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Edição da Associação Empresarial de Portugal Setembro 2010 N.182

Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

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Na edição de Setembro de 2010 do Relatório Mensal de Economia, o destaque vai para as contas nacionais relativas ao segundo trimestre de 2010, onde se realça, pela positiva, o bom comportamento das exportações e, pela negativa, o pior desempenho do investimento. No que respeita à execução orçamental, os números mostram que a despesa primária está a aumentar bastante acima do previsto. Os preços acusam já a subida das taxas do IVA, mas há sinais de que este impacto foi parcialmente absorvido pelo lado da oferta.

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Page 1: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

Edição da Associação Empresarial de Portugal

Junho 2010 N.180

Setembro 2010 N.182

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S U M Á R I O

DESTAQUE ...................................................................... 2

ECONOMIA INTERNACIONAL 1. União Europeia / Zona do Euro ................................................................................ 5

2. Estados Unidos da América .............................................................................. 12

3. Japão .............................................................................. 16

4. Mercados e Organizações Internacionais .............................................................................. 18

ECONOMIA NACIONAL

1. Envolvente Política, Social e Económica .............................................................................. 27

2. Economia Monetária e Financeira .............................................................................. 40

3. Economia Real .............................................................................. 43

FICHA TÉCNICA

Propriedade

AEP - Associação Empresarial

de Portugal

Edifício de Serviços

Av. Dr. António Macedo

4450-617 LEÇA DA PALMEIRA

Director

José António Barros

Edição

AEP/ Gabinete de Estudos

Redacção

AEP/ Gabinete de Estudos

António Queiroz Menezes

Maria do Céu Filipe

Maria de Lurdes Fonseca

Nuno Torres

Pedro Capucho

Sede de Redacção

AEP - Associação Empresarial

de Portugal

Edifício de Serviços

Av. Dr. António Macedo

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de Portugal

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ISSN: 0871-9365

Depósito Legal

N.o 28804

Registo no ICS: 117830

É autorizada a reprodução dos

trabalhos publicados, desde

que

citada a fonte e informada

a direcção da revista.

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2 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

D E S T A Q U E

Economia Internacional

O Conselho Ecofin acordou no início de Setembro em novos procedimentos,

seguindo um novo calendário – o semestre europeu – para a implementação do

Pacto de Estabilidade e Crescimento. (pág. 5)

O Conselho e o Parlamento Europeu chegaram a acordo sobre as grandes linhas da

reforma do quadro europeu de supervisão do sistema financeiro. (pág. 5)

(…) o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que irá prolongar, pelo menos até ao

final do ano, a sua política de concessão de empréstimos ilimitados a taxa fixa (…)

(pág. 6)

A Comissão Europeia publicou uma previsão intermédia para a evolução da

economia europeia que revê em alta as perspectivas para 2010 (…) (pág. 8)

(…) o último relatório de conjuntura da Reserva Federal (…) reportou um crescimento

modesto da actividade económica na generalidade dos distritos federais e sinais de

abrandamento generalizado (…) (pág. 15)

Em Julho, o euro foi a moeda em destaque devido ao anúncio, sem grandes

surpresas, dos resultados dos testes de stress aos bancos europeus, o que (…)

conduziu a uma apreciação significativa nos principais câmbios (…) (pág. 18)

Os principais índices accionistas internacionais registaram uma recuperação

significativa em Julho (…). No entanto, o movimento inverteu-se em Agosto, devido

às preocupações com a dívida soberana do sul da Europa e aos sinais de

abrandamento da retoma económica global (…) (pág. 20)

Em Julho e Agosto, os preços das matérias-primas retomaram um movimento de

subida (…) (pág. 22)

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3

Economia Nacional

(…) o Primeiro-Ministro reafirmou o objectivo de reduzir o défice orçamental de 9,4%

para 7,3% do PIB em 2010 e 4,6% em 2011. (pág. 27)

Embora a despesa total do Estado esteja a crescer em linha com o orçamentado, a

despesa primária está a aumentar bastante acima do previsto (…) (pág. 29)

O Conselho de Ministros de 26 de Agosto procedeu à aprovação final do diploma que

visa simplificar o regime de acesso e de exercício de diversas actividades

económicas, no âmbito da iniciativa “Licenciamento Zero”. (pág. 33)

Em 23 de Julho, foram publicados (…) os resultados dos testes de stress para os

quatro grupos bancários portugueses envolvidos no exercício (…) (pág. 38)

As taxas de juro do mercado monetário europeu registaram uma subida significativa

em Julho (…) O movimento (…) interrompeu-se em Agosto, acabando por se registar

uma descida pouco significativa no saldo do mês (…) (pág. 40)

Em Julho, o índice PSI-20 registou uma valorização de 4,3% (…) [e] subiu de forma

pouco significativa em Agosto (0,3%) (…) (pág. 42)

As contas nacionais relativas ao segundo trimestre de 2010 (…) revelam (…) um

crescimento homólogo do PIB (1,5%). (…) de realçar, pela positiva, o bom

comportamento das exportações (…) e, pela negativa, o pior desempenho da FBCF

que viu agravada a sua queda (…) (pág.43)

O índice de produção industrial evidenciou um abrandamento homólogo significativo

em Julho (…) (pág. 48)

Em Agosto de 2010, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) apresentou uma taxa

de variação homóloga de 1,9% (…) (pág. 53)

O indicador de competitividade-custo para a economia portuguesa (…) manteve-

se estável entre o terceiro trimestre de 2009 e o primeiro trimestre de 2010. (pág.

54)

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E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

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E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

1. União Europeia / Zona do Euro

1.1. Envolvente

O Conselho Ecofin acordou no início de Setembro em novos procedimentos,

seguindo um novo calendário – o semestre europeu – para a implementação do

Pacto de Estabilidade e Crescimento. Assim, a partir de 2011, no mês de Março, o

Conselho Europeu identificará os principais desafios económicos e dará orientações

estratégicas para as políticas a seguir. Os Estados-membros apresentarão, em Abril,

as suas estratégias orçamentais a médio prazo, bem como os programas nacionais

de reforma em áreas como o emprego e a inclusão social. Em Junho e Julho, o

Conselho Europeu e o Conselho de Ministros da UE avaliarão estes documentos, o

que permitirá que as respectivas recomendações sejam tidas em conta na formulação

dos Orçamentos para o ano seguinte.

Actualmente, cada país submete à Comissão Europeia os seus programas de

estabilidade e crescimento em Dezembro de cada ano, o que só permite à Comissão

Europeia e Conselho de Ministros dos Vinte e Sete pronunciarem-se entre Fevereiro

e Maio, quando os Orçamentos nacionais já estão em plena execução.

O Conselho e o Parlamento Europeu chegaram a acordo sobre as grandes

linhas da reforma do quadro europeu de supervisão do sistema financeiro. Será

criado um Comité Europeu do Risco Sistémico que terá como objectivo identificar e

avaliar os potenciais riscos para a estabilidade financeira emitindo alertas e

recomendações. Ao nível da supervisão microprudencial serão criadas três

autoridades europeias, para os sectores bancário, segurador e de produtos e

mercados financeiros.

A Comissão Europeia tenciona atribuir quase 6,4 mil milhões de euros para o

investimento na investigação e na inovação. Este pacote de financiamento, o

maior de sempre, abrange toda uma série de matérias científicas, de domínios de

política pública e de sectores comerciais. As subvenções serão concedidas através

de convites à apresentação de propostas durante os próximos 14 meses, ao abrigo

do sétimo programa-quadro para a investigação e desenvolvimento tecnológico.

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E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

No discurso do estado da União, o presidente da Comissão, Durão Barroso,

anunciou que vai apresentar nos próximos meses propostas para proibir as

vendas a descoberto (naked short selling), as políticas de prémios

injustificados e introduzir uma taxa sobre as actividades financeiras.

1.2. Política Monetária

Indicadores monetários e financeiros – zona do euro

09: III 09: IV 10: I 10: II Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10

Agregado Monetário M3 (1)

2.50 -0.10 -0.20 0.00 -0.20 -0.20 0.00 0.10 -

Taxas de Juro Mercado Monetário

- taxa overnight 0.36 0.36 0.34 0.35 0.35 0.34 0.35 0.48 0.43

- Euribor a 3 meses 0.87 0.72 0.66 0.69 0.64 0.69 0.73 0.85 0.90

Yields Obrig. Estado a 10 anos (2)

3.69 3.67 3.54 3.14 3.40 3.00 3.03 3.01 2.48

Taxas de Juro Bancárias

- Depósitos a prazo até 1 ano 1.73 1.67 1.80 2.09 2.02 2.04 2.15 2.31 -

- Emprést. até 1 ano a empresas(3)

3.45 3.32 3.25 3.23 3.19 3.25 3.25 3.33 -

Fonte: Banco Central Europeu; valores médios do período, em percentagem; (1)

Taxa de variação homóloga em média móvel de três meses, em percentagem. Valores corrigidos de todas as

detenções de instrumentos negociáveis por agentes residentes fora da área do euro. (2)

Obrigações com notação AAA. (3)

Taxas de juro para empréstimos a taxa variável até 1 milhão de euros.

No início de Setembro, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que irá

prolongar, pelo menos até ao final do ano, a sua política de concessão de

empréstimos ilimitados a taxa fixa, cujo término estava previsto para Setembro,

admitindo implicitamente que o sistema financeiro europeu ainda não está

suficientemente restabelecido para prescindir deste apoio. Em particular, esta

notícia proporcionará bastante alívio aos bancos do sul da Europa,

nomeadamente os portugueses, particularmente dependentes desta fonte de

financiamento certa e barata, dadas às dificuldades de obtenção de crédito nos

mercados internacionais devido à crise financeira (mais concretamente devido ao

risco de dívida soberana, que se repercute depois à banca nos países atingidos).

Esta foi a principal novidade em termos de orientação de política monetária,

pois o BCE voltou a deixar as suas taxas de juro inalteradas (1%, no caso da

taxa aplicável às operações principais de refinanciamento, o mesmo valor desde 13

de Maio de 2009), considerando-as apropriadas em função das análises económica e

monetária regulares. Nestas, manteve a perspectiva de reduzidas pressões sobre

os preços e de continuação de uma retoma económica moderada (mas desigual

e talvez irregular), numa conjuntura ainda marcada pela incerteza. A análise

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7

monetária confirma que as pressões inflacionistas permanecem contidas, como

sugerido pelo fraco crescimento do crédito e da moeda.

Sobre a evolução da actividade económica em particular, o BCE destacou o

forte crescimento da área do euro no segundo trimestre (subida real em cadeia

de 1% do PIB). Os dados prospectivos mais recentes apontam para uma

moderação do crescimento económico no segundo semestre, a nível europeu e

também mundial. Apesar de tudo, espera-se a continuação da retoma mundial,

favorecendo as exportações e a economia da área do euro, que será também

apoiada pela orientação monetária acomodatícia e pelas medidas para

restabelecer o funcionamento do sistema financeiro. Espera-se que estes

factores contrariem o ajustamento em curso dos balanços em vários sectores e

as perspectivas desfavoráveis para o mercado de trabalho. Estas considerações

encontram-se também reflectidas nas projecções mais recentes de especialistas do

Eurosistema (intervalo de variação do PIB de 1,4% a 1,8% em 2010 e de 0,5% a

2,3% em 2011, em termos reais).

No que se refere aos preços, os riscos apresentam um ligeiro enviesamento no

sentido ascendente relacionado sobretudo com a evolução dos preços

energéticos e das matérias-primas não energéticas.

Em termos de políticas orçamentais, o BCE voltou a defender um progresso,

tão rápido quanto possível, em termos de consolidação das contas públicas. Os

efeitos positivos sobre a confiança podem compensar a diminuição da procura

decorrente do processo de consolidação, se as estratégias de ajustamento

orçamental forem vistas como credíveis, ambiciosas e centradas na despesa.

As condições para estes efeitos positivos são particularmente propícias no actual

contexto de incerteza macroeconómica, segundo o BCE.

O BCE insistiu também na necessidade de reformas estruturais, em particular

nos países que anteriormente sofreram uma perda de competitividade ou que

registam défices orçamentais e externos elevados (como Portugal). As medidas

devem assegurar um processo de negociação salarial que permita um

ajustamento flexível e apropriado dos salários à situação do desemprego e às

perdas de competitividade. Reformas no sentido de reforçar o crescimento da

produtividade contribuiriam também para apoiar o processo de ajustamento

dessas economias.

Refira-se ainda que, a 5 de Agosto, o BCE reportou os resultados da primeira

reunião de acompanhamento do programa económico da Grécia, com

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E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

representações do BCE, da Comissão Europeia e do FMI, concluindo-se haver

um cumprimento integral das metas e um começo promissor.

1.3. Economia Real

A Comissão Europeia publicou uma previsão intermédia para a evolução da

economia europeia que revê em alta as perspectivas para 2010 divulgadas no seu

Boletim de Primavera. Segundo estes novos dados, o PIB da zona do euro deverá

aumentar 1,7% (contra as anteriores previsões de 0,9%) e o do conjunto dos 27

Estados-membros 1,8% (0,8% nas previsões da Primavera).

Apesar disso, a CE afirma que a recuperação continua frágil e que os mercados

financeiros ainda não recuperaram dos acontecimentos mais recentes

relacionados com os problemas da dívida soberana de alguns países membros.

Considera, no entanto, que parece estar afastado o risco de uma nova recessão, mas

que a recuperação será lenta nos dois últimos trimestres do ano.

A análise da informação divulgada deixa claro que a economia alemã é o

principal impulsionador desta revisão em alta, devendo crescer 3,4% em 2010

(1,2% nas anteriores previsões). Entre outros factores, as novas previsões assentam

na recuperação da produção industrial, da evolução positiva da confiança dos

consumidores e da redução dos yields da dívida pública dos maiores Estados-

membros. A CE considera, ainda, que a inflação subjacente está sob controlo, apesar

do consumo privado se estar expandir na zona do euro, prevendo uma taxa de

inflação de 1,4% nesta área e de 1,8% no conjunto da União.

Relativamente ao comércio externo, os dados do Eurostat apontam para um

excedente da balança comercial da zona do euro de 6,7 mil milhões de euros

em Julho (primeiras estimativas) um contra um excedente de 11,9 mil milhões

de euros em igual mês de 2009 e de 2,2 mil milhões em Junho (valores não

ajustados da sazonalidade). Estes números decorrem de uma queda de 0,6% nas

exportações, entre Junho e Julho, e de 1,5% nas importações (valores ajustados da

sazonalidade).

O conjunto da União Europeia apresentou em Julho um défice de 5,7 mil milhões de

euros na balança comercial contra um excedente de 0,5 mil milhões de euros em

Julho de 2009 e um défice de 9,7 mil milhões de euros em Junho de 2010 (valores

não ajustados da sazonalidade). Entre Junho e Julho, as exportações da UE subiram

0,3% e as importações diminuíram 1,1% (valores ajustados da sazonalidade).

Page 11: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

9

Se os valores acima forem ajustados da sazonalidade, terá ocorrido um défice de

0,173 mil milhões de euros na zona do euro e de 12,4 mil milhões de euros no

conjunto da União, evoluções positivas relativamente ao mês de Junho.

Os dados de Setembro do Eurostat indicam estabilidade no desempenho industrial,

sem variação em termos mensais entre Junho e Julho tanto na zona do euro como no

conjunto da UE. Em termos homólogos, registou-se uma subida deste indicador

(7,1% na zona do euro e 6,8% no conjunto da União), no entanto, estes números

representam uma desaceleração em Junho e Julho relativamente aos meses

anteriores.

Da análise do desempenho dos agrupamentos de bens, destacam-se, pela positiva,

os bens de capital.

Produção Industrial na zona do euro

Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun 10 Jul 10

Total da Indústria 4,3 7,7 9,4 9,9 8,3 7,1

Bens Intermédios 7,2 11,8 15,7 14,8 12,0 9,2

Energia 2,5 5,8 5,2 7,6 3,4 1.9

Bens de capital 3,1 4,8 9,1 9,0 8,7 9,2

Bens de consumo duradouro 1,0 1,5 0,2 6,6 7,8 5,3

Bens de consumo não duradouro 2,5 6,5 3,2 4,0 3,8 3.6

Fonte: Eurostat; tvh em %, valores revistos

Ao nível dos Estados-membros, e em termos homólogos, saliente-se, pela positiva,

o crescimento da produção industrial na Alemanha e na Suécia (11,4% e 15,3%,

respectivamente). Em Espanha, a produção industrial aumentou 0,5%, contra 3,1%

em Junho. Fora da zona do euro, a produção industrial do Reino Unido passou de

uma tvh de 2,9% em Junho para 2,7% no mês de Julho.

Em relação aos indicadores de procura interna final, os dados do Eurostat mostram

que o volume de negócios do comércio a retalho em Julho aumentou 0,1%, tanto na

zona do euro como no conjunto da União Europeia. Em termos homólogos,

verificaram-se aumentos de 1,1% e de 1,0%, respectivamente.

Volume de Negócios no Comércio a Retalho

Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10

União Europeia 0,1 1,7 -0,9 0,9 1,2 1,0

Zona do euro 0,4 2,0 -0,3 0,9 1,2 1,1

Fonte: Eurostat, tvh em %, valores corrigidos

Page 12: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

10 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

Em Agosto, a taxa de variação homóloga dos preços na zona do euro baixou

para 1,6%, menos 0,1 p.p. do que em Julho. No conjunto da União Europeia, os

preços aumentaram 2,0%, também menos 0,1 p.p. do que em Julho.

Evolução da Inflação

tvh Taxas

médias

de 12

meses

Taxa

mensal

Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10 Ago 10-09 Ago-10

União Europeia 2,0 1,9 2,1 2,0 1,5 0,2

Zona do euro 1,6 1,4 1,7 1,6 1,0 0,2

Fonte: Eurostat, % variação HCPI

Entre os países da zona do euro, as taxas homólogas de inflação mais baixas

verificaram-se na Irlanda (-1,2%), nos Países Baixos (1,2%, valor provisório), e na

Eslováquia (1,1%) e as mais elevadas na Grécia e em Chipre (5,6% e 3,4%,

respectivamente). Na Espanha, os preços subiram, também em termos homólogos,

1,8%. Fora da zona do euro, os preços subiram 3,1% no Reino Unido.

A inflação subjacente na zona do euro foi de 1,0% (valor provisório) idêntica à de

Julho e 0,1 p.p. superior à de Junho.

De acordo com dados do Eurostat (ajustados de sazonalidade), a taxa de

desemprego da zona do euro fixou-se em 10,0% no mês de Julho, o mesmo

valor verificado nos quatro meses anteriores. O Eurostat estima assim que 15,8

milhões de pessoas na zona do euro (mais 8 000 que em Junho e mais 0,67 milhões

que no mesmo mês de 2009) se encontrassem em situação de desemprego no mês

em destaque. Considerando o cômputo geral da UE, a taxa de desemprego manteve-

se nos 9,6%, com cerca de 23 milhões de desempregados.

Taxa de Desemprego

Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10

União Europeia 9,6 9,6 9,6 9,6 9,6 9,6

Zona do euro 9,9 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0

Fonte: Eurostat; % da população activa, ajustada de sazonalidade. Valores revistos.

Os países da zona do euro (com dados disponíveis) com taxas de desemprego mais

baixas eram, em Julho, os Países Baixos (4,4%) e a Áustria (3,8%). Por outro lado, o

país com taxa mais alta de desemprego era a Espanha (20,3%). A taxa de

desemprego desceu muito ligeiramente ou estabilizou na maioria dos países da zona

do euro.

Page 13: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

11

Os últimos resultados fornecidos pelos inquéritos aos consumidores e às

empresas (compilados pela Comissão Europeia) apontam para uma melhoria do

clima de confiança dos agentes económicos na zona do euro e na UE nos

meses de Julho e Agosto.

Indicador de Confiança na União Europeia

Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10

Indústria -12 -9 -7 -5 -6 -4 -3

Construção -32 -29 -28 -30 -32 -31 -31

Comércio a retalho -5 -4 0 -4 -4 0 1

Serviços 0 1 4 2 4 6 5

Consumidores -13 -14 -12 -15 -15 -14 -11

Indicador do Clima

Económico (ESI)

97,6 99,8 101,9 100,2 100,3 102,1 102,7

Fonte: Comissão Europeia. Poderá ter ocorrido uma quebra de série em Maio devido à utilização de novos fornecedores

de informação.

No mês de Agosto, este indicador na zona do euro subiu ligeiramente para os 101,8

pontos (melhoria de 0,7 pontos relativamente a Julho e de 1,9 pontos relativamente a

Junho). A grande maioria dos países da União Europeia registou alterações positivas

neste indicador, com as excepções mais perceptíveis na Dinamarca, na Itália, nos

Países Baixos e Portugal.

Índice de Clima Económico (ESI) - UE e zona euro

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

110,0

120,0

Jan

-07

Fev

-07

Mar

-07

Ab

r-0

7

Mai

-07

Jun

-07

Jul-

07

Ag

o-0

7

Set

-07

Ou

t-0

7

No

v-0

7

Dez

-07

Jan

-08

Fev

-08

Mar

-08

Ab

r-0

8

Mai

-08

Jun

-08

Jul-

08

Ag

o-0

8

Set

-08

Ou

t-0

8

No

v-0

8

Dez

-08

Jan

-09

Fev

-09

Mar

-09

Ab

r-0

9

Mai

-09

Jun

-09

Jul-

09

Ag

o-0

9

Set

-09

Ou

t-0

9

No

v-0

9

Dez

-09

Jan

-10

Fev

-10

Mar

-10

Ab

r-1

0

Mai

-10

Jun

-10

Jul-

10

Ag

o-1

0

Series1 Series2Fonte: Comissão Europeia

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E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

2. Estados Unidos da América

2.1. Envolvente Política, Social e Económica

Em Julho, a Administração Obama reduziu a previsão do défice orçamental no

ano fiscal de 2010 em 84 m.m.d., para 1,47 biliões de dólares (o que compara com

1,41 biliões de dólares em 2009), que constitui, mesmo assim, o maior valor já

registado, equivalendo a cerca de 10% do PIB. Estas estimativas tiveram como

base novas previsões económicas mais optimistas, de crescimento do PIB em

3,1% neste ano e 4% em 2011 (embora com uma taxa de desemprego ainda perto de

10%).

Contudo, a informação económica posterior revelou-se desfavorável, obrigando

a uma revisão em baixa das perspectivas.

No início de Agosto, a Reserva Federal manteve a sua taxa de juro de referência

inalterada num mínimo histórico (intervalo de 0 a 0,2%) e, para reforçar o apoio à

retoma económica, que abrandou a partir do segundo trimestre, suspendeu a

redução progressiva do tamanho do balanço do Banco Central. Para cumprir o

novo objectivo de manter a dimensão do balanço, e dada a redução natural da

posição financeira, os rendimentos obtidos com títulos detidos serão

reinvestidos na compra de títulos de dívida pública de longo prazo,

prosseguindo ainda a substituição dos títulos vencidos por novos. Para esta

decisão pesou a manutenção de baixos níveis de inflação e, como referido, o

menor ritmo de retoma económica, com a despesa de consumo a ser condicionada

pelos elevados níveis de desemprego, a menor riqueza imobiliária e condições de

crédito apertadas, que também penalizam o investimento. Neste, apenas a despesa

de equipamento e software está a aumentar de forma significativa, permanecendo

deprimida a actividade residencial e também a relacionada com estruturas não

residenciais.

Pouco depois, o Congresso aprovou uma ajuda de 26 mil milhões de dólares

(m.m.d.) do Governo federal aos Estados em dificuldades financeiras,

proporcionando um pequeno estímulo às respectivas economias locais.

Já no início de Setembro, o Senado aprovou um montante de 30 m.m.d. para

facilitar o acesso das pequenas empresas ao crédito concedido por bancos de

Page 15: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

13

reduzida dimensão, que receberão uma injecção de capital. Essa participação

valerá ao Estado um dividendo de 5%, que poderá ser reduzido até 1% conforme o

alívio das condições de crédito às pequenas empresas.

No segundo trimestre, os resultados dos bancos norte-americanos recuperaram

para os níveis antes da crise financeira, mas apenas em termos agregados, pois

os pequenos bancos continuam com um elevado risco de recaída devido ao

fraco andamento da actividade económica.

No final de Agosto, o Presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke, indicou

que a autoridade monetária fará tudo para assegurar a continuação da retoma

económica, pelo que continuará a avaliar os benefícios de uma expansão

monetária adicional e actuará se as perspectivas se deteriorarem

significativamente. O Presidente da Reserva Federal afiançou que a questão não é

haver opções de política monetária mas sim saber se os respectivos benefícios

ultrapassam os custos e riscos associados e, nesse balanço, uma actuação com

níveis reduzidos de inflação reduz o risco de uma espiral de preços. Bernanke

apontou quatro opções de política monetária e os riscos associados. Uma delas

é o reforço das medidas quantitativas de expansão monetária (como compras de

títulos do Tesouro), que acarreta duas dificuldades. Por um lado, é difícil avaliar com

precisão o impacto sobre as condições financeiras por falta de experiência com este

tipo de abordagem. Adicionalmente, poderá haver uma redução da confiança pública

no abandono atempado deste tipo de medidas. Uma segunda opção seria indicar

que as taxas de juro continuarão perto de zero por um período mais alargado,

mas isto acarreta a dificuldade de fazer passar as intenções do Comité de política

monetária com suficiente precisão. Uma terceira opção é reduzir a taxa de depósito

das reservas dos bancos comerciais junto da Reserva Federal de 0,25% para 0,

o que poderia encorajar a concessão de crédito mas também penalizar alguns

mercados financeiros e instituições. A quarta opção elencada passa por aumentar o

objectivo de longo prazo para a inflação, mas Bernanke afastou esta possibilidade

por ter mais custos do que benefícios, ao ameaçar a credibilidade da Reserva

Federal.

Já no início de Setembro, Bernanke defendeu que a falência do banco de

investimento Lehman Brothers, que desencadeou um agravamento acentuado

da crise financeira em 2008, não podia ter sido evitada, após uma acusação

recente a esse propósito por parte do anterior Presidente da companhia. Segundo

Bernanke, o banco Lehman Brothers não foi ajudado pelo Estado porque não era

sustentável, ao contrário da AIG, que continuava a apresentar uma parte seguradora

Page 16: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

14 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

forte e sustentável, posta em causa por elevadas perdas resultantes de maus

investimentos financeiros.

Entretanto, a Administração Obama anunciou que está a preparar um novo

plano de estímulo económico no valor de 180 m.m.d., propondo o

prolongamento do plano de infra-estruturas (sobretudo na componente rodoviária)

e tornar permanentes o crédito de imposto para a Investigação e

Desenvolvimento e também os cortes de impostos decididos pela anterior

Administração Bush, mas apenas para a classe média (expirando a medida para a

classe mais rica, uma questão que está a dividir o Partido Republicano).

A decisão da Administração Obama seguiu-se à forte revisão em baixa do

crescimento económico no segundo trimestre (apesar de associada a um

aumento invulgar e temporário das importações) e aos sinais de fraca actividade

nos meses de Verão, que levaram a Reserva Federal a rever desfavoravelmente

a avaliação da situação económica.

Adicionalmente, um estudo do Gabinete Orçamental do Congresso (GOC)

mostra que o programa anti-recessivo da Administração Obama está a ter um

impacto bastante significativo, o que significa que a retoma económica está

ainda muito dependente das medidas de estímulo governamental, que se

esgotarão progressivamente até final do ano. Segundo os cálculos do Gabinete, as

medidas de estímulo terão contribuído entre 1,7% e 4,5% para o aumento do PIB no

segundo trimestre. Como o crescimento económico nesse período se situou em 1,6%

(variação trimestral anualizada), após a referida revisão em baixa, o PIB norte-

americano poderá estar actualmente em contracção sem o estímulo público.

Contudo, o GOC alertou para a forte deterioração da situação fiscal se os cortes

de impostos decididos pela anterior Administração forem tornados

permanentes, como é intenção do actual Governo, prevendo um aumento de 3,2

biliões de dólares do défice ao longo da próxima década. Apesar da medida

estimular o crescimento económico e o emprego no curto prazo, a situação fiscal em

2020 tornar-se-ia muito difícil, devido ao forte crescimento do endividamento público.

2.2. Economia Real

Os dados mais recentes das contas nacionais norte-americanas, referentes às

segundas estimativas para segundo trimestre, evidenciaram um crescimento

trimestral anualizado de 1,6% (menos 0,8 p.p. que nas primeiras estimativas),

traduzindo um abrandamento significativo face ao valor de 3,7% no trimestre

Page 17: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

15

anterior (e ainda mais comparando com a subida de 5% no último trimestre de 2009).

Apesar de tudo, os dados não foram tão desfavoráveis como parecem, pois o

crescimento do consumo privado manteve-se perto de 2%, o contributo da

FBCF para o crescimento trimestral anualizado do PIB aumentou de 0,39 para

2,12 p.p. e o abrandamento das exportações foi moderado (de 11,4% para 9,1%).

A forte desaceleração do PIB esteve associada sobretudo a factores

temporários. Por um lado, as importações aumentaram 32,4% em termos

anualizados (após uma subida 11,2% no trimestre anterior) devido à entrada

massiva de mercadorias oriundas da China, em face da alteração das tarifas de

exportação chinesas, que favoreceram a antecipação encomendas. Por outro lado,

assistiu-se a uma forte redução da variação de stocks, reduzindo o contributo

para o crescimento trimestral anualizado do PIB de 2,64 para 0,63 p.p.

No entanto, o último relatório de conjuntura da Reserva Federal (Livro Bege), já

com informação de meados de Julho até final de Agosto, reportou um

crescimento modesto da actividade económica na generalidade dos distritos

federais e sinais de abrandamento generalizado, confirmando a perda de

dinamismo. Tendo em conta o relatório, os sinais de enfraquecimento foram mais

visíveis no mercado residencial e no abrandamento da actividade industrial, que se

mantém o sector mais dinâmico. O consumiu continuou a aumentar de forma

modesta, e a actividade no sector dos serviços melhorou de forma ligeira. No que se

refere aos salários e preços dos bens finais, as subidas continuaram a ser muito

limitadas.

Com efeito, em Agosto a taxa de inflação homóloga medida pelo índice de

preços no consumidor situou-se em 1,1%, menos 0,1 p.p. que em Julho. A taxa de

inflação subjacente, que exclui a alimentação e energia, permaneceu em 0,9%

pelo quinto mês consecutivo.

A informação da actividade sectorial deu conta de um menor dinamismo na

indústria e nos serviços, e um agravamento das perdas na construção:

- o índice de produção industrial abrandou pelo segundo mês consecutivo em Agosto,

em termos homólogos (subida de 6,2%, após 7,4% e 8,2% nos dois meses

precedentes);

- em Agosto, o índice ISM não industrial recuou de forma significativa (de 54,3 para

51,5 pontos), mas mantendo-se ainda acima da referência de expansão (50 pontos),

o que evidencia uma perda de dinamismo nos serviços;

- as despesas de construção registaram uma quebra homóloga mais forte em Julho

(10,7%, após uma descida de 7,9% em Junho), mas inferior à descida homóloga de

Page 18: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

16 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

Janeiro a Julho, de 11,8% (variações nominais), confirmando que a tendência de

desagravamento se mantém, embora de forma menos vincada do que em meses

anteriores.

A taxa de desemprego aumentou ligeiramente em Agosto (0,1 p.p., para 9,6%),

permanecendo relativamente estável a um nível historicamente elevado. O

número de postos de trabalho do sector não agrícola voltou a registar uma quebra

pouco acentuada (54 mil postos de trabalho), com origem no sector público,

provavelmente ainda a reflectir o fim dos censos, para além das dificuldades

financeiras de alguns estados. Os ganhos de emprego no sector privado

permaneceram modestos, com a maior contribuição a vir dos serviços. O sector da

construção passou a registar um aumento do emprego, contrariando uma evolução

contrária na indústria.

No que se refere a indicadores avançados, a informação mais recente do

instituto Conference Board aponta para uma fraca expansão da actividade

económica até final do ano. Esta é a indicação do índice dos indicadores

avançados, que aumentou 0,1% em Julho após uma quebra de 0,3% em Junho. A

perspectiva não foi alterada pela informação mais recente referente ao índice de

confiança dos consumidores, que melhorou de forma modesta em Agosto, persistindo

a apreensão relativamente às condições de emprego.

3. Japão

3.1. Envolvente Política, Social e Económica

A 30 de Agosto, numa reunião não calendarizada, o Banco do Japão anunciou

uma nova facilidade de financiamento a seis meses para a banca, com vista a

apoiar a retoma económica. O montante da operação ascende a 10 biliões de

ienes, acrescendo ao valor inalterado de 20 biliões da facilidade a 3 meses. A

decisão, que ocorreu apenas 20 dias após a manutenção dos referenciais de

política monetária na habitual reunião de início de mês (com uma taxa de juro de

directora de 0,1%), foi justificada pela deterioração da situação económica nos

EUA, o principal mercado de exportação, e o máximo de 15 anos do iene face ao

dólar.

Já em Setembro, o primeiro-ministro Naoto Kan manteve-se no cargo depois de

ter sido reeleito Presidente do Partido Democrático do Japão com uma margem

maior do que o esperado, tendo em conta a que a campanha eleitoral foi bastante

Page 19: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

17

disputada. Na declaração de vitória, Kan afastou receios de divisão interna,

tendo sinalizado a possibilidade de integração de membros da facção rival em

próximas remodelações do elenco governativo.

Pouco tempo depois, o Governo japonês interveio no mercado cambial para

travar a subida do iene, que atingiu novos máximos de 15 anos face ao dólar

após a reeleição de Kan. Esta foi a primeira intervenção cambial em 6 anos,

levando a uma queda diária de mais de 3% naquele câmbio. A decisão

desencadeou a especulação de medidas semelhantes por parte de outros

países asiáticos.

3.2. Economia Real

No segundo trimestre, o PIB nipónico registou uma variação em cadeia de 0,4%,

traduzindo uma desaceleração significativa face à subida de 1,2% no trimestre

anterior. Considerando a desagregação por componentes de despesa, a perda de

dinamismo resultou do menor contributo da procura externa líquida

(desaceleração das exportações para uma variação em cadeia de 5,9% e aceleração

das importações para 4,1%), do abrandamento do consumo privado (variação

nula, após 0,5% no primeiro trimestre), da menor variação de stocks, e da quebra

agravada do investimento público. O único sinal positivo veio do investimento

privado não residencial, que acelerou de 0,8% para 1,5%.

Em Julho, o índice de preços no consumidor registou uma quebra homóloga de

0,5% (após uma variação nula em Junho), a primeira desde Fevereiro. O índice

subjacente, que exclui as componentes de alimentação e energia, agravou o ritmo

de descida de 0,1% para 0,3%.

No mesmo mês, a taxa de desemprego situou-se em 5,2% (menos 0,1 p.p. que no

mês anterior), situando-se pelo quinto mês seguido ligeiramente acima de 5%,

que constitui um valor historicamente elevado no Japão.

Em termos de indicadores avançados, a informação mais recente revelou-se

desfavorável, sugerindo a continuação do abrandamento económico nos

próximos meses. O índice mensal de condições de negócio recuou abaixo da

referência de expansão (50 pontos) em Junho e Julho, depois de mais de um ano em

níveis bastante elevados (perto de 100). Por sua vez, o índice de confiança dos

consumidores recuou em Julho e Agosto, situando-se perto do valor registado em

Abril.

Page 20: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

18 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

4. Mercados e Organizações Internacionais

4.1. Mercado de Câmbios

Cross rates das principais divisas internacionais

(fecho das sessões de início e fim das semanas de Julho e Agosto)

Dólares por

Euro

Libras por

Euro

Ienes por

Euro

Libras por

Dólar

Ienes por

Dólar

Quinta, 1 1.233 0.822 108.140 0.667 87.719

Sexta, 2 1.255 0.825 109.880 0.658 87.568

Segunda, 5 1.253 0.828 109.930 0.660 87.726

Sexta, 9 1.264 0.836 111.850 0.662 88.510

Segunda, 12 1.257 0.836 111.350 0.665 88.570

Sexta, 16 1.300 0.845 112.540 0.650 86.569

Segunda, 19 1.296 0.848 112.840 0.655 87.088

Sexta, 23 1.290 0.837 112.480 0.649 87.214

Segunda, 26 1.293 0.834 112.310 0.645 86.853

Sexta, 30 1.303 0.835 112.620 0.641 86.445

Segunda, 2 1.307 0.826 113.270 0.632 86.644

Sexta, 6 1.318 0.830 113.140 0.630 85.868

Segunda, 9 1.325 0.830 113.480 0.627 85.626

Sexta, 13 1.280 0.821 109.780 0.642 85.772

Segunda, 16 1.282 0.821 109.490 0.640 85.406

Sexta, 20 1.271 0.819 108.540 0.644 85.391

Segunda, 23 1.270 0.817 108.230 0.643 85.194

Sexta, 27 1.271 0.821 107.740 0.645 84.748

Segunda, 30 1.270 0.817 107.540 0.643 84.677

Terça, 31 1.268 0.825 107.070 0.650 84.440

Variação em Julho e Agosto (1)

3.33% 0.90% -1.58% -2.36% -4.76%

Variação em Julho (1)

6.17% 2.13% 3.52% -3.80% -2.49%

Variação em Agosto (1)

-2.67% -1.21% -4.93% 1.50% -2.32%

(1) Variação registada entre a última cotação do(s) mês(es) em análise e a última cotação do mês anterior.

Nota: cálculo com base no ´fixing’ do Banco Central Europeu

Nos meses de Julho e Agosto, destaca-se a subida acentuada do iene devido ao

estatuto de moeda refúgio, em particular no câmbio com o dólar, face ao qual

atingiu um máximo de 15 anos. Na cotação com o euro, a moeda nipónica renovou

máximos de nove anos no final de Agosto.

Em Julho, o euro foi a moeda em destaque devido ao anúncio, sem grandes

surpresas, dos resultados dos testes de stress aos bancos europeus, o que

melhorou as perspectivas da moeda europeia e conduziu a uma apreciação

Page 21: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

19

significativa nos principais câmbios, em particular face ao dólar (mais de 6%). A

subida do euro foi ainda suportada pela divulgação de dados favoráveis da actividade

industrial europeia e vários leilões de dívida bem sucedidos no sul da Europa. A

moeda norte-americana recuou face às principais moedas depois do Presidente

da Reserva Federal não ter afastado a necessidade de novas medidas

extraordinárias de política monetária em face das perspectivas invulgarmente

incertas para os EUA. A depreciação face ao iene começou logo no início de

Julho com a divulgação de um valor recorde de compras de dívida japonesa

pela China. No câmbio com a libra, a descida do dólar foi ampliada pela divulgação

de dados favoráveis do PIB britânico no segundo trimestre, fortalecendo a

possibilidade de uma retirada antecipada das medidas extraordinárias de política

monetária do Banco de Inglaterra.

No mês de Agosto, o ressurgimento dos receios em torno da dívida soberana

no sul da Europa fez predominar a aversão ao risco nos mercados financeiros,

a par da divulgação de alguns dados económicos menos favoráveis tanto nos

EUA como na Europa, que colocaram em dúvida o prosseguimento da retoma

económica global. Este contexto foi determinante para a retoma da procura de

dólares e sobretudo de ienes como moedas de refúgio, destacando-se também

os comentários do Presidente da Reserva Federal sobre o abrandamento da retoma

mundial. A moeda nipónica registou subidas mensais significativas nos

principais câmbios, sobretudo face ao euro, penalizado pelas preocupações

sobre a dívida soberana no sul da Europa. O dólar depreciou-se face ao iene

(embora um pouco menos que em Julho) e ganhou valor na cotação com o euro e a

libra, que foi prejudicada pela divulgação de dados económicos desfavoráveis. No

final de Agosto, a possibilidade de intervenção cambial das autoridades

nipónicas, anunciada pelo primeiro-ministro Naoto Kan, travou um pouco a

progressão do iene. No entanto, a pressão de subida permaneceu elevada pois

logo depois surgiram dados a evidenciar o elevado volume de transacções diárias em

ienes, significando que uma intervenção cambial bem sucedida terá de mobilizar

elevados montantes de reservas, muito maiores do que em 2004, a última vez

em que foram levadas a cabo tais operações.

A variação das principais taxas de câmbio no conjunto dos dois meses foi a seguinte:

apreciação do iene em 4,76% relativamente ao dólar e em 1,58% face ao euro, que

por sua vez se apreciou 0,9% face à libra e 3,33% na cotação com a moeda norte-

americana; depreciação do dólar no câmbio com a libra (2,36%).

Page 22: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

20 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

4.2. Mercados Bolsistas Internacionais

Os principais índices accionistas internacionais registaram uma recuperação

significativa em Julho, impulsionados pela divulgação de resultados favoráveis

em várias empresas e pela ausência de surpresas negativas nos testes de

stress financeiro aos bancos europeus. No entanto, o movimento inverteu-se em

Agosto, devido às preocupações com a dívida soberana do sul da Europa e aos

sinais de abrandamento da retoma económica global, após a perda de dinamismo

de alguns indicadores na China e a revisão em baixa das perspectivas da Reserva

Federal. Apesar de tudo, o anúncio de operações de concentração impediu uma

evolução mais negativa dos mercados de acções neste período.

Nos EUA, o índice accionista Dow Jones Industrials (DJI), representativo dos

títulos mais tradicionais, valorizou-se 7,1% em Julho e recuou 4,31% em

Agosto, enquanto o índice tecnológico Nasdaq evidenciou variações de 6,9% e -

6,24%, ficando quase inalterado no saldo dos dois meses. Em termos de variação

acumulada no ano, no final de Agosto registava-se uma quebra de 4% no DJI e de

6,8% no Nasdaq.

Os receios de abrandamento económico nos EUA e o consequente recuo do

mercado accionista em Agosto conduziram a uma descida significativa da yield

das obrigações do Tesouro norte-americano no referencial dos 10 anos, que

6547,05

8799,26

8146,52

10725,43

9908,39

11205,03

9686,48

5000,00

6000,00

7000,00

8000,00

9000,00

10000,00

11000,00

12000,00

13000,00

14000,00

15000,00

02

/03

/09

19

/03

/09

07

/04

/09

24

/04

/09

13

/05

/09

01

/06

/09

18

/06

/09

07

/07

/09

24

/07

/09

12

/08

/09

31

/08

/09

17

/09

/09

06

/10

/09

23

/10

/09

11

/11

/09

30

/11

/09

17

/12

/09

05

/01

/10

22

/01

/10

10

/02

/10

01

/03

/10

18

/03

/10

06

/04

/10

23

/04

/10

12

/05

/10

31

/05

/10

17

/06

/10

06

/07

/10

23

/07

/10

11

/08

/10

30

/08

/10

Índ

ice (em

po

nto

s)

Estados Unidos - índice Dow Jones Industrials

Fonte: Yahoo Finance

Page 23: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

21

registou o valor mais baixo desde o início de 2009 no final do mês (3,47%, após

3,94% no final de Julho e a 3,96% no início desse mês).

Os índices das duas principais praças europeias apresentaram andamentos

bastante diferenciados nos dois meses em apreço. O índice alemão Dax Xetra

valorizou-se 3,1% em Julho e depois perdeu praticamente o mesmo valor em

Agosto (3,6%), enquanto o índice inglês Ftse-100 acabou por registar uma

valorização bastante significativa no conjunto dos dois meses. Com efeito, após

um ganho de 6,9% em Julho, o Ftse apenas recuou 0,6% em Agosto, reflectindo

sobretudo a melhoria do andamento do PIB britânico no segundo trimestre.

O índice japonês Nikkei-225 evoluiu em contra-ciclo com o resto do mercado,

tendo evidenciado um ganho de 1,7% em Julho e uma descida de 7,5% em

Agosto, que traduziu a desvalorização do sector exportador em face da

acentuada apreciação do iene (para um máximo e 15 anos face ao dólar).

3000,00

3600,00

4200,00

4800,00

5400,00

6000,00

6600,00

7200,00

7800,00

8400,00

02

/03

/09

19

/03

/09

07

/04

/09

24

/04

/09

13

/05

/09

01

/06

/09

18

/06

/09

07

/07

/09

24

/07

/09

12

/08

/09

31

/08

/09

17

/09

/09

06

/10

/09

23

/10

/09

11

/11

/09

30

/11

/09

17

/12

/09

05

/01

/10

22

/01

/10

10

/02

/10

01

/03

/10

18

/03

/10

06

/04

/10

23

/04

/10

12

/05

/10

31

/05

/10

17

/06

/10

06

/07

/10

23

/07

/10

11

/08

/10

30

/08

/10

Índ

ice (em

po

nto

s)

Alemanha e Reino Unido

Alemanha

índice Dax Xetra

Reino Unido

índice Footsie 100

Fonte: Yahoo Finance

Page 24: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

22 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

4.3. Mercados de Matérias-Primas

2008 2009 1T 10 2T 10 Jun-10 Jul-10 Ago-10

Brent (Mar do Norte) 97.7 61.9 76.7 78.7 74.8 74.7 76.7

Algodão 71.4 62.8 81.1 90.0 91.7 84.1 90.4

Alumínio (99,7% pureza) 2577.9 1699.2 2164.7 2096.2 1929.4 1989.1 2110.5

Cobre 6963.5 5165.3 7234.0 7024.9 6501.5 6750.6 7302.7

Chumbo 2093.3 1719.4 2213.6 1952.1 1707.3 1844.0 2082.8

Níquel 21141.5 14672.4 19977.8 22456.6 19411.3 19548.5 21448.8

Estanho 18466.6 13602.7 17190.5 17819.1 17257.7 18206.5 20733.1

Zinco 1884.8 1658.4 2283.6 2028.0 1746.5 1847.1 2047.5

Minério de Ferro (Fe) (1)

140.6 101.0 101.0 167.0 167.0 205.0 205.0

Fonte: Fundo Monetário Internacional

Cotações Spot; média das cotações diárias, excepto no caso do algodão (média das cotações semanais).

Unidades: brent: dólares por barril; algodão: cêntimos de dólar (cts USD) por libra de peso (1 libra de peso equivale a

453,6 gramas); alumínio (grau de pureza mínimo de 99,5%), cobre, chumbo, níquel, estanho, zinco: dólares por

tonelada; minério de ferro: cts USD por 1% Fe DMTU (Dry Metric Ton Unit), tendo o minério Carajas Fines (Brasil) um

conteúdo de 67,55% Fe DMTU – por exemplo, uma cotação de 77 cts USD / DMTU (Carajas) equivale a 52,01 USD /

tonelada. (1)

os preços do Minério de ferro são fixados trimestralmente (anualmente, antes de Abril de 2010) pelas três principais

empresas a nível mundial (Rio Tinto, BHP Militon e Vale), constituindo a referência para os restantes produtores.

Em Julho e Agosto, os preços das matérias-primas retomaram um movimento

de subida, traduzindo restrições na oferta, o recuo do dólar (em Julho) e a atenuação

dos receios sobre o andamento próximo da economia global já no final de Agosto.

No caso do brent, a cotação média diminuiu ligeiramente em Julho (0,2%) e

aumentou 2,6% em Agosto (para 76,7 dólares por barril), destacando-se as

previsões cautelosas da procura pela OPEP e Agência Internacional da Energia

(AIE) em face do abrandamento esperado da economia global no segundo semestre.

A previsão da OPEP (aumento de 1 milhão de barris/dia em 2010, que compara com

uma projecção de 1,8 da AIE) criou expectativas de manutenção da oferta do

cartel na reunião de Outubro. Por sua, AIE referiu que o aumento previsto da

procura de petróleo este ano tem origem nas economias emergentes (China e

Índia, sobretudo), que estão a alterar a sazonalidade do consumo mundial. Pela

primeira vez, a procura no segundo trimestre foi superior à do primeiro (86,6 e

86 milhões de barris/dia, respectivamente), altura em que se costumava observar

um pico associado ao Inverno nas economias ocidentais.

O preço médio do algodão corrigiu em forte baixa no mês de Julho (8,2%), após

vários meses de subida, mas recuperou a maior parte do valor em Agosto (7,4%,

para 90,4 cêntimos de dólar por libra de peso). A cotação diária chegou mesmo a

renovar máximos de 15 anos em Agosto, devido às cheias no Paquistão, o

quarto maior produtor mundial. Destacam-se ainda alguns problemas nas

Page 25: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

23

colheitas do Brasil e Grécia e a existência de oferta que ainda não chegou ao

mercado oriunda de grandes produtores como a Índia, o Uzbequistão, o

Turquemenistão e os EUA, que este ano têm uma grande colheita mas estão a

enfrentar problemas logísticos. De acordo com o Departamento da Agricultura dos

EUA (o maior produtor mundial), o rácio dos stocks para o consumo vai cair para

um mínimo de 15 anos dentro em breve, devido a uma oferta reduzida desde 2005

e a uma crescente procura (em particular da China, o maior consumidor global). No

entanto, a oferta actual é adequada no longo prazo, segundo um analista do

mercado do algodão, realçando que o preço tem reagido a choques de curto

prazo da oferta e aos interesses dos hedge funds.

No que se refere aos metais de base, a subida foi generalizada em Julho e

Agosto, tendo-se acentuado neste último mês (em todos os casos) devido à

continuação da retoma da actividade industrial e à melhoria das perspectivas

para a economia mundial e a chinesa em particular. O cobre, que costuma ser

seguido como indicador avançado da actividade industrial, registou subidas de 3,8%

em Julho e 8,2% em Agosto, para o que contribuiu a produção mineira abaixo do

esperado das principais empresas do sector (quebra homóloga de 12% no primeiro

semestre, levando a uma redução de 28% dos stocks na London Metal Exchange

desde Fevereiro). No estanho, os receios de problemas de oferta no principal

produtor mundial (a Indonésia) também acentuaram a pressão de subida (5,5% em

Julho e 13,9% em Agosto). Destacam-se ainda as fortes progressões nos preços do

chumbo (8% e 13%) e zinco (5,8% e 10,9%). No caso do minério de ferro, o preço

para o terceiro trimestre foi fixado 22,8% acima do anterior. Recorde-se que esta

cotação é fixada trimestralmente pelas três principais empresas a nível mundial,

servindo de referência para os demais produtores.

4.4. Comércio Internacional / Organização Mundial do Comércio (OMC)

Segundo dados coligidos pela OMC, o comércio mundial cresceu cerca de 25%

em valor no final do segundo trimestre de 2010, em termos homólogos,

retomando a sua evolução positiva em cadeia (no segundo trimestre aumentou

6,6% relativamente ao primeiro).

Page 26: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

24 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

Fonte: OMC

4.5. Organizações Económicas Internacionais

Na abertura da conferência sobre emprego que decorreu em Oslo, o director-geral

do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou que

“o mercado laboral está numa situação catastrófica” e reconheceu a

“necessidade de mudar a nossa forma de pensar e as nossas políticas”. De

acordo com o relatório preparado para esta conferência pelo FMI e pela Organização

Internacional do Trabalho (OIT), a crise gerou em três anos 30 milhões de

desempregados, o que elevou para 210 milhões o número de desempregados ao

nível mundial.

Em informação divulgada no início do mês de Setembro, a OCDE considera que os

seus Indicadores Compostos Avançados – CLI mostram, agora, que o pico da recente

expansão já foi atingido na maioria das economias da OCDE. Com excepção da

Alemanha e dos Estados Unidos nota-se, assim, que o ritmo de expansão diminuiu

claramente na generalidade dos países.

Comércio Mundial

1500000

2000000

2500000

3000000

3500000

4000000

4500000

20

05

Q1

20

05

Q2

20

05

Q3

20

05

Q4

20

06

Q1

20

06

Q2

20

06

Q3

20

06

Q4

20

07

Q1

20

07

Q2

20

07

Q3

20

07

Q4

20

08

Q1

20

08

Q2

20

08

Q3

20

08

Q4

20

09

Q1

20

09

Q2

20

09

Q3

20

09

Q4

20

10

Q1

20

10

Q2

Milhões de dólares

Page 27: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

25

Fonte: OCDE, indicadores ajustados de amplitude

Relativamente à Alemanha, é de destacar que a evolução do seu indicador avançado

é consentânea com a reformulação das previsões para a evolução do PIB feita pela

Comissão Europeia em meados de Setembro.

A OCDE divulgou, igualmente, uma avaliação intercalar das perspectivas de

crescimento dos seus países membros. Nesta avaliação intercalar, a OCDE revê em

baixa as previsões que tinha feito no seu World Economic Outlook de Maio,

relativamente aos dois últimos trimestres de 2010.

Segundo esta avaliação a recuperação tende agora a tornar-se mais lenta do que nos

dois primeiros trimestres.

Indicadores Avançados da OCDE

85

90

95

100

105

110

Jul-

07

Ag

o-0

7

Set

-07

Ou

t-0

7

No

v-0

7

Dez

-07

Jan

-08

Fev

-08

Mar

-08

Ap

r-2

00

8

May

-20

08

Jun

-20

08

Jul-

20

08

Au

g-2

00

8

Sep

-20

08

Oct

-20

08

No

v-2

00

8

Dec

-20

08

Jan

-20

09

Feb

-20

09

Mar

-20

09

Ap

r-2

00

9

May

-20

09

Jun

-20

09

Jul-

20

09

Au

g-2

00

9

Sep

-20

09

Oct

-20

09

No

v-2

00

9

Dec

-20

09

Jan

-20

10

Feb

-20

10

Mar

-20

10

Ab

r-1

0

May

-20

10

Jun

-10

Portugal United States Euro area

OECD - Total United Kingdom Germany

Page 28: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

26 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A I N T E R N A C I O N A L

Page 29: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

27

E C O N O M I A N A C I O N A L

1. Envolvente Política, Social e Económica

Contas Públicas

Em Setembro, o Governo publicou uma portaria em que agrava os custos das

garantias concedidas à banca nacional ao abrigo da linha de 20 mil milhões de

euros criada em 2008 para responder à crise financeira global. Simultaneamente,

o Governo vai obrigar as empresas que recorram a estas medidas a apresentarem

um estudo de viabilidade quando "o total de responsabilidades garantidas a essa

instituição seja representativo no conjunto das respectivas responsabilidades e em

termos absolutos".

Também em Setembro, no final da Cimeira da União Europeia, em Bruxelas, o

Primeiro-Ministro reafirmou o objectivo de reduzir o défice orçamental de 9,4%

para 7,3% do PIB em 2010 e 4,6% em 2011. José Sócrates referiu que este ano

vamos atingir os objectivos orçamentais pois a receita fiscal é maior do que o

previsto e a despesa também está em linha com o que estava orçamentado,

classificando de alarmistas as notícias de descontrolo das contas públicas. O

primeiro-ministro salientou ainda o facto do crescimento económico do primeiro

semestre ter sido o dobro do previsto para a totalidade de 2010. No próximo ano, o

esforço de redução do défice orçamental será ainda mais sério, segundo

Sócrates, sendo necessário “reduzir a despesa mas também aumentar a

receita”, como estava a ser feito em 2008 quando Portugal foi atingido pela crise

financeira internacional. De acordo com Sócrates, “os nossos problemas, devem-

se, em grande medida, à quebra das receitas em 2008”, mas actualmente “a

situação de Portugal (em relação às receitas) é de recuperação”.

O Chefe do Governo referiu-se ainda à aprovação do “semestre europeu”,

classificando-o como um passo significativo no reforço da coordenação

económica entre os 27 Estados-membros da UE.

Na mesma altura, numa conjuntura de agravamento dos juros da dívida pública

nacional, o ministro da Presidência, Silva Pereira, solicitou responsabilidade e o

bom senso aos partidos da oposição na altura da votação do Orçamento para o

Page 30: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

28 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

próximo ano. Por sua vez, o Ministério das Finanças alertou que as "as

permanentes hesitações e ameaças da oposição quanto à viabilização do

próximo orçamento têm efeitos prejudiciais graves na percepção dos investidores

externos sobre a situação financeira do país e sobre o agravamento do custo da

dívida pública". O Ministério salientou ainda que o limite de endividamento

previsto no orçamento não será ultrapassado, apesar de já terem sido

satisfeitas 90 por cento das necessidades de financiamento do Estado previstas

para este ano. Esta opção foi justificada com o aproveitamento das

oportunidades de liquidez no mercado da dívida soberana, de modo a beneficiar

de circunstâncias menos desfavoráveis na colocação da dívida.

Sobre o “semestre europeu”, o presidente do Tribunal de Contas, Guilherme de

Oliveira Martins, salienta que não significa uma perda de soberania para os

países e que é um passo fundamental para o governo económico da União

Europeia, lembrando que, no caso de Portugal, “a última palavra cabe à Assemb leia

da República”. O presidente do Tribunal de Contas lembrou ainda que a coordenação

das políticas orçamentais é uma exigência da moeda única europeia.

Estimativa de Execução Orçamental do Estado

Jan-Ago 2009 Jan-Ago 2010 Variação

homóloga

Variação

OE 2010

Receita corrente 22000.1 22286.2 1.3% 1,1%

Despesa corrente 29099.2 30053.5 3.3% 3,7%

da qual: despesa corrente primária 25671.7 26915.7 4.8% 2,9%

Saldo corrente -7099.1 -7767.3 9.4% 12.0%

Receita de capital 318.6 437.7 37.4% 146.4%

Despesa de capital 1964.0 1860.1 -5.3% -9.8%

Saldo de capital -1645.4 -1422.4 -13.5% -35.0%

Saldo de execução orçamental -8744.4 -9189.7 5.1% 1,3%

Saldo primário -5316.9 -6052.0 13.8% -3.5%

valores em milhões de euros (m.e.); óptica da Contabilidade Pública.

Nota: os valores de despesa excluem activos financeiros, passivos financeiros e a transferência para o Fundo de

Regularização da Dívida Pública.

Fonte: Direcção-geral do Orçamento (DGO) - Boletim de Execução Orçamental

De acordo com a última síntese orçamental da DGO, o subsector Estado

acumulou um défice de 9189,7 m.e. no período de Janeiro a Agosto, traduzindo

um agravamento de 5,1% (445,3 m.e.), com a deterioração do saldo corrente a mais

do que compensar a melhoria no saldo de capital. Esta evolução traduziu uma

subida mais forte da despesa do que da receita (2,7% e 1,8%, respectivamente,

face a metas orçamentais iniciais de 2,7% e 3,3% para o conjunto do ano, agora

Page 31: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

29

insuficientes face ao novo objectivo para o défice), ambas em desaceleração

relativamente ao acumulado até Julho, sobretudo a receita.

Refira-se que o Estado foi o único subsector das administrações públicas que

registou uma deterioração das contas nos períodos em confronto, sendo

também o único com um saldo negativo significativo (o défice da administração

regional é muito menor e reduziu-se).

Embora a despesa total do Estado esteja a crescer em linha com o

orçamentado, a despesa primária está a aumentar bastante acima do previsto

(4,1%, face a uma meta de 1,9%, embora em desaceleração face à subida de 5,3%

até Julho) devido ao recuo não esperado da despesa com juros (8,5%). O desvio em

alta da despesa primária reflecte a quebra abaixo do previsto do investimento

(5,3%, face a uma descida projectada de 9,8%), mas sobretudo a incapacidade de

conter o crescimento da despesa corrente primária, que está a subir muito mais

do que o orçamentado (4,8%, face a uma meta de 2,9%), num contexto em que a

receita total está abaixo do antecipado.

Dentro da despesa corrente primária, destacam-se as subidas de 4,9% das

transferências correntes e de 3,9% da despesa com pessoal (após corrigir a

reclassificação de verbas das contribuições do Estado para a CGA em 2009). Na

despesa com pessoal, o maior crescimento regista-se na rubrica “Segurança

Social” (14,3%), relacionado com o aumento da contribuição dos serviços da

administração directa do Estado para a CGA, mas tem maior peso a subida de

1,7% nas remunerações certa e permanentes, que decorre dos novos sistemas

remuneratórios das forças de segurança e dos militares, de alterações salariais de

docentes do ensino não superior e ainda da contratação extraordinária de pessoal

a termo pelo INE no âmbito do Recenseamento Agrícola e da preparação do Censos

2011.

Dentro das transferências, destaca-se, pelo seu peso, a subida de 10,6% nas

transferências para a Segurança Social, reflectindo o cumprimento da respectiva lei

de bases, seguida do aumento de 7,4% das verbas para o SNS, onde se salienta a

assunção, a partir de 2010, dos encargos de saúde prestados aos beneficiários dos

subsistemas públicos. Regista-se ainda o crescimento muito significativo (11,5%)

das “outras transferências correntes” justificado pelo aumento dos encargos com

bolsas de ensino Superior e pela reclassificação das transferências para as

instituições de ensino superior com natureza fundacional, que até Junho de 2009 se

processavam por transferências para a Administração Central.

Page 32: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

30 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Passando à análise da receita do subsector Estado, realça-se o acréscimo de

3,3% da receita fiscal (mais 2,1 p.p. que o previsto), mais do que compensando

a descida da receita não fiscal (8,3%), com origem na sua componente corrente

(quebra de 14,3%),1 o que determinou o comportamento abaixo do esperado da

receita total. Daqui resulta que a receita corrente está a crescer ligeiramente

acima do esperado (1,3%, face a um objectivo de 1,1%), mas a receita de capital

apresenta um acréscimo menor do que o antecipado (37,4%, que compara com a

meta de 146,4%).

A subida da receita fiscal teve origem nos impostos indirectos (aumento

homólogo de 10,6%), que contrariaram a quebra de 6,7% nos impostos directos.

Nestes, o IRC diminuiu 4,9% (devido ao aumento dos reembolsos) e o IRS recuou

7,7%, reflectindo também um aumento dos reembolsos, mais a influência do novo

regime de transferências da participação variável deste imposto para os municípios

(passou a ser feita mensalmente, ao invés de 2009, em que foi efectuada apenas no

último trimestre).

Nos impostos indirectos, salienta-se o crescimento de 13,9% da cobrança de

IVA (bastante acima da meta orçamental de 3,6%, mas em abrandamento face à

subida de 14,6% até Julho, não obstante a subida da taxa de imposto). Outro

contributo importante para o aumento da receita fiscal veio da subida de 28,6%

no Imposto sobre o Tabaco, devido ao forte crescimento da introdução ao consumo

(i.e., taxação do produto antes de distribuição e venda). Destaca-se ainda o

aumento de 21,6% no Imposto sobre Veículos e de 13% no Imposto Único de

Circulação. Pela negativa, a principal quebra ocorreu no Imposto de Selo (7,8%),

explicada fundamentalmente pela diminuição das operações financeiras.

Em termos de taxas de execução, os valores até Agosto foram de 63,3% na

receita (65,1% no caso das receita fiscal) e de 63,8% na despesa, situando-se, nos

dois casos, abaixo do padrão de execução uniforme ao longo do ano (66,7%).

Fazendo um balanço das principais tendências da execução orçamental até

Agosto, destaca-se, como principal factor negativo, a incapacidade do Estado

em conter a despesa corrente primária (com uma subida de 4,8%, 1,9 p.p. acima

do previsto), onde pesam sobretudo os aumentos das transferências corrente para a

Segurança Social (10,5%) e das despesas com pessoal (3,9%2).

1 Segundo a DGO, o recuo desta componente corrente das receitas não fiscais resulta da descida dos

rendimentos de propriedade, mas sobretudo de menores transferências dos serviços e fundos autónomos,

em particular das verbas provenientes do Instituto de Gestão Financeira e de Infra-estruturas da Justiça,

que se destinam ao financiamento de despesas realizadas pelos serviços do Ministério da Justiça.

2 Após correcção da reclassificação de verbas das contribuições do Estado para a CGA em 2009.

Page 33: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

31

Como positivo, realça-se a evolução dos saldos das outras administrações

públicas e a desaceleração da despesa nos últimos meses (crescimentos de

4,3% em Janeiro/Junho, 3,8% em Janeiro/Julho e 2,7% em Janeiro/Agosto).

Em termos de perspectivas, e numa óptica de cumprimento das metas

estabelecidas, sob apertada avaliação externa, espera-se que a despesa primária

continue a desacelerar devido ao efeito desfasado das medidas de contenção.

Por exemplo, o fim da Iniciativa para o Investimento e o Emprego, cujos principais

efeitos se concentraram no final de 2009, conduzirá a um reforço da quebra homóloga

até final de 2010. Contudo, este abrandamento poderá ser contrariado pelo

aumento esperado na despesa com juros.

Ao nível da receita, espera-se um reforço do crescimento do IVA devido ao

aumento da taxa de imposto em Julho, embora o provável abrandamento

económico na segunda metade do ano (andamento previsto pelo BCE para as

principais economias mundiais, incluindo a zona do euro) possa contrariar este

efeito.

Note-se finalmente que a análise detalhada da execução orçamental continua a ser

dificultada pela mudança de critérios de classificação de despesas, bem como por

alterações no padrão temporal de execução ao longo do ano.

Sistema Fiscal

A Lei n.º 15/2010, de 26 de Julho, alterou o Código do Imposto sobre o

Rendimento das Pessoas Singulares e o Estatuto dos Benefícios Fiscais,

introduzindo um regime de tributação das mais-valias mobiliárias à taxa de 20%

com isenção para os pequenos investidores que aufiram ganhos anuais

resultantes do saldo entre as mais e as menos valias até 500 euros.

O saldo entre as mais-valias e as menos-valias respeitante à alienação onerosa de

partes sociais, relativo a micro e pequenas empresas não cotadas na bolsa de

valores, quando positivo, é considerado em 50 % do seu valor.

A Lei n.º 35/2010, de 02 de Setembro, criou um regime especial simplificado das

normas e informações contabilísticas em vigor aplicáveis às microentidades,

que ficam dispensadas da aplicação do Sistema de Normalização Contabilística

(SNC), bem como da entrega dos anexos L, M e Q da informação empresarial

simplificada (IES).

Page 34: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

32 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Tratando-se de um regime facultativo, as microentidades podem, na declaração

periódica de rendimentos, optar pela aplicação do SNC.

Estas normas contabilísticas simplificadas serão ainda objecto de regulamentação

específica a aprovar pelo Governo, no âmbito da qual, será aprovado um quadro de

contas simplificado e prevista a dispensa, no todo ou em parte, de obrigações

declarativas e de registo.

Para este efeito, consideram-se microentidades as empresas que, à data do balanço,

não ultrapassem dois dos três limites seguintes: total do balanço - 500.000€; volume

de negócios líquido – 500.000€ e número médio de empregados durante o exercício -

cinco.

A Lei n.º 37/2010, de 2 de Setembro, alterou as normas da Lei Geral Tributária

respeitantes à derrogação do sigilo bancário, destacando-se como principais

alterações:

A administração tributária passa a ter o poder de aceder a todas as informações

ou documentos bancários, sem dependência do consentimento do titular dos

elementos protegidos, também quando se verifique a existência comprovada de

dívidas à segurança social.

A administração tributária passa a poder aceder a todas as informações ou

documentos bancários relativos à conta ou contas bancárias exclusivamente

afectas à actividade empresarial, sem dependência do consentimento dos

respectivos titulares.

No âmbito do IVA, foi alargado o regime de não tributação das transmissões de

livros a título gratuito, a pessoas carenciadas, a instituições particulares de

solidariedade social, a organizações não governamentais sem fins lucrativos, ao

Ministério da Cultura, a instituições de carácter cultural e educativo, a centros

educativos de reinserção social e a estabelecimentos prisionais.

Através da Resolução n.º 82/2010, de 30 de Julho, a Assembleia da República

recomendou ao Governo a criação de um regime de «exigibilidade de caixa» do

IVA, simplificado e facultativo, destinado às microempresas que não beneficiem

de isenção do imposto.

A Assembleia da República recomenda que a criação deste regime fique sujeita às

seguintes condições: (i) o IVA apenas se torne exigível no momento do efectivo

recebimento; (ii) o IVA apenas se torne dedutível no momento do efectivo pagamento;

e (iii) Apenas possam ficar abrangidos pelo regime sujeitos passivos que não tenham

um volume de negócio anual superior a 2 milhões de euros.

Page 35: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

33

Correspondendo a solicitações dos partidos da oposição, o Governo aceitou

nova discussão do Código Contributivo em sede de concertação social.

No âmbito do esforço de desmaterialização do relacionamento entre a DGCI e os

contribuintes, o Ministério das Finanças anunciou o lançamento da Agenda

Electrónica Interactiva, um novo serviço da Direcção-Geral dos Impostos, que

permitirá ao contribuinte consultar e gerir as suas obrigações fiscais futuras,

bem como o histórico da sua interacção com a administração fiscal durante o último

ano.

Política Industrial e Comercial e Investimentos Públicos

O Conselho de Ministros de 26 de Agosto procedeu à aprovação final do

diploma que visa simplificar o regime de acesso e de exercício de diversas

actividades económicas, no âmbito da iniciativa “Licenciamento Zero”.

O Conselho de Ministros de 1 de Julho aprovou uma resolução (Resolução do

Conselho de Ministros n.º 64/2010) que promove a elaboração do Livro Branco

do Sector Empresarial Local.

O Livro Branco pretende produzir um diagnóstico do sector que conduza à sua

caracterização sob o ponto de vista económico e financeiro, designadamente à

obtenção de resultados analíticos na base dos quais será feita uma avaliação do

quadro legal existente e das iniciativas adequadas a promover a sustentabilidade do

sector empresarial local.

Foram aprovadas as minutas de vários contratos de investimento produtivo,

nos quais se fixaram os objectivos, as metas a cumprir pelos promotores

(diversas empresas do sector privado) e os benefícios fiscais a conceder pelo Estado

Português, correspondendo a um montante total de investimento na ordem dos

400 milhões de euros.

Foram operacionalizadas algumas medidas previstas na Estratégia para a

Aceleração da Execução de Projectos Empresariais no âmbito do QREN,

apresentada no Europarque no passado dia 14 de Julho e divulgada no RME anterior.

As medidas, difundidas através do site dos sistemas de incentivos do QREN, sob a

forma de Orientações de Gestão (OG), referem-se a "Procedimentos Excepcionais

de Reformulação de Projectos e Acesso à Linha de Crédito QREN-INVESTE"

(OG 6/2010) e a “Procedimentos de Validação da Situação Regularizada em

Matéria de Licenciamento” (OG 7/2010), visando acelerar a execução de

Page 36: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

34 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

projectos do QREN num contexto conjuntural que se apresenta particularmente

difícil.

Para além de poder aceder a uma linha de crédito, com vista a financiar a parte da

contrapartida da empresa na execução de projectos apresentados até ao dia 30 de

Junho, prevê-se a possibilidade da empresa solicitar uma reformulação do projecto

que implique uma recalendarização e/ou redimensionamento (sem penalidades em

termos de prémio de realização), ficando os projectos sujeitos ao cumprimento de um

calendário de execução.

Relativamente aos “Procedimentos de Validação da Situação Regularizada em

Matéria de Licenciamento” permite-se, em determinados casos, a exclusão da

obrigação do promotor comprovar explicitamente a situação regularizada em matéria

de licenciamento da actividade e noutros apenas a exigência da aprovação prévia do

projecto de arquitectura ou do início do processo do pedido de licenciamento, sendo

que somente na fase de encerramento é exigida a comprovação do licenciamento do

estabelecimento em que o projecto co-financiado foi realizado.

Decorre até ao dia 29 de Outubro o prazo para apresentação de candidaturas à

tipologia de intervenção Energia – Utilização Racional de Energia e Eficiência

Energético-Ambiental em Equipamentos Colectivos”, inserida no Eixo

Prioritário I – Competitividade, Inovação e Conhecimento do POR Norte, cujos

promotores sejam Pessoas colectivas de direito privado sem fins lucrativos, incluindo

Instituições Particulares de Solidariedade Social ou equiparadas e Associações

Desportivas com utilidade pública. O financiamento assume a forma de subsídio não

reembolsável, com uma taxa máxima de co-financiamento de 70% (http://www.ccr-

norte.pt/novonorte/eea_1_2010.pdf).

Até ao dia 15 de Outubro decorre o prazo para apresentação de candidaturas de

projectos de diversificação e eficiência energética – Solar térmico,

apresentadas por empresas individuais, no âmbito do Sistema de Incentivos à

Qualificação e Internacionalização de PME do Programa Operacional Factores de

Competitividade (Aviso para Apresentação de Candidaturas n.º 03/SI/2010).

Já em Conselho de Ministros de 2 de Setembro, o Governo aprovou um Decreto-

Lei que estabelece prazos máximos de pagamento obrigatórios para os

contratos de compra e venda ou de fornecimento de bens alimentares

exclusivamente destinados ao consumo humano, quando o fornecedor seja

uma micro ou pequena empresa.

O diploma estabelece que quando estejam em causa produtos alimentares de

carácter perecível o pagamento deve ocorrer no prazo de 30 dias após a efectiva

Page 37: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

35

entrega dos bens e da respectiva factura. No caso das transacções comerciais terem

por objecto produtos alimentares não perecíveis, o prazo é de 60 dias.

As obrigações de pagamento nestes prazos aplicam-se a empresas que tenham

mais de cinquenta trabalhadores e cujo volume de negócios anual seja superior

a dez milhões de euros, sendo que o incumprimento da obrigação de

pagamento do preço no prazo estabelecido determina a aplicação de juros e

constitui contra-ordenação punível com coima de 500 a 44.891,81 euros.

Entra em vigor a partir do dia 1 de Outubro o diploma que estabelece os

princípios e as regras para simplificar o livre acesso e exercício das actividades

de serviços realizadas em território nacional (Decreto-Lei n.º 92/2010, que

transpôs para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2006/123/CE, do

Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de Dezembro, relativa aos serviços

no mercado interno).

O diploma aplica-se aos prestadores de serviços estabelecidos em território nacional

ou noutros Estados-membros da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu.

Entre os diversos mecanismos que visam facilitar a vida às pessoas e às empresas

prestadoras de serviços, refira-se a criação de um balcão único dos serviços, que

passa a disponibilizar toda a informação necessária para o desenvolvimento da

actividade em Portugal, e a limitação dos casos em que é possível exigir-se uma

licença ou autorização para a prestação de serviços em território nacional.

Privatizações

Foram fixadas as condições concretas da quinta fase do processo de

reprivatização da GALP Energia, SGPS, S.A. A Resolução do Conselho de

Ministros n.º 57-A/2010 determinou, assim, a quantidade de acções objecto de

reprivatização, a forma de determinação do seu preço e o respectivo caderno de

encargos, bem como os termos e condições essenciais da emissão de obrigações

susceptíveis de permuta ou reembolso com acções representativas do capital social

da GALP.

Através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 57-B/2010 foi aprovado o

caderno de encargos do concurso público de reprivatização do BPN - Banco

Português de Negócios, S. A., fixando-se os termos e condições de alienação

de 72 200 000 acções nominativas com o valor nominal de 5,00 euros cada,

representativas de 95% do capital social do BPN - Banco Português de Negócios,

S.A. O diploma estabelece ainda que o lote de acções reservado a trabalhadores, a

concretizar através de oferta de venda, tem por objecto 3 800 000 acções

Page 38: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

36 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

nominativas com o valor nominal de 5,00 euros cada, representativas de 5% do

capital social do BPN.

Política Social e Laboral

Num primeiro balanço sobre o impacto da aplicação das novas regras relativas

à atribuição das prestações sociais, o secretário de Estado da Segurança

Social, Pedro Marques, declarou que 44% dos 154.884 beneficiários de RSI

viram a sua prestação diminuída em Agosto.

Relativamente ao Subsídio Social de Desemprego, de um total de 148.308

prestações foram canceladas 10.514, o que corresponde a uma poupança de 2,8

milhões de euros. Até Dezembro de 2010, o Ministério do Trabalho estima poupar

12,3 milhões de euros na despesa com esta prestação social.

Está em curso uma reavaliação extraordinária sobre a condição de recursos dos

beneficiários, em que é solicitado a actualização do agregado familiar, dos

respectivos rendimentos e património.

Segundo números enviados pelo Ministério do Trabalho ao Negócios, a Segurança

Social conseguiu recuperar, nos primeiros cinco meses do ano, 168 milhões de euros,

o que representa um crescimento de 17% face ao mesmo período do ano passado.

O secretário de Estado da Administração Pública reforçou a ideia de que o

congelamento das admissões na função pública é essencial nos próximos

anos, prevendo-se apenas excepções para funções de relevante interesse

público.

De acordo com o Relatório de Orientação da Política Orçamental o congelamento das

admissões de funcionários públicos permitirá ao Estado poupar cerca de 1200

milhões de euros entre 2010 e 2013.

Ainda que não se tenham iniciado as negociações salariais para 2011, a CGTP

divulgou a sua política reivindicativa para o próximo ano, na qual inclui uma

proposta de aumentos salariais de 3,5 por cento para a função pública.

A Intersindical defende que os aumentos salariais para 2011 tenham em

consideração a inflação prevista para o próximo ano, a produtividade média na

economia, a reposição de perdas de anos anteriores, a aproximação ao salário médio

da União Europeia e o agravamento dos impostos sobre o rendimento do trabalho.

O secretário-geral da UGT declarou que não vai levar para a negociação um número

fechado, mas garantiu que o referencial será sempre superior a dois por cento.

Page 39: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

37

O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) propôs ao Ministério das

Finanças um aumento salarial de dois por cento para a função pública. A

proposta do STE está de acordo com a regra definida pelo Governo no PEC até 2013,

de que não haverá aumentos salariais acima da inflação.

A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública fez uma proposta de

aumentos salariais de 50 euros para todos os trabalhadores, o que corresponde a um

aumento médio de 4,3 por cento.

O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, remete a negociação salarial para

depois da apresentação do Orçamento, não revelando se o congelamento de

salários na função pública é para manter.

Dados da Autoridade para as Condições do Trabalho revelam que entre Janeiro e

Agosto deste ano analisou 97 despedimentos colectivos, 78 empresas com salários

em atraso, 22 situações de redução de actividade, 16 encerramentos e 10 situações

de insolvência. Na sequência desta actividade inspectiva foram detectadas 402

infracções no âmbito da cessação do contrato de trabalho.

Os Ministérios do Trabalho e Solidariedade Social e da Educação criaram o Selo

de Empresa Qualificante (SEQ), destinado a reconhecer empresas e outras

entidades empregadoras de direito privado que investem em processos de

qualificação dos seus trabalhadores e que enquadram essa sua intervenção no

âmbito quer do Sistema Nacional de Qualificações quer da formação contínua

desenvolvida noutros contextos e que cooperam activamente com os promotores

daquele Sistema.

Foi criado o Conselho Nacional para a Economia Social, órgão consultivo, de

avaliação e acompanhamento ao nível das estratégias e das propostas políticas

nas questões ligadas à dinamização e ao crescimento da economia social.

O Conselho de Ministros aprovou o II Plano para a Integração dos Imigrantes

(2010-2013) composto por 90 medidas distribuídas por 17 áreas de intervenção.

Este II Plano para a Integração dos Imigrantes consolida as iniciativas existentes,

prevê intervenções em vários domínios, como o reconhecimento das qualificações,

melhor articulação entre a oferta e a procura do mercado de trabalho e um sistema de

informação nacional sobre os imigrantes altamente qualificados.

Destacam-se ainda as novas áreas da diversidade e interculturalidade, bem como

dos idosos imigrantes, a par do apoio aos imigrantes em situação de desemprego.

Page 40: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

38 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

O comissário da Economia Olli Rehn fez um apelo à flexibilização laboral,

sobretudo em relação, a Portugal e Espanha.

De acordo com indicadores da OCDE, em cinco anos, Portugal deixou de ser

considerado o país desta organização onde é mais difícil despedir, tendo subido seis

lugares nesta tabela, após a revisão da legislação laboral em 2008.

De acordo com os dados do Eurostat, em 2009, 22% da população com mais de

15 anos empregada em Portugal tinha um contrato a prazo. Na Europa a 27,

Portugal só é ultrapassado pela Polónia (26,5 por cento) e Espanha (25,4 por cento).

Na cerimónia de abertura do ano lectivo do ensino politécnico, no Instituto Superior de

Engenharia do Porto, o Primeiro-ministro afirmou que, presentemente, 36% dos

jovens com 20 anos estuda no ensino superior, um número que permite a

Portugal ultrapassar a média da OCDE. Nesta matéria, o objectivo é atingir a meta de

40% de portugueses com idades entre os 30-34 anos diplomados no ensino superior,

até 2020.

A Comissão Europeia aceitou a candidatura de Portugal ao Fundo Europeu de

Ajustamento à Globalização (FEG), que integra um apoio total de 2,4 milhões de

euros para ajudar a reintegrar no mercado de trabalho as pessoas despedidas no

ano passado. Este apoio destina-se a apoiar medidas como o reconhecimento de

competências (Novas Oportunidades), formação profissional, bolsas para pós-

graduações, apoios à criação de empresas e à auto-colocação.

Sistema Monetário e Financeiro

Em 23 de Julho, foram publicados nos sítios de internet do Banco de Portugal e

do Comité Europeu de Supervisores Bancários (CESB) os resultados dos testes

de stress para os quatro grupos bancários portugueses envolvidos no exercício

(Caixa Geral de Depósitos, Banco Comercial Português, Espírito Santo Financial

Group e Banco BPI). Este exercício foi realizado nos países da União Europeia, sob a

coordenação do CEBS, com a cooperação do BCE e a participação directa das

autoridades de supervisão nacionais de cada um dos países da União Europeia. O

objectivo consistiu em avaliar a resistência de um conjunto representativo de bancos

dos países da União Europeia quando sujeito a um cenário adverso extremo, mas

plausível. Conjuntamente, os grupos bancários portugueses participantes no stress

test, representavam, directa ou indirectamente, cerca de três quartos do total do activo

do sistema bancário português em 2009, dos quais cerca de dois terços cobertos

Page 41: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

39

directamente pelo Banco de Portugal. Os resultados publicados confirmaram a

solidez do sistema bancário português quando sujeito a um cenário muito

adverso, corroborando as conclusões dos exercícios regulares do Banco de

Portugal. O Banco de Portugal conclui que, apesar da pressão do cenário adverso

extremo sobre os níveis de rendibilidade e solvabilidade das instituições testadas, os

quatro grupos bancários portugueses apresentaram, tanto em 2010 como em 2011,

rácios de capital Tier 1 superiores a 6 por cento, valor que, para efeitos deste

exercício, foi considerado como limiar de solidez financeira. Por consequência, não há

necessidades de reforço de capital no caso dos bancos portugueses.

No início de Agosto, o Presidente do Montepio Geral, Tomás Coreia, anunciou

que a instituição vai lançar uma oferta pública de aquisição sobre o Finibanco

no espaço de dois meses, com pagamento em dinheiro. Tomás Correia revelou

ainda que a operação poderá gerar sinergias de 70 m.e., prevendo que a integração

se concretize num prazo de seis meses. Também não foi excluída a hipótese do

Montepio concorrer à reprivatização do BPN.

Em Setembro, no decorrer de uma conferência, o Presidente do Millenium BCP,

Carlos Santos Ferreira, defendeu a necessidade urgente da banca portuguesa

diversificar as fontes de financiamento, pois o financiamento junto do BCE está

a atingir níveis nunca antes vistos por causa da crise financeira. Segundo

Santos Ferreira, o recurso ao BCE é excepcional, pelo que não se pode

transformar numa situação normal. Segundo o banqueiro, não há diferença entre o

financiamento dos bancos portugueses, que estão a recorrer ao BCE para obterem

empréstimos para o médio e longo prazo. Sobre a evolução mais recente da

actividade bancária nacional, Santos Ferreira referiu que a concessão de crédito

se manteve estável no primeiro semestre, frisando ainda que os spreads

(margem) cobrados aos clientes estão a subir em consonância com os custos de

financiamento dos bancos. Quanto à procura de crédito, caracterizou-a como

estável ou em ligeira descida. No que se refere às novas regras de Basileia III, que

obrigam ao reforço dos capitais próprios dos bancos, o presidente do BCP

destacou que são boas regras que permitem conciliar a solidez do sistema

financeiro com o crescimento da economia. O responsável disse também estar

confiante que todas as instituições nacionais vão cumprir os novos requisitos de

capital impostos a nível, destacando que as novas regras são extremamente

positivas por permitirem terminar com a especulação e devolverem às

autoridades a definição das regras de capitalização da banca, que estavam a ser

ditadas pelos analistas de casas de investimento.

Page 42: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

40 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

O presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos

Tavares, congratulou-se com as recentes propostas legislativas da Comissão

Europeia para aumentar a segurança e a transparência da negociação de

instrumentos derivados no mercado de balcão (derivados OTC). Ao atribuir um

papel importante à Autoridade Europeia de Valores Mobiliários e Mercados, a

Comissão Europeia reforçou a sua posição de defesa de um quadro

harmonizado de supervisão a nível da UE, segundo Carlos Tavares, que é também

presidente do Comité das Autoridades de Regulamentação dos Mercados Europeus

de Valores Mobiliários.

2. Economia Monetária e Financeira

2.1. Taxas de Juro

Euribor Obrigações do Tesouro

6 meses 12 meses 5 anos 10 anos

09: II 1.313 1.504 3.38 4.41

09: III 1.016 1.236 2.93 3.86

09: IV 0.994 1.248 3.07 4.06

10: I 0.958 1.215 3.55 4.52

10: II 1.041 1.306 4.69 5.98

Junho 10 1.041 1.306 4.69 5.98

Julho 10 1.145 1.417 4.15 5.31

Agosto 10 1.137 1.414 4.17 5.48

2 Julho 2010 1.060 1.329 4.44 5.43

9 Julho 2010 1.081 1.351 4.39 5.43

16 Julho 2010 1.114 1.380 4.41 5.71

23 Julho 2010 1.133 1.402 4.59 5.76

30 Julho 2010 1.145 1.417 4.15 5.31

6 Agosto 2010 1.154 1.428 3.85 5.06

13 Agosto 2010 1.153 1.423 4.05 5.28

20 Agosto 2010 1.145 1.420 3.97 5.29

27 Agosto 2010 1.139 1.417 4.32 5.62

31 Agosto 2010 1.137 1.414 4.17 5.48

Fonte: Banco de Portugal e Reuters; valores em percentagem; taxas anualizadas a 360 dias.

Nota: Valores de final de semana/mês/trimestre; os valores para as Obrigações do Tesouro referem-se às

yields do mercado secundário.

As taxas de juro do mercado monetário europeu registaram uma subida

significativa em Julho, a reflectir dados económicos favoráveis na zona do euro

e vários sinais de normalização dos mercados de crédito, com destaque para os

resultados sem surpresas dos testes de stress financeiro aos bancos europeus.

Page 43: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

41

Merece também saliência a redução das compras de títulos de dívida pública pelo

BCE e a subida inesperada do M3 nesse mês. A taxa Euribor a 1 mês aumentou 16

pontos base (p.b.) em comparação de final de mês, para 0,65%, tendo-se verificado

progressões menos significativas nas maturidades superiores (11 p.b. no caso dos 12

meses, para 1,42%), o que se traduziu numa menor inclinação da curva de

rendimentos. Apesar dos sinais de normalização dos mercados de crédito e da

aproximação das taxas de juro de prazo mais curto à taxa de referência do BCE

(1%), os depósitos dos bancos junto do BCE continuaram a ser muito

abundantes, traduzindo a relutância dos bancos em emprestar.

O movimento de subida das taxas Euribor interrompeu-se em Agosto, acabando

por se registar uma descida pouco significativa no saldo do mês, a traduzir a

perspectiva de extensão das condições especiais de cedência de liquidez.

No mercado secundário de dívida pública portuguesa, pelo contrário, o mês de

Julho ficou marcado por uma descida acentuada das yields, reflectindo a

confirmação da solidez do sistema financeiro nacional nos stress tests, para

além das várias emissões de dívida bem sucedidas de países do Sul da Europa,

incluindo Portugal, isto apesar da redução do rating pela Moody’s, já esperada. A

yield a 5 anos recuou 54 p.b. em comparação de final de mês, para 4,15%, tendo-se

verificado uma descida ainda maior nos 10 anos (67 p.b., para 5,31%).

O movimento inverteu-se em Agosto com o retorno dos receios em torno da

situação orçamental dos países do sul da Europa, incluindo Portugal, mas a

subida não foi muito acentuada e foi diferenciada entre as várias maturidades. A

yield a 5 anos aumentou apenas 2 p.b. em Julho, para 4,17%, enquanto nos 10 anos

a subida foi de 17 p.b., para 5,48%. Deste modo, no conjunto dos meses de Julho

e Agosto acabou por se verificar uma descida significativa das yields nacionais,

aliviando as condições de financiamento do Estado português, embora a

evolução mais recente, na primeira quinzena de Setembro, tenha sido

desfavorável, acentuando-se o movimento de subida.

2.2. Mercado de Valores Mobiliários

Índice PSI-20

(valores de fecho das sessões de início e fim das semanas de Julho e Agosto)

Quinta, 1 Sexta, 2 Seg, 5 Sexta, 9 Seg, 12 Sexta, 16 Seg, 19 Sexta, 23 Seg, 26 Sexta, 30

7,019.28 7,075.73 7,106.22 7,317.93 7,305.09 7,137.11 7,111.70 7,252.70 7,291.84 7,371.79

Seg, 2 Sexta, 6 Seg, 9 Sexta, 13 Seg, 16 Sexta, 20 Seg, 23 Sexta, 27 Seg, 30 Terça, 31

7,512.60 7,415.36 7,509.04 7,300.08 7,325.50 7,370.53 7,375.72 7,366.15 7,388.98 7,394.15

Índice composto pelo cabaz das 20 acções mais importantes do mercado, sujeito a uma revisão semestral; 31-12-92=

3000.

Page 44: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

42 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Em Julho, o índice PSI-20 registou uma valorização de 4,3%, acompanhando a

valorização das bolsas internacionais com os resultados dos testes de stress ao

sector financeiro europeu, em que os bancos nacionais sobressaíram pela

positiva, levando a uma subida significativa das suas cotações. O PSI-20 subiu de

forma pouco significativa em Agosto (0,3%), conseguindo evitar as descidas

registadas no exterior (num contexto de abrandamento económico nos EUA e novos

receios sobre a divida soberana na Europa) devido à forte valorização da PT, após

a mudança da sua posição no mercado brasileiro de telecomunicações móveis.

Apesar da evolução favorável no conjunto dos dois meses, no final de Agosto o PSI-

20 registava ainda uma quebra de 12,6% desde o início do ano.

Na carteira do PSI-20, em Julho destacaram-se as subidas na banca (13% no

BES, 11,1% no BPI e 7,1% no BCP), a valorização de 11,2% na Jerónimo Martins, e

os ganhos nos títulos do grupo Sonae, em particular a Sonae Indústria (11,2%).

Apenas quatro títulos apresentaram um saldo negativo, com a maior descida a

pertencer à EDP renováveis (5,2%).

Em Agosto, salientou-se a subida de 9,4% da PT, após uma recomendação de

compra da Merryil Lynch (e a revisão em alta de 20% do preço alvo) com a

concretização da venda da participação na brasileira Vivo à espanhola

Telefónica e a entrada na Oi, empresa também inserida no sector de

telecomunicações móveis do Brasil, que está em forte crescimento. Na justificação da

recomendação, a Merril Lynch referiu que a PT irá receber os mesmos dividendos por

menos de metade do investimento, o que libertará dinheiro para uma possível nova

recompra de acções para remunerar os accionistas. Apenas mais sete títulos

apresentaram uma evolução positiva, com realce para as subidas de 6,1% da Sonae

SGPS, de 4 na Jerónimo Martins e de 3,7% da Cimpor, que divulgou resultados

positivos no Brasil. Depois de terem apresentado os ganhos mais salientes em

Julho, os títulos da banca registaram também algumas das perdas mais

significativas em Agosto (7,3% no BES, 5,1% no BCP e 4,2% no BPI), com

renovados receios sobre a dívida soberana, mas o saldo dos dois meses foi

positivo nos três casos.

Page 45: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

43

3. Economia Real

3.1. Actividade Económica Global

As contas nacionais relativas ao segundo trimestre de 2010, divulgadas pelo INE,

revelam, pela segunda vez após cinco trimestres de queda sucessiva, um

crescimento homólogo do PIB (1,5%). Face ao primeiro trimestre de 2010, o PIB

aumentou 0,3%, desacelerando face ao crescimento de 1,1% do trimestre anterior.

08:IV 09:I 09: II 09: III 09: IV 10: I 10: II

Consumo privado 1,1 -1,6 -1,3 -1,2 0,2 2,7 2,9

Consumo público 1,9 5,5 4,3 4,8 3,5 2,1 6,2

FBCF -7,1 -14,0 -12,8 -8,7 -1,9 -2,3 -4,6

Exportações -8,8 -19,0 -15,5 -9,8 -2,0 8,5 10,1

Importações -4,4 -15,1 -14,8 -8,7 -4,3 5,2 10,4

PIB pm -1,8 -3,9 -3,1 -2,3 -1,0 1,8 1,5

Fonte: INE; Taxas de variação percentual face ao período homólogo do ano anterior; preços constantes de 2006;

valores corrigidos de sazonalidade.

O forte aumento do consumo público, associado, segundo o INE, em grande medida,

à importação de equipamento militar, e, por isso, com um impacto virtualmente nulo

no PIB, prejudica a análise da evolução da economia pelo lado da procura, sendo

contudo de realçar, pela positiva, o bom comportamento das exportações, que

aumentaram 10,1% em termos homólogos e, pela negativa, o pior desempenho

da FBCF que viu agravada a sua queda, para 4,6%.

Note-se, ainda, como alguns analistas previam e em concordância com o

comportamento dos indicadores avançados da OCDE, que o crescimento do PIB

desacelerou. No entanto, tudo parece indicar que na hipótese de crescimento nulo ou

mesmo ligeiramente negativo, em cadeia, nos dois trimestres finais do ano, o PIB do

ano de 2010 deve ultrapassar o crescimento de 0,9% previsto pelo BdP no seu

Boletim de Verão.

Na óptica da oferta, destaca-se o contributo positivo do VAB da energia, águas

e saneamento (que cresceu 4,4%) e da indústria (2,8%), embora em abaixo do

verificado no trimestre anterior (4,6%). O VAB da construção continua em queda (-

3,9%) ainda que em menor grau que no trimestre anterior, assim como o da

agricultura (-2,3%), enquanto todos os restantes ramos de actividade contribuíram

positivamente, com crescimentos do respectivos VAB.

Page 46: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

44 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

O emprego total (dados corrigidos da sazonalidade) diminuiu 1,5% no segundo

trimestre (contra uma queda de 1,7% no trimestre anterior), tendo o emprego por

conta de outrem crescido 0,1% (em termos homólogos), invertendo a tendência

negativa iniciada no primeiro trimestre de 2009.

O indicador de clima económico do INE – síntese da informação de carácter

qualitativo relacionada com as principais actividades económicas – manteve, em

Agosto, os valores atingidos em Junho e Julho mantendo-se, pois, estável nos

0,1.

No entanto, a apreciação individual dos diversos indicadores fornecem sinais

mistos acerca da conjuntura nacional, com o indicador de confiança dos

consumidores a variar agora favoravelmente, o mesmo se passando com o da

indústria transformadora, ao contrário de meses anteriores, enquanto os indicadores

da construção e dos serviços registaram uma queda.

O indicador de confiança da indústria transformadora melhorou relativamente a

Julho em 1,3 pontos (de -12,2 nesse mês para -11,5) retomando, já em Julho, a

trajectória positiva iniciada em Março de 2009. Esta evolução deveu-se,

fundamentalmente, a uma evolução francamente positiva nas expectativas acerca da

procura global e de uma evolução positiva nas opiniões acerca dos stocks de

produtos acabados.

Índice de Clima Económico - Portugal

-3,5

-3

-2,5

-2

-1,5

-1

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

Fev

-07

Mar

-07

Ab

r-0

7

Mai

-07

Jun

-07

Jul-

07

Ag

o-0

7

Set

-07

Ou

t-0

7

No

v-0

7

Dez

-07

Jan

-08

Fev

-08

Mar

-08

Ab

r-0

8

Mai

-08

Jun

-08

Jul-

08

Ag

o-0

8

Set

-08

Ou

t-0

8

No

v-0

8

Dez

-08

Jan

-09

Fev

-09

Mar

-09

Ab

r-0

9

Mai

-09

Jun

-09

Jul-

09

Ag

o-0

9

Set

-09

Ou

t-0

9

No

v-0

9

Dez

-09

Jan

-10

Fev

-10

Mar

-10

Ab

r-1

0

Mai

-10

Jun

-10

Jul-

10

Ag

o-1

0

Fonte: INE

Page 47: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

45

O indicador de confiança do comércio regrediu 0,9 pontos, depois de em Julho

ter tido um comportamento positivo. No que diz respeito ao comércio por grosso, o

indicador passou de -4,4 em Julho (-3,2 em Junho) para -4,5 em Agosto, e no caso do

comércio a retalho o indicador evolui negativamente em 0,4 pontos, de -1,5 em Julho

(-1,0 em Junho) para -1,9 em Agosto.

O indicador de confiança dos serviços agravou-se, pelo quarto mês

consecutivo, passando de -8,4 pontos em Julho para -10,3 pontos em Agosto. É de

destacar que o saldo das respostas piorou em todos os sub indicadores.

O indicador de confiança da construção e obras públicas teve uma evolução

desfavorável (interrompendo um percurso positivo iniciado em Junho) passando de -

39,9 pontos para -40,6 pontos. A deterioração no saldo das respostas acerca das

perspectivas de emprego nos próximos meses foi o contributo decisivo para esta

evolução negativa, já que o outro sub indicador, carteira de encomendas actual, teve

evolução positiva.

Após a queda verificada em Julho, o indicador de confiança dos consumidores

teve uma evolução positiva em Agosto, para -40,4, ficando, ainda assim, aquém

dos resultados dos últimos meses.

3.2. Procura Interna

3.2.1. Consumo

Fonte 09:IV 10:I 10:II Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10

Indic. Coincidente do Consumo Privado BdP 1,2 2,6 2,7 2,9 2,8 2,5 2,1 1,5

Indic. Confiança dos Consumidores (1) INE -30,0 -35,4 -40,1 -36,7 -38,3 -40,1 -42,0 -40,4

Venda de automóveis não comerciais ACAP -6,0 69,1 48,9 33,1 46,8 62,5 18,3 13,6

Importações de bens de consumo (2)

INE 1,3 -0,5 7,1 4,9 8,8 5,7 -4,9

Vol. de neg. do comércio a retalho (3)

INE -0,2 0,8 0,3 -0,2 2,0 -0,9 -0,1

Crédito ao consumo (4)

BdP 2,3 2,4 1,9 1,8

Taxas de variação face ao período homólogo do ano anterior, em percentagem (salvo indicação em contrário);

(1) Inquéritos de Conjuntura aos Consumidores e à Indústria Transformadora; saldo de respostas extremas (média

móvel de 3 meses); (2) Taxa de variação homóloga em temos nominais. (3) Taxa de variação em termos reais; índices

de sazonalidade e dos dias úteis; (4) Valores corrigidos de reclassificações e de operações de titularização de crédito.

No que toca à despesa das famílias em bens de consumo, os dados disponíveis

mais recentes dão sinais de alguma retracção, com o indicador coincidente do

BdP a mostrar um abrandamento em Julho e Agosto, relativamente aos meses

anteriores.

Page 48: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

46 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Em Julho (valores rectificados), o volume de negócios do comércio a retalho voltou a

cair em termos homólogos, apesar de menos intensamente do que em Junho. A

despesa em bens alimentares registou, em Julho, uma tvh de 3,3%, acima do ritmo

de Junho mas abaixo do valor de Maio (valores revistos). A despesa em bens não

alimentares, registou uma tvh de -3,2%, contra -2,2% em Junho (note-se contudo

que, retirando os combustíveis, a evolução é positiva em 2,3%.). A venda de

automóveis não comerciais desacelerou, tanto em Julho como em Agosto, depois da

forte aceleração do primeiro semestre. O crédito ao consumo desacelerou em Junho

e Julho relativamente ao comportamento dos meses anteriores.

3.2.2. Investimento

Fonte 09:IV 10:I 10:II Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10

Indicador de FBCF INE -8,7 -2,7 -1,1 -3,1 -2,0 -1,1 -1,0

Vendas de veículos comerciais ligeiros ACAP -16,8 19,6 29,0 20,0 30,5 37,0 14,6 12,6

Importações bens de investimento INE -12,7 -7,9 -14,4 -19,7 -14,7 -8,8 -35,3

Índice produção bens de investimento INE -18,7 -0,7 -1,0 -2,9 -1,5 -1,4 2,1

Vendas de cimento BdP -15,6 -9,4 -6.1 -11,4 -2,2 -4,6 -7,0 -2,2

Índice de Produção na Construção INE -9,2 -8,2 -8,1 -9,1 -5,7 -9,4 -8,2

Crédito para compra de habitação (1)

BdP 3,1 3,1 3,3 3,2

Crédito às sociedades não financeiras (1)

BdP 0,4 0,2 1,3 1,2

Taxas de variação face ao período homólogo do ano anterior, em percentagem (salvo indicação em contrário); Índices

de produção de bens de investimento corrigidos.

(1) Valores corrigidos de reclassificações e de operações de titularização de crédito.

Os indicadores relativos ao investimento permanecem quase todos em terreno

negativo.

O índice de produção de bens de investimento foi dos poucos indicadores a ter uma

evolução positiva nos meses mais recentes. Pela negativa, destaca-se a queda

substancial na importação de bens de investimento, em Julho. Nos meses de Junho e

Julho deu-se uma ligeira retoma no crescimento do crédito às empresas, mantendo-

se estável a variação homóloga do crédito à habitação.

Os indicadores relativos à construção registam alguns sinais de abrandamento da

deterioração.

Page 49: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

47

3.3. Comércio Internacional

Resultados Globais preliminares

Mai 09-Jul 09 Mai 10-Jul 10 Variação

Total

Saída (Fob) 8 385.3 9 544.4 13.8%

Entrada (Cif) 13 052.5 13 971.9 12.7%

Saldo -4 667.2 -5 162.5 -10,6%

Taxa de Cobertura 64.2% 64.9% -

União Europeia a 27

Expedição 6 294.5 7 142.7 13.5%

Chegada 10 197.8 10 975.0 7.6%

Saldo -3 903.2 -3 832.3 1,8%

Taxa de Cobertura 61.7% 65.1% -

Países Terceiros

Exportação 2 090.8 2 401.7 14.9%

Importação 2 854.7 3 731.9 30.7%

Saldo -763.9 -1 330.2 -74,1%

Taxa de Cobertura 73.2% 64.4% -

em milhões de euros; Fonte: INE

No trimestre em análise (Maio a Julho), as saídas aumentaram de novo a bom

ritmo, embora em desaceleração, e as entradas continuaram a registar uma

evolução que, apesar de continuar a significativa – em linha com a retoma do

comércio mundial – permanece inferior à das saídas, conduzindo a uma melhoria

da taxa de cobertura em 0,7 p.p. face ao mesmo período de 2009. Apesar desta

evolução favorável, o défice comercial agravou-se em cerca de 10,6% em relação ao

mesmo período de 2009 e em 3,5% face ao trimestre anterior de Abril a Junho de

2010.

Relativamente aos países terceiros, se excluirmos os combustíveis, a taxa de

cobertura foi de 98,5% (100,5% no período anterior) contra 117,9% no mesmo

período do ano de 2009. O défice energético foi, neste trimestre, de 1,300,4 milhões

de euros, mais 794,7 milhões que o verificado em igual trimestre de 2009 e menos

142,3 milhões que no trimestre anterior.

Em termos de variações, relativamente a igual trimestre de 2009, destacam-se, nas

saídas, o aumento de 21.2% nos fornecimentos industriais (com destaque para os

produtos transformados) e de 18,6% no material de transporte acessórios e, nas

entradas, o aumento de 30,3% nesta mesma última rubrica e de 32,0% nos

combustíveis e lubrificantes.

Page 50: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

48 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

Saliente-se que os valores constantes desta secção estão expressos em preços

correntes, ao contrário dos valores apresentados acima nas Contas Nacionais

Trimestrais, que são apresentados a preços constantes de 2000, pelo que a

informação não é directamente comparável. Relativamente aos valores das Contas

Nacionais Trimestrais, note-se, ainda, que os termos de troca em termos reais se

deterioraram 1,2% no segundo trimestre de 2010.

3.4. Conjuntura na Indústria

O índice de produção industrial evidenciou um abrandamento homólogo

significativo em Julho (tvh de 1,1%, após 3,7% e 3,8% nos dois meses anteriores),

tendo-se mesmo registado uma quebra de 0,3% na indústria transformadora

(face a uma subida de 4,8% em Junho), que foi contrariada pela aceleração da

produção no ramo de electricidade, gás, vapor, água e ar frio (de 2,4% para 6,3%).

Apesar de tudo, a evolução continuou a melhorar em média anual, com o índice geral

de produção a reduzir o ritmo de perda para apenas 0,5% (1,4% em Junho),

verificando-se um comportamento semelhante na indústria transformadora.

Tendo em conta o detalhe dos dados por agrupamentos, a redução do crescimento

homólogo da produção industrial teve origem na quebra das indústrias de bens

de consumo (tvh de -2,7%, após 0,6% em Junho) e no abrandamento da

-25,0

-20,0

-15,0

-10,0

-5,0

0,0

5,0

10,0

Jul-08

Ago-0

8

Set-

08

Out-

08

Nov-0

8

Dez-

08

Jan-0

9

Fev-0

9

Mar-

09

Abr-

09

Mai-09

Jun-0

9

Jul-09

Ago-0

9

Set-

09

Out-

09

Nov-0

9

Dez-

09

Jan-1

0

Fev-1

0

Mar-

10

Abr-

10

Mai-10

Jun-1

0

Jul-10

Índices de produção industrial (var. homóloga em %)

Indústria Transformadora

IndústriaGeral

Page 51: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

49

actividade dos bens intermédios (de uma tvh de 8,1% para 2,5%). O andamento

desfavorável destes dois agrupamentos mais do que compensou a aceleração da

produção nas indústrias de bens de investimento (de 1,4% para 2,1%) e da energia

(de 1,5% para 5,1%). Em termos de variação média anual, a melhoria de

andamento foi generalizada, destacando-se a quebra já pouco significativa dos

bens intermédios (0,2%).

Índice de produção industrial

09: II 09: III 09: IV 10: I 10: II Mai-10 Jun-10 Jul-10

TVH TVM 12m

Índice Geral -9.5 -7.1 -4.4 3.7 2.8 3.8 3.7 1.1 -0.5

Por ramos:

Industrias Extractiva -16.2 -26.7 -11.9 -28.5 0.4 -2.7 15.0 19.1 -13.8

Ind. Transformadora -12.3 -7.4 -3.9 6.0 3.2 4.3 4.8 -0.3 0.0

Elect., Gás, Vapor, Água, Ar 12.2 -0.7 -5.6 -0.3 0.7 1.9 -4.2 6.2 -0.4

Águas, saneamento, outros -3.5 0.1 6.1 4.0 4.1 5.7 2.4 6.3 4.3

Por grandes agrupamentos:

Bens de Consumo -6.8 -1.3 -0.5 2.4 0.4 2.9 0.6 -2.7 0.2

Bens Intermédios e outros* -15.1 -12.2 -2.8 3.7 6.7 7.0 8.1 2.5 -0.2

Bens de Capital -16.6 -18.2 -17.7 0.7 -1.0 -1.5 1.4 2.1 -8.1

Energia 5.7 1.2 -3.0 7.8 0.8 1.7 1.5 5.1 2.7

Fonte: INE; dados com correcção de efeitos de calendário; Base: 2005=100; CAE Rev.3; Taxas de variação percentual

homóloga (tvh), excepto na última coluna (taxa de variação média de 12 meses – tvm 12m); * Inclui a recolha,

tratamento e eliminação de resíduos.

Atendendo à divisão da indústria transformadora em subsectores, os dados

actuais permitem destacar, quanto a comportamentos negativos:

(i) a manutenção da contracção nas indústrias de máquinas e aparelhos eléctricos

(tvm 12 m de -3% em Julho), de couro (-3,3%), de minerais não metálicos (-5,7%), de

mobiliário e colchões (-2,5%), do vestuário (-0,3% em Junho), do tabaco (-2,4%), de

produtos metálicos (-1,3% em Junho), de impressão (-6,3% em Junho), de

equipamento eléctrico (-1,7% em Junho), de produtos farmacêuticos (-2,6% em

Junho) e de veículos automóveis (-21% em Junho).

(ii) o abrandamento da produção nas indústrias de bens alimentares (de uma tvm

12m de 3,6%, em Junho, para 3,2% em Julho), de bebidas (de 2,7% para 0,6%), de

pasta e papel (de 6,5% para 5,1%), de borracha e plásticos (de 14,2% para 13,9%) e

metalúrgicas de base (de 25,6% para 22,3%).

Quanto a comportamentos positivos, salienta-se:

(i) a aceleração da produção nas indústrias de recolha e tratamento de resíduos

(de uma tvm 12m de 3,6% em Junho, para 4,3% em Julho), de produtos petrolíferos

(de 17,6% para 19,3%), de produtos químicos (de 8,1% para 12,1%) e têxteis (para

Page 52: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

50 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

2,8%, após 1,6% em Junho, a primeira subida em vários anos); a retoma do

crescimento da produção nas indústrias de madeira e cortiça (0,3%).

Já em Agosto, o inquérito à indústria transformadora evidenciou uma melhoria

das avaliações da produção corrente, sugerindo a recuperação da actividade no

ramo. As apreciações sobre a procura também melhoraram, em particular na

componente externa (num máximo de dois anos). Quanto aos stocks de

produtos acabados, as indicações foram de reforço, podendo estar ainda em

decurso um processo de reconstituição de existências, que favorece a produção.

Em Julho, o índice de volume de negócios da indústria registou uma

desaceleração acentuada (tvh nominal de 5,5%, após 10,3% e 13,4% nos dois

meses anteriores), que se fez sentir sobretudo no mercado nacional (tvh de 1,4%,

após 7% em Junho, passando de 16,1% para 13,2% no caso do mercado externo).

Os preços de venda aumentaram a um ritmo um pouco superior, mitigando um pouco

a desaceleração das vendas. Em termos de variação média anual, verificou-se

uma retoma do crescimento do índice geral de vendas (tvm 12m de 1,3%, após -

1,5% em Junho, repartida entre -0,4% no mercado nacional e 4,6% no externo).

Considerando a classificação por agrupamentos, a desaceleração das vendas

resultou de uma quebra nos bens de consumo (tvh de 5,3%, após 2,3% em

-80,00

-70,00

-60,00

-50,00

-40,00

-30,00

-20,00

-10,00

0,00

10,00

20,00

Ago

-06

Ou

t-0

6

Dez-0

6

Fev

-07

Ab

r-0

7

Jun

-07

Ago

-07

Ou

t-0

7

Dez-0

7

Fev

-08

Ab

r-0

8

Jun

-08

Ago

-08

Ou

t-0

8

Dez-0

8

Fev

-09

Ab

r-0

9

Jun

-09

Ago

-09

Ou

t-0

9

Dez-0

9

Fev

-10

Ab

r-1

0

Jun

-10

Ago

-10

Produção e Procura na Indústria Transformadora

Média Móvel de 3 meses - s.r.e.

PRODUÇÃO

PROCURA EXTERNA

PROCURA INTERNA

Fonte: INE

Page 53: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

51

Junho) e do abrandamento nos bens intermédios (de 15,15 para 3,9%), à

semelhança do que se verificou na produção. Também no caso das vendas se

registou uma aceleração nos bens de investimento e na energia (para tvh de 9,5% e

22,3%, respectivamente). No que se refere ao comportamento em média anual,

destaca-se a retoma do crescimento das vendas nos bens de capital (2,6%),

passando a acompanhar as indústrias de energia (com uma subida 10%) em termos

de comportamento positivo. Nas restantes indústrias, registou-se um desagravamento

das perdas.

No que se refere a informação avançada, do inquérito à indústria transformadora de

Agosto, as perspectivas dos empresários apontam para a estabilização da

produção e um maior crescimento dos preços nos próximos meses.

O índice de emprego voltou a evidenciar uma atenuação do ritmo de quebra

homóloga em Julho, passando para 1,6% (menos 0,3 p.p. que em Junho), o valor

mais baixo em quase dois anos. O desagravamento foi também visível em variação

média anual, com a descida a atenuar-se 0,4 p.p., para 4,5%, tendo-se registado uma

melhoria de andamento semelhante no número de horas trabalhadas, o que se

traduziu na manutenção de uma quebra ligeira da ocupação laboral na indústria.

-7,0

-6,0

-5,0

-4,0

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

Jul-

08

Ago

-08

Set-

08

Ou

t-0

8

No

v-0

8

Dez-0

8

Jan

-09

Fev

-09

Ma

r-0

9

Ab

r-0

9

Ma

i-0

9

Jun

-09

Jul-

09

Ago

-09

Set-

09

Ou

t-0

9

No

v-0

9

Dez-0

9

Jan

-10

Fev

-10

Ma

r-1

0

Ab

r-1

0

Ma

i-1

0

Jun

-10

Jul-

10

Índice de Emprego industrial

(Variação homóloga, %)

Fonte: INE

Page 54: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

52 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

3.5. Emprego e Desemprego

Jan 09 Fev 10 Mar 09 Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10

Taxa de Desemprego 10,4 10,4 10,6 10,8 10,9 11,0 10,8

Fonte: Eurostat, dados ajustados de sazonalidade, valores revistos.

As estimativas do Eurostat apontam para uma ligeira diminuição da taxa de

desemprego em Julho relativamente aos valores de Maio e Junho.

De acordo com as estatísticas do Instituto de Emprego e Formação Profissional, no

final do mês de Julho, estavam registados nos Centros de Emprego cerca de

548 mil desempregados, uma redução de 0,7% em relação a Junho.

Relativamente ao mesmo período de 2009 este número representa um acréscimo de

10,3%. O número de desempregados de longa duração (mais de um ano) aumentou,

em termos anuais, 37,2%, representando 40,4% dos inscritos. Em termos das

diversas situações de desemprego, as mulheres representavam 54,3% dos inscritos

(mais 0,3 p.p. do que em Junho), os maiores de 25 anos, 88,5% e as pessoas à

procura de primeiro emprego, 7,0%.

Fonte: BdP

3.6. Preços

09:IV 10:I 10:II Abr 10 Mai 10 Jun 10 Jul 10 Ago 10 Tvm 12

m

IPC Total -0,7 0,3 1,0 0,7 1,1 1,2 1,8 1,9 0,3

IPC bens -1,9 -0,1 1,2 0,8 1,2 1,5 2,3 2,5 -0,1

IPC serviços 1,2 0,9 0,7 0,6 0,8 0,8 1,2 1,2 0,8

Fonte: INE e Banco de Portugal

Taxas de variação percentual face ao período homólogo do ano anterior, salvo outra indicação.

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

1998:1

1998:4

1999:3

2000:2

2001:1

2001:4

2002:3

2003:2

2004:1

2004:4

2005:3

2006:2

2007:1

2007:4

2008:3

2009:2

2010:1

Portugal Área Euro

Page 55: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

53

Em Agosto de 2010, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) apresentou uma

taxa de variação homóloga de 1,9%, mais 0,1 p.p. que em Julho e mais 0,7 p.p.

que em Junho. A variação média dos últimos doze meses aumentou 0,2 p.p. em

Julho e 0,3 p.p. em Agosto, para 0,3%.

Esta evolução reflecte já o efeito do aumento de um ponto percentual das taxas

do IVA, que ocorreu em Julho. Sendo difícil perceber até que ponto este aumento

afectou os preços dos bens, que desde Novembro registavam já uma aceleração

moderada mas persistente, parece claro que a repercussão da subida do IVA

sobre os preços dos serviços foi relativamente fraca, sinal de que terá sido

parcialmente absorvida pelo lado da oferta.

A tvh do IPC foi superior em 1,1 p.p. à do indicador da inflação subjacente (medido

pelo índice total excepto produtos alimentares não transformados e industriais

energéticos), que teve uma variação homóloga de 0,8%, 0,2 p.p. superior à verificada

em Julho e 1,0 p.p. superior à verificada em Junho.

No mês de Agosto, é de destacar apenas uma descida de preços (em termos

homólogos) na saúde (-0,5%). Todos ou restantes componentes do IPC

experimentaram aumentos nos preços, as maiores subidas verificaram-se nos na

habitação, água, gás, etc. (5,0%), nas bebidas alcoólicas e tabaco (4,6%), nos

transportes (3.3%), e na educação (3,0%).

Evolução do IHPC (tvh em %)

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

Jan

-97

Ab

r-9

7Ju

l-9

7

Ou

t-9

7Ja

n-9

8A

br-

98

Jul-

98

Ou

t-9

8Ja

n-9

9

Ab

r-9

9Ju

l-9

9O

ut-

99

Jan

-00

Ab

r-0

0Ju

l-0

0

Ou

t-0

0Ja

n-0

1A

br-

01

Jul-

01

Ou

t-0

1

Jan

-02

Ab

r-0

2Ju

l-0

2O

ut-

02

Jan

-03

Ab

r-0

3

Jul-

03

Ou

t-0

3Ja

n-0

4A

br-

04

Jul-

04

Ou

t-0

4Ja

n-0

5A

br-

05

Jul-

05

Ou

t-0

5Ja

n-0

6

Ab

r-0

6Ju

l-0

6O

ut-

06

Jan

-07

Ab

r-0

7Ju

l-0

7

Ou

t-0

7Ja

n-0

8A

br-

08

Jul-

08

Ou

t-0

8

Jan

-09

Ab

r-0

9Ju

l-0

9O

ut-

09

Jan

-10

Ab

r-1

0

Jul-

10

Portugal Área EuroFonte: Banco de Portugal

ùltimos dados: Agosto 2010

Page 56: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

54 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

A evolução recente dos preços medidos pelo IHPC mostra que a inflação em Portugal

acelerou em comparação com a da zona do euro.

O indicador de competitividade-custo para a economia portuguesa (calculado

com base nos custos laborais por unidade produzida e na taxa de câmbio efectiva

da moeda nacional contra um conjunto de 24 países) manteve-se estável entre o

terceiro trimestre de 2009 e o primeiro trimestre de 2010.

De acordo com os últimos dados da Comissão Europeia, os custos laborais

unitários relativos reduziram-se cerca de 0,94% no primeiro trimestre, sendo

superiores em cerca de 1,39% relativamente a igual trimestre de 2009.

Esta evolução do indicador de competitividade resulta, assim, no trimestre em

análise, do comportamento mais favorável dos custos laborais unitários, dado que

a taxa de câmbio nominal efectiva se apreciou 1,27% no trimestre e 0,2%

relativamente a igual trimestre de 2009. Nos dois últimos trimestres de 2009 a

situação tinha sido inversa, com os custos laborais unitários relativos a crescerem

e a taxa nominal efectiva a ter um comportamento favorável.

As perspectivas para a competitividade da economia portuguesa nos próximos

meses continuam condicionadas, por um lado pelo comportamento do euro no

mercado cambial e, por outro lado, pela incerteza em torno da evolução dos

custos laborais unitários, sendo certo que, neste contexto, a moderação salarial e

o aumento da produtividade continuam a ser decisivos.

O indicador de competitividade-custo é elaborado pela Comissão Europeia e incorpora os custos laborais unitários relativos de Portugal

(total da economia) calculados face aos vinte e três principais parceiros comerciais (restantes países da UE15 mais os EUA, Canadá,

Japão, Suíça, Noruega, Austrália, Nova Zelândia, México e Turquia).

Indicador de Competitividade-Custo e Custos Laborais Unitários Relativos (1999 = 100)

90,00

95,00

100,00

105,00

110,00

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120,00

125,00

1 T

rim

00

3 T

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00

1 T

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01

3 T

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01

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3 T

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03

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10

95,00

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120,00

125,00

INDICADOR DE

COMPETITIVIDADE-CUSTO

(esc. esq.) CLU RELATIVOS (esc. dir.)

Fonte: Comissão Europeia

Page 57: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

55

3.7. Conjuntura de Pagamentos com o Exterior

2007 2008 2009 Jul-09 Jul-10 Var.%

Balança Corrente -17,074 -21,699 -17,262 -10,424 -10,281 -1.4%

Mercadorias -19,206 -22,985 -17,496 -9,672 -10,114 4.6%

Serviços 6,533 6,602 5,983 2,951 3,328 12.8%

Rendimentos -7,004 -7,781 -7,883 -4,807 -4,935 2.7%

Transferências Correntes 2,603 2,464 2,135 1,103 1,440 30.6%

Balança de Capital 2,097 2,650 1,393 1,034 585 -43.4%

Balança Financeira 14,424 19,121 15,424 9,273 10,142 9.4%

Investimento Directo -1,775 1,313 1,136 1,089 1,081 -0.7%

De Portugal no exterior -4,013 -1,872 -931 -782 -804 2.8%

Do exterior em Portugal 2,238 3,185 2,067 1,871 1,885 0.7%

Investimento de Carteira 10,043 14,662 13,261 10,589 -21,779 s.s.

Activos -7,988 -12,178 -16,451 -10,096 -9,930 -1.6%

Passivos 18,031 26,840 29,712 20,685 -11,849 s.s.

Outro Investimento 5,271 2,974 827 -2,543 31,708 s.s.

Activos -11,647 11,916 172 -2,370 -7,165 202.3%

Passivos 16,918 -8,942 655 -173 38,873 s.s.

Derivados Financeiros 173 251 120 29 194 569.0%

Activos de Reserva 713 -79 80 108 -1,062 s.s.

Erros e Omissões 554 -70 445 117 -447 s.s.

Dados provisórios expressos em milhões de euros (m.e.); s.s. – sem significado.

Fonte: Banco de Portugal.

Notas prévias: i) a análise evolutiva das várias rubricas da Balança de Pagamentos deve ser feita com especial cautela,

atendendo ao carácter provisório dos dados e à disparidade de valores da componente “erros e omissões” nos períodos

em confronto, esperando-se a sua redução e redistribuição pelas outras componentes da Balança de Pagamento.

De acordo com dados preliminares do Banco de Portugal, a Balança Corrente

nacional acumulou um défice de 10281 m.e. no período de Janeiro a Julho de

2010, traduzindo um recuo de 1,4% em termos homólogos (143 m.e.). Este

comportamento traduziu o aumento do excedente das balança de serviços (em 377

m.e.e.) e de transferências correntes (em 337 m.e.), mais do que compensando o

agravamento do saldo negativo das balanças de mercadorias e rendimentos (em 442

e 128 m.e., respectivamente). O acréscimo das transferências foi impulsionado

pelo crescimento das transferências públicas com origem na União Europeia

(aumento de 261 m.e.).

Em sentido contrário, a Balança de Capital registou uma forte diminuição do

saldo excedentário (43,4%, para 585 m.e.), que traduz de forma aproximada as

entradas líquidas de fundos comunitários. O défice conjunto das balanças corrente

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56 A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

E C O N O M I A N A C I O N A L

e de capital registou um agravamento de 3,3%, para 9696 m.e., reflectindo a

evolução desfavorável da componente de capital.

O alargamento das necessidades de financiamento da economia reflectiu-se

num acréscimo do excedente da Balança Financeira (em 869 m.e.), que teve

origem na rubrica de „outro investimento‟, mais concretamente nos passivos

das autoridades monetárias, traduzindo o crédito obtido pela banca portuguesa

por via do BCE devido à dificuldade de financiamento nos mercados

internacionais. Aqueles passivos aumentaram 39 mil m.e., face a uma subida de 5

mil m.e. nos activos. A evolução da rubrica sobrepôs-se à forte quebra do saldo

de investimento de carteira, que reflectiu a quebra nos títulos nacionais detidos

por estrangeiros. Refira-se também que o saldo positivo de investimento directo

líquido se manteve praticamente inalterado, reflectindo a estabilidade quer das

entradas quer das saídas. Destaca-se ainda a quebra do saldo de activos de reserva

devido à compra de activos cambiais.

Page 59: Relatório Mensal de Economia - Setembro 2010

57

Principais sítios da Internet consultados na elaboração do Relatório Mensal de Economia:

Economia Internacional:

www.boj.or.jp/en (Banco do Japão)

www.ecb.int (Banco Central Europeu)

www.bloomberg.com (agência noticiosa Bloomberg)

www.bea.doc.gov (Bureau of Economic Analysis - EUA)

www.bls.gov (Bureau of Labor Statistics - EUA)

www.census.gov (Census Bureau - EUA)

http://europa.eu.int/comm/index_en.htm (Comissão Europeia)

www.conference-board.org (Instituto Conference Board - EUA)

www.cbo.gov (Congress Budget Office - EUA)

www.esri.cao.go.jp/en (Economic and Social Research Institute - Japão)

www.euronext.com (Euronext – cotações do PSI-20)

http://epp.eurostat.cec.eu.int/portal/ (Eurostat)

www.federalreserve.gov (Federal Reserve - EUA)

www.ft.com (Financial Times)

www.imf.org (Fundo Monetário Internacional)

www.stat.go.jp/english (Gabinete de Estatística japonês)

www.mof.go.jp (Ministério das Finanças japonês)

http://metalsplace.com (notícias sobre metais)

www.oecd.org (Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Económico)

http://europa.eu.int/index_pt.htm (Portal da União Europeia)

http://finance.yahoo.com (Secção Financeira do Yahoo)

http://metalsplace.com (sítio especializado em notícias sobre metais de base)

Economia Nacional:

www.bportugal.pt (Banco de Portugal)

http://europa.eu.int/comm/index_en.htm (Comissão Europeia)

www.cmvm.pt (Comissão de Mercados de Valores Mobiliários)

www.dre.pt (Diário da República Electrónico)

www.dgo.pt (Direcção-Geral do Orçamento – Ministério das Finanças)

www.imf.org (Fundo Monetário Internacional)

www.gpeari.min-financas.pt (Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações

Internacionais – Ministério das Finanças)

www.iapmei.pt (IAPMEI)

www.ine.pt (Instituto Nacional de Estatística)

www.oecd.org (Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Económico)

www.portugal.gov.pt/ (Portal do Governo)

www.incentivos.qren.pt (Sistemas de incentivos – QREN)

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