TICs e o processo ensino-aprendizagem

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Seminário apresentado em disciplina de Mestrado em Educação: "Questões Atuais de Didática".

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Pontifícia Universidade Católica do Rio de JaneiroDepartamento de Educação

Educação e comunicação são necessidades exigidas em todos os campos em que prevalecem as rela-ções humanas e técnicas.

(Kenski, 2008, p. 648)

O sociólogo categoriza o conhecimento existente na sociedade em três formas diferentes:

a oral, a escrita e a digital.

Prevalece a memorização, através das tradições orais, como forma de aquisição do conhecimento: cânticos, rimas, danças e rituais.

Emissor e receptor presentes no momento da comunicação.

“A tecnologia digital rompe com a narrativa contínua e sequencial das imagens e textos escritos e se apresenta como um fenômeno descontínuo. Sua temporalidade e espacialidade, expressa em imagens e textos nas telas, estão diretamente relacionadas ao momento de sua apresentação.”

“Não é o mundo que é global, somos nós.” “Ganhamos o poder de estar em todos os lugares sem sairmos do mesmo lugar.” (Emissor e receptor)

A escrita registra tudo o que se produz. Em vez da memorização, é necessário agora compreender o que é comunicado graficamente.

Emissor e receptor podem estar distantes no tempo e no espaço.

“O reconhecimento de uma sociedade cada vez mais tecnológica deve ser acompanhado da conscientização da necessidade de incluir nos currículos escolares as habilidades para lidar com as novas tecnologias. No contexto de uma sociedade tecnológica, a educação exige uma abordagem diferente em que o componente tecnológico não pode ser ignorado.”

(Marimar Stahl)

“O ato de educar é um ato de comunicação”.

Paulo Freire

“CURIOSA E GRANDE CONVERGÊNCIA”(Sfez, 1991, p.8)

“No senso comum, educação e comunicação estão na base e na raiz da solução de muitos problemas contemporâneos: ‘a felicidade, a igualdade, o desabrochar dos indivíduos e dos grupos’ (idem, ibid, p. 8)”. (Kenski, 2008, p. 650)

“A evolução dos suportes midiáticos ampliou este desejo fundante de toda pessoa de se comunicar e aprender. Os diferenciados meios comunicacionais – da escrita à internet – deram condições complementares para que os homens pudessem realizar mais intensamente seus desejos de interlocução. Possibilitam que a aprendizagem ocorra em múltiplos espaços, seja nos limites físicos das salas de aula e dos espaços escolares formais, seja nos espaços virtuais de aprendizagem.” (Kenski, 2008, p. 652)

A sociedade atual vem desenvolvendo novos costumes, novos modos de viver, de trabalhar e de se relacionar, devido à entrada das tecnologias eletrônicas (TV, DVD, celular, internet, Ipod etc.).

“As velozes transformações tecnológicas da atualidade impõem novos ritmos e dimensões à tarefa de ensinar e aprender. É preciso que se esteja em permanente estado de aprendizagem e de adaptação ao novo.” (Kenski, 1998)

ATO FORMAL DE ENSINAR VIRTUOSISMO DO PROTAGONISTA

(professor)

AÇÃO EDUCATIVA COMO APRENDIZAGEM TODOS ENVOLVIDOS (desejo de avançar no conhecimento)

Referência clássica para demonstrar as estruturas dos saberes e das ciências.Haverá sempre uma unidade principal (representada pelo tronco), responsável pela “alimentação” e pelo desenvolvimento dos ramos, que se originam a partir dele.

Metáfora de Deleuze e Guattari para o atual estágio do conhecimento humano.“Qualquer ponto do rizoma pode ser conectado a qualquer outro e deve sê-lo.”

“Compreender (...) a aquisição do conhecimento através da metáfora do rizoma é entender que as ciências, assim como as memórias, conjugam fluxos desterritorializados. Ou seja, não se limitam e funcionam apenas em ‘territórios’ determinados, em estruturas arborescentes e hierárquicas. Ao contrário, mesmo nas narrativas de fixar limites seguindo círculos de convergência, novos pontos se estabelecem dentro e fora desses círculos. Conexões são instituídas em múltiplas outras direções.” (Kenski, 1998)

Não são professores (aqueles que professam a “verdade”).

Orientam sem dirigir o processo de construção. São comunicadores, produzindo o diálogo entre

todos os participantes da comunidade de ensino-aprendizagem.

Orientam para o foco do processo, evitando a dispersão.

Estimulam a atenção e a participação de todos. Aplacam os conflitos e estabelecem clima de

confiança ampliada.

“... O êxito dessas iniciativas é diretamente proporcional à frequência das interações didático-comunicativas entre os envolvidos, à liderança do mediador e ao trabalho colaborativo realizado por todos os participantes do grupo.” (Kenski, p. 653)

“Nesta abordagem alteram-se principalmente os procedimentos didáticos, independentemente de uso ou não das novas tecnologias em suas aulas. É preciso que o professor, antes de tudo, se posicione não mais como o detentor do monopólio do saber mas como um parceiro, um pedagogo, no sentido clássico do termo, que encaminhe e oriente o aluno diante das múltiplas possibilidades e formas de se alcançar o conhecimento e de se relacionar com ele.”

“As atividades didáticas orientam-se para privilegiar o trabalho em equipe, em que o professor passa a ser um dos membros participantes.”

“O desafio maior está na conscientização de que todos os suportes comunicacionais digitais contemporâneos estão em estado de permanente atualização. Nada é permanente e duradouro neste segmento, tudo muda. Não é possível, portanto, pensar em um processo educacional de formação para o domínio pleno de um ou outro recurso. É mais necessário e urgente compreender a lógica do processo de avanço e suas funcionalidades, seu movimento incessante de mudança, sua veloz transformação para oferecer novos formatos de acesso, novos modos de atuação para o ensino e a produção de conhecimentos.”

Quando o adulto chegava a uma universidade e se formava, ele estava pronto e completo para a vida, para todo o seu futuro profissional.

“Não existe mais a possibilidade de considerar-se alguém totalmente formado, independente do grau de escolarização alcançado.”

“O estilo digital engendra, obrigatoriamente, não apenas o uso de novos equipamentos para a produção e a apreensão de conhecimentos mas também novos comportamentos de aprendizagem, novas racionalidades, novos estímulos perceptivos.”

(Kenski, 1998)

É chegado o momento em que nós, profissionais da

educação, que temos o conhecimento e a informação

como nossas matérias-primas, enfrentamos os

desafios oriundos das novas tecnologias.

(Kenski, 1998)

Diante de todas as inovações tecnológicas a que temos acesso em nosso dia a dia, “a sala de aula convencional deve parecer às crianças linear, sem graça e totalmente desinteressante, senão pelos conteúdos (que podem interessar às crianças), certamente pela forma (magistral, hierárquica, expositiva, com quadro de giz e pouquíssimas imagens).”

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“As possibilidades da internet vão muito além da lousa em sala de aula. Mais de uma década após o seu lançamento, a internet é ainda utilizada de forma restrita nos espaços formais de educação.”

“(...) o excesso de informações nas redes implica a emergência de novos mediadores.”

Aprender a usar tecnologia para aprender requer novas habilidades metacognitivas que não têm sido desenvolvidas na escola.

O professor deve possuir novos conhecimentos, comportamentos e atitudes.

Desenvolver uma nova competência imprescindível para o indivíduo da atualidade: a autonomia

“Precisamos dar aos alunos o acesso ao conhecimento, prepará-los para uma vida de aprendizagem e descoberta, com o domínio das habilidades e ferramentas de pesquisa como parte de sua educação básica e, para isso, nós precisamos criar um ambiente de aprendizagem que integre ensino e pesquisa, onde os alunos exercitem constantemente a comunicação e a colaboração.”

“Não basta simplesmente transferir o processo ensino-aprendizagem, na forma em que ocorre na sala de aula, para uma nova tecnologia, dando ares de modernidade à escola, sem alterações em profundidade. É preciso que os professores estabeleçam o quê, como, onde, por quê, para quê, a quem e para quem servem as novas tecnologias, e só então fazer uso delas, um uso consciente e responsável.”

(Marimar Stahl)

O que as TIC podem oferecer aos educadores?

a) novos modos de alfabetizar, envolventes, situados, atualizados, capazes de abrir para as crianças as habilidades do século XXI;b) novas formas de autoria individual e coletiva, mais flexíveis, transparentes, participativas e, nem por isso, banais; ao contrário;c) impulsos pertinentes em favor da autoridade do argumento, contra o argumento de autoridade, já que, na internet, não vinga qualquer autoridade; para merecer a atenção é fundamental apresentar algo com algum mérito;

O que as TIC podem oferecer aos educadores?

d) promoção de esferas públicas, nas quais se pode desenvolver um tipo mais cosmopolita de cidadania, interativo e questionador, sem tutores e donos da verdade;e) novas oportunidades de pesquisa, em especial na internet, desde que se consiga transformar este mundo infinito de informação em material de pesquisa, não de cópia;f) maneiras diferenciadas de tratar o aluno, não como alguém que dispensa o professor, mas como alguém que pode construir a autonomia e autoria com apoio tecnológico e orientação maiêutica;

O que as TIC podem oferecer aos educadores?

g) modos mais situados de aprender, tipicamente reconstrutivos e autopoiéticos, além de muito envolventes;h) perfil diferenciado do professor, não mais como instrutor, mas como “coach” socrático.

DEMO, Pedro. TICs e Educação. Site pessoal, 2008.

http://pedrodemo.sites.uol.com.br/textos/tics.html

Surgimento de um novo sujeito: a criança que se apropria “naturalmente” das tecnologias de informação e comunicação... p.718.

Sociologia da infância – uma nova abordagem que busca compreender estes processos desde o ponto de vista da criança e não mais apenas desde a perspectiva das instituições (família, escola).

“De repente, a escola já não compreende a criança, que fala e escreve outra língua, que sabe coisas que a professora não entende muito bem e que os pais, muitas vezes, ignoram por completo subvertendo a relação tradicional entre o adulto-que-sabe e a criança-que-não-sabe.” p. 719

Surgimento do que as autoras chamam de AUTODIDAXIA. (p.721)

“... importância crescente das mídias

na criação dos ‘mundos sociais e culturais das crianças’, onde ocorrem os processos de socialização.” (p. 722)

Os jovens “têm opiniões próprias sobre as mensagens e recursos destas mídias e, embora sejam adeptos incondicionais das telinhas, são capazes de divergir e criticar. Porém, esta capacidade crítica não é espontânea (...) e parece só funcionar quando o assunto interessa” [a eles]. “Isso nos permite inferir que, embora o uso das TIC propicie aprendizagens novas, especialmente novos modos de aprender, ele não é suficiente, por si só, para desenvolver o espírito crítico e utilizações criativas. Para tal desenvolvimento serão sempre necessárias as mediações dos adultos e das instituições educativas(...).”

imprescindível aprender com os aprendentes.

(p. 723)

Investimento em equipamentos; investimento na formação dos

professores; reinvenção da pedagogia (como as

crianças aprendem hoje?); percepção das TICs como objeto de

estudo para os professores.

“... a interação entre pares e com adultos, em situações favoráveis e inovadoras de aprendizagem e com uso pedagógico apropriado das TIC, pode levar as crianças em geral e, em especial, aquelas menos favorecidas, a desenvolver comportamentos colaborativos e autônomos de aprendizagem, altamente eficazes e benéficos para seu desenvolvimento intelectual.” (p. 727)

“... o uso pedagógico adequado das TIC favorece estas interações, na medida em que cria ambientes de aprendizagem mais dinâmicos e mais democráticos do que a sala de aula convencional, favorecendo a aprendizagem colaborativa.” (p.728 )

“... crianças e jovens que têm acesso às TIC fora do ambiente escolar desenvolvem competências para o uso desses artefatos, tanto na interatividade com a máquina quanto na interação com seus pares. (...) crianças que vivem em processo de exclusão social também podem desenvolver essas mesmas competências, quando têm oportunidade de acesso.” (p. 728-9)

O ambiente de aprendizagem rico em TIC contribui para a formação de novas formas cognitivas.

Quem explica é Piaget:

“... o conhecimento humano começa por se enraizar na ação prática em relação ao meio-ambiente, mas evolui para a abstração (de tipo científico) e só se formaliza se superar este estágio.” (p. 730)

Aprendizagem colaborativa: o indivíduo interage com o outro, existindo ajuda mútua ou unilateral.

Aprendizagem cooperativa: pressupõe, além de interação e colaboração, objetivos comuns, atividades e ações conjuntas e coordenadas.

“Existe colaboração mesmo quando não há compromisso com a realização de um projeto; passa a haver cooperação quando existe um trabalho em comum relacionado com o sucesso de um projeto comum.” (p. 731)

Contextualização do tema; tomada de decisões em grupo; situações de troca; reflexão individual e coletiva; tolerância; convivência com as diferenças; constantes negociações e ações conjuntas.

APRENDER COM PRAZER: “com a televisão, a aula ficou mais feliz!”. (p. 736)

Escrever no computador: atividade vista como lúdica que estimula a escrita, leitura e processo motor. (p. 737)

TIC incentiva a motivação e disponibilidade psicológica para aprender. (p. 738)

a interação entre pares, em situações de aprendizagem colaborativa, estimulada e enriquecida pelo uso das TIC, cria condições muito favoráveis ao desenvolvimento cognitivo. (p. 738)

A escola do futuro terá: (1) um crachá com microchip que identifica o professor e conecta a lousa eletrônica no ponto em que ele parou a aula anterior. (2) Parte das aulas será com lousa eletrônica. Nela, o professor usa videos, fotos, mapas e pode pesquisar dúvidas dos alunos na internet. (3) A iluminação da sala muda de acordo com a atividade. (4) Câmera capta qualquer imagem e projeta na parede. Pode ser o microscópio, vídeo, foto etc. (5) Cada aluno clica sua opção em um controle remoto, um gráfico com o porcentual aparece na tela. (6) programas educativos simulam situações. (7) programas interativos transformam a realidade dos alunos em exercícios práticos. (8) pelo celular os alunos recebem conteúdo complementar. (9) games esquentam a aula. (10) as cadeiras podem ser dispostas de várias maneiras para incentivar o trabalho em grupo. O que mais? Quase tudo isso já existe hoje, inclusive em formato de web seminários.

BELLONI, M. L. & GOMES, N. G. Infância, mídias e aprendizagem: autodidaxia e colaboração. Educação e Sociedade, Campinas, out. 2008, vol.29, n.104 – Especial, p. 717-746. Acesso em 11/06/2009: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302008000300005&lng=en&nrm=iso

DEMO, P. TICs e Educação. Net, 2008. In: Prof. Pedro Demo - Blog Acadêmico. Acesso em 11/06/2009: http://pedrodemo.sites.uol.com.br/textos/tics.html

KENSKI, V. Novas tecnologias: o redimensionamento do espaço e do tempo e os impactos no trabalho docente. Revista Brasileira de Educação, ANPEd, Mai/Jun/Jul/Ago. 1998, n. 8, p. 58-71. Acesso em 11/06/2009: http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE08/RBDE08_07_VANI_MOREIRA_KENSKI.pdf

------------. Educação e comunicação: interconexões e convergências. Educação e Sociedade, Campinas, out. 2008, vol.29, n.104 – Especial, p. 647-665. Acesso em 11/06/2009: http://www.scielo.br/pdf/es/v29n104/a0229104.pdf

STAHL, Marimar M. “Formação de professores para uso das novas tecnologias de comunicação e informação”. In: CANDAU, Vera Maria. Magistério: construção cotidiana. 6.ed., Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p. 292-317. (Será colocado 4ª feira na pasta da professora Vera Candau.)

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