis para geração de energia
(petróleo, carvão mineral e gás natural), atividades industriais e
transportes, descarte de resíduos sólidos, ou por práticas ou, ain-
E os principais reflexos das mudanças climáticas já podem
ser sentidos por todos(as) nós! Haverá uma frequência maior
de fenômenos naturais como seca, ondas de calor, enchentes,
furacões, tempestades tropicais, entre outros. O aumento da
temperatura média do planeta também tem elevado o nível do
mar devido ao derretimento das calotas polares, podendo
ocasionar o desaparecimento de ilhas e cidades de litoral.
E todos os eventos climáticos citados, entre outros, podem
Devido à importância do tema, da necessidade de se
Um dos nossos principais bens, essencial para o consumo humano e produção agrícola, está cada vez mais escasso
Além disso, a Lei
9.433/97, que re-
gula o uso da água,
demanda a participação
qualificada nos comitês de Bacias
Hidrográficas, onde é definida a política de uso e cobrança dos
serviços da água. E esta cobrança será estendida a todos os agri-
cultores como o que já vem ocorrendo da Bacia do Paraíba do
Sul, que já arrecadou R$ 62 milhões, arrecadados com a cobran-
ça pelo uso da água de 2003 a 2010.
O QUE FAZER? – A CONTAG defende a melhoria do sistema de uso
da água para evitar desperdícios, bem como a participação efeti-
va dos STTRs nos comitês de Bacias Hidrográficas, como forma
de garantir a melhor forma possível de democratização do uso da
água para todos. “A agricultura, por exemplo, precisa avançar na
política de irrigação, adotando sistemas como o de gotejamento
ou de micro aspersão, que são mais eficientes e econômicos.
Também é preciso recompor a vegetação, pois onde não há ár-
vore não há água. Já onde há ocorrência de enchentes, é preciso
criar mecanismos para conservar a água. É urgente a criação de
uma política nacional de uso, manejo e conservação de solos.
Portanto, é importante e urgente ter uma política agrícola estrutu-
rante, com programas articulados, que dê conta do conflito entre
a necessidade de uso e a disponibilidade de água”, explica o se-
cretário de Meio Ambiente da CONTAG, Antoninho Rovaris.
JORNAL DA CONTAG12
CONTAG é reeleita para o CNDI
A Gestão 2014-2016 do Conselho
Nacional dos Direitos do Idoso
(CNDI) foi encerrada no dia 26 de
outubro com a eleição e posse dos(as)
novos(as) conselheiros(as). A CONTAG foi
reeleita como a única entidade habilitada de
representação de trabalhadores(as) urbanos
e/ou rurais para mais dois anos. Aliás, esse
é um espaço que a CONTAG ocupa desde
a criação do Conselho, em 2002, como re-
sultado do seu trabalho e dedicação às pes-
soas da terceira idade e idosos(as) rurais.
Ao longo de 14 anos de existência,
o CNDI contabilizou avanços importan-
tes na política de promoção dos direi-
tos das pessoas idosas no País. Entre
eles, destacam-se a criação do Estatuto
do Idoso, do Fundo Nacional do Idoso
(FNI) e teve papel fundamental na articu-
lação do Compromisso Nacional para o
Envelhecimento Ativo, em 2013.
A Gestão 2014-2016, encerrada ago-
ra, avançou bastante. Uma das principais
ações foi a realização da 4ª Conferência
Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa,
ocorrida em abril de 2016, em Brasília. A
DIREITO DA PESSOA IDOSA
TERCEIRA IDADE
Conselho vem avançando nas políticas voltadas às pessoas idosas e vem investindo nos espaços estaduais e municipais com recursos do FNI
Conferência propiciou um amplo debate e
a definição de prioridades que estão postas
nas deliberações finais. “O documento final
ainda está sendo finalizado e a nova gestão
já assume com o compromisso de colocar
em prática essas deliberações. Afinal, não
foram aprovadas por apenas meia dúzia
de pessoas, mas sim por mais de sete mil
delegados(as) representando todos os es-
tados”, argumenta a secretária de Terceira
Idade da CONTAG, Lucia Moura.
Para a dirigente da CONTAG, outros
destaques na última gestão do CNDI foram
as reuniões descentralizadas que ocorre-
ram em 2015 em Rio Branco (AC) e em
Florianópolis (SC), que visaram conhecer
a realidade dos Conselhos Estaduais e
Municipais mais de perto e ampliar o diá-
logo entre as instâncias; capacitação dos
atendentes do Disque 100 e monitoramen-
to das denúncias como ação de enfrenta-
mento da violência contra a pessoa idosa;
o trabalho das Comissões Permanentes do
CNDI em diferentes áreas; e divulgação e
conscientização para doações ao Fundo
Nacional do Idoso (FNI).
Segundo Lucia, com essa arrecadação
de doações pelo FNI, o Conselho aprovou
a compra de 53 kits para equipar os con-
selhos estaduais e os conselhos das capi-
tais. Esse kit é composto por carro, com-
putador, impressora, webcam, televisão,
mesa e cadeiras para reunião, armário,
arquivo, mesa e cadeira para atendimen-
to, banco e bebedouro. “Os conselhos
estaduais e os das capitais sequer tinham
estrutura para atender ou fazer reuniões,
muito menos de averiguar denúncias ou
participar de eventos para dar visibilidade
ao trabalho desempenhado pelo conse-
lho”, explica.
Foi lançado edital para contratar projetos
voltados ao público da terceira idade. As
propostas devem ser enviadas do dia 10
de novembro até 10 de janeiro de 2017. O
valor mínimo será de R$ 400 mil e o má-
ximo de R$ 900 mil e podem participar
entidades que em seu estatuto comprove
algum trabalho com as pessoas idosas ou
que irá realizar ação nesse sentido.
EXPECTATIVA – A secretária de Terceira
Idade da CONTAG, Lucia Moura, foi a con-
selheira titular da CONTAG nas duas ges-
tões anteriores. Como não pode ocupar o
assento por mais de dois mandatos segui-
dos, a entidade agora será representada
pela secretária de Jovens, Mazé Morais,
como titular, e pela assessora de Terceira
Idade, Viviane Rodrigues, como suplente.
“Mesmo com o cenário adverso que vive-
mos hoje, dentro do Conselho, a CONTAG
vai fazer a diferença enquanto entidade que
representa um público enorme. A nossa ex-
pectativa é que possamos continuar contri-
buindo para o fortalecimento do CNDI e da
Política Nacional do Idoso”, destaca Lucia.
Arquivo pessoal
JORNAL DA CONTAG 13
FORMAÇÃO E ORGANIZAÇÃO SINDICAL
LUGAR DE TRANSFORMAÇÃO POLÍTICA
Por uma educação que nos ensine a pensar!VI Turma Nacional Coração Valente foi uma das mais politizadas na trajetória de 10 anos da ENFOC
Sexta Turma: eu faço parte! Foi com
esse sentimento de pertencimento
e com muita alegria que a Escola
Nacional de Formação da CONTAG (ENFOC)
realizou a Transformatura de mais de 100 no-
vos educadores e educadoras populares da
VI Turma do Curso Nacional de Formação
em Desenvolvimento Rural Sustentável e
Solidário, no dia 30 de outubro.
Segundo o secretário de Formação e
Organização Sindical da CONTAG, Juraci
Souto, sem dúvida alguma essa foi uma
das turmas mais politizadas que já pas-
sou pela Escola. “Acredito que seja um
pouco por conta do perfil da turma onde
quase 80% eram dirigentes de Sindicatos
e de Federações, e pelo contexto políti-
co vivenciado por ela, que participou das
manifestações contra o impeachment
da presidenta Dilma Rousseff, da inau-
guração dos 10 anos da ENFOC e do
Seminário Internacional com a presen-
ça de convidados(as) e especialistas em
Educação Popular de vários países latino-
-americanos”, explica Juraci.
Para Juraci, esses fatos contribuíram
para que a turma desenvolvesse uma
consciência política crítica, e que enrique-
cessem os debates na base nas ativida-
des intermódulos no Tempo Comunidade.
Essa turma também foi protagonista da
experimentação sobre o uso das novas
tecnologias com a plataforma Moodle e
de maior integração internacional com a
participação de quatro lideranças jovens
latino-americanos.
“Essa trajetória justifica a escolha do
nome da VI Turma ‘Coração Valente’, bem
como o seu lema ‘Por uma educação que
nos ensine a pensar e não por uma edu-
cação que nos ensine a obedecer’ (Paulo
Freire). Devemos acreditar na formação
como um processo de transformação polí-
tica, e foi isso o que aconteceu com essas
pessoas”, defende o dirigente.
A nova educadora popular, transfor-
mada na VI Turma, Preta, do Paraná,
disse que a cada módulo foi se envol-
vendo mais e percebendo o papel que
o(a) educador(a) popular tem. “Qual será
o nosso papel agora, além de promover
Grupos de Estudos Sindicais e de fazer
parte dessa Rede de Educadores(as)
Populares? Além do teórico, o que mais
preenche mesmo a gente é essa preocu-
pação que o grupo tem de nos oferecer
uma formação humana. Você sentir o
outro, cuidar do outro, viver no coletivo,
aprender com o coração, desenvolver o
poder da escutatória são coisas que não
aprendemos na Academia. Eu pretendo
levar para mim, na minha vida, todos os
olhares brilhantes que eu encontrei na
ENFOC. E que eu sempre tenha brilho no
olhar para me permitir conhecer o outro e
me abrir a esses conhecimentos.”
No dia 31 de outubro, encerramento do
3º módulo, foi construída uma agenda de
compromissos para que todos(as) voltem
aos seus estados com ações definidas
para os próximos 10 anos da ENFOC.
“Devemos continuar a luta e fortalecer a
formação política e popular no Brasil e em
outros países”, destaca Juraci.
10 anos ENFOC: eu faço parte!
César Ramos
JORNAL DA CONTAG14
DIREITOS TRABALHISTAS
ASSALARIADOS(AS) RURAIS
Negociações coletivas avançam pelo PaísTodas as regiões brasileiras garantem reajustes nos pisos salariais e avanços nas cláusulas sociais
Em todo o País estão acontecendo
as negociações coletivas de traba-
lho acompanhadas pela CONTAG
e pela CONTAR, com grande empenho
e participação por parte das Federações
e Sindicatos, que vem trazendo muitos
avanços para os trabalhadores e trabalha-
doras rurais, mas também com muitas difi-
culdades por conta da justificativa da crise
econômica por parte dos empregadores,
como em determinados casos onde só foi
possível aprovar a reposição da inflação
sob o piso salarial. Mas, a CONTAG sem-
pre defende um reajuste com ganho real
para a categoria, principalmente porque a
agricultura e a pecuária são setores que
não estão sofrendo com a crise.
“Pelo contrário, os índices de avaliação
mostram crescimento de produção e bons
preços de produtos agrícolas e da pecu-
ária. A única exceção está em algumas
culturas no nordeste por conta de período
de seca prolongada. Fora isso, é um setor
que tem crescido e que tem mais expec-
Danilo Guimarães
tativa de crescimento”, explica o secretário
de Assalariados e Assalariadas Rurais da
CONTAG, Elias D’Angelo Borges.
No geral, os pisos salariais negociados
estão acima do salário mínimo nacional. As
negociações de Convenções e Acordos
Coletivos também estão avançando nas
cláusulas sociais, pagamento de horas ex-
tras e nos benefícios. Muitos trabalhadores
e trabalhadoras rurais estão recebendo
cesta básica ou alimentação no local de
trabalho, vale-transporte, plano de saúde,
entre outros.
Em alguns estados, não foi possível
aprovar com os empregadores a liberação
para participar de assembleias do sindica-
to, bônus por insalubridade, auxílio-mora-
dia e redução da jornada de trabalho, prin-
cipalmente no período fora de safra.
A maioria das negociações é de reno-
vação de acordo, mas em alguns estados
esta experiência está ocorrendo pela pri-
meira vez, e a CONTAG e a CONTAR estão
assessorando para que os trabalhadores e
trabalhadoras rurais tenham a sua pauta
atendida e os seus direitos respeitados.
NOVIDADES – É importante divulgar al-
gumas iniciativas inovadoras neste ano.
Para garantir alguns avanços que esta-
vam difíceis de negociar, como nos anos
anteriores, foi usada a tecnologia a favor
dos trabalhadores e trabalhadoras rurais,
como imagens de celular do local de tra-
balho para reivindicar melhorias. Quanto à
cesta básica ofertada pelo empregador, o
movimento sindical usou da estratégia de
comprar uma cesta no momento da reu-
nião e apresentar os produtos e nota fis-
cal para mostrar que é possível melhorar a
qualidade e quantidade com o valor pago
pela empresa.
“Esse é o papel do movimento sindical:
lutar por melhores condições de vida, tra-
balho e renda para os trabalhadores e tra-
balhadoras rurais. E precisamos sempre re-
ver e fortalecer as nossas estratégias para
avançar cada vez mais”, destaca Elias.
JORNAL DA CONTAG 15
CONTAG DEMANDAS EMERGENCIAIS
Agricultura Familiar em debate na Câmara dos DeputadosComissão Geral discute os desafios do setor, as dificuldades para manter a juventude no campo
e os impactos com uma possível reforma da Previdência Social
Os desafios da Agricultura Familiar,
as dificuldades para a sucessão
nas pequenas propriedades com
a manutenção dos jovens no campo e a
aposentadoria do(a) trabalhador(a) rural,
esse foi o tema de debate de Comissão
Geral requerida pelos deputados federais
Heitor Schuch (PSB-RS) e Assis do Couto
(PDT-PR), respectivamente presidente e
vice-presidente da Frente Parlamentar da
Agricultura Familiar, realizado no dia 19 de
outubro, na Câmara dos Deputados.
“Essa foi uma importante agenda, pois
deu visibilidade à pauta da Agricultura
Familiar no Parlamento e tivemos a opor-
tunidade de apresentar reivindicações
mais emergenciais demandadas pelo meio
rural brasileiro”, avaliou o presidente da
CONTAG, Alberto Broch.
Essa sessão, acompanhada por agri-
cultores e agricultoras familiares de vários
estados brasileiros, e que contou com a
participação de especialistas, pesquisa-
dores e de representantes de entidades
do campo, tratou de temas como a volta
do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA), a reforma da Previdência Social, os
impactos com a aprovação da PEC 241, a
educação do campo, saúde, entre outros.
“O MDA é o maior símbolo da Agricultura
Familiar, que articula e coordena todas as
políticas públicas voltadas e este público,
desde a reforma agrária, o desenvolvimen-
to dos assentamentos, de fortalecimento
da Agricultura Familiar, da política de as-
sistência técnica e extensão rural (ATER),
de compras governamentais e, ainda, arti-
cula a execução de programas com outros
ministérios e faz interface com os governos
estaduais e municipais”, destaca o presi-
dente da CONTAG.
Para o dirigente, além de perder com a
extinção do MDA, os trabalhadores e tra-
balhadoras rurais serão ainda mais preju-
dicados caso seja aprovada a reforma da
Previdência Social, que é uma das princi-
pais políticas de distribuição de renda no
campo. “Produzimos mais de 70% dos ali-
mentos saudáveis que estão na mesa do
povo brasileiro e os agricultores e agricul-
toras familiares estão tendo as suas apo-
sentadorias ameaçadas por uma reforma
da Previdência que pode restringir os seus
direitos como segurados especiais. Viemos
aqui lembrar que o tratamento contributivo
concedido aos produtores(as) rurais é re-
ferente à sazonalidade de suas atividades,
o que dificulta que tenham rendimento re-
gular e contribuam mensalmente com a
Previdência Social”, explica Broch.
Em seu discurso, o presidente ainda de-
fendeu a política de educação do campo
como uma das medidas para assegurar
a sucessão rural, bem como o fortaleci-
mento do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Sem educação do campo não teremos
sucessão rural porque os(as) jovens bus-
carão educação na cidade. E o desmon-
te do SUS significa o desmonte da saúde
como um todo, principalmente para a po-
pulação rural, que é 100% usuária do sis-
tema”, enfatizou o presidente.
“Viemos aqui lutar pelos direitos da gen-
te, porque desde pequena trabalhamos
na roça. Se não viermos em busca, não
conseguiremos nada e ficaremos longe
dos nossos direitos. Participar do debate
nos possibilita dizer que queremos apo-
sentadoria, políticas públicas e programas
que vão garantir nossa permanência e dos
nossos filhos no campo”, disse emociona-
da a agricultora familiar Esther Francisca
da Costa, de Jaraguá (GO).
Barack Fernandes
JORNAL DA CONTAG16
O que propõe a PEC 241 (PEC 55)?
Trata-se de uma mudança constitucio-
nal e legislativa que altera profundamente
a maneira como o governo federal elabora
e aplica o orçamento da União. Já apro-
vada na Câmara dos Deputados e agora
para análise do Senado, a nova regra con-
gela o gasto do governo federal nos valo-
res atuais. Nos próximos 20 anos, o gasto
será do mesmo tamanho do gasto atual.
Como há inflação, o valor global poderá
ser corrigido pela variação da inflação para
que o orçamento global não seja reduzido.
Para isso, por exemplo, mudam-se as vin-
culações de receita para a educação e a
saúde previstas na Constituição.
Se aprovada, quais os impactos para
a população brasileira?
O orçamento da União aplica os im-
postos que pagamos em políticas públi-
cas de educação, saúde, previdência,
assistência, segurança, cultura, na infra-
estrutura social, como saneamento, habi-
tação, transporte público, luz, água etc,
em infraestrutura econômica, como estra-
das, portos, aeroportos e usinas hidroelé-
tricas. Não se poderá gastar mais do que
é gasto atualmente. Três questões: 1- há
muito ainda para melhorar em todas as
áreas cobertas pelas políticas públicas, o
que exige investimentos; 2 - a população
cresce, aumenta o número de idosos e
os gastos precisam subir para atender a
ENTREVISTAA
cerv
o pe
ssoa
l
EXPEDIENTE / Jornal da CONTAG – Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) | Diretoria Executiva – Presidente Alberto Ercílio Broch | 1º Vice-Presidente/ Secretário de Relações Internacionais Willian Clementino da Silva Matias | Secretarias: Assalariados e Assalariadas Rurais Elias D'Angelo Borges | Finanças e Administração Aristides Veras dos Santos | Formação e Organização Sindical Juraci Moreira Souto | Secretaria Geral Dorenice Flor da Cruz | Jovens Trabalhadores Rurais Mazé Morais | Meio Ambiente Antoninho Rovaris | Mulheres Trabalhadoras Rurais Alessandra da Costa Lunas | Política Agrária Zenildo Pereira Xavier | Política Agrícola David Wylkerson Rodrigues de Souza | Políticas Sociais José Wilson Sousa Gonçalves | Terceira Idade Maria Lúcia Santos de Moura | Endereço SMPW Quadra 1 Conjunto 2 Lote 2 Núcleo Bandeirante CEP: 71.735-102, Brasília/DF | Telefone (61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299 | E-mail imprensa@contag.org.br | Internet www.contag.org.br | Edição e Reportagem Verônica Tozzi | Reportagem Lívia Barreto | Projeto Gráfico e Diagramação Fabrício Martins | Impressão Viva Bureau e Editora
www.contag.org.br facebook.com/contagbrasil @contagBrasil youtube.com/contagbrasil
essas pessoas; 3 - quando houver am-
pliação da receita, mesmo assim, o gas-
to não poderá aumentar. O governo fará
uma enorme economia, mas para quê?
Para pagar os juros estratosféricos da
dívida pública. No ano passado, o País
gastou mais de R$ 500 bilhões com ju-
ros, valor maior do que todo o gasto com
previdência social. É bom que fique claro:
o gasto e custo da dívida não fazem par-
te do que será limitado, ou seja, teremos
que economizar para pagar a divida, cus-
te o que custar.
E para os trabalhadoras(es) rurais,
quais políticas serão mais afetadas?
Todas as políticas que enfrentarão
restrição orçamentária afetam a vida das
pessoas que vivem no campo. Além dis-
so, as políticas de crédito rural, seguro,
assistência técnica poderão ser impacta-
das. Isso porque, como o orçamento não
pode aumentar e há despesas que vão
crescer (saúde, previdência, educação)
devido à elevação do número de pessoas
e de benefícios, as outras despesas terão
que diminuir.
O Dieese vem publicando alguns es-
tudos sobre a PEC. O que eles alertam?
Os estudos estão no site www.dieese.
org.br. Alertam que essa medida promo-
verá um profundo ajuste no tamanho do
Estado brasileiro, reduzindo-o significati-
vamente. Esse ajuste garantirá que o Esta-
do pague aos rentistas, de forma segura,
os juros extorsivos. As políticas públicas
serão afetadas gravemente. Por exemplo,
se essa regra tivesse sido aplicada ao sa-
lário mínimo nos últimos 20 anos, em vez
de ser de R$ 880, ele equivaleria a pouco
mais de R$ 450. É uma redução dessa
proporção que a PEC 241 promoverá no
Estado brasileiro. O Estado ficará menor,
a maioria da população mais pobre, a de-
sigualdade aumentará e os ricos terão a
segurança de ficar mais ricos.
Existe a necessidade de alterar a
Constituição para fazer um ajuste fis-
cal no País?
Desde a crise de 2008, muitos pa-
íses implantaram regras para conter o
aumento dos gastos fiscais. O equilíbrio
fiscal deve ser buscado como princípio
geral, considerando todas as receitas e
despesas, inclusive com juros e dívidas.
Nosso atual grande problema é de enor-
me queda de receita, decorrente da grave
recessão econômica. Nesse momento de
crise, o papel do gasto público é animar
a economia para retomar o crescimento,
o contrário do que o Brasil faz hoje. No
geral, os países que implantaram esse
tipo de regra o fizeram com validade para
o mandato presidencial ou para alguns
poucos anos, limitando o aumento do
orçamento ao crescimento da economia.
Não por 20 anos! Desde 2015, o gover-
no tem tratado dessa medida. Entretanto,
agora, o atual governo encaminhou uma
medida extremamente dura, talvez a mais
dura aplicada entre os países desde 2008
e destaque-se que a maioria dos países
se encontra em situação fiscal muito mais
crítica do que a nossa. Para essa medi-
da radical que a PEC 241 materializa, a
Constituição é alterada e será necessário
mudar a previdência social, o salário mí-
nimo, entre muitas outras políticas públi-
cas. Poderia e deveria ser diferente, mas
para isso é necessária outra visão política.
CLEMENTE GANZ LÚCIO, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), faz uma análise dos impactos da PEC 241 (agora PEC 55) para a população brasileira e reafirma não haver necessidade de mudar a Constituição brasileira para realizar um ajuste fiscal no País. Confira na entrevista.
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