Reportagem - Crack em Serra (ES)

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6 SERRAA GAZETA DOMINGO, 1º DE ABRIL DE 2012

SERRA7DOMINGO, 1º DE ABRIL DE 2012 A GAZETA

PROBLEMA SOCIAL

Grande Carapina é um dos locais onde mais se usam drogas na cidade

CRACOLÂNDIASSEIS PONTOS DEUSO DA DROGA

RICARDO MEDEIROS

Viciados em crack são flagrados comprando e usando entorpecentes durante todo o dia na Rua Nelcy Lopes Vieira, bairro Jardim Limoeiro, sem medo de mostrar o rosto

GUILHERME SILLVAgusilva@redegazeta.com.br

Droga mais comum e ba-rata, o crack está sendocadavezmaisusadoe fazo município ficar emalerta. A cidade já iden-tificou seis pontos cons-tantes de usuários. Ascracolândias ficam loca-lizadas nos bairros SãoGeraldo e Jardim Li-moeiro – na região daGrande Carapina -, alémde Jacaraípe, Planalto

Serrano, Feu Rosa e VilaNova de Colares.

Nesses lugares não édifícil identificar os pon-tos de uso, como são cha-madas as cracolândias. Areportagem flagrou, namanhã da última quin-ta-feira, usuários consu-mindo a droga na RuaNelcy Lopes Vieira, emJardim Limoeiro. Elespreferiram não conver-sar.Mascomerciantesdi-zem que o consumo

acontece livremente,du-rante o dia e à noite.

“São vários pontos aolongo da rua, e eles conso-mem a droga sem horárioespecífico. Aqui é um dosprincipais pontos. A gentechega de madrugada paratrabalhar e a rua costumaestarcheiadepessoasdro-gadas. O consumo é co-mum por aqui”, diz umacomerciante que preferiunão se identificar.

A prefeitura não possui

dados sobre a quantidadede usuários de crack exis-tentes em toda a cidade.Este ano, o Centro deAtenção Psicossocial paraUsuários Abusivos e De-pendentes de Álcool e ou-tras Drogas (CAPS-ad),em Laranjeiras, fez 145acolhimentos nos três pri-meiros meses. Desses, 40são de pessoas com o en-volvimento com o crack.

Em2011 foramrealiza-dos 496 acolhimentos. Pa-

ra tentar enfrentar a reali-dade,estáprevistaatéo fi-naldoanoaconstruçãodoCentro de Recuperaçãopara Dependentes Quími-cos, em Laranjeiras.

RECUPERAÇÃOO CAPS-ad é a princi-

palportadeentradapararecuperação de usuáriosno serviço público atual-mente no município. “Aspessoas são encaminha-das pelas unidades de

saúde. É uma demandacrescente e a gente vemconseguindo absorvertendo bons resultados”,ressalta Betesaida Mou-linMalheiros,gerentedoCAPS-ad de Laranjeiras.

Ainda com o objetivode ter outros locais detratamento, a prefeitu-ra também entrega emjunho – com atraso dedois meses – o Centrode Tratamento de De-pendentes Químicos

CRACK NA SERRA

Cracolândiast São seis osprincipais locais:

São GeraldoJardim LimoeiroGrande JacaraípeFeu RosaVila Nova de ColaresPlanalto Serrano

Onde procurar ajudat CAPS-ad Laranjeiras

Centro de AtençãoPsicossocial paraUsuários Abusivos eDependentes de Álcool eoutras Drogas

t Endereço: RuaBeethoven, 156,Laranjeirast Telefone: 3328-4137

t Centro deRecuperação paraHomens (CER-Homem)t Endereço: Rua Baguari,15, Nova Carapina IIt Telefone: 3241-2685

t Centro deRecuperação paraMulheres (CER-Mulher)

t Endereço: RuaGoitacazes, 150,Magistrado, Jacaraípet Telefone: 3252-8124

t Ministério ResgateTotalt Endereço: CondomínioRural Agrovila Ribeiro,quadra B, lotes 9 e 10,Jardim Bela Vistat Telefone: 3251-2423

t Centro deRecuperação paraMulherest Endereço: RuaGoitacazes, 150,Magistrado, Jacaraípet Telefone: 3252-2812

t AssociaçãoMetodista de Amparoe Recuperação deToxicômanos (Amart)t Endereço: Rua JoséJerônimo, 11, Pitangat Telefone: 3282-6610

t Centro Integrado deTerapia (CIT)t Endereço: Rua Stu,223, Novo Horizonte

t Telefone: 3338-2100

t Centro deTratamento deDependência QuímicaVivência Alvoradat Endereço: Rua Jupira,619, Jardim Atlântico,Jacaraípe

t Telefone: 3252-3658

Projetost Consultório de Rua

Previsto para serimplantado em maio, teráuma equipe formada pormédicos, psiquiatras,enfermeiros, assistentes

sociais e psicólogos para oatendimento aosdependentes diretamentena rua, com o suporte deum ambulatório móvel

t Centro deTratamento deDependentesQuímicos

Previsto para serinaugurado nos próximosmeses, em Muribeca, terátrês casas, com função dealojamento, terraço, sala deestar, jantar, cozinha, áreade serviço, lavabo e quatrosuítes. Em cada casahaverá banheiro adaptadopara deficientes. A unidadeserá administrada pelaFazenda da Esperança

t CAPS-iO Centro de AtençãoPsicossocial paraTratamento deDependência química emCrianças e Adolescentesfuncionará ao lado do novoHospital Dório Silva, emMorada de Laranjeiras. Aprevisão é de que fiquepronto no segundosemestre. Terá quatroconsultórios, sala pararepouso, enfermaria, sala deestar, duas áreas cobertaspara oficinas, sala paraatendimento em grupo,recepção, refeitório,farmácia, auditório, oitobanheiros, sendo doisadaptados para deficientes

(CTDQ), em Muribeca,área rural da cidade.

Com o novo espaço, aexpectativa é de que se-ja ampliada a oferta deserviços terapêuticospara usuários de dro-gas. A ideia é oferecertratamento adequadopara recuperar a cida-dania dos pacientes.

Orçado em 2,7 mi-lhões, o projeto terá ca-pacidade para atendera até 70 homens, e a mé-dia de internação seráentre seis e oito meses.O local seguirá o mode-lo de comunidade tera-pêutica da Fazenda Es-perança, instituição li-gada à Igreja Católica.

Também está sendoconstruído o Centro deAtenção Psicossocialpara Tratamento de De-pendência Química emCrianças e Adolescen-tes (CAPS-i), em Mora-da de Laranjeiras.

Para Fábio Nogueira,psicólogo e professordo Unesc, são vários osfatores que dificultam ocontrole da epidemiana Serra. “Hoje o usuá-rio não possui um perfilespecífico. O que difi-culta o controle do usodo crack na cidade é queainda existe uma parce-la da população quenão possui informaçõessobre os prejuízos peloconsumo. É precisouma política pública”.

Consultório de rua vai atender a partir de maioPara combater o consu-

modocrackeajudarosde-pendentes que estão nascracolândias localizadasem diversos pontos da ci-dade, a partir de maio aprefeitura implanta o pro-jeto Consultório de Rua.

Nele, uma equipe for-mada por médicos, psi-quiatras, enfermeiros,assistentes sociais e psi-cólogos presta atendi-mento aos dependentesquímicos diretamentena rua, com o suporte deum ambulatório móvel.

Após um mapeamentopara descobrir onde estãoconcentrados os usuáriosdedrogas,osprofissionaisfazem a chamada aproxi-mação, intervenção com apopulação local que podelevar de semanas a meses.

“A equipe vai percorrer decarro os pontos de formaitinerante. A ideia é seaproximar dos usuários,mas não tirar ninguém daruaà força.Agenteapostanovínculocomousuário”,conta Betesaida Moulin,coordenadora do CentrodeAtençãoPsicossocialdeUsuários Abusivos e De-pendentes de Álcool e Ou-tras Drogas (CAPS-ad).

ONGA estratégia de aborda-

gem é inspirada na ONGfrancesa Médicos do Mun-do, que atende a morado-resderuaseprostitutasemum ônibus equipado comose fosse uma clínica.

De acordo com o secre-tário de Saúde Silvani Al-ves Pereira, esse é apenas

MARCOS FERNANDEZ / ARQUIVO

Crack: dependente terá atendimento multidisciplinar

um primeiro passo paraque a cidade começa a re-duzir o número de usuá-rios da droga. “O trabalhoserá difícil, pois os pontosde consumo não são fixos.os usuários migram de lu-gares quando a fiscaliza-ção aparece. E muito de-les, sob efeitos da droga,não querem ajuda”, diz.

O projeto será desen-volvido no municípioem parceria com o Mi-nistério da Saúde.

O Consultório de Ruasurgiunofimdadécadade1990, na cidade de Salva-dor, na Bahia, para aten-der à população em situa-ção de risco e vulnerabili-dade social, principal-mente crianças e adoles-centesusuáriosdeálcooleoutras drogas.

Entidades particulares também oferecem tratamentoA cidade também conta

com diversas entidadesparticulares que realizamo trabalho terapêutico,com o objetivo de ajudaros usuários de drogas.

Na Resgate Total, loca-lizadonazonaruraldeBe-la Vista, o tratamento érealizado através de chásnaturais. “É preciso que odependente queira voltar

a ter uma nova vida”, diz opastor Fabiano Mota.

Na casa são realizadosexames físico e mentalcom clínico geral e psicó-logos. Os moradores rea-lizam terapia ocupacio-nal, além de cursos pro-fissionalizantes, como aprodução de vassouras.

A comunidade Meto-dista de Amparo e Recu-

peração de Toxicômanos(Amart) também realizao resgate através do tra-balho terapêutico. Os in-ternos têm acompanha-mento psicológico e par-ticipam de reuniões diá-rias, onde compartilhamas experiências. Ambasas casas atendem so-mente homens.

Para as mulheres uma

opçãoéCentrodeRecupe-raçãoparaMulheres,loca-lizado no bairro Magistra-do, em Jacaraípe.

Outra opção paraquem precisa são os cen-tros de recuperação parahomens e mulheres (CER-HomemeCER-Mulher),em Nova Carapina II, pro-jeto ligado à Igreja Evan-gélica Batista de Vitória.

“A internação é volun-tária e a pessoa fica resi-dindo no sítio duranteseis meses. Trabalhamoscom estudos comporta-mentais e bíblicos, os 12passos do NarcóticosAnônimos (NA) e comorientaçãoreligiosa.Aca-pacidade é de 30 inter-nos”, conta o diretor ElielFernandes da Silva.

Documento:AGazeta_01_04_2012 1a. DOMINGO_CR_Serra_6.PS;Página:1;Formato:(548.22 x 382.06 mm);Chapa:Composto;Data:30 de Mar de 2012 20:16:27