T4 g5 - mudar a cidade

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Mudar a Cidade: uma introdução Mudar a Cidade: uma introdução crítica ao planejamento e à gestão crítica ao planejamento e à gestão

urbanosurbanosMarcelo Lopes de SouzaMarcelo Lopes de Souza

Adilson Toledo BernardesCamila Al Zaher

Camila Pontin NovaesEdmilson Fernando Mioto

Guilherme Luis ColettiWashington Soares Silva

9º TERMO

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Resumo Geral: aborda a questão dos instrumentos de planejamento e gestão, destacando àqueles mais capazes de servirem aos objetivos de promoção de uma maior justiça social e melhor qualidade de vida, para o maior número de indivíduos possível. p. 359 a 433

Objetivos: apresentar claramente uma introdução sobre a questão dos de desenvolvimento urbanos e meios e sistemas de planejamento e gestão.

Material e métodos: com base na leitura do livro apresentado, sistematização das idéias e apresentação teórica oral.

Resultados: a organização e a integração de Conselhos de Desenvolvimento Urbano com o Orçamento Participativo se fazem necessárias para uma autogestão, apontando as diferenças e desafios para sua aplicação, comparando com a realidade brasileira.

11. Participação popular no planejamento e na gestão 11. Participação popular no planejamento e na gestão das cidades: limites e potencialidades de arcabouço das cidades: limites e potencialidades de arcabouço

institucionais sob um ângulo autonomistainstitucionais sob um ângulo autonomista

• Participação popular - democracia direta “ [...] em uma sociedade basicamente autônoma o significado da expressão

‘participação popular’ não é o de uma participação dos indivíduos em processos decisórios comandados e coordenados pelo Estado como instância de poder separada, mas sim o de processo decisório dos quais os indivíduos participarão plenamente, sem tutela de uma instância superior”. p. 332

• Orçamento participativo: instrumento de gestão da vida econômica das coletividades politicamente organizadas, ou seja, controle direto e efetivo da administração e das prioridades de orçamento pela sociedade civil.

• Conselhos de desenvolvimento urbano...

11.3 Conselhos de desenvolvimento urbano11.3 Conselhos de desenvolvimento urbano

• “[...]instituições-símbolos de um esforço consistente de democratização da cidade.” p. 359

• Instâncias participativas referentes ao planejamento da cidade:

Definição;

Confecção; e

Acompanhamento da implementação de políticas públicas e intervenções diversas, tais como: planos diretores, políticas setoriais de transportes e meio ambiente, urbanização de favelas e etc.

ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

• Gestão urbana

• Participação popular

CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO URBANO• Planejamento urbano• Planejamento “politizado”• Pouca participação popular

Exemplos: Porto Alegre, Angra dos Reis, São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, dentre outros.

X

Porto Alegre

CMDUA – 25 pessoasParceria entre Estado e Sociedade

civil

• 8 do governo (municipal, estadual e federal)

• 8 entidades ligadas ao planejamento urbano:

• Instituto dos Arquitetos do Brasil,

• Sociedade de Engenharia, • Sindicato das Indústrias da

Construção Civil, • Sindicato dos Trabalhadores da

Construção Civil, • Ordem do Governo e • Ordem dos Advogados do Brasil.• 8 representantes da

“comunidade”.

COP - 44 delegados da sociedade civil:

• 2 conselheiros para cada uma das 16 unidades espaciais;

• 2 conselheiros por cada uma das 6 plenárias temáticas;

• 1 representante do sindicato dos municipários;

• 1 representante da federação municipal;

• 2 representantes do governo (sem direito a voto).

• Os conselhos participativos se desenvolveram mais entre a população do que os conselhos de desenvolvimento urbano.

• Distanciamento entre o “planejamento politizado” e os orçamentos participativos voltados à gestão.

• Os conselhos de desenvolvimento urbano não garantem um espaço autônomo de participação popular direta no processo de planejamento urbano.

11.4 A questão da articulação do 11.4 A questão da articulação do planejamento e da gestão em um único planejamento e da gestão em um único

conselhoconselho

• Integração entre o orçamento e o planejamento.

• Constituição de orçamento participativo consistente;

• Assim, discutiria e acompanharia a aplicação de instrumentos e planos e garantiria que as prioridades de investimentos fossem respeitadas e implementadas.

(SOUZA, 2010,p. 369)

• “Registre-se, ainda, que a primeira rodada deve abarcar, também, a manifestação de opiniões de participantes e a eleição dos delegados simples, os quais têm por incumbência organizar, após a primeira rodada, as discussões sobre prioridades de investimentos e assuntos de planejamento na escala do bairro (compreendendo bairros “comuns” e favelas) e constituirão dos fóruns de delegados, de caráter permanente e com funções de acompanhamento e monitoramento.” (SOUZA, 2010, p. 368).

• “... Identidades sócio-espaciais e tradições de organização sociopolítico-espacial da própria sociedade civil devem ser consideradas e respeitadas no momento de definição das UEPGs.” (SOUZA, 2010, p. 370).

(SOUZA, 2010,p. 372)

• “A questão das escalas geográficas, não somente como escalas analíticas, mas sobretudo como escalas de ação/intervenção, é outro aspectos que revela a necessidade de uma leitura política do espaço social no trato do planejamento urbano e da gestão urbanos.” (SOUZA, 2010, p. 374).

• “A segunda rodada dá prosseguimento e coroa as discussões por bairro. É ao final dos debates da segunda rodada que os delegados-conselheiros (ou simplesmente, conselheiros) são eleitos.” (SOUZA, 2010, p. 377).

(SOUZA, 2010,p. 379)

• “O produto dos trabalhos do CDU é, ao final do processo de apreciação de conjunto, decisão e consolidação de propostas protagonizado pelos conselheiros, enviado à instância técnica responsável pela preparação técnico-formal definitiva (trabalhos de mapeamento, adaptação de linguagem etc.) do documento (peça orçamentária, planos diversos) a ser enviado, posteriormente, à Câmara Municipal, sempre sob a supervisão e a fiscalização dos conselheiros.” (SOUZA, 2010, p. 381).

• “Uma questão para o futuro, certamente, é a da modelagem institucional mais adequada, a fim de que sejam evitados, ao mesmo tempo, problemas como a sobrecarga de participação e a alienação de poder decisório a respeito de matérias importantes (não-rotineiras), o que implicará saber dosar adequadamente delegação e participação direta de todos (participação direta stricto sensu, em assembléias). Não se deve esquecer, também, o papel das tecnologias de comunicação e informação, as quais, aliás, não cessam de se desenvolver.” (SOUZA, 2010, p. 383).

(SOUZA, 2010,p. 380)

(SOUZA, 2010,p. 382)

11.5 Desafios e obstáculos à 11.5 Desafios e obstáculos à participaçãoparticipação

• Os administradores públicos e a força política enfrentam dificuldades no momento de implementação de mecanismos e instâncias de participação, quando da tentativa de promover a maior democratização do Estado.

• Para tratar dos obstáculos à participação, Souza (2004) se baseia em Abers (1997b), que sintetiza as seguintes problemáticas:

a) Problemática da implementação;

b) Problemática da cooptação; c) Problemática da desigualdade.

• Geralmente, a resolução dos obstáculos possui um caráter político, mais de negociação que mobilização de conhecimentos técnico-gerenciais, exceto nos casos de superação dos fatores de incompetência gerencial ou desperdício;

• A partir da superação dos obstáculos, a participação contribui para o reforço da cidadania, com a expansão das chances de maior integração e diminuição da exclusão dos desprivilegiados;

• No Brasil, ainda há uma escassez de planejamento e, quando de sua ocorrência, a participação popular ainda é baixa;

• Tomar as questões ligadas aos obstáculos à participação como base para reflexão acerca da importância de um agir comunicativo, que pode servir de base para a resolução de conflitos;

• Como exemplo de um agir comunicativo Souza (2004) aborda o orçamento participativo de Porto-Alegre;

• São feitas comparações entre este orçamento e os esquemas de participação popular da Alemanha (Bürgerbeteilingung), Reino Unido (staturoy local development plans) e EUA (envolvimento dos cidadãos no processo orçamentário);

• Enquanto o orçamento participativo porto-alegrense é uma exceção, a participação popular nos países mencionados são uma regra ao planejamento urbano;

• A produção é um dos problemas essenciais a um projeto de transformação profunda da sociedade. Os orçamentos participativos dizem respeito, básica e imediatamente, à esfera do consumo;

• Desta forma, mudar a cidade seria apenas uma mera exigência de mais justiça distributiva e de melhor qualidade de vida nos locais de moradia, através de mudanças nos padrões de investimentos públicos, da coibição da especulação imobiliária, sem referência à esfera da produção;

• Conseqüentemente, a mudança da cidade torna-se uma ação vazia, visto que promove a separação do indivíduo enquanto “morador” e “usuário de espaço” do mesmo indivíduo enquanto “trabalhador”;

• Declara-se que ele será mais “cidadão” e poderá se organizar em conselhos, com base na “co-gestão” Estado/Sociedade civil, podendo decidir acerca de gastos públicos e regulação do uso do solo;

• Porém, não há o questionamento de sua exploração e alienação enquanto elemento da força produtiva;

A cidade é uma realidade que engloba uma espacialidade e relações sociais particulares, cuja existência “física” está restrita à escala local (SOUZA, 2004, p. 396).

• Caso, o estudioso versado em planejamento e gestão urbanos queira ser mais que um especialista em sua área de atuação, deve ir além da esfera do consumo, do espaço “físico” (substrato) e da escala local;

• Em uma sociedade autônoma (meta de longo e longuíssimos prazos), o papel dos técnicos e planejadores não pode ser mutilado por restrições práticas e divisão acadêmica do trabalho positivista;

• Não se pode perder de vista que mudar a cidade exige muito mais que mudar essa ou aquela cidade e pensar mudar apenas os padrões de consumo coletivo na cidade;

• O planejador crítico deve ter em mente que os ganhos de autonomia não podem ser negligenciáveis e que seus conhecimentos podem auxiliar na obtenção de mudanças mesmo que limitadas.

12. Sobre meios e sistemas de planejamento e gestão: formas concretas

de expressão, instituições e marcos legais das estratégias de desenvolvimento urbano.

12.1 A realidade brasileira em uma perspectiva comparada

• Os instrumentos até aqui apresentados (tributos, zoneamentos),

são objetos válidos de normatização ou parametrização em

separados.

• Porém uma situação ideal exige que tais instrumentos sejam

previstos e empregados de maneira integrada.

O que pode realizar esse papel?

O plano (clássico e óbvio) forma de meio de expressão do

planejamento: Não precisam ser rígidos ou obcecados com

projeções e prognósticos a respeito da “cidade ideal”, mas sim com

instrumentos adequados e realistas para solucionar problemas

reais. São documentos consolidadores de uma dada estratégia de

desenvolvimento urbano.

• A realidade de outros países (ex: EUA): mais que textos,

gráficos e mapas, trazem audiências públicas, pesquisas

de opinião, convites para a população participar na solução

de problemas locais (bairro);

• Brasil: Orçamentos participativos ‘Caravanas da

cidadania’ (BH), Orçamento participativo mirim (Barra

Mansa/RJ).

• Planos e Projetos: não existiam no Brasil até 2001 mecanismos

efetivos para forçar as autoridades a elaborar planos e revê-los (LEI

10.257 – Estatuto da Cidade);

Brasil: tipo básico de plano é o Plano Diretor de Desenvolvimento

Urbano;

• A escala geográfica do plano diretor é a mesolocal – quanto as

cidades de grande porte seriam complementados com

planejamentos em escalas microlocais (instrumentos adequados -

Detalhamentos);

• Ex: Rio de Janeiro – Projetos de Estruturação Urbana (microlocal)

que aprofundam e detalham o plano diretor carioca.

• Para além dos detalhamentos escalares outros planos são e

devem ser elaborados. Planos setorias, urbanização de favelas,

arborização, transportes.

• O autor defende que o plano diretor deve ser revisto e atualizado

regularmente, como a norma britânica (5 anos) e não como no

Brasil (10 anos).

• Não condiz com a realidade dinâmica de um país

semiperiférico.

• Constituição Federal : PD são obrigatório para cidades

com mais de 20.000 habitantes. (Art.182 §1º)

§2º - A propriedade urbana cumpre sua função social

quando atende às exigências fundamentais de

ordenação da cidade expressa no Plano Diretor.

O “sistema” brasileiro de planejamento em uma perspectiva comparada

• Não faz sentido falar de um sistema brasileiro de planejamento:

-A ancoragem legal das políticas nacionais e estaduais é

pequena, desintegrada;

- Muitos municípios não possuem um Plano Diretor e suas Leis

Orgânicas ou de regularização variam muito, tanto no espírito

quanto na qualidade;

• Brasil: planejamento urbano é essencialmente uma incumbência municipal. (Regime de de prefeito forte);

• Reino Unido: Verdadeiro sistema nacional de planejamento (centralizado). Os documentos mais importantes são de escala mesolocal e microcolocal de detalhadamento;

• Estados Unidos: Poder local com forte independência e liberdade, pouco articulação em relação aos varios níveis de poder – Cultura do planejamento;

• Alemanha: Leis nacionais, Iniciativas normatizadoras, Ordenamentos locais e detalhamentos microlocais – Descentralizado porém integrado.

12.2 - Recomendações gerais para o delineamento de estratégias de Desenvolvimento Urbano.

• Algumas Sugestões e advertências... Que não corporificam uma “receita de bolo”:

– “A Expressão concreta (forma e conteúdo) das propostas de intervenção deverá contemplar as particularidades locais (e regionais e nacionais) e, além disso, ser fruto de um processo no qual a sociedade civil organizada precisa estar envolvida”( pg. 410)

• “Muito mais útil é buscar pensar o impasses da sociedade brasileira atual à luz de um pensamento autonomista, almejando, antes que descrever com detalhes (e racionalisticamente...) um ponto de chegada, fornecendo elementos para a construção do caminho – sem ir, de todo modo, além de elementos, pois o caminho, como belamente disse o poeta; se constrói ao caminhar.” (pg. 411)

• A “Constelação de forças” precisa ser cuidadosamente avaliada.

• As normas não devem ser rígidas nem congeladas, precisam ser estáveis e transparentes e flexíveis sem fisiologismo.

• Os planos devem ser auto-explicativos e auto-aplicáveis

– Isso não exclui a necessidade de documentos mais detalhados em escala micro-local.

BOX 5 – “Partes básicas constitutivas de um documento orientador de uma estratégia de desevolvimento urbano”

• Princípios estruturais que garantam a inteligibilidade e eficácia do documento.

– Introdução

– Diretrizes (Metas gerais e específicas)

– Base institucional

– Base instrumental

• As propostas de planejamento profissional interagem com o saber e a vontade popular, levando em conta a (inter)subjetividade o mais honesta e profundamente possível.

• Democratizar o planejamento é desmistificá-lo e tirá-lo do pedestal.

– Mentalidade antitecnocrática dos técnicos

– Envolver a sociedade civil.

• A conjuntura política favorável pode permitir vários avanços.

– Administração municipal progressista e comprometida com a mudança social.

» Acompanhada por um estilo de gestão “genuinamente democrático”

• O Planejador deve entender a si próprio como um educador.

Pedagogia UrbanaPedagogia Urbana

• Socialização de informações, comunicação fácil e “tradução” de políticas públicas em linguagem acessível.

• Formação de planejadores e gestores urbanos populares

• “Força-Tarefa Técnica” e rotinas de estimulação político-pedagógicas.

12.3 Notas complementares exploratórias 12.3 Notas complementares exploratórias sobre o governo urbano e a sua territorialidadesobre o governo urbano e a sua territorialidade

• Moldura político-institucional

• Tipo de territorialidade

Moldura político-institucionalMoldura político-institucional

• Governança urbana

Instituições estatais

Instituições não-estatais (preocupação)

“Governo” e “governança”

TerritorialidadeTerritorialidade

• Territorialidade do poder explícito ou territorialidade governamental

• As relações de poder explícito tem integrações verticais e horizontais

Monoidentidárias:

Indivíduo pertence a um território, definindo sua lealdade básica , ex: voto

Anarquistas clássicos

Identidade legítima:

territórios e redes

Iris Young (1990):

• Opõe-se ao municipalismo libertário, o ideal seria governos mais extensos (escala), garantindo-se, todavia, mecanismos para representar os interesses dos bairros, vizinhanças e cidades.

A construção de alternativas territoriais como resultado da edificação de governos urbanos progressistas tem a ver com:

• Autogestão

• Democracia

• Sociedade autônoma

• Co-gestão

• Orçamento participativo

• Cooperação intermunicipal áreas metropolitanas)

• Cada sociedade, cada coletividade local deve encontrar a saída mais adequada aos seus interesses e peculiaridades.

• Porém comum é tratar os assuntos de maneira estadocêntrica.

• Avanços podem e devem ser tratados nas escalas sob a condição de não se adotar uma perspectiva estadocêntrica.