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To Jornal Autogestionái*io PV 05 OUT1994 Ano XIV- N 0 . 83- Santa Maria da Vitória (Bã.) - Setembro/1992 - Cr$ 1.000 r CHEGOU A HORA DO NOSSO ESTADO DO SÃO FRANCISCO! Chegou a hora de criarmos o Estado do Sao Francisco. Que se levante esta bandeira em todos os municípios, associações de moradores, escolas, etc. Ja es- tamos fartos de exploração! (leia na pagina 5) Mí^Ai CLEMENTE DE ARAÚJO CASTRO A FIGURA DO SÉCULO Por CLOOOMIR MORAIS (pagina 7) 500 ANOS DE MASSACRE (^DESCOBRIMENTOADA AMÉRICA SUJEIRA TOTAL NO PLANALTO Collor consegu que o Planalto Cei cesse de cabo a ral pra felicidade da nação, ele vai dançar Junto com sua qua- drilha. iiu fazer com iJk r ~Z> sntral apodre iKj 'abo. Mas, \ { (lei a na pagina 4) VITÓRIA OO SOCIALISMO NAS OLIMPÍADAS DE BARCELONA Quem disse que o Socialismo morreu deu com os burros n'agua. Cuba e outros países socialistas deram prova disso nas 01impfadas. (leia na pagina 8) PORTO CALENDÁRIO , 0 centenário TAMARINDEIR0 e brindado com esquema de proteção. (pagina 2) 0 POSSEIRO" recomenda

83- Santa Maria da Vitória (Bã.) - Setembro/1992 ... · e cultura no Oeste Baiano ao ser palco de XII SE MANA CE ARTE E CULTURA no finei de maio, ... de verdadeira Historie Brasileira

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Jornal Autogestionái*io PV

05 OUT1994

Ano XIV- N0. 83- Santa Maria da Vitória (Bã.) - Setembro/1992 - Cr$ 1.000 r

CHEGOU A HORA DO NOSSO ESTADO DO SÃO FRANCISCO! Chegou a hora de criarmos o

Estado do Sao Francisco. Que se levante esta bandeira em todos os municípios, associações de moradores, escolas, etc. Ja es- tamos fartos de exploração!

(leia na pagina 5) Mí^Ai

CLEMENTE DE ARAÚJO CASTRO A FIGURA DO SÉCULO

Por CLOOOMIR MORAIS (pagina 7)

500 ANOS DE MASSACRE

(^DESCOBRIMENTOADA AMÉRICA

SUJEIRA TOTAL NO PLANALTO Collor consegu

que o Planalto Cei cesse de cabo a ral pra felicidade da nação, ele vai dançar Junto com sua qua- drilha.

iiu fazer com iJkr~Z> sntral apodre iKj 'abo. Mas, \ {

(lei a na pagina 4)

VITÓRIA OO SOCIALISMO NAS OLIMPÍADAS DE BARCELONA

Quem disse que o Socialismo morreu deu com os burros n'agua. Cuba e outros países socialistas deram prova disso nas 01impfadas.

(leia na pagina 8)

PORTO CALENDÁRIO

, 0 centenário TAMARINDEIR0 e brindado com esquema de proteção.

(pagina 2) 0 POSSEIRO" recomenda

Page 2: 83- Santa Maria da Vitória (Bã.) - Setembro/1992 ... · e cultura no Oeste Baiano ao ser palco de XII SE MANA CE ARTE E CULTURA no finei de maio, ... de verdadeira Historie Brasileira

o possem $ÉÊÉ

Associação de Desenvolvimento Rural Integrado

C.G.C. (M.F.) 13.243.977/000-81 11

OàDERI Ano XIV-Ne 83 - SETEMBRO/1992

COORDENADOR:« Joaquim Lisboa Neto

FINANÇAS: Washington Antônio Souza Simões

ARTE E DIAGRAMAÇÂO: Jurimar Silva de Almeida

REDAÇÃO Rua Antônio Barbosa, 53 — Fone: (073) 483-1130 CEP 47.640 — Santa Maria da Vitória — Bahia

PORTO CALENDÁRIO Em campanha detohada na Xlt SEMANA

DE ARTE E CULTURA o TAMARINDEfRO, marco histocico e cultural de Santa Maria da Vitoria, recebeu o presente que de ha muito devia ter recebido: um esquema de proteção, na forma de um barco de pedra.

A CASA DA CULTURA "ANTÔNIO LISBOA DE MORAIS" disparou na frente dando duas caçambas de pedra* A comunidade colaborou ativamente e a prefeitura, rebocada, redimiu-se de sua omissão e prontificou-se a concluir os tra- baIhos e constru i r, também, o ca i s nas imediações, Iigando-m ao "Bar de Ra i mundo".

0 barco recebeu o significativo nome de "PORTO CALENDJfclO", numa alusão ao romance de Osório Alves de Castro, onde o TAMARINDEIR0 e cenário de inúmeras passagens.

Viaje bem...

viaje EMTRAM ÔNIBUS PARA OS SEGUÍWTES ESTADOS:

SÃO PAULO. MINAS GERAIS, RIO DE JANEIRO, GOIÁS E BAHIA; prestando serviços da BAHIA ao RIO GRANDE 00 SUL, nas localidades de

BARREIRAS a PASSO FUNDO, CARAZINH0, SANTA ROSA e SANTO ÂNGELO

BARCO DE PEDRA

A luta não foi vã. Está lá para todo mun do ver... para "inglês ver", nosso secu- lar Tamarindeiro dentro de um barco de pedra. Justamente (e a propósito) um bar co, embarcação tantas vezes construído. ' sob sua sombra, quando servia de estalei ro para homens simples, de mãos hábeis e calejadas, manejarem seus instrumentos 1 de trabalho na construção de barcos, car ros-de-bois, além das famosas carrancas' feitas pelo mestre Guarany.

Não foi fácil atingir o objetivo. Tive - mos que mendigar recursos junto aos co - merciantes e políticos de Santa Maria da Vitória e São Felix do Coribe para con - cretizar a obra. Assim, não fossem os es forços de Luís Cayres, Jairo Rodrigues , Ghico Maleiro e Irineu Teles, somados ' aos tantos reclamos feitos durante inúme r^s Semanas de Arte e Cultura, certamen- te, o velho sonho daqueles que se preocu pam em preservar a memória santa-marien- se não se tomaria realidade.

No dia 26.06.92, quando nossa cidade com pletava seu octo^esimo terceiro ano de emancipação política, ela recebeu um ' grande presente dos seus filhos naturais e adotivos: a proteçãp à testemunha da sua história, o Tamarindeiro.

Não entendemos porque isso não havia si- do feito; não havia sensibilizado nossas autoridades. Foi necessário que a comuni dade arcasse com mais esse ônus, apesar' de sofrida pelos "planos collorído8»t

Infelizmente, tudo isso nos obriga a pen sar que obras desse gênero não rendem djl videndoe aos políticos. Por esta razão, o patrimônio e história do povo desapa - recew

Redimindo-se do erro cometido, a Prefeitu ra, em boa hora, prontificou-se a conclu ir os trabalhos e construir, ainda, no espaço entre a antiga ALMASA e o Tamarin deiro, uma área de lazer, tão rara, se - não inexistente em nossa cidade.

Para finalizar, cabe aos santa-marienses agradecerem, de forma especial, à Casa da Cultura "Antônio Lisboa de Morais" ' que, através de Washington Simões (presi dente da ADERI), desempenhou um papel im- portantíssimo na concretização dessa ide ia de "salvação do Tamarindeiro".

N0VAIS NETO poeta

'#* SETEMBRO/92

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CONTINUA LINDA A SEMANA DE ARTE E CULTURA

Santa Maria da Vitoria deu mais ume vez a prova de que ocupe a vanguarda do saber, de arte e cultura no Oeste Baiano ao ser palco de XII SE

MANA CE ARTE E CULTURA no finei de maio, de 24 a 30, como sempre promovida pele ADERI/Casa de Cul

ture "Antônio Lisboa de Hbrels"/METRU.

A coletividade santa warienae, que já tem* o avento como um patrimônio seu, prestigiou meei comente a SEMANA. Foram eo redor de cinco mil os assistentes que, sem duvide, saírem intelectual- mante enriquecidos, dadas a diversidade e profun didada doa tomas explorados.

A abertura aconteceu com ume honesta e o- portune palestra proferida pelo nosso contaria ~ neo Rogério Atefde sobre es eleições municipais' que vão acontecer neste ano. é de as esperar que e contribuição de Rogério sirva pare que o povo'

-jiu, pelo menos, um setor significativo dele - não ceie nas velhas e, infelizmente, eficazes ar medilhes das raposas políticas, antigas ou recen tea.

Dando seqüência & SEMANA, no dia 25 foi a vez do Cônsul de Espanha na Bahia, Plácido Serre

de, dissertsr sobre os SOO anos do Descobrimento (leia-se pilhegem, destruição e humilhação) de

Amsrice. Ao que se sabe, foi e primeira vez que* um cônsul visitou Santa Maria, o que fez com que o local do evento se superlotasse nesse die.

A seguir, na 3i feire, 25, e SEMANA se a-

brilhentou com a presença de um dos dirigentes • do Movimento Camponês cearense, o companheiro Ma

mel A. Peixoto, diretor de ACOOD (Associação ~ de Cooperação e Desenvolvimento, combativa enti- dade de Massapê (CE). Ele destrinohou, com sabe- doria o conhecimento de causa, e realidade campo nese atual do Nordeste brasileiro.

Ume das propostas de Cosa da Cultura "ALM", desde sue fundação, reside na lute pelo resgate'

de verdadeira Historie Brasileira e no repúdio & história oficial, escrita pelos vencedores. Por'

isso, fizemos com que Olderico Campos Barreto, ' perticipesss, no die 27, 4« feira, de SEMANA pa

ra nos falar de sue experiência na luta guerri 1 lheire eo lado do Capitão Carlos Lemarce, herói

de classe operária e camponesa latino americana,

assassinado pelas forças de repressão de ditadu-

ra militar em Oliveira dos Brejlnhos (BA), no inf cio dos anos 70. Com certeza, es constituiu num fato altamente honroso para a Casa da Cultura * "ALM" receber nas sues instalações um compenheiro

que empunhou o fuzil para lutar contra oe "ferorl - Ias" que tonarem conta do Brasil em 64,

Na Si, 28, a lute continuou... Desta feita* com Jaime Sautchuk, um dos expoentes de nossa im- prensa alternativa, que viveu seus períodos de e-

fervescência nos anos 70. Sautchuk foi colabora - dor e fundador doa jornais "Movimento" e "Opint - ao" (ambos extintos), dois dos melhoras semana -

rios brasileiros. Além disso, escreveu oe livros'

"0 Socialismo na Albânia" e, em co-autoria, "Pro-

jeto JarL, e invasão americana" e "A Guerrilhe do Araguaia". Em agosto ele lança a novela "Mltaí" e

para dezembro está previsto o lançamento do "A Ex perlêncie Arnode no Brasil", Com toda esse isegm I gem, ninguém melhor que Jaime Sautchuk para abor- dar com segurança o tema de "Experiência fvmmim e e Revolução Brasüeire".

Encerrando o ciclo de palestras, duas bri -

lhantes figures encantaram principalmente oafas ) estudantes na noite do dia 291 Qláucie MBlasso *

Garcia, Mestre em Educação, e Paulo Afonso Quer - mas, filósofo e teólogo, educadoras comprometidos com os Movimentos Populares e assessores do MEB (Movimento de Educação da Base), que os enviou a Sente Maria da Vitória. "A Cultura, a WÊmʧm e

a ttodemidade" foram debatidas profundamente com

ume platéia de quase SOO pessoas até altas horas' da noite.

E no die 30 o conjunto musical Raça Humane' deu um memorável show, fechando com chave de ouro

o XII SEMANA OE ARTE E CULTlflA, ume doida experi-

ência que deu certo. Paralelamente a todas esses atividedes, aconteceu, como de costume, a Exposi- ção permanente de Arte.

Em melo e toda esse festa, ume nota de In - descritível tristeza r a euaênde do nosso grande companheiro Manoel Massias de Mendonça ("Manoel *

do Cal"), presidente de Associação dos Amigos a * Moradores do Bairro do Malvão, que a morte levou*

no 28 de abril ultimo. A SEMANA foi dedicada a * ele. Sem nenhum favor.

DIVULGUE O POSSEIRO" SETEMBRO/92 QdfSS^ftfeg

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ELEIÇÕES EM SANTA MARIA

Ja estão definidos os candidatos a prefeito de Santa Maria da Vitoria e São Felix do Coribe. Em Santa Maria vao brigar pela conquista da "viúva": Pedro Novaes (PDS), candj, dato situacionista; Or. Bartoiomeu (pela frente de "esquerda* PDT / PCdoB / PT)j e Joaquim^Ferreira Campos (PSC). Em Sao Felix, também três sao as aves de rapina: o Padre José Oamingos (PT), Edson José da Silva (PMDB) e Paulo Sérgio W. Lisboa (PFL), um dos representantes da decadente UDR na Bacia do Rio Corrente. 0 povo se agita e se prepara para, mais uma vez, colocar um tirano no poder.

SUJEIRA TOTAL A população brasileira assiste

indignada a um dos episódios mais vergonhosos da historia do nosso Pais, desde a sua descoberta.

A CPI-PC/Collor está fazendo emer-

gir toda a sujeira, roubalheira, corrupção e malversação do dinhej^ ro publico que o governo Collor nestes dois anos e meio praticou.

São mais de 100 milhões de dólares manipulados por Collor e seus asseclas e que estão causan- do ao povo brasileiro a angustia de passar por uma cr i se sem pre- cedentes e que tende cada vez mais a se agravar.

E, para vergonha dos baianos, vemos o governador da Bahia, o supercorrupto Antônio Carlos Ma- galhães, dono do PFL, defendendo com unhas e dentes o presidente Fernando Collor de Mello.

Parece que ACM quer que nosso Estado sirva de papel higiênico para o planalto central. No en- tanto, a sociedade civil e os politiceique ainda tenham um mínimo de dignidade haverão de impedir que a Bahia se preste a desempenhar essa vergonhosa missão de encobrir as falca- truas de Collor, PC Farias e outros dessa poderosa mafia.

NO PLANALTO Vamos salvar a vida de Admardo S. de Oliveira Um dos maiores filósofos e edu-

cadores brasileiros esta^gravemente doente e, gor causafdo péssimo sis- tema de saúde de pais, precisa par- ti i; para a Pensylvannia (EUA), ^nde irá se submeter 3 um imprescindível transplante,de fígado (do qual ele necessita ha alguns anos),^© Hosp^ t^l Metodista. Essa operação custa- ra mais de i bilhão de cruzeiros.

Estamos falando de ADMAROO SERA- FIM DE OLIVEIRA, colaborador do •POSSEIRO" e da Casa da Cultura "Antônio Lisboa de Morai s^desde meados dos anos 80. Por inúmeras ra zoes, precisamos envidar esforços no sentido de apoiar ADMARDO para que ele se salve. Para atingir este objetivo, solicitamos aos leitores e colaboradores do "POSSEIRO" e da Casa da Cultura "ALM" gue enviem apoiç financeiro através de remessa bancaria. 0 dinheiro devera ser en- caminhado para EDNA CASTRO DE OLIVEi RA e/ou ADMARDO SERAFIM DE OLIVEIRA - CAIXA ECONÍMICA FEDERAL^- Agência 0662 - Código de Operarão 013 - Conta n» 16400-5 - Vitoria (ES).

MORRE UM BOM CRONISTA (Adenor Batista Marjano _ 19 0 9-1992]

0 primeiro Técnico de estatística do mu nicípio de Santa Maria da Vitória fale- ceu nesta cidade no dia 27 / 07 / às 4: 30 horas, vítima de trombose cardíaca.

Trata-se de Adenor Mariano, que produ - ziu inúmeras crônicas para "0 POSSEIRO", além de ser sócio da Casa da Cultura ■ Antônio Lisboa de Morais".

Com o desaparecimento de Adenor Mariano vai-se mais um pouco da memória de nos- sa terra. Ele acompanhou de perto inúme ros fatos históricos ocorridos em Santa Maria, tendo o cuidado de registrá-los para que as gerações posteriores não perdesseade vista a importância da pre- servação da identidade do povo deste lu gar.

"0 POSSEIRO" lamenta proflindamente a perda desse valioso colaborador. A D. Jalmira Santana Mariano (viuva), Adenor Mariano Jr. , Miria Santana Mariano Ro- cha, e Vânia Santana Mariano, nossas ' condolências.

4 o^mim- SETEMBRO/92

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CHEGOU A HORA DO NOSSO ESTADO DO SÃO FRANCISCO!

Anuncia-se no Diário do Congresso a existência de projetos para a criação de 8 novos Estados brasileiros. Agora que o movimento de autonomia se espraia pela Europa do Leste, se pode ver claramente que as anexaçoes, do ponto de vista histórico, nao tem vida longa. E e esta a razão da Eslováquia se sepa- rar da Boêmia, a Croácia e Eslovenia se separarem da Yugoslavia e Quebec, ha tempos, querer se separar do Canada.

No século passado, vasto território do Oeste Sanfranciscâno Pedro I arran- cou de Pernambuco e anexou a Bahia como punição aos ideais libertários da nossa primeira e única revolução de independência, a Revolução de 1817, no Nordeste Oriental. Era a antiga Comarca do Sao Francisco que se estende de Casa Nova ate Carinhanha, entre o Rio Sao Francisco e Goiás. Pernambuco nunca aceitou esse vergonhoso despojo que correspondia a uma área mais de 2 vezes superior a sua atual superfície. Tanto e assim que a Constituição daquele Es- tado trata desse litígio territorial e, dos eméritos causídicos nomeados para defender os direitos de Pernambuco, esta o Dr. Barbosa Lima Sobrinho, hoje presidente da ABI. No decorrer de quase dois séculos, os habitantes da antiga Comarca do Sao Francisco viram definida a sua identidade como uma região de cultura autentica, diferente do resto da Bahia e de Pernambuco, com o seu pro prio dialeto flagrado pelo romancista santamariense Osório Alves de Castro em

"Porto Calendário" e difundido por seu velho amigo Guimarães Rosa, sobretudo em "Grande Sertão: Veredas",

Na segunda metade do século passado a Comarca do Sao Francisco chegou a separar-se da Bahia, tendo por capital a Cidade da Barra, em cujo município ha via nascido o Chefe do Gabinete o Barão de Cotegipe. Ao que consta, chegou-se a realizar eleições para o orgao legislativo da nova Província do São Francis, co.

Entre as mais recentes tentativas de autonomia da vasta Região do Alem Sao Francisco consta aquela proposta pelo deputado santa-mariense Adão Fe Souza na Assembléia Legislativa da Bahia, com enorme repercussão nao somente na região como também no resto do pais.

Hoje, as condições de miséria, de atraso e de esquecimento a que ficou re- legado o Alem Sao Francisco Justificam a concretização daqueles ideais liber- tários. Nao temos universidades para a nossa Juventude. As estradas sao aquela porcaria de sempre, pois Salvador so se lembra de nos na hora de bus- car votos para eleger so governadores baiapos e raramente algum sanfranciscano que se vendeu ao Recôncavo, como foi o caso de Antônio BaIbino, que construiu 2 luxuosos Teatros "Castro Alves" enquanto a Região expulsava dezenas de milha res de sanfranciscanos para Estados do Sul e do Centro-Oeste movidos pelo desemprego. 0 que Ba I bino fez de grande na nossa Região foi a aquisição de de- zenas de milhares de hectares de terra para cercar de arame farpado e so. Plantar que e bom, cadê? A coisa foi tao escandalosa que o INCRA teve que ex- propriar uma de suas fazendas no Município de Angical.

Chegou a hora de nos, os do Rio Sao Francisco, levantarmos a bandeira de sua autonomia. Os do Rio Tocantins o fizeram com êxito ao ponto de construir uma capital nova e moderna. É inútil a Bahia insistir em continuar subjugando as gentes do Alem Sao Francisco. Agora, ou algum dia, mais cedo ou mais tarde o despotismo do Recôncavo será derrotado. Que se levante essa bandeira em todos os municípios, associações de massas, estabelecimentos de ensino, etc. Basta! Ja estamos fartos de exploração. Os do Alem Sao Francisco criamos o grande celeiro da Bahia e um dos maiores do Brasil e e bem por isso que nao necessitamos da Bahia nem de Pernambuco. Que se abram concursos para concepção e eleição da nossa bandeira - a bandeira do Alem Sao Francisco, e seu correspondente escudo e outros símbolos. Que se criem comitês da luta pela au- tonomia do Alem São Francisco. A Bahia so enxerga o mar, o estrangeiro. Nao enxerga o sertão sanfranciscano. Ela vive de costa para nos, apesar de que es- tejamos quase fronteira com a capital brasileira. Chegou a hora de virarmos nos as costas a Salvador e marcharmos com nossos pes. E o que esperam de nos os nossos posteros e a memória dos nossos antepassados que nos forjaram na dureza das condições de vida do Alem São Francisco.

SETEMBRC/92 jfegjgjggjfe:

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UM RARO EXEMPLO DE HERÓI POPULAR (MANOEL DO CAL - 1917 -199^

A tarde do último 28 de abril não poderia • nos trazer pior notícia. Acabav/anos de perder CM

doa Maiores lutadores dos itovinentos Populares * santa larlenses; MANDEL MESSIAS OE iCNDONÇA(" MA- NOEL 00 CH."), quando ee dirigia, por volta das 16 horas, à Casa da Cultura "Antônio Lisboa de Mo

reis", foi colhido por una C-10 que tinha ao vo - lante méis um neurótico predestinedo a tirar a vi da de um trabalhador. Três horas após sofrer o a»

cideate "Manoel do Cal" veio a falecer, com os tíapanos estourados.

Tendo chegado à nossa cidade em 1999, vindo

da cidade baiana de Aporá, onde nasceu aos * 29,11,17, "Msnoel do Cal" fbi irdcialmsnt» lavra- dor, tendo posteriormente se dedicado ecánomloa -

mente & atividade do comercio de cal, que ele «es mo produzia. Deixou, como viuve, D, Flortnda Dan-

tas de Itendonça a 5 filhos. Em 83 participou ativamente da luta pela •

construção da Aaaociaçio dos Moradores de Santa •

Maria da Vitória a são Felix, da qual saiu algum'

teapo depoie por discordar da forma como alguns • assessores da entidade (ligados & Igreja, CPTe PT}

vinhM conduzindo o movimento, Como sua sede de lutar pelos pobres era i-

neagobSvel, •Mwioel do Cal" não aadiu esforços no sentido de criar (ao lado do seu velho oompartwi-

ro Undolfo Leal, entre outros) a Associação dos" Amigos a Moradoras do Bairro do Mal vão, em abril' da 87, cuja presidência ale ocupou por alguns a- nos, estando, inclusive no exercício do mandato •

quando sofreu o fatal acidenta. Pouquíssimas pessoas podam ser comparadas a

"Manoel do Cal" em temos de Jovialidada, pique e disposição de luta, Era um Hsatre na acepção^da • palavra. Encantava a juventude com suas históriae cheias da bom humor, Com mtdta garra, participou»

da inúmeros multirSas na Escola Polivalante, de *

87 a 89, Freqüentador asafduo da Casa da Cultura "An

torüo Lisboa da Morais", onde também buscava as - sesaorla para a Associação que dirigia, tinha um carlriho especial pelas crianças, prlnclpalwnte • as pobres. Por issa^ criou na Associação do Ifcl - vão uaa aacolinha, a "Donos do Futuro", qte hoje' atenda a uma centena da crianças, as quais «itri- affl por "Manoel do Cal" uma profunda afeição.

AÍ temos, portanto, um exemplo de herói das' classes trabalhadoras, um homem imprescindível ' porque lutou até o último dia de sua vida.

A saudade que temos de "Manoel do Cal" e * grande demais, fica difícil traduzi-la em pala - vros, E ele este e estará sempre conosco, nos im- pulsionando para a luta em favor dos despossuídoa Ssmpre,

MEB APOIA ESCOLA

"DONOS DO FUTURO"

A Escola "Donos do Futuro", da Associação dos Amigos e Moradores do Bairro do Mal vão (Santa Maria da Vitória), está recebendo valioso apoio do MEB(Movimento de Educação de Base), através do Projeto "Alfabetização e Conscientização de Jovens e Adultos; aprovado no inicio do mês de agosto deste ano,

0 Com essa força que o MEB esta dando, agora a Escola "Donos do

Futuro" poderá se consolidar, crescer e, para 1993, atender a uma maior quantidade de crianças

e adultos pobres do Bairro do

Mal vão.

PODER JUDICIÁRIO

COMARCA Pg SANTA MARIA DA VITÓRIA

EDITAL

RITA DE CÁSSIA DE ARAÚJO CASTRO, Oficial designada do REGISTRO DE IMÓVEIS E HIPOTÉ- CAS desta Comarca de Santa Maria da Vitória, Estado da Bahia, etc.

FAZER SABER a todos quantos o presente edital virem ou dele conhecimento tiverem que, nos termos do art. 18 e seus parágrafos da Lei n°. 6.766 de 19 de dezem- bro de 1979, ROOSELVET DUARTE MOURA e sua mulher REQÜERERAM O REGISTRO DO LOTEAMENTO denomina- do CLÔVIS ARAÚJO, de sua propriedade e que se acha localizado no perímetro urbano da cidade de Sao Félix do Co- ribe-Ba. conforme plano, planta- e memoriais descritivos devidamente aprovados pela Prefeitura do Município de Sfio Félix do Coribe - Ba. O projeto compreende uma área total de 19 87 ha. de terreno levemente ondulado da transcrição número 01 referente a Matrícula n». 5.390 fls. 264. do livro 2-Q registro Geral, deste Cartório está dentro do roteiro fornecido pelo Engenheiro Civil Roosevelt Duarte Moura CREA 10604-D-Ba.

E para que ninguém alegue ignorância, expediu-se o presente que será publicado em JORNAL.

Decorrido o prazo de lõlquinze) dias contados da data da publicação, e não havendo impugnaçâo de terceiro. SERÁ FEITO O REGISTRO. SANTA MARIA DA VITÓRIA. 27 de julho de 1992. Eu, RITA DE CÁSSIA DE ARAÚJO CASTRO Oficial designada do Registro de Imóveis, datilo- grafei, conferi, e subscrevi.

o&p$mm SETEMBRO/92

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A VERDADE QUE SE IMPÕE!

Coronel Clemente de Araújo Castro: A Figura do Século no Rio Corrente

A última vez que visitei Agnelo Braga, compartilhamos da mesma opinião de que, no presente sécuio, Clemente de Araújo Castro foi a mais importante figura da Bacia do Rio Corrente, da mesma maneira que Severiano Magalhães, no século passado, foi a personalidade mais marcante da Região. Este o foi por haver consolidado na Bacia do Rio Corrente um ponto econômico, de trocas e consignações, intermediário entre Goiás e a Bahia - Cor- rentina, com os portos de São José e de Santa Maria da Vitória. Aquele - o Cel. Clemente - por ter sido o graúde pioneiro da introdução do capitalismo na Bacia do Rio Corrente. O papel econômico que teve Correntina de intermediação entre regiões remotas e o mercado nacional, (mediante transporte fluvialj foi o mesmo que justificou a importância e o enriquecimento de Re- manso. Barra, Santa Rita do Rio Preto e Casa Nova com relação ao Piauí; e Formosa, Barreiras, Januária e Paracatú com relação a Goiás.

Os dados estatísticos não são abundantes, porém são sufi- cientes para exigir dos sociólogos, economistas, historiadores e intelectuais outros da Bacia do Rio Corrente estudos e pesquisas sérias a fim de resgatar o extraordinário espírito empresarial e político de Clemente de Araújo Castro do ultrapassado antro das paixões políticas para dar-lhe o tratamento da análise científica, que se faz necessária. Contudo, há que fazê-lo de imediato, en- quanto ainda vivem os seus parentes mais próximos, sobretudo os sobrinhos João, Clemente, Clóvis, Clorivaldo, Regina e Valdir, aos quais, e a outros mais, ele deu formação superior.

Estima-se que nos anos 1925/26 deu-se o apogeu do flores- cimento econômico e cultural do Rio Corrente, antes da desas- trosa Recessão de 1929, que virou a canoa de toda a economia dos países capitalistas. Esse apogeu se manifestava na agricul- tura, na indústria, no comércio, nos transportes e na Cultura. Foi a época de consolidação do complexo agroindústria! "Araújo Castro & Cia.'', composto de áreas agrícolas e de pecuária, na Lagoa da Tabúa e Mozondó e na secção de transformação indus- trial, em São Félix.

Lá naquelas fazendas se produziam gado, algodão e cereais com uma razoável massa de assalariados agrícolas denominados "camaradas''. Eram tão consideráveis as necessidades de força de trabalho na agricultura, sobretudo nas quadras de colheitas, que se tornaram famosos os editais de intendentes proibindo a emi- gração de braços rurais rumo ao sul do pais e punindo a vadi- agem na cidade mediante a incorporação compulsória de vadios à faina remunerada das colheitas.

Não se conhece exatamente o nível das forças produtivas utilizadas nas fazendas de "seu" Clemente. Contudo, se sabe que nelas se usavam adubos para correção de solos e fumigação para combate a pragas. Não se tem notícias do uso de tratores e sim de arados e rastras de tração animal, no que contrasta com o nível técnico organizativo da grande empresa agrícola que exigia um caminhão, dois automóveis, além de uma linha tele- fônica que interligava a residência do proprietário com a fazen- da e ambos com o São Félix, onde uma usina movida a energia elétrica (de origem termo-dinâmica), processava a transforma- ção dos produtos agropecuários. Nela se descaroçava, prensava e "enfardava'' o algodão; se debulhavam milho e feijão; se des- cascava arroz; se transformava a grande produção de leite na famosa manteiga "Zuzü'', enlatada a vácuo mediante um primi- tivo método de pasteurização pelo choque brusco de contrastes térmicos. Para tanto, a usina de "Araújo Castro & Cia." era tam- bém uma fábrica de gelo industrial e era tão suficiente a po- tência de energia termo-dinâmica que pode mover mais um dí- namo destinado a iluminar (em 1934) a Santa Maria da Vitória de 3.500 habitantes.

Houve época em que produzia "jabá" para não perder car- nes de bovinos em idade de decapitação. A atividade industrial que mais tempo durou foi a da serraria. Clemente Araújo foi mais longe.- mandou construir um navio de porte médio (50 toneladas de convés e 200 de car|a arrastada em lancha ou chata). Isso correspondia à carga de 80 caminhões Ford da época.

Há que considerar que foram os intendentes da sua cor- rente política que construíram o cais e o cemitério novo, que deram início à canalização do Riacho Seco e construíram as

CLODOMIR MORAIS (especial para • O POSSEIRO ")

rodovias carroçáveis que ligavam Santa Maria a Santana dos Bre- jos (via Santo Antônio) e São Félix ao Alegre, onde pontificava enorme influência Político-econômica de um dos seus irmãos, o "Major" Leônidas de Araújo Castro. O intendente Clóvis Araújo criou a Biblioteca Pública de enorme utilidade para a Juventude da década dos 40.

Pese a que ele mesmo reconhecesse sua modesta cultura, o "Coronel" Clemente teve intendentes geralmente cultos, tais como o dentista Cotias Lebre, o músico Argemiro Filardi, o con- tador Clóvis Araújo e o comerciante e famoso autodidata "Ca- pitão" Elias Borba, seu "Richelieu", sua "Eminência Parda", enfim, o intelectual que lhe orientou na sua gesta de chefe político e de capitão-de-indústria. Foi tão decisivo o papel assessor de Elias Borba na existência do "império" dos Araújos que, no começo dos anos 40, o seu traslado (sem votos porque eram poucos os seus eleitores) para a oposição decretou definitivamente a queda do referido "império".

O ''Capitão" Elias Borba - segundo entrevistas que eu mes- mo fiz, em 1950, em Salvador - deixava "desmandibulados" (bo- quiabertos) o jurista Joaquim Laranjeira e seu filho Péricles (estudante de Medicina), no final dos anos 20, toda vez que, no "bate-papo" informal, na prosa descontraída Elias incursionava na área dos logaritmos e do cálculo infinitesimal. Era, de fato, surpreendente se se considera que, um lustro depois, tanto a Escola da Prof*. Etelvlna Antunes Coelho, ou a Escola de Dona Micol do Espírito Santo, ou ainda o ''Colégio Bahiano" de Derval Gramacho, não iam mais além do ensino da Álgebra de Trajano. O jesuíta, mineralogista, padre Torrend se espantou com o fato do tabaréu Elias Borba, na década dos 20, "arranhar" rudimentos de francês e abordar o tema da Física Quâutica. Foi ele quem o "Coronel" Clemente de Araújo Castro utilizou como seu conselheiro político, uma espécie de "primeiro ministro", durante 20 anos.

O surto de relações capitalistas estimulou o progresso na Bacia do Corrente, gerando outros dados interessantes como os que seguem: duas bandas de música (a "Vitória" e a "Seis"') em Santa Maria e outra na Vila de Correntina; os jornais "A Idéia" (de Ciaudemiro Santos e Tibúrcio LafuentP, irmão de Guarany), "O Corrente" (de Sebastião Araújo) "A Tribuna do Povo" (de Pedro Coelho) em Santa Maria; e "ü Batuta" (de Raimundo Sales), "O Forte" e "O Progresso" (de Helvécio Rocha) em Correntina. Porém os aspectos mais surpreendentes, que somente as pesqui- sas sócio-econômicas e históricas poderão explicar, apresentou-se na precocidade com que à longínqua Região do Corrente tives- sem chegado algumas aquisições da ciência e da tecnologia do mundo civilizado da época. Senão vejamos-lo: a luz elétrica, no Rio Corrente, se instalou apenas 35 anos depois de sua invenção pelo norte-americano Thomas Ualva Edson; o telefone privado, lá, chegou 40 anos depois de sua invenção por Graham Bell e 35 anos após Pedro II (amigo e "mecenas" do inventor) ter instalado em Campinas o primeiro telefone urbano do país; o automóvel entrou na área menos de 3 décadas após Santos Dumont intro- duzir no Brasil o primeiro veículo desse tipo; o rádio receptor chegou à residência do Cel. Clemente a menos de 3 décadas do brasileiro Padre Landel de Moura e do italiano Marconi terem in- ventado o rádio-transmissor e a menos de dois lustres da funda- ção da primeira estação de rádio-difusora do país (a Rádio Club de Pernambuco, do paraibano de Umbuzeiro, Assis Chateaubriand Bezerra de Melo).

Tudo isso era contrastante com outros dados da paisagem econômico-cultural do Corrente da "Época-dir-se-ia-Cletnentina", como, por exemplo, a manipulação farmacêutica estava entregue aos práticos Augusto (no Alegre), Pedro Guerra (em Correntina) e aos técnicos agrícolas, "Seu" Cunha (de Santana dos Brejos) e "Seu" Ulisses França, em Santa Maria.

Enquanto do Outro-Lado (nome que se dava ao São Félix) florescia a tecnologia da Revolução Industrial movida a vapor e a motores elétricos, do lado de Santa Maria, em estado moribundo continuavam existindo, na base da roda d'água, os descaroçado- res de algodão do Coronel Bruno Martins da Cruz (onde hoje es- tá a Ponte "Adão Souza") e de Ovídio Guimarães, na Sambaiba e, lá quase no Cancelão do Brejo, ao lado da Roda de Farinha de Bilau, labutava o velho Nenen (genro de Terto Queiroz) no seu rústico descaroçador de algodão acoplado a um trapiche movido a bois.

Por tudo isso não se pode negar que Clemente de Araújo Castro foi, de fato, até agora, o maior empresário da nossa Região Correntina. Se bem que se aproxima a data do 50° aniversário de sua morte, há tempo suficiente para os cientistas interessados pesquisarem e elaborarem monografias sobre a mais importante figura da Bacia do Rio Corrente, no Século XX - Clemente de Araú- jo Castro. Esta é uma verdade que por si só se impõe!.

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FITORIA ©O SOO Ali SM' OOMFÍABâ-S BE BAIRCS

MAi LOWA

Para os reacionários empedernidos que insiste» em tapar o soi cora a peneira, dizendo que o Socialismo ja morreu, as Olimpíadas de Barcelona foi uma bofetada na cara. Da ate pe- na ver como foram chutados pra trás as potências capitalistas Inglaterra, França, Japão, Canada, Itália, Suécia e ate o pais anfitrião, a Espanha •» chutados pela pequenina Cuba e pela China.. A Alemanha so nao teve a mesma sorte porque parasitou o desempenho dos atletas da antiga ROA. Com que cara agora aparecerão os vigaristas que vivem dizendo que no Socialismo reina a fome e a miséria? Com que cara aparecerão os vacilantes que dizem que os cubanos estão atolados na falta de aiimentos^ Se eles nao tem o que comer, que raios de comida eles ingerem para aJL cançar o 5fi lugar nas XXV Olimpíadas entre 172 países concorrentes? Dirão alguns: ingerem os discursos do Comandante Fidel Castro. Pois sim, os discursos coerentes desse indiscutível líder do 3fi Mundo ali- mentam a moral, o patriotismo, a combatividade, a dignidade de uma pequena nação cercada, bloqueada, agred i da mas que nao se dobra frente a qualquer adversário. É alimento dos ideais do Socialismo que nao mo£ reu para tristeza das mentes atrasa- das. 0 único pais capitalista que ainda agüenta porrada nas Olimpíadas sao os Estados Unidos, com atletas corruptos como aquele que exige 6 mil dólares para saltar um centíme- tro a mais do seu próprio record. Os restantes foram botados para trás por aqueles países, CEi, China, Cuba, que a imprensa burguesa, os vacilantes e os traidores consideram famintos, atrasados, extemporâneos, defasados no tempo.

Nao so as 01impiadas de Barcelona mostraram que os ideais de libertj_ nagem do neo-IiberaIismo marcham pa- ra as cucuias irremediavelmente, Com efeito, nos países europeus onde hastearam a bandeira do neo-liberalis mo, as injustiças, o desemprego e a fome, a violência e a droga, o roubo

ARISTIDES CORRENTINA

e a prostituição passaram a encher as paginas dos Jornais. 0 fascismo res- surge com força ameaçadora. Em Berlim, os fascistas matam a pauladas polacos, ciganos, africanos e Judeus.

0 neo-1i beraIi smo e um canto de sereia da chamada "economia de merca- do* com que em alguns paises do Leste Europeu se tem sensibiIisado os opor- tunistas de todo matiz e agora sem saberem onde meter a cara ante o reaparecimento do chauvinismo mais primitivo e da própria guerra. Por enquanto, pelo menos em 3 regiões européias se alastram guerras: nos Balcas, no Dniester e no Caucaso. Canto de Sereia que perverter e des- motiva os próprios cidadãos dos ri- cos paises capitalistas. 0 quadro fi- nal de medalhas de ouro das XXV Olimpíadas que o dioa!: a Coréia do Norte botou para trás o Japão (com toda sua fama de potência financeira) e mais ainda os seguintes outros países capitalistas ricos Holanda, Noruega, Dinamarca e Irlanda. Ate a Etiópia, pais africano atrasado, semi-feudal, bastaram-lhe três lus- tros de Republica Popular pra ter uma classificação superior aos se- guintes países ricos do 19 Mundo: Suiça, África do Sul, Xustria, Bélgi- ca, Taiwan, Israel e Porto Rico. Ve-se , pois, que as 01impiadas foram a "prova-do-nosfora* no acerto de contas entre os ideais socialis- tas e o neo-liberalismo. Somente 3 paises, CEI, China e Cuba, arrebata- ram metade de todas as medalhas de ouro das 01impiadas. 0 Brasil, tadínho!, ganhou somente duas meda- lhas de ouro em Barcelona e foi o suficiente para o Presidente Co Mor difundir pelo telefone internacional o seu histérico Júbilo. Vai ver que se esqueceu de que nas Olimpíadas das Alagoas o PC distribuiu medalhas de ouro com am i gos e parentes do presidente. Como se pode ver, o neo-

Mberalismo e soda, já o dizia Focrates!

LEIA NA BIBLIOTECA CAMPESINA "MITAÍ", 0 NOVO LIVRO DE JAIME SAUTCHUK

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