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MEUS INESQUECÍVEIS Maria!...Quando esse nome Deixar de ser puro e terno, Formiga morre de fome, Cigarra canta no inverno. Pedro Giusti RJ Existe a disparidade, Há diferenças demais... Só mesmo a dignidade Fará dois homens iguais. Fernando Vasconcelos PR O amor chega sem jeito, Balança meu coração, Que bate forte no peito Temendo desilusão. Osael de Carvalho RJ HAICAIS Só eu e o salgueiro Que procuram nossos olhos Sempre para o chão? Neide Rocha Portugal - PR Conta mil façanhas Para a amada impressionar: Fogo que não queima. João Batista Serra-Ce No meio da noite, Um súbito despertas: Pernilongos a postos. Renata Paccola SP Seis horas em ponto. As andorinhas me acolhem Brincando na rua. Humberto Del Maestro ES Menino extasiado, A pandorga atingiu Altura do telhado. Manoel F. Menendez SP Chove de mansinho Na manhã de primavera: Frio tropical. No baile das flores, Beija-flores fazem festa: Eis a primavera. Caminho do mar: A navalha no meu rosto, Corta que nem gelo. Sacrifício algum Vale prazer mais intenso Que matar o tempo. Antonio Cabral Filho - RJ TROVAS Passa o vento num arrulho. A noite é fria lá fora... Como é gostoso o barulho Da chuva, caindo agora. Humberto Del Maestro - ES À sombra dos arvoredos Da praça, paz e alegrias, Vou sonhando meus segredos E envelhecendo meus dias. Jessé Nascimento RJ Vem chegando a primavera, Os jardins ficam floridos... Almas cheias de quimera E corações coloridos. Henny Kropf RJ Suscitando a inquietude De uma longa odisséia, A trova, mais que virtude, É gênese de uma idéia. Silvério da Costa SC Urubu sobre o telhado E voando abertamente Ficou muito bem olhado Pelo suspiro da gente. FranciscodeAssisNascimento Uma pedra no caminho Fez Drummond poetizar; Um poeta faz seu ninho No rochedo que encontrar. Olivaldo Júnior - SP Trovadores, em verdade, São irmãos na inspiração, Na partilha da amizade, No carinho e na emoção. Eliana Ruiz Jimenez - SC Camomila e poesia Mais o cobertor de orelhas Fazem a minha alegria Numa noite sem estrelas. & No Largo da Abolição Ouvi berimbau nos ares, Lembrei que a escravidão Fez do Brasil seu Palmares. & Minha pedra, minha vida, Diz o craqueiro a cantar, Sem saber que aquela “vida” Acaba de se queimar... & Marinheiro que se presa, Não sofre câimbras em nado; Quem não crê também não reza Nem pode ser perdoado. & Poesia é um trem Que parte para os confins; Quem vai sabe muito bem Que a viagem é sem fim. & Nascer é pegar um trem Sem dizer aonde vai, Todos vão nele também, Ninguém diz sequer um ai. & Tempo passa, tempo voa, Nele a gente vai e vem, Viajamos numa boa Como os pingentes de trem. Antonio Cabral Filho RJ Assinatura Anual: R$20,00 Dep Ag:2905.013 Cp00.010.778-3CEF Ano VII nº51 Out 2013 Editor:Antonio Cabral Filho Rua São Marcelo, 50/202 Curicica-Rio de Janeiro RJ Cep 22.780-300 Email: [email protected] http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br / http://letrastaquarenses.blogspot.com.br Filiado à FEBAC

Letras Taquarenses Nº 51 * Antonio Cabral Filho - Rj

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Page 1: Letras Taquarenses Nº 51 * Antonio Cabral Filho - Rj

MEUS INESQUECÍVEIS

Maria!...Quando esse nome

Deixar de ser puro e terno,

Formiga morre de fome,

Cigarra canta no inverno.

Pedro Giusti – RJ

Existe a disparidade,

Há diferenças demais...

Só mesmo a dignidade

Fará dois homens iguais.

Fernando Vasconcelos – PR

O amor chega sem jeito,

Balança meu coração,

Que bate forte no peito

Temendo desilusão.

Osael de Carvalho – RJ

HAICAIS

Só eu e o salgueiro –

Que procuram nossos olhos

Sempre para o chão?

Neide Rocha Portugal - PR

Conta mil façanhas

Para a amada impressionar:

Fogo que não queima.

João Batista Serra-Ce

No meio da noite,

Um súbito despertas:

Pernilongos a postos.

Renata Paccola – SP

Seis horas em ponto.

As andorinhas me acolhem

Brincando na rua.

Humberto Del Maestro – ES

Menino extasiado,

A pandorga atingiu

Altura do telhado.

Manoel F. Menendez – SP

Chove de mansinho

Na manhã de primavera:

Frio tropical.

No baile das flores,

Beija-flores fazem festa:

Eis a primavera.

Caminho do mar:

A navalha no meu rosto,

Corta que nem gelo.

Sacrifício algum

Vale prazer mais intenso

Que matar o tempo.

Antonio Cabral Filho - RJ

TROVAS

Passa o vento num arrulho.

A noite é fria lá fora...

Como é gostoso o barulho

Da chuva, caindo agora.

Humberto Del Maestro - ES

À sombra dos arvoredos

Da praça, paz e alegrias,

Vou sonhando meus segredos

E envelhecendo meus dias.

Jessé Nascimento – RJ

Vem chegando a primavera,

Os jardins ficam floridos...

Almas cheias de quimera

E corações coloridos.

Henny Kropf – RJ

Suscitando a inquietude

De uma longa odisséia,

A trova, mais que virtude,

É gênese de uma idéia.

Silvério da Costa – SC

Urubu sobre o telhado

E voando abertamente

Ficou muito bem olhado

Pelo suspiro da gente.

FranciscodeAssisNascimento

Uma pedra no caminho

Fez Drummond poetizar;

Um poeta faz seu ninho

No rochedo que encontrar.

Olivaldo Júnior - SP

Trovadores, em verdade,

São irmãos na inspiração,

Na partilha da amizade,

No carinho e na emoção.

Eliana Ruiz Jimenez - SC

Camomila e poesia

Mais o cobertor de orelhas

Fazem a minha alegria

Numa noite sem estrelas.

&

No Largo da Abolição

Ouvi berimbau nos ares,

Lembrei que a escravidão

Fez do Brasil seu Palmares.

&

Minha pedra, minha vida,

Diz o craqueiro a cantar,

Sem saber que aquela “vida”

Acaba de se queimar...

&

Marinheiro que se presa,

Não sofre câimbras em nado;

Quem não crê também não reza

Nem pode ser perdoado.

&

Poesia é um trem

Que parte para os confins;

Quem vai sabe muito bem

Que a viagem é sem fim.

&

Nascer é pegar um trem

Sem dizer aonde vai,

Todos vão nele também,

Ninguém diz sequer um ai.

&

Tempo passa, tempo voa,

Nele a gente vai e vem,

Viajamos numa boa

Como os pingentes de trem.

Antonio Cabral Filho – RJ

Assinatura Anual: R$20,00 Dep Ag:2905.013 Cp00.010.778-3CEF Ano VII nº51 Out 2013 Editor:Antonio Cabral Filho

Rua São Marcelo, 50/202 Curicica-Rio de Janeiro – RJ Cep 22.780-300 Email: [email protected]

http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br / http://letrastaquarenses.blogspot.com.br Filiado à FEBAC

Page 2: Letras Taquarenses Nº 51 * Antonio Cabral Filho - Rj

EIS

Eis, mais que os nomes do nada,

Menos que os nomes de tudo,

Só alguns píncaros,

Pouco demais do mundo,

Eis, dificuldade, a louca recusa

De compreender que é breve

A eternidade.

Eis, linguagem que vivemos,

(a linguagem que nos vive)

O ser, a casa,

O lugar-pátria:

Eis todo o universo,

Dicionários

& enciclopédias

Como alicerces.

Aricy Curvello – MG

Desejos

Há um céu de silêncios

E um mar de mistérios

Em teus olhos

Entretanto, a distância

Levanta ardentes

Desejos de posse

Deixando intata

A doce pele de tua mão.

Terezinka Preira – EUA

Acolhimento

O caos

É o cais

Que me acolhe.

Nele busco a ordenação

De meus sentidos

E viro síntese.

Silvério da Costa – SC

Último Desejo

Todo beijo que seja

Com a força do derradeiro

Pois a morte se esconde na vida

E os beijos (desde o primeiro)

Já escondem consigo

a despedida.

Clei de Souza – PA

Classe de Palavras

O substantivo é Amor.

O verbo é Amar.

O adjetivo é Amoroso.

Os pronomes são: Eu e Você.

Os numerais são: dois e um.

A conjunção é a aditiva: e.

A preposição é com.

O advérbio sim.

A interjeição é Viva!

Rosilene Jorge dos Ramos – RJ

LIÇÃO NÃO HÁ

A paisagem é dura

Os amores se assustam

No meu corpo

Lição não há

Imagem não há

Para o efêmero

Tudo se entrega

Ao que está morto

Iacyr Anderson Freitas – MG

DESCOBRIMENTO

No meio da mata fechada

A índia nua e virgem...

O português cristão

Nunca amou tanto o próximo

Como a si mesmo.

Eryck Magalhães – RJ

A CULTURA DO MEDO

Se fizeres amor, terás AIDS.

Se fumares, terás câncer.

Se comeres, terás colesterol.

Se beberes, terás acidentes.

Se respirares, terás

Contaminação.

Se leres, terás confusão.

Se pensares, terás angustia.

Se sentires, terás loucura.

Se falares, perderás o emprego

.

Eduardo Galeano

ENCANTAMENTO

No balde de juçaras

O homem busca

A água de que precisa

No terreno seco

Procura o vento

Encontra Deus

Disfarçado de sabiá.

Luiz Otávio Oliani – RJ

Canção da Mulher Amada

Não quero a estrela

Líder da preferência

Nas oficinas mecânicas,

Não quero a estrela

Que brilha na telenovela

Dos horários nobres,

Não quero a estrela

Líder de audiências

Nas termas da cidade,

Não quero a estrela

Morta no matagal

Como queima de arquivo,

Não quero a estrela

Que deixa estar como está

Só pra ver como é que fica,

Não quero a estrela

Que não seja a estrela

Que brilha nos meus sonhos.

Antonio Cabral Filho – RJ

MARTINHO DA VILA

Domingo de chuva e sossego,

Docinhos, biscoitos, café,

E o beijo morno de Amélia;

Fosse domingo de sol,

Eu estaria açodado,

Geladas, batidas, salgados,

E o batuque solto na cozinha

Enquanto a sinhá não vem.

Antonio Cabral Filho - RJ