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SINAL FACULDADE DE TEOLOGIA E FIOSOFIA
Especialização em Educação Especial na Perspectiva Inclusiva
Docente: Me. Maria de Jesus S.S. Barbosa
Fundamentação e
Aspectos
Históricos da
Educação
Especial
ABORDANDO O TEMA:
Qual a diferença entre educação especial e
educação inclusiva?
De que tipo de corpo, cada classe (grupo, casta,
estamento, etc.) dominante, nos diferentes
momentos históricos, precisou, valorizou como
modelo/ padrão?
QUATRO TESES
1) No decorrer da história da humanidade, a forma
como os homens foram tratados e continuam
tratando o corpo revestiu-se de uma quase total
irracionalidade.
2) Essa irracionalidade revela-se na
monstruosidade da padronização, estabelecida
por diferentes critérios em diferentes momentos
históricos.
QUATRO TESES
3) Só podemos entender a história da humanidade se
conseguirmos apreender como, nos diferentes
momentos históricos, os homens foram atendendo
suas necessidades básicas, isto é, como foram
construindo a sua existência.
4) A questão da deficiência ou a emergência da
educação especial, só será compreendida se inserida
no amplo espectro do processo histórico de como os
homens foram atendendo suas necessidades básicas
e, por decorrência, como foram construindo a sua
existência.
PERSPECTIVA HISTÓRICA DA EE
Na procura do atendimento especializado os homens
constroem a sua existência.
Ela acontece através da inter-relação entre os
homens, mediatizados pelo mundo, num momento e
local determinado.
Segundo Marx, nesse afã histórico, os homens vão
estabelecendo relações, podem ser do tipo:
“Determinadas, necessárias, independentes da sua
vontade, relação de produção, que correspondem a
um determinado grau de desenvolvimento das
forças produtivas materiais”.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
Diante da citação de Marx, fica claro que não
podemos fazer uma análise moralizadora, procurar
heróis ou vilões ou buscar entender o movimento da
história a partir de voluntarismos ou subjetivismos.
As questões têm que ser contextualizadas.
É por essa perspectiva que vamos entender a forma
das sociedades primitivas, tanto as dos primórdios
dos tempos quanto as mais próximas de nós, tratar
aleijados, cegos, surdos, coxos, paralíticos, enfim,
aqueles que nasciam ou eram acometidos de
alguma deficiência.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
POVO PRIMITIVO
Povos nômades;
Os mais fortes sobrevivem;
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
SOCIEDADE GREGA
Graças ao atendimento das necessidades básicas
garantidas pelos escravos, os homens os livres, podiam se
dedicar ao ócio.
E é assim que, pela primeira vez, os homens começam a
pensar de forma sistematizada.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
SOCIEDADE ESPARTANA
Na medida em que se dedicavam à guerra, em
que se valorizavam a ginástica, a dança, a
estética, etc., a perfeição do corpo (forte, belo)
era o grande objetivo.
Se, ao nascer, a criança apresentasse alguma
deficiência, era eliminada.
Valorizava-se muita as mulheres espartanas –
gerar guerreiros.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
SOCIEDADE ATENIENSE
A divisão, no nível macro, da sociedade ateniense, entre os
livres e os escravos, vai ser o protótipo para a divisão de nível
micro: à mente (os livres) a superior, governar; o corpo (os
escravos) os encarregados de executar tarefas desgastantes.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
SOCIEDADE ATENIENSE
O paradigma ateniense vai ser assumido, batizado,
cristianizado e levado ao paroxismo pelo judaísmo-cristão.
Isso porque os gregos circunscreverem-se ao campo da
filosofia, ao passo da Idade Média esse paradigma é
assumido, porém, na âmbito da teologia, e isso trouxe
profundas repercussões, a partir até da terminologia. A
dicotomia deixa de ser corpo/mente e passa a ser
corpo/alma.
O deficiente deixa de ser morto ao nascer, porém, passa a
ser estigmatizado, pois, para o moralismo cristão/católico,
deficiência passa a ser sinônimo de pecado.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
A questão de relacionar deficiência com pecado é algo que
vai recrudescendo na medida que a idade média avança.
No entanto, sua origem remonta há muito tempo antes.
Basta ver, por exemplo, que dos 22 milagres com curas e
exorcismos feitos por Jesus, 8 referem-se a cura de surdos,
mudos e gagos. Outros referem-se a paralisias, possessões,
etc.
É essa concepção, que relaciona deficiência com o pecado,
que deve nos auxiliar a compreender os horrores da
segregação e estigmatização, principalmente das milhares
de pessoas que foram eliminadas através da fogueira da
inquisição.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
Entendendo essa situação:
A queima de um deficiente, de uma pessoa,
supostamente possuída pelo demônio, não era, num
primeiro momento, por maldade, sadismo, etc.
O racismo maniqueísta que presidia tais episódios era o
de que o demônio havia se apossado era retirar-lhe a
posse.
É isso que nos ajuda compreender porque nos autos da
inquisição e nas justificativas da igreja, não se encontram
afirmações de que a igreja queimou pessoas. A
expressão que se usa é: “purificação pelas chamas”.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
Uma outra forma de, embora menos enfática, de a
Igreja ver e explicar a existência de CEGOS,
MUDOS, PARALÍTICOS, LOUCOS, LEPROSOS,
enfim, de pessoas portadoras de qualquer
deficiência, era a de que eles eram instrumentos
de Deus para alertar os homens, para agraciar as
pessoas com a possibilidade de fazerem
caridades.
Posteriormente esta concepção vai dar origem às
Santas Casas de Misericórdia.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO
Vai trazer mudanças profundas que vão repercutir
em todas as direções. Acontece que o capitalismo,
“aparece como um poderoso sistema, um processo
civilizatório, impondo-se a todas as outras formas
sociais de vida e trabalho” (Janni, 1992, p. 20).
A partir do século 16, a burguesia, enquanto classe
em processo de hegemonia, vai permeabilizar e
impregnar a si e tudo o que a cerca com seu ideário
que vai ser batizado de liberalismo.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO
Essa transição vai afetar a questão dos chamados
deficientes.
O gradativo predomínio de uma produção voltada ao
mercado, a possibilidade de acumulação, o
desenvolvimento de uma ciência e tecnologia que
garantirão um gradativo domínio do homem sobre a
natureza.
Diferenciando-se radicalmente da situação anterior em que
os homens viviam diuturna e miseravelmente envolvidos
com a produção para a subsistência.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO
Este novo momento histórico gradativa e potencialmente
vai colocando as condições para que os homens passem
do reino da necessidade para o reino da liberdade.
O expansionismo, a necessidade e a busca de novos
mercados, as navegações, etc., desafiaram a ciência,
impulsionaram descobertas.
Paralelo a esses avanços, na base material, vão sendo
forjadas, em nível teórico-ideológico, as explicações e
posteriormente as justificativas para a hegemonia
burguesa.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
O que vai ficando claro na práxis dos homens é que
o teocentrismo vai cedendo espaço ao
antropocentrismo.
Observa-se que nessa fase o homem passa para o
centro do palco, procurando escrever, encenar e
dirigir peça, não aceitando mais a posição de
figurante.
Com Copérnico e Galileu, a teoria geocêntrica é
questionada e derrubada. Com Francis Bacon, a
forma própria grego-romana e medieval de pensar, o
dedutivismo, recebe um golpe fatal.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
Galileu em suas invenções foi a pessoa que fez uma
“ligação” entre o observador e o objeto a ser
observado;
Fez com que os homens percebessem o fantástico
mundo microscópico que precisava ser desvendado;
Newton impõe-se uma visão mecanicista do universo
– o corpo funciona como uma máquina, onde o
coração passa a ser chamado de bomba, o rim de
filtro, o pulmão de fole e, mais tarde o cérebro como
o protótipo do computador.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
Com Jonh Locke sua luta é contra a ideia e a prática
comum de privilégios hereditários.
Segundo Locke o que mais nos interessa é a ideia
da “tabua rasa”, que no fundo, é a ideia de
igualdade, um dos pilares do liberalismo, consagrado
na Revolução Francesa, que são:
Individualismo, Liberdade, Propriedade e
Democracia, somados à Igualdade.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
Com o passar dos tempos começaram-se as lutas contra o
pensamento burguês, afim de buscar a igualdade para
todos os homens, cujas repercussões serão interessantes
na análise posterior da educação especial.
Vitoriosa a Revolução Francesa, gradativamente passa a
emergir o caráter reacionário da burguesia.
Após conquistar os mesmos direitos em conjunto com seus
pares do terceiro estado, enquanto classe hegemônica,
passa a sonegar o direito para os outros. E os principio de
liberdade e igualdade, não passam de formalismo.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
Do século de 16 para o século 18 houve grandes
avanços, a humanidade passou do trabalho
artesanal para a maquinofatura;
Ou seja, o corpo deixa de trabalhar em seu ritmo
passando a adaptar-se ao ritmo de trabalho das
máquinas, sendo a única forma de suprir um
mercado (lucro/acumulação).
Com a produção em série vai se impor o
especialismo (eficiência em determinada tarefa).
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
Com Ford, a divisão do trabalho chega ao paroxismo. Da
sua biografia foi retirada a seguinte citação:
Pela época que Henry Ford começou a fabricar o Modelo T,
em 1908, não eram necessárias 18 operações diferentes
para completar uma unidade, mas 7.882. Ford registrou que
destas 7.882 tarefas especializadas:
949 exigiam homens fortes fisicamente/perfeitos;
3.338 homens de força física “comum”;
670 por homens sem pernas;
2.637 preenchidas por homens com uma perna, duas
por homens sem braços;
715 por homens só com um braço e;
10 por homens cegos.
PERSPECTIVA HISTORICA DA EE
Chegando ao século 20 observa-se uma melhora na
forma de conceber os chamados deficientes.
No entanto, o processo produtivo faz uma “seleção”
do ser humano ser produtivo ou não.
Com o extraordinário avanço tecnológico, chegamos
ao ponto do reino da liberdade, nos liberamos de
todo trabalho repetitivo, desumano, e isso vai
repercutir na questão da deficiência.
DECORRÊNCIAS PARA A
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Defendendo ideias educacionais desde o século 16
o pensador tcheco, João Amós Comênio, em sua
obra expõem ideias sobre o método de ensino as
pessoas na “Didática Magna”.
Uma obra intitulada “Tratado da arte universal de
ensinar tudo a todos”.
Na sua proposta idealista, Comênio tinha os pés
bem no chão ao seu tempo.
DECORRÊNCIAS PARA A
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Prever uma graduação do ensinar tudo a todos,
dependendo, segundo ele, dos talentos (refere-se
à classe social). Assim, Comênio divide a escola
em 4 graus:
Escola materna;
Escola primária para todas as crianças;
Escola de latim para alguns;
Escola para uns poucos;
DECORRÊNCIAS PARA A
EDUCAÇÃO ESPECIAL Assim como Comênio, temos outros que se
prenderam ao estudo e evolução do processo
educacional, dentre eles encontramos:
A. Smith, na obra “A riqueza das nações”;
George Orwel, livro “A revolução dos bichos”;
J.Piaget, um dos grandes nomes na educação;
Jerome Bruner, síntese do livro “O processo da
educação”;
Suchodolsky, síntese do livro “A pedagogia e as
grandes correntes filosóficas”.
DECORRÊNCIAS PARA A
EDUCAÇÃO ESPECIAL Com a idealização de uma mesma educação para todos –
não alcançou-se os resultados esperados, passaram a voltar
suas atenções para as especificidades. Alguns exemplos
deixarão isso mais evidentes:
Rousseau: coloca-se na defesa da infância;
Pestalozzi: cuidado e educação das crianças pobres,
abandonadas;
Froebel: cuidados de crianças (jardins de infância);
Fénelon: educação das moças, assunto que até o séc. 19
não havia nenhuma atenção;
Séc. 20 – Piaget, Vygotsky, Emília Ferreiro:
aprendizagem e métodos de ensino;
Freinet: ensino de crianças do meio rural e com o
sindicalismo;
Paulo Freire: alfabetização de adultos;
DECORRÊNCIAS PARA A
EDUCAÇÃO ESPECIAL
A grande preocupação com as especificidades que
deram corpo à pedagogia da existência, levantou
preocupação com os cegos, mudos, idiotas, cretinos,
dementes, enfim, aquela parcela de criaturas que não
se enquadravam nos padrões de normalidade, que
acabavam segregadas, excluídas.
Gradativamente, a partir do séc. 16, a questão da
deficiência deixa de ser uma questão de influência da
igreja para tornar-se um objeto de medicina.
E quando fala-se de igreja não refere-se somente à
igreja católica. Martinho Lutero, no séc. 16 fala sobre a
anormalidade de uma criança.
DECORRÊNCIAS PARA A
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Vejamos a manifestação de Lutero:
Há 8 anos em Dessau um ser que eu, Martinho Lutero, vi e contra o
qual lutei. Há 12 anos, possuía vista e todos os outros sentidos, de
forma que se podia tomar por uma criança normal. Mas ele não
fazia outra coisa senão comer, tanto como quatro camponesas na
ceifa. Comia e defecava, babava-se, e quando se lhe tocava,
gritava. Quando as coisas não corriam como queria, chorava. Então,
eu disse ao príncipe de Anhalt: se eu fosse príncipe, levaria essa
criança ao Moldau que corre perto de Dessau e a afogaria. Mas o
príncipe de Anhalt e o príncipe de Saxe, que se achava presente
recusaram seguir o meu conselho. Então eu disse: pois bem, os
cristãos farão orações divinas na igreja, a fim de que Nosso Senhor
expulse o demônio. Isso se fez diariamente em Dessau, e o ser
sobrenatural morreu nesse mesmo ano...(Pessotti 1984, p. 13).
DECORRÊNCIAS PARA A
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Com Paracelso e Cardano, no século 16, enquanto
médicos e alquimistas, a visão teológica perde força,
mas vai acabar colocando as base para uma
interpretação organicista;
Nome como Esquirol, Belhomme, Pinel, Fodéré,
Morel e outros colaboraram para a afirmação de uma
visão fatalista da deficiência e que o inatismo era a
explicação aceitável e que pouco era possível fazer
(segregação);
DECORRÊNCIAS PARA A
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Essas ideias ultrapassam os séculos, chegando ao
atual, trazendo uma pesada e onerosa herança,
tendo no nazismo, uma perseguida purificação da
raça, na Alemanha (bem como na Bósnia hoje);
Uma outra versão a essa situação é a apresentação
de uma bela e edificante história com vários nomes
mais representativos, como: Jean Itard e Seguin; Mª
Montessori; Vitor; Pinel; Seguin e Pessotti.
DECORRÊNCIAS PARA A
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Esses grandes nomes contribuíram com estudos
sobre a saúde e educação de pessoas com
deficiência;
Itard dedicou muito tempo de sua vida à tarefa de
educar Vitor. O relato dos avanços e fracassos
nesse processo são as mais belas páginas da
história da Educação Especial;
Outros como Seguin precursor de Piaget,
investiram em experimentos e na proposição de
um método para educar deficientes;
DECORRÊNCIAS PARA A
EDUCAÇÃO ESPECIAL
A sua grande conquista vai se manifestar em três
direções complementares, altamente favoráveis aos
deficientes:
A possibilidade e a necessidade de prevenção;
A educabilidade do deficiente;
A integração do deficiente como meio e fim.
LIMITES E POSSIBILIDADES
Limites
A educação especial vista como um meio no que se
refere a campo de trabalho;
A lógica capitalista do lucro como fim que faz com
que se invista naquilo que garante retorno imediato.
Isso dificulta que se solucionem problemas para os
quais já há tecnologia;
Num país que comercializa a saúde, a doença, a
deficiência, é uma necessidade...
LIMITES E POSSIBILIDADES
Possibilidades
A luta pela integração do deficiente, tanto na escola
quanto na sociedade.
As possibilidades da tecnologia que praticamente
indifereciam uma pessoa considerada normal e
uma com qualquer deficiência;
A gradativa desativação de um sistema especial e
paralelo de ensino;
PROPOSTA DE ATIVIDADE
A partir as reflexões tecidas durante aula e tomando como base a
leitura do texto da autor Bianchetti, responda:
1) Que tipo de influência tem o professor durante o processo de
ensino/aprendizagem de alunos do ensino educacional especial?
Comente!
2) Sabemos que a educação inclusiva no Brasil ainda encontra-se
em fase de implementação, pesquise e descreva quais são os
maiores desafios da educação inclusiva.
3) Bianchetti apresenta alguns pontos importantes que limitam a
educação especial e as possibilidades na luta da integralização da
pessoa com deficiência. Cite-os.
4) Faça um resumo do texto ressaltando os pontos mais importantes
do texto.
Observação: Cada questão será avaliada em 2,0 pontos mais 2,0 de
pontos de presença e participação nas discussões.
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