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Obesidade e Infertilidade

Infertilidade

Redução da capacidade ou incapacidade total que um ou ambos os membros de um casal tem para conceber;

Período de tempo mínimo de 1 ano;

Casal com vida sexual activa cuja regularidade varia entre 3 a 5 vezes por semana;

Mulher tem até 35 anos de idade;

A nenhum membro do casal seja conhecida uma causa atribuída à infertilidade;

Casal que tenha tido ≥ 3 abortos consecutivos.

Infertilidade A prevalência da infertilidade conjugal é de 15-20% na

população em idade reprodutiva.

Causas: disfunções endócrinas, doenças cardiovasculares,

hematológicas, respiratórias, auto-imunes, gastrointestinais, neurológicas, psiquiátricas, ou antecedentes de infertilidade na família.

Factores associados aos actuais estilos de vida, como o medicação ou drogas, álcool, tabaco, algumas profissões, sedentarismo, frequência das relações sexuais, stress ou alimentação.

Inicialmente…

Há uma disponibilidade diminuída da hormona (GnRH) chave na regulação do sistema reprodutivo, que através da hipófise liberta as gonadotrofinas, hormonas folículo-estimulantes (FSH), e hormonas luteinizantes (LH). Estas promovem o desenvolvimento e impulsionam a maturação dos folículos, e nestes casos, desregularizadas, afectam particularmente o ovário, e causam ciclos menstruais irregulares ou até mesmo anovulação;

Contudo, esta suposição não é resposta a todos os casos de infertilidade, já que evidência indica que os efeitos da obesidade na fecundidade ocorrem mesmo em casos cujos ciclos menstruais são regulares;

Obesidade e Infertilidade na mulher

“Collaborative Perinatal Project”

Entre 1959 e 1965;

Objectivo de investigar o desenvolvimento e consequência de complicações durante a gravidez e período perinatal;

Participação de cerca de 55,000 mulheres;

Factores de risco - idade, raça, IMC, hábitos tabágicos, ocupação e paridade, demografia, e historial ginecológico e reprodutivo;

Comparadas mulheres que demoraram ≤ 3 meses para engravidar, com as que demoraram ≥ 3 meses.

“Collaborative Perinatal Project”

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“Collaborative Perinatal Project”

Probabilidade de engravidar reduz-se:

Multíparas 8% em mulheres com excesso de peso; 18% em mulheres com obesidade.

Nulíparas 16% para mulheres com excesso de peso e; 34% para obesas.

Sindrome do Ovário Poliquístico

. O SOP caracteriza-se pelo hiperandrogenismo, anovulação crónica e até oligomenorreia.

Complicações: hiperinsulinemia, o hirsutismo, a intolerância à

glucose, diabetes tipo II, doenças cardiovasculares e claro, a infertilidade.

Aproximadamente metade das mulheres com SOP ou têm excesso de peso ou são obesas, com relevância no aspecto físico andróide.

Muitas das características do síndrome metabólico são encontradas nas mulheres que sofrem de SOP.

Hiperinsulinemia, ou insulino-resistência, pode favorecer ao aparecimento hiperandrogénico em mulheres com SOP.

Insulina actua ao nível da função hormonal gonadotrófica, e um aumento da sua disponibilidade ao nível do tecido ovárico, pode contribuir para uma síntese excessiva de androgénio.

Mulheres obesas com SOP em tratamentos de infertilidade… precisam de maior estimulação por parte das gonadotrofinas; têm menores quantidades de ovócitos; têm maiores probabilidades de aborto, e ainda; maiores probabilidades de morte-fetal durante a gravidez.

Alguns dos tratamentos de infertilidade a que as mulheres obesascom SOP são sujeitas, têm menor taxa de eficiência, e que o factor que mais contribui para esta situação é a hiperinsulinemia.

A perda de peso em mulheres obesas com SOP, reduz a gordura visceral e total, melhora a regularidade dos ciclos menstruais, reduz as concentrações de androgénio e insulina, e aumenta a sensibilidade e tolerância à mesma.

Recomenda-se dietas hipoenergéticas, por serem eficazes no restabelecimento do equilíbrio hormonal, como por exemplo na redução do hiperandrogenismo, de forma a melhorar as capacidades para engravidar, quer espontaneamente, quer por via de tratamentos de infertilidade.

Influência da leptina

Leptina

Hormona produzida pelo tecido adiposo, cuja concentração é proporcional à quantidade existente deste tecido.

Actua na regulação da homeostasia do organismo em termos energéticos e ingestão alimentar;

É estimulada pelos glicocorticóides, insulina, e estrogénios, e inibida pelos androgénios;

As suas concentrações variam para cada indivíduo, dependendo da prática de exercício físico, o tipo de alimentação, o IMC, a idade e até mesmo o género.

Em indivíduos com excesso de peso, há uma evolução para a disfunção da leptina;

Resistência à leptina, alterando o equilíbrio energético, e contribuindo para o desenvolvimento da obesidade;

A nível pancreático, inibe a produção de insulina e antagoniza a sua acção, afectando o metabolismo da glucose.

Deficiência em leptina e adiposidade em excesso conduzem a uma resistência à insulina e diminuída capacidade de conceber;

A leptina afecta a fertilidade porque altera a produção das hormonas GnRH e gonadotrofinas, para alem de participar nos mecanismos complexos do sistema reprodutivo, principalmente o ovário, endométrio, e desenvolvimento embrionário.

Outras adipocinas, como a resistina e a adiponectina também parecem deter uma participação na regulação do metabolismo, e de alguma forma contribuir para a fertilidade feminina, embora seja necessária mais investigação neste sentido.

Tratamento da obesidade e os seus efeitos na Infertilidade

Alguns especialistas defendem que não se deveria permitir que mulheres com IMC >35kg/m2 tivessem acesso a tratamentos de infertilidade ou engravidassem, até que baixassem o IMC.

Aplicação do ensino de estilos de vida mais saudáveis que incentivem à perda de peso;

Abordagem deve ser agressiva e objectiva;

Complementada com a intervenção de estratégias farmacológicas, que inclui o uso de medicamentos auxiliares à perda de peso, métodos contraceptivos e ácido fólico durante o período de perda de peso, ou seja, o período pré-concepcional.

Amostra de 11 mulheres anóvulas perderam > 5% do seu peso inicial

9 delas tinham melhorado na regularidade da função reprodutiva e;

5 delas conseguiram engravidar.

Outra amostra de 35 mulheres, das que perderam até 10% do seu peso inicial

80% melhorou o funcionamento do sistema reprodutivo, e; 29% conseguiu conceber

Estratégias farmacológicas

Metformina - ~ 1% para perda de peso, ou seja cerca de 5kg em 8 meses.

Orlistat - ~ menos 5% do peso inicial em apenas 3 meses.

Métodos contraceptivos

Ácido fólico

E porquê a escolha de IMC 35 kg/m2?

Em mulheres com IMC ≥ 30kg/m2, há um aumento significativo de riscos prejudiciais durante o desenvolvimento fetal.

Múltiplas anomalias, entre elas a Espinha Bífida, defeitos cardiovasculares congénitos, fissuras orofaciais, anencefalias, entre outras.

De facto, este risco aumenta em cerca de 7% por cada unidade de IMC aumentada acima dos 25kg/m2.

Obesidade e Infertilidade no homem

Em homens obesos…

Níveis séricos de testosterona estão desproporcionalmente relacionados com o IMC;

Níveis reduzidos da hormona SHBG;

A hormona inhibin B está presente em menores quantidades em IMC´s mais elevados;

Hormonas FSH, e LH também em valores reduzidos;

Estradiol elevado com o aumento do IMC.

A qualidade do sémen é reduzida em populações onde a prevalência de infertilidade é superior. Estudos tentam

comprovar que uma alimentação pobre em nutrientes essenciais, e o sedentarismo estejam entre as causas desta alteração da

composição do sémen, e que podem, em muitos casos contribuir para a prevalência da infertilidade.

SedentarismoEstudo dividiu em 3 escalões de A.F. ocupacional (sedentário, activo, indeterminado)

60% tinha qualidade de sémen pobre e; ~ 40% com sémen de boa qualidade.

Estudo subdividiu em 2 grupos(concentração de espermatozoides normal-baixo e normal-elevado)

59% dos homens tinha menor concentração de espermatozóides; 22% destes homens com normal-elevada concentração.

Sugere-se que homens com valores mais elevados de IMC apresentam menor densidade de esperma, limitando a sua capacidade de conceber.

Roux-en-Y bypass gástrico

Um grupo de 6 homens com obesidade morbida (IMC ≥ 40 kg/m2), submetidos ao bypass, e com infertilidade secundária.

Com perda de peso entre os 60 e os 80 kg; Em dieta normocalórica e suplementação para ferro, cálcio, vitamina B12 e ácido fólico; Com valores analíticos à glucose, ureia, glutamina transferase, transaminases e creatinina, normais; O tempo médio entre a cirurgia e a primeira consulta de infertilidade rondava os 16,8 meses.

Pode existir um bloqueio no desenvolvimento de uma fase daespermatogénese que não se relaciona com a acção hormonal.

Sugere-se a possibilidade dos nutrientes absorvidos serem insuficientes aos necessários para a espermatogénese, ou que este efeito seja irreversível no sistema reprodutivo masculino.

Obesidade, Infertilidade e Qualidade de vida

Baixa libido, resultante da actividade reduzida de dopamina e elevados níveis de serotonina no cérebro, que é consequência da sobrealimentação, e que levam a uma disfunção sexual.

Consumo crónico excessivo de gorduras ou açúcares poderá causar efeitos psicofarmacológicos, podendo levar o indivíduo a confundir o desejo sexual com a vontade de comer, tendo como consequência uma menor frequência da prática sexual.

Indivíduos obesos apresentam uma menor fecundidade devido à interligação de factores psicológicos, psicossociais, e até sociobiológicos;

A redução da mobilidade física, da função psicossocial e do bem-estar emocional, são uma realidade entre a população obesa, que resultam em dificuldades e insatisfação no acto sexual, diminuindo a frequência dos mesmos.

O desejo sexual diminui com o aumento do IMC.

A mesma tendência no prazer sexual, na performance durante o acto sexual e frequência dos encontros sexuais.

Quanto maior a severidade da obesidade, menor qualidade de vida sexual, e que a perda de peso e mudança de estilo de vida melhora a função sexual em ambos os sexos, para alem de que nos homens, 1/3 melhora na disfunção eréctil.

Conclusão

Obesidade

Para 2015, prevê-se que aproximadamente 2,3 biliões de indivíduos venham a ter excesso de peso, e que mais de 700 milhões possam sofrer de obesidade, destacando o aumento da sua prevalência em países com economias emergentes e em desenvolvimento;

O tratamento da obesidade e da infertilidade, traz custos muito elevados para governos e indivíduos, e nem sempre os resultados são os melhores.

Estima-se que hajam entre 60 a 80 milhões de casais inférteis e que, possivelmente boa parte destes casos é causada pela obesidade.

Muito obrigada…

Tânia I. MartinsSob orientação: Dra. Isabel Lavinha

ESBUCP-MAC

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